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Prólogo

Pichon-Reviére parte de um entendimento de sujeito e de dialética de suas relações


e pensamentos a partir da psicanálise, onde os corpos ali dispostos interagem e aprendem
a partir do que o autor chamou de vinculação.
Para o autor, a vinculação acontece da seguinte forma: existe uma relação a ser
estabelecida a partir da comunicação entre emissor, receptor e o processo de
decodificação da mensagem. E os processos de validação dessa estrutura acabam por
dizer se o vínculo é positivo ou não. Ainda sim é importante ressaltar que a apreensão
dessa comunicação não de fato fidedigna com o real e concreto e sim ta submetida a
fantasia dos sujeitos envolvidos no processo. E encontra validação também na
socialização com as demais pessoas. O mesmo vínculo pode se estruturar de forma
distinta para duas pessoas mediante as dialéticas vivenciadas nesse encontro do Eu com
o Outro, aqui a partir da comunicação, sendo "bom" e "mau".
Os vínculos dispostos a partir de um processo de internalização, acabam por
estruturar relações intra-subjetivas e organizam o processo de apreensão da realidade.
As relações intrassistêmicas e intersistêmicas se retroalimentam enquanto há
relação entre Sujeito e o meio. Os conceitos de saúde e doença são estabelecidos a partir
das qualidades da interação externa e interna.
A concepção de mundo interno disposta nesse texto e a substituição do instinto
pela estrutura vincular (aqui, conceitualmente em oposição ao narcisismo primário
freudiano) conduzem à definição de psicologia, em um sentido estrito de psicologia
social.
Essa ruptura epistemológica leva Pichon a refletir acerca de um único objeto: o-
homem-em-situação, suscetível a uma abordagem pluridimensional. Uma metodologia
interdisciplinar, que, ao funcionar de a partir de uma unidade operacional, permite um
enriquecimento da interpretação e compreensão do objeto e múltiplas realimentações de
suas técnicas de abordagens.

Uma nova problemática para Psiquiatria (capítulo 1)

A história da psiquiatria busca entender um parentesco entre todas as doenças


mentais, a partir de um núcleo básico e universal. Essas tentativas, segundo o autor,
excluem da patologia mental a dimensão dialética "em que, através de saltos sucessivos,
a quantidade se transforma em qualidade" (ou seja, a partir da busca por generalização e
universalidade, eu desconsidero aquilo que é único naquele processo de sofrimento
psíquico, ao apenas buscar categorizar o diagnóstico). Há aqui uma valorização extrema
do processo endógeno (biologizante) e a descaracterização do processo exógeno
(influencia do meio) na patologia., o que Freud se opõe, ao propor um modelo
disposicional, onde ambos atuam de forma complementar. Não obstante, quando os
médicos deixam de diagnosticar essas patologias por não terem aspectos endógenos o
suficiente, acabam por não reconhecer uma série de sofrimentos e interditos que
atravessam o sujeito, no texto, escrito como privação.
Ao considerar endógena uma patologia, nega-se a possibilidade de modificá-la, e
o psiquiatra torna-se o líder comunitário que segrega a pessoa em sofrimento psíquico,
enquanto porta-voz da ansiedade grupal. Ou seja, apresenta-se como resistente a mudança
do quadro de sofrimento e o louco como essencialmente "equivocado" do ponto de vista
racional, bem como pune ele por ser um porta voz do sofrimento psíquico coletivo. O
louco denúncia a racionalidade para os demais.

O PROCESSO CLÍNICO
Lógica formal + lógica dialética + noção de conflito (nenhuma delas se excluem).
Relação de continuidade genética em sínteses sucessivas (continuidade epistemológica a
partir de sínteses constantes). A terapêutica vem enquanto uma proposta de correção desse
louco, ou da relação com o ambiente e se constitui em um espiral, proporcionado pelo
vínculo não linear entre sujeito e terapeuta, e onde se desenvolvem as contradições do
sujeito.
Esse mesmo vínculo permite ao cuidador a possibilidade de investigar as
contradições que surgem dentro da operação e do contexto em que ela ocorre. Essa
investigação propicia uma fragmentação do objeto (do sujeito) em questão, simbólica e
teórica, para domínios particulares, a partir do de uma segregação vínculo (o sujeito só é
analisado mediante essa relação pelo vínculo). O que acontece de forma subsequente é
um momento integrador dessa análise, propiciado pela epistemologia. Esse ciclo ganha
sentido a partir da experiência da clínica (descrição da prática clínica Pichoniana).
Se o terapeuta é mobiliza essa separação e conciliação do sujeito e do vínculo, as
configurações de situações “dilemáticas” são impedidas, mediante a eficácia de sua
técnica (ou seja, há respostas para os conflitos proporcionadas pelo próprio sujeito), bem
como a construção de sintomas analíticos (desvio do conflito). Esses conflitos
potencialmente poderiam gerar um impeditivo, um estancamento, para a progressão do
resolutividade, ou de desvio, que podem acontecer por falta de ajuste dos momentos de
divergência e convergência, resultando em uma conduta estereotipada.
A dificuldade de integração do momento de separação e conciliação, no processo
de apreensão do real, é vivenciado pelo obstáculo epistemológico (ruído). Esse obstáculo
transforma a espiral dialética do processo de apreensão da realidade num círculo fechado
(estereotipia), que é patógena.
A teoria de vínculo de Pichon parte então de uma relação bicorpórea e tripessoal,
havendo ali dois corpos (sujeito e psicólogo), mas três entes (sujeito em divergência +
psi), e possibilita então o instrumento que permite a apreensão da realidade dos objetos,
tanto pelo cliente quanto pelo psicólogo. É uma estrutura complexa, um canal de diálogo,
que envolve um sistema de transmissor, receptor, diálogo e ruído. Para que o vínculo seja
efetivo, é necessário que ambas as extremidades dele entendam, e tenham similitudes,
mediante o canal de comunicação. Toda a unidade de teoria de saúde e doença mental de
Pichon está pautada no vínculo com estrutura. A adaptação ativa à realidade (ou seja, o
diálogo entre sujeito e mundo, que atua como norma pera
Prólogo

Pichon-Reviére parte de um entendimento de sujeito e de dialética de suas relações


e pensamentos a partir da psicanálise, onde os corpos ali dispostos interagem e aprendem
a partir do que o autor chamou de vinculação.
Para o autor, a vinculação acontece da seguinte forma: existe uma relação a ser
estabelecida a partir da comunicação entre emissor, receptor e o processo de
decodificação da mensagem. E os processos de validação dessa estrutura acabam por
dizer se o vínculo é positivo ou não. Ainda sim é importante ressaltar que a apreensão
dessa comunicação não de fato fidedigna com o real e concreto e sim ta submetida a
fantasia dos sujeitos envolvidos no processo. E encontra validação também na
socialização com as demais pessoas. O mesmo vínculo pode se estruturar de forma
distinta para duas pessoas mediante as dialéticas vivenciadas nesse encontro do Eu com
o Outro, aqui a partir da comunicação, sendo "bom" e "mau".
Os vínculos dispostos a partir de um processo de internalização, acabam por
estruturar relações intra-subjetivas e organizam o processo de apreensão da realidade.
As relações intrassistêmicas e intersistêmicas se retroalimentam enquanto há
relação entre Sujeito e o meio. Os conceitos de saúde e doença são estabelecidos a partir
das qualidades da interação externa e interna.
A concepção de mundo interno disposta nesse texto e a substituição do instinto
pela estrutura vincular (aqui, conceitualmente em oposição ao narcisismo primário
freudiano) conduzem à definição de psicologia, em um sentido estrito de psicologia
social.
Essa ruptura epistemológica leva Pichon a refletir acerca de um único objeto: o-
homem-em-situação, suscetível a uma abordagem pluridimensional. Uma metodologia
interdisciplinar, que, ao funcionar de a partir de uma unidade operacional, permite um
enriquecimento da interpretação e compreensão do objeto e múltiplas realimentações de
suas técnicas de abordagens.

Uma nova problemática para Psiquiatria (capítulo 1)

A história da psiquiatria busca entender um parentesco entre todas as doenças


mentais, a partir de um núcleo básico e universal. Essas tentativas, segundo o autor,
excluem da patologia mental a dimensão dialética "em que, através de saltos sucessivos,
nte esse sujeito) é avaliada mediante a capacidade dele de operar as técnicas do ego
(mecanismos de defesa).
Essa operacionalização das defesas do Eu pode ser saudável, se usada mediante
um planejamento instrumental (permite o sujeito sobreviver, se organizar). Por isso, é
fundamental que o psicólogo atue a fim de, em um primeiro momento, busque a primeira
fase teórica, que acontece em a partir de técnicas de percepção, penetração, depositação
e ressonância (empatia), em que o objeto (que evoca a defesa, ou a própria defesa) é
reconhecido, mas mantido a uma distância ótima. O sujeito sadio, a partir do momento
que apreende um objeto, também se modifica, em dialética com o mesmo. Uma síntese
do processo se torna outra tese para a antinomia, dialogada e no processo espiral. A saúde
mental consiste nesse confronto, resolução e novo confronto, um movimento espiralizado
que só se repete enquanto a forma, mas não quanto ao conteúdo, sem que haja a fixação
do sujeito mediante essas questões. Essas reflexões dialogam com a superestrutura da
clínica.
O campo da infraestrutura (depósito de motivos, necessidades e aspirações),

TESE PICHON:
Grupo interno: grupo de origem. O mundo interno é a crônica fantasiada de um
acontecer real. A doença mental é emergente de um grupo específico, de uma história
grupal e de uma dinâmica grupal, em específico, de um tipo de interação humana
vivenciada em grupo. Todos nascemos inseridos em um grupo que tem já tem sua própria
história e carregamos conosco um grupo interno, um grupo de origem.
Grupo interno: estrutura que permite a interligação, na teoria pichoniana, entre
psicanálise e psicologia social.

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