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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS

CURSO DE PSICOLOGIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CLÍNICA DE ORIENTAÇÃO


PSICANALÍTICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Thaisa Francisca Pereira Santos

Porto Velho
2023
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste relatório procura descrever as práticas em estágio clínico no Serviço
de Psicologia Aplicada (SPA) em uma Instituição de Ensino Superior (IES), tendo como
finalidade apresentar as atividades realizadas e supervisionadas no contexto da clínica. As
atividades desempenhadas dentro da clínica SPA foram: Atendimento terapêutico com
criança e adolescente com idade a partir de 05 anos até 17 anos de idade, realizadas
individualmente com o tempo estimado de 50 minutos e exercido uma vez na semana, tendo
como orientação a abordagem psicanalítica.
O relatório visa mostrar o processo dos atendimentos clínicos com enlace teórico
aplicado na prática. O relatório foi organizado em duas partes, a primeira se trata da
fundamentação teórica, onde será discorrido a temática da atuação do psicólogo em
psicoterapia com adolescentes. Na segunda parte do trabalho será feito a interlocução entre
teoria e a prática vivenciada e supervisionada no campo clínico, e discorrer sobre condutas
manuseadas nas práticas da psicoterapia com adolescentes.
O caso escolhido foi o de uma adolescente que teve início na psicoterapia no dia
23/08/2022 onde teve uma pausa com retorno no dia 06/02/2023 e finalizado no dia
31/05/2023.
Serão abordados assuntos divididos por tópicos a partir da teoria estudada e conduta
aplicada durante o atendimento realizado do caso clínico escolhido. O relatório terá por
segmentações a parte da fundamentação teórica que será composto por seguintes tópicos: o
conceito de transferência e de que forma esse fenômeno se constitui na clínica; o ato de
escarificar o corpo para a psicanálise que tem por objetivo obter conhecimento em torno do
assunto apresentado; transtornos alimentares e o reflexo da relação mãe-filha no eu corporal
que será explorado nos estudos da psicanálise e suas contribuições; Alucinações auditivas
com enlace na clínica das psicoses e, bullying na fase da adolescência.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TRANSFERÊNCIA
Em 1912, Freud teve o interesse em demonstrar em seu texto sobre a dinâmica da
transferência como uma técnica manejada na clínica das neuroses. A transferência
compreende a transição de transferir algo de um lugar para o outro, quando um paciente
transfere seus conteúdos para o analista, o sujeito transfere algo dele (paciente) para a figura
do analista.
Freud levanta em questão no que se refere ao fenômeno da transferência a partir desse
movimento de transferir para a figura do analista algo relacionado na construção subjetiva
desse sujeito, “a transferência envolve sempre um deslocamento da libido dos objetos
originais do passado para a figura do analista, uma operação evidentemente inconsciente e
que obedece à noção da compulsão à repetição" (SANTOS, 1994, p. 25). O autor traz essa
aproximação como uma satisfação no campo do amor, pois Freud vem dizer que a
transferência de forma simples é amor.
A transferência não é exclusiva do campo clínico e nem específico das neuroses, e sim,
um acontecimento entre os sujeitos.
O início de toda a discussão sobre a transferência passa, necessariamente, pelos
escritos clínicos de Freud, pois, ao desvendá-la, ele descobriu esta “outra cena” que
é o inconsciente. O paciente fala de alguma coisa, mas, simultaneamente, também
fala de uma “outra coisa”. Em Freud a transferência é tanto resistência quanto
repetição inconsciente do sujeito, tendo em vista que na relação transferencial é
possível perceber sentimentos, pouco importa se positivos ou negativos, que
impedem o avanço do trabalho, e que também se repetem, por exemplo. Através da
repetição, certos sentimentos e lembranças são transferidos para a figura do analista.
Então, estes sentimentos, positivos ou negativos – ou mesmo ambivalentes – que
aparecem no presente de uma sessão, e que por vezes são dirigidos à pessoa do
analista, são também repetições de sentimentos de outras épocas. Esta é a chave para
a compreensão do amor de transferência.( ANDRADE; LANG, 2020, p. 302).

“Na clínica lacaniana, o conceito de transferência é modificado. No Seminário,


livro 8, Lacan (1960-1961/2010) leva Freud um passo adiante ao afirmar que a transferência
não é apenas
repetição.” (ANDRADE; LANG, 2020). Para Lacan, a transferência surge como uma abertura do
analista no lugar do sujeito suposto saber, ou seja, a transferência se dá como presságio na
entrada em análise e o sujeito suposto saber é a sua base.
Quando um sujeito em sofrimento busca um analista/terapeuta e não sabe o que
tem, ele (sujeito) procura alguém que supostamente saiba algo sobre seu sofrimento. No
decorrer desse processo, o analisante acredita que os motivos dos sofrimentos e as verdades
são reconhecidos pelo analista. A posição do analista não é a de saber. Segundo os autores:
O analista não deve de forma alguma incorporar essa função, mas antes de tudo
fazer semblante. Até porque o saber está do lado do analisante, não do analista. Ao
analista cabe pontuar/escandir os significantes mestres que ordenam a cadeia
significante do analisante. Embora o analisante coloque o analista na função de
sujeito como detentor do saber, o analista deve fazer semblante de objeto a, fazendo
com que o analisante deseje e que a partir disso possa pôr em desfile seus
significantes. (DE OLIVEIRA; PENA, 2020, p. 126).

Com o conceito do sujeito suposto saber de Lacan, nota-se uma estruturação da


transferência “ situar o sujeito como aquilo que é representado de um significante para outro,
destaca este atravessamento constitucional do inconsciente pela linguagem, na ação do
significante sobre o sujeito.” (DE MELLO PISETTA, 2011, p. 65). É com esse saber
desconhecido que se sustentará no inconsciente e será constituído a partir da linguagem.
A transferência quando é estabelecida e bem conduzida pode contribuir de maneiras
positivas para o processo dos atendimentos. “Logo percebemos que a transferência é, ela
própria, apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado
esquecido, não apenas para o médico, mas também para todos os outros aspectos da situação
atual” (FREUD, 1914, p. 5).
Conclui-se que a transferência é o pilar da relação entre duas pessoas, sem o fenômeno
da transferência não há boa relação no processo terapêutico. A obra de Freud recordar, repetir
e elaborar (1914) vem referir onde a neurose repete algum trauma experienciado pelo sujeito,
fazendo-se assim a repetição, dessa mesma forma ocorre a transferência, uma maneira de
recordar o que já se passou.

2.2TRANSTORNOS ALIMENTARES E O REFLEXO DA RELAÇÃO MÃE-FILHA


NO EU CORPORAL
Realizar atendimento com adolescentes é participar das diversas fases da construção
desse sujeito em processo da sua autoimagem, visto que há uma grande dificuldade em
construir uma imagem ideal e confortável de si mesmo e de como o outro a percebe. Diante a
essas questões, os transtornos alimentares se fazem presentes no período da adolescência,
onde o déficit psíquico e nutricional encontram-se desestruturados. De acordo com a autora:
Os transtornos alimentares correspondem a modalidades de sofrimento e
adoecimento psíquico de intensidades intoleráveis que denunciam, por meio do
corpo, a fragilidade da constituição psíquica, a porosidade dos limites
psicossomáticos e a precariedade do processo simbólico. Constituem-se pela relação
complexa e combinada de diversos fatores indissociáveis de natureza biológica,
individual, sociocultural e familiar que concorrem para a predisposição, a
precipitação e a manutenção dos transtornos alimentares. (CAMBUÍ, 2020, p. 276).

Os transtornos alimentares (TA) são severos distúrbios psiquiátricos identificados por


perturbações constantes na alimentação, no comportamento alimentar e nas atitudes de
controle do peso. As drásticas consequências dessas psicopatologias estão tanto nas esferas
orgânicas (qualidade nutricional e saúde física) quanto nas esferas psicológicas e
sociais.(CARVALHO, 2022, p. 16).
A abordagem psicanalítica abandona este foco para se debruçar sobre a dinâmica
que se origina da história psicoafetiva do paciente, reconhecendo a importância das
motivações inconscientes, das experiências narcísicas e da problemática centrada nas
relações de objeto que são estruturadas a partir do contexto familiar, social e cultural
do paciente.(LUCAS, 2015, p. 22).

Na clínica, percebe-se as características dos transtornos alimentares nas alterações da


alimentação e os comportamentos em torno do alimento associados às dificuldades de
percepção do próprio corpo. As desordens causadas pelo transtorno sob a perspectiva da
psicanálise verificam a participação das relações familiares, do contexto social, biológico e a
relação do cuidado, afetividade entre o filho (a) e os pais, ou qualquer sujeito que ocupe a
figura parental.
“Assim sendo, diferentes autores concebem o não comer como um ato de recusa deste
elo fundamental da relação primária, assim como uma tentativa de fragmentar-se dessa mãe
invasora, conforme busca conquistar autonomia” (SANTOS, 2022, p. 9).
Há algo por trás dos sintomas alimentares e biomédicos, que são apenas expressões
de conflitos maiores, entendidos como os “verdadeiros problemas” e que precisam
ser “desvendados”. Nesse sentido, a psicoterapia é o espaço de construção da
individualidade, de afastar-se das “concepções prontas” sobre os transtornos
alimentares e elaborar os enigmas que estão por trás deles (MARINI, 2015, p. 7).

As primeiras relações dessa relação mãe-filha deve-se proporcionar um vínculo de


afeto, causando assim as satisfações de suas necessidades, vista que, o bebê necessita suprir
suas necessidades primárias de gozo a partir da dependência que tem desse significante.
O corpo é pulsão; ele registra e não esquece. Ele reúne marcas e inscrições de
relações afetivas, como a relação mãe/filho, suas frustrações e satisfações. No centro
dessas relações temos o ato de alimentar. Na amamentação materna, o leite se
posiciona como objeto de necessidade, e o seio, como objeto de desejo. O seio que
nos interessa aqui é o psíquico. Amamentar é um ato erótico, assim como o ato de
comer. O desejo da criança pelo seio da mãe passa pelo desejo dessa e sua
disposição em lhe oferecer o seio. A sexualidade humana surge, apoiando-se na
satisfação de necessidades. A função orgânica da alimentação confunde-se com a
função erótica, deslocando-se do registro da necessidade para o do desejo, passando
antes pela demanda, que é sempre de amor. A gastronomia, o prazer pelo comer,
revela a dimensão erótica do corpo. A dimensão erótica e simbólica do ato de
alimentar é que vai colocar o sujeito no lugar de desejante. (LEMOS, 2005, p. 81).

Dentro do campo dos transtornos alimentares é possível observar as angústias


primitivas presas a esse significante, Lacan utilizou o conceito: o estádio do espelho para
aludir fases, fase de um estádio “estádio do espelho” para se referir ao momento em que a
criança elabora uma representação da sua imagem corporal, a partir da identificação com a
imagem do outro” (SANTOS, 2022, p. 10). O estádio do espelho é o processo da estruturação
do eu onde ocorre por uma identificação com a imagem de si mesmo no espelho, aquilo que é
o (eu), porém, ao mesmo tempo é o Outro.

2.3O ATO DE ESCARIFICAR O CORPO – PARA A PSICANÁLISE


Ao atuarmos na clínica com adolescentes se deparamos com as escarificações que por
consequência de um mal-estar vivenciado desse sujeito busca alívio de suas angústias por
meio de cortes em seu próprio corpo. A partir dos estudos da psicanálise observamos as
relações das estruturas psíquicas mal elaboradas que se manifestam através das mutilações
corporais.
A escarificação envolve um ato através do qual o sujeito faz um corte intencional na
pele, por meio de um instrumento cortante, no intuito de deixar uma cicatriz no corpo, sem
existir, necessariamente, a inscrição de uma imagem ou de outro elemento.( JATOBÁ, 2010,
p. 14).
Poderíamos incluir nessas categorias, o caso dos adolescentes que se cortam,
principalmente porque ele se sentem aliviados ao encontrarem outras pessoas que apresentem
o mesmo comportamento, além de utilizarem as redes sociais para divulgar suas cicatrizes e
incisões, incluindo-as em links, como o “cutting”.( SOUSA, 2016, p. 39). O cutting vem
representar o comportamento de punir a si mesmo, por objetivo de uma prática destrutiva em
seu próprio eu corporal. A partir dos estudos em psicanálise observamos na clínica que o
corpo vem para além das expressões. Lacan modificou seus estudos sobre sintoma como um
novo acontecimento de corpo, referindo que não há sintoma que não reflete no corpo.
Na adolescência podemos pensar a partir dos estudos psicanalíticos que nessa fase há
um corpo que começa a pulsar onde esse adolescente atravessa o real desse corpo, um corpo
que ao longo do seu desenvolvimento sofrerá mudanças e que vivencia o luto do corpo
infantil.
No campo da psicanálise, o ato não equivale a uma ação, nem a uma descarga motora,
mas “os atos são constituídos pela dimensão significante, orientados por coordenadas
simbólicas da linguagem” (LINS; RUDGE, 2012, p. 14). Sendo assim, ocorre por alguma
falha no simbólico, algo que o sujeito não consegue expressar pela fala na ausência dos seus
mecanismos de maneira simbólica, fazendo assim a passagem ao ato das escarificações
corporais.
A partir dos estudos de Freud em sua obra, além do princípio do prazer (1920) que
aborda os conceitos de pulsão de vida, pulsão de morte e da compulsão à repetição. “O gozo
na teoria lacaniana é um conceito complexo que precisa estar situado na relação da linguagem
com o desejo, sendo o gozo humano marcado pela falta e não pela plenitude” (JATOBÁ,
2010, p. 73). Lacan traz o conceito de gozo onde vai se constituir na repetição. Na tentativa da
obtenção do gozo, o sujeito vai vivenciar o prazer por intermédio de um ganho secundário.
Nas escarificações a compulsão é manifestada pelos cortes na pele, entretanto, durante o ato,
há uma satisfação de prazer. Dessa maneira observamos que a partir do desprazer que é
realizado através dos cortes na pele, há também o gozo que é obtido através da compulsão à
repetição.

2.4 ALUCINAÇÕES AUDITIVAS ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES NA CLÍNICA


DAS PSICOSES
Os estudos iniciais em torno do campo das psicoses surgiu com Freud (1924). Para
referir a psicose sob a concepção freudiana se faz necessário abordar a neurose. “O
desencadeamento da psicose corresponde à destruição da organização dinâmica do aparelho
psíquico” (CHAGAS, 2010, p. 46). A partir da perspectiva psicanalítica, Freud em sua obra
de 1924 sobre a perda da realidade na neurose e na psicose, parte do pressuposto de um
afrouxamento do ego em suas relações. Sua obra vem a discorrer sobre os conceitos, onde o
neurótico tem seus conflitos internos e o psicótico lida com conflitos externos, entretanto, não
há uma clara divisão sobre os temas.
Inquieta, na medida em que provoca uma desagradável perplexidade em uma tensão de
repulsa e aproximação. Associa-se, ainda, a algo que deveria ter permanecido oculto, mas
veio à luz, como também a elementos que são próprios da vida infantil e da sexualidade.
Finalmente, a manifestação da angústia que provoca remete à angústia de castração, afeto
comum na infância, que se opõe à fantasia de onipotência narcísica e exerce papel
fundamental no âmbito do inconsciente.(BREPOHL; DARRIBA, 2013, p. 79).
“Poderíamos esperar que no surgimento da psicose ocorresse alguma coisa análoga ao
processo que se verifica na neurose, naturalmente em outras instâncias. Ou seja, que também
na psicose fossem visíveis dois estágios” (FREUD, 1924). Dado a isso, o psicótico tem
características onde o mundo passa a girar em torno desse eu, construções alucinatórias e
delirantes quando eclodem os surtos em sua psique como escutar vozes; perseguições, desejos
e entre outras possíveis construções desses delírios. Sendo assim, Freud vem a referir sobre os
estágios que comportam a neurose e a psicose.

Dos quais o primeiro arrancaria o Eu da realidade, dessa vez, enquanto o


segundo tenderia a corrigir o dano e restabeleceria a relação com a realidade
à custa do Eu. Realmente, algo análogo pode ser observado na psicose;
também nela há dois estágios, dos quais o segundo comporta o caráter de
reparação, mas logo a analogia dá lugar a uma convergência bem maior dos
dois processos. O segundo estágio da psicose visa também compensar a
perda da realidade, mas não à custa de uma restrição do Id. (FREUD, 1924,
p. 177).
Embora o fenômeno de ouvir vozes seja composto por uma multiplicidade de sentidos,
podemos variar de acordo com a cultura, contexto social e história de vida de cada sujeito, na
cultura ocidental é comumente associado a desordens mentais. ( NASCIMENTO, 2020, p. 9).
A estrutura psíquica vai para além da experiência do que chega na consciência e produz efeito
no sujeito, existe algo que irá organizar as experiências desse sujeito fazendo o significado
dessa vivência e constituindo assim sua estrutura psíquica.

Freud (1924/1996) relata que em decorrência da defesa estrutural do psicótico em


retirar a libido dos objetos, em função de seu modo singular de estruturação,
marcado pelo desinvestimento libidinal, os psicóticos são incapazes de
estabelecerem o amor transferencial. Por conta dos efeitos subjetivos da operação de
rejeição, a energia libidinal se volta para o corpo na esquizofrenia (autoerotismo),
para o Outro na paranoia (narcisismo primário) e se dispersa no eu, escoando-se,
pela identificação ao objeto perdido, na melancolia. Portanto, dessa forma, os
psicóticos seriam incapazes de investir na figura do analista. ( BRITO, 2021, p. 6).

A partir dos estudos de Freud no campo das psicoses e das dificuldades de estabelecer
a transferência, Lacan no final do seu seminário sobre as psicoses avança seus estudos sobre o
conceito na tentativa de estruturar uma clínica para essa demanda relatando que não se deve
recuar diante as psicoses e que ocorra o manejo da transferência . Lacan define a estrutura do
sujeito psicótico pelo não registro foraclusão do Nome-do-Pai no simbólico, esse sujeito fica
incapaz de se organizar psiquicamente, fazendo assim o rompimento da realidade.
O conceito do Nome-do-Pai é a falha da função paterna onde o fragmento da realidade
é rejeitado e acaba por retornar no real. A insuficiência do significante se manifesta nas
implicações da função simbólica “através do qual se produz a rejeição de um significante
fundamental para fora do universo simbólico do sujeito, algo de primordial quanto ao ser do
sujeito não ganha representação, sendo, antes, rejeitado, foracluído, como o retorno é no real,
ou seja, fora do simbólico, emprega-se o neologismo “foraclusão” criado por Lacan” (BRITO,
2021, p. 7).
O conceito de Foraclusão é definido como um mecanismo que situa-se na estrutura
psicótica “Os significantes foracluídos, diferentemente do que ocorre no recalque, no qual são
reintegrados ao inconsciente via simbólico, retorna de fora pela via do real, como é o caso dos
fenômenos alucinatórios” (LACET, 2004, p. 244). Tanto na neurose quanto na psicose a
constituição de defesa da estrutura psíquica ocorre por meio da castração, entretanto, no
campo da psicose há uma falha na fase da castração, deste modo, a foraclusão é a não
inscrição do significante Nome-do-Pai. Na estrutura psíquica do psicótico existe a castração,
porém, não há um recalcamento, resultando na dificuldade de simbolização que por
consequência o psiquismo encontra outras formas de elaboração, causando assim as
alucinações.
A estabilização por meio da inclusão da metáfora delirante ocorre uma forma de
suprir a falta do Nome-do-Pai, ou seja, é necessário que algo consiga fazer um
enlaçamento entre os três registros (real, simbólico e imaginário), para que eles
consigam se associar e, de certa forma, criar um simbólico de suplência. No
mecanismo da passagem ao ato, as ações estão relacionadas à automutilação e
heteromutilações, em que o sujeito pratica atos violentos tanto em si mesmo como
nos outros, e, por fim, a estabilização através da obra, em que por meio da
sublimação, consegue-se fazer uma retificação do simbólico. (BRITO, 2021, p. 7/8).

Observamos nos estudos de Lacan, a partir dos seus conceitos onde o analista não deve
recuar diante aos conteúdos e da estruturação do sujeito psicótico, e sim, estar na posição de
secretário do analisando. Secretário na forma de organizar esse sujeito psiquicamente, vista
que o analista possa estabelecer o vínculo da transferência “O tratamento deve se concentrar
na compreensão do lugar existencial do psicótico e do analista, nesse lugar de sustentação da
fala, construído passo a passo, de acordo com as diretrizes apontadas pelo sujeito” (BRITO,
2021, p. 25).

2.5BULLYING
O conceito de bullying traz um equívoco muitas vezes observado e rotulado como uma
simples “brincadeira” que carrega atitudes e comportamentos agressivos que acaba por
prejudicar aquele sujeito exposto ao acontecimento que irá refletir como sintoma, prejuízos
psíquicos, contribuindo para uma baixa autoestima e até situações de suicídio.
Na clínica com adolescentes o bullying vem se manifestando como um abuso físico e
moral a partir da repetição.
Encontramos, na prática do bullying, esse tipo de relação com o outro, em que a
vítima parece se definir a partir daquilo que o outro diz a seu respeito. O olhar do
outro marca e constitui o que ela é a partir de imagens concretas, tal como nos
aspectos centrais do registro imaginário. De outro lado, o autor do bullying, ao
enxergar no outro aspectos que o incomodam, utiliza uma lógica simples: a partir
de uma imagem do outro, pratica-se uma violência. A palavra usada para praticar
a violência é autoexplicativa, corresponde a uma imagem externa, observável. A
tentativa é fazer com que aquilo que incomoda por ser diferente desapareça, seja
aniquilado. Vale observar que, na maior parte das vezes, as razões pelas quais
aspectos no outro incomodam são inconscientes ao sujeito. (DE SOUSA; PINTO,
2021, p. 61).

A prática do bullying é constituída por uma relação de dominante e dominado entre o


agressor e o sujeito que pode ter participação individual ou por grupos. A partir dos estudos
em torno do assunto é possível observar a prática que por vezes se constitui por
particularidades do agressor que de forma inconsciente ou consciente renega conteúdos de si
mesmo projetando assim no outro. “Sabendo-se que a percepção que tem a criança ou o
adolescente do seu corpo é fundamental no que concerne à constituição do narcisismo, esses
pontos que tocam a aparência física da criança têm uma repercussão importante sobre a
imagem que esta vem a ter de si mesma” (SOUZA, 2019, p. 154).
Tais atos cometidos acabam por produzir no adolescente sensações e sentimentos de
depreciação narcísica, desencadeando possíveis traumas ou transtornos, como ansiedade,
depressão, prejuízos no processo de aprendizagem, vista que, se os atos ocorreram no
ambiente escolar a vontade de ir para a escola tende a diminuir devido aos abusos do bullying
causando assim, impactos negativos no processo psíquico e de desenvolvimento do sujeito.
“Na perspectiva psicanalítica, os atos de agressão são como impulsos que se repercutem tanto
na vítima quanto no agressor, pois este faz um grande esforço para se livrar de possíveis
angústias. Assim, “a agressividade é um jogo de projeções produzidas no espelho que
constituem o eu, o outro e o objeto, elementos que compõem a dialética das identificações”
(MACHADO, 2013 apud LOBO; CAVALCANTE, 2021, p. 36).
“O bullyng pode ser realizado pelo sujeito que só é na linguagem, sujeito que escorre
pela linguagem e que é causado pelo simbólico, que incide sobre o real do corpo, como uma
inscrição indelével.” (XAVIER, 2015, p. 167).
O conceito de trauma para Lacan é a entrada da constituição do sujeito no mundo
simbólico “a relação do trauma com o desejo do Outro a partir do seminário 6, o trauma como
um esbarrão contingencial com o real e sua relação com a repetição, e, finalmente, a entrada
na linguagem como verdadeiro trauma do sujeito e sua relação com o gozo” (GUZMÁN;
DERZI, 2021, p. 1).
Observamos o conceito de bullying como um ato contemporâneo que perpassa há
muitos anos, entretanto, recentemente a prática passou a ser considerada como algo que
devemos impugnar e dar visibilidade para os prejuízos que o ato proporciona.

3. ENLACE TEORIA X PRÁTICA

O primeiro contato foi realizado com a responsável da paciente (mãe), que teve por
finalidade a coleta de informações da paciente e a queixa, motivos que a levou a buscar a
psicoterapia. As perguntas foram direcionadas para conhecer e saber sobre a paciente,
genitora verbaliza sobre a gestação que não foi uma gravidez planejada, entretanto, foi
acolhida e não houve transtorno externo durante o pré e pós-parto. A genitora era casada
quando engravidou, entretanto, houve a separação quando Amanda tinha por volta de 12 a 13
anos. Atualmente mãe e filha residem juntas e tem uma relação conflituosa iminente. Durante
seu relato a responsável levou conteúdos pessoais sobre seu antigo relacionamento (Pai da
paciente).
“Teóricos franceses seguidores de Lacan, como Françoise Dolto (1939/1988) e Maud
Mannoni (1967/1980), acreditam que a criança tem um lugar no mundo externo e que
entender a dinâmica familiar é primordial para a psicanálise das crianças e adolescentes” (
BRITO; NETO, 2018, p. 120).
Ao realizar atendimento com criança ou adolescente o terapeuta irá se deparar com a
dinâmica vivenciada com os pais ou responsável. Nos primeiros contatos com esse familiar
pode-se notar a forma como é estabelecida a relação entre a criança/adolescente com a
família. “Diferentemente da psicanálise de adultos, crianças e adolescentes são trazidos para o
tratamento por seus pais. Ao procurar ajuda para seus filhos, não recebemos apenas uma
criança, mas uma família envolvida no desenvolvimento emocional dela.” (BRITO; NETO,
2018, p. 119).
Algumas dificuldades foram vivenciadas em alguns atendimentos, como por exemplo:
o silêncio e os barulhos externos que acabavam por prejudicar a sessão, em um período que a
paciente estava com prejuízos na fala e sono excessivo por conta da adaptação aos fármacos,
No decorrer dos atendimentos a mesma trouxe discursos de ódio/raiva devido a relação
conflituosa com a mãe e questões de bullying que vinha sofrendo na escola.

DADOS DA PACIENTE
O nome será representado por Amanda para manter o sigilo da adolescente atendida.
Amanda tem 15 anos de idade, no momento encontra-se em um relacionamento sério
há alguns meses, mora com a mãe, avó materna, padrasto e sua cachorra de estimação.
A adolescente cursa o primeiro ano do ensino médio em uma escola militar e pratica
vôlei na escola e participa da elite do batalhão que são atividades extras da escola que tem
algumas atividades como marcha, o esporte, eventos escolares e entre outros.
Os aspectos do desenvolvimento infantil da adolescente a genitora relatou desmame
após seis meses, boa adaptação com as primeiras relações externas, expôs ser uma criança
afetuosa durante a infância e com bom desenvolvimento na aprendizagem, entretanto, com
sua entrada na adolescência, passou a mostrar mudanças em seu comportamento e atos
suicidas após a separação dos pais, no entanto, a mãe mencionou o falecimento do avô que
Amanda tinha afeto.

CASO CLÍNICO
No primeiro atendimento com a paciente, a mesma se apresentou tímida, entretanto,
comunicativa. Relatou sobre a relação conflituosa com a mãe e vontade de ter mais liberdade
para sair com os amigos e sentimentos de raiva eminentes. A paciente expôs que apresenta
alucinação auditiva, onde as vozes que ouve estimulam a “fazer coisas” (sic), e menciona
episódios de intoxicação por fármacos. A paciente relatou que estava estudando através de
ensino remoto e que por isso passava o dia em casa. Relatou ter frequentemente alucinações
auditivas, prática de escoriações e episódios de ansiedade. Após o primeiro atendimento foi
realizado um encaminhamento ao psiquiatra para investigação das alucinações auditivas.
Durante o processo terapêutico, foi realizada a consulta com o psiquiatra onde deu
início o uso de psicofármacos para controle das alucinações, entretanto, após o início do uso
das medicações, a mesma apresentou dores no corpo e falta de controle da musculatura bucal,
e dizia sentir o seu corpo “atrofiado” (sic). Em algumas sessões, a jovem não conseguia
verbalizar de forma fluida, chegando a se apresentar em estado de torpor, comprometendo
assim algumas das sessões. Diante dos sintomas apresentados pela paciente, a jovem
interrompeu o tratamento e foi recomendado que voltasse ao tratamento para ajuste na
dosagem da medicação.
Em devolutiva com a mãe, ela relatou que a filha foi afastada das atividades escolares
que havia retornado há poucas semanas, devido aos prejuízos que teve por conta do
tratamento medicamentoso. A responsável verbalizou a falta de cuidado do pai da adolescente
em relação às vivências da filha e sua ausência em determinadas situações. A paciente durante
os atendimentos verbalizou sobre o pai em apenas duas sessões e de forma muito breve,
demonstrando ter afeto e vontade de passar mais tempo junto a ele.
Na psicanálise usa-se o conceito de triangulação, que é a entrada de uma terceira
pessoa que é representada pela figura do pai para “romper” a relação mãe-filha. O falo é o
fundador do investimento do Pai simbólico no Pai real, através de um Pai imaginário. O falo é
centro de gravidade da função paterna. O pai precisa se apresentar como detentor do falo para
assumir para a criança a simbolização paterna estruturante (COELHO; PRUDENTE, 2019, p.
62).
“A função essencial do pai é a de constituir em um suporte simbólico de separação,
para que a mãe não faça de sua criança seu objeto e gozo [...] tampouco reduzi-la ao seu ideal
irrealizado [...]” (SANTIAGO, 2001, p.98 apud COELHO; PRUDENTE, 2019, p. 62).
O conceito de triangulação se refere a um sistema inter-relacional entre três pessoas,
envolvendo sempre uma díade e um terceiro, que será convocado a participar quando o nível
de desconforto e de ansiedade aumentar entre as duas pessoas. Uma delas, então, buscará uma
terceira para aliviar a tensão ( MARTINS; RABINOVICH, SILVA, 2008, p. 185).
Observamos que a falta do pai acaba por se manifestar nos conflitos da relação da
paciente com a genitora onde a figura paterna presente tem a função de mediar a relação de
ambas. Durante o acompanhamento terapêutico a paciente menciona o pai com carinho
pontuando em alguns momentos vontade de morar com o mesmo. Em um das devolutivas
com a mãe, a mesma expõe vontade de a filha passar um tempo com o pai, pois, a mãe quer
que Amanda tenha experiência de conviver com o pai. “Ela passa só um dia com ele e por isso
ela acha bom” (sic).
Nos últimos três atendimentos, a adolescente relatou episódios de bullying recorrentes
que vinha passando na escola e expôs seu desejo de terminar o ano letivo. Os relatos de
bullying viraram foco principal nos últimos atendimentos, em que a adolescente mencionou
os comentários que escutava na escola, como se ela fosse louca e quisesse apenas chamar a
atenção. A jovem expôs sentir muita raiva e vontade de levar um martelo dentro da mochila
para “dar na cabeça deles” (sic). Devido às ofensas, a adolescente apresentou discursos
violentos, sentimentos de raiva e desejos de resolver toda a situação de forma agressiva Na
última devolutiva com a mãe, a mesma referiu conversar com a filha sobre as situações que
vêm ocorrendo na escola e que a filha tem parcela de culpa, por dizer que faz uso de
psicotrópicos para todos da escola.
Durante o processo de devolutivas com a mãe, nota-se a ausência de empatia aos
conteúdos da filha, e o seu comprometimento em relação ao seu tratamento medicamentoso,
onde a própria genitora se mostra indiferente com as situações que acontecem com a paciente
que acabava por comparar suas vivencias com as da filha e minimizando o sofrimento da
paciente. A compreensão de que o adoecimento da criança não está desligado do contexto em
que vivem, principalmente o familiar e de que a família, principalmente os pais, estão
incluídos neste processo e precisam se compreender como parte desse todo produtor do
sofrimento psíquico da criança, para que ela não fique sozinha “remando contra a maré”
(OLIVEIRA, 2018, p. 43).
Durante o processo terapêutico com a paciente, houve momentos de silêncio e em
alguns momentos apresentava-se com resistência ao processo da terapia chegando a faltar
alguns atendimentos. Entretanto, nas três últimas sessões, houve um processo de transferência
da paciente colaborando-se assim para um melhor vínculo terapêutico. A jovem apresentou
diminuição das alucinações auditivas, dos sintomas depressivos cessou o comportamento de
escarificação, entretanto, continua apresentando sentimentos de raiva e crises de ansiedade
devido aos ataques de bullying que vem sofrendo na escola.
Os relatos apresentados acima foram de atendimentos realizados no ano de 2022 que
deram segmentação com o retorno das atividades acadêmicas em fevereiro de 2023.
Os atendimentos com a adolescente foram retornados no dia 06/02/2023 onde a jovem
relatou sobre os acontecimentos nos últimos meses, da sua relação conflituosa com a mãe e
que deu início ao uso de novas medicações após o último retorno com a psiquiatra.
Com o retorno dos atendimentos, a paciente traz conteúdos sobre transtorno alimentar;
relação conflituosa com a genitora; assédio que sofreu por parte do tio, onde a jovem
exterioriza seu sentimento de medo devido ao ocorrido e episódios de bullying iminentes que
vem sofrendo em sua escola.
No primeiro atendimento com a adolescente após dois meses a mesma relatou alguns
acontecimentos e sua relação conflituosa com a mãe. A jovem menciona uso de novas
medicações após o último retorno com a psiquiatra, entretanto, a genitora se mostra resistente
em aderir o tratamento medicamentoso da filha e que por consequência gera uma relação
conflituosa entre as duas.
Em atendimento com a adolescente, a mesma relata as novas medicações que está
consumindo após o último retorno ao psiquiatra que foi realizado na primeira semana de
fevereiro. A paciente expõe sentir ânsia de vômito em alguns momentos devido à nova
administração dos fármacos, entretanto, menciona episódio que realizou o ato de forçar o
vômito por motivo de brigas com a mãe “A gente brigou eu fui e enfiei o dedo na garganta
para vomitar” (sic). Amanda refere sentimentos de ódio pela sua genitora. “A Bulimia, por
sua vez, se manifesta a partir de episódios de hiperfagia, os quais provocam sentimentos de
culpa que se traduzem em comportamentos compensatórios inadequados, como a indução ao
vômito” (FERREIRA, 2003).
Com o retorno dos atendimentos, surgem novas demandas da adolescente, ao longo da
apresentação do caso clínico iremos observar as oscilações alimentares da jovem, que teve por
início aos reflexos de uma imagem distorcida do seu eu corporal evitando assim uma
alimentação balanceada e que por consequência acabou por se manifestar com um sintoma,
reflexo da relação mãe-filha e a insatisfação do self.
Em um dos atendimentos a jovem propõe jogo de quebra-cabeça e escolhe o jogo com
o personagem Peter-pan. Após finalizar o quebra-cabeça a jovem relata faltar uma peça para
completar o jogo e pergunta se dá tempo para montar outro, respondo que sim e a mesma
pega outro quebra-cabeça. Durante a montagem, verbaliza conteúdos de raiva em relação à
sua mãe e expõe vontade de agredir a mesma. Pergunto a jovem sobre um possível
atendimento com as duas, relata não haver problemas e expõe que não sabe como pode se
comportar diante a esse atendimento. Durante todo o processo terapêutico da adolescente,
assuntos voltados a sentimentos de raiva pela mãe eram iminentes em quase todas as sessões.
Amanda em uma das sessões apresentou humor rebaixado e verbaliza sobre episódio
de conflito entre sua mãe e avó materna no dia anterior ao seu atendimento. A jovem expõe
que o conflito iniciou-se devido à mesma relatar para sua mãe que estava com fome. Logo
após, deu início ao conflito, onde sua avó acabou se envolvendo e saiu em defesa da
responsável pela paciente.
A adolescente expõe que sua avó proferiu vários xingamentos contra a mesma e que
sua avó pegou uma faca “Ela disse para eu me matar” (sic). Relatou que no momento da
discussão disse para a mãe que ela precisava ir à terapia para ter devolutiva e que a avó
proferiu xingamentos em relação a sua terapia.
Nesse período Amanda encontrava-se em tratamento medicamentoso, entretanto,
desde o início do seu tratamento houve diversas interrupções que no início a genitora era um
empecilho para que o seu tratamento fosse realizado de maneira correta.
Devido aos conflitos iminentes em sua casa, a jovem retornou com a prática de
escarificações onde a mãe escondia objetos que fosse de fácil acesso para a jovem praticar o
ato, verificamos, inclusive, que a medicalização da escarificação, pode interferir no manejo da
transferência, gerando impasses na condução do caso. Para a psicanálise, o tratamento
farmacológico nos casos de neurose pode apenas “calar” o sintoma, não levando em
consideração os aspectos subjetivos que o envolve (JATOBÁ, 2010, p. 38)
A adolescente se ausentou dos atendimentos devido a uma viagem que realizou com a
mãe e o padrasto, com seu retorno a paciente verbalizou sobre os acontecimentos que
ocorreram nas férias. Durante a viagem ocorreu incômodo ao estar com sua mãe, entretanto,
conta que a relação foi melhorando com o passar dos dias. A jovem conta sobre seu
comportamento de comer e vomitar que está sendo frequente, entretanto, a mesma relata
sentimentos de culpa devido a sua indução para vomitar “Me sinto culpada por ficar
provocando os vômitos" (sic), expõe pensamentos que teve quando estava na praia ao olhar
para outras mulheres e observar seus corpos “Corpo de boneca, umas com os braços finos”
(sic). A adolescente sente-se culpada por provocar os vômitos, porém, o desejo de continuar
prevalece. Em seu discurso a jovem conta: "Meu corpo fica mais bonito” (sic).
A imagem corporal apresentada pela paciente nos mostra a partir dos estudos
psicanalíticos as falhas no narcisismo primário que acaba por refletir como sintoma em seu eu
corporal, vista que a relação mãe-filha vive em conflitos iminentes. “Portanto, verificamos
que o termo “imagem corporal” é utilizado como referência definida pelo senso comum.
Referem-se à imagem corporal como sinônimo de percepção da figura, da silhueta, bem como
para classificá-la em um binômio satisfeito ou insatisfeito, sem levar em conta o que é, por
que e como se deu essa relação com o próprio corpo” (DE LUCENA et al., 2020)
Em continuação do atendimento foi dado a devolutiva com a genitora onde a jovem
pede que seja pontuado sobre as medicações e seu comportamento de vomitar. Em
atendimento com a mãe, a responsável inicia relatando sobre o comportamento da filha “Ela
está muito respondona e agressiva, fica esmurrando a parede” (sic). Questiono com a
responsável sobre as medicações, a mesma menciona que trabalha fora, em casa, cuida de sua
mãe, esposo e filha “Muita coisa para lembrar” (sic), a responsável conta que a filha poderia
ajudar algo dentro de casa, pois a jovem não ajuda com os deveres da casa “Ela poderia por
um despertador para me ajudar a lembrar, mas ela não ajuda em nada” (sic).
“Nas consultas com os pais verificamos que múltiplas transferências operam durante
uma única sessão, o analista deve ficar atento à dinâmica transferencial. Muitas vezes, o
manejo do setting torna-se mais importante do que uma interpretação, que pode ser entendida,
pelos pais, como invasão” (BRITO; NETO, 2018, p.123).
A jovem apresenta-se cansada com suas relações em conflitos iminentes com sua
genitora e seu namorado e no meio escolar. Em alguns atendimentos mostra-se sonolenta onde
verbaliza seus últimos dias que teve muitas discussões com seu namorado e seu retorno com a
psiquiatra. Questiono a adolescente sobre seu atendimento com médica em relação às
medicações, a mesma relata que não teve alterações e que a profissional notou a sua perda de
peso.
No atendimento realizado com a adolescente relata sobre os últimos dias que
ocorreram muitas discussões dentro de casa e verbalizou sobre as atitudes da mãe “Ela deu
uma de neurótica” (sic). Paciente menciona que chegou à sua casa onde anteriormente estava
na casa do pai e ao chegar em sua residência foi direto para o quarto onde passou pela sua
mãe e não falou com a mesma, logo em seguida a mãe sai do quarto verbalizando “Eu não sou
nenhuma cadela para você me tratar assim” (sic). Amanda expõe que sentiu vontade de rir
devido ao comportamento da mãe e que enxerga a situação como um “drama” (sic).
“Nessa dimensão do cuidado, aparece também a situação de cumplicidade que
sinaliza, na sociedade moderna, a confusão entre o papel de mãe que deve ser figura de
autoridade, daquela que é amiga e cúmplice da filha, gerando o equívoco da mãe que tem a
pretensão de substituir o papel que deveria ser ocupado pelas amigas da filha” (REIS;
RABINOVICH, 2006, p.41).
Em continuação, Amanda menciona sobre querer desenhar onde nos direcionamos
para a mesa central, paciente desenha em três desenhos, dois fazendo referência a ela mesma.
Um dos desenhos Amanda desenha ela mais velha e com seu cabelo natural, pois, atualmente
a jovem tem cabelos alisados e no desenho fez os traços de si mesma com seus cabelos
enrolados, e com o semblante triste. Pergunto à jovem sobre e a mesma escreve ao lado do
desenho (Amanda triste e com raiva) e com símbolos caracterizando a tristeza e a raiva.
Devido ao tempo, aviso Amanda sobre o horário onde a mesma faz o último desenho e
relata que é a psicóloga dela, ao lado do desenho escreve: essa mulher me deixa maluca.
Nota-se o processo de transferência positiva que acaba por contribuir para um melhor
desenvolvimento do processo terapêutico.
No encontro realizado Amanda relata sua relação com a genitora “Tá bem, me
comprou com presente” (sic), durante a fala a mesma rir e menciona sobre o dia das mães que
deu de presente para a genitora um par de brincos que teve por ajuda do seu namorado.
Respondo à jovem em relação à sua ligação com a mãe que pelo relato encontra-se estável e
agradável. A mesma expõe "Dá vontade de pegar ela e por em um hospício, mas daí eu vou
ficar sem mãe né” (sic), logo após a jovem sorrir devido ao seu relato, nesse momento pontuo
sobre a possível falta da mãe para Amanda que em seguida responde “Quero uma mãe que me
dê carinho, que pare de brigar comigo por coisa besta” (sic), entretanto, a mesma reconhece
que tem seus defeitos que acaba por refletir na relação de ambas.
Observamos pela fala da jovem a sua elaboração dos conflitos da sua relação com a
mãe que por consequência causa sintomas onde a mesma manifesta pela fala seu desejo
representada com a ascensão a seu lugar de ser desejante do Outro. “Leader se refere ao foco
que Lacan dará na apreensão do sentido por meio do contexto e do tom de voz. A
aproximação entre mãe e filha e o distanciamento da figura paterna fez dessa mãe uma
parceira sufocante.” (MACHADO; ALMEIDA, 2019, p. 1106).
Em continuação do atendimento pergunto da paciente sobre as medicações e a mesma
conta que não está tendo constância no uso e acaba por culpar sua mãe, porém, reconhece que
tem parcela de culpa e relata “Eu faço de propósito para minha mãe não lembrar” (sic).
Amanda relata que não tomou café da manhã e que gostaria de comer doce, pergunto
qual doce mais gosta e responde "Fini" (sic) em seguida comento que é o doce preferido dos
adolescentes onde a mesma responde “Eu não sou uma adolescente sou uma criança” (sic)
que por consequência começa a rir da sua fala e complementa que para alguns caso é uma
criança e para outros é uma adolescente “Adulta, mãe de família" (sic). Sobre suas falas em
relação a sua adolescência, observamos a elaboração da perda do seu corpo infantil e a sua
tentativa simbólica de luto.
A passagem do corpo infantil para a adolescência traz questionamentos para alguns
adolescentes que não estão preparados para essas mudanças, podendo entrar em conflito
consigo mesmo, e principalmente com os pais, procurando respostas no meio social. O
papel dos pais é de extrema importância nesse momento, mas deve-se ressaltar que o meio
social e os grupos de amigos possuem um papel importante na construção dessa fase
(ABERASTURY; KNOBEL, 1992 apud GARCIA, 2017).
Será realizado o último encontro que terá por conduta atendimento breve com a
paciente para realizar o encerramento do processo terapêutico por consequência será
realizado a devolutiva com a genitora “finalizar um tratamento pode desencadear as mais
diversas reações, assim como provocar a (re)vivência de sentimentos primitivos,
sobretudo, de luto.”(ZATTIl, 2018, p. 56).
No último contato com a adolescente a mesma apresenta-se animada com suas
últimas semanas e com as mudanças que vem ocorrendo em sua rotina. Amanda verbaliza
sobre seu empenho no vôlei, ao relatar sobre o esporte e a sua rotina de treino que ocorre
em sua escola a jovem fala com muito entusiasmo e se sente motivada nas atividades
escolares, pois, se não obtiver notas acima da média, tem risco de perder vaga no time de
vôlei.
Realizando uma linha do tempo acerca do processo terapêutico da paciente foi
observado a ausência de algumas queixas que deram sustentação no início dos
atendimentos. A entrada da adolescente na terapia teve por demanda: tentativas de
suícidio; ansiedade; relação conflituosa com a mãe; alucinações auditivas, falta de
liberdade para sair para alguns lugares e passou por episódios recorrentes de bullying em
sua escola que por consequência teve discursos de raiva diante aos acontecimentos em seu
colégio. No decorrer dos atendimentos foi realizado um encaminhamento para o psiquiatra
a fim de iniciar um tratamento medicamentoso para os sintomas de alucinação auditiva.
Ao final dos atendimentos no ano de 2022 Amanda apresentou melhoras nos sintomas
ansiosos, diminuição dos comportamentos suicidas, entretanto, sentimentos de ódio em
relação à escola permaneceram.
Em segmentação ao retorno dos atendimentos da adolescente no ano de 2023 a
mesma apresentou demandas sobre bullying; escarificação corporal; transtornos
alimentares e relação conflituosa com a genitora. Durante os acompanhamentos Amanda
trouxe queixas iminentes diante aos episódios de bullying, no entanto, a adolescente viu
no esporte e nas atividades extras da escola um mecanismo de defesa para a elaboração
dos seus sentimentos de raiva. Por consequência a adolescente obteve diminuição das
queixas sobre os ataques de bullying que estava vivenciando.
Nos acompanhamentos da adolescente a mesma apresentou práticas de escoriações
em seu corpo quando se via em situações de raiva e principalmente quando ocorriam
conflitos com sua mãe. Em uma das devolutivas com a genitora, a mesma mencionou ter
retirado os objetos de fácil acesso da filha para evitar as práticas de escoriações.
Observamos que foi realizada a retirada dos objetos, entretanto, os conflitos com a mãe
sempre estiveram presentes nas sessões. Com isso pode-se considerar a ausência de
sensibilidade da genitora com a filha em validar as dificuldades e os sofrimentos psíquicos
de Amanda.
A paciente trouxe as demandas sobre transtornos alimentares que iniciou-se com as
práticas de indução de vômitos que teve por permanência dois meses. Diante os sintomas,
percebe-se que falhas na estruturação edípica apresentam consequências na relação
mãe-filha que futuramente em seu desenvolvimento irá se refletir na falta de algo, porém,
no decorrer dos atendimentos a paciente se mostrou consciente sobre sua má alimentação
chegando a se culpabilizar por seus atos de induzir vômitos. No entanto, quando assumiu
a responsabilidade por seus atos Amanda teve o comportamento de comer
compulsivamente devido a ter o sentimento de culpa. Ressalto que durante todo o
acompanhamento a adolescente já se apresentou com oscilação de peso e que a jovem
pontuou em uma das sessões onde a psiquiatra notou sua perda de peso.
Os conflitos com a genitora sempre estiveram presentes no discurso da
adolescente, raro foram os momentos em que Amanda não relatasse sobre os conflitos
entre ambas. Vale destacar que durante o acompanhamento terapêutico os sintomas de
alucinação auditiva diminuíram, porém, o uso das medicações não foram administradas
corretamente, nos atendimentos finais foi observado uma resistência da jovem em relação
ao uso das medicações.
Observamos no processo da evolução do caso que as tentativas de suicídios não
ocorreram mais, os atos de escarificações diminuíram, houve boa elaboração da paciente
diante aos ataques de bullying que sofria e ausência dos sintomas das alucinações
auditivas. A relação com a genitora apresentou melhoras, onde a mesma se mostra mais
empática e preocupada com a filha. No entanto, a paciente apresenta resistência ao
tratamento medicamentoso onde atualmente está sem tomar as medicações. Na última
devolutiva com a genitora, conta estar surpresa com os comportamentos da filha, surpresa
de maneira positiva, ademais, relata preocupação devido a resistência da filha em não
querer tomar as medicações. Foi orientada a responsável sobre as medicações onde a
mesma verbaliza que terá o retorno no mês de julho de 2023.
CONCLUSÃO DO CASO
Durante todo o processo terapêutico houve atendimentos que foram utilizados
recursos lúdicos, como: quebra-cabeça e desenhos onde verbalizou sobre sua relação
conflituosa com a mãe e sentimentos de raiva diante as situações de bullying que vinha
sofrendo na escola. A partir dessas repetições de recordar os conteúdos a adolescente foi
estabelecendo uma boa elaboração onde a mesma encontrou no esporte seu mecanismo de
fuga. Freud em sua obra recordar, repetir e elaborar (1914) vem a referir que o sujeito irá
conseguir elaborar seus conteúdos a partir da repetição, recordar e por consequência o
sujeito acaba por retornar na origem do seu sintoma.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As correntes psicanalíticas aqui estudadas nos mostram os reflexos da relação


mãe-filha que por consequência acaba por se manifestar como sintoma no desenvolvimento
psíquico e comportamental. Sintomas esse resultante das falhas psíquicas no narcisismo
primário.
Na clínica com adolescente experienciada nos atendimentos do SPA teve por base a
transferência que se sustentou na relação entre paciente e estagiário de tal modo que, é
possível assegurar o vínculo terapêutico onde o paciente presume um saber do terapeuta, que
Lacan denominou com o conceito do Sujeito suposto saber.
Sendo assim, nota-se, que os serviços de psicoterapia em clínica-escola a partir das
correntes teóricas da psicanálise se fortalece na escuta qualificada, nas orientações
supervisionadas, aporte teórico e estar em processo de análise pessoal, pois, ao nos deparamos
com as demandas se torna fundamental um bom estado psíquico como aponta o autor “O
analista deveria entrar na sessão em um estado psíquico especial, sem memória, sem desejo e
sem ânsia de entendimento” (SANTOS, 2008, p. 8).

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