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PSICODRAMA

Método psicodramático
O método do Psicodrama usa a representação dramática como um núcleo de abordagem
e exploração do ser humano e seus vínculos. A ação, unida à palavra, brinda o mais
completo desdobramento do conflito, do drama que ocupa o protagonista no espaço
dramático. Na cena, o indivíduo pode representar seus conflitos passados e presentes, e
também vomitar seus temores, expectativas, projetos e dúvidas sobre o futuro, explorando
suas relações com o presente e o passado. Distinguem-se, no desenvolvimento da ação
dramática, três momentos que possuem, cada um, uma importância singular. A primeira
fase, chamada aquecimento, é onde se prepara o clima do grupo. Escolhem-se um tema e
um protagonista e tenta-se penetrar no mesmo no maior nível de espontaneidade possível.
O segundo momento ou fase é a representação propriamente dita, a cena dramática. Aqui
ganham importância os eu-auxiliares, que serão os encarregados de encarnar os
personagens para os quais o protagonista os escolheu: os personagens reais ou
fantasiosos, aspectos do paciente, símbolos do seu mundo. O terceiro momento ou fase é
o compartir, é onde o grupo participa terapeuticamente. Nesta etapa o grupo devolve,
compartilha seus sentimentos e vivências, tudo o que lhes foi acontecendo durante a cena,
as ressonâncias que ele produziu. As diversas técnicas dramáticas utilizadas durante a
representação foram pensadas por Moreno em relação com sua teoria da evolução da
criança. Cada uma delas cumpre uma função que corresponde a uma etapa do
desenvolvimento psíquico. O diretor do Psicodrama instrumentará, em cada situação,
aquelas que pareçam mais adequadas e correspondentes ao momento do drama,
segundo o tipo de vinculação que nele se expressa. A primeira etapa de indiferenciação do
Eu como o Tu corresponde á técnica da dupla. A segunda, do reconhecimento do Eu, a
técnica do espelho. A terceira etapa do reconhecimento do eu, a técnica da inversão de
papéis. Mediante a técnica da dupla, um eu-auxiliar desempenha o papel de protagonista.
Verbal e gestualmente complementam aquilo que, a partir desse desempenho, entende e
sente que o protagonista não pode expressar completamente por ser isto desconhecido ou
oculto, por inibições. Coloca-se ao lado e idêntica postura ao protagonista, fazendo seus
movimentos, funcionando como a mãe e a criança na primeira etapa. Na técnica do
espelho, o protagonista sai do palco e é público da representação que um eu-auxiliar faz
dele. Busca-se, com isso, que o paciente se reconheça em determinada representação,
assim como na sua infância reconheceu sua imagem no espelho. O terapêutico desta
técnica está em que se reconheçam como próprios os comportamentos e aspectos que lhe
são desconhecidos e que importam para o esclarecimento do conflito. Utilizando a técnica
da inversão de papéis, a mudança de papéis investiga na cena o sentir desses
personagens do mundo do paciente. Esta é a técnica básica do Psicodrama. Existem
outras técnicas dramáticas criadas por Moreno e posteriores a ele. Moreno, tomando do
modelo teatral seus elementos, distinguem, para a cena psicodramática, cinco elementos
ou instrumentos: a) Cenário: neste continente desdobra-se a produção e nele podem-se
representar fatos simples da vida cotidiana, sonhos,delírios, alucinações. b) Protagonista:
o protagonista pode ser um indivíduo, uma dupla ou um grupo. É quem, em Psicodrama,
protagoniza seu próprio drama. Representa a si mesmo e seus personagens são parte
dele. Palavra e ação se integram, ampliando as vias de abordagem. c) Diretor: o
psicoterapeuta do grupo é também o diretor psicodramático. O diretor do psicodrama está
atento a toda informação ou dado que o protagonista de, para incluí-la na cena, guia e
ajuda a chegar à cena com espontaneidade. Uma vez começada a cena, o diretor se retira
do espaço dramático e somente intervém se é necessário incluir alguma técnica, dando
ordens ao protagonista ou ego-auxiliares. d) Público: é o grupo terapêutico Moreno
distingue três procedimento segundo o objeto de estudo para se abordar quando se
dramatize: Psicodrama, tratamento dos conflitos individuais. Sociodrama, onde o objeto de
estudo são os grupos sociais. Role playing: quando o Psicodrama é utilizado para a
formação e treinamento de papéis profissionais e técnicos.
Psicodrama psicanalítico
O psicodrama psicanalítico nasceu na França em 1944. Hoje, há uma corrente na qual
define que a cena dramática é reconhecida na função de concentrar o drama e permitir
que apareçam novos significantes. Dizem que “...o Psicodrama não é a busca de um certo
sentido nem tampouco de um significante fundamental. Por isso, deve-se evitar a
interpretação que proporcione o sentido e a perda do sentido...” Conforme Anzieu "...o
psicodrama analítico favorece a expressão dos conflitos por intermédio de imagens
simbólicas..." caracteriza quatro aspectos importantes no Psicodrama: dramatização dos
conflitos, comunicação simbólica, efeito catártico e natureza lúdica. Na América Latina, a
Argentina é o país pioneiro em Psicodrama. Atualmente , Brasil, México e outros fizeram
um importante desenvolvimento, sendo pertinente destacar o Psicodrama no Brasil que,
inicialmente foi desenvolvido por docentes argentinos e, atualmente, por seus próprios
docentes.
Para Osório, a teoria moreniana, que se torna pouco sólida, se a compararmos com a
teoria psicanalítica, tem , entretanto, alguns aspectos que não são excludentes, mas que
se complementam e, em alguns casos, são parcialidades de conceitos psicanalíticos não
reconhecidos e rebatizados com outros nomes ou trabalhados sob outros ângulos, como
acontece com os conceitos de regressão e fixação. A regressão em Psicodrama não se
obtém através da transferência, mas através de cena dramática que torna presente o
passado. Tele e transferência em Moreno são conceitos herdeiros do de transferência
freudiano. Espontaneidade, essencialmente, está relacionada com o conceito de libido de
Freud. Se nos fixamos na cena dramática, esta desde o ponto de vista moreniano
fundamenta seu valor da seguinte maneira: a representação dramática é liberadora, é uma
segunda vez, é a forma que adquirem o passado e o futuro, no presente. O encontro, o
compartilhar, a criatividade e o ato espontâneo possibilitam novos papéis e resgatam
energias perdidas. Isto levará a uma catartase de integração e a uma catarse do público. A
cena é a representação do passado, um lugar simbólico onde se revela o imaginário
através das cenas atuais ou manifestas, podendo explorar e elaborar situações conflitivas
do mundo externo, encontrando sua conexão com o mundo interno dele ou dos indivíduos,
em sucessivas ações dramáticas com cenas antigas e inconscientes. Sintetizando, a cena
dramática é, basicamente, a presentificação e corporização que, através da
representação, têm os vínculos intrapsíquicos em sua mútua e dinâmica reestruturação
com os vínculos interpessoais.

Considerações finais
Moreno resgatou o valor das forças imantes ao grupo. Retomou o fato de que vivemos em
grupo desde que nascemos e nossos problemas provêm desse mundo. Que todos ajudam
em um grupo, mas por isso estão ausentes ás relações hostis. Afirmou que trabalhar em
um grupo sem uma fundamentação socimétrica, antropológica e microssociológica,
somente com a interpretação da análise individual, é impossível. Mostrando que a regra
fundamental é a interação livre e espontânea, e o objetivo é favorecer a integração do
indivíduo e do grupo. Considerou a transferência como expressão da dissociação e
desequilíbrio do grupo. Este se deteve no papel de psicoterapeuta de grupo e
psicodramaturgo, demonstrando uma série de normas éticas e científicos-técnicas. Deu
conta, de regras e normas de grupos como sigilo, os honorários iguais, a seleção de
pacientes a livre expressão, o cuidado do indivíduo e do grupo, a utilização de métodos
cientificamente comprovados. Resgata assim, muito além da comunicação verbal, o
contato corporal motor e tátil.
FEBRAP – Federação Brasileira de Psicodrama
A FEBRAP é uma instituição sem fins lucrativos, que surgiu com o objetivo de constituir e
articular a rede de federadas de Psicodrama no território brasileiro. Criada em 1976 com a
finalidade de organizar e estabelecer os princípios que regem a formação dos
psicodramatistas, promove a divulgação do saber psicodramático brasileiro, estimula a
integração dos profissionais através de suas entidades federadas e possibilita a
comunicação nacional e internacional. Suas federadas, que estão em praticamente todo o
território nacional, congregam psicodramatistas das mais diferentes áreas – médicos,
psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, profissionais de RH, entre outros – e é a partir
dessa diversidade que é possível a abrangência e versatilidade em sua atuação.

Referências Bibliográficas:
OSÓRIO, Luiz Carlos. Grupos : teoria e prática : acessando a era da grupalidade. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000. 210p.
GRUPOTERAPIA hoje. Porto Alegre: Artes Medicas, 1986. 358p.
O que é a FEBRAP. Federação Brasileira de Psicodrama, São Paulo, 1976. Disponível
em: <:http://febrap.org.br/federacao/oquee.asp>Acessado em: 13 mar.2006

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