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Resenha dos capítulos 1, 2, 3 e 4 do livro, Fox, Jonathan. O Essencial de Moreno.

São Paulo: Ágora, 2002.

O psicodrama pode ser definido como a ciência que busca a “verdade”, por meio de
métodos dramáticos, trabalhando com relações interpessoais e mundos privados, seu objetivo
é construir um espaço terapêutico que utilize a vida como modelo e integre nele todas as
modalidades de vida, começando pelas universais e passando por todos os seus detalhes e
suas nuanças. No método psicodramático são utilizados principalmente cinco instrumentos e
seu princípio teórico é que o diretor age diretamente sobre o nível de espontaneidade do
sujeito, de tal modo que ele (sujeito) entre realmente, embora confuso e fragmentado, nas
áreas de objetos e pessoas com as quais está relacionada sua energia espontânea.
No psicodrama, conforme o texto, são abordadas modalidades de vida universais, as
quais são divididas em quatro, tempo, espaço, realidade e cosmos. O homem vive no tempo,
podendo viver alguma patologia relacionada com cada uma das etapas do tempo, passado,
presente e futuro e essas três dimensões do tempo foram integradas no psicodrama, do ponto
de vista de uma terapia funcional, da mesma forma como o são na vida.
O encontro em psicodrama é um fenômeno télico. O processo fundamental de tele
(fluxo de sentimentos de que se compõem o átomo social e as redes) é a reciprocidade.
A segunda modalidade universal, o espaço no psicodrama é percebido como parte do
processo terapêutico. A ideia pioneira de uma psicoterapia do espaço foi lançada pelo
psicodrama, a qual se centraliza na ação e busca integrar em si, de maneira abrangente, todas
as dimensões da vida.
Outra modalidade, a realidade, é do ponto de vista da terapia, uma espécie de
“realidade reduzida”, uma “infra realidade”. A maneira como é vivida a realidade, no
relacionamento com as pessoas significativas da vida, pode ser inadequada ou defeituosa, e é
possível desejar mudá-la, ou seja, tentar novas formas de vida, porém mudar pode ser uma
coisa tanto ameaçadora quanto extremamente difícil, o que leva as pessoas a permanecer nas
rotinas que lhes são familiares, em vez de se arriscarem a uma calamidade que podem não
administrar. Por isso, é necessária uma situação terapêutica em que a realidade possa ser
simulada, a fim de que as pessoas possam aprender a desenvolver novas técnicas de vida, sem
o risco de uma consequência séria ou de um desastre.
Um termo utilizado em psicodrama, realidade suplementar, refere-se ao nível de
estruturação e representação das dimensões invisíveis e intangíveis da vida intra e extra
psíquica, uma das técnicas de realidade suplementar mais utilizada no psicodrama é a
inversão de papéis. A inversão de papéis, assim como outras técnicas de realidade
suplementar, não é utilizada na vida como tal, essa é a razão pela qual ela é introduzida na
terapia.
Na construção do mundo psicodramático de um paciente, um dos instrumentos básicos
é o ego-auxiliar, que representa pessoas ausentes, desilusões, alucinações, símbolos, ideais,
animais e objetos.
A última modalidade de vida universal apontada no texto é o cosmo. Assim como as
funções de tempo, espaço e realidade, a função do cosmo deve estar integrada no contexto
terapêutico que tenha valor experimental e existencial para o protagonista. Dentro da estrutura
do psicodrama, os fenômenos cósmicos podem ser integrados ao processo terapêutico. No
mundo psicodramático, a diferenciação entre os sexos, as diferenças etárias, as realidades de
nascimento e morte são passadas por alto. Não existe sexo, idade e o não nascido e o morto
adquirem vida no palco do psicodrama. Para o autor a pessoa é um ser cósmico, não apenas
social ou individual. Anatomia, fisiologia e biologia não contam, o que importa é a expansão
do homem em relação às necessidades e fantasias que ele tem a respeito de si mesmo.
Além do psicodrama o texto também aborda o sociodrama, o qual pode ser definido
como um método profundo de ação para a abordagem de relações intergrupais e de ideologias
coletivas e baseia-se na suposição tácita de que o grupo formado pela plateia já está
organizado pelos papéis culturais e sociais que em algum grau são compartilhados por todos
os portadores da cultura. A abordagem grupal do psicodrama está direcionada para um grupo
de indivíduos privados, o que torna o próprio grupo, em certo sentido, privado. O verdadeiro
sujeito do sociodrama é o grupo, o qual corresponde ao individuo no psicodrama.
Entretanto, para que se torne efetivo, o sociodrama, tem de ensaiar a difícil tarefa de
desenvolver métodos de ação profundos, em que as ferramentas de trabalho sejam tipos
representativos de dada cultura e não indivíduos particulares.
No texto também é apresentado o termo sociometria, ciência que pretende determinar
objetivamente a estrutura básica das sociedades humanas, seus métodos procuram desvendar
as estruturas fundamentais de uma sociedade, revelando as afinidades, atrações e repulsões
que operam entre as pessoas e entre pessoas e objetos. O método sociométrico não é um
conjunto rígido de regras, mas deve modificar-se e adaptar-se a qualquer situação de grupo, à
medida que ela aparece, devendo ser moldado de acordo com as potencialidades
momentâneas dos sujeitos, de modo a despertar neles o máximo de participação espontânea e
o máximo de expressão.
Tal método é um procedimento sintético que, só por estar em operação, já evidencia os
relacionamentos baseado em fatos, se eles têm derivações econômicas, sociológicas,
psicológicas ou biológicas, sendo executado como uma operação, mas apresenta vários
resultados.
Ao realizarmos a leitura do texto, notamos as diferenças das outras terapias para o
psicodrama, o qual nos despertou curiosidade pela forma que busca abordar o protagonista em
toda sua complexidade dentro de suas percepções de tempo, espaço, realidade e cosmos.
Acreditamos que a abrangência dessa complexidade é de vital importância para a
compreensão do sujeito e a resolução de suas angústias.
O olhar do psicodramatista para o sujeito nos chamou atenção de forma positiva, pois
não haver diferenciação entre os sexos, diferenças etárias, as realidades de nascimento e morte
e a visão do sujeito como um ser cósmico, não apenas social ou individual, é certamente um
avanço nas teorias da psicologia como um todo.
A forma como se desenvolve o ato dramático, com mais de uma pessoa envolvida, e a
participação dos egos auxiliares durante o mesmo tornam o processo interessante e com
proporções gigantescas, podendo o psicodramatista intervir de diversas formas não só no
protagonista, mas até mesmo nos egos-auxiliares e na platéia, caso seja necessário.
A importância da sociometria nos estudos da estrutura das sociedades humanas
também deve ser destacada, pois certamente é um método interessante de conhecer desde
pequenos grupos até grandes massas.
A conclusão que tivemos ao término de nossa pequena reflexão foi que a leitura do
texto nos deu uma pequena introdução da teoria de Moreno, mas que certamente despertou a
nossa curiosidade para que nos aprofundemos nela, e plantou a ansiedade para conhecermos
um pouco mais sobre as técnicas citadas no texto.

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