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QUE VÊS, QUANDO ME VÊS?

PERCEPÇÕES DA TRAVESTILIDADE NUMA COMUNIDADE


Autora: Rosangela Xavier dos Santos
Orientadora: Dra. Ondina Pena Pereira

Psicologia
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO
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2.
1. Projeto de
Pesquisa:
“Que vês,
quando me
vês?” –
Percepções
da
travestilidad
e numa
comunidade.

2. Área do 3. Código: 7.07 4. Nível: (


Conheciment Áreas do
o (Ver conheciment
relação no o 4 e 7)
verso)
PSICOLOG
IA
5. Área(s) 6. Código(s): 7. Fase: (Só
Temática(s) área temática
Especial (s) 3) I( )
(Ver II ( )
fluxograma
no verso) III ( ) IV ( )
8.
Unitermos: (
3 opções )
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11. Nome:
Ondina Pena
Pereira
(orientadora)

Rosangela
Xavier dos
Santos
(aluna)
12. 1 19. Endereço (Rua, n.º ):
Identidad 3 SQN 404 – bloco O apto. 207
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16. Maior 1 23. Fone: 24. Fax
Titulação: 7 61 37937551
Doutor .
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18. 25. Email:
Instituição a Ondina@pos
que pertence: .ucb.br
Universid
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Católica
de
Brasília.
Programa
de
Pós-Grad
uação em
Psicologi
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Termo de
Comprom
isso:
Declaro que
conheço e
cumprirei os
requisitos da
Res. CNS
196/96 e
suas
complement
ares.
Comprometo
-me a utilizar
os materiais
e dados
coletados
exclusivame
nte para os
fins previstos
no protocolo
e a publicar
os resultados
sejam eles
favoráveis
ou não.
Aceito as
responsabilid
ades pela
condução
científica do
projeto
acima.

Data:
/12/2009
__________
__________
__________
________

Assinatura

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ONDE
SERÁ
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ZADO
26. Nome: 29. Endereço (Rua, nº):
UNIVE CAMPUS I Q.S. 07 L.01 EPCT

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27. 30. CEP: 71966-700 31. Cidade: 32. U.F: D.F
Unidade/Órg AGUAS
ão: Curso CLARAS
de TAGUATIN
Psicologia GA

28. 33. Fone: 33569000 34. Fax:


Participação
Estrangeira:
Sim ( )
Não ( X)
35.
Projeto
Multicênt
rico: Sim
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Não ( X )
Nacional
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todos os
Centros
Participa
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Comprom
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instituição):
Declaro que
conheço e
cumprirei os
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Complement
ares e como
esta
instituição
tem
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desenvolvim
ento deste
projeto,
autorizo sua
execução
Nome:
Alessan
dra
Rocha
de
Albuquer
que.
Cargo:
DIRETO
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Data:
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__________
__________
__________
_____

Assinatura

PATROCI
NADOR
Não se
aplica ( X
)
36. Nome: 39. Endereço

37. 40. CEP: 41. Cidade: 42. UF.


Responsável:
38. 43. Fone: 44. Fax:
Cargo/Funçã
o:

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45. Data de 46. Registro no CEP: 47. Conclusão: Aprovado ( ) 48. Não
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49.
Relatório(s)
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Pesquisador
responsável
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Data:
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Data:
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Encaminho a 53. Coordenador/Nome
CONEP: Anexar o
50. Os dados ________________________________ parecer
acima para Assinatura consubsta
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51. O projeto
para
apreciação (
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52. Data:
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ÍNDICE ANALÍTICO

1-CARTA DE ENCAMINHAMENTO 3

2-RESUMO 3

3-INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 3

4-REFERENCIAL TEÓRICO Erro! Indicador não definido.

4.1-Concepções de gênero, sexualidade e sexo Erro! Indicador não definido.

4.2-Travestilidade .....Erro! Indicador não definido.

4.3-Teoria queer e visibilidade travesti Erro! Indicador não definido.

4.4-Brasil sem homofobia e transfobia .

5-OBJETIVO GERAL Erro! Indicador não definido.

6-OBJETIVOS ESPECÍFICOS Erro! Indicador não definido.

7-MÉTODO Erro! Indicador não definido.

Participantes da pesquisa Erro! Indicador não definido.

Instrumentos/técnica Erro! Indicador não definido.

Procedimento de coleta de dados Erro! Indicador não definido.

Procedimento de análise dos dados Erro! Indicador não definido.

8-CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 3

9-ORÇAMENTO 3

10-TERMO DE COMPROMISSO 3

11-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 3

12-Declaração do pesquisador sobre riscos e benefícios da participação em pesquisa 3

13-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Erro! Indicador não definido.


CARTA DE ENCAMINHAMENTO

Eu, Ondina Pena Pereira, encaminho o projeto de pesquisa intitulado “Que vês, quando me
vês?” – Percepções da travestilidade numa comunidade, para ser analisado por este Comitê
de Ética em pesquisa. O presente trabalho será realizado pela graduanda Rosangela Xavier
dos Santos, sob minha orientação.

Brasília,........./........../ 2009

Atenciosamente,

________________________________
Assinatura do responsável pela pesquisa
”QUE VÊS, QUANDO ME VÊS?” 1
PERCEPÇÕES DA TRAVESTILIDADE NUMA COMUNIDADE

RESUMO

Este trabalho propõe a realização de uma etnografia cujo objetivo é buscar


compreender as percepções da travestilidade numa comunidade. A travestilidade pode ser
entendida como a ação de tornar-se ou ser uma travesti. Quando a pessoa decide expressar a
travestilidade, assume uma posição de resistência em relação à sociedade que sustenta a
determinação binária e heteronormativa, de acordo com um padrão único de expressão
afetiva, sexual e amorosa. Assim, esta pessoa muitas vezes passa a ser vítima de diversas
formas de discriminação e violência resultantes de preconceitos que enquadram estes
indivíduos como pessoas anormais, tal é o grau de intolerância dessa sociedade com o
diferente, sobretudo com travestis. Entretanto, essa população aos poucos vem ganhando
visibilidade, através da teoria queer e de leis e programas antidiscriminatórios como o
Programa Brasil sem Homofobia, do Governo Federal. Apesar da aprovação de tais leis,
ainda persistem os altos índices de homofobia, e em especial em relações às travestis,
caracterizando a transfobia. A situação se agrava com a exclusão social e a vulnerabilidade a
que está exposta essa parcela da população.
Palavras-chave: Travestilidade, Teoria queer, transfobia, vulnerabilidade.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A criação de leis antidiscriminatórias que têm sido aprovadas em todo o país contrasta
com a persistência de altos índices de homofobia, com as diversas formas de opressão
experimentadas pelos homossexuais, e em especial as travestis, cuja situação se agrava com a
situação de exclusão social e vulnerabilidade que ainda vivem essa população. Tal situação
justifica a realização deste trabalho cujo objetivo é buscar compreender as percepções da
comunidade de um bairro de uma cidade satélite do Distrito Federal em relação à
travestilidade.
Estudos e estatísticas nacionais comprovam que a sociedade brasileira é fortemente
discriminatória contra a população negra, contra mulheres, contra lésbicas, gays, bissexuais,
transexuais, travesti e transgêneros (LGBTS) (CADERNOS SECAD 4, 2007).
A homofobia como uma forma de discriminação tem se tornado um problema

1
O título desse projeto é uma referência a um dos textos das pesquisadoras argentina Victória Barreta, Virginia
Isnard e Graziela Aracón, citado por Larissa Pelúcio no artigo “Eu me cuido Mona” – saúde, gênero e
corporalidade entre travestis que se prostituem. A pergunta seria uma referência ao encontro entre travestis e a
equipe de saúde. De acordo com a autora, trata-se de uma pergunta que “as travestis podem dirigir a maior parte
das pessoas sem obterem uma resposta que se aproxime da densidade dessa experiência ou traga uma verdade
que façam com que elas se reconheçam nesses olhares interrogativos” (PELÚCIO, 2007, p. 1).
recorrente devido aos inúmeros casos ocorridos na sociedade, casos que muitas vezes
perspassam aqueles divulgados pela mídia e que resultam até mesmo em mortes de pessoas.
Ainda que leis e programas tenham sido criados a fim de promover ações de
enfrentamento à homofobia e de promoção da cidadania de LGBTS, é possível verificar um
alto índice de violência contra essa população, sobretudo contra travestis.
Travestis são indivíduos biologicamente masculinos que moldam seus corpos com
características femininas, que se vestem e se comportam como indivíduo de sexo feminino
(BORBA; OSTERMANN, 2008). Tais indivíduos são vistos como um ser estranho,
excêntrico, desavergonhado, anormal. Ao se apresentar para a sociedade exibindo
feminilidade, causa espanto, estranheza por não corresponder aos padrões de gênero e
sexualidade impostos pela sociedade ocidental. Assim, este ser passa a ser vítima de diversas
formas de discriminação, opressão e violência.
Vivendo em situação de exclusão social e vulnerabilidade, sem família, sem escola, sem
emprego e sem qualificação para o mercado de trabalho, condição da maioria das travestis,
estas vêem na prostituição a única forma de subsistência e pertencimento. É nos espaços de
prostituição que estas aprendem a construírem-se como travestis, constituindo suas redes de
sociabilidade e de aprendizado.
Entretanto, é também nesse espaço que as travestis se esbarram com tudo que é
negativo: a violência, a discriminação, o preconceito, o crime, as drogas, o tráfico.
Diante do exposto, considerando a complexidade do assunto, este trabalho tem como
objetivo compreender as percepções da comunidade de um bairro de uma cidade satélite do
Distrito Federal em relação à travestilidade, contribuindo assim para o debate da homofobia.

REFERENCIAL TEÓRICO

1 – Concepções de gênero, sexualidade e sexo.


O conceito de gênero nem sempre foi compreendido da mesma forma. Este ganhou
novo significado com o movimento feminista norte-americano, que se referia ao termo como
forma de distinção entre a condição biológica de ser homem e ser mulher e a herança
sócio-cultural que se agrega à noção de masculino e feminino (DINIZ, 2003). Neste sentido,
pode-se dizer que a palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso
de termos como “sexo” ou “diferença sexual” (SCOTT, 1990).
De acordo com o dicionário Aurélio, o termo gênero refere-se à categoria que indica
por meio de desinência uma divisão dos nomes masculino, feminino e neutro; forma como se
manifesta social e culturalmente, a identidade sexual dos indivíduos (p. 345).
Para Scott (1990), o termo é utilizado para designar as relações sociais entre os sexos,
uma maneira de se referir às origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas dos
homens e das mulheres. De acordo com a autora, o gênero se torna uma maneira de indicar as
“construções sociais”: a criação inteiramente social das idéias sobre os papéis próprios aos
homens e às mulheres.
Para Louro (1998 apud BOEING; SANTOS, 2008?), o conceito de gênero faz
referência de como as características sexuais são compreendidas e representadas, ou como são
trazidas para a prática social e tomadas como parte do processo histórico. Ao que Fleuri (2003
apud BRAGA, 2004) completa:
[...]. o gênero não é necessariamente o que visivelmente percebemos como
masculino e feminino, mas o que construímos, sentimos e conquistamos durante as
relações sociais... o gênero se constrói na relação com a diferença; e esta não
necessariamente deverá ser biológica (p.04).
Nas discussões sobre sexualidade existe também uma ampla variedade de concepções.
Esta, muitas vezes, é vista somente como referência ao ato sexual (LONGARAY; RIBEIRO,
200?). Entretanto, a sexualidade se constitui numa construção histórica, cultural e social
(BOEING; SANTOS, [2008?]), ou seja, ela é aprendida e construída ao longo de toda a nossa
vida, de vários modos e por diversos sujeitos.
A sexualidade compreende também os conceitos de linguagem, corpo e cultura.
Portanto, como outros saberes, não é dada ou “natural”, mas sim construída pela sociedade
intencional (BOEING; SANTOS, 2008?).
Para aprofundarmos mais na nossa discussão, é necessário desfazer algumas confusões
conceituais referentes à sexualidade e sexo; e sexo e gênero.
Como vimos anteriormente, pode-se entender a sexualidade como uma construção
histórica, social e cultural. Foucault (1997) nos propicia outra forma de pensar a sexualidade:
não como desenvolvimento ou identidade, mas como historicidade e relação. Já o sexo diz
respeito apenas aos aspectos biológicos (SANTOS, 2008), é a condição biológica de ser
homem e ser mulher (DINIZ, 2003). Podemos considerar então que existe uma diferenciação
entre sexo e sexualidade.
Em relação ao sexo e gênero, verifica-se que já não causa surpresa afirmar que existe
uma distinção entre os dois termos. Em geral, o que se tem apreendido é que sexo é algo
definido pela natureza, tomando como base o corpo orgânico, biológico e genético, e gênero é
algo adquirido por meio da cultura, ou seja, o sexo – homem ou mulher – é algo natural, a -
histórica e gênero é uma construção histórica e social (ARÁN, 2006).
Este tipo de raciocínio já foi bastante problematizado por autores como Michel
Foucault e Judith Butler (ARÁN, 2006). Segundo Foucault, o dispositivo da sexualidade na
modernidade só pode ser compreendido mediante os mecanismos de poder e saber que lhes
são intrínsecos. Assim, sexo é o resultado complexo de uma experiência histórica singular e
não uma invariante passível de diversas manifestações. Desta forma, falar de sexualidade é
também se referir à produção dos saberes que a constituem aos sistemas de poder que regulam
suas práticas e às formas pelas quais os indivíduos podem e devem se reconhecer como
sujeitos dessa sexualidade (FOUCAULT, 1984). Em outras palavras, o sexo não é um simples
fato ou uma condição estática e sim “uma construção ideal forçosamente consolidada através
do tempo” (BUTLER, 2002, p. 18 apud ARÁN, 2006).
De acordo com Alós (2004 - 2008), sexo e gênero são compreendidos como algo de
natureza dual, binária e excludente. Esta forma de compreensão é que estabelece a atual
concepção do humano. Há o macho e a fêmea, o masculino e o feminino. Fora dessas duas
categorias e desses dois gêneros, não há humanidade possível, isto é, o que não é masculino
nem feminino não pode ser reconhecido como humano (ALÓS, 2004 - 2008). Diante disso,
cabe aqui destacar que a civilização ocidental é profundamente comprometida com a idéia da
existência de apenas dois sexos: homem e mulher. Esse binarismo sexual nos leva a refletir: e
o que dizer, por exemplo, daqueles indivíduos que não são nem homem e nem mulher ou que
talvez sejam os dois sexos ao mesmo tempo, a saber, os intersexos2? Negaríamos a existência
de tais indivíduos? Nesse sentido, manter um sistema sexual bipartido é ir contra a natureza.
Porque biologicamente falando, existem muitos graus entre macho e fêmea; e dependendo de
como as coisas são determinadas, é possível argumentar que nesse aspecto podem existir
talvez cinco sexos ou até mais (STERLING, 1993)
Trazendo tais idéias para as discussões acerca das sexualidades e dos gêneros, de
acordo com Furlani (2007, p. 277)

2
Termo utilizado pela literatura médica standart como nome geral para os três maiores subgrupos que misturam
características masculinas e femininas: as chamadas hermafroditas verdadeiros, as pseudo hermafroditas
masculinas e as pseudos hemarfroditas femininas (STERLING, 1993, p. 5).
é possível questionar essa restrição imposta pela tradição ocidental, que considera
na constituição do sujeito, apenas “isto” ou “aquilo”, ou seja, ou se é masculino ou
feminino, homem ou mulher, heterossexual ou homossexual”. No processo de
construção das identidades, é possível considerar também, a conjunção aditiva “e”.
Sendo assim, Louro (2004), afirma que é necessário demonstrar que não são
necessariamente as características sexuais que vão definir o que é masculino ou feminino, mas
sim a maneira como essas características são representadas.
Segundo Wittig (1992, p.1) “masculino/feminino, macho/fêmea são categorias que
servem para ocultar o fato de que diferenças sociais sempre pertencem a uma ordem
econômica, política, ideológica”. Ao que Furlani (2007) completa: todo e qualquer ato que
venha produzir diferenciações entre os gêneros, os sexos e as sexualidades é passível de ser
analisado como invenção política, cultural e social. E Louro (2004, p. 22) ainda complementa,
“é no campo social que se constroem e se reproduzem às relações (desiguais) entre os
sujeitos”.
Finalmente, para avançarmos na nossa discussão, ainda se faz necessário desfazer os
equívocos formulados pelo senso comum que confunde opção sexual com orientação sexual.
Esta última refere-se à manifestação da atração sexual por pessoas do mesmo sexo, do sexo
oposto, etc3. É possível entendermos melhor essa questão exemplificando Santos (2008):
quando uma pessoa opta por algo, ela faz uma escolha dentre várias ou, no mínimo, entre duas
possibilidades, ao passo que a pessoa que se relaciona intimamente com outra do mesmo sexo
não está optando por isso.
Uma pessoa com orientação homossexual não opta por se apaixonar e se relacionar
intimamente com pessoas do mesmo sexo. Se pudessem não optariam por ser alvo
de olhares preconceituosos e atos violentos e discriminatórios (SANTOS, 2008).
Nesta perspectiva, depreende-se que os sujeitos podem exercer as suas sexualidades de
diferentes formas, eles podem viver seus desejos afetivo-sexuais de muitos modos.
Entretanto, é possível verificar que na história das civilizações ocidentais a
heterossexualidade aparece como sendo a única expressão legítima da sexualidade, a única
forma “correta” e natural de se expressar sexualmente (ALÓS, 2004 - 2008).
Assim sendo, as outras formas de sexualidade, se não a heterossexual, são tidas como
“anormais”, “antinaturais”, “desviantes”. Desse modo, vale enfatizar que segundo Foucault

3
Mencionado pela profª. Drª. Gláucia Diniz em aula no Curso de Capacitação em Violência Doméstica e de
Gênero do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios em agosto de 2009.
(1997) durante muito tempo os hermafroditas foram considerados criminosos, ou filhos do
crime, porque sua disposição anatômica confundia a lei que distinguia os sexos e prescrevia
sua conjunção. O autor traz também que “a homossexualidade apareceu como uma das figuras
da sexualidade quando foi transferido, da prática da sodomia, para uma espécie de androgenia
interior, um hemarfroditismo da alma”. (FOUCAULT, 1997, p. 43-44). Esta durante algum
tempo foi caracterizada como uma doença e como tal tinha de ser tratada. Assim, o
homossexual era concebido como o doente que deveria receber tratamentos para se “curar” da
homossexualidade. Dessa forma, a homossexualidade em 1869 era nomeada como
“homossexualismo para designar o comportamento ‘desviante’ entre pessoas do mesmo sexo”
(FURLANI, 2003 apud LONGARAY; RIBEIRO, 200?). Atualmente a homossexualidade não
é mais considerada oficialmente como uma doença psíquica, mas ainda há aqueles que
concebem o homossexual não só como doente, mas também como perversos e desviantes da
sexualidade socialmente recomendada. Consequentemente, o homossexual passa a ser vitima
da exclusão, da opressão e de todo tipo de violência caracterizando a chamada homofobia.
De acordo com relatório da Unesco, o termo homofobia refere-se ao tratamento
preconceituoso e às discriminações sofridas por homossexuais, que resultam em diversas
formas de desqualificação das sexualidades ditas não-hegemônicas, ferindo a dignidade alheia
e gerando sofrimentos e revoltas (CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004 apud BORGES;
MEYER, 2008).
A homofobia é um problema que cresce a cada dia que passa e está presente em todos
os seguimentos da sociedade. Não raramente, segundo Peres (2004), é possível observar
pessoas homoeróticas sendo atingidas, ainda no seio familiar, pela negação, resultando na
maioria das vezes na expulsão das suas próprias casas. Ainda de acordo com o autor, essas
pessoas muitas vezes são estigmatizadas e discriminadas também em outros seguimentos da
sociedade, incluindo o espaço escolar, tendo assim suas oportunidades acadêmicas
impossibilitadas pela violência física e verbal, sendo obrigados na maioria das vezes a
abandonar os bancos escolares.
Nesse tipo de violência, fica clara a existência de uma legitimidade social e de uma
íntima ligação com a violência de gênero, pois o respeito à homossexualidade ainda
constitui-se numa dificuldade para a sociedade contemporânea (LOURO 1998 apud
BOEING; SANTOS, 2008?).
Portanto, a homofobia é um problema real, que alcança fortes e preocupantes
dimensões no Brasil, o que torna a população dita as minorias, extremamente vulnerável
(BORGES; MEYER, 2008).
Até aqui nos referimos quase que exclusivamente a homossexualidade, porém existem
outras formas de expressão da sexualidade que talvez seja mais excluída: a travestilidade.

2- Travestilidade

De acordo com Lima (2007), travestilidade é um termo que se refere a ação de


tornar-se ou ser uma travesti. A mesma autora define o “ser travesti como o indivíduo
biologicamente masculino que incorpora características físicas do ser feminino, que se veste e
se comporta como individuo de sexo feminino cultivando essa imagem cotidianamente,
porém conservando o órgão sexual masculino” (p. 4).
Segundo Justa (2006, apud COELHO, 2006), a definição da palavra travesti
proporciona uma variedade de significados, o que talvez reflita o incômodo e a perplexidade
frente a esse “algo” que parece ser impossível definir. “Traveco, homem-mulher, aberração da
natureza... Estas são algumas alcunhas dadas às travestis no cotidiano” (JUSTA, 2006, apud
COELHO, 2006, p. 1).
Para Pelúcio (2005), ser travesti é algo contínuo e infinito, que se constitui num
processo que pode ser dividido em algumas etapas. A primeira é quando já assumiu a
homossexualidade para a família e para a sociedade, mas ainda não se travestiu. A seguinte
fase é o “montar-se”, isto é, vestir-se com roupas femininas ocasionalmente, buscar esconder
a marca da barba, maquiar-se, evidenciar cílios, as pálpebras dos olhos e a boca. O terceiro
momento é o da transformação, pode envolver depilação dos pêlos do corpo, o vestir-se cada
vez mais freqüente como mulher, o inicio de ingestão de hormônios. Finalmente, a quarta
etapa, quando já se é travesti, além do consumo de hormônios, veste-se todo o tempo com
roupas femininas e planejam injetar silicone nos quadris e nádegas.
Por mais plural que possa ser a construção da travestilidade, é no corpo que essa
vivência se acentua. Desta forma,
as travestis buscam materializar em seus corpos um gênero, investindo diariamente
nessa transformação. No corpo de “homem” vão sendo inscritas “coisas de
mulher”, a partir de uma cuidadosa observação do feminino: bocas, olhares,
movimento das mãos, jogos de cabelo, caminhadas sobre saltos (PELÚCIO, 2007,
p. 8).
Neste sentido, como aponta Lima (2007), vê-se nas travestis as possibilidades do ser
humano se redesenhar através de artifícios incomuns à sua natureza biológica,
proporcionando novos sentidos às suas vivências. Portanto, “ser, fazer e aparecer compõem a
construção simbólica da travestilidade, que tem na sua aparência um suporte visível da sua
essência” (LIMA, 2007, p. 3). Porém, esta forma de vivenciar a travestilidade, não é aceita na
nossa sociedade por fugir dos padrões da heteronormatividade. Como bem enfatiza Coelho
(2006, p. 3): “como conceber que uma “mulher de pênis” é algo harmonioso, enquanto grande
parte do mundo a considera como algo aberrante, incoerente”?
Neste contexto, quando a pessoa decide pela transformação corporal, por expressar a
travestilidade, assume uma posição de resistência em relação à sociedade que sustenta a
determinação heteronormativa de um padrão único de expressão afetiva, sexual e amorosa.
Assim, este ser passa a ser vítima de diversas formas de discriminação, opressão, e violência.
De acordo com Peres (2004), a violência se inicia com a expulsão pela família, se expande
pela vizinhança e segue pelos espaços escolares que discriminam, ridicularizam e expulsam
essas pessoas inibindo toda uma rede de sociabilização comum entre os cidadãos.
Excluídas do convívio familiar e social, vivendo em situação de vulnerabilidade, ainda
que uma pequena parte das travestis consiga se inserir no mercado de trabalho, seja nos
serviços públicos, nos salões de beleza e de alta costura, na prestação de serviços domésticos,
e em um número bem reduzido em cargos de formação universitária, é na prostituição que a
maior parte delas encontra um meio de sobrevivência e de pertencimento. Nesta ótica, o local
de prostituição, segundo Macdowell (2008), “é o espaço onde essas pessoas aprendem a viver
como travestis, no contato com outras travestis, constituindo redes de sociabilidade e
identificação com pessoas marcadas por histórias semelhantes de exclusão e abandono” (p. 7).
Ou como pontua Benedetti (2000 apud ORNAT, 2008, p.46), “os locais de prostituição
travesti não são legitimados apenas como locais de auferição de renda, mas de sociabilidade e
de aprendizado, condição à instituição de uma identidade grupal”.
Entretanto, é também nos locais de prostituição que as travestis passam a vivenciar todo
tipo de violência, a conviver com o mundo do crime, das drogas e do tráfico. Os atos de
violência, geralmente, são praticados por policiais, por clientes, entre as travestis, e mulheres
profissionais do sexo, dentre outros. Estes incluem atos de violência sexual, violência física
em geral, extorsão, exploração do trabalho sexual e formas simbólicas de violência
(MACDOWELL, 2008).
Percebe-se, portanto, que a vida cotidiana das travestis é atravessada por uma
diversidade de ameaças, violência, estigma, drogas, discriminação, assassinatos. “Tais ações
são resultados da consideração de que estes indivíduos são pessoas anormais, não
pertencentes a uma sociedade que é intolerante com o diferente, sobretudo com travestis”
(ORNAT, 2008, p. 53).

3- Teoria queer e visibilidade travesti


Através das lutas dos movimentos LGBTS, essa população aos poucos vem ganhando
visibilidade, em especial travestis e transexuais.
O significado da palavra travesti que até então tinha conotação negativa ganha status
de orgulho e emancipação bio-psico-social com a denominada “explosão queer” a partir da
mobilização social e política das travestis (PERES, 2008).
De acordo com Louro (2001, p. 546) “queer pode ser traduzido por estranho, talvez
ridículo, excêntrico, raro, extraordinário”. Este termo segundo a autora é assumido por uma
vertente dos movimentos homossexuais para caracterizar sua perspectiva de oposição e
contestação. Para esse grupo, queer significa opor-se a normalização venha ela de onde vier
(p. 546).
Na perspectiva queer, as análises solicitam novos olhares que possam mudar de
foco e explodir as referências binárias e universalistas que se tem sobre as
identidades e expressões sexuais e de gêneros, em uma perspectiva mais ampliada
da epistemologia que importaria com a cultura, com as estruturas discursivas e com
os textos institucionais, sociais, históricos e políticos (PERES, 2008, p. 6).
Neste sentido, a teoria queer sugere um rompimento com os espaços fixos e finitos da
identidade, partindo do principio de que a sexualidade não possui significados a priori, mas
significados relacionais que se constroem se imitam e são imitados (TALBURT, 2005 apud
MARQUES; MARTINS, 2005 - 2009).
Assim sendo, de acordo com Seidman (1995, apud LOURO, 2001, p. 5),
a teoria queer constitui-se menos numa questão de explicar a repressão ou a
expressão de uma minoria homossexual do que numa análise da figura
hetero/homossexual como um regime de poder/saber que molda à ordenação dos
desejos, dos comportamentos e das instituições sociais, das relações sociais numa
palavra a constituição do self e da sociedade.
4 – Brasil Sem Homofobia e Transfobia
Na busca por visibilidade e equidade de gênero expressa pelos movimentos sociais
LGBTS, o Governo Federal em sintonia com as discussões propostas na Conferência de
Beijing (1995), pelos debates da Conferência Regional das Américas4 (2001) e pelos
Princípios de Yogyakarta (2006) tem se comprometido a promover ações de enfrentamento à
homofobia e de promoção da cidadania de travestis, lésbicas, transexuais, transgêneros, gays e
bissexuais. Em 2002, essa temática foi incluída na segunda versão do Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH II), e no ano seguinte foi criada uma comissão para receber
denúncias de violação de direitos humanos com base em orientação sexual e identidade de
gênero, no Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD). Em 2004, as discussões
em torno das metas e da reformulação de políticas destinadas às mulheres e a população
LGBT foram aprimoradas e resultaram nos lançamentos do Plano Nacional de Políticas para
as Mulheres (PNPM) e do Programa Brasil sem Homofobia (CADERNOS SECAD 4, 2007).
O Programa Brasil sem Homofobia foi formulado pelo Conselho Nacional de
Combate a Discriminação, visando implementar e executar ações no enfrentamento da
homofobia e seus efeitos. O programa prevê ações na área da saúde, educação, cultura,
segurança, previdência social, trabalho e emprego.
Segundo Cardozo (2008), o Programa Brasil sem Homofobia consolida a
reconfiguração do foco das ações públicas destinadas a sujeitos classificados entre as
questionavelmente denominadas “minorias sexuais”. É através deste programa que as
travestis, bem como todo o movimento LGBTS encontram espaços de visibilização e
compartilhamento de suas experiências. Experiências essas marcadas pela discriminação,
preconceito, violência e exclusão. Tais experiências recebem uma denominação diferencial
expressa pela categoria “transfobia”.
Trata-se de uma variação derivativa do termo homofobia, para designarem formas
discriminatórias específicas que sofrem travestis, transexuais e transgêneros,
cunhada pela campanha “Travestis e Respeito”, lançada em 20045 (CARDOZO,

4
Ver Relatório do Comitê Nacional Para a Preparação da Participação Brasileira na III Conferencia
Mundial das Nações Unidas Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.
Brasília, Ministério da Cultura.

5
Campanha que reverberou na produção de material de orientação a educadores e profissionais da saúde no trato
com as travestis, sendo uma das ações que marcam deslocamentos de foco da saúde para os conflitos e
transformações significativas de empoderamento da organização coletiva das referidas sujeitas (CARDOZO,
2008, p. 2).
2008).
O termo transfobia de acordo com Freitas (2006, p. 12) pode ser entendido como “o
medo irracional, aversão ou discriminação contra pessoas que não seguem os papéis sociais
determinados para o gênero designado desde o nascimento”. Para a mesma autora, a mais
comum forma de transfobia ocorre quando negam às pessoas trans os mais básicos privilégios
associados ao gênero com que se identificam, tais como o não reconhecimento de suas
identidades, negação ao acesso a banheiros públicos de acordo com suas identidades, etc.
Diante de tais considerações, cabe a inclusão da categoria nativa transfobia em
conceito teórico com seus limites e possibilidades de transformação, uma vez que ela coroa o
processo, por parte de travestis, de luta por reconhecimento (CARDOZO, 2008).
OBJETIVO GERAL
Compreender as percepções da comunidade de um bairro de uma cidade satélite do
Distrito Federal em relação à travestilidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Compreender como se dá a relação entre a travesti e a comunidade de um bairro de
uma cidade satélite do Distrito Federal.
Perceber as atitudes e comportamentos da comunidade em relação à travesti.
Perceber como a travesti reage à comunidade e como a comunidade reage à travesti.

METODOLOGIA
Será utilizada a pesquisa etnográfica que, segundo Creswell (1998, apud HOLANDA,
2006), trata da descrição e interpretação de um grupo ou sistema cultural (ou social), a partir
do exame dos padrões dos comportamentos observáveis.
A etnografia contribui para o campo das pesquisas qualitativas que se propõem estudar
as desigualdades e exclusões sociais. Fazer etnografia implica em preocupar-se com uma
análise holística ou dialética da cultura entendida; introduzir os atores sociais com uma
participação ativa e dinâmica e modificadora das estruturas sociais em que o "objeto" de
pesquisa agora "sujeito" é considerado como "agência humana" imprescindível no ato de
"fazer sentido" das contradições sociais e preocupar-se em revelar as relações e interações
significativas de modo a desenvolver a reflexividade sobre a ação de pesquisar (MATTOS,
2001).
A maior preocupação da etnografia, portanto, “é obter uma descrição densa, a mais
completa possível, sobre o que um grupo particular de pessoas faz e o significado das
perspectivas imediatas que eles têm do que eles fazem” (MATTOS, 2001).
Nesta perspectiva, pretende-se através dessa etnografia descrever as atitudes das
pessoas da comunidade em relação à travesti, as respostas desta com relação a essas atitudes.
Será descrita o que as pessoas falam sobre a travesti, ou seja, como elas responderão às
perguntas das entrevistas. Da mesma forma, será descrito o que a travesti fala da outras
pessoas. Por conseguinte, será feito uma comparação das atitudes com as falas na qual poderá
ser percebido contradições entre o que se fala e o que se faz.

Participantes da pesquisa
Participará da pesquisa toda a comunidade onde mora a travesti, a qual será observada,
através do mecanismo da observação participante descrito adiante e na medida em que faço
parte dessa comunidade. Além das observações, farei entrevista com uma travesti moradora
da comunidade e 15 moradores da mesma, escolhidos por apresentarem algum tipo de atitude
e/ou discurso diferenciados em relação à travesti.

Instrumentos/Técnicas
Além da etnografia, será utilizada a técnica da entrevista aberta, em que “o
entrevistado é convidado a falar livremente sobre um tema e as perguntas do investigador,
quando são feitas, buscam dar mais profundidade às reflexões” (MINAYO, 2007, p. 262) e a
observação participante definida por Schwartz e Schwartz (1955, apud MINAYO, 2007)
como um processo pelo qual se mantém a presença do observador numa situação social, com
a finalidade de realizar uma investigação científica.
Como instrumentos serão utilizados aparelhos MP 4, gravador, fita K7, diário de
campo e caneta esferográfica.

Procedimentos de coleta de dados


Será realizado contato por telefone com a travesti a fim de obter autorização para a
realização da pesquisa e para agendamento de um horário para explicitação dos objetivos da
mesma e realização da entrevista que será gravada com aparelho de áudio.
Serão feitas observações junto a travesti na comunidade durante 2 meses, ocasião em
que será escolhido os outros participantes da pesquisa de forma aleatória dentre aqueles que
apresentarem atitudes diferenciadas em relação a travesti.

Procedimentos de análise dos dados


Os resultados serão apresentados através do relato etnográfico das percepções obtidas
nas observações de campo, que serão simultaneamente analisadas, com base nas referências
teóricas aqui apresentadas e buscando atingir as contradições entre atitudes e falas, tanto da
comunidade como da travesti, chegando no nível do não-dito, do não-explícito.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Per
Atividade íod
o
jul/ ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun
09 /09 /09 /09 /09 /09 /10 /10 /10 /10 /10 /10
Per
íod
Escolha do tema para o
pesquisa de
féri
X X         as          
Delimitação do tema   X                
Elaboração das
justificativas e
perguntas-hipóteses   X X            
Elaboração de objetivos
gerais e específicos     X             
Escolha do método     X               
Levantamento
bibliográfico     X  X           
Elaboração do projeto       X  X            
Apresentação do projeto
em forma de painel         X         
Entrega do projeto ao
comitê de ética           X         
Coleta de Dados                X X   
Transcrição das entrevistas                 X 
Análise dos dados               X 
Elaboração de artigo                X  X 
Apresentação da
monografia                 X 
ORÇAMENTO

Título do Projeto: “Que vês, quando me vês?” – Percepções da travestilidade numa


comunidade.
Pesquisador Responsável: Rosangela Xavier dos Santos
Instituição: Universidade Católica de Brasília
Fonte dos recursos: Pessoal

COMPONENTES DA DESPESA VALOR EM R$


Papel R$ 6,00
Caneta R$ 2,00
Impressão R$ 15,00
Confecção do banner R$ 37,00
Diário de campo R$ 5,00
Aparelho MP 4 para gravação R$ 100,00
Gravador de voz R$ 150,00
Fita K7 R$ 4,00
CD R$ 3,00
Transporte R$ 30,00
Confecção da monografia R$ 80,00
R$
TOTAL 432,00

Brasília, .......... de ........................ de ..................

.......................................................................
ALUNA
...................................................................
ORIENTADORA
TERMO DE COMPROMISSO

Nós, Rosangela Xavier dos Santos e Ondina Pena Pereira, assumimos o compromisso de
conduzir o projeto de pesquisa intitulado: “Que vês, quando me vês” – Percepções da
travestilidade numa comunidade e seguindo os princípios éticos que regem as pesquisas que
envolvem seres humanos, declaramos conhecer e assumir cumprir os requisitos da resolução
n° 196, de 10 de outubro de 1996.

................................................
Assinatura do pesquisador responsável (orientador)

...............................................

Assinatura do pesquisador responsável (aluna)


TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidada a participar de uma pesquisa do Programa de Graduação em


Psicologia da Universidade Católica de Brasília – UCB referente ao tema da violência contra
mulheres. Este estudo está sendo realizado pelas professoras Dra. Ondina Pena Pereira e Msc
Flávia Bascunan Timm, além de estudantes de graduação e pós-graduação, todas/os
pertencentes ao corpo docente e discente da Universidade Católica de Brasília – UCB. A
finalidade dessa pesquisa é a de criar formas de atendimento clínico às mulheres que sofrem
violência doméstica, contribuindo para que estas se libertem dessa violência.

Sua participação é voluntária e você poderá desistir a qualquer momento. Caso o


compartilhamento das experiências de violência causem algum tipo de mal-estar em você,
as/os psicólogas/os integrantes da pesquisa te atenderão clinicamente com o objetivo de te
livrar do mal-estar. Haverá oportunidade de esclarecer dúvidas sobre este estudo quando
considerar necessário. Participando, você estará contribuindo para a criação de novos
conhecimentos na área.

Optando por participar, você participará de um grupo de mulheres que se reunirá


semanalmente no CEFPA, onde participarão de oficinas de “escritas de si”, oficinas de
fotografia e oficinas de compartilhamento verbal de experiências de violência. Nessas
oficinas será coletado o material que tornará possível a criação do modelo clínico de
atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica.

Concordando, seu nome e sua identidade serão mantidos sob sigilo, com o propósito de
manter a integridade física, moral e psicológica preservados. Somente a pesquisadora terá
acesso às suas informações para verificação e análise dos dados obtidos com a sua
participação. Vale ressaltar que todas as informações coletadas não terão utilidade para outras
finalidades fora do contexto de pesquisa.

Dúvidas ou perguntas referentes ao estudo poderão ser questionadas à pesquisadora ou


supervisora em qualquer momento da pesquisa pelos telefones para contato: (61) 37977551
(telefone da Flávia),

Desde já, agradecemos sua colaboração.


_________________________________________

Eu, ............................................................................., Identidade ........................., declaro que


fui informado e devidamente esclarecido sobre o projeto de pesquisa intitulado Violência de
gênero, potência e diferença: por uma política feminista de atendimento, desenvolvido
pelas professoras Dra. Ondina Pena Pereira e Msc Flávia Bascunan Timm, e estudantes dos
Programas de Graduação e de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica de
Brasília - UCB, quanto aos itens da resolução 196/96. Declaro que, após ser esclarecido
pelas/os pesquisadores/as a respeito da pesquisa, consinto voluntariamente em participar.
Brasília, ........ de ........................ de 2011

Nome: .............................................................................................................................
RG: .................................... Data de nascimento: ........./........./........Sexo: M( ) F( )
Endereço: .......................................................................................................................
Bairro: ............................. Cidade: ....................... CEP: .......................
Tel: ..........................

.......................................................................
Assinatura do declarante

Declaração dos pesquisadores

Declaramos, para fins da realização da pesquisa, que cumpriremos todas as exigências acima,
na qual obtivemos, de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido do
declarante, qualificado para a realização desta pesquisa.

.......................................................................

.......................................................................
Declaração do pesquisador sobre riscos e benefícios da participação em pesquisa

Nós, pesquisadoras Rosangela Xavier dos Santos e Dra. Ondina Pena Pereira, declaramos
que a participação na pesquisa “Que vês, quando me vês” – Percepções da
travestilidade numa comunidade é voluntária e não lhe acarretará nenhum prejuízo físico
ou moral, além do que você poderá desistir de participar a qualquer momento. Haverá
oportunidade de esclarecer dúvidas sobre este estudo quando considerar necessário. O
participante estará contribuindo para a inovação de novas pesquisas na área o que,
futuramente, poderá promover melhorias aos estudos psicológicos e de direitos humanos
realizados sobre esse tema.

Brasília, ____/_____/_______

...................................................

...................................................
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