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Resumo.
Observa-se que vários conceitos e técnicas utilizadas no processo terapeutico e que são
reconhecidamente eficazes no tratamento dos conflitos psicológicos da sociedade moderna,
tem paralelos em conceitos consolidados na história por saberes que não foram desenvolvidos
na maneira científica moderna. Um dos profissionais que reconhecidamente estudou e
incorporou estes conhecimentos ao seu processo de criação foi o Carl Gustav Jung. Além dos
estudos na psicanálise, suas inspirações na alquimia, hermetismo, astrologia, religiões e
mitologias produziram uma obra que se apresenta de forma singular e tem sido
extensivamente estudada tanto no Brasil, quanto no resto do mundo. Nesse projeto de
pesquisa, busco fazer um diálogo sobre o conceito de individuação de Jung, central na sua
psicologia, com o processo de alcance da Pedra filosofal na alquimia, começando pelo estado
psicológico do homem moderno, reconhecidamente fragmentado. Tal ponto de partida
semostra essencial pois, nos dois processos, tanto na psicologia de Jung, quanto na alquimia,
algo extremamente valioso e singular é constituído de um material comum e fragmentado
Observo na minha prática profissional como psicólogo, uma grande demanda de pessoas com
sintomas de ansiedade, depressão e até pânico. Muitas queixas se dão por questões de
relacionamento, história de vida, algumas por algum transtorno instalado mas, um bom
número dos pacientes apresenta questões quanto expectativas de produtividade,
relacionamento, aceitação todas envolvendo questões externas, tentativas de predição e
controle do futuro ou de situações complexas que são impossíveis de serem preditas ou
antecipadas, sintomas de um comportamento neurótico de racionalização e controle das
coisas. Os pacientes em geral tem a ideia de que conhecer, isolar e analisar racionalmente os
motivos das suas frustrações, queixas e ansiedades serão suficientes para abrandar seus
conflitos, no entanto, o processo terapêutico vai muito além do conhecer, inclui também um
processo de transformar-se, individualizar-se, ser consciente de sí mesmo, exatamente o
oposto do proposto na sociedade de hoje. O pensamento científico busca isolar e estudar as
coisas mas, não se pode isolar uma parte psicológica do indivíduo sem levar em consideração
como ela se relaciona com o todo, diferente das características que marcam o indivíduo pós
moderno.
Algo esotérico pode ser entendido como o ensino de algo que é destinado a um circulo
limitado de pessoas. Ao longo da história da humanidade,várias doutrinas esotéricas foram
ministradas em diferentes locais, na grécia antiga por exemplo muitas escolas de filósofos
limitavam seus ensinamentos aos seus discípulos, impedindo o publico geral de acessá-lo, a
estes se apresentava o conhecimento exotério, ou seja voltado para o externo, comum aos não
iniciados ao círculo. Um dos mais antigos conjuntos de doutrinas esotéricas é o hermetismo,
abarcando simultaneamente o misticismo, astrologia, alquimia, mágica e até idéias filosóficas
próprias pode ser rastreado até o antigo gito e a grécia onde provavelmente tevecomo
inspiração os deuses Tot e Hermes.
Jung no seu livro “memorias, sonhos e reflexoes(1961)” descreve que o seu interesse
por assuntos mitológicos e esotéricos começaram por uma demanda pessoal. Experieciou ao
longo de sua vida visões e sonhos com características mitológicas, além de certas
experi~encias que caracterizava como parapsicológicas,.Desse modo, se propõs a estudar
como os fenômenos psicológicos se relacionam com oss conhecimentos tidos como ocultos.
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Nos seus apontamentos sobre o fenômeno de sincronicidade, por exemplo, Jung
percebeu que havia certa sincronia em determinados fatos rotineiros, tanto na sua vida, quanto
nas experiências relatadas por seus pacientes. Submentendo estes fatos ás formulas de
probabilidade, percebeu que sua frequencia era muito maior do que a matemática previa,
submetendo os mesmos dados aos cálculos da astrologia e seus pressupostos percebeu
concluiu que, existia uma certa razoabilidade entre os eventos e as características particulares
do evento e a explicação provinda destes cálculos. É preciso salientar que Jung interpretava
tais situações como um fenõmeno Psicológico e não se debruçava a respeito das possíveis
origens sobrenaturais ou metafísicas da situaçao.
Nesse âmbito que é importante discutir a importãncia destes conceitos, uma vez que
esta pesquisa se apresenta num contexto de sociedade onde a fluidez das identificações e da
personalidade é predominante e onde o que é externo se impõe a construção do self do
indivíduo.
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mesmo quando já estao maduros profissionalmente, o desafio agora é continuar o alto
desempenho laboral.
Segundo o próprio Jung, o maior conhecimento que contribuiu para o desenvolvimento da sua
teoria de individuação foi o da alquimia, a respeito disso o autor registra:
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A partir desta realidade Jung pondera que as expectativas dos alquimistas em produzir o ouro
através de materiais menos nobres é a expressão de uma projeção psíquica que representa o
próprio processo de individuação transfigurado na transformação da matéria. A expectativa
mística de produção do valioso é paralela ao enfrentamento obscuro do aperfeiçoamento dos
processos psíquicos em busca do inconsciente. São assim observados como misteriosos pois
se apresentam como um enigma a compreensão do ser humano e impossíveis de serem
atingidas pelo puro intelecto. (JUNG,1944).
Referências
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2008
JUNG, Carl Gustav. AION Estudos sobre o simbolismo doSi-mesmo. 2. ed. Rio de Janeiro:
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_______. O Homem e Seus Símbolos, 2. ed. Rio deJaneiro: HarperCollins Brasil, 1959.
LYRA, Sonia Regina. Jung leitor de Nietzsche: Acerca da “morte de Deus”. 1. ed. Curitiba:
Ichthys, 2012
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MOTTA, Fernando C. Prestes; PAULA, Ana Paula Paes.Meia-idade, individuação e
organizações. Organ. Soc.,Salvador, v. 12, n. 34, p. 17-30, 2005.
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