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GRUPO OPERATIVO, ABC DE UMA EXPERIÊNCIA.

OU: COLAGEM
SOBRE QUATRO ANOS DE EXPERIÊNCIA OPERATIVA NO HOSPITAL
GERAL DE FORTALEZA.

ORGANIZADOR – DANÚZIO CARNEIRO


FORTALEZA, ABRIL DE 2002
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• APRESENTAÇÃO – PAG. 4

A. TEORIZANDO SOBRE A TÉCNICA DO GRUPO OPERATIVO E


CONSIDERANDO SETE DE SUAS QUESTÕES TEÓRICAS.

I. INTRODUÇÃO AO MODELO TEÓRICO DO GRUPO OPERATIVO – PAG. 7


II. SETE QUESTÕES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS PARA QUE SEJA
MELHOR IMPLANTADA, DESENVOLVIDA E AVALIADA UMA EXPERIÊNCIA DE
GRUPO OPERATIVO NUM HOSPITAL GERAL. – PAG. 10
B. PROJETANDO GRUPOS OPERATIVOS E EXECUTANDO ALGUMAS DE SUAS
TAREFAS COTIDIANAS.

III. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO COM FAMILIARES E PACIENTES RENAIS


CRÔNICOS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE DO HGF – PAG 22
IV. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO COM FAMILIARES E PACIENTES DA
ONCOLOGIA ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO CIRÚRGICO DO HGF – PAG. 24
V. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO NA UNIDADE DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA
DO HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA – PAG. 26
VI. MEDIDAS DO COTIDIANO: RELATÓRIOS; CARTAS-CONVITES E
SOLICITAÇÕES; ROTEIROS E PROGRAMAÇÕES – PAG. 29
C. AVALIANDO OS GRUPOS OPERATIVOS ATRAVÉS DE TEXTOS CIENTÍFICOS
E RELATÓRIOS DE ATIVIDADES.

VII. EMENTA PARA PÔSTER: “GRUPO OPERATIVO: INTERDISCIPLINARIDADE E


PLANEJAMENTO, A QUALIDADE QUE SE MULTIPLICA NO HGF”. OU: PÔSTER
DOS “PROJETOS SINÓTICOS” – PAG. 45
VIII. ARTIGO: “EXPERIÊNCIA DE GRUPO OPERATIVO COM PACIENTES E
FAMILIARES DO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE DO HOSPITAL GERAL DE
FORTALEZA” – PAG. 46
IX. QUESTIONÁRIO: O GRUPO OPERATIVO NO “MAPA NACIONAL DE INICIATIVAS
DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR” – PAG. 62
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D. DIVULGANDO E IMAGINANDO POR MEIO DE FOTOGRAFIA OS TRÊS


GRUPOS OPERATIVOS EM ATIVIDADES.

X. TEXTO NO PRIMEIRO FOLDER DE APRESENTAÇÃO DO GRUPO OPERATIVO


DA HEMODIÁLISE – PAG. 65
XI. MINIATURA DO PÔSTER “PROJETOS SINÓTICOS” – PAG. 67
XII. NOTÍCIA NO JORNAL “O POVO”: 1º ENCONTRO DE PACIENTES RENAIS
CRÔNICOS – 18/08/2000 – PAG. 68
XIII. FOTOS E LEGENDAS DOS TRÊS GRUPOS EM ATIVIDADES – PAG. 69
• SOBRE O ORGANIZADOR – PAG. 72
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• APRESENTAÇÃO
No título já está explÍcito o objetivo maior desta obra: fazer um relato sobre quatro
anos de experiência com a técnica do Grupo Operativo nos Serviços de Nefrologia,
Cirurgia e Pediatria do Hospital Geral de Fortaleza HGF. Contudo, o mesmo título também
indica mais um duplo sentido: primeiro, o didático. Ou seja, num “abecedário” restrito
procura-se mostrar os conceitos básicos para teorização, projeção, execução e avaliação
de atividades em grupos operativos. Com isso, sobretudo busca-se uma didática
facilitadora do processo de multiplicação da experiência. O segundo sentido relaciona-se
ao termo “colagem”. Esse termo indica que este trabalho é apenas um “ajuntamento”, uma
coletânea de escritos que foram elaborados em tempos e com finalidades diversas.
Portanto, não há uma intenção de “fechamento”, pois, como mais uma expressão de uma
experiência acumulativa em grupo operativo, esta é uma obra em aberto que poderá sofrer
modificações, acréscimos, ou mesmo retirada de alguns dos seus termos constituintes.
Dado os pressupostos acima, este trabalho deve ser lido da maneira a seguir.
Primeiro, fazer uma leitura panorâmica das definições contidas nos quatro itens gerais
ABCD. Depois considerar item a item.
O item “A” contém dois textos teóricos: o primeiro “Introdução ao modelo teórico do
grupo operativo” é uma síntese de toda a teoria pichoniana do grupo operativo. É
importante considerar que os termos dessa síntese permeia todos os outros textos da
apostila. Isso é feito tanto de um modo altamente explÍcito, como acontece no texto VIII:
“Experiência de grupo operativo com pacientes e familiares do serviço de hemodiálise do
Hospital Geral de Fortaleza”, onde se constitui no próprio arcabouço teórico do relato.
Como implicitamente, isso ocorre em alguns dos documentos apresentados no item VI:
“Medidas do cotidiano: relatórios, cartas-convite e solicitações, roteiros e programações”. O
segundo texto: “Sete questões que devem ser consideradas para que seja melhor
implantada, desenvolvida e avaliada uma experiência de grupo operativo num hospital
geral”, se propõe a dar uma resposta satisfatória a sete das principais questões que
sempre emergem no cotidiano de um grupo operativo, quais sejam: por que é necessário
um trabalho interdisciplinar na área hospitalar? O que é um projeto? Num grupo operativo
deve-se trabalhar com diretividade ou não diretividade? Quais as diferenças e/ou
semelhanças entre o grupo operativo e um grupo de tarefa qualquer? Por que o grupo
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operativo é eficaz em pacientes com doenças crônicas? O que é uma experiência


acumulativa de grupo operativo? Qual a melhor maneira de participar, coordenar e avaliar
atividades operativas?
O item “B” contém os três projetos em desenvolvimento (Serviços de Nefrologia,
Cirurgia Oncológica e Pediatria), e um capítulo: “Medidas do cotidiano: relatórios; cartas-
convite e solicitações; roteiros e programações”. Como o nome indica, contém documentos que,
como “medidas do cotidiano” formalizam as atividades dos três grupos inserindo-os no contexto
institucional do hospital.
O item “C” contém os dados referentes a uma atividade que consideramos como “a
mais espinhosa tarefa de um grupo operativo”, qual seja: a avaliação de suas atividades.
São três os textos apresentados como avaliação: o primeiro é uma ementa elaborada para
um pôster denominado de “Grupo operativo: interdisciplinaridade e planejamento, a
qualidade que se multiplica no HGF”, que foi apresentado no XVIII Congresso Brasileiro de
Psiquiatria e World Psychiatric Association Regional Meeting realizado em outubro de 2000
no Rio de Janeiro. O segundo é um relato produzido no início de 1999 especialmente para
ser publicado como artigo científico no Jornal Brasileiro de Nefrologia (editor: Dr. Décio
Mion Jr.). No entanto, com alegações de que o número de páginas do artigo não se
enquadrava no exigido pelo check-list, o texto foi recusado para publicação. Lamentamos a
não aceitação, pois, nos termos da teoria e da técnica do grupo operativo, esse artigo é
holístico, uma vez que nele está expressa a unidade de um esquema conceitual,
referencial e operativo – o esquema conceitual se refere ao modelo do já apresentado
Projeto de Grupo Operativo no Serviço de Hemodiálise; o referencial teórico é o que está
sintetizado no (também) já apresentado texto: “Introdução ao modelo teórico do grupo
operativo”; e o sentido operativo é o de uma prática que, constituída por muitos fatos
acontecidos em diversos tempos, está relatada no artigo. Com isso, deve-se ainda atentar
que, para uma adequada compreensão dos seus termos, é necessária a leitura do citado
projeto e da introdução teórica. O terceiro e último texto é um questionário sobre o nosso
grupo operativo que foi enviado para ser incluído no “Mapa nacional de iniciativas de
humanização da assistência hospitalar”. Consideramos esse trabalho como o mais
gracioso desta coletânea. Consideramos assim, por que além de haver grande
pertinência entre as perguntas e as respostas formuladas, ele é bastante sintético.
Finalmente o item “D”. Aqui são apresentados os elementos que, segundo os
metodólogos contemporâneos, são necessários para que (como condição sine qua non)
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possa ser conferido caráter de cientificidade a uma determinada experiência, ou seja: a


divulgação dos seus resultados. Portanto, como divulgação são apresentados os seguintes
dados: um texto de um folder; uma miniatura de um pôster científico - a ementa desse
pôster também está apresentada nesta apostila, e há um detalhe em sua construção: ele é
denominado de “sinótico”, pois, à maneira dos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e
Lucas), apresenta, de maneira simultânea e comparativa, os três projetos operativos em
andamento; um artigo jornalístico; algumas fotos das atividades dos três grupos e das
equipes operativas.
Para encerrar, voltamos ao título para dizer que o “sentido de colagem” inspirou a
capa cubista desta obra. Explicando melhor, observando uma colagem de Pablo Picasso:
“Violão, Partitura e Copo” (1912) verificamos que, simbolicamente, os seus três elementos
constituintes corresponderiam a três das qualidades do grupo operativo, ou seja: o violão
seria a criatividade, a partitura seria o projeto e o copo seria inerente ao compartilhar (o
ágape). Partindo dessa correspondência, e para tornar mais realista a relação com o nosso
trabalho de grupo operativo, tomamos a liberdade de fazer três modificações no quadro
(talvez Picasso e sua proverbial generosidade no campo criativo, não desaprovasse e,
pelas nobres intenções, até gostasse das alterações), desse modo: (1) substituímos o
violão por uma paleta, que também é o símbolo do Projeto Rim-Arte - um desdobramento
do grupo operativo da nefrologia; (2) a partitura foi substituída por um detalhe em miniatura
do pôster cognominado de “sinótico”; (3) um “pão” foi acrescentado junto do copo. Com
isso, se completou a dupla “pão e vinho” que, como legado cristão, é o símbolo máximo do
amor e da partilha humana, sendo isso também a máxima pretensão do grupo operativo.
Danúzio Carneiro
HGF, Abril de 2002.
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A. TEORIZANDO SOBRE A TÉCNICA DO GRUPO OPERATIVO E


CONSIDERANDO SETE DE SUAS QUESTÕES TEÓRICAS.

I. INTRODUÇÃO AO MODELO TEÓRICO DO GRUPO OPERATIVO


Um grupo é operativo quando se reúne para realizar uma tarefa explicitamente
definida por todos os seus componentes.
Essa idéia fez com que, na década de 60, o psiquiatra e psicanalista argentino
Enrique Pichon-Rivière estruturasse uma teoria e desenvolvesse uma técnica para Grupos
Operativos. Essa técnica, que inicialmente foi testada no campo da psiquiatria, mostrou-se
bastante fértil em suas possibilidades de aplicação, e hoje é utilizada como modelo para
estruturação e coordenação de diversos tipos de grupos de tarefa - terapêutica, familiar,
pedagógica, gerencial, lúdica etc.
Resumidamente, são duas as características básicas de um GO: planificação e
interdisciplinaridade.
A planificação significa que o grupo funciona explicitamente centrado numa tarefa
planejada, cuja realização constitui a sua razão de ser. De acordo com a lógica
pichoniana, na operatividade planificada deve-se considerar três parâmetros:
(1) Os níveis da tarefa. A realização de uma tarefa comporta dois níveis: explícito e
implícito. (1º) O nível explícito está representado pelo trabalho produtivo (como
resultante e resultado da própria planificação) cuja realização constitui a razão de
ser do grupo - por exemplo, produção material, aprendizagem, cura, lazer etc. (2º)
O nível implícito consiste na totalidade das operações mentais que os membros
do grupo, conjuntamente, devem realizar para constituir, manter e desenvolver a
sua grupalidade em torno da tarefa explícita.
(2) Os momentos dinâmicos do desenvolvimento grupal. Um grupo em tarefa
desenvolve-se em três momentos: pré-tarefa, tarefa e projeto. (1º) Na pré-tarefa
se evidenciam condutas (ansiedades) indicativas de resistências às mudanças.
(2º) Na tarefa, o grupo, ao mesmo tempo que elabora essas ansiedades, faz a
abordagem planificada do objeto de conhecimento, ou seja, realiza a produção
grupal. (3º) O projeto surge assim como inerente à tarefa. Conscientemente, dá-se
quando todos os membros do grupo têm conhecimento de que pertencem a uma
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grupalidade específica, com objetivos também específicos. O projeto se concretiza


na elaboração, geralmente por escrito, de um plano de trabalho.
(3) Os fenômenos que articulam os níveis implícito e explícito da tarefa grupal.
Esses fenômenos manifestam-se como modelos de conduta, e servem para
avaliar os processos de interação e integração grupal. Eles, que foram
sistematizados por Pichon num escala de avaliação denominada de Esquema do
Cone Invertido, são de sete tipos: (1º) Identificação. Processo em que a
individualidade se identifica, mas ainda não está integrado à Dinâmica Grupal; (2º)
Pertença. Conseqüente da identificação, implica na afiliação, com consciência de
pertencimento, do indivíduo ao grupo; (3º) Comunicação. Significa reciprocidade e
troca de innformações; (4º) Cooperação. Consiste na contribuição, ainda que
silenciosa, para com a tarefa grupal. É estabelecida sobre papéis diferenciados, e
é o que torna manifesto o caracter interdisciplinar do Grupo Operativo; (5º)
Pertinência. Manifesta-se na concentração do grupo na tarefa prescrita. Avalia-se
a qualidade da pertinência através da produtividade grupal; (6º) Aprendizagem.
Síntese instrumental conseguida pelo grupo. É avaliada pela adaptação ativa à
realidade, pela resolução das ansiedades, e pela criatividade e capacidade de
elaboração de projetos grupais; (7º) Tele. Termo elaborado por Jacob Levy
Moreno em sua teoria sociométrica, significa a força que permite que o grupo,
desde os primórdios da identificação e da pertença, continue interagindo e
integrado em torno da tarefa. Desse modo, o tele seria, ao mesmo tempo, uma
síntese e também o “ponto culminante” da eficiência em todos os processos
anteriormente avaliados.
A Interdisciplinaridade de um GO se efetiva na formação de grupos heterogêneos,
nos quais cada membro traz para a grupalidade o seu conjunto de conhecimentos,
experiências e afetos, havendo assim uma diferenciação de papéis com enriquecimento
da tarefa grupal.
Assim como acontece com os níveis da tarefa, esses papéis também podem ser
classificados em duas categorias: informais e formais.
(1) Os papéis informais surgem, espontaneamente, no cotidiano das atividades
planejadas. Isto é, tratam-se de papéis relacionados aos chamados fatores
humanos da tarefa. Pichon-Rivière observou no cotidiano das atividades grupais a
emergência de quatro modalidades de papéis: líder, porta-voz, bode expiatório,
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sabotador. (1º) O líder é aquele indivíduo que no acontecer grupal se faz


depositário dos aspectos positivos, tornando-se uma espécie de direcionador das
diversas atividades desenvolvidas pelo grupo; (2º) O porta-voz é o membro que,
em um dado momento, denuncia as fantasias, as ansiedades e as necessidades
de autonomia e totalidade do grupo. Nele, se conjugam o que Pichon-Rivière
chamou de verticalidade e horizontalidade grupal. Entendendo-se por verticalidade
aquilo que se refere à história pessoal do sujeito que emerge como porta-voz, e por
horizontalidade o processo atual que acontece no aqui-agora da totalidade dos
membros de seu grupo; (3º) O bode expiatório, ao contrário do líder, se faz
depositário dos aspectos negativos e aterrorizantes da tarefa ou do grupo. Nessas
situações, aparecem os mecanismos de segregação que fazem com que este
membro seja isolado das atividades em andamento; (4º) O sabotador é um
representante das forças (geralmente externas, mas também internas) que se
opõem à tarefa grupal.
Em termos pragmáticos, o funcionamento de um GO é considerado ótimo
quando os líderes são valorizados, o porta-voz é escutado, o surgimento de bode-
expiatório é evitado, e o sabotador é denunciado através de mecanismos como
interpretação e/ou assinalamento da sua ação de sabotagem.
(2) Quanto aos papéis formalmente estabelecidos, ou seja, aqueles que o grupo
formaliza durante o planejamento de suas tarefas, a Escola de Psicologia Social
fundada por Pichon-Rivière define duas modalidades: coordenador e observador
da dinâmica grupal. (1º) O coordenador tem como função refletir com o grupo
sobre a relação que os seus integrantes estabelecem entre si e com a tarefa
prescrita. Co-pensar e co-trabalhar lhe dá condições de estar atento ao esquema
referencial estruturado no momento, permitindo-lhe, assim, regular um nível ótimo
da ansiedade grupal e, em conseqüência, facilita o posicionamento e a decisão de
todos; (2º) O observador é geralmente não participativo, e sua função consiste em
recolher todo material verbal e não verbal expresso no grupo, com o objetivo de
‘realimentar’ o coordenador facilitando a utilização das técnicas de condução.
Além desses papéis formais, a plasticidade da técnica do GO permite que,
dependendo de necessidades circunstanciais, outras funções sejam formalizadas –
supervisor, orientador de atividades especializadas etc.
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Para encerrar, deve-se estar atento ao que diz o também psicanalista argentino José
Bleger: “Cada grupo escreve sua própria história, e deve ser respeitado em suas
características particulares”. Desse modo, o esquema acima apresentado seria mais um
modelo esclarecedor do que um instrumento, uma “receita” para condução de um Grupo
Operativo.

II. SETE QUESTÕES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS PARA QUE SEJA
MELHOR IMPLANTADO, DESENVOLVIDO E AVALIADO UMA
EXPERIÊNCIA DE GRUPO OPERATIVO NUM HOSPITAL GERAL.

1ª - POR QUE É NECESSÁRIO O TRABALHO INTERDISCIPLINAR NUM ESPAÇO


HOSPITALAR
2ª - SOBRE PLANEJAMENTO E PROJETO NA TEORIA DO GRUPO OPERATIVO
3ª - GRUPO OPERATIVO VERSUS GRUPOS DE TAREFA
4ª - O QUE É UMA EXPERIÊNCIA ACUMULATIVA DE GRUPO OPERATIVO
5ª - A PROPÓSITO DA DIRETIVIDADE E NÃO-DIRETIVIDADE NUM GRUPO
OPERATIVO
6ª - SOBRE A EFICÁCIA DO MODELO DE GRUPO OPERATIVO EM PACIENTES
CRONIFICADOS
7ª - SOBRE COMO MELHOR PARTICIPAR, CONDUZIR E AVALIAR REUNIÕES DE
EQUIPES OPERATIVAS

1ª - POR QUE É NECESSÁRIO O TRABALHO INTERDISCIPLINAR NUM ESPAÇO


HOSPITALAR
Para demonstrar que, nas circunstâncias atuais, é necessário o trabalho
interdisciplinar no espaço hospitalar, consideraremos cinco argumentos:
• Ontológico - “Ontologia: estudo do ser”. O hospital deve considerar o ser humano
(paciente-cliente) como uma unidade tridimensional: biológica, psicológica e social.
• Teleológico - “Teleologia: estudo das finalidades”. A finalidade do hospital é o
restabelecimento da saúde do ser humano. Saúde, conforme a Organização Mundial
de Saúde-OMS, é definida como completo bem estar bio-psico-social do ser humano.
• Metodológico - Só um instrumento interdisciplinar, e, portanto, multidisciplinar, pode dar
conta da múltiplas variedades dos tipos de processos em que se subdivide o trabalho
em saúde.
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• Ético. A ética, enquanto um modelo de busca para aquilo que os filósofos chamam de
“meta mais elevada da vida humana”, encontra-se atualmente fundamentada no termo
consenso. Ou seja, num senso comum obtido através de um acordo entre diferenças:
inter-pessoal, inter-funcional, inter-grupal, inter-disciplinar.
• Estético. A diferença (interprofissional) é o que engendra sempre o novo e o
inesperado. Daí, a possibilidade de se agregar mais prazer, dando beleza ao trabalho
de saúde no meio hospitalar.

2ª - SOBRE PLANEJAMENTO E PROJETO NA TEORIA DO GRUPO OPERATIVO


Neste ensaio sumarizado pretendo mostrar o significado do termo unificado
planejamento-projeto de acordo com ótica de três vertentes das ciências humanas: a
Economia, a Dinâmica Grupal e a Metodologia. Além disso, usarei de uma passagem
bíblica para, de um modo analógico, fazer inferências sobre o sentido teológico desse
termo unificado.
Conforme os tratados das ciências econômicas, dentro de uma estrutura de
planejamento, o Projeto é a menor unidade de investimento tomada em consideração no
decurso da programação; um mínimo de obra capaz de vida autônoma que, por motivos de
complementaridade técnica, representa um todo que não pode ser destituído de suas
partes sem que as outras fiquem comprometidas.
Na Dinâmica Grupal o conceito de Projeto foi introduzido pelo psiquiatra e
psicanalista argentino Enrique Pichon-Rivière em sua teoria e técnica do Grupo Operativo.
Para Pichon, o projeto surge como emergente da tarefa executada por um grupo, e
seu surgimento dá-se quando todos os membros conseguem visualizar um objetivo para
essa grupalidade. Isto é, quando têm conhecimento de que pertencem a uma estrutura
grupal específica, com objetivos também específicos.
Podemos dizer que toda elaboração pichoniana sobre o projeto resume-se a esta
constatação. Pois ele, ao contrário do conceito de tarefa, não aprofundou os aspectos
teóricos em relação a essa proposição, e praticamente não deixou nenhuma diretriz sobre
a aplicabilidade do seu conceito de projeto.
Quanto a isso, uma crítica que se poderia fazer a Pichon é que ele pouco se
preocupou em desenvolver a idéia de projeto, certamente devido à sua formação básica ter
se dado no campo de uma psicanálise (individual) cujos princípios e regras determinam
uma postura abstinente para o analista durante a condução do processo terapêutico. Isso
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implica em preceituar que a condução terapêutica seja a mais neutra e a menos diretiva
possível, devendo então o profissional limitar-se, quase que exclusivamente, a interpretar e
a assinalar sobre o discurso do analisando.
Uma outra crítica relativa à sua idéia de projeto pode ser formulada em relação a
uma atribuição de abrangência para o termo tarefa que ele propõe.
Pichon-Rivière procurou elaborar uma teoria integrativa para o processo de
resolução da tarefa baseado numa metodologia interdisciplinar que inclui os postulados da
Psicologia Topológica de Kurt Lewin, da Razão Crítica e Dialética de Jean Paul Sartre, e
do Psicodrama de Jacob Levy Moreno.
1. Da topologia lewiniana, o princípio da contemporaneidade foi absorvido na idéia do
aqui-agora como expressão da horizontalidade dos processos grupais;
2. A proposição dialética de Sartre foi absorvida de dois modos: um é específico e diz
respeito à idéia de que é uma necessidade o que impulsiona o grupo. Quanto a isso,
observa-se que Pichon-Rivière ampliou o conceito sartreano de necessidade - além
dos fatores sócio-econômicos, incluiu os fatores chamados de subjetivos, como
desejos e ansiedades. Também com isso, ele rejeitou a idéia de instinto em Freud e a
substituiu pela necessidade que, segundo ele, permite uma adequada expressão para
a dinâmica social; o outro modo é global, pois a lógica dialética foi globalmente
absorvida no modelo de mudanças construído por Pichon-Rivière, e definido em três
etapas: pré-tarefa, tarefa e projeto.
3. O conceito psicodramático de espontaneidade está implicitamente referido à idéia de
projeto como a busca da autonomia do ser. Isso, do ponto de vista ontológico, implica
num estado de ser espontâneo e criativo.
Desses três postulados, o único que foi explicitamente absorvido por Pichon em seu
conceito de tarefa foi o primeiro - A noção de que o aqui-agora abrange toda a tarefa
grupal, que implica na regra de coordenação: “respeitar o emergente do grupo”, e que
determina a supracitada diretriz: “O profissional deve limitar-se a interpretar e a assinalar
sobre o discurso da grupalidade”.
De acordo com esse modelo, a função do coordenador não pode ser propositiva.
Quer dizer: ele não pode agir ativamente para que as coisas aconteçam no grupo.
Contudo, deve-se considerar que Pichon-Rivière, ao incluir em seu Grupo
Operativo um modelo para se avaliar o ‘acontecer grupal’, objetivamente deu as
condições necessárias para que sua técnica fosse utilizada sem essa visão restritiva.
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Esse modelo, que implica numa postura pró-ativa do coordenador, foi chamado por ele de
Esquema do Cone Invertido, e inclui sete critérios de avaliação: identificação, pertença,
comunicação, cooperação, pertinência, aprendizagem e tele.
É um modelo que também, tanto está implicitamente referido à historicidade
referida na teoria sartreana (especialmente no critério de cooperação), como através do
critério télico, explicitamente se vincula ao sentido teleológico (utópico) da criação
moreniana.
Moreno, em sua utopia, foi fortemente influenciado pelo hassidismo - uma seita
judia que apregoa o encontro com Deus através de uma dinamização da grupalidade de
crentes por meio de lideranças santas e justas (o tzadik), e então propôs a criação de
uma utópica comunidade sociométrica. Para isso apresentou a Sociometria como o
instrumento para implementar esse modelo comunitário; e desenvolveu o Psicodrama
(drama em grego significa: ação) como o instrumento para ativar a espontaneidade e
criatividade grupal.
A proposição de Sartre implica em diretividade – a cooperação só prevalece sobre
o conflito se houver um mediador, que torna-se assim o direcionador (o líder) das
atividades grupais. Esse mediador tanto pode ser encarnado na figura de um líder
pessoal, como também pode ser expresso num estatuto de permanência (num
“juramento”, segundo a linguagem sartreana) para o grupo, sendo pois esse estatuto o
que se chama de projeto, e é isso o que consideramos no nosso trabalho com grupos
operativos.
Para os metodólogos, a adoção de um Projeto significa estabilidade para um grupo.
Isto é, em termos metodológicos para se reconhecer à transformação grupal é necessário
manter alguns aspectos constantes que determinarão o enquadramento. Estas constantes
do enquadramento (incluídas num Projeto de Trabalho) são determinadas pela duração
total do grupo, o número de elementos, a freqüência de encontros, o espaço físico, o
tempo de duração de cada encontro, a tarefa específica etc. Depois de definidas as
constantes, o grupo é considerado a única variável.
Deve-se ressalvar que esse olhar metodológico pode ser complementado pelos
esquemas elaborados por Sartre, Pichon-Rivière e Max Pagés sobre o desenvolvimento
grupal, pelos quais essa estabilidade pode ter dois desdobramentos: um positivo, em que a
estabilidade permanente seria alcançada através de um projeto de autogestão que
surgisse através de um compromisso (“juramento”) democrático e espontâneo mantido,
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continuamente, como base da grupalidade. Outro negativo, onde o grupo se burocratiza.


Ou seja, em lugar de se organizar baseando-se, sobretudo, numa operação de autonomia
sobre si mesmo, o grupo toma o seu próprio sistema de compromissos (o “juramento”, as
regras institucionais) como objetivo principal. Assim, uma estabilidade permanente só
poderia ser conseguida através de obrigações, medidas autoritárias e centralizadoras
provenientes do exterior.
Para encerrar, tomo a liberdade de fazer uma analogia para tentar explicar o sentido
teológico (ou seja: divino) do planejamento. Para isso, recorrerei à uma célebre passagem
do Livro de Jó (Jó 1,6) onde está escrito que, numa determinada situação, Deus perguntou
a Satanás: “Donde vens?”. Ele respondeu: “Venho de dar uma volta pela terra, andando a
esmo”. Essa passagem deixa explícita a idéia de que o andar a esmo, o andar ao acaso, o
andar não planejado, é uma prática satânica. Daí, conseqüentemente e por oposição,
pode-se afirmar que o planejamento é da essência de Deus. Quanto a isso, para reforçar
essa lógica da natureza divina na planificação, neste relato cita-se uma outra assertiva do
Apóstolo João (2Jo 9): “Todo aquele que caminha sem rumo (e não permanece em Cristo),
não tem Deus”.

3ª - GRUPO OPERATIVO VERSUS GRUPOS DE TAREFA


Inicialmente deve-se ressaltar que ‘Grupo Operativo’ não é um termo utilizado para
se referir a uma técnica específica de grupos – como o Psicodrama, por exemplo, nem a
um tipo determinado de grupo classificado em função de seu objetivo único – por
exemplo, grupo terapêutico, grupo de aprendizagem ou grupo de discussão, mas
refere-se a uma forma de pensar e operar que pode se aplicar à coordenação da
diversidade de tipos e momentos grupais, existindo, portanto, Grupos Operativos com
atividade terapêutica, de aprendizagem, de reflexão entre outros.
Essa lógica já fez com que alguém comparasse a técnica do Grupo Operativo com
a idéia da Teoria dos Jogos na economia, a qual, segundo Reinhard Selten, um de seus
criadores e ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1994, seria mais um modelo
esclarecedor do que um instrumento que ensine a agir no mundo econômico. Desse
modo, o Grupo Operativo seria mais um modelo esclarecedor do que um instrumento que
ensina a agir no mundo dos grupos de tarefas.
Esse esclarecimento é especialmente dado pela compreensão do significado de
grupo delineado por Pichon-Rivière.
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Pichon entende grupo como um “conjunto de pessoas ligadas entre si por


constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, que
se propõe, de forma explícita ou implícita, a uma tarefa que constitui sua finalidade”.
Nesta definição, encontramos dois aspectos que merecem uma análise mais
detalhada:
a) “Conjunto de pessoas articuladas por sua mútua representação interna”. Supõe que
essas pessoas tenham algo que as una num nível superior a uma simples serialidade
(quando as pessoas se somam sem estabelecerem laços que as unam). Isso é, na
verdade, conseguido pelo compartilhar de uma seqüência temporal que ocorre no
espaço do aqui-agora grupal. Implica, ainda, que as pessoas se relacionam de um
modo articulado e complementar, no sentido de que se comprometem, não apenas a
um nível de interações observáveis, mas que envolvem-se pela história de vida de
cada um, pela representação que cada um tem de si e a que faz do outro, nesse
processo de convivência.
b) “Que se propõe, de forma explícita ou implícita, a uma tarefa que constitui sua
finalidade”, significa que a tarefa estrutura o grupo como tal, e se constitui como
organizadora dos processos de pensamento, comunicação e ação que se dão entre os
membros do grupo.
Baseado nessa compreensão de grupo, Pichon-Rivière observou duas coisas: (1)
Os elementos do campo grupal podem ser organizados, ou seja, a interação pode ser
regulada para potencializá-la, para fazê-la mais eficaz quanto ao seu objetivo. A isso
denominou planificação, e daí criou a técnica operativa que visa à instrumentação
planificada da ação grupal; (2) Quanto maior a heterogeneidade do grupo e maior a
homogeneidade da tarefa, maior a produtividade grupal. Com essa observação
(aforisma), desenvolveu o postulado da interdisciplinaridade.
Assim, para encerrar, Osvaldo Saidon chama o grupo de tarefa de grupo refinado,
pois se caracteriza pelo reconhecimento do grupo da necessidade de se desenvolver e se
transformar. Desse modo, o Grupo Operativo, pela planificação e pela
interdisciplinaridade, é o ponto máximo nesse reconhecimento.
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4ª - O QUE É UMA EXPERIÊNCIA ACUMULATIVA DE GRUPO OPERATIVO


“Um é o que semeia, outro o que ceifa. Eu vos enviei a
ceifar. Onde não trabalhastes, outros trabalharam, e vós
entrastes no trabalho deles”. (João 4,38)
Uma experiência significa uma vivência, uma experimentação, um modo particular
de aprender participando. Acumulativa significa: uma seqüência contínua de atividades de
aprendizagem que objetiva promover mudanças qualitativas.
Nos grupos operativos que desenvolvemos no HGF pode ser feito um corte
temporal pelo qual a vivência acumulativa historicamente pode ser avaliada de um duplo
modo: longitudinal e transversal.
Longitudinalmente deve-se considerar dois momentos na nossa experiência
acumulativa: primeiro, o retrospectivo, pois as atividades foram iniciadas com base em
uma outra vivenciada em outro tempo e lugar. Essa foi uma experiência operativa que
tivemos (eu, o autor desta coletânea, mais a psicóloga Jane Eyre e a terapeuta
ocupacional Liduína Damasceno) quando, entre os anos de 1983, 1984 e 1985,
exercíamos atividades clínicas na Minha Escola Profissionalizante da Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais de Fortaleza. Desse modo, em 1998 (após treze anos de
“separação”) voltamos a nos encontrar exercendo atividades clínicas semelhantes no
Hospital Geral de Fortaleza. Daí, como havia sido gratificante a experiência anterior,
“resolvemos acumular” iniciando uma nova experiência acumulativa de grupo operativo.
De acordo com esse mesmo momento, está a própria trajetória da experiência no HGF.
Aqui, em janeiro de 1998, era iniciado no serviço de hemodiálise o primeiro grupo
operativo. Com base no modelo desse grupo, no início de 2000 foram implantados dois
outros projetos – um direcionado para os acompanhantes de crianças internadas nas
enfermarias pediátricas; o outro para familiares e pacientes atendidos no serviço de
cirurgia oncológica.
Ainda considerando um corte longitudinal retrospectivo, observa-se que desde o
início da implantação, em cada um dos três grupos está havendo um crescente
desenvolvimento da mentalidade de trabalho interdisciplinar. Também há um contínuo
incremento da capacidade de planificação. Em decorrência desses avanços, constata-se
algo auspicioso (isso também é tangível através de pesquisas qualitativas e quantitativas)
do ponto de vista da fenomenologia psico-social, ou seja: observa-se uma constante
satisfação dos profissionais, pacientes e familiares envolvidos nas equipes operativas.
17

Quanto ao corte temporal transversal, a nossa experiência acumulativa tem se


manifestado de um modo que consideramos inusitado. Antes de citá-lo, deve-se ressaltar
que a característica da interdisciplinaridade se vincula ao fator heterogeneidade, o qual,
por sua vez, se relaciona à questão da diferença que, no caso de nossa experiência, está
se manifestando na criação de um modelo diferente de Grupo Operativo, qual seja, o
denominado PROJETO RIM ARTE. Esse projeto se desenvolve há um ano, e nele os
pacientes e familiares do Serviço de Nefrologia, através de trabalhos artísticos manuais
(fabricação de cestos, confecção de cartões, pintura de roupas etc.), desenvolvem
habilidades, melhoram a auto-estima e cultivam a alegria do viver na produção coletiva.

5ª - A PROPÓSITO DA DIRETIVIDADE E NÃO-DIRETIVIDADE NUM GRUPO


OPERATIVO
De acordo com educador Gilles Ferry a não-diretividade não é sinônimo de laissez-
faire (“livre-fazer”, permisividade). O critério de não-diretividade não é a quantidade de
intervenções, mas a sua natureza.
Max Pagés distingue entre intervenções informantes e intervenções estruturantes.
As primeiras aparecem sob a forma de uma contribuição didática, recomendação,
conselho, avaliação etc. Elas induzem no interlocutor um certo tipo de atitude pelo próprio
fato de lhe ter sido comunicado um determinado tipo de representação do problema que
ele deve resolver ou do campo que deve explorar. As estruturantes consistem em fazer ver
ao interlocutor a sua própria progressão à medida que esta se desenrola. Elas
estabelecem uma série de feed-backs em função dos quais o próprio sujeito (em relação)
pode estruturar a sua percepção e determinar a sua progressão. É não-diretiva uma
condução do grupo que utiliza intervenções informantes e exclui as intervenções
estruturantes.
Na noção de não-diretividade se incluem ainda uma técnica operatória, uma atitude
e uma ideologia.
1. Como técnica operatória, ou seja, como condução dos grupos, a noção foi
desenvolvida por Carl Rogers e aplicada no campo da psicoterapia. Em oposição a
uma condução diretiva, que impõe os temas, os objetivos e/ou os procedimentos, ou a
uma condução cooperativa, na qual o animador se associa à ação produtora do grupo
(sem impor, ele é levado a propor soluções e fórmulas), a condução não diretiva
contenta-se com a facilitação de trocas. Essa facilitação pode ser concebida de
diversas formas, conforme se exerça exclusivamente no nível dos processos, por
18

interpretações elucidativas ou interpretativas, ou tome em consideração os conteúdos


expressos para fazer reformulações e sínteses periódicas. É orientada para a análise
das atitudes individuais, a análise das interações ou para a análise dos fenômenos
propriamente grupais. As intervenções do animador são do tipo informante.
2. Como atitude, na não-diretividade não são as características formais das intervenções
do animador que são determinantes, mas sua disponibilidade para a situação, sua
maneira de viver e de controlar a relação com o grupo. Aqui, a ênfase é o conteúdo
relacional: “atitude de aceitação”, “não-defensiva e não repressiva”. O facilitador,
desligando-se das atitudes de influência, tais como as de ordem, conselho, ou
avaliação, se exercitará em adotar uma atitude compreensiva, graças à qual poderá
facilitar aos membros do grupo a experiência direta dos problemas, estar entre eles
como uma pessoa e aceitar os desempenhos por eles assumidos. A eficácia dessa
atitude, reconhecida como libertadora, reside no fato de ser uma atitude fundamental
para com outrem, uma atitude de pessoa, isto é, não funcional, excluindo toda
preocupação de eficácia. Esse é o tema central da não-diretividade: é positiva uma
relação que realiza a dialética da aceitação. O sujeito se atualiza e se aceita como
pessoa na medida em que é aceito como tal pelo outro, o que se concretiza numa
atitude caracterizada por: (1º) Pela consideração incondicional de tudo que é expresso
pelo outro; (2º) Pela compreensão enfática, pela qual nos esforçamos por sentir o que
ele sente; (3º) Pela congruência, isto é, a capacidade de aceitar-nos como somos na
situação, com nossos sentimentos positivos e negativos.
3. Subjacente à postura não-diretiva há o postulado de que todo indivíduo tem
capacidade, pelo menos latente, de compreender-se a si mesmo na medida requerida
pela solução de seus problemas e de reorganizar a sua personalidade de maneira a
realizar o grau de satisfação necessário ao seu bom funcionamento. Uma relação não
diretiva deve permitir que o componente do grupo abandone os comportamentos
defensivos que entravam o seu crescimento e se veja finalmente livre para mudar e
desenvolver-se nas direções naturais ao organismo humano. Esse postulado filia-se a
uma ideologia que é chamada de naturalismo otimista.
No Grupo Operativo a questão diretividade/não diretividade é resolvida por um
postulado diretamente relacionado à formação básica de Pichon-Rivière, o introdutor dessa
técnica. A formação de Pichon deu-se no campo de uma psicanálise (individual) cujos
princípios e regras determinam uma postura abstinente para o analista durante a condução
19

do processo terapêutico, daí que a condução terapêutica deve ser a mais neutra e a
menos diretiva possível, devendo então o profissional limitar-se, quase que
exclusivamente, a interpretar e a assinalar sobre o discurso do analisando.
Por esse postulado, Pichon articulou o que seria a regra básica de coordenação de
um Grupo Operativo: “O coordenador deve limitar-se a interpretar e a assinalar sobre o
discurso (a operatividade) da grupalidade”. Desse modo, sua função não poderia ser nem
propositiva nem cooperativa. Quer dizer: ele, individual ou grupalmente, não pode agir
ativamente para que as coisas aconteçam.
Contudo, deve-se ainda considerar que Pichon-Rivière, ao incluir em seu Grupo
Operativo um modelo para se avaliar o ‘acontecer grupal’, objetivamente deu as condições
necessárias para que sua técnica fosse utilizada sem essa visão restritiva. Esse modelo
implica numa postura pró-ativa do coordenador pois, entre os sete itens relacionados como
critério de avaliação, inclui a comunicação, a cooperação e a aprendizagem.
Encerro ilustrando esse “potencial” pró-ativo, mostrando um exemplo de nossa
prática. No projeto de Grupo Operativo do HGF esses três últimos itens são “traduzidos”
por algumas diretrizes para um coordenador: (1º) Elo de ligação entre os componentes da
equipe técnica; (2º) Preparação e divulgação para realização das atividades; (3º) Direção
das reuniões operativas; (4º) Registro dos acontecimentos grupais; (5º) Junto do
supervisor ou orientador de tarefa, planejamento cotidiano.

6ª SOBRE A EFICÁCIA DO MODELO DE GRUPO OPERATIVO EM PACIENTES


CRONIFICADOS
José Bleger, um psicanalista argentino, postulou que o Grupo Operativo tem
propósitos, problemas, recursos e conflitos que devem ser estudados e atendidos pelo
grupo mesmo, à medida que vão aparecendo. Ou seja, cada grupo trabalha com
características específicas e engendra sua própria história. Porém, os trabalhos em
diversas clínicas demonstram que há algumas características que tornam eficazes os
trabalhos em grupos com pacientes cronificados, cita-se algumas delas.
• O apoio psicológico que é oferecido, através de todo o grupo, faz com que esse torne-se
continente para a verbalização e resolução de conflitos associados ou não a doença.
Também oferece esclarecimentos científicos sobre a sua patologia;
• O diagnóstico homogeneíza o grupo de pacientes e familiares, provocando intimidades,
e então a troca de experiências é rapidamente estabelecida.
20

• A solidariedade na desgraça pode ser compreendida como um mecanismo de


identificação projetiva, facilitando a empatia entre os pacientes.
• Ocorre uma rápida identificação do grupo como fonte de conhecimento prático a ser
explorado. O aconselhamento logo se estabelece, entre os participantes, na busca de
soluções para os problemas comuns baseados na troca de informações que visam ajuda
mútua. As informações são baseadas na experiência pessoal, seja com relação à
doença e suas conseqüências, seja com alternativas de convivência com ela.
• A empatia do coordenador permite melhor identificação por parte dos pacientes, sendo
mecanismo efetivo no alívio da ansiedade pela doença.
• Uma última, e implícita característica: o estabelecimento de um clima de confiança, com
postura participativa e democrática, certamente contribui para o aperfeiçoamento
humano do doente crônico, tornando-o, assim, mais ativo e integrado em seu amplo
contexto psico-social.

7ª SOBRE COMO MELHOR PARTICIPAR, CONDUZIR E AVALIAR REUNIÕES DE


EQUIPES OPERATIVAS
O esquema teórico que será apresentado a seguir é uma cópia reelaborada de um
documento instrutivo de uma instituição religiosa brasileira. Isto é, um grupo que não é
explicitamente denominado, ou não se autoriza como grupo operativo. Contudo, a
operatividade dos termos do documento original tanto permite que a tarefa de participação,
condução e avaliação de grupos seja facilitada, como guardam notável pertinência com
esquema conceitual, referencial e operativo apresentado na técnica pichoniana.
1. Como participar de uma reunião de equipe operativa
1.1. Participe ativamente, fale. Sua opinião é valiosa para você e para o grupo que
necessita dela.
1.2. Escuta atentamente, reflita. Regra fundamental para uma boa participação. Escutar,
implica em aceitação mesmo quando há discordância.
1.3. Evite interromper quem estiver falando. Conseqüente ao escutar, também é um
hábito que se exercita como regra de educação.
1.4. Não se ausente da reunião, comprometa-se. Pontualidade e assiduidade significam
responsabilidade pessoal e compromisso grupal. Portanto, estão intimamente
relacionados à ética profissional. Deve-se ressaltar que comparecer não significa
necessariamente estar presente numa reunião - também está ausente quem,
presente na reunião, permanece alheio ou desinteressado do que se passa.
21

1.5. Prepare-se, pense, estude, dialogue sobre o assunto da reunião. O preparo e


aquecimento é fundamental para um bom êxito de sua participação numa reunião.
Para isto, informe-se previamente através de leituras e conversações com outros
participantes sobre os assuntos da reunião.

2. Regras para bem conduzir uma reunião de equipe operativa


2.1. Reflexão. Fazer uma pergunta básica: qual a necessidade para se fazer a reunião?
2.2. Planejamento. Isto é: quais os assuntos, qual a ordem; qual o tempo previsto para
discussões etc.
2.3. Preparo. Feito com divulgação e mobilização de participantes através de um
máximo de informações.
2.4. Condução. Iniciar com apresentação de pessoas e dos assuntos para discussão.
Conduzir de maneira pertinente buscando respeitar a ordem e o tempo de cada
tema. Motivar, incentivar, valorizar a participação de todos.
2.5. Conclusão. Assinalar os principais resultados das discussões. Registrar por escrito
as decisões.
3. Indicadores para avaliar uma equipe em reunião operativa
3.1. Compromisso. Manifestação de pertencimento ao grupo, e identificação com a
tarefa da reunião.
3.2. Cooperação. Disponibilidade para o trabalho em conjunto, e aceitação dos
resultados da reunião.
3.3. Pertinência. Significa atenção e concentração de todos nos assuntos em discussão.
3.4. Comunicação. Manifestada com clareza e sem mal entendidos ("ruídos") entre os
participantes.
3.5. Aprendizagem. Manifesta-se com o aumento do conhecimento e uma maior
instrumentação entre os participantes do grupo.
3.6. Tele. Expressão de sentimentos de integração grupal (clima afetivo positivo) entre
os participantes da reunião.
22

B. PROJETANDO GRUPOS OPERATIVOS E EXECUTANDO


ALGUMAS DE SUAS TAREFAS COTIDIANAS.

III. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO COM FAMILIARES E PACIENTES RENAIS


CRÔNICOS ATENDIDOS NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE DO HGF
1. Introdução
• Um Grupo Operativo (GO) é definido como um conjunto de pessoas que têm um
objetivo comum, objetivo esse que tentam abordar trabalhando em equipe. Um GO
pode se reunir para realizar múltiplas tarefas: terapêuticas; aprendizagens;
produtividades etc
2. Identificação
• GO será direcionado para os familiares e pacientes, de ambos os sexos, portadores
de insuficiência renal crônica que estejam em atendimento no programa de
hemodiálise do HGF.
3. Objetivo Geral
• Oportunizar aos pacientes um espaço para informação, orientação e reflexão sobre
as implicações da insuficiência renal e das conseqüências para as suas vidas.
4. Objetivos Específicos
• Favorecer ao grupo expor seus questionamentos e dúvidas;
• Transmitir informações sobre a doença e os métodos terapêuticos;
• Estimular a mudança de hábitos que favoreçam a melhoria de vida do paciente;
• Incentivar a participação dos familiares no tratamento do seu paciente;
• Conscientizar ao paciente sobre as vantagens de seguir as instruções médicas;
• Sensibilizar para o transplante renal;
• Estimular a integração grupal, favorecendo a integração social do paciente.
5. Estrutura
• Estruturalmente, o grupo será uma unidade com três dimensões: a primeira engloba
todos os componentes, e é o GO formado pelos pacientes com insuficiência renal,
seus familiares e uma equipe técnica multidisciplinar; a segunda inclui somente a
equipe técnica; e na terceira participam apenas os pacientes e os familiares.
• A equipe denomina-se de operativa, pois, através de uma ação interdisciplinar e
planificada, coordena as tarefas do GO. Neste momento do projeto, a operatividade
23

da equipe se dará através de três papéis: (1) Supervisor, exercida por Francisco
Danúzio de Macêdo Carneiro, médico-psiquiatra; (2) Coordenador, exercida por Ana
Maria Filizola, assistente social; (3) Orientadores de tarefas especiais, exercidas
pelos seguintes especialistas com respectivas áreas de orientação: Augusto
Guimarães, médico, orientador em nefrologia; Jane Eyre Azevedo, psicóloga,
orientadora em psicologia; Suely Freitas, enfermeira, orientadora em enfermagem.
6. Funcionamento
• As reuniões do GO serão realizadas mensalmente. Dia: última quinta-feira de cada
mês. Horário: 10:00 às 11:00 horas. Local: sala de aula do setor de Raio X.
• As reuniões da equipe operativa serão trimestrais. Preferencialmente no mês de
dezembro (para avaliação e planejamento anual); e nos meses de março, junho e
setembro.
• A previsão é de uma reunião semestral com a participação de somente pacientes e
familiares.
7. Metodologia
• Por ser a planificação inerente ao método, a coordenação terá uma atuação
explicitamente diretiva, e operacionalizará diversos tipos de tarefas:
♦ Encontros para estabelecimento de ajuda interpessoal.
♦ Seminários e exposições para transmissão de informações relevantes à
hemodiálise.
♦ Oficinas para aprendizagem de alternativas (alimentação, por exemplo) que
facilitem a convivência com o problema etc.
♦ Jogos dramáticos para, através de uma convivência social alegre e afetiva,
incrementar a capacidade do paciente para administrar sua problemática.
8. Conclusão
• As atividades em Grupo se inserem na perspectiva de um vida saudável para o
hemodialisado, permitindo-lhe conviver de maneira espontânea e criativa com sua
patologia.
24

IV. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO COM FAMILIARES E PACIENTES DA


ONCOLOGIA ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO CIRÚRGICO DO HGF
1. Introdução
• Um Grupo Operativo (GO) é definido como um conjunto de pessoas que têm um
objetivo comum, objetivo esse que tentam abordar trabalhando em equipe. Um GO
pode se reunir para realizar múltiplas tarefas: terapêutica; aprendizagem;
produtividade etc.
2. Identificação.
• O GO será direcionado para os familiares e pacientes de ambos os sexos, portadores
de CA, que estejam em atendimento nos ambulatórios cirúrgicos do HGF.
Inicialmente serão privilegiados os familiares e pacientes do ambulatório de Cirurgia
Geral.
3. Objetivo Geral
• Oportunizar aos pacientes e familiares um espaço grupal para informação,
orientação, reflexão e operatividade sobre os problemas causados pela patologia
oncológica.
4. Objetivos Específicos
• Transmitir informações sobre a doença e os métodos terapêuticos;
• Estimular a mudança de hábitos que favoreçam a melhoria nas condições de vida do
paciente;
• Realizar atividades que permitam ao paciente condições para o resgate ou a melhoria
da auto-estima.
• Conscientizar o paciente sobre as vantagens de seguir as instruções dos médicos e
dos demais profissionais que cuidam de sua saúde;
• Sensibilizar para o tratamento quimioterápico e radioterápico;
• Incentivar a participação dos familiares no tratamento do seu paciente;
• Estimular a integração grupal, favorecendo a reintegração sócio-comunitária do
paciente.
• Propiciar aos membros da equipe técnica um espaço interdisciplinar, eficientizando
as ações que desenvolvem como profissionais na área de saúde.
5. Estrutura
• Estruturalmente, o grupo será uma unidade com três dimensões: a primeira engloba
25

todos os componentes, e é o GO formado pelos pacientes com CA, seus familiares e


uma equipe técnica multidisciplinar; a segunda inclui somente a equipe técnica; e na
terceira participam apenas os pacientes e os familiares.
• A equipe denomina-se de operativa; pois, através de uma ação interdisciplinar e
planificada, coordena as tarefas do GO. Neste momento do projeto, a
operatividade da equipe se dará através de quatro papéis: (1) Supervisão:
Exercida por Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro, médico-psiquiatra; (2)
Coordenação: Exercida por Maria de Fátima Ponte Gomes Vieira, assistente
social; (3) Apoio de Coordenação: Cecília Ferreira da Costa, auxiliar de
enfermagem; (4) Orientadores de Tarefas Especiais: Exercidas pelos seguintes
especialistas: Annatália Menezes de Amorim Gomes, psicóloga; Francisco de
Assis Costa, médico-cirurgião; Ilvana Limavede Gomes, enfermeira.
6. Funcionamento
• As reuniões do GO serão realizadas mensalmente. Dia: Toda segunda segunda-
feira de cada mês. Horário: 15:00 às 16:00 horas. Local: sala de aula do setor de
Raio X.
• As reuniões da equipe operativa serão trimestrais. Preferencialmente no mês de
dezembro (para avaliação e planejamento anual); e nos meses de março, junho e
setembro.
• A previsão é de uma reunião semestral com a participação de somente pacientes
e familiares.
7. Metodologia
• Por ser a planificação inerente ao método, a coordenação terá uma atuação
explicitamente diretiva, e operacionalizará diversos tipos de tarefas:
♦ Encontros para estabelecimento de ajuda interpessoal.
♦ Seminários e exposições para transmissão de informações relevantes à
oncologia.
♦ Oficinas para aprendizagem de alternativas (exercícios corporais, por exemplo)
que facilitem a convivência com o problema.
♦ Jogos dramáticos para, através de uma convivência social alegre e afetiva,
incrementar a capacidade do paciente para administrar sua problemática.
26

8. Conclusão
• As atividades em Grupo Operativo se inserem na perspectiva de uma melhor
qualidade de vida para o paciente que necessita de cirurgia oncológica. Insere-se
também na perspectiva de que ele, junto de seus familiares, possa administrar
com mais espontaneidade e maior criatividade o seu cotidiano de uma pessoa
necessitada dessa terapêutica cirúrgica.

V. PROJETO DE GRUPO OPERATIVO NA UNIDADE DE INTERNAÇÃO


PEDIÁTRICA DO HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA
1. Justificativa
♦ A assistência à criança hospitalizada deve ser globalizada, isto é: deve incluir a
parte preventiva, curativa, de promoção, de reabilitação e, desse modo, deve
envolver a família nas ações implementadas durante o internamento pediátrico.
Com o envolvimento familiar, busca-se, sobretudo, fazer com que a criança possa
tolerar melhor o desconforto e o desconhecido, e possa sair da experiência com
menor probabilidade de apresentar reações negativas no período posterior à
hospitalização. Contudo, deve-se ainda considerar que esse envolvimento sempre
implica em situação de estresse, tanto para os familiares, como também para os
componentes da equipe técnica responsável pelo tratamento da criança. No
cotidiano de nosso trabalho observamos que, entre os múltiplos fatores
desencadeantes desse estresse, dois se destacam: (1) as dificuldades de
comunicação entre a equipe técnica e os familiares; (2) a mudança de status
ocupacional representado no fato de que, na maior parte das vezes, o familiar é
obrigado a deixar as suas ocupações habituais – emprego; serviço doméstico etc.
– para vir acompanhar a sua criança internada. Para fazer frente a essa múltipla
problemática, achamos que é pertinente desenvolver, de maneira planificada, um
trabalho interdisciplinar, daí resolvemos criar um Grupo Operativo (GO) que
funcionará de acordo com os parâmetros delineados a seguir.
2. Identificação
♦ O GO será direcionado para os acompanhantes, adultos e de ambos os sexos, das
crianças internadas na clínica médica da Unidade de Internação Pediátrica.
27

3. Objetivo Geral
♦ Favorecer a participação e a integração dos acompanhantes durante o período de
hospitalização, oportunizando um espaço para troca de informações, para
discussões sobre os problemas gerados pela internação, para esclarecimentos de
dúvidas, e para desenvolvimento de atitudes e conhecimentos relacionados à
prevenção, manutenção e promoção da saúde infantil.
4. Objetivos Específicos
♦ Responder aos questionamentos sobre os problemas relacionados à doença e ao
tratamento da criança.
♦ Esclarecer sobre os direitos e obrigações, bem como o bom cumprimento das
normas hospitalares.
♦ Desenvolver um programa de educação em saúde de acordo com as expectativas
dos acompanhantes e do serviço.
♦ Desenvolver atividades a fim de melhorar o relacionamento entre acompanhante
e criança, acompanhante e acompanhante, acompanhante e profissionais.
♦ Contribuir para o processo de qualificação dos profissionais da área de pediatria,
aperfeiçoando a suas habilidades para manejar e resolver as situações conflituosas
determinadas pela presença do familiar durante o internamento infantil.
♦ Estimular a integração entre os membros da equipe operativa, e propiciar um espaço
interdisciplinar para eficientizar as ações que desenvolvem como profissionais na
área de saúde.
5. Estrutura
♦ Estruturalmente, o GO será uma unidade com duas dimensões: a primeira engloba
todos os componentes, e é o grupo formado pelos acompanhantes e por uma equipe
técnica multidisciplinar; a segunda inclui somente a equipe técnica.
♦ A equipe técnica denomina-se de operativa; pois, através de uma ação
interdisciplinar e planificada, coordena as tarefas do GO. Neste momento do projeto,
a operatividade da equipe se dará através de três papéis: (1) Supervisão: Exercida
por Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro, médico-psiquiatra; (2) Coordenação:
Exercida por Elizabete Silveira Aguiar, enfermeira; (3) Orientadores de Tarefas
Especiais: Exercidas pelos seguintes especialistas: Ângela Maria Vasconcelos Brito,
médica-pediatra; Liduína Maria Damasceno Rocha, terapeuta ocupacional; Regina
28

Lúcia Cavalcante da Fonseca, Assistente Social; Suzana Maria Aquino Nuvens


Furtado, enfermeira.
6. Funcionamento
♦ As reuniões do GO serão realizadas todas as quartas-feiras, de 10 às 11 horas, na
sala de reunião do 3º andar do HGF.
♦ As reuniões da equipe técnica servirão para supervisão e planejamento, e
acontecerão mensalmente - preferencialmente na última quarta-feira do mês, de 11
às 12 horas, na sala de reunião do 3º andar.
7. Metodologia
♦ Por ser a planificação inerente ao método, a coordenação terá uma atuação
basicamente diretiva, e se utilizará de diversos tipos de recursos:
• Encontros para o desenvolvimento de ajuda interpessoal
• Seminários e exposições para transmissão de informações.
• Oficinas de colagem , pinturas, sucatas,etc.
• Exibição de filmes educativos.
• Jogos dramáticos e educativos
• Comemorações festivas.
8. Conclusão
o Este projeto de GO está de acordo com os postulados defendidos por consagrados
autores da assistência pediátrica, os quais defendem a necessidade da presença
dos familiares durante o internamento infantil, pois somente com o
acompanhamento dos familiares, que é a fonte primária de segurança e apoio, a
criança poderá se sentir melhor capacitada a tolerar o desconforto e o
desconhecido, além de sair da experiência com menor probabilidade de reações
negativas pós-hospitalares.
29

VI. MEDIDAS DO COTIDIANO: RELATÓRIOS; CARTAS-CONVITE E SOLICITAÇÕES;


ROTEIROS E PROGRAMAÇÕES
1º RELATÓRIOS
2º CARTAS-CONVITE E SOLICITAÇÕES
3º ROTEIROS E PROGRAMAÇÕES

1º RELATÓRIOS
(1) Relatório de reunião de grupo operativo
(2) Relatório de reunião de supervisão com equipe operativa
(3) Relatório de workshop com as equipes operativas

(1) Relato reunião do GO da Nefrologia em 28/02/02


♦ A reunião realizou-se na “salinha” do Projeto Rim-Arte, e contou com a participação de
seis técnicos, uma estagiária, uma voluntária, sete pacientes e dois familiares. Foi
coordenada pelo psiquiatra e supervisor da equipe interdisciplinar Danúzio Carneiro.
♦ O objetivo do encontro foi o planejamento das atividades do GO e do Projeto Rim-Arte
para os próximos quatro meses. Nesse período, o grande destaque será a realização
do II Encontro de Pacientes Renais Crônicos do Ceará. Antes de planejar as tarefas, o
coordenador fez uma breve explanação (intercalada com discussões) sobre o sentido
divino do planejamento (sic). Para isso, recorreu a uma célebre passagem do Livro de
Jó (Jó 1,6) onde está escrito que, numa determinada situação, Deus perguntou a
Satanás: “Donde vens?” Ele respondeu: “Venho de dar uma volta pela terra, andando
a esmo”. Essa passagem, como comentou o coordenador, deixa explícita a idéia de
que o andar a esmo, ao acaso, o “andar não planejado”, é uma prática satânica. Daí,
conseqüentemente e por oposição, pode-se afirmar que o planejamento tem uma
essência divina. Quanto a isso, para reforçar essa lógica da natureza divina na
planificação, neste relato cita-se uma outra assertiva do Apóstolo João (2Jo9): “Todo
aquele que caminha sem rumo (e não permanece em Cristo), não tem Deus”. Na
discussão entre os participantes, destaque-se ainda a intervenção de duas pacientes:
uma afirmou que não gostava de planejar, por que “nunca dá certo o que eu planejo”.
A outra se contrapôs, e afirmou que um planejamento só não dava certo quando a
pessoa “ficava só planejando”. Após esse primeiro momento, foi decidida a
programação:
30

1. II Encontro de Pacientes Renais Crônicos. Coordenação: Equipe Interdisciplinar


dos Projetos de GO e Rim-Arte. Coordenadora Geral: Ana Maria Filizola, assistente
social e Coordenadora do GO e do Projeto Rim-Arte. Tema: “Atendimento
Humanizado: Princípios da Ética e da Cidadania”. Data provável: início de maio de
2002 - Para definição dessa data considerou-se que três meses seria um tempo
ideal para boa preparação do evento, e também que no final de maio ocorrem as
festividades comemorativas do aniversário do HGF. Local provável: será solicitado
o espaço da Escola de Saúde Pública. Uma segunda opção é o Teatro S. José.
Tempo das atividades: quatro horas, numa manhã das 8:00 às 12:00 horas.
Programação: (1º) Abertura oficial; (2º) Vivência terapêutica em situação social de
grande público - Para coordenar essa vivência será convidado o Dr. Adalberto de
Paula Barreto, do Projeto Quatro Varas; (3º) Debate: “Princípios e Práticas de um
Atendimento Humanizado em Saúde”. Como um dos convidados para esse debate,
citou-se o nome do Dr. Airton Barreto, advogado do Projeto Quatro Varas e
membro dos movimentos sociais e de Direitos Humanos da Arquidiocese de
Fortaleza. Ainda sobre esse encontro, foi feita menção a instituições e empresas
que poderão patrocinar o evento: Indústria Mecesa; Laboratórios de produtos
farmacêuticos; Hospital Geral e Secretaria de Saúde do Ceará.
2. Programação para os meses de março, abril e junho. 1) Março - revisão da
programação do II Encontro; debate: “Inveja e ciúme nas relações humanas”.
Coordenador: Danúzio Carneiro; 2) Abril - Sobre alimentação. Coordenadora:
Valdilene, nutricionista da equipe do GO e do Projeto Rim-Arte. Nessa reunião
também será feita a comemoração e uma reflexão coletiva sobre o sentido da
Páscoa; 3) Junho - Festa dos aniversariantes do semestre.
Após tomar essas decisões, Ana Maria Filizola propôs, e foi aceito que ela fizesse
uma leitura da Ata da Reunião Anterior (28/02/02). Após essa leitura, “como nada mais
havia o que se discutir e decidir”, num clima de agradável confraternização foi encerrada a
reunião.

(2) Relatório de reunião de supervisão com equipe operativa


A - Data – 24/06/99. Local – Sala de Reunião do Raio X. Horário: 9:00 horas.
B - Participantes: Danúzio, Ana Maria, Augusto, Jane Eyre, Sueli
C – Pauta, três pontos: avaliação da apresentação na mesa-redonda da 30a Semana do
HGF: “Grupo Operativo com pacientes cronificados: o caso da hemodiálise do HGF”;
31

inicio planejamento sobre artigo científico relatando a nossa experiência; planejamento


do trimestre.
D – Desenvolvimento:
• Na avaliação geral a apresentação foi considerada boa – “nota oito”, numa avaliação
quantitativa feita ao final das discussões. A avaliação qualitativa foi feita
considerando a apresentação individual (auto-avaliação), e coletiva. Entre os
destaques foram ressalvados pontos positivos e negativos: Pontos Positivos: 1) A
presença e os depoimentos dos dois representantes de pacientes na mesa. Foi
ressaltado que esta era uma experiência inédita no HGF; 2) Os relatos que foram
bastante objetivos. Fato que se manifestou, especialmente, quanto a objetividade na
utilização do tempo por cada um dos participantes; 3) A condução que Danúzio,
coordenador dos trabalhos, deu ao incidente causado pela presença de uma senhora
(presumivelmente com um transtorno psiquiátrico) no auditório. Essa presença não
era esperada e, pelo comportamento da mesma, resultou numa pequena confusão
no encaminhamento das atividades. Com a pronta ação do coordenador o problema
foi solucionado; 4) A intervenção de Suelí. Essa foi considerada positiva pelo fato
dela ter dado mais um passo favorável à superação de sua timidez em se apresentar
em público. Pontos Negativos. Destacados: 1) A desorganização da direção geral da
semana do HGF. Essa desorganização teve os seguintes impactos negativos na
condução da mesa redonda: Grande atraso no início das atividades – a direção
permitiu que a atividade anterior à nossa apresentação começasse e terminasse com
atraso de cerca de 45 minutos; a platéia escassa – conseqüência da incipiente
divulgação e mobilização feita, não só para a mesa-redonda, mas para todas as
atividades da semana; presença da referida senhora que transtornou a condução
dos trabalhos – nesse caso, a responsabilidade da direção esteve no inadequado
controle de presenças no evento; 2) Falhas na metodologia da apresentação. Nesse
caso, o principal fator negativo ficou por conta da não utilização, por parte de alguns
apresentadores, de recursos como transparências ou slides.
• Sobre o artigo ficou decidido duas coisas: 1) Será escrito visando publicação em
revista científica da área de Nefrologia. Para isso, Augusto ficou responsável para
fazer os contatos com a editoria dessa publicação; 2) A sua estruturação será igual
ao da mesa-redonda. Ou seja, os relatos serão centrados nos seguintes temas:
Danúzio – “O que é um projeto de Grupo Operativo”; Augusto – “A Psiconefrologia e
32

o GO no serviço de hemodiálise do HGF”; Suely – “O GO e o dia-a-dia dos pacientes


dialisados”; Ana Maria – “A planificação e cooperação grupal”; Jane Eyre – “A
interdisciplinaridade e conflito intra-grupal”
• Planejamento do trimestre: Reunião de julho sob coordenação de Jane Eyre, como
orientadora psicológica; agosto reunião sob coordenação dos pacientes; setembro –
Será feito convite para Fátima Marciel, enfermeira, doutoranda em enfermagem da
UFC, coordenadora de grupos de idosos.
E – Conclusão. Concluída a reunião de supervisão, foi iniciada a reunião geral com a
presença de técnicos e pacientes. Essa foi festiva – inclusive com uma improvisada
quadrilha junina, tendo sido comemorado com músicas e brindes os aniversários do
semestre.

(3) Relatório do primeiro workshop de integração das equipes operativas


A - Introdução
• Conforme sugerido, aqui está um sucinto relatório sobre as atividades desenvolvidas no
primeiro workshop que realizamos com as equipes operativas dos três Grupos
Operativos do HGF. Este relato divide-se em cinco partes: (1a) Os participantes; (2a) A
programação, que foi distribuída e lida no início da reunião; (3a) As sugestões que
foram feitas e consensualmente aceitas durante a fase de planejamento das atividades
para 2001; (4a) Comentários especiais sobre algumas idéias expostas pelo prof.
Harbans Arora, e sobre três das sugestões dadas; (5a) Exposição critica de duas
situações vivenciadas durante a atividade; (6a) Conclusão com avaliação global.
B - Programação
• Título: 1o Workshop das Equipes dos Três Grupos Operativos do HGF
• Local: Sala de Reuniões do Serviço de Raio X do HGF
• Horário: Dia 14/12, Quinta-feira, 8:00-11:00 horas
1a Atividade 8:00-9:30
o Tema: “Ciência Quântica/Ciência Interdisciplinar”.
o Coordenador: Harbans Lal Arora (India/Brasil) - PhD em Física pela Universidade
de Waterloo/Canadá; titular do Depto. de Química Analítica da Universidade Federal
do Ceará.
2ª Atividade: 9:40-11:00

o Tema: Comparando Projetos e Planejando Atividades Para 2001


33

o Coordenador: Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro, Médico-Psiquiatra, Mestre


em Saúde Pública, Supervisor de GO do HGF
C – Participantes (Por Função Grupal)
• Danúzio Carneiro, psiquiatra e supervisor geral.
• Grupo Operativo da Hemodiálise – Ana Maria Filizola, assistente social e coordenadora
do grupo; Jane Eyre Azevedo, psicóloga e orientadora em psicologia.
• Grupo Operativo da Oncologia - Fátima Ponte Gomes, assistente social e coordenadora
do grupo; Cecília Ferreira, auxiliar de enfermagem e apoio da coordenação; Annatália
Menezes, psicóloga e orientadora em psicologia; Ilvana Lima Verde, enfermeira e
orientadora em enfermagem.
• Grupo Operativo dos Acompanhantes da Pediatria - Elizabete Aguiar, enfermeira e
coordenadora do grupo; Ângela Brito, pediatra e orientadora em pediatria; Liduína
Damasceno, terapeuta ocupacional e orientadora em terapia ocupacional; Regina Lúcia
Cavalcante. assistente social e orientadora em assistência social; Suzana Aquino,
enfermeira e orientadora em enfermagem.
D - Sugestões e Deliberações
• Realização do 2o Workshop em dezembro de 2001
• Realização de atividades (seminários, cursos etc.) abordando os seguintes temas:
interdisciplinaridade; exibição do filme “O Ponto de Mutação”; tanatologia; treinamento
em dinâmica de grupo.
• Maior divulgação de informações sobre os grupos operativos
• Elaboração de um manual de orientação das atividades de grupo operativo
• Intercâmbio dos profissionais entre os grupos operativos
• Ampliação dos trabalhos, com criação de outros grupos operativos em serviços clínicos
do hospital.
E - Comentários especiais
• Na sua explanação, o prof. Harbans Arora fez uma relação entre alguns postulados da
ciência contemporânea (a física quântica como modelo principal) e as ações no campo
da saúde. Partindo do pressuposto de que a doença é um fenômeno multidimensional,
que envolve aspectos físicos, psicológicos e sociais, todos interdependentes, ele
demonstrou a necessidade da interação (“cultura do co”: cooperatividade, consciência,
compreensão etc.) e da integração (“cultura do sin”: sintonia, sinfonia, sincronia,
simpatia etc.) nas ações no campo da saúde. Ilustrou então sua explanação com os
34

resultados positivos conseguidos em alguns de seus trabalhos desenvolvidos em


serviços médicos (mostrou dados de um serviço de oncologia, e de uma maternidade).
Subjacente a esses trabalhos, está a idéia de que a cura (ou os resultados da ação
médica) é facilitada com a utilização de recursos que levem à harmonia, ao equilíbrio, à
integração bio-psico-social – entre os recursos, estão métodos físicos tais como
massagens, exercícios respiratórios etc.
• Quanto às sugestões, foram feitas considerações especiais sobre três delas: 1) Por que
o filme O Ponto de Mutação? Assim como o livro em que foi baseado, esse filme
expressa a visão do novo paradigma em ciências, isto é, não uma ciência mecanicista,
fragmentada, mas holística, integrada, interdisciplinar; 2) A atividade sobre tanatologia
foi considerada pertinente por dois motivos: primeiro, o criador da técnica do Grupo
Operativo, Enrique Pichon-Rivière, foi fortemente influenciado por uma “ cultura da
morte”. Ele, que era psiquiatra e psicanalista argentino, em sua infância viveu numa
região dominada pela cultura Guarani. Nessa cultura, como escreve o próprio Pichon-
Rivière, “toda aproximação de uma concepção do mundo é de caráter mágico, regida
pela culpa. As noções de morte e luto formam o contexto geral da mitologia guarani”;
segundo, considerando-se que a interdisciplinaridade e a planificação constituem-se os
fundamentos do grupo operativo, pode-se fazer a seguinte analogia: se a
interdisciplinaridade implica num “morrer” – morte da onipotência e da onisciência – a
planificação implicaria no viver – o ser humano vive ao planejar, projetar o seu futuro; 3)
Quanto ao curso sobre dinâmica de grupo, foi comentado que há uma diferença entre
dinâmica de grupo - esse termo refere-se às técnicas utilizadas para dinamizar qualquer
atividade grupal. Tais como: jogos, treinamento de papéis etc. A dinâmica grupal refere-
se ao conjunto de fenômenos inerentes à grupalidade humana – por exemplo:
comunicação, aprendizagem, tele etc. Portanto, como fenomenologia, a dinâmica
grupal refere-se à própria ciência da grupalidade humana, enquanto a dinâmica de
grupo refere-se a um instrumental que, pertinente a essa ciência, é utilizado para
dinamizar (dramatizar, operacionalizar) essa mesma grupalidade.
F - Exposição Crítica
• Em pelo menos dois momentos, início e finalização dos trabalhos, aconteceram
situações que merecem uma avaliação crítica. Isso deve ser feito para que medidas
sejam adotadas para evitar que fatos semelhantes venham a ocorrer em futuros
eventos. 1) Inicialmente, por falta de um quorum adequado – média de 50% dos 14
35

componentes das três equipes técnicas - o workshop começou com atraso, isto é,
às 8:25 horas. Ou seja, dez minutos além dos 15 minutos que é considerado um
tempo de atraso tolerável para esse tipo de evento. Esse problema determinou um
outro: ou seja, para compensar o tempo perdido inicialmente, os trabalhos foram
encerrados por volta de 11:30 horas; 2) No final dos trabalhos não foi definida uma
função de secretaria. Essa função seria necessária para anotar, permitindo uma
melhor sistematização de todas as sugestões e deliberações.
G - Conclusão
• Pelo que foi exposto, e considerando uma impressão subjetiva ao final das
atividades, considero que o 1o Workshop foi globalmente positivo, e dele,
certamente, bons resultados serão alcançados.

2º CARTAS-CONVITE E SOLICITAÇÕES

1ª Carta para Médico-Residente da Pediatria – Convite para Ministrar Palestra


2ª Carta para Chefe do Serviço de Pediatria – Solicitação de Reunião com Staff
3ª Carta Chefe do Serviço de Cirurgia – Solicitação para Reapresentação do Projeto na
Sessão do Corpo Clínico
4ª Carta Diretora do Hospital – Convite para Programação do II Workshop

1ª Carta para Médico-Residente da Pediatria – Convite para Ministrar Palestra


Prezado Dr... (Fevereiro-2001)
Residente em Pediatria do HGF
Conforme solicitação dos participantes do GO, estamos lhe convidando para, num
tempo máximo de 30 minutos, desenvolver uma palestra sobre imunização e vacinação
na reunião do próximo dia 09/02, sexta-feira, 9:15 horas.
Antecipadamente, agradecemos a colaboração.

2ª Carta para Chefe do Serviço de Pediatria – Solicitação de Reunião com Staff


Estimada Dra. Ângela Brito (Maio-2001)
Através desta, estamos solicitando uma reunião conjunta entre a Equipe do Grupo
Operativo de Acompanhantes das Crianças Internadas na Pediatria, e os Membros do Staff
Coordenado por Vossa Senhoria. Esta reunião, objetiva:
1. Avaliação do GO que completará (em julho próximo) um ano de atividades;
36

2. Sugestões para uma maior integração do referido staff (especialmente do corpo de


internos e residentes) nas atividades cotidianas do GO;
3. Propostas de atividades para o próximo período trimestral de funcionamento do
grupo.
Cordialmente.

3ª Carta Chefe do Serviço de Cirurgia – Solicitação para Reapresentação do Projeto na


Sessão do Corpo Clínico
Dr. José Eudes Bastos Pinho (junho-2001)
Chefe do Serviço de Cirurgia Geral do HGF
No próximo dia 11/06, o Projeto de Grupo Operativo com Familiares e Pacientes da
Oncologia Atendidos em Ambulatório Cirúrgico do HGF completará um ano de
implantação. Isso é motivo de júbilo para todos nós, mas também é um ensejo que nos
estimula a refletir, dialogar, aprender e transmitir conhecimentos sobre essa experiência e
ação terapêutica grupal. Por isso, nós que constituímos a equipe interdisciplinar de
coordenação do grupo, resolvemos incluir no planejamento de nossas atividades uma
reapresentação do Projeto (mais especialmente, apresentaremos os itens relacionados ao
que foi objetivado e realizado no período) numa sessão da sua Clínica Cirúrgica. Desse
modo, solicitamos que na reunião dessa clínica prevista para o dia 22/06, nos seja
concedido um tempo (no máximo de 30 minutos) para que nela possamos apresentar e, da
parte do notável corpo de cirurgiões coordenado pelo prezado colega, ouvir críticas e
sugestões para continuidade e aprimoramento do nosso trabalho.
No aguardo de uma resposta positiva, envio abraços fraternos.

4ª Carta Diretora do Hospital – Convite para Programação do II Workshop


Dra. Isabel Dias (Dezembro de 2001)
Diretora Administrativa do HGF
Convidamos Vossa Senhoria para participar da abertura do Debate Público sobre
interdisciplinaridade e planejamento conforme o referencial do Grupo Operativo que,
conforme programação abaixo, será realizado durante o II Workshop das Equipes
Operativas do HGF.
Desde já agradecemos por sua presença.
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3º ROTEIROS E PROGRAMAÇÕES
1ª Atividades Definidas na Reunião de Planejamento no Grupo da Pediatria em Outubro
de 2001
2ª Temas e Programação Sugerida pelos Participantes do Grupo da Oncologia na
Reunião de 12/11
3ª Programação do II Workshop das Equipes Operativas do HGF
4ª Grade com Tarefas Desenvolvidas pelo Grupo da Pediatria no Período Julho-Dezembro
de 2000
5ª Quatro Jogos de Apresentação Utilizados nos Grupos
6ª Relação de 12 perguntas formuladas pelos pacientes e familiares do Grupo da
Nefrologia
7ª Roteiro Para o Observador das Atividades em Grupo Operativo
8ª Roteiro para Auto-Avaliação de Pacientes e Familiares do Grupo da Nefrologia em
Setembro de 1999
9ª Roteiro com Vinte Depoimentos de Pacientes, Familiares e Profissionais sobre os
Grupos Operativos

1º Atividades Definidas na Reunião de Planejamento no Grupo da Pediatria em Outubro de


2001
Atividades para Novembro
• 07/11 - “Planejamento Familiar”. Convidada: Ana Maria Filizola, Assistente Social,
Coordenadora do GO da Nefrologia.
• 13/11 - “Alimentação Alternativa” - Convidada: Nazira, estagiária de nutrição no HGF.
• 20/11 - “Gravidez na Adolescência” - Designada: Jane Eyre
• 27/11 - “Aceitação Familiar do Paciente Crônico” - Designação: Danúzio
Atividades para Dezembro
• 05/12 - “Cuidados no Pós-Hospitalar de Criança com Doença Crônica” - Convidado: Dr.
Balbino, Fisioterapeuta do Serviço de Pediatria do HGF.
• 12/12 - “Ciúmes entre Irmãos” - Designados: Jane Eyre e Danúzio
• 19/12 - Confraternização Natalina.
• 26/12 - Reunião de Coordenação para Avaliação e Planejamento.
• Obs. Dia 20/12, Qunita-Feira, 8:00-12:00 horas - II Workshop das Equipes Operativas.
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2º Temas e Programação Sugerida pelos Participantes do Grupo da Oncologia na Reunião


de 12/11
Temas Sugeridos
• Como fazer um diagnóstico precoce
• Tipos de câncer - sintomas básicos)
• Câncer de estômago e alimentação
• Câncer entre profissionais de saúde
• Câncer e infecções
• Cefaléias e outros tipos de dores e câncer
• Estrutura psicológica e câncer
Programação Definida
¾Novembro 2001 - Cefaléia e outras dores - Convidado: Túlio, Anestesiologista
¾Dezembro 2001 - Confraternização Natalina
¾Janeiro 2002 - Tipos de Câncer - Câncer e Sexo Feminino - Convidado: Nasser,
Ginecologista
¾Fevereiro 2002 - Tipos de Câncer: Relação com Sexo Masculino - Convidado: ?
¾Março 2002 - Tipo de Câncer: Aparelho Gastrointestinal - Convidado?
¾Abril 2002 - Tipos de Câncer: Pele - Convidado: ?

3º Programação do II Workshop das Equipes Operativas do HGF


1) Data: 20/12/01, Quinta-Feira
2) Local: Caramanchão
3) Título: “Quatro anos de atividades: repensando a dialética da experiência acumulativa
em grupo operativo no HGF”.
4) Programação:
• 1a Atividade - 8:00/9:45 Horas
o Reflexão Interna: “O amor, é isso o que predomina em nossos grupos?”
o Avaliação e Perspectivas para 2002
• Intervalo - 9:45/10:00 Horas
• Solenidade de Abertura do Debate com Convidados - 10:00/10:15 Horas
• 2a Atividade - 10:15/12:00 Horas
♦ Debate com Convidados: “Interdisciplinaridade e planejamento, essas
características ocorrem em nossos grupos?”
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4º Grade com Tarefas Desenvolvidas pelo Grupo da Pediatria no Período Julho-Dezembro


de 2000
ATIVIDADE OBJETIVO ORIENTAÇÃO
Palestra: desemprego Informação Serviço social
Palestra:higiene Prevenção promoção da Enfermagem
saúde
Oficina: enfeites natalinos Habilitação Terapia Ocupacional
Palestra: doenças sexualmente Prevenção Voluntário
transmissíveis
Palestra: câncer do colo e do Prevenção Enfermagem
útero
Palestra: auto-estima Promoção da saúde Psiquiatria
física e mental
Oficina: confecção de Habilitação Voluntário
“lembrancinhas” para bebês
Palestra: como melhor aproveitar Habilitação Voluntário
os alimentos
Palestra: atividades da TO na Informação Terapia Ocupacional
pediatria
Palestra: saúde mental Prevenção e promoção Psiquiatria
da saúde mental
Atividade corporal: relaxamento Promoção da saúde Voluntário
mental/Incremento da
consciência corporal
Palestra: imunização e Prevenção e promoção Médico-Residente
vacinações da saúde física da em Pediatria
criança
Palestra: acidentes domésticos Prevenção Enfermagem
Palestra: higiene bucal Prevenção e promoção Dentista
da saúde bucal
Palestra: normas para Informação Serviço Social
acompanhantes
Atividade corporal: meditação Promoção da saúde Voluntário
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mental/Incremento da
consciência
corporal/integração
grupal
Palestra: crescimento e Promoção da saúde Psiquiatria e Médico-
desenvolvimento infantil física e mental Residente em
Pediatria
Palestra: infecções na infância Prevenção Médico-Residente
em Pediatria
Oficina: confecção de bijouterias Habilitação Voluntário

5º Quatro Jogos de Apresentação Utilizados nos Grupos


TÍTULO DESCRIÇÃO
Um novelo de lã. O primeiro participante
amarra a ponta da linha num dedo,
apresenta-se, fala alguma coisa sobre
Dinâmica de apresentação: “Teia de sua participação no grupo e, em
integração grupal” seguida, passa o novelo para outro
participante. Ao final está formado uma
teia entre os participantes.
Os membros do grupo se unem em
Dinâmica de apresentação: dupla, entrevistam-se mutuamente, em
“Apresentando o vizinho” seguida cada um faz a apresentação do
outro.
Cada participante diz o seu nome e
apresenta uma coisa de que gosta e
Dinâmica de apresentação: “o meu outra de que não gosta. Após todos
nome é, gosto disso, não gosto daquilo” fazerem sua apresentação, um dos
41

participantes é escolhido para repetir os


dados apresentados por cada um dos
componentes do grupo
Uma caixa de fósforo circula na sala,
Dinâmica de apresentação: “Me cada um dos participantes vai
apresento enquanto o fósforo estiver acendendo um palito e se
aceso” apresentando, inclusive dizendo de seus
interesses e expectativas em relação ao
grupo.

6º Relação de 12 perguntas formuladas pelos pacientes e familiares do Grupo da


Nefrologia
• Observação: perguntas respondidas pelo Orientador em Nefrologia do grupo na
reunião de novembro de 1999.
1. Quais os riscos após um transplante?
2. Por que os remédios baixam as defesas do organismo?
3. Porque quem faz hemodiálise tem facilidade de ter infecção?
4. Quanto tempo uma pessoa fica com saúde após um transplante?
5. Por que o organismo não aceita o orgão transplantado?
6. Se o transplante não der certo, a pessoa volta para o mesmo estado que antes?
7. O que é preciso para se realizar um transplante?
8. Se o rim for rejeitado, o paciente pode falecer?
9. A pessoa pode viver quanto tempo com um rim transplantado?
10. Quantos anos uma pessoa pode viver fazendo hemodiálise?
11. Se não usar a medicação após o transplante, o que pode acontecer?
12. Uma pessoa com seu próprio rim pode comer de tudo, e por que não pode com um rim
transplantado?

7º Roteiro Para o Observador das Atividades em Grupo Operativo


1. Quanto tempo o grupo demorou para entrar em tarefa? Avaliar a demora como curta,
média ou longa.
2. Houve surgimento de lideranças? Avaliar como sim ou não.
3. A liderança que surgiu foi formalizada como coordenadora do grupo? Avaliar como sim
ou não.
4. Houve surgimento de bode-expiatório? Avaliar como sim ou não.
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5. Houve tentativas de exclusão do bode-expiatório das atividades grupais? Avaliar como


sim ou não.
6. O grupo esteve centrado na tarefa, ou houve dispersão durante as atividades? Avaliar
se a dispersão (impertinência) foi de pouca, média ou alta evidência.
7. Na comunicação você percebeu algum “ruído” significativo? Avaliar como sim ou não
8. O grupo manifestou idéia de continuar a existir enquanto grupo? Avaliar como sim ou
não.
9. Através de uma palavra ou frase curta, avalie o clima afetivo (tele) do grupo.

8º Roteiro para Auto-Avaliação de Pacientes e Familiares do Grupo da Nefrologia em


Setembro de 1999
• Nome/Idade/Escolaridade/Profissão
1. Tempo que você faz hemodiálise no HGF
2. Tempo que você faz parte do GO
3. Você freqüenta sem faltar as reuniões do GO? Sim/Não
4. Você chega no início das reuniões do GO? Sim/Às vezes/Não
5. Você colabora nas tarefas e atividades das reuniões de GO? Sim/Às vezes/Nunca
6. Sobre as reuniões do GO e sobre os assuntos que nelas são discutidos e decididos,
responda:
6.1. Elas têm ajudado você a entender a necessidade da hemodiálise? Pouco/Mais
ou Menos/Muito
6.2. Elas têm sido usadas no seu dia-a-dia, como uma pessoa que necessita de
hemodiálise? Pouco/Mais ou Menos/Muito
6.3. Elas têm colaborado para aumentar sua aproximação com os profissionais do
serviço de hemodiálise? Pouco/Mais ou Menos/Muito
6.4. Elas têm auxiliado para uma maior integração e uma melhor comunicação com
os seus companheiros de hemodiálise? Pouco/Mais ou Menos/Muito.
6.5. Elas têm dado oportunidade para você colocar e esclarecer suas dúvidas sobre o
seu tratamento? Pouco/Mais ou Menos/Muito.
7. Através de uma palavra, defina como você se sente quando participa do GO
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9º Roteiro com Vinte Depoimentos de Pacientes, Familiares e Profissionais sobre os


Grupos Operativos
1. Maria de Fatima Lima, 25 anos, mãe-acompanhante da Pediatria – “Antes estava
preocupada. Depois da reunião do GO me senti mais calma, mais leve”.
2. José Ademar Menezes, 46 anos, paciente renal crônico transplantado - “No GO a
gente fica mais inteligente sobre o tratamento”.
3. Teresinha Alves Barbosa, 58 anos, paciente renal crônica hemodialisada – “Acho o
GO bom. É um divertimento bom”.
4. Bernadete Pereira, 44 anos, mãe-acompanhante da Pediatria - “No GO a gente diz o
que sente”.
5. Jeane Maria Barros Alves, 43 anos, familiar de paciente da Oncologia – “O GO é
importante porque se tornou um elo entre paciente, médico e familiares”
6. Maria Almeida da Silva, paciente da Oncologia, 49 anos - “Depois que vim assistir
as reuniões do GO fiquei mais sábia”.
7. Lourdes Lima Rosendo, 44 anos, paciente da oncologia - “Eu acho o GO muito
importante, por que com ele aprendi mais sobre a minha doença”.
8. Lúcia Pereira, 25 anos, mãe-acompanhante da Pediatria – “Ë muito, muito bom”.
9. Maria de Jesus, 45 anos, mãe-acompanhante – “Se tiver triste, com saudade, com
as reunião diminui”.
10. José Soares Almeida, 32 anos, pai-acompanhante da pediatria – “É importante por
que ligam para as pessoas que estão aqui internadas”.
11. Elisabete Aguiar, enfermeira pediátrica - “O GO preencheu um vazio enorme que
existia na pediatria”
12. Jane Eyre Azevedo, psicóloga - “O GO nos possibilita o exercício concreto do
compromisso coletivo com a democracia, o respeito, o desenvolvimento da escuta e,
sobretudo, o acreditar nas potencialidades humanas”
13. Antônio Augusto, médico nefrologista – “O GO alcança a assistência completa a um
paciente renal crônico.”.
14. Michelle Santiago Montenegro, estudante e estagiária de serviço social – “O GO é
mágico!”
15. Ilvana Lima Verde, enfermeira cirúrgica – “Participar do GO tem me proporcionado
um crescimento tanto profissional como pessoal. Profissional no sentido de
44

conhecer mais de perto o paciente e sua doença, e pessoal porque percebi que vale
a pena viver, apesar da doença”.
16. George Vanderlei Pinheiro Silva, médico-residente em pediatria – “GO: boa iniciativa
com objetivo de tentar diminuir a ansiedade das mães durante o internamento de
seus filhos”.
17. Ana Maria Filizola, assistente social – “O GO é um excelente veículo de
humanização e integração entre a equipe de saúde e os pacientes”.
18. Deurismar, auxiliar de enfermagem da pediatria - “Melhorou o relacionamento do
acompanhante com o profissional médico”.
19. Regina, assistente social – “O GO promoveu junto aos acompanhantes momentos
de lazer, reflexão, descontração, tornando o ambiente mais salutar”
20. Sueli, enfermeira da hemodiálise – “O GO representa uma grande melhoria na
qualidade da assistência ao renal crônico”.
45

C. AVALIANDO OS GRUPOS OPERATIVOS ATRAVÉS DE TEXTOS


CIENTÍFICOS E RELATÓRIOS DE ATIVIDADES.

VII. EMENTA PARA PÔSTER: “GRUPO OPERATIVO:


INTERDISCIPLINARIDADE E PLANEJAMENTO, A QUALIDADE QUE SE
MULTIPLICA NO HGF”. OU: PÔSTER DOS “PROJETOS SINÓTICOS”
INTRODUÇÃO: Em janeiro de 1998 foi iniciado no serviço de hemodiálise do HGF o
primeiro grupo operativo. Posteriormente, essa experiência foi ampliada com a criação de
mais dois outros grupos: um, para os acompanhantes de crianças internadas nas
enfermarias pediátricas; o outro, para familiares e pacientes atendidos no serviço de
cirurgia oncológica. A implantação desses grupos se deu com base na necessidade de se
trabalhar os aspectos bio-psico-sociais. Para atuar nesta dimensão, seria necessária uma
intervenção globalizada (holística), sendo a proposta do grupo operativo, pelas
características da estrutura interdisciplinar e pelo funcionamento planificado, a mais
indicada para essa condição. OBJETIVOS: Atuar na problemática biopsicossocial;
incentivar o trabalho em equipe; melhorar a qualidade de vida do familiar e do paciente;
criar espaço grupal para informação, orientação, reflexão e operatividade sobre os
problemas relacionados à saúde. METODOLOGIA: O grupo operativo consiste numa forma
de pensar e operacionalizar através de uma equipe estruturalmente interdisciplinar, ou
seja, formada de maneira heterogênea, mas homogeneizada pela comunicativa interação
em torno de uma atividade. Dado essa estrutura, a equipe planifica sua ação, define
projetos de trabalhos, explicita funções operativas, e também administra a emergência de
situações que, determinadas pela complexidade dos elementos psicossociais envolvidos,
se manifestam como conflitos que dificultam, ou mesmo impedem o desenvolvimento das
atividades. As nossas três equipes no momento funcionam regularmente, sendo realizadas
dois tipos de reuniões; (1) reuniões de coordenação entre a equipe operativa e os clientes
– no conjunto, os três grupos já aglutinam cerca de trinta pacientes, familiares e
acompanhantes. Nessas reuniões, são realizadas tarefas especiais, tais como: encontros
para ajuda interpessoal, seminários e exposições para transmissão de informações
relevantes; oficinas de aprendizagem; jogos dramáticos etc.; (2) Reuniões de supervisão.
Nessas reuniões são feitas as avaliações e os planejamentos. Nelas participam somente
os membros das equipes – a composição média de cada equipe é de cinco componentes,
46

esses, que são especialistas de múltiplas áreas da saúde (medicina, enfermagem, serviço
social, terapia ocupacional e psicologia), assumem papéis operativos que variam, conforme
a formação do especialista e o seu grupo de atuação, mas estão intimamente vinculados
às suas especialidades – os papéis atualmente definidos são os de supervisor,
coordenador e orientador de tarefa especifica. RESULTADOS: Aprendizado da prática
interdisciplinar, treinamento da capacidade de planejamento, aumento da satisfação dos
profissionais, melhoria da qualidade de vida e incremento da saúde dos pacientes.

VIII. RELATO SOBRE A EXPERIÊNCIA DE GRUPO OPERATIVO COM PACIENTES E


FAMILIARES NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE DO HOSPITAL GERAL DE
FORTALEZA
1. Introdução
A idéia de se implantar um trabalho de Grupo Operativo no Serviço de Hemodiálise
do Hospital Geral de Fortaleza HGF surgiu, em janeiro de 1998, a partir de três fatores:
(1) Uma constatação relativa à prática no cotidiano clínico do serviço; (2) Um postulado
teórico; (3) Um projeto de trabalho.
A constatação é a de que a terapêutica hemodialítica envolve uma complexa
equação cujos principais termos são: um paciente sofrendo de uma doença grave e
crônica, a insuficiência renal; os profissionais; a máquina. Essa problemática exige, para
sua melhor solução, uma ação terapêutica global que considere os aspectos
biopsicossociais dos atores humanos, mais especificamente dos pacientes, nela
envolvidos.
O postulado teórico está referido à psiconefrologia - um pensamento que se
desenvolve desde a década de setenta, e que apregoa que deve-se evitar, ao máximo,
que interferências psicossociais decorrentes do tratamento hemodialítico (e da terapêutica
nefrológica em geral) impeçam o pleno gozo de uma vida saudável pelo paciente renal
crônico.
Completando, o projeto de trabalho que pode atender a necessidade dessa
intervenção global (biopsicossocial) teria que ser estruturalmente multiprofissional, e
funcionalmente interdisciplinar. Daí, a proposta do Grupo Operativo.
2. O GO como um modelo para trabalhos com pacientes crônicos do tipo
hemodialisado
Um grupo é operativo quando se reúne para realizar uma tarefa explicitamente
definida por todos os seus componentes. Essa idéia fez com que, na década de 60, o
psiquiatra e psicanalista argentino Enrique Pichon-Rivière (Suíça, 1907. Argentina, 1977)
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estruturasse uma teoria e desenvolvesse uma técnica para grupos operativos. Essa
técnica, que inicialmente foi aplicada no campo da psiquiatria, mostrou-se bastante fértil
em suas possibilidades de aplicações, e hoje é utilizada na coordenação de grupos em
diversas áreas de trabalho: terapêutica, pedagógica, organizacional etc.
Entre as aplicações terapêuticas, além da clínica psiquiátrica, as experiências já se
multiplicam por diversas outras clínicas médicas: nefrologia, endocrinologia, oncologia etc.
Na maioria dessas experiências, o público alvo são pacientes portadores de doenças
crônicas, debilitantes, tais como os que atendemos no nosso Serviço de Hemodiálise.
A teoria da técnica do GO é algo complexa, pois envolve postulados de múltiplas
escolas: tanto da psiquiatria, enquanto especialidade médica fundamentada na
psicopatologia, como da psicologia, enquanto ciência da “alma” e da normalidade
comportamental do ser humano. Em relação a isso, deve-se apenas dizer que o esquema
referencial teórico de Pichon-Rivière inclui os conhecimentos da Psicanálise de Sigmund
Freud (Austria, 1856. Inglaterra, 1939), da Gestaltpsychologie de Kurt Lewin (Alemanha,
1890. EUA, 1947), e da Sociometria de Jacob Levy Moreno (Romenia, 1892. EUA, 1974).
Todos esses conhecimentos são sintetizados, e apresentados conforme uma lógica
pertinente à concepção dialética de Jean Paul Sartre (França, 1905-1980) para o
desenvolvimento grupal.
Contudo, pode-se resumir todos os postulados teóricos dizendo-se que as
características básicas de um GO são a planificação e a interdisciplinaridade. Essas duas
características serão, a seguir, comentadas e enriquecidas por conceitos, dados históricos
e elementos da prática cotidiana no nosso grupo.
2.1. A planificação de um GO
A planificação, no sentido dado por Pichon-Rivière, significa que o grupo funciona
explicitamente centrado numa tarefa planejada, cuja realização constitui a sua razão de
ser.
No nosso grupo, a planificação foi materializada num projeto de trabalho cuja
discussão com aprovação e aceitação de seus termos, constituiu-se na primeira tarefa
grupal – essa tarefa foi desenvolvida numa reunião realizada em fevereiro de 1998
contando com a participação de um grupo composto por seis técnicos e oito pacientes com
familiares.
O projeto aprovado foi elaborado a partir de sugestões dos membros da equipe
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técnica, e seu modelo foi copiado de outros projetos de GO com pacientes crônicos. O
arcabouço desse modelo é formado pelos seguintes itens: (1) Introdução; (2) Identificação;
(3) Objetivo Geral; (4) Objetivos Específicos; (5) Estrutura; (6) Funcionamento.
A introdução consta de um sumário teórico sobre a teoria e a técnica do GO. Na
identificação estão os termos que dão referência institucional ao projeto – ou seja, um GO
formado por uma equipe técnica de coordenação, e por um conjunto de familiares e
pacientes portadores de insuficiência renal crônica. A equipe será composta com os
seguintes técnicos do hospital: um médico nefrologista, um médico psiquiatra, uma
enfermeira, uma assistente social, uma psicóloga, uma nutricionista. Foram convidados
todos os familiares e pacientes que estão em atendimento no programa de hemodiálise do
HGF. As reuniões acontecerão sempre na última quinta-feira de cada mês, entre 10:00 e
11:30 horas, na sala de reuniões do Setor de RX do hospital.
Quanto aos outros quatro itens do projeto, quais sejam: objetivo geral, objetivos
específicos, estrutura e funcionamento, vamos apresentá-los como comentários práticos ao
delineamento feito por Pichon-Rivière da teoria do GO.
Isto é, comentaremos com exemplos da nossa prática, os três parâmetros utilizados
para se entender o traçado da planificação num GO: (1) Os níveis da tarefa; (2) Os
momentos dinâmicos do desenvolvimento grupal; (3) Os fenômenos usados como critérios
de avaliação do desenvolvimento grupal.
2.1.1. Os níveis da tarefa
A realização de uma tarefa num GO comporta dois níveis: explícito e implícito.
(1o) O nível explícito está representado pelo trabalho produtivo (como resultante e
resultado da própria planificação) cuja realização constitui a razão de ser do grupo - por
exemplo, produção material, aprendizagem, cura, lazer etc. (2o) O nível implícito consiste
na totalidade das operações mentais que os membros do grupo, conjuntamente, devem
realizar para constituir, manter e desenvolver a sua grupalidade em torno da tarefa
explícita.
No nosso caso, o nível explícito refere-se aos objetivos gerais e específicos
definidos para serem alcançados. O objetivo geral seria o de melhor preparar os
pacientes do serviço de hemodiálise para enfrentarem as dificuldades que, relativas ao
campo psico-social, são inerentes ao tratamento hemodialítico, contribuindo assim para
um bom êxito da terapia nefrológica global.
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Quanto aos objetivos específicos, esses seriam: (1o) Favorecer ao grupo expor
seus questionamentos e dúvidas; (2o) Transmitir informações sobre a doença e os
métodos terapêuticos; (3o) Estimular a mudança de hábitos que favoreçam a melhoria de
vida do paciente; (4o) Incentivar a participação dos familiares no tratamento do seu
paciente; (5o) Sensibilizar para o transplante renal.
Para atingir os seus objetivos, o grupo realizaria em suas reuniões regulares
tarefas do tipo: exposições didáticas, depoimentos e debates, oficinas para treinamento
de habilidades, jogos dramáticos, atividades festivas e religiosas.
Em relação ao nível implícito, há um postulado bastante citado pelos teóricos
do GO: “o GO tem propósitos, problemas, recursos e conflitos que devem ser estudados e
atendidos pelo grupo mesmo, à medida que vão aparecendo”. Ou seja, cada grupo
trabalha com características específicas e engendra sua própria história. Mesmo
considerando esse postulado, iniciamos os trabalhos sabendo que alguns fenômenos,
que ocorrem implicitamente, são comuns a toda grupalidade. Também sabíamos que eles
conferem eficiência ao desenvolvimento da tarefa explícita. Entre esses fenômenos,
citamos:
• O grupo funciona como continente para a verbalização e resolução de
conflitos, associados ou não com a doença.
• O diagnóstico homogeneiza o grupo de pacientes e familiares. Isso permite a
emergência de mecanismos do tipo “solidariedade na desgraça” –
compreendido como um mecanismo de identificação projetiva que facilita a
empatia, que provoca intimidades, e que incrementa a troca de experiências e
da aprendizagem.
• Também com isso ocorre uma rápida percepção de que o grupo é também
uma fonte de conhecimentos práticos a serem explorados. Daí, o
aconselhamento e a ajuda mútua logo se estabelecerem entre os
participantes.
• A presença, e a interação com a equipe de técnica de coordenação é, por si
mesma, um fator efetivo no alívio da ansiedade pela doença.
• O estabelecimento de um clima de confiança, com postura participativa e
democrática, certamente contribui para o aperfeiçoamento humano, tornando
os pacientes mais ativos e integrados em seu contexto psico-social.
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Visando a obtenção de dados mais consistentes sobre o desenvolvimento do grupo


em torno dos seus objetivos gerais e específicos, realizamos, na vigésima primeira reunião
do GO ocorrida em setembro de 1999, uma pesquisa entre seis pacientes e quatro
familiares.
Essa pesquisa, que será comentada em dois momentos deste artigo: neste item, e no
item em que forem feitos comentários sobre os fenômenos usados como critérios para
avaliação do desenvolvimento de um GO, constava de três tipos de perguntas - dados de
identificação e tempo de participação no GO; perguntas com respostas do tipo sim/não/não
sei; pergunta para se obter uma apreciação subjetiva (“sumaríssima”) sobre as reuniões do
GO.
Na identificação dos pacientes consta que dos seis componentes, quatro são do sexo
feminino e dois do sexo masculino. A idade média dos participantes é de quarenta anos. Em
termos de escolaridade, um é analfabeto, quatro têm alfabetização funcional incompleta
(isto é, de acordo com o IBGE não completaram as quatro primeiras séries do primeiro
grau), e um está no segundo grau. Profissionalmente, dois são estudantes, dois se dedicam
aos trabalhos domésticos, um trabalha como zelador e outro como cozinheiro. Em média,
eles fazem diálise há cerca de quatro anos, e já participaram de 18 reuniões do GO.
Na identificação dos familiares, houve diversidade quanto ao grau de parentesco, ou
seja: um pai, uma mãe, uma filha e uma esposa. A idade média é de 42 anos. Três têm
alfabetização funcional completa (completaram as quatro primeiras séries do primeiro grau)
e um tem o segundo grau. Profissionalmente um é professor, os demais se dedicam aos
trabalhos domésticos. Em média, já participaram de 14 reuniões do GO.
Os questionários aplicados entre pacientes e familiares têm uma estrutura
semelhante, e todos responderam com um “Sim” às cinco perguntas formuladas, que foram
as seguintes: (1ª) As tarefas do GO têm ajudado você a entender a necessidade da
hemodiálise? (2ª) Têm sido utilizadas no seu dia-a-dia, como uma pessoa (ou familiar de
um paciente) que necessita de hemodiálise? (3ª) Têm colaborado para aumentar sua
aproximação com os profissionais do serviço de hemodiálise? (4ª) Têm auxiliado para uma
maior integração e uma melhor comunicação com os companheiros de hemodiálise? (5ª)
Têm dado oportunidade para você colocar e esclarecer suas dúvidas sobre o tratamento?
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No tocante à apreciação subjetiva das atividades, essa foi bastante positiva. Nessa
rubrica foi feita a seguinte solicitação: através de uma palavra, defina como você se sente
quando participa das reuniões do GO. Nas respostas verifica-se que, dos dez que
responderam, sete disseram que se sentem “muito bem”, e os demais disseram que se
sentem “contente”, “feliz”, “a vontade”.
2.1.2. Momentos dinâmicos do desenvolvimento grupal
Um GO desenvolve-se em três momentos: pré-tarefa, tarefa e projeto. (1o) Na pré-
tarefa se evidenciam condutas (ansiedades) indicativas de resistências às mudanças. Essas
ansiedades, quando não convenientemente superadas, impedem o desenvolvimento da
tarefa e inviabiliza a própria existência grupal; (2o) Na tarefa, o grupo, ao mesmo tempo que
elabora e supera essas ansiedades, faz a abordagem planificada do objeto de
conhecimento, ou seja, realiza o produto grupal. (3o) O projeto surge assim como inerente à
tarefa. Conscientemente, dá-se quando todos os membros do grupo têm conhecimento de
que pertencem a uma grupalidade específica, com objetivos também específicos. O projeto
se concretiza na elaboração, geralmente por escrito, de um plano de trabalho.
Ha um notável detalhe no funcionamento de nosso GO: ele se desdobra em três
conjuntos. Quais sejam: o grupo globalmente considerado - esse é formado por um conjunto
de técnicos coordenadores e um conjunto de pacientes e familiares coordenados; o
subgrupo de técnicos; o subgrupo de pacientes e familiares.
No planejamento anual de 1999, definimos um cronograma de atividades
diferenciadas para cada um desses conjuntos: para o grupo global, as reuniões
continuariam a ser realizadas conforme o projeto original, ou seja, nas últimas quintas feiras
de cada mês. Para o grupo de coordenação, seriam realizadas reuniões (a título de
supervisão) a cada trimestre. Para o grupo de familiares e pacientes ficou definido a
realização de reuniões semestrais.
Ao tempo que escrevemos este artigo, dezembro de 1999, verificamos que todas as
reuniões globais e de supervisão foram realizadas neste ano. Contudo, mesmo tendo
havido, por parte de alguns personagens, uma tentativa nesse sentido, o grupo de pacientes
e familiares ainda não conseguiu se articular para realizar uma tarefa autonomamente.
Desse modo, falando das etapas do desenvolvimento grupal, pode-se,
empiricamente, afirmar que o grupo globalmente considerado está plenamente na fase de
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tarefa. O subgrupo de técnicos, quando agrega ao desenvolvimento de sua tarefa de


coordenação o momento de supervisão, deixa implícita a idéia de uma etapa de projeto para
autonomia grupal. Esse projeto, por sua vez, busca se explicitar através da multiplicação
com publicação de sua experiência. O subgrupo de pacientes e familiares ainda não
conseguiu se reunir para realizar tarefas específicas. Estando porisso, do ponto de vista
técnico, na etapa da pré-tarefa.
Temos uma explicação para esse último fato. De acordo com a teoria de Pichon-
Rivière, no momento da pré-tarefa há, muitas vezes de modo inconsciente para o próprio
grupo, um predomínio de ansiedades que se manifestam como condutas significativas de
resistência à mudança. Essas ansiedades podem ser consideradas como dois medos
básicos: medo da perda de um status quo, ou seja, medo da perda de um equilíbrio já
obtido anteriormente; medo de enfrentar uma nova situação em que o sujeito grupal não
conhece e nem se sente instrumentado.
A partir dessa teoria, pode-se afirmar que os pacientes e familiares não se
articulam com autonomia pelo duplo medo: primeiro, de perda de um status quo. Esse é
formado, formalizado e fossilizado através de uma prática assistencial baseada num
modelo médico, cujo aparato institucional não lhes permitem participar de maneira ativa e
autônoma do processo de seu tratamento, daí a sua passividade e dependência.
Segundo, o medo de não se sentirem, do ponto de vista técnico, suficientemente
instrumentados para dar conta de sua tarefa. Quanto a isso, de antemão informamos que
pretendemos incluir no planejamento do próximo período (ano 2000) reuniões para treinar
e aperfeiçoar habilidades na organização de atividades de GO.
2.1.3. Fenômenos usados como critérios de avaliação do desenvolvimento grupal
Pichon-Rivière observou na dinâmica grupal alguns fenômenos recorrentes que,
por se manifestarem como modelos de conduta da grupalidade, poderiam servir como
critério de avaliação dos processos de interação e integração grupal. Ele também
observou que esses fenômenos articulavam o implícito ao explícito da tarefa, e propôs
que fossem sistematizados numa escala de avaliação que denominou de Esquema do
Cone Invertido.
São sete os tipos de fenômenos sistematizados: (1º) Identificação. Processo em
que a individualidade se identifica, mas ainda não está integrado à dinâmica grupal; (2º)
Pertença. Conseqüente da identificação, implica na afiliação, com consciência de
pertencimento, do indivíduo ao grupo; (3º) Comunicação. Significando reciprocidade e
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troca de informações; (4º) Cooperação. Consiste na contribuição, ainda que silenciosa,


para com a tarefa grupal. É estabelecida sobre papéis diferenciados, e é o que torna
manifesto o carácter interdisciplinar do Grupo Operativo; (5º) Pertinência. Manifesta-se na
concentração do grupo na tarefa prescrita. Avalia-se a qualidade da pertinência através
da especialização na produtividade grupal. Quanto mais especializado for um grupo em
sua tarefa, mais pertinente será; (6º) Aprendizagem. Síntese instrumental conseguida
pelo grupo. É avaliada pela adaptação ativa à realidade, pela resolução das ansiedades, e
pela criatividade e capacidade de elaboração de projetos grupais; (7º) Tele. Termo
elaborado por Moreno em sua teoria sociométrica, significa a força que permite que o
grupo, desde os primórdios da identificação e da pertença, continue interagindo e
integrado em torno da tarefa. Desse modo, o tele seria, ao mesmo tempo, uma síntese e
também o “ponto culminante” da eficiência em todos os processos anteriormente
avaliados.
Esses fenômenos foram igualmente observados nas atividades do nosso GO. Para
comentá-los, utilizaremos os dados da pesquisa que já apresentamos no item sobre os
níveis implícito e explícito da tarefa. Também, para complementar esses comentários,
apresentaremos algumas indagações que os pacientes e familiares formularam (alguns
por escrito) durante um debate sobre transplante renal acontecido com o grupo.
As cinco perguntas da supramencionada pesquisa também podem ser diretamente
utilizadas para avaliação de quatro dos fenômenos básicos, quais sejam: pertença,
comunicação, colaboração, aprendizagem. Desse modo, como todas as perguntas foram
respondidas com um “sim” por todos os entrevistados, de antemão podemos afirmar que,
conforme esses quatro parâmetros, é significativamente positivo o desenvolvimento do
nosso GO.
Especificamente sobre a questão da pertença (esse, enquanto sentimento de
pertencer, de estar integrado, inclui o fenômeno da identificação), da comunicação, e da
colaboração estão relacionadas duas perguntas: as atividades do GO têm colaborado para
aumentar sua aproximação com os profissionais do serviço de hemodiálise? Elas têm
auxiliado para uma maior integração e uma melhor comunicação com os companheiros de
hemodiálise?
Com a questão da aprendizagem se relacionam as outras três perguntas: as
tarefas do GO têm ajudado você a entender a necessidade da hemodiálise? Elas têm sido
utilizadas no seu dia-a-dia, como uma pessoa (ou familiar de um paciente) que necessita
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de hemodiálise? Elas têm dado oportunidade para você colocar e esclarecer suas dúvidas
sobre o tratamento?
Ainda em relação à aprendizagem, sem que fosse explicitamente solicitado, dois
dos respondentes da pesquisa justificaram com o fato de estarem aprendendo o por que
estavam contentes e se sentido bem com o GO. Eles escreveram: “Sinto-me contente, por
que aprendi coisas úteis”, “Sinto-me bem, aprendo muitas coisas”.
Quanto aos outros dois fenômenos restantes – pertinência e tele, serão comentados
do seguinte modo: como avaliação da pertinência, serão explicadas as indagações acima
mencionadas. O tele será vinculado à apreciação subjetiva contida na pesquisa, a qual
também já foi apresentada anteriormente.
As indagações foram feitas durante uma reunião que tinha como tarefa a exposição
sobre os procedimentos adotados pelo Sistema Único de Saúde SUS-Fortaleza para
viabilizar um transplante renal. Foram formuladas mais de vinte perguntas, dessas
destacamos as seguintes: Fazer transplante é seguro? O que é preciso para se realizar
um transplante? Por que o organismo não aceita o orgão transplantado? A maioria dos
transplantes são bem sucedidos? Se o rim for rejeitado, o que acontece com o paciente?
Quanto tempo uma pessoa fica com saúde após um transplante? É possível parar de
tomar os remédios após o transplante? Uma pessoa com seu próprio rim pode comer todo
tipo de comida, por que a mesma coisa não acontece com alguém com um rim
transplantado?
Observar que as indagações, em si, já são apropriadas, portanto são pertinentes às
atividades do grupo. Contudo, chama-nos ainda a atenção a sofisticação de sua lógica,
isso exigiu, por parte do orientador nefrológico, conhecimentos altamente especializados
para respondê-las de maneira conveniente. Assim, podemos avaliar como alto o grau de
pertinência em nosso GO.
Num grupo, o fenômeno tele, como fator matemático, pode ser objetivamente
captado através de um Teste Sociométrico. No entanto, sua íntima relação com a
afetividade permite que, nesse mesmo grupo, possa-se avaliar o seu nível por analogia à
qualidade das manifestações afetivas grupal. Dessa maneira, pode-se afirmar que uma
afetividade positiva indica (numa avaliação subjetiva) um alto nível de desenvolvimento do
tele.
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Em suma, pelas respostas da apreciação subjetiva contida na pesquisa – “muito


bem”, “contente”, “feliz”, “a vontade” - dá para concluir que no nosso GO o tele é alto, e que
isso implica numa boa integração grupal.

2.2. A interdisciplinaridade no GO
A Interdisciplinaridade de um GO se efetiva na formação de grupos heterogêneos,
nos quais cada membro traz para a grupalidade o seu conjunto de conhecimentos,
experiências e afetos, havendo assim uma diferenciação de papéis com enriquecimento
da tarefa grupal.
Pode-se afirmar que o nosso GO é globalmente heterogêneo, pois reúne as três
principais categorias de papéis sociais que estão presentes numa qualquer instituição
médica, quais sejam: técnicos, pacientes e familiares. Ademais, entre cada uma dessas
categorias observa-se que há bastante heterogeneidade – mesmo entre os pacientes,
onde a doença homogeneiza o conjunto, verifica-se que há diversidade com a presença
de sexo masculino e feminino, de idades diferenciadas (adolescente, adultos e idosos), e
de amplo nível educacional.
No entanto, é no conjunto de técnicos onde se efetiva com máxima intensidade a
heterogeneidade. Como é isso o que permite um máximo de interdisciplinaridade em
nosso espaço grupal, então, este capítulo será dedicado especificamente à construção da
interdisciplinaridade na equipe técnica.
Antes de continuar comentando com exemplos da prática o delineamento teórico
feito por Pichon-Rivière, achamos necessário apresentar algumas proposições que fazem
da interdisciplinaridade não só uma prática cotidiana, mas uma questão de princípio para
o nosso GO. Essas proposições foram inicialmente apresentadas num seminário
hospitalar onde a pauta das discussões incluía o trabalho de GO com pacientes
cronificados, e foram denominadas de “Cinco argumentos que demonstram a
necessidade de se implantar um trabalho interdisciplinar no espaço hospitalar”. Os
argumentos são:
1. Ontológico - “Ontologia: estudo do ser”. O hospital deve considerar o ser humano
(paciente-cliente) como uma unidade tridimensional: biológica, psicológica e
social.
2. Teleológico - “Teleologia: estudo das finalidades”. A finalidade do hospital é o
restabelecimento da saúde desse ser humano. O termo saúde só pode se
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referir a essa tridimensionalidade, pois, como define a Organização Mundial de


Saúde, ela representa o completo bem estar bio-psico-social humano.
3. Metodológico - Só um instrumento interdisciplinar e, portanto, multidisciplinar,
pode dar conta das múltiplas variedades clínicas, e dos vários tipos de processos
sociais em que se subdivide o trabalho em saúde.
4. Estético. A diferença (interprofissional) é o que engendra sempre o novo e o
inesperado. Daí, a possibilidade de se agregar mais prazer, dando beleza ao
trabalho de saúde no meio hospitalar.
5. Ético. A ética, enquanto um modelo de busca para aquilo que os filósofos
chamam de meta mais elevada da vida humana, encontra-se atualmente
fundamentada no termo consenso. Ou seja, num senso comum obtido através de
um acordo entre diferenças: inter-pessoal, inter-funcional, inter-grupal, inter-
disciplinar.
Dado esses argumentos, podemos então continuar a falar da teoria e da prática do
GO. Assim como acontece com os níveis implícito e explícito da tarefa, os papéis sociais
constituintes de um grupo em tarefa, também podem ser classificados em duas categorias:
informais e formais.
2.2.1. Papéis informais
Os papéis informais surgem espontaneamente no cotidiano das atividades
planejadas. Isto é, tratam-se de papéis relacionados aos chamados fatores humanos da
tarefa, fatores esses que estão submetidos a forças incontroláveis e/ou inconscientes,
portanto, não racionalizada pelos seres humanos que estão envolvidos na tarefa
planificada.
Pichon-Rivière observou no cotidiano das atividades em GO a emergência de quatro
modalidades desses papéis: líder, porta-voz, bode expiatório, sabotador. (1º) O líder é
aquele indivíduo que no acontecer grupal se faz depositário dos aspectos positivos,
tornando-se uma espécie de direcionador das diversas atividades desenvolvidas pelo
grupo; (2º) O porta-voz é o membro que, em um dado momento, denuncia as fantasias, as
ansiedades e as necessidades de autonomia e totalidade do grupo. Nele, se conjugam o
que Pichon-Rivière chamou de verticalidade e horizontalidade grupal. Entendendo-se por
verticalidade aquilo que se refere à história pessoal do sujeito que emerge como porta-voz,
e por horizontalidade o processo atual que acontece no aqui-agora da totalidade dos
membros de seu grupo; (3º) O bode expiatório, ao contrário do líder, se faz depositário dos
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aspectos negativos e aterrorizantes da tarefa ou do grupo. Nessas situações, aparecem os


mecanismos de segregação que fazem com que este membro seja isolado das atividades
em andamento; (4º) O sabotador é um representante das forças (geralmente externas, mas
também internas) que se opõem à tarefa grupal.
Teoricamente, o funcionamento de um GO é considerado ótimo quando os líderes
são valorizados, o porta-voz é escutado, o surgimento de bode-expiatório é evitado, e o
sabotador é denunciado através de mecanismos como interpretação e/ou assinalamento
da sua ação de sabotagem.
Na prática do nosso grupo, podemos observar fatos que evidenciam a emergência
desses quatro papéis. Dos quatro, somente o porta-voz não será comentado, pois em que
pese esse papel ser costumeiramente observado nas atividades, em nenhum momento
sua emergência deu-se de maneira que fosse interessante aqui registrar.
Quanto ao líder, praticamos a sua valorização através de um rodízio de
coordenação. Isto é, frequentemente programamos atividades para serem coordenadas
pelos diversos componentes da equipe. Um exemplo: o orientador em nefrologia já
coordenou duas reuniões em que o assunto era transplante renal. A mesma coisa
aconteceu com os outros orientadores que já coordenaram atividades específicas de suas
áreas profissionais.
Em relação ao bode-expiatório, este é um papel indicativo de intenso conflito grupal.
No nosso grupo, isso aconteceu no final de seu primeiro ano de existência, e uma situação
análoga ao de bode expiatório se configurou então.
Na reunião de supervisão (e planejamento para o ano de 1999) de dezembro de
1998, houve um “pequeno” atrito entre o supervisor e uma das orientadoras que até então
fazia parte da equipe de coordenação. Esse atrito foi desencadeado quando a orientadora,
enfaticamente, advertiu ao grupo de que o tempo da reunião “estava esgotado”. Em
resposta, o supervisor retrucou (também com um tom enfático) que sua advertência era
improcedente, uma vez que havia ficado deliberado na reunião de supervisão anterior, na
qual ela não estava presente, que o tempo do encontro para planejamento do final de ano
seria prolongado. Com isso, instaurou-se um conflito verbal.
Em conseqüência desse conflito, foi desencadeada uma dupla ação: especialmente
nos momentos imediatos que se seguiram à reunião, a orientadora adotou uma conduta
fenomenologicamente ambivalente. Isto é, hostil em relação ao supervisor, mas
cooperativa em relação as atividades do GO. Quanto aos demais componentes da equipe
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técnica, por sugestão feita pelo próprio supervisor, buscou-se uma ação de moderação,
(“dar tempo ao tempo”) para que o conflito fosse melhor solucionado. Com isso, num
espaço de três meses, pelo menos três reuniões especificas foram realizadas para reflexão
e deliberação sobre o ocorrido.
Finalmente, na reunião de supervisão ocorrida em março de 1999, em que, com
exceção da referida orientadora que se recusou a comparecer, estavam presentes os
demais membros da equipe, a questão foi “fechada” com uma constatação - precedendo
problemas relacionados à idiossincrasias de personalidade e de conduta funcional tanto da
orientadora como do supervisor, havia algo com maior importância para explicar o conflito
no grupo: uma duplicidade de papéis. Essa estava representada no fato de que junto da
referida orientadora havia uma outra profissional exercendo a mesma função de sua
especialidade no GO. Entre outros detalhes, presumimos que foi isso o que determinou a
sua ausência no encontro anterior, não tendo ela comparecido (a mesma coisa já havia
ocorrido em oportunidades anteriores) por que supôs que a outra colega de especialidade
estaria presente e lhe representando na reunião. Mas isso não aconteceu, e como
nenhuma das duas estava presente, ela não tomou conhecimento de todas as
deliberações adotadas, daí a desinformação que gerou o “ruído” comunicacional, levando
ao conflito grupal.
Dado essa constatação, e considerando o fato de que a orientadora estava se
recusando a comparecer às reuniões do GO que foram realizadas para solucionar o
conflito, então ficou decidido que ela não mais faria parte da equipe técnica, que então, de
um modo conveniente, passou a ter em cada uma das especialidades somente um
profissional orientador.
Analisar o papel de sabotador é ainda mais delicado do que analisar o papel de
bode expiatório. Ambos implicam em intenso conflito grupal, somente que no caso do
sabotador, além dos componentes internos, geralmente o fator conflitual é determinado por
forças externas ao grupo. Sendo assim, antes de se analisar o processo desencadeado
pela presença de tal função num GO como o nosso, seria necessário fazer uma
consistente análise histórica sobre o do por que essas forças externas estariam
interessadas em boicotar as atividades do grupo. Isso, entendemos, demandaria um
esforço analítico sobre os interesses políticos e econômico-sociais que sempre são os
fundamentos determinantes de situações semelhantes.
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Consideramos que esse esforço não é pertinente ao conteúdo deste trabalho.


Contudo, também não somos ingênuos para imaginar que quando se realiza um trabalho
com a pretensão de organização e de planejamento como o do nosso GO, esse não
desperte temores (na instituição hospitalar considerada como um todo, ou em partes de
seus serviços), receios que desembocam em condutas de ma fé, típicas de boicote às
atividades do grupo.
Pelo menos foi isso o que suspeitamos a partir de um incidente menor que ocorreu
durante o já citado seminário hospitalar. Nesse seminário, a apresentação do GO foi feita
em conjunto pela equipe técnica e por representantes de pacientes e familiares. Durante
essa apresentação, por duas vezes, os trabalhos foram interrompidos por uma senhora
estranha, com comportamento e vestes características de que estava transtornada
mentalmente: ela entra no auditório e, de modo inesperado, dirige-se à mesa de direção
(onde estávamos), para, de maneira dramática, pedir ajuda pois estava doente. No
primeiro momento, paramos a sessão e a situação foi contornada com a paciente sendo
levada, pelo supervisor que estava coordenando a mesa de apresentação, até o setor de
atendimento especial do hospital. Mas logo que os trabalhos foram reiniciados, a mesma
senhora entra na sala e volta a prejudicar o desenvolvimento da tarefa. Nesse momento,
foi solicitado a intervenção de um dos diretores do hospital que estava presente na sessão,
e o problema foi solucionado.
Após esse acontecimento, uma dupla pergunta nos deixou curioso – como uma
paciente, visivelmente transtornada, consegue chegar, passar por diversos setores do
hospital (inclusive portaria), ir à ala de administração hospitalar onde está localizado o
auditório, e aì entrar atrapalhando um seminário? Como explicar o fato dessa mesma
paciente, após ter sido levada ao setor do hospital que deveria ser o responsável pelas
providências em situações semelhantes, ter sido liberada e permitindo que voltasse para o
auditório interferindo, mais uma vez, no bom encaminhamento da reunião?
São perguntas que, salvo uma ação de puro acaso, só encontrariam respostas
plenamente convincentes se recorremos à lógica do sabotador. Nesse, o sabotador seria
não a paciente, presumivelmente essa foi apenas “guiada” por alguém (o boicotador) até o
recinto para prejudicar (boicotar) a tarefa do GO.
2.2.2. Papéis formalmente constituídos no GO
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São aqueles papéis que o grupo formaliza durante o planejamento de suas tarefas.
A escola de psicologia social liderada por Pichon-Rivière só define duas modalidades de
papéis: coordenador e observador da dinâmica grupal.
O coordenador tem dupla função: aglutinar o grupo e fazê-lo agir, otimamente, em
torno da tarefa. O observador geralmente não é participativo. Sua função consiste em
recolher todo material verbal e não verbal, com o objetivo de ‘realimentar’ o coordenador
facilitando a utilização das suas técnicas de condução.
Além desses papéis formais, a plasticidade da técnica do GO tem permitido que,
dependendo de necessidades circunstanciais, haja modificações e outras funções sejam
formalizadas. No nosso GO, não formalizamos o papel de observador, mas formalizamos os
papéis de supervisor e orientador de atividades especializadas.
O supervisor trabalha mais diretamente vinculado à equipe técnica. Sua função
também é dupla: reflexão e ação. Reflete com o grupo sobre as relações que os seus
integrantes estabelecem entre si, e com a tarefa prescrita; e age como um regulador das
ansiedades que surgem na realização da tarefa e, em conseqüência, como facilitador do
posicionamento e da decisão grupal. Os orientadores de tarefa têm, como a denominação
indica, a orientação de trabalhos profissionais específicos. Assim, no nosso grupo, há os
orientadores nas áreas de nefrologia, enfermagem, nutrição e psicologia.
3. Conclusão
Nossa conclusão é sumária e, como semelhante à do projeto de trabalho, também
é uma mensagem de esperança, isto é, os trabalhos de nosso GO se inserem na
perspectivas de uma vida saudável para o hemodialisado, permitindo-lhe administrar com
plena espontaneidade e criatividade a sua patologia.

Bibliografia
• ALMANAQUE ABRIL 95. São Paulo: Editora Abril,1995
• ARNOLD, W; EYSENCK, H. J & MEILI, R. - Dicionário de psicologia. São Paulo:
Loyola, 1994.
• BLEGER, J. - Grupos Operativos no ensino. In: “Temas de Psicologia”. São Paulo:
Martins Fontes, 1981.
• Botega, Neury J. (Org.)- Serviços de saúde mental no hospital geral. Campinas, SP:
Papirus, 1995.
61

• CARNEIRO, Francisco Danúzio de Macêdo. Introdução à Teoria e à Técnica do Grupo


Operativo. In: XVII Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Fortaleza-Ceará, 1999. Anais
(No Prelo)
• Carneiro, Francisco Danúzio de Macêdo. Síntese teórica e reflexões sobre as limitações
e aplicabilidade da técnica do grupo operativo. Revista de Humanidades, Ano 6 - N. 4.
Fortaleza: Centro de Ciências Humanas da UNIFOR, 1989.
• CARNEIRO, Francisco Danúzio de Macêdo et al. - Utilização da técnica do grupo
operativo na minha escola profissionalizante da APAE-Fortaleza. In: XII CONGRESSO
DA FEDERAÇÃO NACIONAL DAS APAES. Salvador-Brasil, 1985. (Apostila
Mimeografada)
• Castilho, Áurea - Liderando grupos: um enfoque gerencial. Rio de Janeiro: Qualitymark,
1992
• Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo-Rio de Janeiro: Enciclopaedia Britannica
do Brasil, 1979
• GAYOTTO, M.L.C. - Experiência acumulativa de G.O. - um campo de formação e
experiência na Psicologia Social.– Pontifícia Universidade Católica-SP. Cadernos
PUC, Psicologia, 11, s/d.
• KAPLAN, Haroldo I. SADOCK, Benjamin J. Compêndio de psicoterapia de grupo;
tradução de José Octávio de A. Abreu e Dayse Batista, revisão de Adonay Genovese
Filho. Porto Alegre: artes Médicas, 1996.
• LAPASSADE, Georges – Grupos, organizações e instituições; tradução de Henrique
Augusto de Araújo Mesquita, prefácio de Juliette Favez-Boutonnier. Rio de Janeiro: F.
Alves, 1983.
• LEVY, Norman B. Tenth International Conference on Psychonephrology. Dialysis &
Transplantation, may 1996, pag. 291, 320.
• OSÓRIO, Luiz Carlos et al. – Grupoterapia hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986
• PICHON-RIVIÈRE, Enrique - O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
62

VIII. QUESTIONÁRIO: O GRUPO OPERATIVO NO “MAPA NACIONAL DE


INICIATIVAS DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR”
1. Dados gerais:
♦ Nome da iniciativa: Projeto de Grupo Operativo nos Serviços de Nefrologia, Cirurgia
Oncológica e Pediatria
♦ Responsável: Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro. Cargo: Médico-Psiquiatra,
Supervisor do Projeto, Responsável pelo preenchimento deste questionário.
2. Data de início:
♦ 28/01/1998 (Primeira reunião do Grupo Operativo da Nefrologia)
3. A iniciativa se encontra em andamento?
♦ Sim
4. Síntese do diagnóstico ou da situação problema que justificou sua implantação:
♦ A implantação de cada um dos três Grupos Operativos em funcionamento se deu com
base em situações problemas especificamente diferenciadas: (1) Na Nefrologia
constatou-se que as interferências psico-sociais decorrentes do tratamento
hemodialítico impedem o pleno gozo de uma vida saudável pelo paciente; (2) Na
Pediatria verificou-se que o estresse devido às dificuldades de comunicação entre a
equipe técnica e os acompanhantes das crianças internadas era um fator de
agravamento da problemática médica; (3) Na oncologia houve a constatação de que os
fatores emocionais têm significativa importância para a evolução da doença, e também
para a máxima eficácia da terapêutica clínica e cirúrgica adotada.
5. Objetivos:
♦ Os três grupos têm um mesmo objetivo geral, qual seja: “Oportunizar aos pacientes e
familiares um espaço grupal para informação, orientação, reflexão e operatividade
sobre a doença e a sua terapêutica”. No entanto, cada grupo tem seus objetivos
específicos, deles os principais são: (1) Transmitir informações sobre a doença e os
métodos terapêuticos; (2) Estimular a mudança de hábitos que favoreçam a melhoria
nas condições de vida; (3) Realização de atividades para o resgate ou a melhoria da
auto-estima; (4) Conscientização sobre as vantagens de seguir as instruções médicas;
(5) Incentivar a participação dos familiares; (6) Estimular a integração grupal,
favorecendo a reintegração sócio-comunitária; (7) Propiciar aos membros das equipes
técnicas um espaço interdisciplinar, eficientizando as ações que desenvolvem como
profissionais na área de saúde.
63

6. Quais áreas da instituição foram envolvidas?


♦ Serviços de Nefrologia, Cirurgia e Pediatria
7. Qual o perfil da população atendida?
a) Público externo (usuários) - Obs. Dependendo da atividade, quando somados os três
grupos chegam a reunir mais de 50 pacientes, familiares e acompanhantes de todas as
faixas etárias.
♦ Crianças
♦ Adolescentes
♦ Mulheres adultas
♦ Homens adultos
♦ Pessoas da terceira idade
b) Público interno (profissionais)
♦ Médicos
♦ Enfermeiros
♦ Outros profissionais de nível superior (assistentes sociais, psicólogos etc.)
8. Descreva as atividades desenvolvidas:
♦ Os três grupos funcionam de maneira planificada, e cada grupo planifica atividades
especificamente dirigidas às necessidades de sua população. No entanto, de uma
maneira geral, todos os grupos realizam ações de acordo com um mesmo padrão
metodológico, qual seja: (1) Reuniões para avaliação e planejamento de atividades; (2)
Encontros para estabelecimento de ajuda interpessoal; (3) Seminários e exposições
para transmissão de informações relevantes à doença e à terapêutica; (4) Oficinas para
aprendizagem de alternativas (alimentação, ocupacional etc.); (5) Jogos dramáticos; (6)
Comemorações festivas.
9. Recursos envolvidos:
a) Humanos: os três grupos envolvem 15 profissionais, sendo 04 médicos, 03 enfermeiras,
03 assistentes sociais, 02 psicólogas, 01 terapeuta ocupacional, 01 nutricionista, 01
fonoaudióloga.
b) Materiais (equipamentos e verbas): além de materiais diversos, tais como os utilizados
em atividades especializadas - por exemplo, numa oficina de arte-terapia pode-se
utilizar papel, lápis, pincéis, canetas, colas etc -, o único equipamento realmente
necessário para o desenvolvimento de um Grupo Operativo é um espaço adequado,
64

preferencialmente uma sala com capacidade de comportar, com conforto, um grupo de


15 a 20 participantes de uma reunião.
10. Os quadros gerenciais de sua instituição apoiam esta iniciativa?
♦ Sim
♦ Como principal explicação para a resposta, cita-se o fato de que alguns dirigentes de
serviços e setores da Instituição, entre eles os chefes dos Serviços de Nefrologia e
Pediatria e a Coordenadora da Divisão de Qualidade do Hospital, participam
diretamente das equipes operativas.
11. Este trabalho conta com a participação e/ou apoio da comunidade externa à
Instituição?
♦ Sim. Voluntários e Usuários.
12. Faça um breve resumo dos resultados já obtidos com esta iniciativa de
humanização:
♦ Como resultados, destaca-se que houve a implantação e um significativo
desenvolvimento de uma mentalidade de trabalho interdisciplinar no hospital, bem
como o incremento da capacidade de planificação no meio institucional. Ainda como
outro importante resultado (tangível através de pesquisas qualitativas e quantitativas),
pode-se citar a crescente satisfação dos profissionais, pacientes e familiares envolvidos
no projeto.
13. Mais algum comentário adicional?
♦ Aproveitamos o ensejo para assinalar que a técnica do Grupo Operativo foi criada na
década de sessenta pelo psiquiatra e psicanalista argentino Enrique Pichon-Rivière.
Inicialmente, foi utilizada no campo da psiquiatria, onde mostrou-se bastante fértil em
suas possibilidades de aplicações, sendo hoje ampliada e utilizada em outras clínicas
médicas: nefrologia, endocrinologia, oncologia etc. A técnica apresenta duas
características: planejamento e interdisciplinaridade. Ressalte-se que essa última
característica se vincula ao fator heterogeneidade, o qual, por sua vez, se relaciona à
questão da diferença que, no caso de nossa experiência, está se manifestando na
criação de um modelo diferente de Grupo Operativo, qual seja, o denominado
PROJETO RIM ARTE. Esse projeto se desenvolve há um ano, e nele os pacientes e
familiares do Serviço de Nefrologia, através de trabalhos artísticos manuais (fabricação
de cestos, confecções de cartões, pinturas de roupas etc.), desenvolvem habilidades,
melhoram a auto-estima e cultivam a alegria do viver na produção coletiva.
65

D. DIVULGANDO E IMAGINANDO POR MEIO DE FOTOGRAFIA OS


TRÊS GRUPOS OPERATIVOS EM ATIVIDADES.

X. TEXTO NO PRIMEIRO FOLDER DE APRESENTAÇÃO DO GO DA HEMODIÁLISE


1) Apresentação Histórica
A assistência ao paciente com insuficiência renal no HGF deixou de ser
exclusivamente médico clínico e, a partir de uma visão global do ser humano, passou a
ter carácter interdisciplinar.
O desenvolvimento dessa nova característica de trabalho, por um lado, foi
inspirado nas concepções elaboradas pela psico-nefrologia - conforme essa corrente, que
se iniciou na década de setenta nos Estados Unidos da América, deve-se evitar que
interferências psicossociais decorrentes do tratamento hemodialítico impeçam o gozo de
uma vida saudável pelo paciente renal crônico.
Por outro lado, está sendo possível graças ao empenho de uma Equipe
Interdisciplinar que adotou, como método de trabalho, o Grupo Operativo estruturado na
teoria do Dr. Enrique Pichon-Rivière.
A idéia dessa equipe surgiu de uma conversa informal que tivemos com nossa
assistente social. Daí, convidamos outros profissionais: psiquiatra, psicólogo, enfermeira e
nutricionista, para uma reunião especial onde foi sugerido e aceito um Projeto de Grupo
Operativo como o modelo mais indicado para o trabalho que almejávamos desenvolver.
O grupo passou então a funcionar e tem evoluído satisfatoriamente, com reuniões
mensais que contam sempre com a presença de toda a equipe técnica, bem como com a
assídua presença de um já numeroso grupo de familiares e pacientes do setor de diálise.
2) Introdução à Teoria do Grupo Operativo
Um grupo é operativo quando se reúne para realizar uma tarefa explicitamente
definida por todos os seus componentes.
Essa idéia fez com que, na década de 60, o psiquiatra e psicanalista argentino
Enrique Pichon-Rivière estruturasse uma teoria e desenvolvesse uma técnica para Grupo
Operativo. Essa técnica, que inicialmente foi aplicada no campo da psiquiatria, mostrou-se
bastante fértil em suas possibilidades de aplicações, e hoje é utilizada na coordenação de
diversos tipos de grupos - terapêutico, familiar, pedagógico, gerencial, lúdico etc.
A técnica do Grupo Operativo consiste numa forma de pensar e operar em grupos
que apresenta duas características básicas: a) planificação, b) interdisciplinaridade.
66

a) Planificação. É uma característica funcional, e significa que o grupo funciona


explicitamente centrado numa tarefa planejada, cuja realização constitui a sua
razão de ser. Contudo, no planejamento dessa tarefa explícita, o grupo deve
considerar que nela subjaz uma outra tarefa: a implícita. Essa é constituída pelos
medos, desejos e conflitos surgidos entre os componentes do grupo em
atividade. Então, para viabilizar a sua tarefa explícita, o grupo necessariamente
também terá que abordar e resolver essa tarefa implícita.
b) Interdisciplinaridade. É uma característica estrutural, e se efetiva na formação de
grupos heterogêneos, nos quais cada membro traz para o grupo o seu conjunto
de conhecimentos, experiências e afetos. Havendo assim uma diferenciação de
papéis com enriquecimento da tarefa grupal.
Para concluir, deve-se ainda ressaltar que esses papéis, tanto podem ser
estabelecidos formalmente, como podem surgir informalmente na tarefa grupal.
Os principais papéis formalmente estabelecidos são: 1) Coordenador. Tem a função
de co-trabalhar o grupo, facilitando a realização da tarefa; 2) Supervisor. Tem a função de
acompanhar e orientar a realização de uma tarefa desde seu planejamento inicial, até a
avaliação dos seus resultados finais; 3) Orientador de tarefa. Tem a função de auxiliar o
coordenador, dando-lhe informações e/ou dirigindo o grupo em torno de tarefas
especificamente relacionadas à sua área de orientação.
Quanto aos papéis informalmente surgidos, os principais são: 1) Líder. Membro que
se faz depositário dos aspectos positivos do grupo ou da tarefa que está a se realizar. O
líder, muitas vezes de maneira inconsciente para o grupo, direciona as atividades grupais;
2) Porta-voz. Membro do grupo que, em momentos especiais, fala pela totalidade das
necessidades grupais; 3) Bode-expiatório. Membro que se faz depositário dos aspectos
negativos do grupo ou da tarefa que está a se realizar. Esse papel surge especialmente
em situações conflituosas, e resulta em mecanismos de rejeição e segregação de quem o
assume.
67

XI. MINIATURA DO PÔSTER DOS “PROJETOS SINÓTICOS”

SECRETARIA DA SAÚDE

GRUPO OPERATIVO: INTERDISCIPLINARIDADE E PLANEJAMENTO,


A QUALIDADE QUE SE MULTIPLICA NO HGF
Autores: Annatália Menezes de Amorim Gomes, Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro.

G.O. HEMODIÁLISE G.O. PEDIATRIA G.O. ONCOLOGIA


INÍCIO DAS ATIVIDADES JAN/98 INÍCIO DAS ATIVIDADES MAI/00 INÍCIO DAS ATIVIDADES MAR/00
PROJETO PROJETO PROJETO

INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA INTRODUÇÃO


• G.O. CONJUNTO DE PESSOAS COM UM OBJETIVO QUE TENTAM • O ACOMPANHAMENTO FAMILIAR NO INTERNAMENTO PEDIÁTRICO • G.O. CONJUNTO DE PESSOAS COM UM OBJETIVO QUE TENTAM
ATINGIR TRABALHANDO EM EQUIPE IMPLICA EM ESTRESSE DEVIDO A: (1) DIFICULDADES NA ATINGIR TRABALHANDO EM EQUIPE
COMUNICAÇÃO EQUIPE/FAMILIAR; (2) MUDANÇA DE STATUS
IDENTIFICAÇÃO OCUPACIONAL DO FAMILIAR-ACOMPANHANTE IDENTIFICAÇÃO
• G.O. PARA FAMILIARES E PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL • G.O. PARA FAMILIARES E PACIENTES COM CA DOS AMBULATÓRIOS
CRÔNICA EM ATENDIMENTO NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE IDENTIFICAÇÃO CIRÚRGICOS
• G.O. DIRECIONADO PARA ACOMPANHANTES (FAMILIARES) DAS
OBJETIVO GERAL CRIANÇAS INTERNADAS OBJETIVO GERAL
• OPORTUNIZAR UM ESPAÇO PARA INFORMAÇÃO, ORIENTAÇÃO, • CRIAR ESPAÇO GRUPAL PARA INFORMAÇÃO, ORIENTAÇÃO, REFLEXÃO
REFLEXÃO E AÇÃO SOBRE A INSUFICIÊNCIA RENAL E O TRATAMENTO OBJETIVO GERAL E OPERATIVIDADE SOBRE OS PROBLEMAS DA PATOLOGIA
HEMODIALÍTICO • FAVORECER A PARTICIPAÇÃO E INTEGRAÇÃO DOS ACOMPANHANTES
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• CRIAR ESPAÇO PARA INFORMAÇÕES, E DESENVOLVIMENTO DE
OBJETIVOS ESPECÍFICOS • TRANSMITIR INFORMAÇÕES ÚTEIS
CONHECIMENTOS SOBRE SAÚDE INFANTIL
• FAVORECER A EXPOSIÇÃO DE QUESTIONAMENTOS E DÚVIDAS • ESTIMULAR MUDANÇA DE HÁBITOS NOCIVOS
• TRANSMITIR INFORMAÇÕES SOBRE A DOENÇA E OS MÉTODOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS • MELHORIA DA AUTO-ESTIMA
TERAPÊUTICOS • ESCLARECER SOBRE DOENÇA E TRATAMENTO
• CONSCIENTIZAR SOBRE INSTRUÇÕES MÉDICAS
• ESTIMULAR A MUDANÇA DE HÁBITOS PARA MELHORIA DA • INFORMAR SOBRE DIREITOS E DEVERES
• SENSIBILIZAR PARA QUÍMIO E RADIOTERAPIA
QUALIDADE DE VIDA • DESENVOLVER A EDUCAÇÃO EM SAÚDE
• INCENTIVAR PARTICIPAÇÃO DOS FAMILIARES
• INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO DOS FAMILIARES NO TRATAMENTO • MELHORAR AS RELAÇÕES HUMANAS
• INTEGRAÇÃO SÓCIO-COMUNITÁRIA DO PACIENTE
• CONSCIENTIZAR O PACIENTE SOBRE AS VANTAGENS DE SEGUIR AS • APRIMORAR A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
• INTERDISCIPLINARIDADE NA EQUIPE TÉCNICA
INSTRUÇÕES MÉDICAS • CRIAR ESPAÇO DE TRABALHO INTERDISCIPLINAR
• SENSIBILIZAR PARA O TRANSPLANTE RENAL ESTRUTURA
• ESTIMULAR A INTEGRAÇÃO GRUPAL, FAVORECENDO A INTEGRAÇÃO ESTRUTURA A A

• TRÊS DIMENSÕES: (1 ) O G.O. GERAL; (2 ) EQUIPE TÉCNICA;


A

SOCIAL DO PACIENTE • G.O. UNIDADE COM DUAS DIMENSÕES: (1 ) O G.O. FORMADA PELOS A

(3 ) GRUPO DE PACIENTES E FAMILIARES


A

ACOMPANHANTES E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR; (2 ) A EQUIPE


• EQUIPE: AÇÃO INTERDISCIPLINAR/PLANIFICADA.
ESTRUTURA MULTIDISCIPLINAR
A A • PAPÉIS NA EQUIPE OPERATIVA: (1) SUPERVISÃO; (2) COORDENAÇÃO;
• TRÊS DIMENSÕES: (1 ) O G.O. GERAL; (2 ) EQUIPE TÉCNICA; • A EQUIPE COORDENA AS TAREFAS DO G.O. COM AÇÃO
A (3) APOIO DE COORDENAÇÃO; (4) ORIENTADORES DE TAREFAS
(3 ) GRUPO DE PACIENTES E FAMILIARES. INTERDISCIPLINAR E PLANIFICADA. FUNÇÕES OPERATIVAS DA EQUIPE:
ESPECIAIS
• EQUIPE: AÇÃO INTERDISCIPLINAR E PLANIFICADA (1) SUPERVISÃO; (2) COORDENAÇÃO: (3) ORIENTADORES DE TAREFAS
• PAPÉIS NA EQUIPE OPERATIVA: (1) SUPERVISÃO; (2) COORDENAÇÃO; ESPECIAIS. FUNCIONAMENTO
(3) APOIO DE COORDENAÇÃO; (4) ORIENTADORES DE TAREFAS • REUNIÕES DO G.O. GERAL - MENSAIS
FUNCIONAMENTO
ESPECIAIS • REUNIÕES DA EQUIPE OPERATIVA - TRIMESTRAIS
• REUNIÕES DO G.O. GERAL - SEMANAIS
• REUNIÃO DE PACIENTES/FAMILIARES - SEMESTRAIS
FUNCIONAMENTO • REUNIÕES DA EQUIPE OPERATIVA: PARA SUPERVISÃO E
• REUNIÕES GERAIS - MENSAIS PLANEJAMENTO - MENSAIS METODOLOGIA
• REUNIÕES OPERATIVAS - TRIMESTRAIS. • COORDENAÇÃO EXPLICITAMENTE DIRETIVA
METODOLOGIA
• REUNIÕES PACIENTES/FAMILIARES - SEMESTRAIS. • ATIVIDADES:
• AÇÃO DIRETIVA, RECURSOS:
• TIPOS DE ATIVIDADES: - ENCONTROS PARA AJUDA INTERPESSOAL
- ENCONTROS PARA AJUDA INTERPESSOAL
- ENCONTROS PARA AJUDA INTERPESSOAL - SEMINÁRIOS E EXPOSIÇÕES
- SEMINÁRIOS E EXPOSIÇÕES. OFICINAS
- SEMINÁRIOS E EXPOSIÇÕES - OFICINAS
- FILMES EDUCATIVOS
- OFICINAS PARA APRENDIZAGEM DE ALTERNATIVAS PARA FACILITAR - JOGOS DRAMÁTICOS
- JOGOS DRAMÁTICOS
CONVIVÊNCIA COM O PROBLEMA
- COMEMORAÇÕES FESTIVAS CONCLUSÃO
- JOGOS DRAMÁTICOS
• O G.O. TEM DUPLA PERSPECTIVA: AMPLA MELHORIA DA QUALIDADE
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO DE VIDA; INCREMENTO DA ESPONTANEIDADE E CRIATIVIDADE DOS
• ESTE PROJETO ESTÁ DE ACORDO COM OS POSTULADOS QUE
• AS ATIVIDADES EM GRUPO SE INSEREM NA PERSPECTIVA DE PACIENTES ATENDIDOS NA CIRURGIA ONCOLÓGICA.
DEFENDEM A NECESSIDADE DA PRESENÇA DOS FAMILIARES DURANTE
UMA VIDA SAUDÁVEL PARA O HEMODIALISADO, PERMITINDO-LHE
ADMINISTRAR A PATOLOGIA COM BOA ESPONTANEIDADE E O INTERNAMENTO INFANTIL, PARA QUE A CRIANÇA POSSA SE SENTIR
CRIATIVIDADE MELHOR CAPACITADA A TOLERAR O DESCONFORTO E O
DESCONHECIDO, E SAIR DA EXPERIÊNCIA HOSPITALAR COM MENOS
REAÇÕES NEGATIVAS.

DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES - PACIENTES, FAMILIARES,


ACOMPANHANTES E MEMBROS DAS EQUIPES TÉCNICAS
G.O. HEMODIÁLISE G.O. PEDIATRIA G.O. ONCOLOGIA
José Ademar Menezes, 46 anos, paciente renal crônico transplantado - "No Maria de Fátima Lima, 25 anos, mãe-acompanhante - "Antes estava Lourdes Lima Rosendo, 44 anos, paciente da oncologia - "Eu acho o G.O.
G.O. a gente fica mais inteligente sobre o tratamento". preocupada. Depois da reunião do G.O. me senti mais calma, mais leve" muito importante por que com ele aprendi mais sobre a minha doença"

Teresinha Alves Barbosa, 58 anos, paciente renal crônica hemodialisada Bernadete Pereira, 44 anos, mãe-acompanhante - "No G.O. a gente diz o Jeane Maria Barros Alves, 43 anos, familiar de paciente - "O G.O.
"Acho o G.O. bom. É um divertimento bom". que sente". é importante porque se tornou um elo entre paciente, médico e familiares"

Jane Eyre Azevedo, psicóloga - "O G.O. nos possibilita o exercício concreto Elisabete Aguiar, enfermeira pediátrica - "O G.O. preencheu um vazio Francisco de Assis Costa, cirurgião geral - "G.O. aprendendo a conviver
do compromisso coletivo com a democracia, o respeito, o desenvolvimento da enorme que existia na pediatria" com a doença, sem medo.
escuta e, sobretudo, o acreditar nas potencialidades humanas"
Michelle Santiago Montenegro, estudante e estagiária de serviço social - Ilvana Lima Verde, enfermeira cirúrgica - "Participar do G.O. tem me
proporcionado um crescimento tanto profissional como pessoal. Profissional no
Antônio Augusto, médico nefrologista - "O G.O. alcança a assistência "O G.O. é mágico!" sentido de conhecer mais de perto o paciente e sua doença, e pessoal porque
completa a um paciente renal crônico.". percebi que vale a pena viver, apesar da doença".
George Vanderlei Pinheiro Silva, médico-residente em pediatria - "G.O.
Ana Maria Filizola, assistente social - "O G.O. proporcionou-me uma visão uma boa iniciativa com objetivo de tentar diminuir a ansiedade das mães Maria de Fátima Gomes, assistente social - "O G.O. está atingindo os seus
smp (85) 265.1483

mais ampla do outro, e teve como resultante um maior respeito e compreensão dos durante o internamento de seus filhos objetivos, com os profissionais, pacientes e familiares se encontrando e sendo
problemas vivenciados pelos pacientes". mais felizes".
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XII. ARTIGO DO JORNAL “O POVO” DE 18/08/00: EVENTO ABORDA SEXUALIDADE


DE PACIENTE RENAL NO 1º ENCONTRO DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS.
Fatores fisiológicos e psicológicos podem gerar disfunções sexuais em quem faz
hemodiálise.
A vida sexual dos pacientes submetidos a diálise é extremamente afetada,
resultando em inúmeros transtornos. No entanto, a manifestação do carinho e do amor são
fundamentais no tratamento. A conclusão é da mestre em Enfermagem Francisca Praciano
Rodrigues Sampaio, que apresentou ontem, no I Encontro de Pacientes Renais Crônicos,
promovido pelo Grupo Operativo do Serviço de Hemodiálise do Hospital Geral de
Fortaleza, a palestra "Sexualidade do Paciente Renal Crônico".
"A falta de informação sobre questões relacionadas à sexualidade atinge grande
parte dos pacientes. Muitos ainda consideram o assunto um tabu, mas é preciso que todos
tenham consciência de que a sexualidade não é só o contato sexual e se manifesta em um
abraço, um beijo e um gesto. Esclarecido esse aspecto, fica mais fácil trabalhar o tema e
buscar soluções'', afirma.
Segundo Francisca Praciano, há fatores fisiológicos e psicológicos que podem
causar disfunções sexuais nos pacientes renais. No entanto, na grande maioria dos casos
só é diagnosticada através das entrevistas, o que nem sempre acontece de forma
satisfatória.
Entre as causas psicológicas, Francisca Praciano cita a culpa, a ansiedade e a
ocorrência de abuso sexual. ``Quando o paciente está em tratamento, ele se sente fraco e
costuma se queixar de dores. Isso, associado à preocupação com os sintomas e as
alterações da imagem do próprio corpo, resulta na falta de interesse pelo ato sexual'',
explica.
Há também aqueles que evitam o contato sexual por ter medo que o dreno saia do
lugar, apesar de existirem posições adaptadas especialmente para esses casos,
garantindo a segurança e uma vida sexual ativa. ``Mas de nada adiantam as
recomendações se o paciente não liberar suas emoções", ressalta. Outro aspecto a ser
considerado, de acordo com Francisca Praciano, são os efeitos colaterais dos
medicamentos - diuréticos, por exemplo -, que podem causar ressecamento vaginal e
dificuldade em se manter a ereção.
69

XIII. FOTOS E LEGENDAS DOS TRÊS GRUPOS EM ATIVIDADES

Foto 1 - O “Ágape” no grupo da nefrologia

FOTO 2 - Grupo Operativo e Projeto Rim Arte, um conjunto em torno da mesa de


trabalho

Foto 3 - Os técnicos na coordenação de uma tarefa no grupo da nefrologia


70

Foto 4 - Um jogo, um momento de risos e curtições no grupo da pediatria

Foto 5 - Um close do grupo da pediatria em reunião


71

Fotos 6 e 7 - Dois momentos de uma reunião do grupo da cirurgia oncológica


72

• SOBRE O ORGANIZADOR
• Francisco Danúzio de Macêdo Carneiro
• Médico, formado pela Universidade Federal do Ceará (1975-1981).
• Especialização em Psiquiatria pela Residência Médica do Hospital de Saúde Mental de
Messejana (1982-1983).
• Especialização em Psicodrama pela Federação Brasileira de Psicodrama (1979-1983).
• Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (1994-1997).
• Professor da disciplina “Dinâmica Grupal e Relações Humanas”, no Curso de Psicologia
da Universidade de Fortaleza (1987-1990).
• Professor da disciplina “Grupoterapia”, na Residência Médica do Hospital de Saúde
Mental de Messejana (1984-1993).
• Professor da disciplina “Sociometria”, no Curso de Especialização em Psicodrama do
Instituto do Homem de Fortaleza (1994-1999).
• Médico-Psiquiatra e Supervisor do Grupo Operativo com Pacientes do Serviço de
Hemodiálise do Hospital Geral de Fortaleza (1996-1999)
• Endereço Comercial: Condomínio Clinics, Rua Coronel Linhares, 1741, Aldeota, CEP
60170-241, sala 304, fone (085) 224.8767, Fortaleza-Ce. E-Mail:
danuziomc@secrel.com.br

********************
73

Sobre o Autor

Francisco Danúzio de Macedo Carneiro


Sou cearense, e tenho 46 anos de idade.
Na minha biografia há um dado considerado bastante peculiar – a minha trajetória de vida
pessoal se baseia em algo que também é fundamental no meu histórico profissional – isto
é: falo da grupalidade humana e do seu corolário: a dinâmica grupal.

Em termos pessoais, em minha vida se complementam duas ordens de fatores, que, de um


modo estrito e explícito, estão relacionados ao coletivo grupal. Em primeiro lugar, faço
parte de uma numerosa estrutura familiar – só na minha familiar nuclear, além do casal de
pais, havia nove filhos, e exatamente no meio, como quinto filho, nasci eu. Além do mais,
essa família ainda se insere numa complexa ramificação de outras famílias - verdadeiros
clãs sertanejos, como os Macêdo radicados no Cariri, um verde vale no sul do Ceará. Em
segundo lugar está o fato de que também nesse vale situa-se Juazeiro do Norte. Nessa
cidade passei toda a minha infância, adolescência e, pelo fato de lá ainda residirem os
meus pais, continuo a visita-la. Sempre que a visito, renovo a oportunidade de vivenciar,
"saboreando a emoção" de participar de uma intensa movimentação de base social – as
"romeiradas" de Juazeiro acontecem quando múltiplas comunidades, muitas vezes e em
muitos lugares se somam em multidões reunidas em torno de uma mística religiosidade
cristã, com matriz mariana e, localmente, fundamentada na mítica presença do Padre
Cícero.

Em termos profissionais, sou funcionalmente psiquiatra – na atualidade o meu principal


campo de atuação está no Ambulatório de Psiquiatria Infanto-Juvenil do Hospital Geral de
Fortaleza (HGF, 1996- ). Contudo, na história dessa formação profissional merece ser
destacado que exerço outras três funções, as quais, também de maneira estrita e explícita,
estão relacionados ao campo grupal: (1) Exerço atividades profissionais no magistério.
Atualmente ensino apenas em cursos de pós-graduação na área médica – por exemplo: no
momento, ministro a disciplina Metodologia Científica para uma Publicação na Área Médica
no curso de Especialização em Acupuntura dado pela Sociedade Médica Brasileira de
Acupuntura em convênio com a Universidade Estadual do Ceará (SOMA/UECE, 1999-?). No
entanto, ainda quando aluno do curso de Medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC,
1975-1981), era professor secundarista (Colégio Brasil, 1977-1981); e, já como graduado,
fui professor de Dinâmica Grupal no Curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza
(UNIFOR, 1987-1992); (2) Sou mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do
Ceará (UECE, 1994-1997). Por ter defendido tese no campo da Epidemiologia, que é a
medicina do coletivo, ensino essa matéria – entre outros, desenvolvo um curso de
74

Epidemiologia Clínica na Residência de Clínica Médica do Hospital Geral de Fortaleza (HGF,


1998-?); (3) Tenho formação psicodramática pela Federação Brasileira de Psicodrama
(FEBRAP, 1981-1985) e, com essa técnica, tenho dirigido grupos terapêuticos com
adolescentes em meu consultório particular.

Encerro ressaltando que ainda há outras três condições profissionais que,


agregadas à toda formação anterior, fortalecem os meus vínculos com o
trabalho grupal: (1) Como desdobramento de minha prática no Psicodrama, me
aperfeiçoei em Sociometria – sou didata dessa disciplina na Fundação Instituto
do Homem (FIH, 1996-?), uma das instituições de formação psicodramática de
Fortaleza; (2) Como modelo teórico para a Dinâmica Grupal, adotei a teoria do
Grupo Operativo. Assim, desde 1983, tenho trabalhado com esse instrumento
interdisciplinar e planificado, tendo sido o introdutor da técnica nas seguintes
instituições: Minha Escola Profissionalizante da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE, 1983-1985); Comunidade Terapêutica Infanto Juvenil do
Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM, 1990-1995); Hospital Geral de
Fortaleza (HGF, 1996-?) (3) Por opção política, e por necessidade econômico-
social tornei-me cooperativista. Atualmente, sou cooperado de duas
Cooperativas - Cooperativa de Trabalho Médico de Fortaleza (UNIMED, 1993);
Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo de Médicos de Fortaleza (UNICRED,
1995-?). Também sou fundador e presidente da Cooperativa dos Psiquiatras do
Ceará (COOPEC, 2000).

Para corresponder com o autor, escreva:


Condomínio Clinics, Rua Coronel Linhares, 1741
Aldeota, CEP 60170-241, sala 304,
fone (0XX85) 224.8767
E-mail: danuziomc@secrel.com.br

Suas Obras on-line:

•Grupo: Esquema Estrutural e Dinâmica Grupal


http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/didaticos/grupo_esquema_estrutur
al_e_dinamica_grupal.htm
Nos próximos tempos, é a ciência do grupo, ou seja, a Dinâmica Grupal, quem sobreviverá
como campo privilegiado para estudos e intervenções, inclusive com finalidades ideológicas,
visando o aperfeiçoamento da sociedade humana.

•Dinâmica Grupal Conceituação, História, Classificação e Campos de Aplicação


http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/didaticos/dinamica_grupal.htm
Por propiciar respostas necessárias para a compreensão e resolução do mais essencial dilema
humano - o relativo à sua convivência social, nos próximos tempos a Dinâmica Grupal ocupará
nas ciências humanas um papel com importância semelhante ao que a Psicanálise ocupou
no século passado".
75

•O Teste Sociométrico
http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/didaticos/O_Teste_Sociometrico.ht
m
Com este trabalho completa-se uma trilogia. Primeiro, publicamos a obra intitulada de Grupo:
Esquema Estrutural e Dinâmica Grupal; segundo, e num simultâneo momento, publicamos a
obra Dinâmica Grupal: Conceituação, História, Classificação e Campos de Aplicação. Agora,
estamos publicando este Apresentação do Teste Sociométrico.

•Dinâmica Grupal: Olhar com Textos


http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/didaticos/dinamica_grupal.htm
Uma coletânea de nove textos que, de maneira diversificada, lançam um olhar sobre a
Dinâmica Grupal.

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