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19/12/2020

Frequência.
12 PROCESSO
 PROCESSO – Didier Jr - método de criação de normas jurídicas; ato jurídico complexo
(procedimento) e relação jurídica.
 -método de criação de normas – normas somente podem ser criadas processualmente.
Processo legislativo, administrativo, jurisdicional e negocial.
 -ato jurídico complexo – sinônimo de procedimento (ato complexo de formação
sucessiva) . Formado por vários atos jurídicos, composto por atos condicionantes e ato
final.
Obs: Procedimento é gênero e processo é espécie (procedimento com contraditório).

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 - relação jurídica – conjunto de relações jurídicas que se estabelecem entre os diversos
sujeitos processuais (partes, juiz, serventuários). Relações jurídicas compostas por
situações jurídicas (direito, deveres, competências, capacidades, etc).
Obs: O conteúdo da relação jurídica será definida pela CF e normas processuais. No
direito brasileiro o conteúdo dessa relação será o devido processo legal.

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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

 TGP – conceitos jurídicos fundamentais necessários à compreensão científica do Direito.


É parte da Teoria Geral do Direito. É geral porque traz conceitos universais.
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL – conjunto de normas que disciplinam o processo
jurisdicional civil. Conjunto de normas que estruturam o processo e as situações
jurídicas decorrentes dos fatos jurídicos processuais – Didier Jr.

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 Direito Processual Civil é diverso da Ciência do Processo Civil: a ciência formula as
diretrizes, fundamentos e subsídios para a compreensão de um determinado direito
positivo. O objeto da ciência é o Direito Processual Civil.
 Plano normativo – Direito Processual Civil.
 Plano doutrinário – ciência do Direito Processual Civil. Metalinguagem.

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 TGP (linguagem doutrinária) - diverge da Ciência do Direito Processual Civil – TGP
discute questões anteriores ao direito positivo: o que é uma decisão judicial? O que é
processo? O que é prova?
 Ciência do Direito Processual Civil discute o conteúdo de um direito positivo: qual o
recurso cabível? Quando é possível alegar determinada questão processual?

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 Fontes:
Alexandre Freitas Câmara:
- Fonte formal – possui força vinculante – lei (sentido abrangente de norma jurídica –
pirâmide de Kelsen).

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pirâmide de Kelsen).
- Fonte material – não vinculante (discutível) – revelam o sentido do direito – princípios
gerais do direito, costume, doutrina e jurisprudência.
- Fonte primária e secundárias – Montenegro Filho.

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 Instrumentalidade do processo e relação circular entre o direito material e o processo:
- Processo é exercício de jurisdição – tutela de situações jurídicas concretamente
afirmadas em um processo. Tais situações são substanciais (ativas e passivas – mérito do
processo – direitos e deveres).
- Essas situações são os chamados direitos materiais processualizados ou direito material
– não há processo oco (DIDIER JR).
- A separação entre direito e processo é apenas didática, pois não há processo neutro em
relação a este direito material.

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 Instrumentalidade – o processo não pode ser estudado de forma dissociada ao direito
material ou situação jurídica material para o qual serve de instrumento de tutela. Ponte
entre direito material e processual.
 Instrumentalidade não significa diferença hierárquica.
 O Direito só é após produzido e o direito se produz processualmente (Calmon de
Passos).
 As regras processuais deverão ser interpretadas e aplicadas conforme sua função, que é
emprestar efetividade às normas materiais.

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 Relação circular – processo serve ao direito material, mas para que lhe sirva é necessário
que seja servido por ele.
 Interdependência – direito material (valor que deve orientar a criação, interpretação e
aplicação das regras processuais) planeja e direito processual realiza.

21 NORMAS FUNDAMENTAIS NO PROCESSO CIVIL


 Conjunto de normas fundamentais porque estruturam o processo civil brasileiro e norte
para a compreensão de todas as demais normas jurídicas processuais civis.
 Normas fundamentais – princípios e regras.

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 -Decorrem da CF – direito processual fundamental constitucional.
 -Decorrem da legislação infraconstitucional – CPC – arts 1º a 12, CPC.
Obs: Rol não exaustivo – há outras normas fundamentais na CF (devido processo legal,
juiz natural) e no próprio CPC (art. 926 e 927 – autorregramento e observância dos
precedentes).

23 Princípios
 Mandamentos de otimização, ponderação de valores, onde não há exclusão, mas
mitigação. Diferente das regras em que impera o tudo ou nada. Dworkin e Alexy.

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24 Devido Processo Legal
 CF, art. 5º, LIV: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”;
 Expressão inglesa due process of law. Law no sentido de direito -respeito ao Direito e
não apenas a lei (lei = statute law).
 Direito fundamental a um processo devido (justo, equitativo). Garantia contra o exercício
abusivo de qualquer poder.
Obs: eficaz contra a produção tirânica de normas: devido processo legal legislativo,
administrativo e jurisdicional.

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 Primeira aparição – Édito de Conrado II (Decreto feudal alemão de 1037) – devido
processo legal como proteção contra a tirania, com submissão do imperador estaria
submetido à lei).
 Decreto inspirou a Magna Carta de 1215 (grande marco do princípio) – submissão do rei
a law of the land (equivaleria ao devido processo legal).
 Terminologia due processo f law presente desde 1354 na Inglaterra a partir de Eduardo
III.

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 Humberto Ávila – Teoria dos Princípios – Devido processo Legal – princípio estruturante
– prescreve o modo de atuação estatal.
 Conteúdo: é uma cláusula geral.
 Processo devido: adequado (adequação), leal (boa-fé) e efetivo (efetividade). Cada novo
atributo se transforma em um novo princípio.

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 Historicidade da noção de devido processo legal – longevidade à clausula por possuir
conteúdo aberto.
 Eficácia horizontal de normas e garantias fundamentais - RE 158.215-4/RS e RE
201.819/RJ.
 Proibição de retrocesso – hermenêutica constitucional - concretizações já estabelecidas
não podem ser retiradas do rol das garantias mínimas que estruturam o devido
processo legal. Ex: contraditório e duração razoável do processo.

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 Devido processo legal e função integrativa – integra o sistema jurídico lacunoso, criando
os elementos necessários à proteção dos direito. Deste se extraem outras normas
(princípios e regras).

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 Devido processo legal formal e substancial:


- Formal ou procedimental – são as garantias processuais asseguradas: contraditório,
ampla defesa, etc.
- Substancial ou substantivo –EUA - processo devido não é o que apenas observa as
exigências formais, mas aquele que produz decisões judiciais substancialmente devidas.
Obs: Direito brasileiro fundamenta o devido processo legal substantivo nos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade – STF - RE 374.981.

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 WINSTON CHURCHILL sobre a Magna Carta – “ e quando, nas idades subsequentes, o
Estado dilatado com sua própria autoridade, tentou impor sua tirania sobre os direitos
ou liberdades dos súditos, foi a essa doutrina que vezes e vezes se dirigiram apelos,
nunca até hoje sem resultados”.

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Dignidade da Pessoa Humana

 Fundamento da República – art 1º, III, CF.


 É um sobreprincípio constitucional – dos quais todos os princípios e regras relativos aos
direitos fundamentais seriam consequência/derivação em maior ou menor grau.
 Conteúdo complexo – conjunto de todos os direitos fundamentais previstos ou não na
CF.

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 CPC, Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade
e a eficiência.
 Dever de RESGUARDAR – aplicar corretamente a norma e não violar a dignidade. Ex:
condução de depoimento.

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 Ex: CPC, Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os
procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das
enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
 Humanização do processo civil: na construção de normas jurídicas (Ex: CPC, art. 162, III –
acessibilidade) e releitura de alguns artigos do CPC (Ex: impenhorabilidade e
interpretação extensiva).

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 Limites ao juiz na aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana:
– âmbito de incidência impreciso. Quando aplicar?
- aplicação exige fundamentação específica relevante, sob pena de decisão não
fundamentada (art. 489, §1º, I e II, CPC).
- prestigia-se no CPC a autonomia da vontade das partes (CPC, art. 190).
- Pessoa humana – não apenas a natural, mas toda e qualquer parte deve ter tratamento
digno.

35 Contraditório

 CF, art. 5º, LV.


 Processo estrutura-se no contraditório.
 Reflexo da democracia – contraditório é participação.
 É exigência do exercício democrático de um poder.

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 Dimensões:
 a) formal – garantia de participar e ser ouvido. Conteúdo mínimo e visão tradicional.
 b)substancial – poder de influência. Impede a prolação de decisão surpresa – toda
decisão deve passar pelo contraditório.
 Decisão surpresa é decisão nula por violar o princípio do contraditório.
 Obs: poder agir de ofício não significa agir sem ouvir as partes.

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CPC, Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
CPC, Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou
extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes
de decidir.

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CPC, Art. 9° Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente
ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

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 Exceções: art. 330, CPC (indeferimento inicial) e art. 332, CPC (indeferimento liminar do

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Exceções: art. 330, CPC (indeferimento inicial) e art. 332, CPC (indeferimento liminar do
pedido).
 Situação excepcional – liminar inaudita altera pars – Art 9º, parágrafo único, CPC.
Ponderação entre efetividade e contraditório (apenas diferido/postergado).
 Art. 7º, CPC – proteção da igualdade e do contraditório.

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 CPC, Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
41 Ampla Defesa

 Par do contraditório. Não há contraditório sem defesa, nem defesa sem contraditório. A
defesa se realiza através do contraditório.
 Ampla defesa – comum a ambas as partes, conjunto de meios adequados para o
exercício do contraditório.
 Didier Jr: ampla defesa corresponde ao aspecto substancial do contraditório (poder de
influência).

42 Publicidade

 Art 5º, LX, CF e arts. 8º e 11, CPC.


CF, art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências
do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e
observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença
somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

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 Funções: proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos; permitir o controle da
opinião pública. Garantia de motivação das decisões.
 Dimensões: interna (das partes, mais ampla) e externa (para os terceiros – restringível em
alguns casos – art. 5º, LX, CF).
 CPC, art. 189 – segredo de justiça.
 Processo arbitral (órgão não estatal)– pode ser sigiloso (publicidade externa). Se envolve
ente público, não sigiloso.
 Necessidade de divulgação dos precedentes obrigatórios – art. 927, §5º, CPC.

44 Duração Razoável do Processo

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 Art. 5º, LXXVIII, CF.


 Pacto de São José da Costa Rica – art. 8.1.
 Art 4º e 139, II, CPC.
 Corte Europeia dos Direitos do Homem –parâmetros de avaliação - complexidade,
comportamento litigantes e advogados, atuação dos órgãos jurisdicionais e estrutura do
órgão (Didier Jr).
 Visão conjunta destes elementos para configurar a demora irrazoável. Duração razoável
é diferente de celeridade.

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CPC, Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
mérito, incluída a atividade satisfativa.
CPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe:
II - velar pela duração razoável do processo;

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