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RIO DE JANEIRO
2019
REALIZAÇÃO
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS
ASSESSORIA TÉCNICA
JONAS STIPP DE ANDRADE - 2019
ALUIZIO JOSÉ BASTOS BARBOSA JUNIOR – 2018
EDIÇÃO
PLANO B EDUCAÇÃO
Formato: E-book.
ISBN: 978-85-7052-691-5
DIREITO DO SEGURO
2. O CONTRATO DE SEGURO 22
CONCEITO LEGAL DO CONTRATO DE SEGURO 23
CONCEITO DE CONSUMIDOR 79
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO
PRESTADOR DE SERVIÇO PROFISSIONAL LIBERAL 88
OFERTA 90
SOLIDARIEDADE 92
PRÁTICAS ABUSIVAS 93
Venda Casada 93
Seguro Não Solicitado 94
Comercialização de Seguro cujo Contrato Não Tenha Sido Submetido à
Aprovação da SUSEP ou Esteja em Desacordo com as Normas Regulamentares 94
Prazo para Cumprimento da Obrigação 95
COBRANÇA DE DÍVIDA JÁ PAGA 95
CLÁUSULAS ABUSIVAS 96
CONTRATO DE ADESÃO 98
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Avaliar a importância do ■■ Reconhecer a importância
direito para os contratos de da Constituição Federal de
seguros e entender como 1988.
INTRODUÇÃO
o seguro surgiu no Brasil. ■■ Conhecer a estrutura do
■■ Definir o que é direito e ordenamento jurídico BREVES NOÇÕES
quais são suas principais brasileiro. SOBRE O DIREITO
fontes. ■■ Identificar e FIXANDO CONCEITOS 1
distinguir as normas
infraconstitucionais.
DIREITO DO SEGURO 11
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO
Uma das questões dentre as várias que são feitas por estudantes tem a ver
com a importância do estudo do Direito.
Porém, você pode estar se perguntando: o que isso tem a ver com o pro-
fissional da área de seguros?
DIREITO DO SEGURO 12
UNIDADE 1
Muitas vezes, o profissional da área de seguros não sabe como agir quan-
do se depara com alguma questão jurídica em seu dia a dia. Isso pode
gerar um grande impacto, por vezes desastroso, para ele próprio e para
quem está ao seu redor.
O profissional de seguros não pode alegar que não cumpriu uma norma por-
que não é conhecedor de uma lei particular. Ao contrário, é fundamental que
os profissionais estejam atentos a todas as normas e regras, além de suas
atualizações, para fazer um trabalho ético e a contento para os seus clientes.
DIREITO DO SEGURO 13
UNIDADE 1
Bom estudo!
—— O que é o Direito
Antes de tudo, precisamos entender o que é Direito e como ele surgiu.
O Direito nasceu junto com a civilização, sob a forma de costumes que
se tornaram obrigatórios. Por mais que mergulhemos no passado, sempre
encontraremos o Direito, ainda que em estágio rudimentar, regulando as
relações humanas tendo em vista que, indiscutivelmente, a sociedade não
consegue se autorregular.
O Direito é uma ciência social que tem por objeto o estudo das normas
jurídicas, de seus elementos, de seus atributos, de sua interpretação e apli-
cação. São as normas jurídicas que regulam as situações entre os sujeitos
e são capazes de assegurar a convivência e a paz social.
DIREITO DO SEGURO 14
UNIDADE 1
O chamado Direito Positivo (ou Direito escrito) consiste num conjunto orde-
Importante nado e sistemático de normas jurídicas obrigatórias que o Estado, fazendo
uso de suas competências, impõe à sociedade.
O Direito positivo é imposto à As normas jurídicas possuem, portanto, um caráter coercitivo, ou seja, não
sociedade pelo Estado a partir estão sujeitas ao livre-arbítrio da vontade individual. Elas regem condutas
de um conjunto sistemático de essenciais para o convívio social, o bem coletivo, o equilíbrio das relações
normas jurídicas. humanas e a manutenção da ordem.
Ação facultativa que deriva da O Direito subjetivo, a seu turno, encerra o poder de ação derivado da nor-
norma que o indivíduo pode ma, isto é, a faculdade ou prerrogativa de o indivíduo invocar a lei em seu
usar a seu favor. interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre
DIREITO DO SEGURO 15
UNIDADE 1
Direito Privado
Regula as relações entre particulares. Nas relações jurídicas de Direi-
to Privado, o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo,
em regime de coordenação com os particulares, isto é, dispensando
sua supremacia ou poder de império. Exemplos: contrato de seguro,
locação de bens, cobrança de dívidas, casamento, entre outros.
—— Fontes do Direito
As fontes do Direito são a sua origem primária, o seu modo de expres-
são, a partir das quais os intérpretes do Direito e o Poder Judiciário, no
exercício de sua função julgadora, se socorre para buscar a solução dos
conflitos apresentados. A palavra “fonte” deriva do latim fons, fontis, que
significa “nascente”, designando tudo o que origina ou produz algo. A
expressão “fontes do Direito”, portanto, encerra uma metáfora para indi-
car a própria gênese do Direito, ou seja, os meios pelos quais se formam
as regras jurídicas.
DIREITO DO SEGURO 16
UNIDADE 1
Lei
É a norma jurídica escrita, comum e obrigatória, emanada pelo
Poder competente e provida de sanção (força coercitiva). A expres-
são “lei”, portanto, abrange toda e qualquer norma jurídica, este-
ja ela inserida na Constituição, em lei complementar, lei ordinária,
decreto ou regulamento, entre outros.
Costume
É a “norma jurídica que resulta de uma prática geral, constante
e prolongada, observada com a convicção de que é juridicamen-
te obrigatória”. Como as leis escritas não compreendem todo o
Direito, existem as normas costumeiras, também chamadas con-
Saiba mais suetudinárias, que obrigam, igualmente, ainda que não constem
de preceitos aprovados por órgãos competentes. Quando o caso
A Jurisprudência vem concreto não se enquadra em qualquer norma jurídica existente
ganhando importância como no ordenamento, essa omissão legislativa exige que o juiz dê a
fonte do Direito, principalmente sentença com base nos costumes.
a Jurisprudência sedimentada
nos tribunais superiores, Doutrina
relativa ao seguro, que será É o resultado do estudo de pensadores (juristas e filósofos) sobre
estudada mais à frente. o Direito, expresso em livros, pareceres e outros trabalhos. A dou-
trina desempenha o papel de guia para o julgador e de subsídio e
orientação para o legislador.
DIREITO DO SEGURO 17
UNIDADE 1
—— As Normas Infraconstitucionais
Importante Abaixo da Constituição Federal estão todas as outras normas jurídicas,
também chamadas de normas infraconstitucionais.
A iniciativa das leis complementares Podemos estabelecer a seguinte hierarquia entre as normas com base no
e ordinárias cabe a: art. 59 da Constituição Federal de 1988:
■■ Qualquer membro ou Comissão da
DIREITO DO SEGURO 18
UNIDADE 1
Lei ordinária
Elaborada pelo Poder Legislativo em sua função típica de legislar.
Sua edição pode ocorrer por quórum simples, presente a maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional. Para ser elabora-
da, a lei ordinária passa pelas seguintes fases: iniciativa, aprova-
ção, sanção, promulgação e publicação, como a Lei nº 4.594/1964,
que regula a profissão de corretor de seguros.
Lei delegada
É aquela elaborada pelo Poder Executivo por delegação do Poder
Legislativo. Refletem, sem dúvida, a contemporânea tendência do
Direito Público quanto à admissibilidade de o Legislativo delegar
ao Presidente da República poderes para elaboração de leis em
casos expressos. As leis delegadas comparam-se às leis ordiná-
rias, pelas quais podem ser alteradas ou revogadas.
Decreto e resolução
São normas que regulamentam disposições previstas em lei.
Ambos são redigidos por autoridades administrativas competen-
tes. Como exemplo temos as resoluções relativas ao seguro edita-
das pelo CNSP.
Com a atual Constituição, essa figura foi extinta. Contudo, aqueles decre-
tos-leis cujo conteúdo não contraria a atual Constituição Federal, como o
Decreto-Lei nº 73/1966, que cria o Sistema Nacional de Seguros Privados,
permanecem válidos e são tidos como recepcionados constitucionalmente.
DIREITO DO SEGURO 19
FIXANDO CONCEITOS
FIXANDO CONCEITOS 1
(a) Doutrina.
(b) Costume.
(c) Subjetiva.
(d) Lei.
(e) Jurisprudência.
(a) Decreto.
(b) Lei ordinária.
(c) Emenda.
(d) Lei delegada.
(e) Medida provisória.
DIREITO DO SEGURO 20
FIXANDO CONCEITOS
6. O Direito é um(a):
DIREITO DO SEGURO 21
O CONTRATO
02 de SEGURO
UNIDADE 2
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Definir o que é o contrato ■■ Distinguir as garantias
de seguro e identificar concedidas nos Seguros CONCEITO LEGAL DO
seus elementos. de Danos e de Pessoas. CONTRATO DE SEGURO
■■ Diferenciar as obrigações ■■ Descrever as partes do ELEMENTOS DO CONTRATO
do contratante e da contrato de seguro, seus DE SEGURO
contratada. instrumentos e suas
principais características. PARTES DO CONTRATO
DE SEGURO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DO CONTRATO DE SEGURO
INSTRUMENTOS CONTRATUAIS
FIXANDO CONCEITOS 2
DIREITO DO SEGURO 22
UNIDADE 2
ELEMENTOS DO CONTRATO
DE SEGURO
O contrato de seguro é constituído de cinco elementos: o risco, o interes-
se segurável, a garantia, o prêmio e a empresarialidade.
DIREITO DO SEGURO 23
UNIDADE 2
—— Risco
O risco é a causa do contrato de seguro, já que o proponente recorre
à seguradora com a finalidade de reduzir ou eliminar as consequências
negativas que possam ser experimentadas em razão de sua ocorrência.
Nesse caso, a possibilidade significa que o risco deve ser algo sujeito a se
manifestar no plano físico.
O risco deve ser futuro, porque o seguro, via de regra, não admite a cober-
tura de eventos verificados antes da celebração do contrato.
—— Interesse Segurável
O interesse segurável é o objeto do contrato de seguro, pois é sobre ele
que recai a garantia.
DIREITO DO SEGURO 24
UNIDADE 2
O interesse não é uma coisa, mas, sim, a relação existente entre o segura-
do e a coisa ou pessoa sujeita ao risco.
Embora não coincida com a própria coisa a ser segurada, o interesse deve
corresponder a um bem que esteja exposto a risco, ou seja, que possa
desaparecer ou deteriorar-se (como é o caso de mercadorias transporta-
das), perder-se, extinguir-se ou sofrer limitações (a exemplo do que ocorre
com a vida e as faculdades humanas), ou, até mesmo, a um fato que pode
não se realizar (como ocorre nos Seguros de Crédito ou de Garantia de
Obrigações Contratuais).
—— Garantia
É o terceiro elemento do contrato e consiste na obrigação da seguradora com
relação à proteção do interesse legítimo do segurado: ela deve assegurá-la.
Vale lembrar que o limite dessa garantia deve estar previsto no contrato, na
forma do art. 760 do Código Civil. A prestação que corresponde à garantia
somente deve ser entregue se o segurado não estiver em mora (atraso) no
pagamento do prêmio quando ocorrer um sinistro coberto.
—— Prêmio
O prêmio é o quarto elemento do contrato de seguro e consiste na obriga-
ção daquele que contrata o seguro para fazer jus à garantia que pretende
obter da seguradora.
DIREITO DO SEGURO 25
UNIDADE 2
—— Empresarialidade
A empresarialidade é o quinto elemento do contrato. Significa que a segu-
radora deve ser, necessariamente, uma entidade legalmente autorizada a
exercer a atividade seguradora, ou seja, deve ser uma pessoa jurídica (art.
757, parágrafo único, do Código Civil).
PARTES DO CONTRATO
DE SEGURO
—— Proponente
É o titular do interesse legítimo segurável, relativo a pessoa ou coisa. Deve
ser plenamente capaz de exercer os atos da vida civil para que possa assinar
a proposta de seguro, sob pena de nulidade ou anulabilidade. O proponente
pode acumular a condição de segurado, de beneficiário e de estipulante.
—— Segurado
É a pessoa física ou jurídica sobre quem recai o risco. Pode, ou não, ser o
proponente do seguro. Pode, também, acumular a condição de estipulante
ou de beneficiário.
DIREITO DO SEGURO 26
UNIDADE 2
—— Seguradora
É a empresa legalmente constituída sob a forma de sociedade anônima
que concede a garantia.
—— Beneficiário
É aquele em favor de quem se institui a garantia. Pode ser pessoa física
ou jurídica.
—— Estipulante
É a pessoa física ou jurídica que contrata seguro por conta de terceiros,
equiparando-se, por isso, ao segurado para efeito de celebração e de
manutenção do contrato. Pode, eventualmente, acumular a condição de
beneficiário. O estipulante representa os interesses do grupo segurado
perante à seguradora.
Saiba mais
De acordo com o art. 2ª da Resolução CNSP nº 107/2004, é expressamente vedada
a atuação, como estipulante ou subestipulante, de corretoras de seguros, bem como
seus respectivos sócios, dirigentes, administradores, empregados, prepostos ou repre-
sentantes, corretores autônomos, sociedades seguradoras, A vedação não se aplica
quando a estipulação, por tais pessoas, for feita na condição de empregadores em
favor de seus empregados.
—— Pagamento do Prêmio
A obrigação de pagar o prêmio é assumida por aquele que contrata o
seguro, ou seja, o proponente.
DIREITO DO SEGURO 27
UNIDADE 2
DIREITO DO SEGURO 28
UNIDADE 2
DIREITO DO SEGURO 29
UNIDADE 2
Existe uma exigência de caráter técnico que justifica tal medida. Trata-se
do princípio do mutualismo, viabilizado através da aplicação da lei dos
grandes números, determinando que cada componente do grupo efetue
um pequeno pagamento. Tal contribuição é somada a centenas ou milha-
res de outras, objetivando a satisfação de prejuízos comuns a qualquer
grupo. Portanto, não é possível o pagamento que exceda o valor dos pre-
juízos ocorridos.
DIREITO DO SEGURO 30
UNIDADE 2
DIREITO DO SEGURO 31
UNIDADE 2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO
CONTRATO DE SEGURO
No Direito Civil brasileiro, os contratos se classificam em: unilaterais ou
bilaterais; onerosos ou gratuitos; comutativos ou aleatórios; nominados ou
inominados; consensuais ou reais; solenes ou não solenes; e de adesão.
—— Bilateral
O contrato de seguro é bilateral porque gera obrigações para ambas as
partes. A obrigação da seguradora é de garantia e a do proponente é de
pagamento do prêmio. O não cumprimento (inadimplemento) da obrigação
por uma das partes, ao menos como regra, impede que a mesma exija da
outra o cumprimento da obrigação que lhe compete, ressalvada a jurispru-
dência sobre a mora do segurado, que estudaremos a seguir.
—— Oneroso
O contrato de seguro é oneroso porque ambas as partes almejam um
benefício. O proponente busca uma garantia, que se traduz na proteção
de um interesse legítimo contra determinados riscos. A seguradora almeja
o recebimento do prêmio com o qual formará o fundo comum destinado a
saldar a prestação correspondente à garantia.
—— Aleatório ou Comutativo
O contrato de seguro é considerado aleatório para uns e comutativo para outros.
DIREITO DO SEGURO 32
UNIDADE 2
—— Solene
O contrato de seguro é solene porque o consentimento das partes deve
ser dado na forma prescrita pela lei.
—— Consensual
O contrato de seguro é consensual porque a manifestação de vontade de
ambas as partes, no mesmo sentido, faz surgir o contrato. Contratos con-
sensuais são os que se formam com a simples anuência das partes, não se
exigindo nenhuma outra formalidade.
—— Nominado
O contrato de seguro é nominado (ou típico) porque se trata de espécie de
contrato regulamentada pela legislação (Código Civil, Código de Defesa
do Consumidor, Resoluções do CNSP e Portarias da SUSEP).
DIREITO DO SEGURO 33
UNIDADE 2
—— Adesão
O contrato de seguro é contrato de adesão, pois a seguradora, na maioria
dos casos, redige unilateralmente as cláusulas e as submete à aprovação
do órgão regulador competente, restando ao proponente aderir ao seu
conteúdo sem possibilidade de propor mudanças no clausulado.
INSTRUMENTOS CONTRATUAIS
A partir de agora, vamos estudar os cinco instrumentos contratuais do con-
trato de seguro: proposta, apólice, endosso ou aditivo, averbação e bilhete.
—— Proposta
É o instrumento pelo qual o proponente manifesta, perante a seguradora, a
sua vontade de contratar o seguro. Nesse documento, o proponente deve
descrever o mais detalhadamente possível o interesse segurável e os ris-
cos a que está sujeito, conforme estabelece o art. 759 do Código Civil:
DIREITO DO SEGURO 34
UNIDADE 2
Decreto-Lei nº 73/1966:
“Art. 9º. Os seguros serão contratados mediante propostas assi-
nadas pelo segurado, seu representante legal ou por corretor
habilitado, com emissão das respectivas apólices, ressalvado o
disposto no artigo seguinte.”
Circular SUSEP nº 251/2004:
Vale a pena Art. 1°. A celebração ou alteração do contrato de seguro somente
ler na íntegra poderá ser feita mediante proposta assinada pelo proponente, seu
representante legal ou por corretor de seguros habilitado, exceto
Circular SUSEP nº 251/2004 – quando a contratação se der por meio de bilhete.
dispõe sobre a aceitação
Já o questionário de avaliação de riscos deve, necessariamente, ser preen-
da proposta e sobre o início
chido e assinado pelo segurado, única pessoa capaz de prestar de for-
de vigência da cobertura nos
ma verdadeira e completa as informações solicitadas pela seguradora por
contratos de seguros
meio desse documento.
e dá outras providências.
www.susep.gov.br As declarações inexatas, se resultarem de má-fé do proponente, do cor-
retor ou de seu representante legal, podem implicar a perda do direito
ao valor do seguro, conforme o art. 766 do Código Civil, dispositivo que
estudaremos mais adiante.
DIREITO DO SEGURO 35
UNIDADE 2
DIREITO DO SEGURO 36
UNIDADE 2
II – pelo casamento;
■■ as associações;
■■ as sociedades;
■■ as fundações;
■■ as organizações religiosas;
■■ os partidos políticos;
■■ as empresas individuais de responsabilidade limitada.
—— Apólice
A apólice, a exemplo do bilhete, é emitida pela seguradora para formalizar
a aceitação da proposta e, consequentemente, a contratação do seguro.
Por isso é que o art. 758 do Código Civil prevê que a apólice é um dos
meios de provar a existência do contrato de seguro:
DIREITO DO SEGURO 37
UNIDADE 2
O art. 760 do Código Civil estabelece que a apólice deve ser nominativa,
à ordem ou ao portador:
O art. 761 do Código Civil deixa claro que, quando houver cosseguro, a
apólice deverá conter as informações sobre ele e informar o nome da
seguradora que administrará o contrato:
DIREITO DO SEGURO 38
UNIDADE 2
—— Endosso ou Aditivo
São instrumentos contratuais utilizados em função da necessidade de se
modificarem dispositivos contratuais, de se acrescentarem dispositivos
novos ou de se incluírem bens na cobertura.
—— Averbação
A averbação é o instrumento típico das apólices denominadas abertas ou
de averbação e é usada para individualizar detalhes variáveis sobre o risco.
DIREITO DO SEGURO 39
UNIDADE 2
—— Bilhete
O bilhete, a exemplo da apólice, é emitido pela seguradora para formalizar
a contratação do seguro. A principal diferença é que os seguros contra-
tados por bilhete dispensam a apresentação de proposta, bem como a
emissão de apólice. O já citado art. 758 do Código Civil prevê que o bilhete
é um dos meios de provar a existência do contrato de seguro.
DIREITO DO SEGURO 40
FIXANDO CONCEITOS
FIXANDO CONCEITOS 2
Marque a alternativa correta
1. A pessoa física ou jurídica que contrata um seguro por conta de terceiros
é o(a):
DIREITO DO SEGURO 41
FIXANDO CONCEITOS
(a) Responsabilidade.
(b) Habilitação.
(c) Qualificação.
(d) Instrução.
(e) Capacidade de fato.
DIREITO DO SEGURO 42
O SEGURO
03
e o CÓDIGO CIVIL
UNIDADE 3
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Reconhecer os principais ■■ Aplicar a transferência de
dispositivos do Código Civil contrato para terceiros e o CONSIDERAÇÕES INICIAIS
aplicáveis aos Seguros de rateio proporcional.
Danos e de pessoas. DISPOSIÇÕES COMUNS AOS
■■ Exemplificar a contratação SEGUROS DE DANOS E DE
■■ Entender que a seguradora de mais de um seguro PESSOAS
responde apenas pelos para o mesmo interesse
riscos predeterminados no segurável. DISPOSIÇÕES RELATIVAS
contrato de seguro. AOS SEGUROS DE DANOS
■■ Descrever a sub-rogação
■■ Estabelecer a importância e identificar quando ela DISPOSIÇÕES RELATIVAS
da boa-fé para o contrato ocorre. AOS SEGUROS DE PESSOAS
de seguro. ■■ Diferenciar o Seguro de PRESCRIÇÃO
■■ Reconhecer os efeitos de Responsabilidade Civil e o
declarações inexatas e de Seguro Coletivo. FIXANDO CONCEITOS 3
ato doloso praticado pelo ■■ Aplicar a instituição
segurado, pelo beneficiário
e substituição de
ou por seus representantes.
beneficiários e o seguro
■■ Identificar a ocorrência do sobre a vida de terceiros.
agravamento do risco e ■■ Reconhecer os efeitos
das regras de contratação
da invalidade da cláusula
por agente autorizado.
beneficiária, da transação
■■ Descrever a renovação com pagamento reduzido
automática, a mora do e do suicídio.
segurado e da seguradora ■■ Descrever os diversos
e o aviso de sinistro.
casos de prescrição e a
relação com pretensão.
DIREITO DO SEGURO 43
UNIDADE 3
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O contrato de seguro está disciplinado de forma especial no Códi-
go Civil (Lei nº 10.406/02), que contém um capítulo inteiramente
Saiba Mais dedicado a ele (arts. 757 a 802).
Estude o capítulo Seguro no Esta unidade divide-se em três seções: uma contendo disposições gerais
Código Civil. Leia: TEPEDINO, aplicáveis tanto aos Seguros de Danos quanto de Pessoas (arts. 757 a
Gustavo et al. Código Civil 777), outra contendo disposições específicas sobre Seguros de Danos
interpretado conforme a (arts. 778 a 788) e, finalmente, outra contendo disposições específicas
Constituição da República. sobre Seguros de Pessoas (arts. 789 a 802).
Rio de Janeiro: Renovar, 2004. O estudo do contrato de seguro feito a seguir é baseado, essencialmente,
Art. 757 a 802. nesses artigos (dispositivos).
DIREITO DO SEGURO 44
UNIDADE 3
—— Riscos Predeterminados
A seleção de riscos é indispensável para o sucesso da atividade seguradora.
Por esse motivo, o art. 757 do Código Civil prevê, claramente, que a segu-
radora somente está obrigada a cobrir os riscos predeterminados no
contrato de seguro:
—— Boa-Fé na Conclusão e na
Execução do Contrato do Seguro
A boa-fé é um princípio que rege todos os contratos. Ela se divide em duas
acepções: uma objetiva e outra subjetiva.
Boa-Fé Objetiva
Na sua acepção objetiva, a boa-fé desempenha várias funções. A mais
importante delas corresponde a um padrão de comportamento, um mode-
lo de conduta que deve ser observado pelos contratantes e os obriga a
observar e cumprir determinados deveres.
DIREITO DO SEGURO 45
UNIDADE 3
Boa-Fé Subjetiva
Na sua acepção subjetiva, a boa-fé contrapõe-se à noção de má-fé.
—— Efeitos do Descumprimento
do Dever de Informação que
Influi na Aceitação da Proposta
ou na Tarifação do Prêmio
O art. 766 do Código Civil estabelece as consequências para o descum-
primento do dever de informação pelo segurado ou pelo seu represen-
tante, no caso de a informação inexata ou omitida influir na decisão da
seguradora de aceitar a proposta ou na tarifação do prêmio.
DIREITO DO SEGURO 46
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 47
UNIDADE 3
Observe que estão fora do alcance do art. 762 do Código Civil os atos
culposos, que são aqueles por meio dos quais o agente não quer alcançar
o resultado danoso, mas atua com imprudência, negligência ou imperícia.
DIREITO DO SEGURO 48
UNIDADE 3
—— Agravamento do Risco
O agravamento do risco se caracteriza pela alteração do estado original
4 Em julgamento mais recente
de risco, ou seja, pela modificação, na vigência do contrato de seguro,
sobre o tema, o Superior Tribunal
de Justiça enfrentou hipótese na da situação de risco original, isto é, presente quando da celebração do
qual o segurado caiu de uma alta contrato.
torre metálica, onde subira para
ter acesso à vista panorâmica, O agravamento do risco pode decorrer de vários fatores. Por exemplo, de
tendo ficado paraplégico. O um ato doloso ou culposo do segurado, como resultado de uma condu-
tribunal entendeu que não ta do segurado que não seja culposa, bem como de um fato totalmente
caracteriza agravamento de risco alheio à sua vontade.
o ato do segurado que constitui
“comportamento aventureiro O agravamento do risco é tratado nos arts. 768 e 769 do Código Civil. O
razoável e previsível na vida das art. 768 trata do agravamento intencional do risco:
pessoas, como também acontece
com escalada de árvores, “Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar
pedras, trilhas íngremes, e coisas intencionalmente o risco objeto do contrato.”
semelhantes” (BRASIL. Superior
Tribunal de Justiça. Recurso Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça se deu no sentido de
Especial 795.027/RS. Relator:
que a intencionalidade citada no artigo está vinculada à própria ocorrên-
Ministro Aldir Passarinho Júnior.
cia do sinistro.4
Brasília, 18 de março de 2010.
Disponível em: www.stj.jus.br.
Isso significa que o agravamento do risco, na forma do art. 768 do Código
Acesso em 28 out. 2010).
Civil, só se caracteriza quando o segurado age com dolo; portanto, com o
intuito de aumentar o risco ou desencadear o sinistro.
DIREITO DO SEGURO 49
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 50
UNIDADE 3
—— Renovação Automática
De acordo com o art. 774 do Código Civil, a renovação automática (“recon-
dução tácita”) do contrato de seguro, por força de cláusula contratual,
somente poderá ocorrer uma única vez:
—— Mora do Segurado
O art. 763 do Código Civil estabelece o seguinte:
DIREITO DO SEGURO 51
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 52
UNIDADE 3
—— Mora da Seguradora
O atraso da seguradora no pagamento da indenização ou capital segurado
torna necessária a atualização monetária do valor respectivo, na forma do
art. 772 do Código Civil:
DIREITO DO SEGURO 53
UNIDADE 3
O fato é que o art. 39 da Circular SUSEP nº 256/2004 (que trata dos Segu-
ros de Danos) e o art. 74 da Circular SUSEP nº 302/2005 (que trata das
garantias de risco nos Seguros de Pessoas) vedam expressamente a inclu-
são, nos contratos de seguro, de cláusula que disponha sobre a fixação de
prazo máximo para a comunicação de sinistro.
—— Aplicação Subsidiária do
Código Civil aos Seguros
Regidos por Leis Específicas
Determinados seguros são disciplinados por leis específicas.
Isso significa que os arts. 757 a 777 do Código Civil somente se aplica-
rão a esses seguros naquilo em que a lei especial for omissa.
DIREITO DO SEGURO 54
UNIDADE 3
DISPOSIÇÕES RELATIVAS
AOS SEGUROS DE DANOS
Em relação ao Seguro de Danos, vamos estudar as disposições de transfe-
rência do contrato de seguro a terceiro, do rateio proporcional da indeniza-
ção, do contrato de mais de um seguro para o mesmo interesse segurável,
da sub-rogação e do Seguro de Responsabilidade Civil.
—— Transferência do Contrato
de Seguro a Terceiro
O art. 785 do Código Civil, que trata da transferência do contrato de
seguro a terceiro em consequência da alienação ou da cessão do bem
objeto do seguro:
DIREITO DO SEGURO 55
UNIDADE 3
—— Rateio Proporcional
Quando o contrato de seguro garante menos do que vale o interesse segu-
rável, o chamado de infrasseguro, pode ou não, conforme o caso, haver a
aplicação do rateio proporcional no caso de um sinistro parcial, previsto no
art. 783 do Código Civil:
DIREITO DO SEGURO 56
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 57
UNIDADE 3
A aplicação dessa cláusula fará com que, apurado o valor do prejuízo, cada
seguradora participe, no pagamento da indenização, na proporção do ris-
co que segurou.
—— Sub-Rogação
O termo “sub-rogação” significa a substituição de uma pessoa pela outra.
Quando falamos precisamente em relação ao pagamento com sub-roga-
ção, esta significa a substituição de um credor por outro.
DIREITO DO SEGURO 58
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 59
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 60
UNIDADE 3
DISPOSIÇÕES RELATIVAS
AOS SEGUROS DE PESSOAS
Inicialmente, cabe esclarecer que são considerados Seguros de Pes-
soas apenas os Seguros de Vida e de Acidentes Pessoais.
Isso não significa, contudo, que o exercício desses direitos pelo propo-
nente não deva e nem possa sofrer limitações. Embora não se faça à livre
contratação nos Seguros de Pessoas, o segurador possui critérios próprios
de análise e subscrição do risco.
DIREITO DO SEGURO 61
UNIDADE 3
Assim, por exemplo, o capital segurado para o risco de morte deve ser
suficiente para garantir ao beneficiário, que dependa economicamente do
segurado, a certeza de sua subsistência após o falecimento dele.
Aprenda mais Nos casos, por exemplo, da fixação de uma ou mais garantias isoladamen-
te ou em conjunto, em que o valor do prêmio correspondente comprome-
sobre este assunto te substancialmente a renda de quem deve pagá-lo ou, ainda, quando o
valor da(s) garantia(s) contratada(s) representa(m), para o segurado ou o
Leia MARTINS, João Marcos de beneficiário, uma substancial vantagem econômica, há incompatibilidade
Brito. O Contrato de Seguro: do contrato de seguro com o aspecto econômico do interesse envolvido.
Comentado conforme as
disposições do novo Código Em tais hipóteses, além de estarem presentes indícios de possível frau-
Civil. Rio de Janeiro: Forense de, o direito de fixar livremente o capital segurado e de contratar mais de
Universitária, 2003 uma garantia está sendo exercido de forma claramente abusiva, violando a
boa-fé objetiva (art. 187 do Código Civil).
DIREITO DO SEGURO 62
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 63
UNIDADE 3
O parágrafo único não cita o(a) companheiro(a), mas tal dispositivo se apli-
ca a ele(a) também.
—— Indicação e Substituição
do Beneficiário
Em relação à substituição do beneficiário, a regra determina que o segurado
pode, durante a vigência do contrato, alterar a cláusula beneficiária estabele-
cida quando da contratação. No entanto, essa regra comporta duas exceções.
Tanto a regra quanto as exceções estão previstas no art. 791 do Código Civil:
Dessa forma, não existindo circunstância legal que o impeça, pode o segu-
rado, por ato intervivos (endosso) ou de última vontade (testamento), subs-
tituir o beneficiário do contrato de seguro. Exemplo: ex-cônjuge pelo(a)
atual companheiro(a).
A renúncia (que precisa ser expressa) deve ser formalizada por meio de
instrumento à parte do contrato de seguro, datado e assinado pelo segura-
do. Se ela for objeto de cláusula constante do contrato e se este possuir a
característica da adesão, o segurado poderá, posteriormente, alegar que a
renúncia lhe foi imposta, de modo a invalidá-la.
DIREITO DO SEGURO 64
UNIDADE 3
Saiba mais
O art. 1.790 do Código Civil estabelece as condições para que o(a) companheiro(a)
participe da sucessão:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei
for atribuída ao filho;
II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do
que couber a cada um daqueles;
III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
DIREITO DO SEGURO 65
UNIDADE 3
É importante reiterar que seguro não constitui herança (conforme art. 794
do Código Civil) e que o art. 792 apenas se utiliza da ordem da vocação
hereditária como um critério para dividir metade do capital segurado.
DIREITO DO SEGURO 66
UNIDADE 3
—— Suicídio
O suicídio do segurado é tratado no art. 798:
DIREITO DO SEGURO 67
UNIDADE 3
—— Sub-Rogação
O art. 800 do Código Civil veda a sub-rogação da seguradora nos Seguros
de Pessoas.
O motivo para essa proibição é simples. Quando o sinistro sofrido pelo segu-
rado for causado culposa ou dolosamente por um terceiro, haverá para o
próprio segurado, se sobreviver, ou para seus herdeiros, se o segurado fale-
cer, pretensão de reparação de danos contra o terceiro. Se a lei admitisse a
sub-rogação da seguradora nos Seguros de Pessoas, o valor do capital pago
por ela teria que ser, obrigatoriamente, abatido do valor da condenação
eventualmente imposta ao terceiro na ação de reparação de dano movida
pelo segurado ou pelos herdeiros dele. Daí resultaria um anacronismo, pois
o capital segurado, que tem natureza compensatória, estaria sendo abatido
de uma indenização fixada judicialmente e de típica natureza indenizatória.
Além disso, a vedação permite que a reparação civil do segurado ou dos her-
deiros dele contra o terceiro, causador do dano, seja a mais ampla possível.
—— Seguro Coletivo
O art. 801 do Código Civil autoriza que o Seguro de Pessoas seja estipulado
por pessoa física ou jurídica que mantenha vínculo com o grupo em provei-
to do qual o seguro é contratado:
DIREITO DO SEGURO 68
UNIDADE 3
Para que não haja dúvida a esse respeito, o art. 802 do Código Civil dei-
xa claro que os arts. 789 a 801 do mesmo código (Seção III do Capítulo
do Seguro no Código Civil) não se aplicam às garantias de reembolso de
despesas hospitalares ou de tratamento médico, nem de custeio das des-
pesas de luto e de funeral do segurado:
DIREITO DO SEGURO 69
UNIDADE 3
PRESCRIÇÃO
Para entendermos o conceito de prescrição, primeiro precisamos estudar
o conceito de pretensão.
A pretensão é o poder de, pelas vias judiciais, exigir de alguém uma deter-
minada prestação, positiva ou negativa.
Essa pretensão deve ser exercida dentro de um prazo específico, previsto em lei.
Assim, o corretor de seguro deve estar atento ao estudo dos prazos pres-
cricionais a fim de orientar o segurado no sentido de que, no caso de recu-
sa do pagamento da indenização por parte da seguradora, esse é o prazo
limite durante o qual o segurado pode pleitear judicialmente os direitos
que entende possuir.
DIREITO DO SEGURO 70
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 71
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 72
UNIDADE 3
—— Prescrição do Beneficiário
11 Apesar de a literalidade da lei não Na vigência do Código Civil de 1916, o prazo prescricional de que o beneficiá-
deixar dúvida de que o prazo do rio dispunha para exercer, em face da seguradora, a sua pretensão de rece-
beneficiário para propor ação em
bimento do capital segurado era de 20 anos (art. 177 do Código Civil de 1916).
face da seguradora é de três anos,
vale mencionar que dois recentes Esse prazo foi reduzido pelo Código Civil atual, que entrou em vigor em 11
julgados do Superior Tribunal de
de janeiro de 2003.
Justiça decidiram que esse prazo
seria maior, mais precisamente de De acordo com o art. 206, § 3º, inciso IX, do Código Civil, a pretensão do
dez anos (art. 205 do Código Civil).
beneficiário em face da seguradora prescreve em três anos:11
Neste sentido, há precedentes
no STJ, como, por exemplo, este: “Art. 206. Prescreve:
BRASIL. Superior Tribunal de
Justiça. Agravo Regimental no § 3º Em três anos: [...]
Agravo em Recurso Especial nº IX – a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do ter-
266841/RO. Relator: Ministro Raul ceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil
Araujo. Brasília, 03 de agosto de
obrigatório.”
2015. Disponível em: www.stj.jus.br.
Acesso em 04 out. 2016.
DIREITO DO SEGURO 73
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 74
UNIDADE 3
DIREITO DO SEGURO 75
FIXANDO CONCEITOS
FIXANDO CONCEITOS 3
(a) V, F, V, F.
(b) V, V, F, F.
(c) F, V, F, V.
(d) F, V, V, F.
(e) V, V, V, V.
DIREITO DO SEGURO 76
FIXANDO CONCEITOS
DIREITO DO SEGURO 77
O CÓDIGO
DE DEFESA
do CONSUMIDOR
04 UNIDADE 4
DIREITO DO SEGURO 78
UNIDADE 4
ORIGEM E OBJETIVOS
Vamos começar esta unidade tratando da finalidade do Código de Defe-
sa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), também conhecido como CDC.
Ele contém normas de ordem pública e de interesse social que têm por
objetivo atender às necessidades dos consumidores brasileiros, respei-
tando sua dignidade, sua saúde e sua segurança, protegendo seus inte-
resses econômicos, melhorando sua qualidade de vida e promovendo
a transparência e a harmonia nas relações de consumo. Além disso, o
CDC prestigia os critérios da vulnerabilidade e da hipossuficiência do
consumidor.
CONCEITO DE CONSUMIDOR
Primeiramente, precisamos entender o conceito de consumidor. O art. 2º
do Código de Defesa do Consumidor prevê que “consumidor é toda pes-
soa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como des-
tinatário final”.
No entanto, além do consumidor padrão, a lei define ainda três outros tipos
de consumidores, denominados consumidores por equiparação.
DIREITO DO SEGURO 79
UNIDADE 4
Curiosidade
A doutrina diverge sobre o conceito de “destinatário final”. Existem, basicamente, duas
correntes a esse respeito:
Finalista: para esta corrente, é considerado consumidor somente aquele não profissio-
nal que adquire produto ou contrata serviço, esgotando em si mesmo o consumo (ex.:
pai de família que adquire um computador para uso doméstico).
Maximalista: para esta corrente, basta que o consumidor seja o destinatário final daquele
produto ou serviço específico, não importando se esse produto ou serviço foi empregado
para transformar ou produzir outro produto ou prestar outro serviço (ex.: empresa que
adquire tecido para confeccionar roupas para venda).
ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE
SECURITÁRIA COMO SERVIÇO
O art. 3º, § 2º, do CDC enquadra a atividade securitária no conceito de
serviço:
Desse modo, fica claro que, nas relações entre segurado e seguradora, na
medida em que o segurado se enquadre no conceito de destinatário final
do seguro, aplicam-se também as regras do Código de Defesa do Consu-
midor, além das regras do Código Civil e da regulamentação expedida pelo
CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados – e pela SUSEP – Supe-
rintendência de Seguros Privados.
DIREITO DO SEGURO 80
UNIDADE 4
VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA
DO CONSUMIDOR
Um dos princípios da Política Nacional das Relações de Consumo estabe-
lecida pelo CDC é o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo, conforme art. 4º, inciso I, desse código:
Técnica
É aquela em que o comprador não possui conhecimentos específi-
cos sobre o produto ou serviço que está adquirindo ou contratan-
do, podendo ser mais facilmente enganado. Exemplo disso são os
produtos eletroeletrônicos adquiridos por uma pessoa idosa que
tenha dificuldades em lidar com esse tipo de equipamento.
Científica ou jurídica
É aquela que consiste na falta de conhecimentos científicos especí-
ficos e/ou jurídicos que crie uma situação de desvantagem evidente
do consumidor em relação ao fornecedor de produtos ou serviços.
Exemplo disso são os contratos bancários, como o de empréstimo,
ou as cláusulas de uma apólice de seguro, quando celebrados por
um consumidor com dificuldade ou pouca instrução.
DIREITO DO SEGURO 81
UNIDADE 4
Fática ou socioeconômica
Ocorre quando o fornecedor, seja por sua posição de monopó-
lio fático e por seu grande poder econômico, seja em razão da
essencialidade do produto ou do serviço que oferece, impõe sua
superioridade a todos os consumidores que com ele contratam.
Exemplo disso são os softwares e licenças para uso de softwares
da Microsoft, quando adquiridos por um profissional liberal (enge-
nheiro, economista) que não entenda de informática.
DIREITO DO SEGURO 82
UNIDADE 4
—— Direito à Informação
O Código de Defesa do Consumidor estabelece no art. 6º, inciso III, como
direito básico do consumidor a informação:
DIREITO DO SEGURO 83
UNIDADE 4
Vale lembrar que publicidade enganosa e abusiva são dois conceitos dis-
tintos que o CDC distingue no art. 37:
DIREITO DO SEGURO 84
UNIDADE 4
DIREITO DO SEGURO 85
UNIDADE 4
GARANTIA DE
COGNOSCIBILIDADE
14 Para confirmar isso, basta A garantia de cognoscibilidade significa que o contrato não obrigará o con-
verificar que, com relação aos sumidor (embora obrigue o fornecedor) se, ao emitir sua declaração de
Seguros de Danos, o art. 3º, Anexo vontade no sentido de contratar, este não havia tido prévio conhecimento
I, da Circular SUSEP
do clausulado do contrato.
nº 256/2004 prevê que “as condições
contratuais do seguro deverão Como requisito indispensável para que o contrato de consumo possa obri-
estar à disposição do proponente
gar o consumidor, o fornecedor deve cumprir a garantia de cognoscibilida-
previamente à assinatura da
respectiva proposta, devendo de, prevista no art. 46 do CDC:
este, seu representante legal ou
“Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não
seu corretor de seguros assinar
declaração, que poderá constar da obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade
própria proposta, de que tomou de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respec-
ciência das referidas condições tivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a com-
contratuais”. Em relação aos preensão de seu sentido e alcance”.
Seguros de Pessoas com cobertura
de risco, o art. 97 da Circular Portanto, se, ao preencher a proposta de seguro, o consumidor não tiver
SUSEP nº 302/2005 prevê que tido prévio conhecimento das cláusulas contratuais, a garantia de cognos-
“as condições contratuais do
cibilidade não terá sido cumprida, de modo que o contrato obrigará o for-
seguro deverão estar à disposição
necedor (seguradora), sem obrigar o consumidor (proponente).
do proponente previamente à
assinatura da respectiva proposta
É importante mencionar que as normas regulamentares editadas pela
de contratação, no caso de plano
individual, ou da proposta de
SUSEP prestigiam a garantia de cognoscibilidade ao exigirem que o pro-
adesão, no caso de plano coletivo, ponente tenha prévio conhecimento das cláusulas que regerão o contrato
devendo o proponente, seu de seguro.14
representante ou seu corretor
de seguros assinar declaração,
que poderá constar da própria
proposta, de que tomou ciência
das condições contratuais”.
Finalmente, com relação aos
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Seguros de Pessoas com cobertura
de Sobrevivência, o art. 68 da DO FORNECEDOR PELO
Circular SUSEP nº 339/2007
prevê que “o regulamento FATO DO SERVIÇO
atualizado do plano será colocado
à disposição do proponente,
previamente à contratação, sendo A seguir, você pode conferir no art. 14 do CDC, que trata da responsabilida-
obrigatoriamente remetido ao
de do fornecedor pelo fato do serviço, prevê o seguinte:
segurado no ato da inscrição, como
parte integrante da proposta”,
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente
e o parágrafo único estabelece
que “no plano coletivo, a entrega da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
do regulamento será efetuada, consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
também, ao estipulante, na data da como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
assinatura do contrato”. fruição e riscos.
DIREITO DO SEGURO 86
UNIDADE 4
DIREITO DO SEGURO 87
UNIDADE 4
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
DO PRESTADOR DE SERVIÇO
PROFISSIONAL LIBERAL
De acordo com o art. 14, § 4º, do CDC, a responsabilidade do profissional
liberal é subjetiva, ou seja, deve ser aferida mediante a verificação de cul-
pa. É a única exceção ao princípio de responsabilização objetiva do CDC.
DIREITO DO SEGURO 88
UNIDADE 4
Nesse caso, a ação que o segurado moverá contra o segurador não terá
como objeto o inadimplemento contratual do pagamento de indenização
ou um capital (caso em que se aplica a prescrição de um ano do Código
16 Eis o caso julgado pela Seção Civil), mas, sim, a reparação dos danos sofridos pelo fato do serviço (caso
de Direito Privado: BRASIL. em que se aplica a prescrição do art. 27 do CDC):
Superior Tribunal de Justiça.
Recurso Especial nº 146.186/ “Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos
RJ, Rel. Ministro Ari Pargendler,
danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
Rel. p/ Acórdão Ministro Aldir
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
Passarinho Júnior. Brasília, 12 de
dezembro de 2001. do conhecimento do dano e de sua autoria.”
17 A título de exemplo, pode ser A Seção de Direito Privado do Superior Tribunal de Justiça consolidou
citado o seguinte precedente: esse entendimento em julgamento ocorrido no ano de 2002 16 , conforme
BRASIL. Superior Tribunal de o Recurso Especial nº 146.186 – RJ, publicado no DJ de 19/12/2002. Desde
Justiça. Agravo Regimental no então, essa interpretação vem sendo mantida.17
Recurso Especial nº 995890/RN.
Relator: Ministro Antonio Carlos É importante destacar, que a norma dispõe que o início da contagem do
Ferreira. Brasília, 12 de novembro de prazo prescricional se dá a partir do conhecimento do dano e conhecimen-
2013. Disponível em: www.stj.jus.br. to de sua autoria. Somente a partir da conjugação dos dois elementos que
Acesso em 06 out. 2016.
se pode considerar iniciado o curso do prazo prescricional.
DIREITO DO SEGURO 89
UNIDADE 4
DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
O art. 28 do CDC autoriza o juiz a desconsiderar a personalidade jurídica
do fornecedor em determinadas hipóteses:
OFERTA
Pelo sistema do CDC, qualquer informação ou publicidade dirigida a uma
coletividade ou a um determinado consumidor que contiver os elementos
essenciais para o negócio (coisa e preço) deve ser considerada como ofer-
ta vinculante, bastando ao consumidor o consenso.
DIREITO DO SEGURO 90
UNIDADE 4
Curiosidade
A teoria da desconsideração da pessoa jurídica foi originalmente invocada no ano de
1809, nos Estados Unidos, onde foi denominada disregard of legal entity ou lifting the
corporate veil, expressão que significa “desconsideração da personalidade jurídica e
levantamento do véu da personalidade jurídica”.
Essa teoria foi invocada no caso Bank of the United States contra Deveaux. O art. 3º, II,
da Constituição Americana limita a jurisdição das Cortes Federais às controvérsias entre
“cidadãos” de diferentes estados americanos. Todavia, o juiz Marshall, com o objetivo
de manter a jurisdição de uma Corte Federal sobre aquele caso, adotou a referida
teoria para “olhar além do véu” da empresa (no caso, o banco) e, assim, alcançar seus
sócios. Como estes eram cidadãos de diferentes estados americanos, o juiz Marshall
concluiu que o caso poderia permanecer sob a jurisdição de uma Corte Federal.
É importante mencionar que o art. 31 do CDC prevê a forma pela qual toda
oferta feita pelo fornecedor ao consumidor deve ser realizada:
DIREITO DO SEGURO 91
UNIDADE 4
RECUSA DO FORNECEDOR EM
CUMPRIR A OFERTA
Caso o fornecedor se recuse a cumprir uma oferta feita ao consumidor,
este terá ao seu dispor as alternativas previstas no art. 35 do CDC:
SOLIDARIEDADE
De acordo com o art. 34 do CDC, o fornecedor é solidariamente responsá-
vel pelos atos praticados por seus prepostos e representantes que causem
dano ao consumidor:
DIREITO DO SEGURO 92
UNIDADE 4
Saiba mais
A regra é: havendo pluralidade de devedores, cada um é responsável por apenas uma
parte da dívida. Porém, quando houver solidariedade passiva, mesmo aquele que deve
apenas uma parte fica responsável por toda a dívida, se for escolhido pelo credor para
cumprir a obrigação, conforme o art. 904 do Código Civil. Isso representa uma vanta-
gem para o credor que, em vez de receber de cada devedor o que lhe é devido, pode
cobrar e receber totalmente a dívida de uma única pessoa, cabendo ao devedor que
pagou a dívida ser restituído pelos demais devedores solidários.
PRÁTICAS ABUSIVAS
O CDC traz um rol de práticas consideradas abusivas em seu art. 39. Esse
rol não é taxativo, razão pela qual o juiz pode, em cada caso concreto, ana-
lisando a conduta do fornecedor, identificar outras práticas que contenham
característica de abusividade.
—— Venda Casada
Entre as práticas consideradas abusivas pelo CDC, e por ele vedadas, está
a chamada venda casada, prevista no inciso I do art. 39:
DIREITO DO SEGURO 93
UNIDADE 4
Um exemplo bem comum ocorre quando, sem que haja solicitação do con-
sumidor, a administradora de cartão de crédito insere, na fatura do consu-
midor, cobrança de seguro contra furto ou roubo do cartão.
—— Comercialização de Seguro
cujo Contrato Não Tenha Sido
Submetido à Aprovação da SUSEP
ou Esteja em Desacordo com
as Normas Regulamentares
O inciso VIII do art. 39 do CDC veda a comercialização de produto ou ser-
viço que esteja em desacordo com as normas regulamentares ou que não
tenha sido submetido à aprovação do órgão regulador competente, quan-
do houver:
DIREITO DO SEGURO 94
UNIDADE 4
Desse modo, é importante que você tenha sempre em mente que as segu-
radoras não podem comercializar contratos de seguro que não tenham
sido submetidos à prévia aprovação da SUSEP ou que se mostrem incom-
patíveis com as normas regulamentares vigentes.
DIREITO DO SEGURO 95
UNIDADE 4
Assim, por exemplo, se o prêmio de seguro mensal for pago por meio de
débito automático em conta corrente do segurado e o desconto de uma
mesma parcela for feito em duplicidade, a seguradora terá que restituir em
dobro o valor indevidamente debitado, caso não tenha uma justificativa
plausível para o erro.
CLÁUSULAS ABUSIVAS
A cláusula abusiva é aquela que é notoriamente desfavorável à parte mais
fraca na relação contratual, que é, mais frequentemente, o consumidor.
DIREITO DO SEGURO 96
UNIDADE 4
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas con-
tratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
[...]
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
[...]
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que
pertence;
II – restringe direito ou obrigações fundamentais inerentes à natu-
reza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objetivo ou o equilí-
brio contratual;
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, consi-
derando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
Curiosidade
Entre a segunda metade do século XVIII e a primeira do século XX, ocorreram profundas
transformações no mundo, com destaque para o desenvolvimento científico e tecnológico,
a Revolução Industrial e os movimentos sociais destinados a alcançar direitos e garantias
para as relações de trabalho. Nesse período surgiu, nos Estados Unidos, o movimento con-
sumerista, que alterou substancialmente as relações entre consumidor e fornecedor.
A massificação dos meios de produção e fornecimento, a necessidade de facilitar e
abreviar a circulação dos bens e serviços e o dirigismo estatal exigiram a padronização
dos contratos de consumo por meio da fixação de cláusulas unilaterais e previamente
dispostas pelos fornecedores, impondo a utilização de instrumentos práticos, rápidos e
uniformes. Surgiu, assim, o contrato de adesão, que estudaremos a seguir.
DIREITO DO SEGURO 97
UNIDADE 4
CONTRATO DE ADESÃO
No contrato de adesão, a participação do consumidor limita-se à aceita-
ção em bloco de uma série de cláusulas elaboradas antecipadamente
pelo fornecedor. Caracteriza-se, assim, por permitir que seu conteúdo seja
antecipadamente elaborado por uma das partes, eliminando a negociação
quanto ao conteúdo das cláusulas que, normalmente, precede a formação
de um contrato.
DIREITO DO SEGURO 98
UNIDADE 4
Para que essas cláusulas restritivas sejam válidas, sua redação deve aten-
der aos requisitos estabelecidos pelo art. 54 do CDC.
DIREITO DO SEGURO 99
FIXANDO CONCEITOS
FIXANDO CONCEITOS 4
(a) V, F, V, V. (d) F, F, V, F.
(b) V, F, F, V. (e) F, F, F, F.
(c) F, V, F, V.
ESTUDOS DE CASO
Caso 1
Luísa aliena a propriedade de seu veículo a João e, para documentar essa
venda, assina o documento único de trânsito em favor dele. Além disso,
pretendendo transferir o seguro do automóvel juntamente com a proprie-
dade do bem, e sendo a apólice nominativa, Luísa e João fazem aviso
escrito à seguradora, datado e assinado por ambos. No entanto, uma das
cláusulas dessa apólice veda a transferência do contrato de seguro a ter-
ceiro. Pergunta-se: o instrumento particular firmado por Luísa em favor de
João é eficaz?
Caso 2
Laura contrata um Seguro de Vida e Acidentes e indica sua mãe, Carmem,
como beneficiária. Na vigência do contrato de seguro, Carmem falece. Lau-
ra, no entanto, não substitui a beneficiária falecida por outra pessoa. Ainda
na vigência dessa apólice, Laura falece em razão de risco coberto. Todavia,
a segurada não tinha cônjuge ou companheiro, nem deixou outros herdei-
ros legais. Pergunta-se: é possível que alguém se habilite ao recebimento
do capital segurado?
Caso 3
João contrata um Seguro de Vida Individual com garantia adicional de
Assistência Funeral. Por essa garantia, a seguradora se compromete a
contratar terceiros para realizar o funeral (capela, urna, flores, carro funerá-
rio). O segurado falece, e a beneficiária comunica o sinistro. A seguradora
informa que providenciará o serviço funerário. A empresa contratada pela
seguradora para prestá-lo acerta com a beneficiária os detalhes, mas, no
dia e horário combinados para o funeral, nenhum dos serviços é fornecido.
A beneficiária se vê obrigada a providenciar tudo por conta própria. Mais
tarde, impetra ação judicial contra a seguradora. Esta, em sua defesa, ale-
ga que está isenta de responsabilidade, porque a hipótese é de culpa de
terceiro. Pergunta-se: o fundamento da defesa da seguradora procede?
Caso 4
Márcia contrata um seguro residencial com cobertura para Incêndio, Rou-
bo, Responsabilidade Civil, Moradia Temporária e outras, além de lhe ter
sido concedido, adicionalmente, um serviço de assistência residencial 24
horas. Na vigência da apólice, um pequeno vazamento ocorre na cozinha
da residência. Márcia decide acionar o bombeiro hidráulico oferecido pelo
serviço de assistência da seguradora para realizar o reparo. O bombeiro
tenta efetuar o reparo, mas, por imperícia, acaba provocando o rompimen-
to do cano e a completa inundação da residência da segurada. Em função
disso, diversos bens são danificados, causando prejuízo a Márcia. Pergun-
ta-se: a ação a ser proposta por Márcia para obter a reparação do dano
está sujeita a qual prazo prescricional?
Caso 5
A viúva de um segurado, beneficiária de um seguro de vida, vivenciando
uma série de dificuldades financeiras, ingressa com o pedido de indeni-
zação a uma seguradora. A seguradora informa que haverá uma demora
significativa para efetuar o pagamento, propondo o pagamento imediato,
mas com uma redução de 20% do valor do capital segurado. Em razão da
necessidade, a beneficiária aceita, assinando o respectivo recibo e dando
quitação. Agora responda: assiste ainda algum direito à beneficiária?
Caso 6
Determinado cidadão realiza uma série de compras em uma grande loja
de departamentos, com pagamento a crédito por financiamento fornecido
pela própria empresa. Após estar inadimplente em mais de três mensalida-
des, e não tendo a empresa êxito na cobrança da dívida, o departamento
financeiro entra em contato com o empregador do consumidor, informan-
do o ocorrido e solicitando providências para que seu empregado compa-
reça à loja a fim de saldar o débito. Agora responda: existe algum tipo de
irregularidade em tal cobrança?
Caso 7
Um consumidor sofre severos danos em relação a um determinado produto
fabricado por uma empresa. O consumidor ingressa em juízo e a sentença
determina que a empresa deve efetuar o pagamento de uma indenização
em dinheiro. O consumidor não consegue receber o que lhe é devido, pois
a empresa utiliza uma série de expedientes para não efetuar o pagamen-
to, alegando, inclusive, que não possui dinheiro nem bens. Disserte sobre
quais direitos são assegurados ao consumidor, pelo Código de Defesa do
Consumidor, a fim de facilitar o recebimento do que lhe é devido.
GABARITO
Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4
Estudos de Caso
Caso 1
Não, pois o contrato de seguro veda expressamente a transferência do
seguro juntamente com a propriedade do veículo, e tal vedação é permiti-
da pelo art. 785 do Código Civil.
Caso 2
Sim. De acordo com o parágrafo único do art. 792 do Código Civil, se não
houver beneficiário designado, ou se por qualquer motivo não puder pre-
valecer a indicação de beneficiário feita pelo segurado, serão beneficiários
os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessá-
rios à subsistência. Portanto, qualquer pessoa que preencha esse requisito
poderá se habilitar ao recebimento do capital segurado.
Caso 3
Não. A hipótese é de defeito na prestação, pois a garantia adicional de
Auxílio Funeral consiste na prestação de um serviço ao beneficiário do
seguro, que, embora executado por terceiro, é oferecido pela seguradora,
sendo portanto, sua obrigação contratual. Deste modo, aplica-se à segura-
dora a responsabilidade objetiva do art. 14 do Código de Defesa do Consu-
midor. O fornecedor estará exonerado da obrigação de indenizar apenas
se provar a ocorrência de uma das excludentes de responsabilidade men-
cionadas no § 3º daquele artigo ou de caso fortuito ou força maior. No caso
concreto, a empresa contratada pela seguradora para prestar o serviço, e
que deixou de fazê-lo, não pode ser considerada “terceiro” em relação à
seguradora, razão pela qual esta não pode arguir em sua defesa a culpa de
terceiro para tentar se eximir de sua responsabilidade.
Caso 4
A ação será de reparação de dano pelo fato do serviço (defeito na prestação
do serviço), baseada no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, subme-
tendo-se, portanto, à prescrição de cinco anos, prevista no art. 27 do CDC.
Caso 5
Dispõe o Código Civil que é nula, no seguro de pessoa, qualquer transa-
ção para pagamento reduzido do capital segurado. Diante de tal circuns-
tância, a beneficiária poderá ainda pleitear judicialmente a diferença do
capital segurado, uma vez que a transação é nula.
Caso 6
Dispõe o Código de defesa do Consumidor que, na cobrança de débi-
tos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. A cobrança
de uma dívida é ação regular do credor em relação ao devedor. O CDC,
obviamente, não a impede. Entretanto, na situação apresentada, ficou
caracterizada a cobrança abusiva, em local de trabalho, prática proibida
pelo Código do Consumidor.
Caso 7
De conformidade com o Código de Defesa do Consumidor, o juiz poderá
desconsiderar a personalidade jurídica da empresa. O dispositivo permi-
te que, na situação exposta, a personalidade jurídica do fornecedor seja
afastada para que se verifique a responsabilização do acionista ou dos
administradores da empresa, chamando-os a responder com seus bens
pessoais pelo prejuízo causado ao consumidor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVIM, P. O contrato de seguro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
______. Curso de Direito Civil brasileiro. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002b.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Identificar as principais ■■ Diferenciar cosseguro,
normas jurídicas sobre resseguro e retrocessão. AS PRINCIPAIS NORMAS LEGAIS
Seguros Privados, E REGULAMENTARES
■■ Definir quais são os
Previdência Complementar
seguros legalmente O SISTEMA NACIONAL DE
Aberta, Capitalização,
obrigatórios no país. REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E
Resseguros e Corretagem.
FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS
■■ Entender os fundamentos
■■ Descrever a composição PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA
das operações de COMPLEMENTAR ABERTA,
do Sistema Nacional de
seguro e resseguro no CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM
Regulação, Supervisão
Brasil e suas normas
e Fiscalização de
regulamentadoras. COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS
Seguros Privados, de QUE COMPÕEM O SISTEMA
Previdência Complementar ■■ Compreender e NACIONAL DE REGULAÇÃO,
Aberta, Capitalização e saber distinguir as SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE
Corretagem. responsabilidades SEGUROS PRIVADOS, PREVIDÊNCIA
administrativa, civil e penal COMPLEMENTAR ABERTA,
■■ Distinguir as competências CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM
do corretor de seguros.
do CNSP, da SUSEP e do
CRSNSP. AS OPERAÇÕES DE
SEGUROS PRIVADOS
OS SEGUROS OBRIGATÓRIOS
FIXANDO CONCEITOS 1
Foi esse mesmo Decreto-Lei que instituiu, no art. 8º, o Sistema Nacional de
Seguros Privados (SNSP), o qual, originalmente, tinha a seguinte composição:
Como até hoje não foi editada nenhuma lei complementar tratando das
operações de Seguros Privados no país, o Decreto-Lei nº 73/1966, conti-
nua a ser recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com status de
lei complementar.
Por tais razões é que se pode falar na coexistência legal de dois Sistemas
distintos, sendo um o de “Seguros Privados” e o outro o de “Capitalização”,
conforme acabamos de estudar.
Órgãos Oficiais:
■■ Resseguradores.
■■ Sociedades autorizadas a operar em seguros privados, incluindo
as de vida e previdência.
■■ Entidades abertas de Previdência Complementar.
■■ Sociedades de Capitalização.
■■ Corretores habilitados.
Comentário
No inciso I, fica claro que o CNSP, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, é
o órgão responsável por fixar as diretrizes e as normas da política de Seguros Privados
no país. O referido conselho, baseado na política econômica estabelecida pelo Minis-
tério da Fazenda, delimita a política de Seguros Privados, e esta deve estar, portanto,
inteiramente integrada à política econômica. É necessário compreender que formular
ou fixar as diretrizes e normas da política de Seguros Privados é competência privativa
do Poder Executivo, bem como enviar proposição de normas legais ao Poder Legisla-
tivo, assim como editar decretos e medidas provisórias. Os órgãos jurisdicionados ao
Ministério da Fazenda, no caso, o CNSP e a SUSEP, têm a competência privativa de
editar normas infralegais, resoluções e circulares, respectivamente.
Comentário
Trata-se de mais uma atribuição relacionada à política econômica do país, objetivando
evitar que as seguradoras apliquem tarifas/preços fora da realidade econômica ou,
então, possam extrapolar o poder que exercerão nas operações que conceberão. O
CNSP é o órgão controlador dos respectivos índices.
Comentário
O Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor tratam das normas gerais — e
algumas específicas — a respeito dos contratos. Por exemplo, o Código Civil estabele-
ce limites para os contratos de adesão, mas não fixa as respectivas cláusulas. Cabe ao
CNSP delimitar essas características gerais, sempre respeitando as normas já expressas
nos referidos códigos.
Comentário
Ao fixar as normas gerais de contabilidade e estatística que deverão ser observadas
pelas sociedades seguradoras, o CNSP acaba exercendo uma espécie de controle em
relação à gestão das próprias sociedades, zelando pelos investimentos dos segurados,
bem como pelo lastro de capital necessário para garantir possíveis e futuras indeniza-
ções, além da veracidade dos lançamentos para efeitos tributários.
Comentário
É outra atribuição com características de proteção, no sentido de garantir o cumpri-
mento das obrigações assumidas pelas sociedades seguradoras. Esse inciso teve a
redação alterada pela Lei Complementar nº 126/2007, a qual deu nova concepção às
operações de resseguro.
Comentário
Como vimos, a Lei Complementar nº 126/2007 estabeleceu uma sistemática específica
para as operações de resseguro. O CNSP é o órgão responsável por estabelecer as
diretrizes gerais dessas operações.
Comentário
O inciso X estabelece como atribuição do CNSP um princípio de direito internacional,
denominado “princípio da reciprocidade”, pelo qual se dá ao estrangeiro o mesmo
tratamento deferido ao nacional no país de origem daquele.
Comentário
As sociedades seguradoras devem ser concebidas na forma jurídica de sociedades
anônimas, cabendo ao CNSP estabelecer os critérios pelos quais poderão ser efetiva-
mente constituídas.
Comentário
A corretagem de seguros e a profissão de corretor de seguros devem ser disciplinadas
pelo CNSP, ao qual compete estabelecer as suas diretrizes e os seus requisitos. É preciso
registrar que a Lei nº 4.594/1964 estabelece os requisitos necessários para o exercício
da profissão de corretor de seguros, exigindo o seu competente registro junto à SUSEP.
A Circular SUSEP nº 510/2015, com alterações promovidas pelas Circulares SUSEP nos
514/2015, 520/2015 e 532/2016, dispõe sobre o registro de corretor de seguros, de capi-
talização e de previdência, pessoa física e pessoa jurídica, e sobre a atividade de correta-
gem de seguros, de capitalização e de previdência.
Comentário
O próprio CNSP estabelecerá a sua organização, ditando como serão realizadas as suas
atividades, compondo, inclusive, o seu próprio regimento interno.
Comentário
O CNSP está autorizado a criar e a manter comissões consultivas com o objetivo não
somente de analisar questões específicas, mas também de dirimir dúvidas sobre questões
que lhe sejam apresentadas.
Comentário
Embora haja previsão legal para regulação, instalação e funcionamento das Bolsas de Se-
guro, na realidade, elas não existem, e não há qualquer marco regulatório nesse sentido.
Comentário
O CNSP editou, em abril de 2011, a Resolução nº 233, que dispõe sobre as condições
de constituição, organização, funcionamento e extinção de entidades autorreguladoras
do mercado de corretagem de seguros, resseguros, de capitalização e de previdência
complementar aberta, na condição de auxiliares da SUSEP, e dá outras providências. Tal
resolução foi alterada pela Resolução CNSP nº 251/2012 e regulamentada pela Circular
SUSEP nº 435/2012.
No ano de 2004, foi aprovada a Resolução CNSP nº 111, a qual teve por
Vale a pena objetivo adequar as competências do CNSP às determinações contidas no
ler na íntegra Decreto-Lei nº 73/1966.
—— Compete à Superintendência
às normas jurídicas, em
especial pelos direitos dos
consumidores, e fomentar
a elevação de padrões
de Seguros Privados (SUSEP)
éticos dos membros do
O art. 36 do Decreto-Lei nº 73/1966 atribui à Superintendência de Seguros
mercado de corretagem, bem
Privados (SUSEP) a missão de executar a política traçada pelo CNSP e,
como as boas práticas de
entre outras obrigações, conferiu-lhe, de forma especial, a missão de fis-
conduta no relacionamento
calizar a constituição, a organização, o funcionamento e as operações das
profissional com segurados,
sociedades seguradoras.
corretores e sociedades
seguradoras, resseguradoras, A SUSEP é uma entidade autárquica pertencente aos quadros da adminis-
de capitalização e entidades tração federal indireta, dotada de personalidade jurídica de Direito Público.
abertas de previdência É o órgão responsável pela fiscalização e supervisão dos mercados de
complementar”. Seguros, Resseguros, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e
www.susep.gov.br Corretagem.
Comentário
Nesse artigo, fica claro que as competências e atividades finalísticas da SUSEP devem,
obrigatoriamente, seguir a política traçada pelo CNSP. Dessa forma, ela deve fiscalizar a
constituição, a organização, o funcionamento e as operações das sociedades seguradoras
com independência, incentivando o desenvolvimento do setor, mas nos limites da política
estabelecida pelo CNSP.
Comentário
Assim, as sociedades seguradoras devem submeter seus processos de constituição,
organização, funcionamento, fusão, encampação, grupamento, transferência de controle
acionário e reforma dos estatutos à SUSEP para fins de processamento, análise e cumpri-
mento das condicionantes legais, bem como para fins de encaminhamento ao CNSP.
Comentário
A SUSEP, por meio de circulares e instruções normativas, edita normas e instruções com-
plementares com vistas ao cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo CNSP.
Comentário
O CNSP estabelece os índices e as demais condições técnicas a respeito das tarifas a se-
rem observadas pelas sociedades seguradoras no caso de seguros cujos prêmios são tari-
fados. A SUSEP, por sua vez, cumpre tais determinações, fixando, nos limites estabelecidos
pelo referido conselho, as condições das apólices e os respectivos planos de operações.
Comentário
O CNSP deverá estabelecer os critérios para os limites de operações das sociedades
seguradoras. Esses critérios devem ser observados pela SUSEP no exercício de suas ativi-
dades de controle e de fiscalização das referidas sociedades.
Comentário
As seguradoras, muitas vezes, propõem coberturas especiais. Cabe à SUSEP examinar tais
propostas, aprová-las e estabelecer as taxas que poderão ser exercidas por elas.
Comentário
As sociedades seguradoras, quando constituídas, devem obrigatoriamente manter reserva
de bens e valores como lastro para suas operações. Esses bens e valores poderão, em
algumas oportunidades, ser liberados ou movimentados. São os denominados bens garan-
tidores das reservas técnicas. Cabe à SUSEP analisar as respectivas razões e circunstân-
cias dessas liberações ou movimentações, quando necessárias ou justificáveis, podendo
ou não dar a autorização.
Comentário
É evidente que a contabilidade de uma empresa possui estreita relação com as obriga-
ções tributárias, haja vista estabelecer um diagnóstico de suas operações financeiras. O
CNSP fixa as normas contábeis e de estatísticas que deverão ser seguidas pelas socieda-
des seguradoras, cabendo à SUSEP fiscalizar o seu cumprimento.
Comentário
Assim, por esse texto legal, constata-se que a SUSEP é o órgão responsável pela fisca-
lização das operações securitárias, zelando pelo cumprimento do universo de leis que
versam sobre seguros, inclusive as que tratam do regime repressivo. Obviamente, o poder
fiscalizador somente se completa se aliado ao poder delegado e constituído de aplicar as
penalidades cabíveis. Caso o operador do seguro cometa qualquer infração, será a SUSEP
a responsável pela realização do respectivo procedimento administrativo sancionador, que
apenará o infrator. As formalidades dos processos administrativos sancionadores, por força
de determinação legal, inclusive da Constituição Federal, devem garantir os direitos funda-
mentais dos administrados (o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa).
Comentário
A liquidação e o encerramento das atividades de uma sociedade seguradora, em decor-
rência de má gestão administrativa, implicam consequências danosas para a imagem do
mercado. Nos regimes especiais, conforme previsto pelo Decreto-Lei nº 73/1966, a so-
ciedade supervisionada pela SUSEP, antes da decretação de sua liquidação extrajudicial,
ainda passa pela direção fiscal (com um diretor fiscal indicado pela SUSEP) e pela interven-
ção. A Lei Federal nº 6.024/1974 dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de
instituições financeiras.
Comentário
A SUSEP está organizada e estruturada em função do contido no Decreto nº 7.409/2009,
e de seu regimento interno. A título de ilustração, o regimento interno atual está contido no
anexo da Resolução CNSP nº 338/2016, o qual pode ser, no curso do tempo, mantido, altera-
do ou revogado quando for editado outro em substituição ao atual.
Comentário
Esses dispositivos estão relacionados à fiscalização, pela SUSEP, das operações das enti-
dades autorreguladoras e ao cumprimento da legislação pertinente. É importante salientar
que as entidades autorreguladoras são entidades de direito privado autorizadas a funcionar
como órgãos auxiliares da SUSEP, na forma da Resolução nº 233/2011 do CNSP, que foi alte-
rada pela Resolução CNSP nº 251/2012 e regulamentada pela Circular SUSEP nº 435/2012.
Importante
Relativamente à competência da SUSEP, convém registrar que a Lei Complementar
nº 126/2007, no seu art. 3º, parágrafo único, estabelece o seguinte:
“Art. 3º. A fiscalização das operações de cosseguro, resseguro, retrocessão e sua
intermediação será exercida pelo órgão fiscalizador de seguros, conforme definido
em lei, sem prejuízo das atribuições dos órgãos fiscalizadores das demais cedentes.
Parágrafo único. Ao órgão fiscalizador de seguros, no que se refere aos ressegu-
radores, intermediários e suas respectivas atividades, caberão as mesmas atribui-
ções que detém para as sociedades seguradoras, corretores de seguros e suas
respectivas atividades.”
Comentário
A composição, a organização e o funcionamento do CRSNSP serão fixados no Regimento
Interno, o qual foi aprovado na forma do anexo à Portaria Ministério da Fazenda nº 38/2016,
recentemente alterada pela Portaria 477/2018.
Comentário
Portanto, o número de representantes no CRSNSP revelou a valorização da participação
das entidades privadas nas decisões de última instância na esfera administrativa.
Comentário
É importante destacar que, junto ao CRSNSP, atuam Procuradores Federais, da estrutura da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), com a atribuição de zelar pela fiel obser-
vância das leis, decretos, regulamentos e demais atos normativos.
AS OPERAÇÕES DE
SEGUROS PRIVADOS
As operações de seguros privados no Brasil estão representadas pelas
várias modalidades de seguros facultativos, assim como os obrigatórios.
Comentário
Em outras palavras, pode haver interesse segurável relativo a coisas, pessoas, bens,
responsabilidades, obrigações, direitos e garantias. Isso revela a abrangência das
operações de seguros. O Código Civil apresentou os seguros em duas categorias, a
saber: os Seguros de Danos e os Seguros de Pessoas. A Circular SUSEP nº 554/2017
alterou a Circular nº 535/2016, de modo que esta última consolida a codificação dos
ramos de seguro, além de dispor sobre as coberturas contidas nos planos de seguro.
Embora a circular esteja elaborada para fins de contabilização, a leitura dos ANEXOS I
e II dessa última circular é muito interessante para que se compreendam a dimensão e
a abrangência dos ramos e grupos de seguros. Como se conclui da leitura do art. 3º do
Decreto-Lei nº 73/1996, operações em Seguros Privados têm uma enorme abrangên-
cia. Um exemplo interessante sobre a abrangência e as dimensões do seguro está
justamente no Seguro de Responsabilidade Civil de diretores e administradores de
pessoas jurídicas, também conhecido como RC D&O, em referência às palavras em
inglês Directors and Offices.
A Circular SUSEP nº 553/2017 foi editada recentemente, estabelecendo diretrizes
gerais aplicáveis a esse tipo de seguro. É interessante perceber que, embora seja esse
um Seguro de Responsabilidades (grupo), sua abrangência, em termos de proteção,
transcende uma única categorização, visto que protege pessoas físicas que exerçam,
ou tenham exercido, cargos de gestão, por seus atos ilícitos e culposos praticados no
exercício das funções de gestão e que tenham causado danos a terceiros, sejam eles
de natureza material, financeira, corporal, ambiental, entre outros, além de descumpri-
mento de obrigações como as tributárias, de modo que pode ser contratado pela pes-
soa jurídica, à qual os administradores estão vinculados. Com isso, pode-se perceber
que as operações em Seguros Privados têm elevado grau de complexidade.
Comentário
Esse dispositivo estabelece que os seguros relacionados à Previdência Social, a exemplo
do Seguro de Acidentes do Trabalho, não são regulados pelo Decreto-Lei nº 73/1966. A
Previdência Social é regida pela Lei nº 8.213/1991, não sendo alvo de análise no presen-
te estudo.
Comentário
A política de Seguros Privados concentra seus esforços no crescimento do mercado
de seguros. Não se trata de uma expansão desenfreada a qualquer custo, mas sim de
forma harmônica com o processo econômico e social do país. Esta é uma das razões
pelas quais as operações de Seguros Privados são controladas pelo Ministério da Fa-
zenda, por intermédio do CNSP e da SUSEP, responsável pela formulação da política e
manutenção da ordem econômica do Brasil.
Comentário
O princípio da reciprocidade é do direito internacional, pelo qual se aplica ao estran-
geiro tratamento semelhante ao dado ao nacional em terras estrangeiras. Dessa forma,
objetiva-se, dentro do possível, conferir a uma sociedade seguradora estrangeira o
mesmo tratamento dado a uma seguradora nacional no país de origem da primeira pelo
governo local.
Comentário
Ao determinar que seja promovido o aperfeiçoamento das sociedades seguradoras, a
lei objetiva, assim, o desenvolvimento do setor com modernidade e com as melhores
práticas de mercado no emprego da tecnologia na operacionalidade de seus controles
internos
Comentário
Um dos objetivos do controle exercido pela lei, principalmente a de proteção ao
consumidor, é a preservação da liquidez e solvência do mercado supervisionado pela
SUSEP, ou seja, estabelecer regras que promovam maior segurança no concernente
à capacidade econômico-financeira das empresas de poderem cumprir efetivamente
suas obrigações. Seguindo as determinações legais e a adoção de padrões interna-
cionais recomendados pela International Association of Insurance Supervisors (IAIS –
entidade internacional que congrega supervisores de seguros de vários países), com
foco na solvência, novas regras de capital e controles internos, a SUSEP vem adotan-
do, na sua estrutura fiscalizatória, progressivamente, a supervisão contínua nas empre-
sas por ela controladas.
Comentário
Quando o presidente da República é empossado, escolhe e nomeia seus ministros
de Estado, que passam a exercer cargos de confiança, demissíveis ad nutum, ou seja,
podem ser demitidos, a qualquer tempo, por iniciativa e vontade de quem os nomeou.
Cada ministro de Estado exerce sua função somando suas competências ao plano de
governo estabelecido pelo chefe do Executivo, ou seja, pelo presidente da República. O
Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil (BACEN), observadas as suas compe-
tências legais, formulam as diretrizes da política monetária, creditícia e fiscal. O objetivo
desse inciso, portanto, é estabelecer conexões harmônicas entre essas estratégias e as
de formulação de política securitária.
Vale dizer que todos os recursos financeiros que constituem os bens garan-
tidores das reservas técnicas das sociedades supervisionadas estão vincu-
lados à SUSEP. Embora esse modelo de vinculação tenha sido combatido
e considerado conservador por outros países, ele se mostrou plenamente
eficaz diante da recente crise financeira mundial (2008/2010), pois o setor
de seguros brasileiro, englobando Resseguros, Capitalização e Previdência
Complementar Aberta, não só atravessou ileso tal período de crise, como
ainda registrou o crescimento da atividade e o desenvolvimento de excelen-
tes oportunidades de negócio. Isso demonstrou, efetivamente, a consistên-
cia do modelo do processo regulatório de seguros adotado no país.
OS SEGUROS OBRIGATÓRIOS
Os seguros obrigatórios são aqueles determinados por lei e que especifi-
cam quais situações devem, compulsoriamente, ser cobertas.
Que tal ilustrarmos isso com um exemplo? Pense nos veículos automotores
que trafegam pelas vias públicas impõem riscos à sociedade. Em razão des-
se risco em potencial, é necessário o pagamento do seguro obrigatório, o
Seguro DPVAT, cujo objetivo principal é auxiliar a vítima de acidentes de trân-
sito em seus gastos médicos e hospitalares, além de proporcionar o paga-
mento de indenização aos beneficiários em caso de morte do acidentado.
O IRB, na condição de empresa mista com controle estatal, foi criado pelo
Decreto-Lei nº 1.186/1939, a partir de uma iniciativa do então presidente
Getúlio Vargas, numa época marcada pelo nacionalismo, em que a pro-
teção da indústria local era tida como uma das mais importantes funções
do Governo.
restante por um pool de seguradoras, sem direito a voto. Além disso, havia
a obrigatoriedade da realização do resseguro por meio desse ressegura-
dor, nascendo aí o aspecto monopolístico que, durante muitos anos, viria a
marcar essa atividade no país.
Foi então que a Emenda Constitucional nº 13/1996, alterou o art. 192, inciso
II, da Constituição Federal, extinguindo a expressão “órgão oficial ressegu-
rador”. Este foi o primeiro passo para a quebra do monopólio.
Art. 4º.
Comentário
Essa categorização adotada pela lei complementar serve não somente para organizar
melhor as operações de resseguro e congêneres, como também — e principalmen-
te — para adotar uma política de maior controle sobre as empresas estrangeiras que
porventura atuem em território nacional, cuidando, sobretudo, de impedir a participação
daquelas sociedades que sejam sediadas em paraísos fiscais (vide transcrição, a seguir,
do art. 4º, III, § 1o, da Lei Complementar nº 126, de 2007), sobre as quais não se permi-
tam, de forma transparente, as devidas operações tributárias.
Saiba mais
Fazendo uso dessa competência, o CNSP editou uma série de resoluções visando
regulamentar a referida Lei Complementar. Algumas dessas Resoluções foram objeto de
normatização pela SUSEP. Todos esses atos normativos podem ser consultados no site da
SUSEP (www.susep.gov.br).
FIXANDO CONCEITOS 1
a) FENACOR
b) FUNENSEG
c) CNC
d) SUSEP
e) FENASEG.
a) Ministério da Fazenda
b) FENASEG.
c) SUSEP.
d) CVM.
e) CRSNSP.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
■■ Conhecer a lei federal ■■ Reconhecer a inexistência
DESTA UNIDADE
que regula a profissão de limitação territorial para
de corretor de seguros e atuação do corretor de A LEI QUE REGULA A PROFISSÃO
DE CORRETOR DE SEGUROS
disciplina a atividade de seguros.
corretagem de seguros. O PAPEL DE INTERMEDIADOR
■■ Descrever os direitos e DO CORRETOR DE SEGUROS
■■ Reconhecer como funciona deveres do corretor de
o sistema sindical no qual seguros. REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO
PROFISSIONAL E REGISTRO
se insere o corretor de NA SUSEP
■■ Compreender e
seguros e as principais
saber distinguir as REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO
entidades que representam
responsabilidades PROFISSIONAL E REGISTRO
seus interesses. NA SUSEP
administrativa, civil e penal
■■ Definir quais são os do corretor de seguros. O QUE SÃO EMPRESAS
requisitos para o exercício INDIVIDUAIS DE
■■ Identificar as sanções RESPONSABILIDADE
da atividade de corretagem LIMITADA (EIRELI)
administrativas aplicáveis
de seguros e como se
aos corretores de seguros, HABILITAÇÃO
procede à habilitação
bem como aos seus TÉCNICO-PROFISSIONAL
técnico-profissional.
prepostos e às sociedades
REQUERIMENTO DE
■■ Estabelecer os critérios corretoras de resseguros. REGISTRO NA SUSEP
necessários para o ■■ Definir a importância INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO
requerimento de registro
da autorregulação e do TERRITORIAL PARA A
na SUSEP e para o registro ATUAÇÃO DO CORRETOR
Instituto Brasileiro de DE SEGUROS
de prepostos do corretor.
Autorregulação.
OS PREPOSTOS DO CORRETOR
AS RESPONSABILIDADES DO
CORRETOR DE SEGUROS
A RESPONSABILIDADE DO
CORRETOR DE SEGUROS E
O CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR (CDC)
FIXANDO CONCEITOS 2
Todo profissional que atua Em função da determinação contida no art. 32 da Lei nº 4.594/1964, foi
em corretagem de seguros deve editado o Decreto nº 56.903/1965, que regula a profissão de corretor de
conhecer detalhadamente o Seguros de Vida e de Capitalização. Cabe mencionar que, de acordo com
teor da Lei nº 4.594/1964, que o art. 29 da referida lei, seus dispositivos não se aplicam a operações de
regula a profissão de corretor cosseguro e de resseguro entre as sociedades seguradoras.
de seguros. Consulte o texto
É importante observar que, além da referida lei, o Código Civil de 2002,
integral no site da Presidência da
nos seus arts. 722 a 729, inovou em relação ao Código anterior ao dispor
República.
sobre a corretagem de um modo geral.
www.planalto.gov.br
O PAPEL DE INTERMEDIADOR
DO CORRETOR DE SEGUROS
Mas, afinal, qual o papel do corretor de seguros? O papel de intermediador
do corretor de seguros não se define exclusivamente pelo que estabelece a
legislação específica, ou seja, pela Lei nº 4.594/1964, e pelo Decreto-Lei nº
73/1966. Deve, também, pautar-se pelo que estabelece o Código Civil, seja
em relação à disciplina do contrato de seguro (arts. 757 a 802), ou no que diz
respeito ao que estabelece sobre a atividade da corretagem (arts. 722 a 729).
Estes últimos são objeto de análise a seguir. É importante ressaltar que os
artigos a seguir referem-se à corretagem de forma geral, sendo que a corre-
tagem de seguros possui legislação especial.
Saiba mais Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a
outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por
qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segun-
A atividade de corretagem
da um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
de seguros teria surgido em
Portugal, no ano de 1578, e o Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com a
papel do corretor já consistia diligência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente,
em intermediar as relações todas as informações sobre o andamento do negócio. (Redação
entre segurados e seguradoras. dada pela Lei nº 12.236, de 2010.)
A contratação de seguro Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o
somente era válida quando corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da
intermediada por um corretor de segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e de
seguros, e a remuneração dele outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência.
era custeada pelos segurados (Incluído pela Lei nº 12.236, de 2010.)
Comentário
O art. 723 estabelece as obrigações básicas do corretor
e sua responsabilidade civil perante seus clientes.
Comentário
Quando a legislação não estabelecer o valor de remuneração
a ser recebido pelo corretor, será pautada pela natureza do
negócio e pelos usos locais, ou seja, pelos costumes.
Comentário
Atingido o resultado útil com a celebração do contrato, a remune-
ração será devida, ainda que o negócio não venha a se efetivar
por arrependimento das partes.
Comentário
Assim, concretizado o negócio sem a intermediação do corretor, a
remuneração não será devida, salvo se houver ajuste, por escrito,
de exclusividade no que concerne à corretagem, situação em
que o corretor terá direito à remuneração integral, excetuando-se
os casos de comprovada inércia ou ociosidade de sua parte. É
importante, neste caso, que o corretor esteja sempre em contato
com seus clientes.
Art. 727. Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio
dispensar o corretor, e o negócio se realizar posteriormente, como
fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução
se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo
contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor.
Comentário
Este artigo é muito importante para o corretor, haja vista que a
remuneração de corretagem sempre será devida quando houver
seu trabalho ou sua participação na mediação, ainda que seja
dispensado antes da concretização do negócio.
Comentário
Este artigo dispõe sobre a cocorretagem, ou seja, o trabalho reali-
zado por dois ou mais corretores, inclusive como deve ser paga a
remuneração pelo trabalho por eles realizado, quando não há um
acordo prévio de quanto cabe a cada um.
Comentário
Pela redação deste artigo, entende-se que as disposições sobre a corretagem previs-
tas no Código Civil não excluem a aplicação de outras normas da legislação especial
(Corretagem de Seguro), por exemplo, a Lei nº 4.594/1964 e o Decreto-Lei nº 73/1966.
Comentário
A Lei nº 4.594/1964, em seu art. 1º, dispõe:
Art. 1º. O corretor de seguros, seja pessoa física ou jurídica, é o intermediário legalmen-
te autorizado a angariar e a promover contratos de seguros, admitidos pela legislação
vigente, entre as sociedades de seguros e as pessoas físicas ou jurídicas, de Direito
Público ou Privado.
Igual procedimento adotou o Decreto-Lei nº 73, de 1966, no seu art. 122, tendo suprimido, no
entanto, a expressão “público”.
Art. 122. O corretor de seguros, seja pessoa física ou jurídica, é o intermediário legal-
mente autorizado a angariar e promover contratos de seguros entre as sociedades
seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas de Direito Privado.
Vale recordar que, conforme já mencionado, o Decreto-Lei nº 73/1966 foi recepcionado pela
Constituição Federal com status de lei complementar. Assim, ante o princípio da hierarquia das
leis, o art. 122 do Decreto-Lei nº 73/1966 prevalece sobre o contido na parte final da redação do
art. 1º da Lei nº 4.594/1964.
Portanto, o corretor de seguros só pode intermediar contratos de seguros entre socieda-
des de seguros e as pessoas naturais e jurídicas de Direito Privado.
Diante de tudo que você aprendeu até aqui, podemos concluir que o papel
do corretor de seguros, na condição de integrante do Sistema Nacional
de Seguros, é promover a ligação entre os interesses dos segurados (os
quais representa) e das sociedades seguradoras, o que faz na condição de
intermediador.
—— O Corretor de Seguros –
Profissional Autônomo
Como se trata de categoria econômica relevante para o cumprimento
da missão de desenvolvimento da economia nacional, a própria Lei nº
4.594/1964, regulamentadora da profissão, dispõe, no parágrafo único do
art. 2º, que o número de corretores é ilimitado, em disposição harmô-
nica com o texto da atual Constituição Federal, que assegura a liberdade
profissional, como se constata da redação do art. 5º, inciso XIII:
Comentário
O referido artigo condicionou o exercício da profissão à obtenção de título de habilita-
ção junto à SUSEP para o exercício da profissão, a qual depende do preenchimento de
requisitos da Lei nº 4.594/1964, entre os quais está incluída a necessidade de aprovação
em exame de habilitação. Convém consignar que a Resolução CNSP nº 249/2012, com
alterações promovidas pelas Resoluções CNSP nºs 252/2012, 258/2012 e 318/2014,
estabeleceu as disposições sobre a habilitação, registro profissional e atividade dos
corretores de seguros de ramos elementares e dos corretores de seguros de vida,
capitalização e previdência, bem como seus prepostos.
Além disso, a lei nº 4.954/1964, em seu art. 3º, prevê os requisitos a serem
atendidos por todos os interessados em realizar a intermediação de con-
tratos de seguro, preenchidas todas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer, conforme o art. 5º, inciso XIII, da Constituição Federal.
Para que você não tenha qualquer dúvida, a seguir vamos comentar cada
um desses requisitos.
Comentário
A naturalização tácita não foi adotada pela Constituição de 1988, dispondo apenas sobre
a naturalização expressa, a qual se divide em ordinária ou comum e extraordinária. A ordi-
nária é concedida ao estrangeiro com idoneidade moral que resida no Brasil por 1 (um) ano
ininterrupto, desde que seja originário de países de língua portuguesa. A extraordinária
pode ser concedida a qualquer estrangeiro com domicílio no Brasil por mais de 15 (quin-
ze) anos ininterruptos e sem condenação penal. Ressalta-se, porém, que a naturalização
não importa a aquisição da nacionalidade ou radicação no Brasil do cônjuge ou filhos do
recém-naturalizado.
Editado dois anos mais tarde, o Decreto-Lei nº 73/1966 previu, no art. 123,
o seguinte:
—— As Corretoras de Seguros
Pessoas Jurídicas
Sociedades Empresárias
A expansão do setor de Seguros, Capitalização e Previdência Complemen-
tar Aberta, com maior participação no PIB nacional, foi verificada a partir de
1994, em virtude da estabilização da moeda e condições econômicas mais
favoráveis. Assim, houve a exploração de novos nichos de mercado, e,
com isso, as oportunidades de negócios vêm exigindo, dos corretores de
seguros mais profissionalização, capacitação e especialização. As próprias
entidades e sociedades dos mercados supervisionados têm demonstrado
a preferência em operar e cadastrar corretores sob a forma de sociedades.
Sociedades Cooperativas
Os corretores de seguros podem se organizar, também, sob a forma de
sociedades cooperativas.
Saiba mais
A seguir, você pode conferir trechos contidos no Livro sobre EIRELI (www.fenacor.org.br):
Trata-se de nova modalidade de pessoa jurídica criada pela Lei nº 12.441/2011,
que garante ao seu titular uma separação entre o seu patrimônio particular e o
da EIRELI, a partir do registro no registro público competente (Registro Civil de
Pessoas Jurídicas ou Registro Público de Empresas).
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) é uma pessoa
jurídica unipessoal, o que significa que é composta por apenas um titular, sem
a participação de sócios. Não se confunde com a figura do empresário, nem do
microempreendedor individual (MEI), que é um tipo de empresário, pois estes
não têm personalidade jurídica, nem limitação de responsabilidade ao capital
declarado. Também não se confunde com a sociedade, pois esta tem que con-
tar com a pluralidade de sócios. O nome “empresa” é usado na EIRELI de forma
não técnica, como acontece normalmente na legislação e no próprio Código
Civil, quando, por exemplo, trata sobre escrituração de livros. Quando a lei usa
o nome “empresa”, muitas vezes está se referindo à pessoa jurídica, não se
preocupando com o detalhamento se é de organização simples ou empresarial.
Os elementos do ato de constituição serão basicamente os previstos na nor-
ma das sociedades limitadas (arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil brasileiro),
podendo prever, como norma subsidiária, a lei das sociedades anônimas e, na
omissão, ficam valendo as normas das sociedades simples.
Os elementos que precisam de maior atenção são a administração e o capi-
tal. Este terá que ser totalmente integralizado no valor de 100 (cem) salários
mínimos e não precisa ser representado em quotas. A administração não deve
permitir que haja confusão entre o patrimônio particular do titular com o da
pessoa jurídica e deve ser garantida a continuidade da EIRELI mesmo diante do
impedimento temporário ou permanente do titular. A pessoa natural que consti-
tuir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em
uma única empresa dessa modalidade.
No site da Fenacor (www.fenacor.org.br/download/eireli.pdf), está disponível uma suges-
tão de contratos de constituição e legislação.
HABILITAÇÃO
TÉCNICO-PROFISSIONAL
No exercício do poder regulamentar que lhe foi atribuído, o CNSP tem a
competência de editar resoluções, disciplinando não apenas a profissão
de corretor de seguros, mas, também, a própria atividade de corretagem.
Ainda não foi editada pela SUSEP uma circular disciplinando a habilitação téc-
nico-profissional para Ramos Elementares. Até que isso ocorra, esta se rege-
rá, por analogia, pelas disposições contidas na Circular SUSEP nº 428/2012.
REQUERIMENTO DE
REGISTRO NA SUSEP
O requerimento de registro na SUSEP deve ser efetuado na forma estabe-
lecida no art. 3º da Circular SUSEP nº 510/2015:
INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO
TERRITORIAL PARA A
ATUAÇÃO DO CORRETOR
DE SEGUROS
Não existe qualquer imposição legal estabelecendo limites territoriais para
o exercício profissional do corretor de seguros, cuja atuação pode se dar
em todo o território nacional.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen-
tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
OS PREPOSTOS DO CORRETOR
A Lei nº 4.594/1964, permite, também, que o corretor de seguros (todos os
ramos) venha a ter prepostos, cuja finalidade é auxiliá-lo no exercício de
suas atividades, funcionando como seus representantes, agindo em seu
nome e sob sua responsabilidade e cuidado profissional.
Contudo, para que não haja qualquer dúvida quanto à atuação dos prepos-
tos, o art. 12 da Lei nº 4.594/1964, estabelece que eles devem ser registra-
dos na SUSEP, mediante requerimento do corretor de seguros, desde que
atendam aos requisitos exigidos pelo art. 3º da referida lei.
O CNSP, fazendo uso da competência que lhe foi atribuída pelo art. 32, inci-
so XI, do Decreto-Lei nº 73/1966, editou a Resolução nº 295, de 295/2013,
dispondo sobre a atividade de Preposto de Corretor de Seguros e de Pre-
vidência Complementar Aberta, e requisitos básicos para sua nomeação e
registro junto à SUSEP (alterada pelas Resoluções 307/2014 e 334/2015).
Comentário
A alínea “a” do art. 5º da Lei nº 4.594/1964 foi revogada pela Lei Complementar nº
137/2010. Conforme já mencionado, o imposto sindical é a atual contribuição sindical.
Nota
A contribuição sindical está prevista nos arts. 578 a 591 da CTL e antes era recolhida
compulsoriamente. Com o advento da Lei nº 13.467/2017, passou a ser facultativa,
estando condicionada à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma
determinada categoria econômica ou profissional
Observe o que dispõem os arts. 578 e 579 da CLT:
Comentário
O Imposto de Indústrias e Profissões (IIP) foi substituído pelo Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN), conhecido também como Imposto Sobre Serviços (ISS), con-
forme disposto no inciso III do art. 156 da Constituição Federal. O ISS é um tributo munici-
pal e incide sobre as operações realizadas pelos corretores. Normalmente, as sociedades
seguradoras fazem a retenção na fonte desse imposto.
Comentário
Para fazer jus ao recebimento da comissão de corretagem, além de intermediar o contra-
to de seguro, o corretor deve ser habilitado nos termos da respectiva Lei, bem como ter
assinado a proposta. As comissões serão pagas de acordo com a modalidade do seguro
intermediado, respeitados os parâmetros das respectivas tarifas.
Comentário
Assim, o corretor deverá restituir a diferença da comissão recebida caso tenha havido
qualquer erro de cálculo na proposta ou se existir ajustamento negativo.
Comentário
A comissão de corretagem, portanto, somente é paga ao corretor quando houver a
intermediação dele na operação de seguro. Na realidade, verifica-se que a presença do
corretor de seguros não é obrigatória, conforme disposto na alínea “b” do art. 18 da Lei nº
4.594/1964. Na venda direta, ou seja, naquela em que não há a presença do corretor, a
comissão é revertida para o Fundo de Desenvolvimento Educacional do Seguro, adminis-
trado pela Escola Nacional de Seguros – FUNENSEG (art. 19 da Lei nº 4.594/1964).
Comentário
Trata-se de uma medida administrativa com o objetivo de impor ao corretor a disciplina
organizacional. De certa forma, garante aos segurados a preservação dos registros dos
negócios empreendidos. Assim, sempre que o corretor for arguido pela SUSEP, no sentido
do cumprimento de suas atividades, deverá ter à disposição os referidos registros e apre-
sentá-los no prazo determinado pelo órgão fiscalizador.
Comentário
A Circular SUSEP nº 510/2015 dedica o Capítulo III ao estabelecimento de normas sobre
a escrituração em registro obrigatório das propostas de seguro, admitindo o emprego de
sistema de processamento de dados eletrônicos ou mecanizados na escrituração, assim
como o arquivo das propostas.
O prazo para a guarda da documentação da produção do corretor de seguros, cujo
registro é obrigatório inclusive para eventuais comprovações no âmbito administrativo ou
judicial, vem definido na Circular SUSEP nº 74/1999, em sua tabela de temporalidade, e
também na Circular SUSEP nº 277/2004.
Comentário
Um dos requisitos de aperfeiçoamento do contrato de seguro é o recebimento, pela se-
guradora, do valor correspondente ao prêmio. Dessa forma, o corretor de seguros deverá
repassar à seguradora o prêmio porventura recebido. Se não o fizer, pode estar incorren-
do em crime de apropriação indébita.
Dependendo da situação fática, o segurado ou pretenso segurado pode estar sem a devi-
da cobertura (à sua revelia) e, em caso de sinistro, não fazer jus à indenização.
O Código Penal assim dispõe, em seu art. 168, sobre a apropriação indébita:
Aumento de pena
I – em depósito necessário;
II – na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventarian-
te, testamenteiro ou depositário judicial;
III – em razão de ofício, emprego ou profissão.
Comentário
É estabelecido liame de confiança entre a seguradora e o corretor, bem como entre o cor-
retor e o segurado. O valor do prêmio recebido pelo corretor pertence à seguradora.
O corretor apenas detém a sua guarda provisória. Na hipótese de o corretor dolosamente
(com a intenção) não repassar o prêmio à seguradora, incorrerá no crime de apropriação
indébita, sujeitando-se às penalidades fixadas na lei, bem como à aplicação de sanções
administrativas pela SUSEP e à reparação do dano por meio de ação cível promovida pelo
segurado e pela seguradora. Ressalte-se que as esferas penal, administrativa e cível são
independentes, sendo que, tecnicamente, dependendo da produção de provas, poderão
resultar em decisões diversas. No entanto, se os mesmos elementos de provas forem leva-
dos a todos os autos, pode haver uma uniformização nas respectivas decisões.
É importante observar que a Lei nº 5.627/1970, no seu art. 8º, dispôs sobre o
pagamento dos prêmios de seguros, conforme transcrição seguinte:
—— Restrições Profissionais
Algumas restrições de cunho profissional são legalmente impostas aos cor-
retores de seguros, conforme na redação do art. 17 da Lei nº 4.594/1964:
Comentário
O respectivo artigo proíbe aos corretores de seguro o exercício de algumas atividades,
empregos ou funções. Estas proibições não objetivam cercear o exercício da profissão,
mas impor maior isenção às atividades de corretagem, uma vez que o corretor deve
exercer o seu labor como consultor do segurado sem vínculos que possam macular essa
relação de confiança. Não pode haver confusão entre o exercício dessas diversas funções.
Os referidos impedimentos atingem, também, os sócios e diretores de empresas de
corretagem.
Os objetivos da proibição são claros. A intenção do legislador é impedir que o corretor
seja ligado a qualquer entidade ou órgão da administração pública que tenha personali-
dade jurídica de direito público, de forma a evitar qualquer confusão entre o exercício
das funções nos respectivos órgãos públicos com o da corretagem.
Ampliando conhecimentos
Para um melhor entendimento da definição da personalidade jurídica das entidades e do
conceito de pessoa jurídica de direito público, na qual é vedado ao corretor de seguros
exercer ou aceitar emprego, convém transcrever os ensinamentos do mestre Hely Lopes
Meirelles (2016, p. 261):
“Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada. Na organização política e administrativa
brasileira, as entidades classificam-se em estatais, autárquicas, fundacionais, empresariais
e paraestatais”.
Entidades estatais: pessoas jurídicas de direito público (União, estados-Membros, muni-
cípios e Distrito Federal).
Entidades autárquicas: pessoas jurídicas de direito público, de natureza meramente ad-
ministrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços
descentralizados da entidade estatal que as criou.
Entidades fundacionais: pessoas jurídicas de direito público ou pessoas jurídicas de
direito privado, devendo a lei definir as respectivas áreas de atuação.
Entidades empresariais: pessoas jurídicas de direito privado, instituídas sob a forma de
sociedade de economia mista ou empresa pública, com a finalidade de prestar serviço
público que possa ser explorado no modo empresarial ou exercer atividade econômica de
relevante interesse coletivo.
Entidades paraestatais: pessoas jurídicas de direito privado que, por lei, são autorizadas
a prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público, mas não exclusi-
vos do Estado (SESI, SESC, SENAI e outros).
AS RESPONSABILIDADES DO
CORRETOR DE SEGUROS
A atividade dos corretores de seguros se encontra regulada pela
Lei nº 4.594/1964, e pelo Decreto-Lei nº 73/1966. Reforça-se que a
corretagem encontra disposições nos arts. 722 a 729 do Código Civil
(Lei nº 10.406/202).
Lei nº 4.594/1964
Decreto-Lei nº 73/1966
[...]
Vale lembrar, mais uma vez, o que dispõe o art. 723 do Código Civil, que
trata da responsabilidade civil do corretor de um modo geral, a qual se
aplica, também, ao corretor de seguros:
Importante
O agente autorizado da seguradora é a pessoa natural ou jurídica que mantém com
esta última uma relação contratual (contrato de trabalho, de prestação de serviços, de
agência ou de outro tipo). Tal figura está prevista no art. 775 do Código Civil:
“Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes
para todos os atos relativos aos contratos que agenciarem.”
Assim, o agente autorizado representa os interesses da seguradora. Portanto, esta
pode ser responsabilizada pelas ações ou omissões do agente que causarem dano ao
segurado ou a terceiros.
O agente autorizado da seguradora não se confunde, portanto, com o corretor de seguros,
o qual, por força do art. 17 da Lei nº 4.594/1964 e de normas regulamentares, não pode ser
sócio, administrador, procurador, despachante ou empregado de sociedade seguradora.
Na qualidade de intermediário com total independência em relação à seguradora, o
corretor de seguros deve ter em vista os interesses do proponente/segurado.
A RESPONSABILIDADE DO CORRETOR
DE SEGUROS E O CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR
(CDC)
De acordo com as disposições legais já descritas, é pacífica a responsa-
bilidade civil do corretor de seguros perante seus clientes segurados e os
seguradores, pelos prejuízos que causar por dolo ou culpa (imprudência,
imperícia ou negligência) no exercício da profissão.
A RESPONSABILIDADE PENAL
E O CÓDIGO PENAL
Como qualquer outro profissional no exercício de suas atividades, o cor-
retor de seguros está sujeito à tipificação de seus eventos ilícitos penais,
acaso cometidos, nos termos da legislação específica – Código Penal.
A RESPONSABILIDADE
ADMINISTRATIVA
OU PROFISSIONAL
Os corretores de seguros, pessoas naturais ou jurídicas, e as sociedades
corretoras de resseguros estão sujeitos à fiscalização da SUSEP, a qual
poderá aplicar-lhes sanções administrativas fixadas em lei e em normas
regulamentares.
É importante registrar que os arts. 108, 111, 112 e 128 do Decreto-Lei nº 73/66
foram alterados pela Lei Complementar nº 126/2007.
a) advertência;
b) multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais);
c) multa no valor igual à importância segurada ou ressegurada,
no caso das operações de seguro, cosseguro ou resseguro sem
autorização;
d) suspensão temporária do exercício da atividade;
e) inabilitação para o exercício de cargo ou função do serviço público
ou em empresa pública, sociedades de economia mista e respecti-
vas subsidiárias, entidades de Previdência Complementar, socieda-
de de capitalização, instituições financeiras, sociedades segurado-
ras e resseguradoras, pelo prazo de 2 (dois) a 10 (dez) anos; e
f) cancelamento do registro.
a) multa;
b) suspensão temporária do exercício da atividade; e
c) cancelamento do registro.
A AUTORREGULAÇÃO DO
MERCADO DE CORRETAGEM
(LEI COMPLEMENTAR Nº
137/2010)
A autorregulação consiste na criação de normas e procedimentos de con-
dutas pelos integrantes de uma categoria profissional, bem como no poder
para fiscalizar o cumprimento e aplicar sanções, tudo, naturalmente, em
estrita observância às leis e normas regulamentares em vigor.
FIXANDO CONCEITOS 2
(a) Furto.
(b) Roubo.
(c) Extorsão.
(d) Apropriação indébita.
(e) Estelionato.
(a) FENACOR.
(a) Sindicato dos Corretores.
(b) SUSEP.
(c) CNSP.
(d) FUNENSEG.
ESTUDO DE CASO
Caso 1
Uma sociedade seguradora e uma empresa privada, esta última na con-
dição de estipulante, celebraram a contratação de um Seguro coletivo de
Vida e Acidentes, tendo como grupo segurado os empregados da segun-
da. A contratação foi feita sem a intermediação de qualquer corretor (pes-
soa natural ou jurídica). Agora responda: a quem deve ser paga a comissão
de corretagem neste caso?
Caso 2
Um corretor de seguros, pessoa natural, devidamente registrado na
SUSEP, envia a uma sociedade seguradora uma proposta de seguro con-
tendo informações inverídicas sobre o interesse segurável e o risco, além
da assinatura falsificada do suposto proponente, tudo com o objetivo de
viabilizar a contratação fraudulenta de um Seguro de Pessoas. Agora res-
ponda: a que tipo de sanção administrativa esse profissional está sujeito?
GABARITO
Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2
1–A 1–B
2–B 2–D
3–D 3–C
4–A 4–E
5–C 5–B
6–E 6–B
7–A
8–B
Estudos de Caso
Caso 1
Quando nenhum corretor (pessoa física ou jurídica) participar da contrata-
ção do seguro, o valor equivalente à comissão de corretagem que seria
devida, caso tivesse havido intermediação, deverá ser revertido para a
Fundação Escola Nacional de Seguros – FUNENSEG –, na forma do art. 19
da Lei nº 4.594/1964.
Caso 2
De acordo com o art. 39, da Resolução CNSP nº 243/2011, a sanção admi-
nistrativa aplicável à sociedade corretora de resseguros que falsificar qual-
quer documento ou prestar informação falsa à SUSEP é a multa, cujo valor
pode variar de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais), sem prejuízo da responsabilidade penal e civil a serem
determinadas na esfera judicial. As esferas administrativa, civil e penal são
independentes entre si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMHART, R. Ética em negócios. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de
Janeiro: Expressão e Cultura, 1971.
Legislação
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil, de 5 de outubro de 1988: Emendas Constitucionais 1 a 56. Leis n.º
9.868/1999 e 9.882/1999, Emendas Constitucionais de Revisão 1 a 6. 29.
ed. São Paulo: Atlas, 2008. 444 p.
BRASIL. Lei n.º 3.071/1916. Código Civil do Brasil. Diário Oficial da Repúbli-
ca Federativa do Brasil. Brasília, DF, col. 1, p. 133, 05/01/1916.
BRASIL. Lei n.º 10.406/2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da Repú-
blica Federativa do Brasil, Brasília, DF, col. 1, p. 1, 11/01/2002.
Sites
Federação Nacional dos corretores de Seguros Privados
e de Resseguros – www.fenacor.org.br