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RIO DE JANEIRO
2019
REALIZAÇÃO
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS
ASSESSORIA TÉCNICA
JOSÉ CARLOS LACERDA DE SOUZA – 2019
Formato: E-Book.
ISBN: 978-85-7052-685-4
1. INTRODUÇÃO AO
SEGURO DE LUCROS CESSANTES 7
O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO 9
EVENTOS COBERTOS 12
OBJETO DO SEGURO 13
RISCO COBERTO 13
FIXANDO CONCEITOS 1 14
2. GARANTIA DO SEGURO
DE LUCROS CESSANTES 17
LUCRO LÍQUIDO 19
DESPESAS FIXAS 19
DESPESAS VARIÁVEIS 21
TAXAÇÃO 48
INDENIZAÇÃO 50
Etapas após a Ocorrência do Sinistro 51
Parcelas Indenizáveis 54
Liquidação do Sinistro 56
FIXANDO CONCEITOS 3 58
4. COBERTURAS ADICIONAIS DO
SEGURO DE LUCROS CESSANTES 64
HONORÁRIOS DE PERITOS CONTADORES 65
FIXANDO CONCEITOS 4 69
GABARITO 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
INTRODUÇÃO
ao SEGURO
de LUCROS CESSANTES
Com o passar dos tempos, e após serem analisados vários sinistros ocorri-
dos que estavam garantidos pelo Seguro Incêndio, constatou-se que havia
perdas que não eram cobertas por esse seguro. Ou seja, concluiu-se que
um sinistro que atinja os bens materiais (prédios, máquinas, instalações,
Comentário mercadorias) de uma empresa não gera apenas danos ao seu patrimônio
físico, pois o reparo desses danos demandará algum tempo e, consequen-
Os sinistros não geram apenas temente, durante esse tempo, as atividades da empresa serão reduzidas
danos ao patrimônio físico ou até paralisadas total ou parcialmente.
das empresas, pois o reparo
desses danos demandará Os prejuízos decorrentes da paralisação ou da sensível redução das ativi-
algum tempo e, durante dades industriais ou comerciais podem até mesmo superar, em valor, os
esse tempo, as atividades danos ou a destruição de bens materiais. Exemplos: 1 – no maior sinistro
das empresas poderão ser pago no Brasil, do segurado CSN, foram indenizados mais de US$ 500
reduzidas ou paralisadas. milhões, e a parte relativa à cobertura de Lucros Cessantes representou
Com a paralisação de suas quase 90% desse valor; e 2 – na grande tragédia ocorrida em Mariana
atividades, as empresas sofrem (MG), além dos danos ambientais que são enormes (difíceis de mensurar,
perdas financeiras que podem, de tão grandes), a maior perda da própria Samarco foi de Lucros Cessan-
inclusive, gerar sua falência. tes, pois as atividades foram totalmente paralisadas há muito tempo e
parece que não voltará a funcionar tão cedo (as perdas de lucros cessan-
tes podem superar US$ 1 bilhão).
O segurado, para ficar protegido plenamente contra essas perdas, deve con-
tratar o Seguro de Danos Materiais para garantir a reposição dos bens físicos
que possam ser destruídos por sinistros de Danos Materiais, e o Seguro de
Lucros Cessantes para garantir a reposição das perdas financeiras (perdas
de lucro) consequentes da paralisação das atividades da empresa em virtu-
de da indisponibilidade dos bens físicos destruídos pelo sinistro.
Perda Financeira
PROTEÇÃO
Os clientes podem alegar que as perdas poderiam ser cobertas pelo segu-
ro e não o foram porque o corretor não cumpriu sua obrigação de orientar
o segurado. Se o cliente não quiser contratar a cobertura, é importante que
o corretor tenha como comprovar que a opção foi do segurado.
REQUISITOS BÁSICOS
PARA CONTRATAÇÃO
Para contratar o Seguro de Lucros Cessantes, no Brasil, a empresa deve-
rá atender aos seguintes requisitos:
Multirriscos
Seguros que oferecem coberturas concedidas pelos diversos ramos de
seguro, sendo a cobertura principal (básica) contra Incêndio, Queda de
Raio e Explosão de Qualquer Natureza.
Riscos Nomeados
Seguros que oferecem coberturas concedidas pelos diversos ramos de
seguro, sendo a cobertura principal (básica) contra Incêndio, Queda de
Raio e Explosão de Qualquer Natureza.
Riscos Operacionais
Seguros que se caracterizam pela cobertura do tipo All Risks, isto é, abran-
gendo todas as perdas ou os danos materiais causados aos bens segura-
dos, exceto os formalmente considerados excluídos em suas condições.
EVENTOS COBERTOS
Os eventos cobertos pelo Seguro de Lucros Cessantes são os acidentes
a que estão sujeitos os bens da empresa segurada, devidamente especifi-
cados na apólice, que podem causar paralisações ou perturbações no seu
movimento de negócios.
OBJETO DO SEGURO
Nos Seguros de Danos Materiais, os bens cobertos são bens móveis (máqui-
nas, móveis, mercadorias, matérias-primas) e imóveis (prédios), ou seja, bens
físicos suscetíveis a eventos que poderão destruí-los ou danificá-los.
Exemplo: basta olhar para um prédio que sofreu um incêndio para ver que
será necessário reparar os danos ou até mesmo reconstruí-lo.
Observação
Já no Seguro de Lucros Cessantes, o objeto é a manutenção da operacionalidade
e da lucratividade da empresa, sendo as perdas ocorridas identificadas através da
análise dos relatórios financeiros elaborados pela contabilidade.
RISCO COBERTO
O risco coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes é a perda de lucro
bruto gerada pela paralisação total ou parcial nos negócios da empre-
sa, em virtude de danos materiais causados por eventos cobertos, em que
qualquer dos bens móveis ou imóveis existentes no local venham a ser
danificados ou destruídos em consequência desses eventos.
FIXANDO CONCEITOS 1
(a) V, V, F, V, F (d) F, V, V, V, F
(b) F, V, F, V, F (e) V, V, V, V, V
(c) V, V, V, F, V
(a) Vender mais uma apólice de seguro, gerando, assim, maior receita
para as seguradoras.
(b) Preservar o patrimônio do acionista da empresa, pois, se não for
feito o seguro, a empresa pagará vultosas multas.
(c) Garantir a reposição dos bens imóveis e móveis atingidos em caso
de sinistro, permitindo ao segurado retornar mais facilmente, e com
maior rapidez, ao ritmo normal de suas atividades.
(d) Aumentar o valor da importância segurada total, para gerar uma
indenização maior que as perdas sofridas em caso de sinistro.
(e) Permitir à empresa escolher entre a reposição das perdas ocorridas
com os danos materiais e as perdas decorrentes da paralisação de
suas atividades.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Conceituar lucro segurável ■■ Entender como a condição
em Seguro de Lucros econômico-financeira DESPESAS FIXAS
Cessantes. de uma empresa pode
influenciar na contratação DESPESAS VARIÁVEIS
■■ Compreender o cálculo do
do Seguro de Lucros
lucro bruto em Seguro de CONDIÇÃO
Cessantes.
Lucros Cessantes. ECONÔMICO-FINANCEIRA
■■ Conceituar movimento de DE UMA EMPRESA
■■ Conceituar lucro líquido
negócios.
segurável em Lucros PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO
Cessantes. ■■ Compreender o cálculo da NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS
margem de lucro bruto de DA EMPRESA
■■ Distinguir despesas fixas
uma empresa.
de despesas variáveis. FIXANDO CONCEITOS 2
LUCRO LÍQUIDO
O lucro líquido é o resultado da diferença entre o total das receitas e o
Saiba mais total das despesas mais custos realizados para gerar essas receitas, ou
seja, é o resultado diretamente gerado pelas atividades operacionais da
Rendas de capital
empresa. Não são computados, na sua apuração, as rendas de capital
São os resultados positivos
e as despesas a elas atribuíveis.
de investimentos realizados.
Também são chamadas de Lucro líquido é a diferença entre a receita gerada pela venda dos produtos,
ganhos financeiros. mercadorias ou serviços prestados e o seu custo total (quanto custou para
Despesas atribuíveis os produtos ou as mercadorias serem vendidos ou para a prestação dos ser-
São as despesas decorrentes viços, mais todas as despesas realizadas pela empresa em sua operação).
da realização de investimentos.
Simplificadamente podemos defini-lo como o lucro líquido operacional
Exemplos: comissões pagas,
que consta das demonstrações contábeis.
taxas de administração financeira.
DESPESAS FIXAS
São aquelas despesas normalmente suportadas pela empresa, durante
Lembre-se cada exercício financeiro, independentemente do volume produzido ou
negociado, e que perduram mesmo após a ocorrência de sinistro que
Quer a empresa produza ou paralise ou reduza suas atividades.
quer comercialize uma unidade
ou um milhão de unidades, as A definição das despesas fixas a serem incluídas no seguro exige uma
despesas fixas não se alteram. prévia e criteriosa análise contábil do plano de contas da empresa,
realizada com o assessoramento do seu contador. Será necessário que se
Independentemente de a identifiquem os gastos fixos que, muitas vezes, estão incluídos, sob títulos
empresa estar funcionando à gerais, no plano contábil.
plena carga ou não, ou mesmo
que ela esteja paralisada, as Não é aconselhável a exclusão de quaisquer despesas fixas da cobertura
despesas fixas perduram. do Seguro de Lucros Cessantes, porque o segurado não será indenizado
por todas as perdas que poderá sofrer. O ideal é que seja garantida a tota-
lidade das despesas fixas. Neste caso, basta declarar que todas as des-
pesas fixas serão cobertas pelo seguro (não é necessário discriminá-las).
■■ salários e ordenados;
■■ honorários;
■■ FGTS;
■■ indenizações;
■■ aviso prévio;
■■ contribuições para a Previdência Social (INSS);
■■ Seguros (exceto o de Transportes);
■■ energia elétrica (das instalações gerais, não ligadas à produção);
■■ gás (das instalações gerais, não ligadas à produção);
■■ água (das instalações gerais, não ligadas à produção);
■■ telefone;
■■ portes e telegramas, telex;
■■ despesas com limpeza;
■■ assistência: médico-hospitalar, jurídica, contábil, administrativa, técnica;
■■ contribuições e associações;
■■ impostos em geral, desde que não ligados à produção, como IPTU
e IPVA (atenção: ICMS, ISS, IPI não são despesas fixas, por esta-
rem ligados à produção/venda e, assim, não perduram em caso de
paralisação – total ou parcial – da empresa, quando de um sinistro
Depreciação
de dano material);
Fator contábil redutor do ■■ propaganda e publicidade;
Ativo Permanente Imobilizado,
baseado na existência, no uso ■■ revistas, jornais, livros técnicos;
e na conservação dos bens
■■ despesas da área de Relações Públicas;
relacionados nesse ativo.
■■ conservação e manutenção;
Amortização
■■ aluguéis;
Parcela dos gastos alocados no
exercício financeiro decorrente ■■ vigilância;
de fator redutor do Ativo Diferido,
ou seja, gastos/investimentos ■■ juros sobre empréstimos;
realizados em outros exercícios
■■ depreciação do ativo; e
que são pulverizados em vários
exercícios financeiros, devido ■■ amortizações.
ao seu vulto e porque servirá
à empresa por vários anos,
como, por exemplo, despesas
pré-operacionais, gastos com
pesquisas e desenvolvimento de
produtos, dentre outros.
DESPESAS VARIÁVEIS
São as despesas ligadas à produção ou à venda, que não perduram após
a ocorrência de sinistro coberto que cause paralisação da empresa.
Comentário
As despesas variáveis não estão abrangidas pelo Seguro de Lucros Cessantes, pois
como deixam de existir quando ocorre o sinistro que paralisa a atividade do segurado,
não terão que ser realizadas. Logo, este tipo de despesa não precisará ser ressarcido
pelo seguro e, portanto, não irá compor o lucro bruto segurável.
■■ consumo de matérias-primas;
■■ fretes;
■■ ICMS, IPI, ISS; e
■■ PIS, COFINS, Imposto de Renda. (Em geral, os tributos ligados à
produção/venda.)
CONDIÇÃO
ECONÔMICO-FINANCEIRA
DE UMA EMPRESA
A análise econômico-financeira de uma empresa é realizada através de
suas demonstrações contábeis:
Despesas Despesas
Variáveis Total Variáveis
Estudo de Caso 1
Dados apurados pela Contabilidade da Empresa A
R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
R$ 60.000,00 R$ 60.000,00
Estudo de Caso 2
Dados apurados pela Contabilidade da Empresa B
Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00
R$ 70.000,00 R$ 70.000,00
É a situação empresarial mais desfavorável, mas nem por isso seria desvan-
tajosa ou desaconselhável a contratação do Seguro de Lucros Cessantes.
Estudo de Caso 3
Dados apurados pela Contabilidade da Empresa C
Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00
A Empresa C não tem lucro a perder, portanto, não deve fazer o Seguro de
Lucros Cessantes.
Estudo de Caso 4
Dados apurados pela Contabilidade da Empresa D
Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00
Prejuízo
Despesas Fixas R$ 20.000
R$ 30.000
R$ 10.000
Conclusão
O Seguro de Lucros Cessantes ampara a empresa que opera obtendo lucro líquido
(Empresa A); a que opera obtendo nem lucro líquido nem prejuízo (Empresa B); e
até a que opera obtendo prejuízo (Empresa D).
O lucro bruto segurável é igual à diferença entre o valor das vendas (faturamento) e as
Despesas Variáveis (incluindo-se nestas despesas, os custos de venda, de produção ou
de prestação de serviços), sempre que o valor das vendas ultrapassar as Despesas Va-
riáveis. A empresa será indenizada, em caso de sinistro, das perdas geradas pela
redução do faturamento, ou seja, do lucro bruto perdido.
No caso de o faturamento (vendas) da empresa ser igual ou inferior às suas despe-
sas variáveis, o Seguro de Lucros Cessantes não se aplicará, porque o interesse
segurável, que é o lucro bruto, não existirá (como é o caso da empresa C).
—— Movimento de Negócios
É considerado movimento de negócios de uma empresa o total das quan-
tias pagas ou devidas ao empresário segurado, por mercadorias ou produ-
tos vendidos ou por serviços prestados, no curso das atividades industriais,
comerciais ou de serviços realizadas nos locais cobertos pelo seguro. É o
resultado monetário bruto da atividade empresarial, ou seja, o valor que
o empresário segurado recebe por suas vendas ou prestação de serviços.
Além das condições gerais, no Seguro de Lucros Cessantes, por suas par-
ticularidades, são incluídas definições e especificações, de acordo com a
atividade desenvolvida pelo segurado. Essas definições e especificações
descrevem quais são os critérios que serão utilizados para a apuração do
Valor em Risco, bem como quais são as perdas cobertas pela apólice e
como essas perdas serão apuradas no momento do sinistro.
Produção (unidades)
Utilizada para indústrias que fabricam um único tipo de produto;
Consumo
Utilizada para indústrias que fabricam mais de um produto e con-
somem uma única matéria-prima.
Comentário
Essas especificações são complementares à especificação movimento de negócios
(venda) e foram incluídas no Seguro de Lucros Cessantes com o objetivo de resolver
problemas relacionados à regulação de sinistros em indústrias.
Assim, utilizando-se as definições de produção (unidades ou valor de venda) e consu-
mo, ficará evidente a queda na produção de produtos prontos (assim como a queda no
consumo de matérias-primas), acarretando a redução de estoques do segurado para
suprir as vendas (movimento de negócios). Portanto, a seguradora indenizará o lucro
perdido, proporcionado pela redução da produção ou consumo na indústria segurada.
Exemplo
Uma indústria de sapatos contratou uma apólice de Seguro de Lucros Cessantes
decorrentes do evento Incêndio por um período indenitário de 3 meses. Alguns dias
depois, o local segurado foi atingido por um sinistro de incêndio, que só causou danos
materiais ao setor de produção. Em consequência disso, a indústria passou a produzir
apenas 50% dos sapatos que produzia normalmente. Como havia sapatos estoca-
dos, que não foram danificados pelo sinistro, as vendas dessa indústria realizaram-se
normalmente durante os 3 meses que foram necessários para o retorno da produção
(normalização de suas atividades), apesar de a reposição do estoque ter ficado limitada
a apenas 50% das saídas desses produtos prontos do depósito.
Se a seguradora fizesse a apuração das perdas de lucro apenas com base na definição
movimento de negócios, concluiria que não houve perda nesses 3 meses, o que seria
injusto com o segurado. Por isso é que, em casos como esses, utilizam-se as definições
produção (unidades ou valor de venda) ou consumo, porque somente através da aná-
lise da queda na fabricação de produtos prontos ou no consumo de matérias-primas é
que serão verificadas as perdas financeiras ocorridas que serão cobertas pelo Seguro
de Lucros Cessantes.
Isso é necessário porque o Seguro de Lucros Cessantes objetiva restabelecer as mesmas
condições financeiras existentes, na empresa segurada, antes da ocorrência do sinistro.
Exemplo
Aplicação prática
Calcule a margem de lucro bruto para o Seguro de Lucros Cessantes de uma empresa,
que apresenta os seguintes dados contábeis:
Despesas Fixas: R$ 1.000.000,00
Despesas Variáveis: R$ 1.200.000,00
Prejuízo: R$ 200.000,00
Movimento de Negócios (Vendas): R$ 2.000.000,00
Solução:
1o Passo – como não foi dado o valor do lucro bruto, teremos de calculá-lo. Verifica-se
que a empresa não opera com lucro líquido, mas com prejuízo. Portanto, o seguro irá
garantir a parcela das despesas fixas que superam o prejuízo, ou seja:
Lucro Bruto = Despesas Fixas – Prejuízo
Lucro Bruto = R$ 1.000.000,00 – R$ 200.000,00 = R$ 800.000,00
2o Passo – Cálculo da Margem de Lucro Bruto, em que:
Margem de Lucro Bruto = (R$ 800.000,00 ÷ R$ 2.000.000,00) × 100 = 40%
FIXANDO CONCEITOS 2
(a) Com base nos valores, em estoque, dos produtos acabados na data
do evento.
(b) Pela soma lucro líquido + despesas fixas, dividida pelo movimento
de negócios.
(c) Pela soma lucro bruto + despesas fixas, dividida pelo movimento de
negócios.
(d) Pela soma lucro líquido + despesas variáveis, dividida pelo movimen-
to de negócios.
(e) Pela soma gastos adicionais + despesas com instalação em novo
local, dividida pelo movimento de negócios.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Compreender a forma de ■■ Entender o cálculo da VALOR EM RISCO E RATEIO
contratação do Seguro de Importância Segurada.
Lucros Cessantes. COBERTURA BÁSICA –
■■ Entender os critérios e as
ABRANGÊNCIA
■■ Conceituar e entender o consequências da inclusão
funcionamento de período de franquias no Seguro de IMPORTÂNCIA SEGURADA
indenitário. Lucros Cessantes.
TAXAÇÃO
■■ Entender a aplicação do ■■ Compreender as etapas
rateio. do processo de regulação FRANQUIA DEDUTÍVEL
de um sinistro de Lucros (FACULTATIVA)
■■ Entender as opções de
Cessantes.
abrangência da cobertura
INDENIZAÇÃO
básica. ■■ Compreender parcelas
indenizáveis. FIXANDO CONCEITOS 3
■■ Compreender gastos
adicionais.
■■ Identificar as características
da Cobertura de
Impedimento de Acesso.
Atenção
Não é demais repetir que, teoricamente, qualquer Seguro de Dano Material pode ter
sua cobertura agregada à de Lucros Cessantes mas, na prática, as situações de conju-
gação mais utilizadas são feitas com as coberturas de: Incêndio; Queda de Raio; Explo-
são de Gás de Uso Doméstico; Explosão de Aparelhos e Substâncias; Incêndio Resul-
tante de Queimadas em Zonas Rurais; Vendaval, Furacão, Ciclone, Tornado, Granizo,
Queda de Aeronaves, Impacto de Veículos Terrestres e Fumaça; Tumultos (podendo-se
optar pela inclusão de Atos Dolosos); Desmoronamento; Alagamento; Derrame ou Vaza-
mento de Sprinklers; Deterioração de Mercadorias em Ambientes Frigorificados; Danos
Elétricos; Quebra de Máquinas.
PERÍODO INDENITÁRIO
Após a ocorrência de um evento (fato gerador), haverá a necessidade de
um tempo para a empresa recuperar o ritmo normal de suas atividades. Esse
tempo é denominado período indenitário no Seguro de Lucros Cessan-
tes, o qual deverá, obrigatoriamente, ser definido na apólice, estimado pelo
segurado, expresso em meses e limitado, no máximo, a 36 meses.
Exemplo
Situação hipotética de um sinistro Incêndio numa indústria de autopeças, que atingiu
os prédios e seus conteúdos (M.M.U e M.M.P), e para o qual foi contratado um período
indenitário de 15 meses.
Retomada
dos negócios
CLIENTELA
Peritos para
remoção de
PRÉDIOS escombros, Obras Acabamentos
planejamento,
licenças
Aplicação prática
Por quanto tempo o segurado teria direito à indenização, pelo Seguro de Lu-
cros Cessantes, com base nos dados abaixo?
■■ Vigência: 01/01/18 a 01/01/19
■■ Data do sinistro de Dano Material: 01/03/18 (zero hora)
■■ Data da finalização da reparação do Dano Material: 30/04/18 (24h)
■■ Data da normalização das atividades por parte do segurado: 31/05/18 (24h)
■■ Período indenitário fixado na apólice: 5 meses
É importante lembrar que, para fins de sinistro de Lucros Cessantes, não existe
relação entre o prazo do seguro (vigência) e o período indenitário, pois este
começa a vigorar a partir da data do sinistro de Dano Material que cause
perturbação ou paralisação no movimento de negócios do segurado. Contu-
do, é necessário que o sinistro de Dano Material ocorra dentro da vigência da
apólice de Lucros Cessantes.
Resposta:
■■ a data do sinistro de Dano Material (01/03/18) ocorreu dentro da vigência da apó-
lice e, considerando que tal sinistro tenha causado perturbação no movimento de
negócios do segurado, será indenizável pela apólice de Lucros Cessantes.
■■ assim, o período indenitário começará a contar a partir da data do sinistro de Danos
Materiais (01/03/18) e encerrar-se-á quando findar este período (previsto na apólice)
ou quando se der a normalização das atividades do segurado (mesma situação finan-
ceira anterior à ocorrência do sinistro).
■■ pelo exemplo, como a normalização das atividades do segurado ocorreu três
meses após a ocorrência do sinistro de Danos Materiais, o período indenitário
coberto será de 3 meses (de 01/03/18 a 31/05/18).
1. Entende-se por cláusula de O valor em risco, em Lucros Cessantes, representa o volume de despesas
rateio a cláusula comum aos fixas mais o lucro líquido apurado durante o período indenitário estipulado
seguros proporcionais a risco na apólice. Ou seja, o valor em risco constitui o lucro bruto que seria
total (nos quais a importância obtido pela empresa durante o período indenitário, caso não tivesse ocor-
segurada deve corresponder rido o sinistro.
ao valor em risco). Determina
Se a apólice contratada for somente para despesas fixas ou somente
ela que, por ocasião do
para o lucro líquido, o valor em risco será considerado por cada cober-
sinistro, a importância
tura, respectivamente.
segurada for inferior ao valor
em risco, o segurado irá Então, sendo o valor em risco superior à importância segurada, o segu-
participar dos prejuízos, na rado será considerado responsável pela diferença existente e estará, por-
proporção da diferença entre tanto, proporcionalmente sujeito ao mesmo risco da seguradora.
aquela importância segurada e
o respectivo valor em risco. Nesse caso, o valor da indenização será rateado entre a seguradora e
o segurado, proporcionalmente à relação entre a importância segura-
2. Atualmente, a maioria das da e o valor em risco.
apólices é contratada a 1º risco
relativo, ou seja, o segurado Isso se aplica ao Seguro de Lucros Cessantes por se tratar de um seguro
declara o seu valor em risco proporcional (sujeito à cláusula de rateio).
(VRD) e estipula o LMI – limite
máximo de indenização. P x IS
No momento do sinistro, é
Indenização =
VR
apurado o valor em risco (VRA).
Se o VRD for menor que o
Onde:
VRA, será aplicado o rateio:
I = P × VRD / VRA. No Brasil, é P = Prejuízo Indenizável
comum não se aplicar o rateio IS = Importância Segurada
se o VRD for maior ou igual
VR = Valor em Risco
a 80% do VRA. Há, também,
casos de contratações a 1º
risco absoluto (sem rateio,
casos nos quais são incluídas
cláusulas de ajustamento do
prêmio). A indenização, em
qualquer caso, ficará limitada
ao LMI contratado na apólice.
Exemplo
1. Seguro a risco total:
Prejuízo Indenizável: R$ 10.000.000.00
IS = R$ 60.000.000,00
VR = R$ 240.000.000,00
Como a IS é menor que o VR, aplica-se o rateio:
I = P × IS/VR = 10.000.000 × 60.000.000 / 240.000.000 = 2.500.000
Neste caso, a indenização será de R$ 2.500.000,00. O valor da indenização é sempre
limitado ao valor da IS.
2. Seguro a risco relativo:
Prejuízo Indenizável: R$ 10.000.000.00
LMI = R$ 100.000.000,00
VRD = R$ 200.000.000,00
VRA = R$ 400.000.000,00
Como o VRD é menor que 80% do VRA, aplica-se o rateio: (I = P × VRD / VRA)
Indenização = R$ 10.000.000 × R$ 200.000.000 / R$ 400.000.000 = R$ 5.000.000
Neste caso, a indenização será de R$ 5.000.000,00. O valor da indenização é sempre
limitado ao valor do LMI.
—— Perdas de Lucro
A cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes abrange as perdas
de lucro bruto, que é a principal garantia deste seguro e, levando-se em
consideração a situação econômico-financeira da empresa, é facultado
ao segurado garantir em sua apólice:
—— Gastos Adicionais
São as despesas extraordinárias realizadas pelo segurado com o objeti-
vo de eliminar ou reduzir a queda no movimento de negócios durante o
período indenitário.
Redução da queda
do movimento de Amparado pela
Perturbação ou negócios, cobertura básica, sob
GASTOS consequentemente à o título de gastos
paralisação do (DESPESAS
movimento de Queda do redução da Perda do adicionais
EXTRAORDINÁRIAS)
negócios, movimento Lucro Bruto
em consequência de negócios
de sinistros de
danos materiais
de evento Perda do Sem reflexo na Não será
amparado pelo Lucro Bruto queda do movimento amparado pelo Seguro
Seguro de Lucros de negócios de Lucros Cessantes
Cessantes
Exemplo
Uma empresa que possua apólice de Lucros Cessantes para o evento explosão sofre
um sinistro que atinge determinado equipamento (transformador) que estava coberto
pela apólice de Danos Materiais. Sem esse equipamento, a fábrica ficará parada, aguar-
dando a sua reposição. O segurado poderá alugar um transformador substituto, por
exemplo, por R$ 200.000,00/mês até que o antigo possa voltar a realizar suas funções
na fábrica.
O valor pago pelo aluguel acrescido de todas as despesas e os custos extraordiná-
rios gastos pelo segurado estão abrangidos pela cobertura básica a título de gastos
adicionais, desde que esses gastos resultem em redução da queda do movimento de
negócios e, consequentemente, em redução da perda de lucro.
Nesse caso específico, se o segurado nada fizesse, o negócio ficaria parado até o con-
serto desse equipamento (que poderia demorar 6 meses). Já alugando um outro para
substituí-lo, ele consegue fazer a fábrica voltar a produzir em 1 mês por exemplo, mas
precisa pagar uma despesa que não teria se o sinistro não tivesse ocorrido. Esse gasto
estará coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes desde que proporcione redução na
perda de lucro bruto.
—— Impedimento de Acesso
O objetivo do Seguro de Lucros Cessantes é garantir a situação finan-
ceira da empresa após um sinistro de Danos Materiais causado por
evento coberto, desde que qualquer dos bens móveis ou imóveis exis-
tentes no local segurado venha a ser danificado ou destruído em con-
sequência de tais eventos e provoque perturbação ou paralisação no
movimento normal dos negócios da empresa.
Exemplo
Um determinado segurado contratou o Seguro de Lucros Cessantes decorrente somen-
te de Incêndio. Um posto de gasolina, vizinho ao local segurado, sofreu um alagamento,
e todo o logradouro (inclusive o local segurado) foi interditado pela Defesa Civil, parali-
sando o negócio do segurado por 7 dias.
A cobertura de impedimento de acesso não funcionará, porque o evento coberto
pelo Seguro de Lucros Cessantes contratado pelo segurado é somente Incêndio e
não Alagamento.
Para que o sinistro estivesse coberto pela cobertura de Impedimento de Acesso, consi-
derando-se o exemplo dado, o segurado teria que ter incluído no seu Seguro de Lucros
Cessantes o evento alagamento (é claro que o segurado teria que contratar o Seguro
de Danos Materiais para Alagamento também, pois isto é um requisito para contratação
do seguro).
IMPORTÂNCIA SEGURADA
Como o Seguro de Lucros Cessantes é contratado a Risco Total (aqueles
Observação em que a Importância Segurada (IS) deve corresponder a 100% do Valor
em Risco (VR), sob pena da aplicação do rateio), para poder estipular a
1. Há, ainda, a opção de importância que deve ser garantida na apólice, o segurado precisa estimar
segurar algumas despesas o valor do lucro bruto segurado em risco durante o período indenitário
fixas, ou seja, o segurado (valor em risco).
especifica quais as despesas O valor em risco, portanto, no Seguro de Lucros Cessantes, corresponde
quer garantir (despesas fixas ao valor do lucro bruto que seria obtido pelo segurado durante o período
especificadas), excluindo as indenitário, se o sinistro não tivesse ocorrido. Como vimos, cada evento
outras que, assim, não estão pode ter um período indenitário diferente; logo teremos que estimar o
relacionadas na apólice. valor em risco para cada evento. Portanto, teremos de estabelecer uma
2. Quando o seguro é importância segurada para cada evento.
contratado a 1º risco relativo, o
Para a fixação da importância segurada, é necessário definir qual será
segurado deve declarar o valor
abrangência da cobertura (o que será garantido pelo seguro), entre as
em risco (VRD). Para calcular
opções que se seguem:
o VRD, deve ser seguido o
mesmo roteiro indicado nesta 1ª opção
unidade, pois, em caso de A totalidade do lucro bruto, ou seja, o lucro líquido e todas as des-
sinistro, o valor em risco a ser pesas fixas, que é a opção mais aconselhável, haja vista que isso
apurado pela seguradora (VRA) permitirá ao seguro cumprir integralmente sua função de restabe-
será baseado nesse roteiro. lecimento da mesma situação financeira da empresa segurada;
2ª opção
3ª opção
Como o Seguro de Lucros Somente despesas fixas.
Cessantes é passível de
rateio, depois de escolhido o Considerando-se a escolha do segurado com base nos valores relativos às
período indenitário, deve-se despesas fixas, lucro líquido e vendas, extraídos dos relatórios contábeis
tomar, na previsão de vendas, do último exercício financeiro encerrado da empresa, podemos calcular a
o maior volume de vendas margem de lucro bruto segurado para Lucros Cessantes, que demonstra o
(faturamento) possível de ser quanto o lucro bruto para Lucros Cessantes representa (em percentual) em
perdido durante o mesmo relação ao faturamento (vendas) da empresa.
número de meses do período Além disso, em conjunto com o segurado, deverá ser feita uma estimativa
indenitário escolhido (sempre de vendas futuras da empresa, mês a mês, para o período de vigência do
em meses consecutivos). seguro mais o número de meses do período indenitário de cada evento
Este procedimento também é a ser coberto pela apólice, considerando-se os ajustamentos necessários
justificado por não sabermos em em virtude da tendência do negócio.
que mês, precisamente, ocorrerá
o sinistro, portanto, precisamos Todos os dados extraídos dos relatórios financeiros da contabilidade do
garantir o maior lucro bruto que segurado, sejam as vendas ou a margem de lucro bruto para lucros ces-
poderá ser perdido durante o
período indenitário.
Aplicação prática
Um depósito de bebidas deseja contratar um Seguro de Lucros Cessantes anual (vigên-
cia de janeiro a dezembro de 2019). Sabendo-se que haverá garantia da cobertura bá-
sica para o lucro líquido e a totalidade das despesas fixas, e que o evento coberto será
alagamento, com período indenitário de 4 meses, que importância segurada deverá ser
estipulada para o seguro?
1. Cálculo da Margem de Lucro Bruto (MLB)
Foram extraídos os seguintes dados do último exercício financeiro encerrado:
TAXAÇÃO
Como regra geral, a taxação da cobertura básica do Seguro de Lucros Ces-
santes é calculada com a aplicação da taxa básica (ou taxa média) do seguro
de dano material referente ao evento coberto, multiplicado por um coeficien-
te de agravação, em função do período indenitário escolhido pelo segurado.
PERÍODO PERCENTAGEM
INDENITÁRIO APLICÁVEL
LOCAL 1
IMPORTÂNCIA
BENS TAXA PRÊMIO
SEGURADA
LOCAL 2
IMPORTÂNCIA
BENS TAXA PRÊMIO
SEGURADA
R$ 1.250.000,00 R$ 5.200,00
Logo:
Taxa Média Ponderada = (5.200 / 1.250.000) × 100 = 0,416%
Taxa Básica (Evento Incêndio) = 0,416%
■■ Na tabela de coeficientes de agravação, em função do período indenitário, para um
período escolhido (4 meses) obtém-se a percentagem de 168%;
■■ Taxa aplicável no Seguro de Lucros Cessantes = 0,416% × 168% = 0,69888%;
■■ Prêmio de Lucros Cessantes = R$ 800.000,00 × 0,69888% = R$ 5.591,04.
2) Caso o segurado deseje contratar o Seguro de Lucros Cessantes decorrente
de alagamento, com período indenitário de 6 meses e importância segurada de R$
1.000.000,00, será necessário para se obter o valor do prêmio:
■■ Apurar a taxa aplicada no Seguro de Dano Material (alagamento): como a taxa é única
(0,60%) para ambas as plantas, não precisamos calcular a média, pois para Lucros Ces-
santes, a taxa básica será 0,60%;
■■ Na tabela de coeficientes de agravação, em função do período indenitário para um perío-
do escolhido (6 meses), obtém-se a percentagem de 148%;
■■ A taxa aplicável no Seguro de Lucros Cessantes será de: 0,60% × 148% = 0,888%; e
■■ Prêmio de Lucros Cessantes = R$ 1.000.000,00 × 0,888% = R$ 8.880,00.
INDENIZAÇÃO
A ocorrência de danos materiais resultante de qualquer evento contratado
(fato gerador) que afete o ritmo de atividades de uma empresa deve ser
mensurada pela redução provocada na receita de vendas, ou seja, na que-
da do movimento de negócios.
Empresas industriais
Especificação movimento de negócios (vendas) e, de acordo com
o tipo de indústria, especificações produção (unidades ou valor de
venda) ou consumo (matérias-primas).
Observação do comportamento do
movimento de negócios (realizado) da
empresa para a avaliação dos reflexos
do sinistro de danos materiais
A observação será realizada durante o período de tempo (período indenitá-
rio) em que o movimento de negócios da empresa estiver abalado pelo sinis-
tro de Danos Materiais e constatado através da contabilidade da empresa.
Exemplo
Podemos imaginar um segurado que seja proprietário de duas lojas próximas e simila-
res (segurados por apólices diferentes). Se uma delas fosse fechada em decorrência de
um sinistro, a outra teria receita extra, decorrente do desvio, para ela, dos negócios que
normalmente se realizariam na loja sinistrada. Essa receita seria o resultado de Ativi-
dades em Locais Diferentes dos Mencionados na Apólice. A queda no movimento de
negócios será apurada pela diferença líquida, ou seja, será o montante real da queda
ocorrida nos negócios do segurado, considerando-se as 2 lojas.
QUEDA DO
MOVIMENTO
DE NEGÓCIOS
MOVIMENTO DE MOVIMENTO
NEGÓCIOS PADRÃO DE NEGÓCIOS
(ajustado) REALIZADO
—— Parcelas Indenizáveis
A cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes abrange duas parce-
las indenizatórias, que veremos a seguir:
Gastos Adicionais
Caso o segurado realize gastos adicionais, o Seguro de Lucros Cessantes
garantirá seu reembolso desde que a realização de tais gastos resulte em
redução das perdas de lucro bruto de valor igual ou superior ao valor gas-
to. Ou seja, a indenização estará limitada à perda de lucro bruto evitada
em virtude dos gastos adicionais realizados pelo segurado.
Caso o segurado tenha optado por não segurar todas as suas despesas
fixas, arcando, consequentemente, em caso de sinistro, com uma das par-
celas do lucro bruto segurável, ele ficará também responsável por uma
parte dos gastos adicionais.
Valor em Risco
Indenização = R$ 1.800.000,00
—— Liquidação do Sinistro
É importante destacar que o processo de regulação de sinistros de lucros ces-
santes é longo, especialmente quando o segurado não consegue ou demora
a apresentar os documentos necessários para comprovar as perdas ocorri-
das. O sinistro só se encerrará após o fim do período indenitário e depois
que sejam definidas todas as perdas indenizáveis. Desse modo, ao longo do
FIXANDO CONCEITOS 3
1. Os gastos adicionais, para serem considerados como tais, para efeito do
Seguro de Lucros Cessantes:
3. São aspectos que devem ser considerados para a previsão das tendên-
cias de negócios e ajustamentos:
(a) 24 horas.
(b) 48 horas.
(c) 72 horas.
(d) 96 horas.
(e) 120 horas.
(a) 1 a 36 meses.
(b) 1 a 12 meses.
(c) 3 a 36 meses.
(d) 6 a 24 meses.
(e) 1 a 24 meses.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■■ Identificar as possíveis ■■ Compreender as DESPESAS COM INSTALAÇÃO
coberturas adicionais características de EM NOVO LOCAL
no Seguro de Lucros extensão de cobertura
Cessantes a fornecedores e/ou EXTENSÃO DA COBERTURA
compradores A FORNECEDORES E/OU
■■ Entender o funcionamento COMPRADORES
da cobertura de honorários ■■ Distinguir cobertura
de peritos contadores. a fornecedores e/ ou FIXANDO CONCEITOS 4
compradores da cobertura
■■ Compreender a
básica.
abrangência da cobertura
de despesas com
instalação em novo local
HONORÁRIOS DE
PERITOS CONTADORES
Essa cobertura permite a definição de uma verba para pagamento de
honorários a profissionais contadores que venham a ser contratados,
pelo segurado, para auxiliá-lo na preparação da reclamação de um sinistro
de Lucros Cessantes.
Vale ressaltar que essa cobertura deverá ser contratada para cada um
dos eventos previstos na cobertura básica ou na extensão de cober-
tura a fornecedores e/ou compradores, ou seja, deverão ser estipula-
das verbas separadamente, uma para cada evento e, consequentemente,
serem pagos os respectivos prêmios adicionais.
Lembrete Essa cobertura permite a definição de uma verba a ser utilizada pelo segu-
rado que quer se instalar, definitivamente, em outro local, no caso de impos-
Embora essa cobertura se pareça sibilidade de continuar suas atividades no local sinistrado. Através dessa
com a de Gastos Adicionais, difere cobertura, o segurado será indenizado das despesas necessárias, conforme
dela pelo fato de o segurado fixar detalhado a seguir, para se instalar em caráter definitivo em novo local (não
uma verba própria, e ser cobrado haverá cobertura se a instalação em novo local for temporária/provisória).
dele um prêmio adicional, sendo Podem ser cobertas as despesas, por exemplo, de compra de um
aplicada a mesma taxa do dano novo ponto comercial, obras de adaptação, balcões, vitrines e outras
material (evento coberto). instalações necessárias ao funcionamento da empresa. Entretanto, a
Essa cobertura adicional também cobertura não indeniza a aquisição de um novo imóvel, nem a despe-
é concedida a 1º Risco Absoluto, sa com o aluguel desse imóvel.
ou seja, não se aplica rateio, e sua
verba não poderá ultrapassar o
valor da importância segurada da
cobertura básica (lucro bruto).
EXTENSÃO DA COBERTURA
A FORNECEDORES E/OU
COMPRADORES
Importante
Essa cobertura permite a definição de uma verba destinada a garantir o segurado con-
tra as perdas de lucro bruto e a realização de gastos adicionais em consequência
de um sinistro que venha a ocorrer nas instalações (local) de alguns de seus forne-
cedores e/ou compradores.
Portanto, é condição, para que a indenização seja devida, que o sinistro ocorrido no
endereço do fornecedor ou comprador venha a provocar a paralisação total ou
parcial no movimento dos negócios do segurado, e que o evento causador do sinistro
(danos materiais) tenha sido contratado para o local sinistrado.
Fornecedor 1 Comprador 1
Empresa
Fornecedor 2 Comprador 2
segurada
Fornecedor 3 Comprador 3
Exemplo
Quando uma indústria de grande porte se instala numa região, é comum que várias ou-
tras indústrias de menor porte se instalem próximas a ela, para facilitar o fornecimento
de suprimentos à primeira. Caso ocorra um incêndio, por exemplo, na fábrica de grande
porte, como as fábricas que lhe fornecem os suprimentos irão sobreviver, já que o único
(exclusivo) comprador paralisou sua produção e, consequentemente, suspendeu as
compras de suprimentos?
Então, seria interessante que essas fábricas fornecedoras de suprimentos fizessem um
Seguro de Lucros Cessantes para suas instalações e contratassem, também, a cober-
tura adicional de extensão ao comprador (no caso, a indústria de grande porte), para
garantir uma possível perda de lucro bruto decorrente da redução dos seus negócios,
causada pela paralisação desse importante comprador, resultante de um dano material
causado por evento coberto que possa ocorrer no local do comprador.
FIXANDO CONCEITOS 4
(a) Deve ser contratada por toda empresa que possua apólice de Lucros
Cessantes.
(b) Deve ser contratada por toda empresa, porém somente para um
único fornecedor/comprador.
(c) Não é necessário definir verba específica, pois a cobertura é dada
automaticamente, pela cobertura básica.
(d) Deve ser contratada pela empresa que dependa fundamentalmente
de seus fornecedores/compradores.
(e) Para definir a verba, considera-se o percentual de influência do for-
necedor/comprador sobre o lucro líquido do segurado.
FORMA ATUAL DE
CONTRATAÇÃO DE
LUCROS CESSANTES
—— Compreensivos Multirriscos
Empresariais/Condomínios
Os Seguros Compreensivos Multirriscos Empresariais/Condomínios são
aqueles em que são conjugados diversos tipos de coberturas de diversos
ramos, inclusive Lucros Cessantes. Cada seguradora “desenha” seus pro-
dutos e os submete à aprovação da SUSEP. Neles, é definida uma cober-
tura básica (normalmente Incêndio, Raio e Explosão de Qualquer Nature-
za), sendo obrigatória a contratação desta cobertura. As condições desses
produtos são preestabelecidas; portanto, o cliente terá de se enquadrar
ao que lhe é oferecido, ou seja, a apólice poderá ter as coberturas que o
segurado desejar, desde que previstas no produto e nos padrões estabe-
lecidos pela seguradora, com a devida aprovação da SUSEP.
—— Riscos Nomeados
De conformidade com a definição constante da Circular Susep-565/2017,
Seguros de Riscos Nomeados (RN) são aqueles nos quais há clara identi-
ficação dos riscos, possibilitando a enumeração das garantias oferecidas,
dentre elas, no mínimo contra o risco incêndio.
Da mesma forma que o Seguro Compreensivo Multirriscos, o Seguro de
Riscos Nomeados permite à empresa segurada escolher os riscos que
deseja contratar; contudo, neste seguro, ela terá flexibilidade de escolha.
Não há coberturas predeterminadas, a não ser a referente à de Incêndio,
que é oferecida, em conjunto, com Queda de Raio e Explosão de Qualquer
Natureza, tornando-se, assim, a cobertura principal ou básica do Seguro
de Riscos Nomeados. Como esses seguros envolvem importâncias segu-
radas enormes (a Circular-565/2017 definiu que este tipo de seguro é para
riscos com LMG – Limites Máximos de Garantias superiores a R$ 100
Atenção milhões), a maior parte desses riscos são garantidos pelos resseguradores.
Normalmente, são esses resseguradores que definem as condições de
No Seguro de Riscos cobertura, o preço (prêmio), franquias.
Nomeados, é possível a
contratação da cobertura de A contratação do Seguro de Riscos Nomeados é possível para empresas
Lucros Cessantes decorrentes de médio e grande porte, e, nesse caso, para aquelas cujo perfil de risco
dos Danos Materiais, bem é bem definido e limitado. Portanto, não seria recomendável a contrata-
como na forma de Interrupção ção do Seguro de Riscos Operacionais (mais abrangente; logo de maior
de Negócio Consequente custo).
de Danos Materiais – Perda
A cobertura de Lucros Cessantes é oferecida no Seguro de Riscos Nomea-
de Receita Bruta, do mesmo
dos e pode abranger integralmente o lucro bruto. Além disso, é possível
modo que no Seguro de
escolher o período indenitário (1 a 36 meses), e há franquia obrigatória
Riscos Operacionais.
em dias, sendo que, às vezes, essa franquia é fixada em valor. A cobertura
—— Riscos Operacionais
De conformidade com a definição constante da Circular-565/2017, Segu-
ros de Riscos Operacionais (RO) são aqueles nos quais a complexidade
dos riscos inviabiliza sua identificação, com a estipulação de cobertura de
Danos Materiais, estruturada na forma all risks, garantindo cobertura para
quaisquer eventos, inclusive incêndio, com exceção dos riscos expressa-
mente excluídos.
Saiba mais
A cobertura oferecida é de Interrupção de Negócio Consequente de Danos Materiais
– Perda de Receita Bruta, ou de Lucros Cessantes decorrentes dos Danos Materiais, da
mesma forma que no Seguro de Riscos Nomeados.
A cobertura de Interrupção de Negócios Consequente de Danos Materiais – Perda de
Receita Bruta – abrange a totalidade do lucro bruto. Não há a figura do período inde-
nitário, mas período de interrupção, que representa o espaço de tempo que decorrer
entre o momento da ocorrência do acidente e aquele quando, com a devida diligência
e rapidez, os bens segurados danificados forem reparados ou repostos e colocados,
prontos para uso, nas condições anteriores ao “acidente”, não se limitando à data do
vencimento da apólice. Esse período se encerra quando o segurado retorna à mesma
capacidade de produção ou quando se esgota a importância segurada da apólice. São
fixadas franquias obrigatórias em dias, sendo, às vezes, fixadas em valor. Se o sinistro
de Danos Materiais atingir apenas os estoques de produtos acabados e não houver
perda de produção, não haverá perda indenizável pela referida cobertura.
A cobertura é concedida a 1o Risco Relativo, podendo, em alguns casos, ser oferecida a
1o Risco Absoluto.
Quadro-resumo
Comparativo entre Algumas Opções de Coberturas
de Lucros Cessantes (Há Outras)
RISCOS RISCOS OPERACIONAIS/
ITENS TRADICIONAL MULTIRRISCOS NOMEADOS PERDA DE RECEITA
Bens Lucro Bruto ■■ Despesas Fixas Lucro Bruto (Lucro Lucro Bruto
Cobertos (Lucro Líquido e ■■ São raros os Líquido e Despesas (Lucro Líquido e Despesas
Despesas Fixas) produtos que Fixas) Fixas)
garantem a
totalidade do Lucro
Bruto (Lucro Líquido
e Despesas Fixas)
Taxação Taxa agravada ■■ Taxa fixada no Taxa agravada pelo Não há aplicação de
pelo coeficiente produto Coeficiente do coeficiente de Período
do Período ■■ Há casos em que se Período Indenitário Indenitário
Indenitário aplica um coeficiente (somente evento
Incêndio)
Concessão A Risco Total ■■ 1o Risco Absoluto ■■ 1o Risco Relativo (há ■■ 1o Risco Relativo (há a
da Cobertura (há a possibili- (não há a possibilidade a possibilidade de possibilidade de rateio)
dade de rateio) de rateio) rateio) ■■ Em alguns casos, a 1o
o
■■ Para certos valores a ■■ Em alguns casos, a 1 Risco Absoluto (não há a
1o Risco Relativo (há Risco Absoluto (não possibilidade de rateio)
a possibilidade de há a possibilidade
rateio) de rateio)
FIXANDO CONCEITOS 5
1. Marque a alternativa correta
GABARITO
Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2
1–D 1–B
2–A 2–D
3–B 3–C
4–D
4–E
5–A
5–B
6–A
6–E
7–C
4–A 4–D
5–B 5–C
6–A 6–C
7–C 7–B
8–E
9–B
10 – E
11 – B
12 – B
13 – A
14 – C
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS. Diretoria de Ensino Técnico. Seguro
de lucros cessantes. Assessoria técnica de José Carlos de Lacerda Sou-
za. 19. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2015. 110 p.
LEGISLAÇÃO