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2ª EDIÇÃO
2022
REALIZAÇÃO
ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS
ASSESSORIA TÉCNICA
CLAUDIO BIZERRA DE OLIVEIRA – 2022/2021
FREDERICO MARTINS PERES – 2022/2021
JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS – 2022/2021
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8
1. CONDIÇÕES CONTRATUAIS –
SEGUROS GRUPO PATRIMONIAL 12
ELEMENTOS MÍNIMOS E OBRIGATÓRIOS
NAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS DO SEGURO 14
Cláusula de Objetivo do Seguro 14
Glossário de Definições 14
Cláusula de Formas de Contratação 14
Cláusula de Âmbito Geográfico 15
Cláusulas de Coberturas 15
Cláusula de Riscos Excluídos 16
Cláusula de Aceitação 17
Cláusula de Vigência e Renovação 19
Cláusula de Concorrência de Apólices e Bilhetes 20
Cláusula de Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) 22
Cláusula de Atualização e Alteração de Valores 22
Cláusula de Pagamento do Prêmio 22
Cláusula de Indenização 24
Cláusula de Comunicação, Regulação e Liquidação de Sinistros 25
Cláusula de Reintegração 26
Cláusula de Perda de Direitos 26
Cláusula de Rescisão e Cancelamento do Contrato de Seguro 27
Outras Disposições Contratuais 28
FIXANDO CONCEITOS 1 29
3. FORMAS DE CONTRATAÇÃO DE
SEGUROS DE DANOS – SEGUROS
PROPORCIONAIS E NÃO PROPORCIONAIS 46
SEGUROS PROPORCIONAIS 48
Seguro a Risco Total 48
Seguro a Risco Relativo 52
Rateio Parcial 55
Prêmios nos Seguros a Risco Relativo: 56
SEGUROS NÃO PROPORCIONAIS 57
Seguro a Risco Absoluto 57
FIXANDO CONCEITOS 3 59
ENQUADRAMENTO 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84
— O Mercado
Você sabe apontar o porquê de a comercialização dos seguros de danos, no
mercado brasileiro, ainda ser muito tímida, diferentemente de outros países?
Exemplo
A direção de uma pequena indústria com 100 funcionários resolveu segurar seu
patrimônio contra o risco de incêndio e garantir a recomposição de lucros cessantes
(despesas fixas e lucro líquido) no caso da ocorrência de um eventual sinistro.
Supondo a ocorrência de um sinistro de incêndio que tenha dentre as consequências a
paralisação das atividades da empresa, por seis meses, estariam garantidos, além dos
danos contra o patrimônio, a perda do lucro líquido desse período e as despesas fixas,
tais como: salário, FGTS, INSS, impostos, entre outras.
— Relevância
Ainda com base no exemplo anterior, o que podemos destacar como rele-
vante com relação à contratação desse seguro e à hipótese da ocorrência
do sinistro?
— Conceito Histórico
Como vimos anteriormente no estudo de TGS, a atividade seguradora no
Brasil teve início com a abertura dos portos ao comércio internacional, em
1808, e ganhou força com a publicação do Código Comercial Brasileiro, em
1850, que foi também de fundamental importância para o desenvolvimento
dos seguros terrestres, termo que definia o que conhecemos hoje como
seguros patrimoniais.
1964
A Lei Nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, também conhecida
como “lei dos condomínios”, estabeleceu, dentre outros aspec-
tos, a obrigatoriedade da contratação do seguro contra incên-
dio, abrangendo todas as unidades autônomas e partes comuns
dos edifícios em condomínio. A referida lei continua em vigor
com modificações introduzidas por diversos outros instrumentos
legais, sendo importante destacar, para o nosso estudo, o arti-
go 1346 do Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002), que diz:
“É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de
incêndio ou destruição, total ou parcial”.
1967
O Decreto-Lei 61.867, de 11 de dezembro de 1967, estabeleceu a
obrigatoriedade da contratação de seguro para garantia contra ris-
cos de incêndio de bens pertencentes a pessoas jurídicas.
1978
A Circular Susep 23, de 06 de abril de 1978, precursora do que
conhecemos hoje como seguros multirriscos, estabeleceu no mer-
cado a criação da modalidade Compreensivos de Imóveis Diver-
sos (Empresa e Residência).
1985 a 1988
Surgiram os Multirriscos – coberturas de vários ramos em uma
apólice.
2002
A Resolução CNSP 86, de 19 de agosto de 2002, transformou “Pla-
nos de Seguros” (Compreensivos) em “Ramos”:
2004
As Circulares Susep 256 e 265, respectivamente, de 16 de junho de
2004 a 16 de agosto de 2004, deram início à fase de maior padro-
nização das condições contratuais – condições gerais, especiais e
particulares, das notas técnicas atuariais dos contratos de seguros
de danos e definição sobre os planos de seguros padronizados e
não padronizados.
2006
Dando seguimento ao processo de padronização, a Circular
Susep 321, de 21 de março de 2006, apresentou o texto das con-
dições padronizadas de diversos ramos que compõem os segu-
ros compreensivos.
2020/2021
A partir de um amplo processo de consultas ao mercado segura-
dor, iniciado em meados de 2020, a Susep deu início a um novo
marco regulatório, privilegiando a livre iniciativa das seguradoras
para a criação dos termos e das condições de seus produtos.
Nesse sentido, foram emitidas as circulares 620, 621 e a resolução
CNSP 407, datadas respectivamente de 29/12/2020, 12/02/2021
e 29/03/2021, que revogam todas as normas que tratavam da
padronização das condições contratuais dos seguros patrimoniais.
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Conhecer os elementos ■ Entender as regras
mínimos e obrigatórios contidas em cada cláusula ⊲ ELEMENTOS MÍNIMOS DAS
relativos às condições obrigatória das condições CONDIÇÕES CONTRATUAIS
contratuais utilizadas contratuais de um seguro
nos seguros de danos de danos. ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1
considerando a literatura
especializada.
Importante
Definição de Condições Contratuais, segundo a Circular SUSEP 621/2021
“Conjunto de disposições que regem a contratação de um mesmo plano de seguro”.
Em outros termos, as condições contratuais passam a ser entendidas como o conjunto
de textos do contrato de seguro, nos quais as seguradoras devem apresentar todos os
termos e as condições de seus produtos. Os deveres, as obrigações, os riscos cober-
tos e excluídos também devem figurar aqui, sendo redigidos de forma clara e objetiva,
não dando margem a possíveis dúvidas ou mesmo dupla interpretação.
ELEMENTOS MÍNIMOS E
OBRIGATÓRIOS NAS CONDIÇÕES
CONTRATUAIS DO SEGURO
Exemplo de texto:
— Glossário de Definições
Como já ocorre em todos os ramos de seguros, as seguradoras apresen-
tam obrigatoriamente um glossário com a definição dos termos técnicos
usados nas condições contratuais, utilizando linguagem clara e de fácil
entendimento, incluindo traduções e definições de eventuais termos em
língua estrangeira.
Importante
Sobre as formas de contratação a SUSEP determina o seguinte:
Nos seguros contratados a risco total, deve ser estabelecido que o seguro de um inte-
resse por menos do que valha acarreta a redução proporcional da indenização.
Nos seguros contratados a risco relativo, o critério de rateio dos prejuízos indenizáveis
em caso de sinistro, tem de ser informado devendo ser especificado se o valor em risco
apurado (VRA) será calculado com base no valor de novo ou no valor atual do bem.
Exemplo de Texto:
— Cláusulas de Coberturas
As cláusulas de cobertura definem de forma clara e objetiva os termos e
as condições das coberturas referentes ao tipo de seguro contratado, não
podendo deixar de mencionar as seguintes condições:
Para fins deste seguro consideram-se Riscos Cobertos, até o Limite Máxi-
mo de Indenização estabelecido no texto da apólice, para indenização por
perdas e danos materiais diretamente causados aos bens segurados por:
Importante
É vedado constar no rol de riscos excluídos do seguro eventos decorrentes de atos
praticados pelo segurado em estado de insanidade mental, de embriaguez ou sob
efeito de substâncias tóxicas.
O estado de insanidade mental, a embriaguez e o uso de substâncias tóxicas pelo
segurado podem ser considerados como causas de agravamento de risco suscetível
de levar à perda da cobertura, desde que a sociedade seguradora demonstre no caso
concreto que tais situações tenham sido determinantes para a ocorrência do sinistro.
— Cláusula de Aceitação
A seguradora especifica nesta cláusula as condições para aceitação ou recusa
do risco assim como o prazo que dispõe para se manifestar sobre sua decisão.
Renovação do Seguro
A seguradora deve informar se aceita que a primeira renovação do
seguro ocorra de forma automática e, nesse caso, deve deixar cla-
ro que esse procedimento somente poderá ocorrer uma única vez
e pelo mesmo prazo, devendo as renovações posteriores serem
solicitadas, obrigatoriamente, de forma expressa pelo segurado.
— Cláusula de Concorrência
de Apólices e Bilhetes
Nesta cláusula, são especificados todos os critérios a serem adotados em
caso de sinistro coberto por mais de uma seguradora, para os mesmos
bens e contra os mesmos riscos, determinando a responsabilidade propor-
cional de cada seguro existente.
Franquia = R$ 10.000,00
» Apólice “B”
LMI = R$ 100.000,00
Franquia = R$ 6.000,00
II. Sinistro:
Prejuízo apurado = R$ 35.000,00
» Apólice “A”
Indenização Ajustada = (P - F)
= R$ 35.000,00 - R$ 10.000,00 = R$ 25.000,00
» Apólice “B”
Indenização Ajustada = (P - F)
= R$ 35.000,00 - R$ 6.000,00 = R$ 29.000,00
Onde:
P = Prejuízo Apurado
F = Franquia
» Apólice “A”
Indenização = R$ 25.000,00 × R$ 35.000,00 = R$ 16.203,70
R$ 54.000,00
» Apólice “B”
Indenização = R$ 29.000,00 × R$ 35.000,00 = R$ 18.796,30
R$ 54.000,00
Saiba mais
Código Civil Brasileiro
Art. 778. Nos seguros de danos, a garantia prometida não pode ultrapassar o valor do
interesse segurado no momento da conclusão do contrato, sob pena do disposto no
art. 766 e sem prejuízo da ação penal que no caso couber.
Art. 782. O segurado que, na vigência do contrato, pretender obter novo seguro sobre
o mesmo interesse, e contra o mesmo risco junto a outro segurador, deve previamente
comunicar sua intenção por escrito ao primeiro, indicando a soma por que pretende
segurar-se, a fim de se comprovar a obediência ao disposto no art. 778.
—
Importante Cláusula de Atualização e
Definições, segundo a Alteração de Valores
Circular SUSEP 621/2021
Prêmio periódico: valor Em todas as condições contratuais, as seguradoras devem estabelecer quais
a ser pago para a garantia são os critérios para a realização de mudanças dos valores segurados, seja
do risco, com qualquer pela simples necessidade de inclusão, na apólice, de novos bens segurados,
periodicidade compatível seja pelo estabelecimento de critérios mais específicos para atualização dos
com as suas características e valores já segurados.
com a vigência da cobertura,
Em qualquer caso, além da clara menção desses critérios, deverão ain-
conforme opção especificada
da constar a periodicidade dessas correções e as respectivas formas de
na proposta ou no bilhete.
pagamento do prêmio.
Prêmio Único: valor a ser
pago para a garantia do risco,
calculado para a vigência
— Cláusula de Pagamento do Prêmio
integral da apólice, podendo Esta cláusula prevê as formas disponibilizadas ao segurado para pagamento
ser pago à vista ou parcelado. do prêmio de seguro especificado na apólice, indicando as possibilidades
O prêmio único poderá ser de pagamento à vista ou de forma fracionada conforme acordado quando
fracionado e, nesse caso, não da negociação do seguro.
será permitida a cobrança de
O prêmio de seguro poderá ser único, periódico ou possuir outra estrutu-
quaisquer valores adicionais a
ração prevista nas condições contratuais.
título de custo administrativo
de fracionamento. Exemplo: No caso dos seguros que possuírem coberturas intermitentes, os prêmios pode-
custo de cobrança – boletos. rão ser calculados e pagos em função do período de utilização da cobertura.
Entretanto, pode ser definido outro critério para essa mesma situação, des-
de que leve em consideração a relação entre o prêmio já pago e a totalida-
de do prêmio do seguro.
O que ocorre com o não pagamento se o prazo de vigência não houver expirado?
E quando o novo prazo expirar sem que o pagamento tenha sido feito?
Findo o novo prazo de vigência ajustado, sem que tenha sido efetuado o
pagamento do prêmio, a cobertura será automaticamente suspensa e a
seguradora cancelará a apólice, tão somente comunicando esse fato por
escrito ao segurado.
Quando o prêmio for periódico, caso o pagamento não seja efetuado no pra-
zo estipulado, a sociedade seguradora poderá cancelar o seguro ou, alter-
nativamente, de forma isolada ou combinada, adotar as seguintes regras:
Importante
1. Obrigatoriamente deve ser previamente comunicado ao segurado ou ao seu represen-
tante legal, por escrito ou por qualquer meio que se possa comprovar nas formas pre-
vistas em lei, sobre qualquer providência que venha a ser adotada pela seguradora nos
casos de atraso ou falta de pagamento do prêmio do seguro.
2. O cancelamento do seguro não pode ser realizado caso o prêmio tenha sido pago à
vista, mediante financiamento obtido junto a instituições financeiras, nos casos em que o
segurado deixar de pagar o financiamento.
— Cláusula de Indenização
A presente cláusula estabelece que haverá obrigatoriamente, por conta da
sociedade seguradora, até os limites máximos de indenização estabeleci-
dos, dos seguintes custos:
Observação
Pode ser oferecida cobertura específica exclusivamente para cobrir as despesas de sal-
vamento e os valores referentes aos danos patrimoniais previstos nesta condição.
Apuração de Prejuízos
O texto da cláusula de indenização esclarece também se a apuração dos
prejuízos, em caso de sinistros, será realizada com base no valor de novo
ou no valor atual do bem sinistrado, sem prejuízo de combinação de cri-
térios em diferentes períodos, devendo ainda ser observado o seguinte:
■ Para apuração dos prejuízos com base no valor atual do bem, os crité-
rios de depreciação devem ser especificados quando da contratação
do seguro ou de sua renovação.
■ Quando forem utilizados valores de referência para a quantificação da
indenização, deverão ser informadas a fonte e a data para sua apuração.
Estudaremos em mais detalhes, na unidade 5, exemplos sobre valor atual,
valor de novo e depreciação.
— Cláusula de Comunicação,
Regulação e Liquidação de Sinistros
Esta cláusula informa quanto aos procedimentos para comunicação, regu-
lação e liquidação de sinistros, incluindo a listagem dos documentos bási-
cos previstos a serem apresentados para cada cobertura.
Direitos do Segurado
Caso o processo de regulação de sinistros conclua que a indenização não
é devida, o segurado deverá ser comunicado formalmente, com a justifica-
va para o não pagamento, dentro do prazo previsto.
— Cláusula de Reintegração
É cláusula que especifica se o limite máximo de garantia poderá ser reinte-
grado quando da ocorrência do sinistro.
— Cláusula de Rescisão e
Cancelamento do Contrato de Seguro
A presente cláusula adotada pelo mercado visa fixar as regras de rescisão
e cancelamento do contrato de seguro, no todo ou em parte, consistindo,
basicamente, nas seguintes situações:
% DO PRÊMIO % DO PRÊMIO
PRAZO (ATÉ) PRAZO (ATÉ)
RETIDO RETIDO
FIXANDO CONCEITOS 1
Analise as proposições e marque a alternativa correta
(a) Renovação.
(b) Formas de Contratação.
(c) Bens Excluídos.
(d) Concorrência de Apólices.
(e) Sub-rogação de Direitos.
e seus ELEMENTOS
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Conhecer os elementos que fazem parte
da concepção de um produto de seguro ⊲ ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO
de danos, compreendendo as etapas
do desenvolvimento de um produto de ⊲ ELEMENTOS DE UM
PRODUTO DE SEGUROS
seguros.
⊲ FIXANDO CONCEITOS 2
ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO
— Concepção
Os produtos de seguro do mercado são concebidos com base em demanda
de mercado percebida e para um público-alvo definido (clientes potenciais).
— Processos (Operação)
De extrema importância, a definição de processos e sistemas oferece sus-
tentação a toda a operação do produto.
— Avaliação, Revisão e
Manutenção do Produto
Administrar produtos massificados requer necessariamente avaliar cons-
tantemente se o produto continua atendendo aos seus objetivos, o que
inclui verificar se os processos estão fluindo de forma satisfatória e se os
resultados atingidos estão dentro do planejado.
ELEMENTOS DE UM
PRODUTO DE SEGUROS
Sistema de cálculo
Permite a obtenção, na “ponta de vendas”, de cotações perfeita-
mente ajustadas à política do produto.
Guidelines
São os manuais de aceitação (documentos internos da segurado-
ra) que traduzem todas as regras de aceitação do produto para
seus mais variados segmentos de atuação. Orientam as equipes
de subscrição da seguradora em sua atuação cotidiana e podem
nortear a atuação da área comercial na busca pelos riscos ajusta-
dos à estratégia de atuação dos produtos.
Regimento de alçada
Constante do guideline do produto, especifica quais alçadas
devem ser consultadas formalmente para fins de aceitação dos
riscos, levando em conta as características do objeto segurado.
Regras de inspeção
Indicam aqueles casos que necessitam da visita de técnicos quali-
ficados ao local do risco, com o objetivo de analisar as condições
físicas e protetivas das instalações e a adequação dos riscos frente
às coberturas que se pretende segurar.
Outros meios
Uma política de aceitação pode também expressar-se na aplica-
ção de regras de franquias, preços ou comissionamento diferen-
ciados, conforme o segmento do risco envolvido.
— Segmentação
Todo produto de ramos elementares prevê algum tipo de segmentação
em sua tarifa (critérios tarifários) que diferenciará a taxa a ser aplicada em
função das características do bem segurado e da cobertura oferecida.
A liberdade tarifária existente hoje no mercado faz com que cada segura-
dora possua seus próprios critérios, ou seja, precifique seus riscos segun-
do regras próprias, o que explica a existência de tarifas diferentes, entre as
seguradoras, para uma mesma modalidade de seguro.
■ Outras
■ Outras
Cabe ao corretor conhecer bem o produto que tem ao seu dispor, para
poder obter a cotação de seguro que melhor se adapte às necessidades
de seu cliente.
Quanto mais informações ele obtiver de seu cliente, mais adequado e até
mais competitivo será o seguro oferecido. A informação completa é deter-
minante não apenas para obter um seguro adequado, mas também para
evitar problemas futuros no momento de um eventual sinistro.
Tipos de Edificações
» Construções abertas, entendidas como toda edificação consti-
tuída de cobertura de telhado e desguarnecida de parede em
todos os seus lados.
» Construções semiabertas, sendo aquelas edificações consti-
tuídas de cobertura de telhado e desguarnecida de paredes
ou portas em um dos lados.
» Construção Mista/Inferior, definida como o imóvel que apresen-
ta estrutura, paredes ou cobertura com mais de 25% (vinte e cin-
co por cento) de material combustível (madeira, por exemplo).
Bens
» Dinheiro em espécie.
» Obras de arte ou de valor estimativo de difícil avaliação.
» Equipamentos, móveis ou utensílios instalados ao ar livre.
» Determinados tipos de máquinas da indústria pesada (cami-
nhões, tratores, gruas, guindastes etc.).
Riscos
» Riscos nucleares.
» Cobertura de roubo para casa de veraneio.
» Cobertura de valores em determinadas atividades.
» Cobertura de vendaval, alagamento e outros eventos da natu-
reza em determinadas regiões do país.
Atividades
» Armazéns que recebem mercadorias indiscriminadamente.
» Fábricas de artigos de madeira.
» Fábricas de colchões.
» Fábricas de produtos químicos.
» Boates.
» Mineradoras.
» Fábricas, depósito ou lojas de armas e munições.
» Fábricas e depósitos de gás.
» Lojas e depósitos de venda de peças de veículos usados.
» Indústrias de produtos siderúrgicos.
— Precificação
O objetivo básico da precificação de um produto é desenvolver taxas de
seguro que cubram os sinistros e suas despesas, as despesas administra-
tivas e as despesas de angariação, resultando em lucro.
Saiba mais
O ato de precificar um produto de seguro é um processo prospectivo em que, ava-
liando resultados do passado, projeta-se um preço a ser praticado a partir de técnicas
atuariais e estatísticas, tudo associado a um certo grau de incerteza. O desafio é, ao
utilizar essas técnicas, prospectar de forma mais assertiva com base nos dados estatísti-
cos disponíveis que permitam atingir os resultados desejados.
Despesas de Angariação
Comissionamentos ou pró-labores pagos pela comercialização do
produto que também deve estar previsto.
Lucro
É a remuneração, esperada pela seguradora para seus acionistas,
oriunda diretamente do produto e que deve estar incluída na pre-
cificação do seguro.
Pode também ser definido como o valor que deveria ser cobrado
de cada item segurado para suportar o pagamento total de sinis-
tros da carteira (conceito do mutualismo).
Exemplo
Para avaliar o Prêmio de Risco em uma carteira de clientes analisada no período de um
ano, foram apurados os seguintes números:
Entende-se que:
PR é o Prêmio de Risco
PT é o Prejuízo Total
NR é o Número de Registros
Prêmio Puro
O cálculo do Prêmio Puro se dá pela inserção de um coeficiente de
segurança sobre o Prêmio de Risco.
Exemplo
Tomando ainda por base os dados do exemplo anterior, a seguradora sabe que para
o período seguinte ao analisado, há uma expectativa de aumento da sinistralidade em
função de análises prévias do produto. Para tanto, ela resolveu incluir uma margem de
segurança de 20%.
Entende-se que:
PP é o Prêmio Puro
PR é o Prêmio de Risco
MS é a Margem de Segurança
Prêmio Comercial
O Prêmio Puro por si só não é suficiente para cobrir a operação
de comercialização do seguro em sua integralidade. Lembre-se de
que ele é suficiente apenas para arcar com o componente sinistro
e suas despesas.
Exemplo
Continuando com os dados do exemplo anterior, consideremos agora a aplicação de um
carregamento de 40%, assim composto:
Entende-se que:
DA = Despesas Administrativas
DC = Despesas Comerciais
L = Lucro
PC = PP
1 - (DA + DC + L)
Exemplo
Ainda com base nos dados anteriores, temos:
Onde:
PB = Prêmio Bruto
PC = Prêmio Comercial
AF = Adicional de Fracionamento
Obs.:
1. Admita que o adicional de fracionamento seja um valor fixo de R$ 35,00.
2. O percentual do IOF para os seguros patrimoniais é de 7,38%.
Assim temos:
PB = 478,08 × 1,0738
PB = R$ 513,36
Prêmio de Risco ou Calculado pela r elação, veri- Arcar com o pagamento dos sinis-
Prêmio Estatístico fica entre o total de clientes tros e suas despesas, sem consi-
segurados de um ramo de derar as despesas administrativas,
seguros e o total de sinistros despesas de angariação e lucro.
pagos nessa mesma carteira.
Prêmio Comercial Corresponde ao prêmio puro Arcar com o pagamento dos sinis-
carregado dos custos refe- tros e com as despesas de uma
rentes às despesas adminis- carteira, considerando as despe-
trativas, despesas comerciais sas administrativas, despesas de
e lucro. angariação e lucro.
FIXANDO CONCEITOS 2
(a) Aceitação.
(b) Preço.
(c) Cálculo.
(d) Mercado.
(e) Manutenção.
SEGUROS PROPORCIONAIS e
NÃO PROPORCIONAIS
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender as formas de contratação dos
⊲ SEGUROS PROPORCIONAIS
seguros de danos – proporcionais e
não proporcionais, percebendo assim a ⊲ SEGUROS NÃO PROPORCIONAIS
influência de cada modalidade no cálculo
das indenizações de sinistros. ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3
Importante
O rateio pode ser aplicado na forma de contratação proporcional e resulta na participa-
ção proporcional do segurado na indenização final, conforme o dimensionamento do
seguro contratado, no que diz respeito aos valores em risco dos bens segurados.
SEGUROS PROPORCIONAIS
Os Seguros Proporcionais recebem essa denominação porque estabele-
cem que em determinados casos de sinistros, em que haja a insuficiên-
cia de importância segurada ou o mal dimensionamento de valor em risco
informado (conforme o tipo de seguro contratado), segurado e segurador
participam, proporcionalmente, dos prejuízos.
Importante
Fórmula da Indenização - Risco Total:
I = LMI × P
VRA
Onde:
LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice)
VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurados no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Exemplo
Aplicação Prática 1:
LMI = R$ 2.000.000,00
VRA = R$ 2.000.000,00
Prejuízo (P) = R$ 500.000,00
Onde:
LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice)
VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Assim temos:
I = LMI × P
VRA
Exemplo
Aplicação Prática 2:
LMI = R$ 1.000.000,00
VRA = R$ 2.000.000,00
Prejuízo (P) = R$ 500.000,00
Onde:
LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice)
VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Assim temos:
I = LMI × P
VRA
Determinação do LMI
Para a correta determinação do LMI, e assim não se preocupar com a apli-
cação da cláusula de rateio, o segurado deverá ser orientado a calcular,
no momento da contratação do seguro de danos, o real valor dos bens
expostos ao risco, ou seja, determinar qual seria o real valor de reposição
e indicá-lo como a importância segurada da apólice (LMI).
Determinação do VRA
Na hipótese de sinistro, a seguradora apurará na data de ocorrência o Valor
em Risco dos bens segurados, que receberá o nome de Valor em Risco
Apurado (VRA). Esse valor será então confrontado com o valor do LMI cons-
tante da apólice, com o objetivo de apurar a compatibilidade entre eles.
Concluindo:
Está estabelecida agora, para Riscos Relativos, uma relação entre LMI e
VRD, ambos declarados no momento da contratação e, apesar de o VRD ser
decisivo para a estipulação do LMI, eles não precisam necessariamente ser
equivalentes em 100%. Essa relação implica no cálculo do prêmio de seguro,
conforme veremos adiante.
Enquanto, nos seguros a Risco Total, o LMI deve corresponder ao VRA (valor
em risco apurado no momento do sinistro) para não haver rateio da indeniza-
ção, no Risco Relativo, o VRD (valor em risco declarado no momento da con-
tratação do seguro) é que deve corresponder ao VRA para não haver rateio.
Importante
Fórmula da Indenização – Risco Relativo:
I = VRD × P
VRA
Onde:
VRD = Valor em Risco Declarado (declarado na apólice)
VRA = Valor em Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Exemplo
Aplicação Prática 3:
LMI = R$ 1.600.000,00
VRD = R$ 2.000.000,00
VRA = R$ 2.000.000,00
Prejuízo (P) = R$ 500.000,00
Onde:
LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice)
VRD = Valor em Risco Declarado (declarado na apólice)
VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Assim temos:
I = VRD × P
VRA
Exemplo
Aplicação Prática 4:
LMI = R$ R$ 1.000.000,00
VRD = R$ 1.000.000,00
VRA = R$ 2.000.000,00
Prejuízo (P) = R$ 500.000,00
Onde:
LMI = Limite Máximo de Indenização (contratado na apólice)
VRD = Valor em Risco Declarado (declarado na apólice)
VRA = Valor Risco Apurado (no momento do sinistro)
Prejuízo (P) = Valor dos danos apurado no momento do sinistro
Indenização (I) = Valor da indenização a ser paga ao segurado
Assim temos:
I = VRD × P
VRA
Concluindo:
— Rateio Parcial
Quando utilizado, o critério de rateio parcial normalmente se manifesta de
forma automática quando da contratação de seguros (exemplo: Seguros
Empresariais no mercado).
1. Para a relação VRD > 80%, ou seja, VRD > 80% do VRA, então não
se aplica rateio. VRA
2. Para a relação VRD < 80%, ou seja VRD < 80% do VRA, então o rateio
será aplicado. VRA
Exemplo
Exemplo 1
Prej. = R$ 50.000,00
LMI = R$ 100.000,00
VRD = R$ 120.000,00
VRA = R$ 150.000,00
Primeiro Passo:
Exemplo 2
Admita agora que o VRD constante da apólice seja igual a R$ 100.000,00
100 1,00
90 1,08
80 1,16
70 1,26
60 1,37
50 1,50
40 1,68
Importante
Tanto em seguros a Risco Total como a Risco Relativo, nos sinistros em que houver fran-
quia e/ou Participação Obrigatória do Segurado (POS) e rateio, simultaneamente, serão
calculados os prejuízos indenizáveis, aplicando-se as regras da franquia e da POS e
depois as regras de rateio.
Por fim, veja no quadro a seguir o significado e a aplicação das siglas estu-
dadas nessa unidade:
FIXANDO CONCEITOS 3
1. É a forma de contratação em que, ao ser constatada insuficiência do
seguro, ou seja, quando o LMI (limite máximo de indenização) for menor do
que o valor do bem na data do sinistro (Valor em Risco Apurado - VRA), o
segurado participará dos prejuízos na mesma proporção dessa insuficiên-
cia, por meio do dispositivo contratual denominado cláusula de rateio:
GRUPO PATRIMONIAL
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Conhecer os critérios para classificação
dos seguros de grandes riscos, ⊲ PRINCÍPIOS GERAIS
compreendendo os limites e as regras
estabelecidos para o desenvolvimento das ⊲ ENQUADRAMENTO
condições contratuais.
⊲ REGRAS PARA
DESENVOLVIMENTO
DAS CONDIÇÕES CONTRATUAIS
⊲ FIXANDO CONCEITOS 4
PRINCÍPIOS GERAIS
A partir das normas estabelecidas pela Resolução CNSP 407, de 29/03/2021,
as regras que regem os Seguros de Danos para cobertura de Grandes Riscos
passam a ser estabelecidas mediante acordo entre segurado e seguradora.
Estamos diante de um procedimento negocial extremamente flexível sob o
ponto de vista do estabelecimento de contratos de seguro entre segurado
e seguradora.
ENQUADRAMENTO
Enquadram-se como Seguros de Danos para cobertura de Grandes Riscos,
Saiba mais os seguintes ramos:
Importante
Para fins de enquadramento como Seguros de Riscos Nomeados e/ou Operacionais
(RNO), é obrigatório que o LMG da apólice seja superior R$ 15.000000,00 (quinze
milhões de reais). Anteriormente, a Circular Susep 565, de 24 de dezembro de 2017,
classificava como RNO aqueles seguros com LMG superior a R$ 100.000.000,00.
Riscos de Petróleo
Global de Bancos
Aeronáuticos
Marítimos
Sem Limite Mínimo de LMG
Nucleares
■ Boa-Fé
Conceito de honestidade mundialmente consagrado no mercado
de seguros.
— Riscos Nomeados e
Operacionais (RNO)
Os seguros enquadrados no ramo Riscos Nomeados e Operacionais (RNO)
visam garantir os riscos patrimoniais e são assim classificados:
— Global de Bancos
O seguro global de bancos é destinado a bancos comerciais, bancos de
investimento e demais instituições financeiras e visa cobrir, nos termos
pactuados, os prejuízos sofridos pelo segurado em seus valores e bens
face aos riscos de roubo, furto qualificado, destruição ou perecimento de
valores e bens, dentre outros.
— Outros Ramos
Os ramos a seguir relacionados foram também objeto da resolução do
CNSP e assim podem ser enquadrados como Seguros de Grandes Riscos:
■ Riscos de Petróleo.
■ Aeronáuticos.
■ Marítimos.
■ Riscos Nucleares.
■ Crédito Interno (Segurado Pessoa Jurídica).
■ Crédito à Exportação (Segurado Pessoa Jurídica).
O objetivo deste manual abrange apenas os seguros do Grupo Patrimonial
(Grupo 01 SUSEP).
FIXANDO CONCEITOS 4
(a) Patrimoniais.
(b) Grandes Riscos.
(c) Multirriscos.
(d) Vida.
(e) Saúde.
e SEUS PROCESSOS
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender como se dá um processo de
sinistro em uma seguradora, desde a ⊲ ETAPAS DO PROCESSO DE
apuração dos danos até a liquidação da SINISTRO DE BENS
indenização, conhecendo as variáveis
técnicas envolvidas nos processos de ⊲ VARIÁVEIS TÉCNICAS DE SINISTRO
sinistro.
⊲ FIXANDO CONCEITOS 5
ETAPAS DO PROCESSO DE
SINISTRO DE BENS
Nos sinistros de bens, o processo geralmente abrange três etapas de ope-
ração interdependentes: a apuração de danos, a regulação e a liquidação.
— Apuração de Danos
A apuração de danos consiste basicamente no levantamento de causa,
natureza e extensão do sinistro.
Uma das formas mais utilizadas para a apuração dos danos é a vistoria,
quando os prejuízos são constatados por intermédio de exame do objeto
sinistrado. Nesse momento, não se discute com segurado se o contrato
cobre ou não o evento, cabendo ao vistoriador apenas o levantamento da
ocorrência por meio da coleta de dados.
— Regulação
A regulação tem por objetivo verificar se o sinistro está ou não coberto;
constatar, em caso de indenização, quem será o beneficiário e qual o valor
a ser indenizado.
Importante
Um sinistro pode ser encerrado sem indenização por diversos motivos como, por exem-
plo, se ficar demonstrado que não há cobertura expressa pelo contrato, que os prejuí-
zos estão abaixo da franquia ou POS estabelecida na apólice ou em caso de fraude do
segurado devidamente comprovada pela seguradora.
— Liquidação
Considera-se a liquidação como a etapa final de todo o processo que
envolve a ocorrência de um sinistro.
— Prejuízos Indenizáveis
São os prejuízos passíveis de indenização relativos às coberturas que
devem estar previstas nos contratos de seguros.
— Salvados
Dá-se o nome de salvados a tudo que restar dos bens sinistrados e
que tenha valor econômico para qualquer das partes contratantes.
Consideram-se salvados tanto os bens que tenham ficado em perfeito
estado quanto os parcialmente destruídos ou danificados, quando ocorre
um sinistro.
— Ressarcimento
O ressarcimento é a busca do reembolso feita pela seguradora, no caso
de uma indenização paga ao segurado, em consequência de um evento
danoso provocado por terceiros.
— Sub-rogação
A sub-rogação ocorre no seguro quando, após o sinistro causado por um
terceiro ao segurado, a seguradora paga a indenização ao segurado e
cobra judicialmente do terceiro.
Quando o prejuízo sofrido pelo segurado tiver sido decorrente de ato doloso
(intencional) ou culposo (involuntário, caracterizado pela negligência, impru-
dência ou imperícia) de um terceiro, a seguradora, após pagamento da inde-
nização, sub-roga-se (toma o lugar) no direito do segurado, podendo ingres-
sar na justiça com uma ação de regresso, ou seja, pleitear contra o causador
do prejuízo (terceiro) o ressarcimento da indenização paga ao segurado.
Importante
A sub-rogação está prevista no Código Civil Brasileiro, com a seguinte redação:
Art. 786 - Paga a indenização, o segurador sub-roga-se nos limites do valor
respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano.
§ 1º Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do
segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins.
§ 2º É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do
segurador, os direitos a que se refere este artigo.
— Indenização
Indenização é a contraprestação da seguradora ao segurado ou aos seus
beneficiários, decorrente de um sinistro coberto, observando-se as condi-
ções estabelecidas no contrato de seguro.
Saiba mais
O art. 776 do Código Civil Brasileiro diz: “O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o
prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa”.
Desse modo, geralmente, o pagamento da indenização dos sinistros é efetuado em
dinheiro.
Pode-se, todavia, se convencionado na apólice, optar pela restauração ou reposição do
bem sinistrado
Atenção:
A indenização não pode ser superior à importância segurada e nem ao valor real dos
prejuízos, ou seja, é vedado por lei que o segurado obtenha lucro com o seguro.
— Franquia
É o valor, previsto na apólice, com o qual o segurado participará em caso
de sinistro. Normalmente, a franquia serve para eliminar o pagamento de
sinistros de baixo valor (perdas normais esperadas), geradores de custos
administrativos para a seguradora e que elevam os resultados estatísticos
envolvidos nos cálculos dos prêmios.
Tipos de franquia:
Exemplo
Considere um seguro cuja importância segurada seja R$ 6.000.000,00 e a franquia 10%
dessa importância. Se ocorrer um prejuízo de R$ 800.000,00, adotam-se os seguintes
procedimentos:
a) No caso de franquia dedutível
Franquia = 10% de R$ 6.000.000,00 = R$ 600.000,00. Como o prejuízo (R$ 800.000,00)
é maior do que a franquia, a indenização será: R$ 800.000,00 - R$ 600.000,00 = R$
200.000,00.
b) No caso de franquia simples
Franquia = 10% de R$ 6.000.000,00 = R$ 600.000,00 Como o prejuízo é maior do que
a franquia, esta deixa de ser considerada. Logo, a indenização será igual ao prejuízo: R$
800.000,00.
■ Franquia de 5% do LMI.
■ Franquia de 10% dos prejuízos com mínimo de R$ 500,00.
■ Franquia de 10% dos prejuízos indenizáveis com mínimo de
R$ 500,00 e máximo de R$ 2.000,00.
Importante
Normalmente, as seguradoras adotam em seus produtos a não aplicação de franquia
em caso de perda total.
— Participação Obrigatória
do Segurado (POS)
Instrumento semelhante à franquia dedutível, a Participação Obrigatória do
Segurado (POS) é aplicável a toda e qualquer indenização por sinistro,
inclusive na eventual perda total do bem segurado.
Exemplo
Simulando as seguintes situações de sinistro, considerando que a POS seja de 10% da
indenização, com um mínimo de R$ 500,00, teremos:
a) Se a indenização for de R$ 80.000,00
Indenização sem POS = R$ 80.000,00
Aplicação do % da POS = 10% de R$ 80.000,00 = R$ 8.000,00
Como R$ 8.000,00 é superior a R$ 500,00 (valor mínimo da POS), este primeiro será o
valor adotado como POS no cálculo da indenização.
POS = R$ 8.000,00
Indenização final = R$ 80.000,00 - R$ 8.000,00 = R$ 72.000,00
b) Se a indenização for de R$ 4.000,00
Indenização sem POS = R$ 4.000,00
Aplicação do % da POS = 10% de R$ 4.000,00 = R$ 400,00
Como R$ 400,00 é inferior a R$ 500,00 (valor mínimo da POS), este último será o valor
adotado como POS no cálculo da indenização.
POS = R$ 500,00
Indenização final = R$ 4.000,00 - R$ 500,00 = R$ 3.500,00
c) Se a indenização for de R$ 400,00
Não haverá indenização, pois o valor dos prejuízos é inferior ao valor mínimo da POS, que
é de R$ 500,00.
Importante
Geralmente, os seguros com indenização pelo Valor Atual praticados pelo mercado
preveem o reembolso do valor antes deduzido a título de depreciação, desde que o
segurado comprove o início dos reparos ou a reposição dos bens sinistrados dentro
de prazos indicados na apólice. Entretanto, a indenização final não pode ultrapassar o
limite de duas vezes o Valor Atual (VA).
Isso significa que, nesses casos, a indenização total final calculada pelo Valor Atual che-
ga ao Valor de Novo após reembolso dos valores depreciados em até 50%, desde que
a reposição dos bens seja comprovada.
Observação:
— Depreciação
A depreciação é a desvalorização sofrida pelo bem segurado em decor-
rência do uso, da idade e do estado de conservação. Ela corresponde à
diferença entre o Valor de Novo e o Valor Atual.
Importante
A Circular SUSEP nº 621, de 12 de fevereiro de 2021, em seu artigo 40, parágrafo 2º,
tornou obrigatória a prática das seguradoras fixarem em suas condições contratuais os
parâmetros de depreciação aplicados aos bens segurados.
Exemplo
Cálculo de indenização para seguro a Valor Atual (VA)
1) Para um sinistro de roubo de computador com tempo de uso de pouco mais de 2
(dois) anos, cujo valor de novo é de R$ 4.000,00 e admitindo que o LMI da cobertura
suporta o cálculo da indenização, o pagamento do sinistro seria assim calculado:
Valor Atual (VA) = Valor de Novo (VN) – Depreciação (DP)
VA = R$ 4.000 – R$ 1.200,00 (Depreciação estimada em 30%)
VA = R$ 2.800,00
Indenização = R$ 2.800,00.
Onde:
VA: Valor Atual
VN: Valor de Novo
DP: Depreciação
É previsto o reembolso da depreciação antes deduzida desde que o segurado comprove
a reposição do bem sinistrado. O valor da depreciação reembolsado estará sempre limita-
do ao Valor Atual do bem, ou seja, a indenização final será limitada sempre a duas vezes o
Valor Atual do Bem.
Como a Depreciação (DP) = R$ 1.200,00 e o Valor Atual (VA) = R$ 2.800,00, ou seja,
DP < VA, cabe nesse caso o reembolso total da depreciação deduzida, ou seja:
Indenização final = VA + DP limitada ao VA = R$ 2.800,00 + R$ 1.200,00
Indenização Final = R$ 4.000,00 (nesse exemplo foi pago o valor de novo).
Seguradora recebe
Analisa eventos e
o registro inicial
perdas com base
das comunicações
no contrato
de sinistro
FIXANDO CONCEITOS 5
GABARITO
Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2
1–C 1–A
2–A 2–D
3–D
4–B
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Hamilcar S. C. de. Teoria geral do seguro. Rio de Janeiro: MIC/IRB, [s.d.].
Sites
www.susep.gov.br