EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE SANTO ANDRÉ DO ESTADO DE SÃO PAULO

Autos nº:

FIRMINO DOS SANTOS , brasileiro, casado,

ferramenteiro, residente e domiciliado na Rua dos Florais, 200, Vila Bach, em Santo
André - SP, portador da cédula de identidade de nº_____, e inscrito no CPF/MF sob o nº
_____, por intermédio de seu defensor constituído, conforme instrumento particular de
procuração anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro
nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA A
ACUSAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

1. DA SÍNTESE PROCESSUAL:

O Ministério Público da Comarca de Santo André, no dia

_____, ofereceu denúncia contra ao Querelado, por ter este, em tese, cometido o crime
descrito no artigo 157, caput, do Código Penal.

Consta da denúncia que, em 22 de janeiro de 2022, o

Querelado foi preso em flagrante por dois policiais militares, sob a acusação de ter
subtraído, mediante grave ameaça, um veículo VW/Gol, placas SSS-0171, pertencente
à vítima Andrade Neto.

O Querelado é acusado de ter subtraído o veículo da

Vítima por volta das 19:15, na Avenida das Arvores de frente com o imóvel de número
100 e de ter empregado arma de fogo para cometer tal ato.

Ademais, é importante ressaltar que a conduta criminosa

descrita, só foi praticada pois o Querelado estaria recebendo constantes ameaças morte
pelo seu colega, conhecido como “Ge”, conforme já amplamente exposto aos policiais
estavam a frente da ocorrência.
 Destaca-se também que “Ge” é um traficante perigoso e
que o Querelado possuía dívidas de drogas para com este, por isso, o traficante o
ordenou que efetuasse a subtração do veículo, ameaçando, inclusive, a vida de sua filha
que nada tem a ver com as dívidas de seu pai.

Por fim, por conta da denúncia oferecida, o MM. Juiz da

Comarca recebeu a exordial acusatória, e determinou a citação do Querelado para
apresentar defesa da acusação que lhe fora imputada.

Entretanto, como a genitora do Querelado procurou,

espontaneamente, a OAB para informar que seu filho não possui as mínimas condições
para a contratação um advogado e como o MM. Magistrado aceitou a indicação do
patrono do Querelado realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, foi determinado o
prosseguimento do feito, dispensando a citação do Querelado.

Isto posto, o Querelado vem, por meio do presente

instrumento, apresenta, tempestivamente, sua defesa.

2. DAS PRELIMINARES – DA NULIDADE PROCESSUAL, FALTA DE CITAÇÃO DO

QUERELADO.

A presente ação penal deverá ser anulada diante

do vício que circunda seu procedimento, conforme será demonstrado a seguir:

Excelência, a citação é um dos atos mais valorosos

do decurso processual, tal ato solene é a ocasião em que o Querelado é chamado a
conhecer os termos da ação Penal que está sendo movida contra si e o momento em
que propõe a oportunidade para que este possa defender-se, conforme aduz o art. 238
do CPC. Vejamos:

Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o

réu, o executado ou o interessado para integrar a
relação processual.

Entretanto, Excelência, apesar de ser uma

formalidade essencial do ato processual, conforme explicado anteriormente, esse MM.
Juízo optou por dispensar a citação do Querelado, baseando-se, unicamente, na
indicação do patrono do Querelado pela OAB, obstruindo assim, seu direito ao
contraditório e a ampla defesa além de confrontar, indiscutivelmente, as formalidades
necessárias do decurso processual.

Isso posto, é cristalino a inobservância de uma

formalidade que constitui elemento essencial do presente ato, fato esse que gera a
nulidade processual conforme prevê o art. 564 inciso IV do CPP.

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

IV - Por omissão de formalidade que constitua elemento
essencial do ato.
 Após o exposto, é evidente a violação ao princípio
do devido processo legal e a inobservância de formalidade essencial para o decurso
processual, devendo ser considerado nulo o feito processual, visto que não houve a
citação do Querelado.

3. DO MÉRITO. - DA COAÇÃO MORAL IRRESISTIVEL VIVENCIADA PELO

QUERELADO.

Conforme ilustrado anteriormente, o Querelado e

sua filha estavam sendo alvos de ameaças constantes em decorrência de uma dívida de
drogas que tinha com o traficante popularmente conhecido como “Ge”, sendo esse fato
exacerbador para a prática da suposta conduta criminosa praticada pelo Querelado.

Excelência, não há como negar a situação pavorosa

em que o Querelado estava vivendo, motivo pelo qual não lhe restou outra saída a não
ser sucumbir a coação moral do traficante que o obrigou a subtrair o veículo, objeto da
presente ação penal, uma vez que a vida de sua filha corria perigo iminente.

Ademais, é certo que diante das ameaças sofridas

pelo Querelado, procurar a autoridade policial não era uma opção, uma vez que é
cristalina a periculosidade do traficante em que este estava envolvido. Inclusive, tal ato
poderia ser fator de represarias que incidiriam sobre a vida do Querelado e/ou de sua
família.

Isso posto, Excelência, fica explicita a clara coação

moral irresistível que levou o Querelado a cometer a subtração do veículo, sendo está
prevista no art. 22 do CP, in verbis:

Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em

estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem

Por todo o apresentado Excelência, deverá o

Querelado ser absolvido com fulcro no art. 397 inciso II do CPP uma vez em que sua
conduta foi praticada única e exclusivamente por motivos de coação moral irresistível, o
que resulta na excludente de sua culpabilidade conforme art. 22 do CP.

4. DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, pede-se,

encarecidamente, à Vossa Excelência:

1. Que seja considerado nulo o feito processual, visto que não houve a citação do
Querelado.
2. Que o Querelado seja absorvido com base no art. 397, II, CPP.
 3. Caso não acatada nenhuma das teses anteriores, requer-se a designação de
Audiência de Instrução e Julgamento, nos termos dos artigos 399 e 400 do
Código de Processo Penal, para que se possa comprovar a inocência do
Querelado.
4. No mais, requer-se a produção de todas as provas em Direito admitidas e que se
fizerem necessárias, bem como a oitiva das testemunhas abaixo indicadas,
requerendo sejam intimadas para prestarem depoimento em Juízo.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

________________, ___ de __________ de _____.

ADVOGADO

OAB/__ Nº______

ROL DE TESTEMUNHAS:

Nome e endereço

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