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FACULDADE DOCTUM DE VITÓRIA

Credenciada pela Portaria nº 85 de 12/02/1998, publicada em 16/02/1999


Curso de Bacharelado Direito
Reconhecido pela Portaria nº 653, 07/05/2009 publicado em 08/05/2009.

FACULDADE DOCTUM DE VITÓRIA


DIREITO PROCESSUAL PENAL II
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA-APS
1ª ETAPA

Professor: Paulo Sérgio Rizzo


O trabalho deverá ser entregue até o final da data estabelecida, pois o sistema não permite a
entrega fora do prazo, bem como prorrogação.

As respostas deverão ser apresentadas no ADX.

1) No curso de inquérito que, no início da pandemia de Covid-19, apura a prática do crime contra
as relações de consumo descrito no Art. 7º, inciso VI, da Lei nº 8.137/90, a autoridade policial
representa pela interceptação do ramal telefônico de João, comerciante indiciado, sustentando a
imprescindibilidade da medida para a investigação criminal. O crime em questão consiste na
sonegação ou retenção de insumos e bens, para fim de especulação, e é punido com pena de
detenção de 2 a 5 anos ou multa. A interceptação é autorizada pelo prazo de quinze dias, em
decisão fundamentada, na qual o juízo considera demonstrada sua necessidade, bem como a
existência de indícios suficientes de autoria. No caso narrado, o(a) advogado(a) do comerciante
poderia sustentar a ilegalidade da interceptação das comunicações telefônicas, porque?

R= O crime tem que ser apenado com reclusão.


Requisitos da interceptação.
1. pena de reclusão;
2. a prova não pode ser obtida por outros meios
3. materialidade e autoria (justa causa).
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer
qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de
detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo
impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

2) Joel está sendo processado por crime de estelionato na Vara Criminal da Comarca de Estoril. Na
peça de resposta à acusação, o Dr. Roberto, advogado de Joel, arrolou 03 (três) testemunhas.
Dentre elas, estava Olinto Silva, residente na Comarca de Vieiras. O juízo da Vara Criminal da
Comarca de Estoril determinou a expedição de carta precatória ao juízo da Vara Criminal da
Comarca de Vieiras com a finalidade de ser ouvido Olinto Silva, notificando o Promotor de
Justiça e o Defensor Público. Na Vara Criminal da Comarca de Vieiras, o juiz designou a
audiência para oitiva de Olinto Silva, notificando somente o Ministério Público, não obstante
haver Defensor Público na comarca. Realizada a oitiva de Olinto Silva, a deprecata foi devolvida
ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Estoril. Recebida a carta precatória, o Dr. Roberto
tomou ciência do seu cumprimento. Qual providência poderá ser adotada pelo advogado de Joel
em sua defesa? Explique.

R= O artigo 222 do Código Penal determina que a testemunha que morar fora da
jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-
se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
FACULDADE DOCTUM DE VITÓRIA
Credenciada pela Portaria nº 85 de 12/02/1998, publicada em 16/02/1999
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Reconhecido pela Portaria nº 653, 07/05/2009 publicado em 08/05/2009.

Assim, resta claro que a expedição da carta precatória da Comarca de Estoril


para a Comarca de Viera, onde residia Olinto, é devida.

Ocorre que a Comarca de Vieira, ao não intimar o advogado de Joel (para que ele
tomasse conhecimento da oitiva de Olinto) incorreu em uma das hipóteses de
nulidade, prevista no artigo 564. Vejamos:

Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

(…)

III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

(…)

o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e


despachos de que caiba recurso;

3) Arnaldo e Fábio, 22 anos, são irmãos gêmeos idênticos, mas Arnaldo sempre fez mais sucesso
com as meninas por ser mais extrovertido. Arnaldo inicia um relacionamento com Mônica, de 14
anos. Ambos costumam manter relação sexual consentida. Elena, amiga de Mônica, sempre foi
apaixonada por Arnaldo e, movida por ciúmes, resolve noticiar às autoridades sobre as relações
mantidas entre Arnaldo e Mônica, no intuito de incriminá-lo por estupro de vulnerável. Noticiado o
fato em sede policial e concluídas as investigações, o Ministério Público ofereceu denúncia,
imputando a Arnaldo o crime de estupro de vulnerável, previsto no Art. 217-A do CP. Após
recebimento da denúncia, citação e apresentação de defesa, foi designada audiência de instrução e
julgamento. De posse do mandado, o oficial de justiça foi até a residência dos irmãos e realizou a
intimação na pessoa de Fábio, que se fez passar por Arnaldo. No dia da audiência, Arnaldo não
compareceu, embora seu advogado estivesse presente. Finalizada a instrução e após alegações finais,
o juiz condenou Arnaldo no crime de estupro de vulnerável, na forma do Art. 217-A do CP, a pena
de 8 anos de reclusão, visto que Arnaldo não tinha qualquer anotação criminal, sendo favoráveis as
condições do crime. Considerando apenas as informações narradas no enunciado, responda aos itens
a seguir.
A) O que pode ser alegado em favor de Arnaldo em matéria processual? Justifique.

R= Nulidade da intimação e dos demais atos, na forma do Art. 564, inciso IV, do CPP.
A intimação deveria ter sido feita na pessoa do réu, Arnaldo, de modo que ele ficou
privado de efetuar sua autodefesa na audiência de instrução e julgamento, restando
evidente o prejuízo diante da condenação. Houve, portanto, violação ao Princípio da
Ampla Defesa e do Contraditório ou ao Princípio do Devido Processo Legal, na
forma do Art. 5º, incisos LV e LIV, da CRFB/88. 

B) Qual argumento de direito material poderia ser apresentado? Justifique.

R= No caso em tela, Arnaldo deve ser absolvido, uma vez que, na forma do Art. 386,
inciso III, do CPP, o delito de estupro de vulnerável tem como vítima pessoa menor
de 14 anos, conforme o Art. 217-A, caput, do CP. Mônica tinha 14 anos completos e,
portanto, capacidade para consentir a relação sexual. Dessa forma, o fato é atípico e
Arnaldo não pode ser condenado, tendo-se em vista a legislação referida.
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