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Lorena Ocampos

Juíza TJDFT
Professora de processo penal
@prof.lorenaocampos
Ação Penal
(FGV – XXXIII exame da OAB) – retratação da representação
1 - Durante uma festa em uma casa noturna, Michele se desentende com sua amiga Flávia e
lhe desfere um tapa no rosto, causando-lhe lesão corporal de natureza leve. Flávia, então, se
dirige à autoridade policial e registra o fato, manifestando expressamente seu interesse em
representar contra Michele, tendo em vista a natureza de ação penal pública condicionada à
representação.
Findo o procedimento policial, os autos foram encaminhados ao Juizado Especial
competente e o Ministério Público apresentou proposta de transação penal à Michele, que
não a aceitou. Após o oferecimento de denúncia pelo Parquet, Flávia se diz arrependida e
manifesta ao seu advogado interesse em se retratar da representação oferecida, destacando
que ainda não foi recebida a inicial acusatória.
Considerando os fatos acima narrados, você, como advogado(a) de Flávia,
deverá esclarecer que
A) a representação será irretratável na hipótese, por já ter sido oferecida a
denúncia.
B) a retratação da representação poderá ser realizada até o momento da
sentença, não dependendo de formalidades legais.
C) a retratação da representação será cabível até o recebimento da denúncia,
em audiência perante o juiz, especialmente designada para tal finalidade.
D) a representação será irretratável, independentemente do momento
processual, por se tratar de ação penal de natureza pública, de modo que o
Ministério Público continua sendo o titular da ação.
Ação penal pública
Titularidade: MP (art. 129, CF)
Peça: denúncia
Espécies:
Ação penal pública incondicionada (regra)
Ação penal pública condicionada:
representação da vítima
requisição do ministro da justiça
(FGV – XXX exame da OAB) – renúncia, perdão e perempção
2 - Após uma partida de futebol amador, realizada em 03/05/2018, o atleta André se desentendeu
com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, dirigiu-se ao estacionamento e encontrou, em
seu carro, um bilhete anônimo, em que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018,
André encontrou um dos jogadores da equipe adversária, Marcelo, que lhe confessou a autoria do
bilhete, ressaltando que Luiz e Rogério também estavam envolvidos na ofensa.
André, em 17/11/2018, procurou seu advogado, apresentando todas as provas do crime praticado,
manifestando seu interesse em apresentar queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso,
o advogado do ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta, em 14/12/2018,
queixa-crime em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputando-lhes a prática dos crimes de calúnia e
injúria.
Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se arrependeu de ter buscado a
responsabilização penal de Marcelo, tendo em vista que somente descobriu a autoria do crime em
decorrência da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de Marcelo, informa
seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo responsabilizado criminalmente e o convida
para a festa de aniversário de sua filha, sendo a conversa toda registrada em mídia audiovisual.
Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a) advogado(a) dos
querelados poderá
A) questionar o recebimento da queixa-crime, com fundamento na ocorrência de
decadência, já que oferecida a inicial mais de 06 meses após a data dos fatos.
B) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, diante da renúncia ao
exercício do direito de queixa realizado por André, que poderá ser expresso ou
tácito.
C) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e Rogério, em
razão da renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André.
D) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, caso concordem, diante do
perdão oferecido a Marcelo por parte de André, que deverá ser estendido aos demais
coautores.
RENÚNCIA PERDÃO
Decorre do princípio da oportunidade/conveniênciaDecorre do princípio da disponibilidade
É ato unilateral (não depende de aceitação doÉ ato bilateral (depende de aceitação do querelado)
querelado)
Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o trânsito em
julgado

Por força do princípio da indivisibilidade, aPor força do princípio da indivisibilidade, o perdão em


renúncia em relação a um querelado se estende aosrelação a um querelado se estende aos demais. Somente
demais. produz efeitos se houver aceitação.
(FGV – XXVIII exame da OAB) – ação penal privada
3 - Gabriel, nascido em 31 de maio 1999, filho de Eliete, demonstrava sua
irritação em razão do tratamento conferido por Jorge, namorado de sua mãe,
para com esta. Insatisfeito, Jorge, no dia 1º de maio de 2017, profere injúria
verbal contra Gabriel.
Após a vítima contar para sua mãe sobre a ofensa sofrida, Eliete comparece,
em 27 de maio de 2017, em sede policial e, na condição de representante do
seu filho, renuncia ao direito de queixa. No dia 02 de agosto de 2017, porém,
Gabriel, contra a vontade da mãe, procura auxílio de advogado, informando
que tem interesse em ver Jorge responsabilizado criminalmente pela ofensa
realizada.
Diante da situação narrada, o(a) advogado(a) de Gabriel deverá esclarecer que
A) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente, em razão da
renúncia do representante legal do ofendido, sem prejuízo de indenização no
âmbito cível.
B) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, mas, para que o
patrono assim atue, precisa de procuração com poderes especiais.
C) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente em razão da
decadência, tendo em vista que ultrapassados três meses desde o
conhecimento da autoria.
D) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, pois, de acordo com o
Código de Processo Penal, ao representante legal é vedado renunciar ao direito
de queixa.
(FGV – XXV exame da OAB) – retratação da representação (LMP)
4 - Bruna compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima de um crime de ameaça, delito
este de ação penal pública condicionada à representação, que teria sido praticado por seu
marido Rui, em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. Disse, ainda, ter
interesse que seu marido fosse responsabilizado criminalmente por seu comportamento.
O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de
Rui pela prática do crime de ameaça (Art. 147 do Código Penal, nos termos da Lei no
11.340/06). Bruna, porém, comparece à Delegacia, antes do recebimento da denúncia, e
afirma não mais ter interesse na responsabilização penal de seu marido, com quem continua
convivendo. Posteriormente, Bruna e Rui procuram o advogado da família e informam
sobre o novo comparecimento de Bruna à Delegacia.
Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que
A) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é
irrelevante e não poderá ser buscada proposta de suspensão condicional
do processo.
B) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é
válida e suficiente para impedir o recebimento da denúncia.
C) não cabe retratação do direito de representação após o oferecimento
da denúncia; logo, a retratação foi inválida.
D) não cabe retratação do direito de representação nos crimes praticados
no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, e nem
poderá ser buscada proposta de transação penal.
( FGV – XXIV exame da OAB) – renúncia, perdão e perempção
5 - Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento amoroso com Pedro, vai até a casa deste
na companhia da amiga Carla e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da
residência nos quais estavam expostas fotos da nova namorada de Pedro. Quando descobre
os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a natureza privada da ação criminal
pela prática do crime de dano.
Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla pela prática do crime de
dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha
conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada
fará, pedindo, apenas, que o fato não se repita.
Apesar da decisão de Pedro, Lívia fica preocupada quanto à possibilidade de ele mudar de
opinião, razão pela qual contrata um advogado junto com Carla para consultoria jurídica.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que ocorreu
A) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não
deve ser recebida em relação a Carla.
B) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve
ser recebida apenas em relação a Carla.
C) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa- crime
deve ser recebida apenas em relação a Carla.
D) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-
crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
RENÚNCIA PERDÃO
Decorre do princípio da oportunidade/conveniênciaDecorre do princípio da disponibilidade
É ato unilateral (não depende de aceitação doÉ ato bilateral (depende de aceitação do querelado)
querelado)
Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o trânsito em
julgado

Por força do princípio da indivisibilidade, aPor força do princípio da indivisibilidade, o perdão em


renúncia em relação a um querelado se estende aosrelação a um querelado se estende aos demais. Somente
demais. produz efeitos se houver aceitação.
( FGV – XXIII exame da OAB) – retratação da representação
6 - Silva foi vítima de um crime de ameaça por meio de uma ligação telefônica realizada em 02 de
janeiro de 2016. Buscando identificar o autor, já que nenhum membro de sua família tinha tal
informação, requereu, de imediato, junto à companhia telefônica, o número de origem da ligação,
vindo a descobrir, no dia 03 de julho de 2016, que a linha utilizada era de propriedade do ex-
namorado de sua filha, Carlos, razão pela qual foi até a residência deste, onde houve a confissão da
prática do crime.
Quando ia ao Ministério Público, na companhia de Marta, sua esposa, para oferecer representação,
Silva sofreu um infarto e veio a falecer. Marta, no dia seguinte, afirmou oralmente, perante o
Promotor de Justiça, que tinha interesse em representar em face do autor do fato, assim como seu
falecido marido.
Diante do apelo de sua filha, Marta retorna ao Ministério Público no dia 06 de julho de 2016 e diz
que não mais tem interesse na representação. Ainda assim, considerando que a ação penal é pública
condicionada, o Promotor de Justiça ofereceu denúncia, no dia 07 de julho de 2016, em face de
Carlos, pela prática do crime de ameaça.
Considerando a situação narrada, o(a) advogado(a) de Carlos, em
resposta à acusação, deverá alegar que
A) ocorreu decadência, pois se passaram mais de 6 meses desde a
data dos fatos.
B) a representação não foi válida, pois não foi realizada pelo
ofendido.
C) ocorreu retratação válida do direito de representação.
D) a representação não foi válida, pois foi realizada
oralmente.
( FGV – XX exame da OAB) – renúncia, perdão e perempção
7 - Lúcio Flavio, advogado, ofereceu queixa-crime em face de Rosa, imputando-lhe a prática dos
delitos de injúria simples e difamação. As partes não celebraram qualquer acordo e a querelada
negava os fatos, não aceitando qualquer benefício. Após o regular processamento e a instrução
probatória, em alegações finais, Lúcio Flávio requer a condenação de Rosa pela prática do crime de
difamação, nada falando em sua manifestação derradeira sobre o crime de injúria.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que
A) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de injúria, em razão da
perempção.
B) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de injúria, em razão do perdão do
ofendido.
C) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de injúria, em razão da renúncia
ao direito de queixa.
D) Poderá Rosa ser condenada pela prática de ambos os delitos, já que houve apresentação de
alegações finais pela defesa técnica do querelante.
RENÚNCIA PERDÃO
Decorre do princípio da oportunidade/conveniênciaDecorre do princípio da disponibilidade
É ato unilateral (não depende de aceitação doÉ ato bilateral (depende de aceitação do querelado)
querelado)
Concedida antes do início do processo Concedido após o início do processo até o trânsito em
julgado

Por força do princípio da indivisibilidade, aPor força do princípio da indivisibilidade, o perdão em


renúncia em relação a um querelado se estende aosrelação a um querelado se estende aos demais. Somente
demais. produz efeitos se houver aceitação.
( FGV – XVII exame da OAB) - ação penal privada subsidiária da pública
8 - Carlos foi indiciado pela prática de um crime de lesão corporal grave, que teria como vítima
Jorge. Após o prazo de 30 dias, a autoridade policial elaborou relatório conclusivo e encaminhou o
procedimento para o Ministério Público. O promotor com atribuição concluiu que não existiam
indícios de autoria e materialidade, razão pela qual requereu o arquivamento. Inconformado com a
manifestação, Jorge contratou advogado e propôs ação penal privada subsidiária da pública.
Nesse caso, é correto afirmar que
A) caso a queixa seja recebida, o Ministério Público não poderá aditá-la ou interpor recurso no
curso do processo.
B) caso a queixa seja recebida, havendo negligência do querelante, deverá ser reconhecida a
perempção.
C) a queixa proposta deve ser rejeitada pelo magistrado, pois não houve inércia do Ministério
Público.
D) a queixa proposta deve ser rejeitada pelo magistrado, tendo em vista que o instituto da ação
penal privada subsidiária da pública não foi recepcionado pela Constituição Federal.
Observações:
Gabarito:
1–
2-
3–
4–
5–
6–
7–
8–

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