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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
I – NORMA IMPUGNADA
II – CABIMENTO DA ADI
Nos termos do artigo 8º, I, “n”, da Lei Federal nº 11.697/2008, compete a esse e.
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) julgar ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal, quando o parâmetro de
controle é a Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF).[1]
No presente caso, o objeto da ação é a Resolução 304/2017 - TCDF, que se
qualifica como ato normativo, na medida em que cria vantagem remuneratória a determinada
categoria de servidores – membros do Ministério Público de Contas –, em indevido exercício da
função reservada com exclusividade ao Poder Legislativo.
O ato administrativo em questão é passível, portanto, de impugnação em ação
direta de inconstitucionalidade, conforme jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal,
ilustrada pelos seguintes precedentes:
Por fim, é de destacar que o artigo 130 da CR/88, invocado como fundamento de
validade da Resolução 304/2017 - TCDF, não tem o alcance que se pretendeu emprestar-lhe,
razão pela qual o preceito não afasta a pecha de inconstitucionalidade do ato normativo ora
impugnado.
O dispositivo preconiza que “aos membros do Ministério Público junto aos
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e
forma de investidura”.
A seção, na qual o artigo 130 se insere, não alude à gratificação de substituição
tampouco assegura qualquer equiparação remuneratória, mas consagra, isso sim, as garantias de
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio (art. 128, § 5º, inciso I, da CR/88),
predicados necessários “a proteger os membros do Ministério Público especial no relevante
desempenho de suas funções perante os Tribunais de Contas”. (STF - ADI 789, Relator(a):
CELSO DE MELLO).
Vê-se, portanto, que o artigo 130 da CR/88 não afasta a incompatibilidade da
Resolução 304/2017 – TCDF com a regra da legalidade dos vencimentos dos servidores
distritais consagrada pela Lei Orgânica do Distrito Federal.
Impende concluir, assim, que a edição de ato administrativo para estender
vantagem remuneratória de integrantes do Ministério Público da União a servidores distritais
representa patente violação aos artigos 1º, 19, IX e XII, 71, IV, 84, IV, da Lei Orgânica do
Distrito Federal. Evidenciado o vício, impõe-se a declaração de inconstitucionalidade da norma
impugnada.
IV – CAUTELAR
São requisitos para o deferimento da medida cautelar a plausibilidade da
argumentação desenvolvida na petição inicial – a indicar a inconstitucionalidade, ‘prima facie’,
do ato impugnado –, bem como o perigo de dano decorrente da aplicação da lei enquanto se
aguarda o julgamento do mérito da ADI.
Patente a relevância dos fundamentos jurídicos, pois o ato normativo ofende
diretamente a Lei Orgânica, conforme demonstrado, em ordem a afastar a presunção de
legitimidade de que se reveste.
O periculum in mora é, igualmente, manifesto.
Isso porque a gratificação de substituição, que vem sendo paga aos membros do
Ministério Público de Contas do Distrito Federal em afronta manifesta à Lei Orgânica, configura
verba alimentar. Por isso, caso ao final se declare a inconstitucionalidade da norma, os valores
já pagos não poderão ser cobrados pelo ente distrital, consoante tese firmada no Tema Repetitivo
531/STJ:
“Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei,
resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa
expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos,
impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé
do servidor público”.
V – PEDIDO
Em face do exposto, o Govenador do Distrito Federal requer:
Ibaneis Rocha
Governador do Distrito Federal