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Vasco Pereira da Silva

João Miranda
Tiago Antunes
José Duarte Coimbra

O MEU CADERNO VERDE


Trabalhos Práticos de Direito do Ambiente
3.ª Edição

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer pro-
cesso electrónico, mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia, xerocópia ou
gravação, sem autorização prévia do editor.
Exceptuam-se as transcrições de curtas passagens para efeitos de apresen-
tação, crítica ou discussão das ideias e opiniões contidas no livro. Esta
excepção não pode, no entanto, ser interpretada como permitindo a
transcrição de textos em recolhas antológicas ou similares, da qual possa
Lisboa
resultar prejuízo para o interesse pela obra.
Os infractores são passíveis de procedimento judicial, nos termos da lei. 2015
NOTA PRÉVIA À 3.ª EDIÇÃO

Surgido em 2002 (Vasco Pereira da Silva / José Cunhal


Sendin/ João Miranda), com uma 2ª edição em 2005 (dos
mesmos autores), e agora com esta 3ª edição em 2015, «O Meu
Caderno Verde – Trabalhos Práticos de Direito do Ambiente»
(Vasco Pereira da Silva/João Miranda /Tiago Antunes/José
Coimbra) mostra bem o que tem sido o ensino da disciplina de
opção de «Direito do Ambiente», na Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa. Como se dizia no Prefácio à 2ª edição:
«“O Meu Caderno Verde” vai ficando mais “maduro”, à medida
que o Direito vai ficando mais “verde”...
Concebido como um instrumento pedagógico destinado a
facilitar a concretização e a aprendizagem prática dos estudantes
de Direito do Ambiente, reunindo questões e problemas teóricos
com pequenos “casos práticos” exemplificativos e bibliografia
selecionada, a que se juntaram exames finais e simulações de
julgamento, acompanhando “a par e passo” o ensino teórico da
disciplina, esta nova edição “transitória” atualiza todo o material
disponível, ao mesmo tempo que “abre a porta ao futuro”,
apontando já para uma nova edição, a surgir, que deverá também
incluir indicações jurisprudenciais e exemplos concretos de
formas de atuação ambiental. Trata-se, portanto, de “fazer a
ponte” entre passado, presente e futuro do ensino do «Direito do
Ambiente» na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Ficha Técnica
Desta forma, «O Meu Caderno Verde» tem como principais
Título: destinatários os estudantes de «Direito do Ambiente», contudo
O Meu Caderno Verde – Trabalhos práticos de Direito do Ambiente – 3.ª Edição
AAFDL – 2015 a importância dos temas e das sugestões efetuadas, faz com
Autores:
que ele possa também pretender “pular” para fora do espaço da
Vasco Pereira da Silva, João Miranda, Tiago Antunes, José Duarte Coimbra sala de aula, tornando-se útil a todos os que se interessam pela
Edição:
temática ambiental.
AAFDL
Alameda da Universidade – 1649-014 Lisboa Lisboa, 23 de Março de 2015.
Abril / 2015 5
PROGRAMA

I. AMBIENTE E DIREITO. VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM


1. A proteção do ambiente como questão política da atualidade. Dos
movimentos sociais às novas leis de proteção do ambiente
2. A defesa do ambiente como problema jurídico
2.1. Verdes são também os Direitos do Homem. A proteção jurídica
subjetiva do ambiente
2.2. O Estado Pós-Social como “Estado de Ambiente”. A dimensão
objetiva da proteção ambiental
2.3. Direito fundamental ao Ambiente e proteção objetiva da
Natureza. Em busca de um antropocentrismo ecológico
3. As fontes do Direito do Ambiente. Direito Internacional, Europeu
e Português do Ambiente.A multiplicidade de fontes e o problema da
codificação. A Lei de Bases do Ambiente.
4. O problema da autonomia do Direito do Ambiente como
disciplina jurídica. As diferentes perspetivas de abordagem e a
multidisciplinariedade do Direito do Ambiente
5. O “posto de observação” jus-ambiental escolhido: o Direito
Administrativo do Ambiente

II. DA CONSTITUIÇÃO VERDE PARA AS RELAÇÕES JURÍDICAS MULTILATERAIS DE AMBIENTE


1. Os princípios constitucionais em matéria de ambiente
1.1. Os princípios fundamentais da prevenção, do desenvolvimento
sustentável, do aproveitamento racional dos recursos naturais e do
poluidor-pagador
1.2. Sentido e alcance dos princípios jurídicos ambientais em face
da Administração
2. O direito ao ambiente como direito fundamental
2.1. A dupla natureza do direito ao ambiente como direito subjetivo
e como estrutura objetiva da coletividade
2.2. O alargamento dos direitos subjetivos públicos e as relações
jurídicas de ambiente

6 7
3. As relações jurídicas multilaterais de Direito do Ambiente VI. CONFLITOS ECOLÓGICOS: O CONTENCIOSO DO AMBIENTE
3.1. A multilateralidade das relações administrativas de ambiente 1. O processo verde
3.2. Os sujeitos das relações administrativas ambientais 1.1. Problemas de jurisdição. A jurisdição administrativa como
“tendencialmente verde”
III. AMBIENTE DE PROCEDIMENTO. PROCEDIMENTO DE AMBIENTE 1.2. A questão da adequação dos meios processuais. Défice
1. Procedimento e participação ambientais processual de tutela do ambiente?
2. A participação no procedimento legislativo de ambiente 1.3. Os meios processuais do Contencioso Administrativo e a
3. A participação no procedimento administrativo para defesa do defesa do ambiente
ambiente 1.4. Em especial, a questão da legitimidade: ação para a defesa de
3.1. Os direitos de participação nos procedimentos administrativos direitos subjetivos, ação pública e ação popular
ambientais de massa e nos de reduzido número de afetados
3.2. Em especial, o direito de audiência VII. DIREITO SANCIONATÓRIO DO AMBIENTE
4. O procedimento administrativo de avaliação de impacte ambiental 1. Admissibilidade e necessidade do Direito Sancionatório do Ambiente
2. Alternatividade ou complementaridade da tutela penal e da tutela
IV. VERDE AGIR: FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL contraordenacional do ambiente?
3. O Direito Penal do Ambiente
1. A licença ambiental e os procedimentos complexos de licenciamento
da atividade económica 4. O Direito Contraordenacional do Ambiente
2. A contratualização pública em matéria de ambiente
2.1. A contratação pública verde (green public procurement)
2.2. O caso dos contratos de promoção e de adaptação ambiental
3. Os instrumentos de mercado em matéria ambiental
3.1. A ecoetiqueta ou rótulo ecológico
3.2. A ecogestão e as ecoauditorias
3.3. O comércio europeu de licenças de emissão
4. Planificação ambiental
4.1. A avaliação ambiental estratégica
4.2. Planos ambientais
4.3. Planos ambientais e planos de ordenamento do território e do
urbanismo

V. RESPONDENDO PELO AMBIENTE


1. Problemas e especificidades da responsabilidade ambiental
2. O Direito Europeu da responsabilidade ambiental
3. A evolução do regime jurídico português de responsabilidade civil
em matéria de ambiente
4. O regime jurídico da responsabilidade civil ambiental
8 9
[A]
PLANOS E TRABALHOS DE AULAS PRÁTICAS

10 11
[1]

I. AMBIENTE E DIREITO.
VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM

[1. A proteção do ambiente como questão política da


atualidade. Dos movimentos sociais às novas leis de proteção
do ambiente 2. A defesa do ambiente como problema jurídico]

(A) Exercícios

1. Comente a seguinte afirmação: «A crise do Estado Providência


veio mostrar, entre outras coisas, que a proteção do ambiente
devia ser encarada como um problema da sociedade que
necessitava de uma solução política» (VASCO PEREIRA DA SILVA,
Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra:
Almedina, 2002, p. 19)

2. Comente a seguinte afirmação: «Gostaria de sublinhar uma


coisa que me parece certa: é que já não é mais possível considerar
a proteção da natureza como um objetivo decretado pelo Homem
em benefício exclusivo do próprio Homem. A natureza tem hoje
que ser protegida também em função dela mesma, como um
valor em si, e não apenas como objeto útil ao Homem» (FREITAS
DO AMARAL, «Apresentação» in Direito do Ambiente, Lisboa:
INA, 1994, p. 16)

3. Procure caraterizar os vários componentes ambientais


previstos na atual e na antiga Lei de Bases do Ambiente. Que
diferenças encontra?

4. Em que consiste o conceito estrito de ambiente? Quais


as principais críticas que se lhe podem dirigir e quais as suas
principais vantagens?
12 13
5. Procure caraterizar o ambiente como bem jurídico. O ambiente da Administração Pública, 2.º suplemento, Lisboa: 2001, pp. 9
é um bem patrimonial ou não patrimonial? Um bem unitário? Um ss. (= in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, I, Lisboa:
bem material ou imaterial? Um bem público, privado, coletivo AAFDL, 2008, pp. 75-98; IDEM, «O ambiente como objecto e
ou um interesse difuso? os objectos do Direito do Ambiente» in RJUA, n.º 11/12, 1999,
pp. 43-66 (= in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, I,
(B) Fontes Normativas Lisboa: AAFDL, 2008, pp. 9-33); IDEM, Introdução ao Direito
do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 19-32; RUTE
• Lei n.º 11/87, de 14 de abril [antiga Lei de Bases do SARAIVA, A Herança de Quioto em Clima de Incerteza. Análise
Ambiente]: em especial, artigos 6.º a 24.º Jurídico-Económica do Mercado de Emissões num Quadro
• Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [atual Lei de Bases da de Desenvolvimento Sustentado, Lisboa: diss. inédita, 2009,
Política de Ambiente]: em especial, artigos 2.º e 9.º a 12.º pp. 195-213; VASCO PEREIRA DA SILVA, «Verdes são também os
Direitos do Homem (Publicismo, Privatismo e Associativismo
(C) Bibliografia no Direito do Ambiente)» in Portugal-Brasil Ano 2000, Stvdia
Ivridica, Coimbra: Coimbra Editora, 1999, pp. 127-140; IDEM,
Sobre as pré-compreensões (científicas, políticas, sociológicas Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra:
e filosóficas) subjacentes ao estudo do Direito do Ambiente, Almedina, 2002, pp. 21-36. Sobre o Direito do Ambiente
cfr. GOMES CANOTILHO, «Direito do Ambiente e Crítica da Razão como disciplina jurídica, cfr. FREITAS DO AMARAL, «Direito
Cínica das Normas Jurídicas» in RDAOT, n.º 1 (1995), pp. 97-99; Administrativo e Direito do Ambiente» in RDAOT, n.º 2 (1996),
MARIA DA GLÓRIA GARCIA, O Lugar do Direito na Protecção do pp. 7-19; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental e
Ambiente, Coimbra: Almedina, 2007, pp. 7-369; VASCO PEREIRA Contencioso Administrativo (Da Legitimidade Processual e das
DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente,
Suas Consequências), Stvdia Iridica, 29, Coimbra: Coimbra
Coimbra: Almedina, 2002, pp. 17-21; Sobre o ambiente como Editora, 1997, pp. 44-50, 62-76; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde
problema e bem jurídico, cfr. GOMES CANOTILHO, «Estado Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra:
Constitucional Ecológico e Democracia Sustentada» in Revista Almedina, 2002, pp. 44-59. Para uma evolução panorâmica
do CEDOUA, ano IV, 8, 2/2011, pp. 9-16; MARIA DA GLÓRIA sobre os institutos jurídicos em matéria ambiental, cfr.
GARCIA, O Lugar do Direito na Protecção do Ambiente, Coimbra: JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, A Reinvenção da Autorização
Almedina, 2007, passim, esp.te pp. 369-498; LUÍS FILIPE COLLAÇO Administrativa no Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra
ANTUNES, Direito Público do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2008, Editora, 2014, pp. 144-398 e 739-977.
pp. 59-108; IDEM, O Procedimento Administrativo de Avaliação
de Impacto Ambiental, Coimbra: Almedina, 1998, pp. 3-106;
GOMES CANOTILHO (coord.), Introdução ao Direito do Ambiente,
Lisboa: Universidade Aberta, 1998, pp. 19-26; JOSÉ EDUARDO
FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental e Contencioso Administrativo
(Da Legitimidade Processual e das Suas Consequências), Stvdia
Ivridica, 29, Coimbra: Coimbra Editora, 1997, pp. 19-44; CARLA
14 AMADO GOMES, «Ambiente (Direito do)» in Dicionário Jurídico 15
5. A Convenção de Aarhus é um dos exemplos de que o Direito
[2] Administrativo Global é, hoje, uma “realidade viva”. Concorda?

I. AMBIENTE E DIREITO. (B) Fontes Normativas


VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM
• Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o
[3. As fontes do Direito do Ambiente. A multiplicidade de fontes Meio Ambiente [Declaração de Estocolmo] (1972)
e o problema da codificação. A Lei de Bases do Ambiente. • Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento
Direito Internacional e Direito Europeu do Ambiente] [Declaração do Rio] (1992)
• Declaração de Joanesburgo sobre Desenvolvimento
(A) Exercícios
Sustentável [Declaração de Joanesburgo] (2002)
1. Comente, sob a perspetiva da evolução do Direito Internacional • “The Future We Want” [resolução adotada na Conferência
do Ambiente, a seguinte afirmação: «À utopia de Estocolmo – das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável:
que apresentava o desenvolvimento económico como veículo Rio +20] (2012)
de promoção da qualidade ambiental – suced[eu]-se o realismo • TUE: n.º 3 do artigo 3.º
do Rio» (CARLA AMADO GOMES, Risco e Modificação do Acto
Concretizador de Deveres de Protecção do Ambiente, Coimbra: • TFUE: artigos 11.º e 191.º a 193.º
Coimbra Editora, 2007, p. 35). • CDFUE: artigo 37.º

2. Procure caraterizar as tendências internacionais de proteção • Convenção sobre Acesso à Informação, Participação do
do ambiente que resultaram da Declaração de Joanesburgo e da Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso à
Conferência Rio +20. Pode dizer-se que a tutela internacional do Justiça em Matéria de Ambiente [Convenção de Aarhus]
ambiente é, hoje, um objetivo de compromisso? (1998)1

3. Explique e concretize a seguinte afirmação: «A relação da (C) Bibliografia


União Europeia com o ambiente é hoje indesmentível, mas
o começo não foi auspicioso» (CARLA AMADO GOMES/TIAGO Em geral, sobre a evolução e estado atual da proteção do
ANTUNES, «O ambiente no Tratado de Lisboa: uma relação ambiente no Direito Internacional, cfr. LYNDA COLLINS, «Are
sustentada», in O Tratado de Lisboa, Cadernos O Direito, n.º 5, We There Yet? The Right to Environment in International and
2010, p. 31). European Law» in McGill International Journal of Sustainable

4. Analise e comente, sob a perspetiva da consagração


1
internacional de um «direito ao ambiente», o caso “López Ostra Entrou em vigor em 30 de outubro de 2001. Em Portugal, a Convenção foi
aprovada pela Resolução da Assembleia da República n.º 11/2003, de 19 de de-
v. Spain” (Acórdão do TEDH de 9 de dezembro de 1994, Proc. zembro de 2002 e ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 9/2003,
16 n.º 16798/90). de 25 de fevereiro. 17
Development Law and Policy, vol. 2, issue 2 (2007), pp. 121-153; Território, n.os 14/15, 2009, pp. 33 ss. (= in Textos Dispersos de
PEDRO PORTUGAL GASPAR, O Estado de Emergência Ambiental, Direito do Ambiente, III, Lisboa: AAFDL, 2010, pp. 103-160);
Coimbra: Almedina, 2005, pp. 13-22; CARLA AMADO GOMES, IDEM, «Escrever Verde por Linhas Tortas: o direito ao ambiente
Risco e Modificação do Acto Autorizativo Concretizador de na jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem»
Deveres de Protecção do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, in Revista de Direito do Ambiente e Ordenamento do Território,
2007 pp. 27-51; IDEM, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª n.º 16/17, 2010, pp. 81-117 (= in Textos Dispersos de Direito
ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 63-71; ALEXANDRE KISS, «Direito do Ambiente, III, Lisboa: AAFDL, 2010, pp.163-205); Risco e
Internacional do Ambiente» in Direito do Ambiente (coord. Modificação do Acto Autorizativo Concretizador de Deveres de
FREITAS DO AMARAL/MARTA TAVARES DE ALMEIDA), Lisboa: INA, Protecção do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2007 pp.
1994, pp. 147-167; PHILIPPE SANDS, Principles of International 51-66; IDEM, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa:
Environmental Law, Cambridge, Cambridge University Press, AAFDL, 2014, pp. 71-79; CARLA AMADO GOMES/TIAGO ANTUNES,
2003, pp. 3-18, 732-794; RUTE SARAIVA, «A Avaliação da Impacto «O ambiente no Tratado de Lisboa: uma relação sustentada» in
Ambiental» in Revisitando a Avaliação de Impacto Ambiental, O Tratado de Lisboa. Cadernos O Direito, n.º 5, 2010, pp. 31-
e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 24-46; PAULA PEVATO, «A Right 63 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Textos,
to Environment in International Law: current status ad future I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 241-274); HAIDEER MIRANDA, «La
outlook» in Review of European Community & International protección del ambiente en el sistema europeo de derechos
Law, vol. 8, issue 3, pp. 309-321; MANUEL ANTÓNIO LOPES ROCHA, humanos» in Panóptica, ano 1., n.º 8 (maio-junho 2007), pp.
«Direito do Ambiente e Direitos do Homem» in RDAOT, n.º 1 75-93; RUI LANCEIRO, «Jurisprudência Ambiental Europeia» in
(1995), pp. 9-28; MÁRIO DE MELO ROCHA, A Avaliação de Impacto Revista de Direito do Ambiente e Ordenamento do Território, n.os
Ambiental como Princípio do Direito do Ambiente nos quadros 16/17 (2010), pp. 211-242; MÁRIO DE MELO ROCHA, «Anotação ao
Internacional e Europeu, Porto: UCP, 2000, pp. 17-117; IDEM, artigo 11.º TFUE» in Tratado de Lisboa Anotado e Comentado
«Direito Internacional e Direito Europeu e Direito do Ambiente» (coord. MANUEL LOPES PORTO/GONÇALO ANASTÁSIO), Coimbra:
in Estudos de Direito do Ambiente, Porto: UCP, 2003, pp. 49- Almedina, 2012, pp. 232-234 Em especial sobre a Convenção
62; LOUIS SOHN, «The Stockholm Declaration on the Human de Aarhus, cfr. RUI LANCEIRO, «The Review of Compliance
Environment» in The Harvard International Law Journal, vol. with the Aarhus Convention of the European Union», in Global
14, no. 3, 1973, pp. 423-515. Em geral, sobre a evolução e estado Administrative Law and EU Administrative Law. Relationships,
atual da proteção do ambiente no Direito da União Europeia Legal Issues and Comparison (eds. EDOARDO CHITI/BERNARDO
e na CEDH, cfr. ALEXANDRA ARAGÃO, Direito Comunitário do GIORGIO MATTARELLA), Berlin-Heidelberg: Springer, 2001, pp.
Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, passim; IDEM, «Anotações 359-382; VASCO PEREIRA DA SILVA, «The Aarhus Convention:
aos artigos 191.º, 192.º e 193.º TFUE» in Tratado de Lisboa bridge to a better environment» in RJUA, n.os 18/19 (dezembro-
Anotado e Comentado (coord. MANUEL LOPES PORTO/GONÇALO junho 2003), pp. 133-140.
ANASTÁSIO), Coimbra: Almedina, 2012, pp. 763-771; GOMES
CANOTILHO, (coord.) Introdução ao Direito do Ambiente, Lisboa:
Universidade Aberta, 1998, pp. 77-96; CARLA AMADO GOMES,
«A Protecção do Ambiente na Jurisprudência Comunitária. Uma
18
Selecção» in Revista do Direito do Ambiente e Ordenamento do 19
(l) O princípio da correção na fonte é uma concretização do
[3] princípio da prevenção.
(m) Para a efetivação do princípio da participação é
II. AMBIENTE E DIREITO. fundamental o acesso à informação ambiental.
VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM (n) De acordo com o princípio da integração, as consequências
ambientais de um projeto não devem ser apreciadas fonte
[1. Os princípios constitucionais em matéria de ambiente] a fonte ou meio a meio, mas de uma forma global.
(o) De acordo com o princípio da integração, a temática
(A) Exercícios ambiental deve envolver a colaboração de diferentes
instâncias, em distintos níveis de decisão.
1. As seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas? Porquê? (p) No âmbito do princípio da responsabilização por lesões
(a) O princípio do desenvolvimento sustentável surgiu na ao ambiente, é indiferente a restauração in natura ou o
Declaração do Rio, de 1992. pagamento de equivalente pecuniário.
(b) O princípio da prevenção e o princípio da precaução são
a mesma coisa. 2. Complete as seguintes afirmações:
(c) O princípio do aproveitamento racional dos recursos (a) O princípio do desenvolvimento sustentável assenta em
naturais apenas faz sentido quanto aos recursos naturais três pilares, que são…
esgotáveis não renováveis. (b) Alguns institutos jus-ambientais inspirados pelo princípio
(d) O princípio do poluidor-pagador (PPP) surgiu no seio da da prevenção são…
OCDE como um princípio económico e só mais tarde se (c) O princípio da prevenção diz respeito a … ambientais,
tornou um princípio jurídico. ao passo que o princípio da precaução diz respeito a …
(e) O princípio da responsabilização por lesões ao ambiente ambientais.
só abrange condutas dolosas. (d) Alguns exemplos de aplicação do PPP são…
(f) O princípio da precaução só atua perante certezas (e) Alguns institutos jus-ambientais inspirados pelo princípio
científicas. da integração são…
(g) O princípio da participação não é relevante no Direito do (f) Algumas consequências do princípio da participação no
Ambiente. domínio jus-ambiental são…
(h) O princípio da precaução pode sintetizar-se na máxima in (g) No âmbito do princípio da responsabilização por lesões
dubio pro ambiente. ao ambiente, é importante fazer a distinção entre os danos
(i) O princípio do nível elevado de proteção ecológica … e os danos …
(NEPE) é um importante princípio jus-ambiental do
Direito da União Europeia. (B) Fontes Normativas
(j) O princípio da precaução acarreta a inversão do ónus da
prova em matéria ambiental. • CRP: alínea d) do artigo 9.º e artigo 66.º
(k) O princípio da precaução não está consagrado na nossa • TUE: n.º 3 do artigo 3.º
20 Constituição. 21
• TFUE: artigo 11.º e n.º 2 do artigo 191.º Coimbra Editora, 2007, pp. 223-417; RUTE SARAIVA, A Herança
• Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [Lei de Bases da Política de Quioto em Clima de Incerteza. Análise Jurídico-Económica
de Ambiente] do Mercado de Emissões num Quadro de Desenvolvimento
Sustentado, Lisboa: diss. inédita, 2010, pp. 224-239; CASS
(C) Bibliografia SUSTEIN, «Beyond the Precautionary Principle» Public Law and
Legal Theory Working Paper no. 38, 2003; LYANA TIMMERMANS/
Sobre os princípios de Direito do Ambiente em geral, cfr. UBALDUS DE VRIES, «Eyes Wide Shut: On Risk, Rule of Law and
GOMES CANOTILHO (coord.) Introdução ao Direito do Ambiente, Precaution» in Ratio Juris, vol. 26, no. 2, June 2013, pp. 282-
Lisboa: Universidade Aberta, 1998, pp. 43-66; JOSÉ EDUARDO 301. Em especial, sobre o princípio do poluidor-pagador, cfr.
FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental e Contencioso Administrativo ALEXANDRA ARAGÃO, O princípio do poluidor pagador: pedra
(Da Legitimidade Processual e das Suas Consequências), Stvdia angular da política comunitária do ambiente, Stvdia Ivridica,
Iridica, 29, Coimbra: Coimbra Editora, 1997, pp. 51-58; Direito 23, Coimbra: Coimbra Editora, 1997, passim (= reed. Instituto
Constitucional e Administrativo do Ambiente, 2.ª ed., Coimbra: O Direito por um Planeta Verde/Institvto Ivridico, 2014); ISABEL
Almedina, 2007, pp. 18-26; CARLA AMADO GOMES, Introdução ao MARQUES DA SILVA, «O princípio do Poluidor-Pagador» in
Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 82-97; Estudos de Direito do Ambiente, Porto, UCP, 2003, pp. 97-134.
VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de Direito Em especial, sobre o princípio do nível elevado de proteção
do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp. 63-84. Em especial, ecológica, cfr. ALEXANDRA ARAGÃO, O Princípio do Nível Elevado
sobre o princípio da precaução e suas fronteiras perante o de Protecção e a Renovação do Direito do Ambiente e dos
princípio da prevenção, cfr. ALEXANDRA ARAGÃO, «Princípio Resíduos, Coimbra: Almedina, 2006, pp. 145-301. Em especial,
da Precaução: manual de instruções» in Revista do CEDOUA, sobre o princípio do desenvolvimento sustentado, cfr. RUTE
ano 11, n.º 2 (2008), pp. 9-57; IDEM, «Dimensões Europeias SARAIVA, A Herança de Quioto em Clima de Incerteza. Análise
do Princípio da Precaução» in RFDUP, ano 7, 2010, pp. 245- Jurídico-Económica do Mercado de Emissões num Quadro de
291; IDEM, «Aplicação Nacional do Princípio da Precaução» in Desenvolvimento Sustentado, Lisboa: diss. inédita, 2009, pp.
Colóquios 2011-2012 (Associação dos Magistrados da Jurisdição 241-340. Em especial, sobre o princípio da sustentabilidade,
Administrativa e Fiscal Portuguesa), 2013, pp. 159-185; MARIA GOMES CANOTILHO, «O Princípio da Sustentabilidade como
DA GLÓRIA GARCIA, «Princípio da Precaução: lei do medo ou
Princípio Estruturante do Direito Constitucional» in Tékhne,
razão da esperança?» in Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor 2010, vol. VIII, n.º 13, pp. 7-17; ANTÓNIO LEITÃO AMARO, «O
José Joaquim Gomes Canotilho, I, Coimbra: Coimbra Editora, princípio constitucional da sustentabilidade», in Estudos em
2012, pp. 315-330; CARLA AMADO GOMES, A Prevenção à Prova Homenagem ao Prof. Doutor Jorge Miranda, vol. I, Lisboa:
no Direito do Ambiente. Em especial, os Actos Autorizativos FDUL/Coimbra Editora, 2012, pp. 405-432.
Ambientais, Coimbra: Coimbra Editora, 2000, passim ; IDEM,
«Dar o Duvidoso pelo Incerto? Reflexões sobre o “Princípio
da Precaução» in RJUA, n.º 16/16, 2001, pp. 9 ss. (= in Textos
Dispersos de Direito do Ambiente, I, Lisboa: AAFDL, 2008,
pp. 141-174; IDEM, Risco e Modificação do Acto Autorizativo
22 Concretizador de Deveres de Protecção do Ambiente, Coimbra: 23
(d) A população de Belmonte também invoca ter sido lesada
[4] no seu direito fundamental ao ambiente.
(e) Constantino entende que António e a população de
II. AMBIENTE E DIREITO. Belmonte, na melhor das hipóteses, poderiam exigir o
VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM cumprimento das formalidades procedimentais prévias à
autorização da instalação fabril e ser ouvidos no decurso
[2. O direito ao ambiente como direito fundamental] desse procedimento, o que ocorreu.
(f) António e a população de Belmonte alegam que
(A) Exercícios Constantino incumpriu o seu dever fundamental de
respeitar o ambiente.
1. Debate: perante a questão «é possível falar-se num direito (g) Constantino considera que aquele dever não se encontra
fundamental ao ambiente?», os alunos da turma deverão alinhar- densificado na lei, pelo que dele não resultam vinculações
se, de livre vontade, de um dos seguintes lados: (i) sim; (ii) não; concretas para a sua atividade, acrescentando ainda que a
(iii) posições ecléticas. Serão solicitadas intervenções iniciais de proteção do ambiente é tarefa do Estado e não sua.
cada uma das bancadas e, a partir daí, seguir-se-á o contraditório. (h) Instado a atuar, o Ministério do Ambiente, do
Ordenamento do Território e da Energia afirma que essa
2. A autonomização do direito fundamental ao ambiente reforça obrigação pertence ao Município de Belmonte; este, por
ou enfraquece a dualidade dogmática entre direitos, liberdades e sua vez, responde que a obrigação é do Estado.
garantias e direitos económicos, sociais e culturais pressuposta (i) Em desespero, António apela a que a fábrica seja
na nossa Constituição? encerrada em nome das futuras gerações de Belmonte.

3. António Ar-Limpo explora uma quinta ecológica em Belmonte. (B) Fontes Normativas
Nas redondezas, Constantino Indústria-Pesada instalou uma
siderurgia, cuja poluição levou terá conduzido à destruição de • CRP: alínea d) do artigo 9.º, alínea a) do n.º 3 do artigo
algumas espécies de flora e fauna da quinta ecológica de António, 52.º e artigo 66.º
inquinou a qualidade da água naquela zona e causou ainda, • CDFUE: artigo 37.º
segundo o próprio, o desenvolvimento de condição asmática nos
• Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [Lei de Bases da Política
filhos de António. Analise a relevância jus-constitucional desta
de Ambiente]: artigos 5.º a 8.º
situação, tomando em consideração que:
(a) António invoca que o seu direito fundamental ao ambiente
(C) Bibliografia
foi violado por Constantino; este contra-argumenta que
António não pode arrogar-se qualquer direito subjetivo.
Sobre as dimensões constitucionais da tutela ambiental
(b) António queixa-se, concretamente, da destruição de um
em Portugal e as possibilidades de autonomização de um
pomar e da morte de 2 avestruzes e 5 cabras-anãs.
«direito fundamental ao ambiente», cfr. TIAGO ANTUNES,
(c) António queixa-se ainda da deterioração geral da saúde
«Um Direito, mas também um Dever» in Estudos em Memória
24 dos seus filhos. 25
do Prof. Doutor António Marques dos Santos, II, Coimbra: Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 35-60; RUI MEDEIROS, «O ambiente na
Coimbra Editora, pp. 645-662 (= in Pelos Caminhos Jurídicos Constituição» in RDES, 1993, pp. 377-400; JORGE MIRANDA, «A
do Ambiente. Verdes Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 15- Constituição e o Direito do Ambiente» in Direito do Ambiente
34); LUÍS CARLOS BATISTA, «O Direito Subjetivo ao Ambiente: (coord. FREITAS DO AMARAL/MARTA TAVARES DE ALMEIDA),
um artifício legislativo e jurisdicional», in RDAOT, n.os 16/17 Lisboa: INA, 1994, pp. 353-373; RUI MEDEIROS, «O Ambiente
(2010), PP. 145-170; GOMES CANOTILHO (coord.), Introdução ao na Constituição» in RDES, n.os 1/2/3/4 (1993), pp. 377-400;
Direito do Ambiente, Lisboa: Universidade Aberta, 1998, pp. PAULO CASTRO RANGEL, Concertação, Programação e Direito
67-76; IDEM, «O Direito ao Ambiente como Direito Subjetivo» do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 1994, pp. 7-46; VASCO
in Estudos sobre Direitos Fundamentais, Coimbra: Coimbra PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de Direito do
Editora, 2004, pp. 177-189; IDEM, «Direito Constitucional Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp. 84-102; IDEM, «Direito
Ambiental Português: tentativa de compreensão de 30 anos salpicado de azul e verde», in Estudos em Homenagem ao
das gerações ambientais no direito constitucional português» Prof. Doutor Armando Marques Guedes, Lisboa: FDUL, 2004,
in Temas de Integração, n.º 21 (1.º semestre 2006), pp. 23-33; pp. 839-876; IDEM, A Cultura a que tenho Direito – Direitos
GOMES CANOTILHO/VITAL MOREIRA, Constituição da República Fundamentais e Cultura, Coimbra: Almedina, 2007, pp. 113-
Portuguesa Anotada, I, 4.ª ed., Coimbra: Coimbra Editora, 2007, 133; Sobre o artigo 37.º da CDFUE, cfr. ALEXANDRA ARAGÃO,
pp. 841-853; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental «Anotação ao artigo 37.º», in Carta dos Direitos Fundamentais
e Contencioso Administrativo (Da Legitimidade Processual da União Europeia Comentada, Coimbra: Almedina, 2014, pp.
e das Suas Consequências), Stvdia Iridica, 29, Coimbra: 447-458.
Coimbra Editora, 1997, pp. 77-93; IDEM, Direito Constitucional
e Administrativo do Ambiente, 2.ª ed., Coimbra: Almedina,
2007, pp. 16-18, 35-42; IDEM, A Reinvenção da Autorização
Administrativa no Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra
Editora, 2014, pp. 309-323; ELIZABETH FERNANDEZ, Direito ao
Ambiente e Propriedade Privada (Aproximação ao Estudo da
Estrutura de das Consequências das Leis-Reserva portadoras
de vínculos ambientais), Stvdia Ivridica, 57, Coimbra: Coimbra
Editora, 2001, pp. 17-57; MARIA DA GLÓRIA GARCIA/GONÇALO
MATIAS, «Anotação ao artigo 66.º» in (MIRANDA/MEDEIROS,
Constituição Portuguesa Anotada, I, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2010, pp. 1340-1355; CARLA AMADO GOMES, Risco e
Modificação do Acto Autorizativo Concretizador de Deveres de
Protecção do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2007, pp.
98-217; IDEM, «Constituição e Ambiente: errância e simbolismo»
in O Direito, ano 138.º 2006, IC, pp. 817-834 (= in Textos
Dispersos de Direito do Ambiente, II, Lisboa: AAFDL, 2008,
26
pp. 21-45); IDEM, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., 27
aspeto devidamente levado em conta durante o procedimento de
[5] avaliação de impacte ambiental. Quid iuris?

II. AMBIENTE E DIREITO. 2. Comente a seguinte afirmação: «Mas de relações multilaterais


VERDES SÃO TAMBÉM OS DIREITOS DO HOMEM se trata também quando falamos de novos direitos subjetivos em
matéria de ambiente. São situações que, em regra, através de um
[3. As relações jurídicas multilaterais de Direito do Ambiente] ato administrativo com efeito em relação a terceiros não é criada
apenas uma relação unidimensional entre os destinatários do
(A) Exercícios ato e o Estado, mas sim uma relação triangular, que tem de um
lado o Estado e que, do lado dos cidadãos, abrange dois afetados
1. Imagine que a ALAMBI – Associação para o Estudo e – um que é beneficiado pelo Estado e outro que é prejudicado
Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer pretende propor, de forma correspondente a esse benefício» (VASCO PEREIRA DA
ao abrigo do artigo 10.º da Lei n.º 35/98, de 18 de julho, uma SILVA, Em Busca do Acto Administrativo Perdido, Coimbra:
ação judicial contra a empresa farmacêutica Y, pedindo a Almedina, 1996, p. 275).
condenação desta a abster-se de exercer qualquer atividade na
sua unidade fabril de Alenquer e, bem assim, uma indemnização 3. Identifique as principais entidades públicas com competências
correspondente aos danos que invoca. Trata-se de uma unidade do domínio ambiental em Portugal e pronuncie-se,
localizada a pouco metros de uma escola primária, sendo panoramicamente, sobre o modelo de organização administrativa
certo que, para além da competente licença de construção e portuguesa em matéria de ambiente.
de produção, a mesma foi sujeita a procedimento de avaliação
de impacte ambiental e possui uma licença ambiental válida. (B) Fontes Normativas
Não obstante, a Associação alega que (i) a atividade daquela
unidade liberta gases tóxicos que são nocivos para a saúde; (ii) • Decreto-Lei n.º 17/2014, de 4 de fevereiro [Lei Orgânica
a libertação de tais gases, importando a rarefação do oxigénio, do MAOTE]
afeta a capacidade de concentração e de compreensão dos • Decreto-Lei n.º 56/2012, de 12 de março [criação da
alunos da escola primária; (iii) o ruído resultante da entrada e APA, I.P.]2
saída de camiões de transporte dos produtos farmacêuticos ali
produzidos produz igualmente efeitos sobre a salubridade e (C) Bibliografia
segurança dos alunos da escola primária. Nestes termos, invoca
a violação do n.º 1 do artigo 66.º da CRP, do artigo 5.º da Lei Sobre as relações jurídicas multilaterais, em geral, cfr.
n.º 19/2014, de 14 de abril, do n.º 1 do artigo 70.º do Código MAFALDA CARMONA, O Acto Administrativo Conformador de
Civil e, ainda, do artigo 1347.º do mesmo Código. A empresa Relações de Vizinhança, Almedina, 2011, passim; FRANCISCO
Y escuda-se, por sua vez, nas licenças de que dispõe, referindo,
em especial, que (i) toda a sua atividade se enquadra dentro dos
limites inscritos na licença ambiental que possui e que (ii) a 2
Os Estatutos da APA foram aprovados constam em Anexo à Portaria n.º
28 localização da sua unidade fabril junto da escola primária foi um 180/2013, de 15 de março. 29
PAES MARQUES, As Relações Jurídicas Administrativas
Multipolares, Coimbra: Almedina, 2011, passim, esp.te pp. 23- [6]
100; VASCO PEREIRA DA SILVA, Em Busca do Acto Administrativo
Perdido, Coimbra: Almedina, 1996, pp. 149-297. Sobre as III. AMBIENTE DE PROCEDIMENTO.
relações jurídicas multilaterais em matéria ambiental, PROCEDIMENTO DE AMBIENTE
cfr. LUÍS FILIPE COLLAÇO ANTUNES, Luís Filipe Colaço, Direito
Público do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2008, pp. 109-119; [1. Procedimento e participação ambientais 2. A participação
FILIPA CALVÃO, «Direito ao Ambiente e Tutela Processual das no procedimento legislativo de ambiente 3. A participação no
Relações de Vizinhança» in Estudos de Direito do Ambiente» procedimento administrativo para defesa do ambiente]
Porto, UCP, 2003, pp. 193-234; GOMES CANOTILHO, «Actos
Autorizativos Jurídico-Públicos e Responsabilidade por Danos (A) Exercícios
Ambientais» in BFDUC, vol. LXIX, 1993, pp. 1-69; IDEM,
«Relações Jurídicas Poligonais, Ponderação Ecológica de Bens 1. António, residente no concelho X, pretende informar-se sobre
e Controlo Judicial Preventivo» in RJUA, n.º 1, 1994, pp. 55- os aspetos técnicos e jurídicos do licenciamento e laboração de
66; IDEM, «Electrosmog e Relações de Vizinhança Ambiental – um conjunto de unidades industriais do seu concelho. Dirige,
Primeiras Considerações» in Revista do CEDOUA, n.º 10, ano V, para o efeito, em 3 de março de 2015, um pedido de informação
2002, pp. 9-12; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental ao CCDR territorialmente competente, no qual requer o acesso,
e Contencioso Administrativo (Da Legitimidade Processual e mediante fotocópia, aos documentos administrativos que
das Suas Consequências), Stvdia Iridica, 29, Coimbra: Coimbra constam dos respetivos processos de licenciamento, incluindo os
Editora, 1997, pp. 315-332; IDEM, Direito Constitucional e pareceres de todas as entidades administrativas intervenientes.
Administrativo do Ambiente, 2.ª ed., Coimbra: Almedina, 2007, A. requer ainda que todas as fotocópias lhe sejam enviadas
pp. 43-58; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito – pelo correio para a sua residência. Requereu ainda informação
Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp. sobre se tinha sido ou não aplicada uma coima à Padaria Y por
106-122. Sobre a evolução e o quadro atual da organização violação do regime jurídico da gestão dos resíduos industriais.
administrativa portuguesa em matéria de ambiente, cfr. Na resposta, que indeferiu todos os seus pedidos, foi-lhe
FREITAS DO AMARAL, «Lei de Bases do Ambiente e Lei das indicado que: (a) António não tinha sequer indicado qual a razão
Associações de Defesa do Ambiente» in Direito do Ambiente, por que pretendia os documentos, pelo que não podia ajuizar da
Lisboa: INA, 1994, pp. 367-376; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO sua legitimidade; (b) as informações pretendidas respeitavam à
DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito vida interna das empresas em causa; (c) alguns documentos que
do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 327-336. constavam dos processos não tinham sequer sido elaborados pela
Administração, mas sim pelos privados licenciados; (d) algumas
unidades não tinham sequer sido licenciadas pela CCDR, pelo
que não era competente.
(a) António pretende agora reagir. Quid iuris?
(b) Imagine que em vez de António se tratava da «Associação
30 Beira Interior Limpa». Haveria especialidades? 31
2. Analise e comente o Acórdão do Tribunal Constitucional n.º (C) Bibliografia
136/2005, de 15 de março de 2005.
Sobre os direitos procedimentais de participação e acesso
3. Comente, sob a perspetiva do princípio da estabilidade dos à informação em matéria de ambiente, cfr., em geral, LUÍS
atos administrativos, a seguinte afirmação: «[A] autorização FILIPE COLLAÇO ANTUNES, O Procedimento Administrativo de
ambiental não funciona mais como um escudo de proteção do Avaliação de Impacto Ambiental, Coimbra: Almedina, 1998,
operador contra a possibilidade de modificações futuras, não pp. 107-298; GOMES CANOTILHO, «Procedimento Administrativo
podendo este confiar na manutenção imodificada da sua posição e Defesa do Ambiente» in RLJ, ano 123.º, n.º 3794 (pp. 134-
jurídica na medida em que os riscos de tais modificações – ou 137), n.º 3795 (pp. 168-171), n.º 3798 (pp. 261-270), n.º 3799
mesmo, em situações limite, da revogação do ato autorizativos (pp. 289-293), n.º 3800 (pp. 325-326) e ano 124.º, n.º 3802 (pp.
– deixaram de correr por conta da Administração autorizadora 7-10); IDEM (coord.) Introdução ao Direito do Ambiente, Lisboa:
para passarem a incidir sobre o sujeito autorizado» (FIGUEIREDO Universidade Aberta, 1998, pp. 115-128; IDEM, «Constituição
DIAS, A reinvenção da autorização administrativa no Direito do e Tempo Ambiental» in Revista do CEDOUA, n.º 2, 1999, pp.
Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, p. 1045). Concretize 9-14; JOSÉ LUCAS CARDOSO, «Sobre o direito das Organizações
esta afirmação em institutos específicos do Direito do Ambiente não Governamentais de Ambiente à Informação Administrativa»,
e, bem assim, no domínio do Direito Administrativo Geral. in RDAOT, n.º 11 (2004), pp. 47-63; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO
DIAS, Direito Constitucional e Administrativo do Ambiente, 2.ª
(B) Fontes Normativas ed., Coimbra: Almedina, 2007, pp. 59-67; IDEM, A Reinvenção da
Autorização Administrativa no Direito do Ambiente, Coimbra:
• Convenção sobre Acesso à Informação, Participação do Coimbra Editora, 2014, pp. 869-897; CARLA AMADO GOMES, «O
Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso à Justiça Direito à Informação Ambiental: velho direito, novo regime.
em Matéria de Ambiente [Convenção de Aarhus] (1998) Breve notícia sobre a Lei 19/2006, de 12 de junho» in Revista do
• Diretiva 2003/4/CE do Parlamento Europeu e do Conselho Ministério Público, n.º 109, 2007, pp. 5-21 (= in Textos Dispersos
[Acesso do Público às Informações sobre Ambiente] de Direito do Ambiente, II, Lisboa: AAFDL, 2008, pp. 81-99);
IDEM, «A caminho de uma ecocidadania: notas sobre o direito
• Diretiva 2003/35/CE do Parlamento Europeu e do à informação ambiental. Anotação ao Acórdão do Tribunal
Conselho [Participação do Público na Elaboração de Constitucional n.º 136/05» in Jurisprudência Constitucional,
certos Planos e Programas relativos ao Ambiente] n.º 9 (janeiro-março 2006), pp. 3-26 (= in Direito do Ambiente.
• Lei n.º 35/98, de 18 de julho [Estatuto das Organizações Anotações Jurisprudenciais Dispersas, e-book, Lisboa: ICJP,
Não Governamentais do Ambiente] 2013, pp. 59-73); IDEM, «Participação Pública e Defesa do
Ambiente: um silêncio crescentemente endurecedor. Monólogo
• Lei n.º 19/2006, de 12 de junho [Acesso à Informação com jurisprudência em fundo» in CJA, n.º 77, 2009, pp. 3-23 (=
Administrativa sobre Ambiente] in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, III, Lisboa: AAFDL,
• Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto [Lei de Acesso aos 2010, pp. 239-261; VASCO PEREIRA DA SILVA, Em Busca do Acto
Documentos Administrativos] Administrativo Perdido, Coimbra: Almedina, 1996, pp. 301-442:
32
IDEM, Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, 33
• CPA: artigo 167.º
Coimbra: Almedina, 2002, pp. 123-153. Sobre a precarização
dos atos autorizativos em matéria ambiental, cfr., em especial, [7]
CARLA AMADO GOMES, Risco e Modificação do Acto Autorizativo
Concretizador de Deveres de Protecção do Ambiente, Coimbra: III. AMBIENTE DE PROCEDIMENTO.
Coimbra Editora, 2007, pp. 515-749; IDEM, Da aceitação de um PROCEDIMENTO DE AMBIENTE
regime de modificação do acto administrativo por alteração
superveniente dos pressupostos, e do controlo jurisdicional desta [4. O procedimento administrativo de avaliação de impacte
competência: pistas de reflexão, in ROA, ano 67, n.º 3 (dezembro ambiental]
2007), pp. 1041-1090; IDEM, Introdução ao Direito do Ambiente,
2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 122-125; JOSÉ EDUARDO (A) Exercícios
FIGUEIREDO DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa
no Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 1. A Geladinha, SA pretende construir uma nova central de
400-598, 979-1158. produção de cerveja, com capacidade para produzir até 100
toneladas/dia. O presidente do Conselho de Administração
da empresa procura o seu aconselhamento jurídico sobre os
seguintes aspetos:
(a) Será necessário levar a cabo um procedimento de
avaliação de impacte ambiental (AIA)? E se a central se
localizar numa zona de proteção especial (ZPE) de aves
migratórias?
(b) Admitindo que o projeto está sujeito a AIA, é possível
obter a respetiva dispensa? Em que termos?
(c) Imaginando que o procedimento de AIA efetivamente se
realiza, quem deve proceder à elaboração do estudo de
impacte ambiental (EIA)?
(d) Tendo a Comissão de Avaliação solicitado, já por três
vezes, elementos adicionais, bem como a reformulação
do resumo não técnico (RNT), sem que haja meio de se
pronunciar efetivamente sobre a conformidade do EIA,
pode a Geladinha, SA recorrer, para este efeito, a uma
entidade acreditada?
(e) Uma semana após a decisão sobre a conformidade do
EIA, a Autoridade de AIA publicitou o procedimento
e submeteu-o a consulta pública pelo prazo de 15 dias.
Quid iuris?
34 35
(f) Pode a Autoridade de AIA propor modificações ao Marina. Deve esta alteração ao PDM ser submetida a
projeto? avaliação ambiental?
(g) Imagine que já decorreram três meses desde que o EIA (f) Imagine que a área para onde a Marina se irá expandir
foi recebido pela Autoridade de AIA. Quid iuris? está classificada como uma zona especial de conservação
(h) Se a Autoridade de AIA tiver proposto a emissão de uma (ZEC) de um habitat prioritário. Que implicações daí
declaração de impacte ambiental (DIA) desfavorável, decorrem para efeitos de avaliação ambiental?
pode o Ministro do Ambiente decidir, ao invés, emitir (g) Se durante as obras de alargamento da Marina se
uma DIA favorável condicionada ao cumprimento de verificarem impactes ambientais adversos significativos,
uma série de medidas de minimização e compensação de não previstos, o que pode a Autoridade de AIA fazer?
impactes ambientais?
(i) Em alternativa, imagine que o Ministro do Ambiente 3. Comente, sob a perspetiva da natureza jurídica da declaração
emite uma DIA favorável mas, passados alguns meses, de impacte ambiental, o Acórdão do TCA Norte, de 12 de junho
pretende alterá-la no sentido de viabilizar o projeto de 2008 (Proc. n.º 0098/07.1BECBR).
na condição de este cumprir uma série de medidas de
minimização e compensação de impactes ambientais. É 4. Análise e comparação de duas DIA’s (a fornecer aos alunos).
possível?
(j) Se a DIA (favorável condicionada) tiver sido emitida em (B) Fontes Normativas
relação a um anteprojeto, pode a autoridade competente,
em seguida, licenciar a central de produção de cerveja? • Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do
(k) Imagine agora que já decorreram 5 anos desde a emissão Conselho, de 13 de dezembro de 2011 [Avaliação dos
da DIA e o projeto ainda não avançou. Quid iuris? Poderá Efeitos de determinados projetos públicos e privados no
ser feita alguma coisa para salvar este projeto? ambiente]3
• Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro [Regime da
2. A Lusotur, concessionária da Marina de Vilamoura, pretende Avaliação de Impacte Ambiental]
alargar a sua capacidade máxima, das atuais 1.000 embarcações
para 1.150 embarcações. • Convenção sobre Avaliação dos Impactes Ambientais num
(a) Imaginando que a Marina de Vilamoura já foi objeto de Contexto Transfronteiras [Convenção Espoo] (1991)4
AIA, será necessário realizar nova AIA relativamente a • Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [Lei de Bases da Política
este alargamento? de Ambiente]: artigo 18.º
(b) Admitindo que sim, quem será a Autoridade de AIA?
(c) Deve a Lusotur apresentar uma proposta de definição do
âmbito (PDA) do EIA?
(d) Imagine que o alargamento da Marina é incompatível
com o disposto no PDM de Loulé. Quid iuris?
3
(e) Em alternativa, imagine que o PDM de Loulé é alterado Já alterada pela Diretiva 2014/52/UE do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 16 de abril de 2014 (existe versão consolidada).
36
cirurgicamente de modo a permitir o alargamento da 4 37
Aprovada pelo Decreto n.º 59/99, de 17 de dezembro.
(C) Bibliografia Internacional e Europeu, Porto, UCP, 2000, pp. 117-337; IDEM,
«O Princípio da Avaliação de Impacto Ambiental» in Estudos de
Sobre a AIA e a DIA, antes do regime jurídico de 2013, cfr. Direito do Ambiente, Porto: UCP, 2003, pp. 135-148; MANUEL
LUÍS FILIPE COLLAÇO ANTUNES, «O acto de avaliação de impacto DE ALMEIDA RIBEIRO/JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS/MARIA ANA
ambiental entre discricionariedade e vinculação: velhas fronteiras BARRADAS, Regime Jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental
e novos caminhos procedimentais da discricionariedade em Portugal – Comentário, Coimbra: CEDOUA/Almedina,
administrativa» in RJUA, n.º 2 (Dezembro 1991), pp. 51- 2002, passim; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito –
75; IDEM, O Procedimento Administrativo de Avaliação de Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp.
Impacto Ambiental, Coimbra: Almedina, 1998, pp. 585-735; 153-173. Sobre a AIA e a DIA, já depois do regime jurídico
ALEXANDRA ARAGÃO, «Âmbito de aplicação do Procedimento de de 2013, cfr. TIAGO ANTUNES, «A decisão do procedimento de
Avaliação de Impacte Ambiental – considerações a propósito avaliação de impacto ambiental» in Revisitando a Avaliação de
das instalações de gestão de resíduos» in Revista do CEDOUA, Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 207-286
1, ano I, 1998, pp. 37-51; IDEM, «A Avaliação Europeia de (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Textos, I,
Impacte Ambiental: a sina belga e a ventura lusa» in Revista Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 555-619); CARLA AMADO GOMES, «A
do CEDOUA, 3, ano II, 1999, pp. 97-113; ALEXANDRA ARAGÃO/ dinâmica da Declaração de Impacto Ambiental (e da decisão
JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS/MARIA ANA BARRADAS, «Presente de conformidade do RECAPE)», in Revisitando a Avaliação de
e Futuro da AIA em Portugal» in Revista do CEDOUA, 1, ano Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 287-313
I, 1998, pp. 89-110; IDEM, «O novo regime da AIA: a avaliação (= Textos Dispersos de Direito do Ambiente, vol. IV, Lisboa:
de previsíveis impactes legislativos» in Revista do CEDOUA, AAFDL, 2014, pp. 403-432; CARLA AMADO GOMES, Introdução
5, ano III, 2000, pp. 71-91; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, «O ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAAFDL, 2014, pp.
Deferimento Tácito da DIA – mais um repto à alteração do 141-168; LUDWIG KRÄMER, «Environment impact assessment in
regime vigente» in Revista do CEDOUA, 8, ano IV, 2001, pp. EU law – balance and perspectives», in Revisitando a Avaliação
69-92; Direito Constitucional e Administrativo do Ambiente, 2.ª de Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 7-22;
ed., Coimbra: Almedina, 2007, pp. 87-97; PEDRO GASPAR, «A RUI LANCEIRO, «A instrução do procedimento de AIA – uma
Avaliação de Impacto Ambiental» in RJUA, n.º 14 (Dezembro primeira análise do novo RJAIA», in Revisitando a Avaliação
2000), pp. 83-143; CARLA AMADO GOMES, «A Avaliação de de Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 146-
Impacto Ambiental e os seus Múltiplos» in Estudos de Direito 206; ANA FERNANDA NEVES, «O âmbito de aplicação da avaliação
do Ambiente e de Direito do Urbanismo, e-book, Lisboa: ICJP, de impacto ambiental», in Revisitando a Avaliação de Impacto
2011, pp. 57-90 (= in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 112-145; JORGE
III, Lisboa: AAFDL, 2010, pp. 291-329); DULCE LOPES, PAÇÃO, «A Avaliação de Impacto Ambiental e o princípio
«Avaliação de Impactes: que sistema para que problema?» in da imparcialidade», in Revisitando a Avaliação de Impacto
Revista do CEDOUA, 14, ano VII, 2004, pp. 93-114; CATARINA Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 72-95. Para um
MORENO PINA, Os Regimes de Avaliação de Impacte Ambiental recolha jurisprudencial sobre o regime da AIA em Portugal,
e de Avaliação Ambiental Estratégica, Lisboa: AAFDL, 2011, cfr. ESPERANÇA MEALHA, «A jurisprudência portuguesa sobre
pp. 49-230; MÁRIO DE MELO ROCHA, A Avaliação de Impacto AIA», in Revisitando a Avaliação de Impacto Ambiental, e-book,
38
Ambiental como Princípio do Direito do Ambiente nos quadros Lisboa: ICJP, 2014, pp. 47-61. 39
(j) Pode a LA fixar um VLE para o dióxido de carbono
[8] (CO2)?
(k) A fixação dos VLEs para a instalação em causa deve
IV. VERDE AGIR: basear-se em quê?
FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL (l) O que são as MTDs?
(m) Pode a LA ser emitida pelo prazo de 15 anos?
[1. A licença ambiental e os procedimentos complexos de (n) Imagine que, no decurso da vigência da LA, são revistas
licenciamento da atividade económica] (e tornadas mais exigentes) as MTDs relativas à atividade
cerâmica. Quid iuris?
(A) Exercícios (o) Imagine que a Telhas & Tijolos, Lda. pretende alienar
a fábrica em questão à Azulejos & Ladrilhos, SA. Quid
1. A Telhas & Tijolos, Lda. pretende construir uma instalação de iuris?
fabrico de produtos cerâmicos por aquecimento, com capacidade
de produção de 100 toneladas/dia, capacidade de forno de 10 m3 2. A Agricultura com Pujança, Lda. pretende instalar uma fábrica
e uma densidade de carga enformada por forno de 500 kg/m3. O de adubos orgânico-minerais, com capacidade para processar
gerente da empresa procura o seu aconselhamento jurídico sobre mais de 5.000 toneladas de nitrato de potássio em forma
os seguintes aspetos: cristalina. O gerente da empresa procura o seu aconselhamento
(a) Será necessário obter uma licença ambiental (LA)? jurídico sobre os seguintes aspetos:
(b) Admitindo que sim, é possível excluir o procedimento de (a) Será necessário levar a cabo um procedimento de
licenciamento ambiental? Em que termos? avaliação de impacte ambiental (AIA)?
(c) Imaginando que o procedimento de licenciamento (b) Será necessário obter uma licença ambiental (LA)?
ambiental efetivamente se realiza, a quem deve o pedido (c) Será necessário elaborar um relatório de segurança? Em
ser apresentado? E quem é competente para a emissão da que momento e por quem deverá o relatório de segurança
LA? ser aprovado? Qual a consequência da falta de aprovação
(d) Pode o pedido de LA ser liminarmente indeferido? Em do relatório de segurança?
que circunstâncias? (d) Pode a LA ser solicitada antes da emissão da DIA ou
(e) Onde e durante quanto tempo deve o pedido de LA ser antes da aprovação do relatório de segurança? Como se
divulgado e disponibilizado para efeitos de participação articulam estes procedimentos?
do público? (e) Com que fundamentos pode o pedido de LA ser
(f) Pode a instalação ser autorizada antes de emitida a LA? indeferido?
(g) Imagine que já decorreram três meses desde que o pedido (f) Pode a AIA decorrer em simultâneo com o procedimento
de LA foi recebido pela entidade competente para a sua de licenciamento ou autorização da instalação?
emissão, sem que a LA tenha sido emitida. Quid iuris? (g) Para efeitos do regime aplicável às atividades industriais,
(i) A LA fixa valores-limite de emissão (VLEs) relativamente qual a tipologia do estabelecimento em causa? E a que
a que substâncias poluentes? tipo de procedimento de controlo prévio fica sujeito?
40 41
(h) Pode o estabelecimento em causa ser objeto de um (B) Fontes Normativas
procedimento de autorização prévia padronizada?
Admitindo que sim, isso abrange o procedimento de AIA • Diretiva 2010/75 do Parlamento Europeu e do Conselho,
e de aprovação do relatório de segurança? de 24 de novembro de 2010 [Emissões Industriais
(i) Com que fundamentos pode o pedido de autorização da (Prevenção e Controlo Integrados da Poluição)]
instalação ser indeferido? • Decreto-Lei n.º 127/2013, de 30 de agosto [Prevenção e
(j) Pode a instalação ser autorizada antes de obtida respetiva Controlo Integrado da Poluição – Licença Ambiental –
LA? Outros]
3. A Lazer é bom, S.A. pretende construir, na costa alentejana, • Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto [SIR – Sistema
um empreendimento turístico com capacidade para 250 camas da Indústria Responsável]
e um campo de golfe de 18 buracos. O presidente do Conselho • Decreto-Lei n.º 254/2007, de 12 de julho [Regime de
de Administração da empresa procura o seu aconselhamento Prevenção de Acidentes Graves que envolvam substâncias
jurídico sobre os seguintes aspetos: perigosas]
(a) Será necessário levar a cabo um procedimento de
avaliação de impacte ambiental (AIA)? • Decreto-Lei n.º 154/2013, de 5 de novembro [Projetos
(b) Será necessário obter uma licença ambiental (LA)? PIN]
(c) Imagine que o projeto em questão envolve um investimento • Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [Lei de Bases da Política
de 20 milhões de euros e criará 125 postos de trabalho de Ambiente]: artigo 19.º
diretos. Pode ser reconhecido como projeto PIN?
(d) Admitindo que sim, quais os efeitos jurídicos e as (C) Bibliografia
implicações procedimentais desse reconhecimento?
(e) Sendo o projeto reconhecido como PIN, é automaticamente Sobre a Licença Ambiental, cfr., em geral (perante diferentes
dispensada a AIA? versões do seu regime jurídico), cfr. PEDRO DELGADO ALVES,
«O novo regime jurídico do licenciamento ambiental» in O que
4. Como qualificaria a Licença Ambiental sob o ponto de vista há de novo no Direito do Ambiente?, Lisboa: AAFDL, 2009,
jurídico? pp. 193-233; ALEXANDRA ARAGÃO, «A PCIP: Alguns Aspectos
Jurídico-Económicos» in Revista do CEDOUA, 8, ano IV,
5. O que significa a expressão Melhores Técnicas Disponíveis 2001, pp. 19-35; RAQUEL CARVALHO, «Licença Ambiental como
(MTD) e qual a sua relevância no domínio dos procedimentos Procedimento Autorizativo» in Estudos de Direito do Ambiente,
autorizativos ambientais? Porto: UCP, 2003, pp. 235-266; IDEM, «O Novo Regime da
Licença Ambiental» in O Direito, ano 141, III, 2009, pp. 611-
6. Todos os projetos sujeitos a AIA estão sujeitos a Licença 623; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, «A Licença Ambiental
Ambiental? no Novo Regime da PCIP» in Revista da CEDOUA, 7, ano IV,
2001, pp. 65-82; IDEM, Direito Constitucional e Administrativo
42
7. Análise de uma Licença Ambiental (a fornecer aos Alunos). do Ambiente, 2.ª ed., Coimbra: Almedina, 2007, pp. 97-99; 43
IDEM, A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito
do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 1198-1233; [9]
CARLA AMADO GOMES, «O Licenciamento Ambiental. Panorâmica
Geral e detecção de alguns nódulos problemáticos decorrentes da IV. VERDE AGIR:
articulação necessária com outros procedimentos autorizativos» FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL
in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, II, Lisboa: AAFDL,
2008, pp. 303-341; IDEM, «O Procedimento de Licenciamento [2. A contratação pública em matéria de ambiente]
Ambiental Revisitado» in Estudos de Direito do Ambiente e de
Direito do Urbanismo, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, pp. 123- (A) Exercícios
162 (= in Actualidad Jurídica Ambiental, 30 de julio de 2010,
pp. 1-29); IDEM, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., 1. A ASP – Associação dos Suinicultores de Portugal celebrou
Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 186-207; VASCO PEREIRA DA SILVA, com os Ministérios do Ambiente e da Agricultura um contrato
Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: definindo normas de descarga mais exigentes do que aquelas que
Almedina, 2002, pp. 192-209. Sobre o conceito de Melhores se encontram estabelecidas, em geral, na lei em vigor.
Técnicas Disponíveis e a relevância da dimensão técnica nos (a) A Bacorinho & Filhos, Lda. aderiu a este contrato, mas
atos de licenciamento ambientais, cfr., em especial, TIAGO continua a realizar as suas descargas para a ribeira dos
ANTUNES, O Ambiente entre o Direito e a Técnica, Lisboa: milagres, em Leiria, nos mesmos termos em que o fazia
AAFDL, 2003, passim e pp.71-89; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO anteriormente.
DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito (b) A Black Pigs, Lda. não aderiu a este contrato e não
do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 818-838, pretende ficar vinculada pelas novas (e mais exigentes)
1129-1137; CARLA AMADO GOMES, Risco e Modificação do normas de descarga.
Acto Autorizativo Concretizador de Deveres de Protecção do
Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2007, pp. 423-508; IDEM, 2. A FITIR – Federação da Indústria das Tintas e Resinas
Introdução do Direito Administrativo, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, celebrou com os Ministérios do Ambiente e da Economia um
2014, pp. 119-122; Sobre o regime de licenciamento industrial contrato definindo o prazo de 10 anos para os estabelecimentos
e suas repercussões no domínio ambiental, TIAGO ANTUNES, do setor cumprirem as normas de descarga estabelecidas na lei
«Como REAgIr ao REAI? Reflexões em torno do nóvel Regime em vigor, bem como normas de descarga transitórias a aplicar ao
de Exercício da Actividade Industrial» in O que há de novo no setor ao longo desses 10 anos.
Direito do Ambiente, Lisboa: AAFDL, 2009, pp. 97-161 (= in (a) A Tintas da China, Lda aderiu a este contrato, mas
continua a realizar as suas descargas nos mesmos termos
Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Textos, I, Lisboa:
em que o fazia anteriormente, desrespeitando as normas
AAFDL, 2014, pp. 165-220); JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS,
de descarga transitórias.
«O Regime de Exercício da Actividade Industrial e a tutela do
(b) A Tintas & Pintas, Lda aderiu a este contrato e, como
ambiente – breve apontamento» in Estudos em Homenagem tal, tenciona ao longo dos próximos 10 anos cumprir
ao Prof. Doutor José Joaquim Gomes Canotilho, IV, Coimbra: apenas as normas de descarga transitórias, apesar de estar
Coimbra Editora, 2012, pp. 227-252. prevista para breve a entrada em funcionamento de uma
44 ETAR nas redondezas. 45
3. Pode considerar-se que a existência de contratos de adaptação (B) Fontes Normativas
ambiental constitui uma cedência ao princípio da eficiência em
detrimento do princípio da legalidade? • Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro [Lei da Água]: artigo
96.º
4. O Município de Oliveira do Hospital pretende lançar um • Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto [Qualidade da
concurso público com vista à aquisição de 10 autocarros para Água]: artigos 68.º e 78.º
a sua frota municipal. Pode estabelecer no caderno de encargos
a exigência de que os autocarros sejam movidos a eletricidade, • Diretiva 2014/24 do Parlamento Europeu e do Conselho
por razões ecológicas? Em alternativa, pode consagrar o nível [Contratos Públicos]: em especial, considerandos 37 a
de emissões poluentes dos autocarros como fator ou subfator de 41, 75, 88, 91 a 93, 97, 98, 101, 103, 123, n.º 2 do artigo
avaliação das propostas? 18.º, alínea a) do n.º 3 do artigo 42.º, n.º 3 do artigo 57.º,
artigo 62.º, artigo 67.º, artigo 68.º e artigo 70.º
5. Analise e comente o Acórdão do TJ “Concordia Bus Finland” • Código dos Contratos Públicos: em especial, n.º 7 do
(Proc. C-513/99). artigo 41.º, alínea c) do n.º 5 do artigo 43.º, alínea c) do
n.º 2 e n.º 7 do artigo 49.º, n.os 2 e 3 do artigo 164.º e alínea
6. A Estradas de Portugal, S.A. lançou um concurso público com d) do n.º 1 do artigo 165.º
vista à celebração de um contrato de empreitada de obras públicas
relativo à construção de dois lanços da 3.ª autoestrada Lisboa- (C) Bibliografia
Porto, prevendo expressamente que competirá ao adjudicatário o
cumprimento de todas as exigências legais relativas à avaliação e Sobre os contratos de adaptação e de promoção ambiental,
licenciamento ambiental do projeto. Quid iuris? cfr. TIAGO ANTUNES, O Ambiente entre o Direito e a Técnica,
Lisboa: AAFDL, 2003, pp. 91- 109; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO
7. «Em matéria de Green Public Procurement são fundamentais DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito do
as sinergias entre o Direito dos Contratos Públicos e o Direito Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 930-956; CARLA
do Ambiente: o Direito dos Contratos Públicos reforça AMADO GOMES, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ªed., Lisboa:
os instrumentos do Direito do Ambiente e efetiva os seus AAFDL, 2014, pp. 129-134; MARK KIRKBY, Os Contratos de
mecanismos, por exemplo, quando exige uma avaliação de Adaptação Ambiental, Lisboa: AAFDL, 2001, passim; IDEM, «A
impacto ambiental num procedimento pré-contratual ou quanto Contratualização na Área dos Resíduos» in Direito dos Resíduos,
incentiva a utilização de rótulos ecológicos» (MARIA JOÃO Lisboa: ICJP/ERSAR, 2014, pp. 317-346; MARIA FERNANDA
ESTORNINHO, Curso de Direito dos Contratos Públicos. Por uma MAÇÃS, «Os Acordos Sectoriais como um Instrumento da Política
Contratação Pública Sustentável, Coimbra: Almedina, 2012, Ambiental» in Revista do CEDOUA, 5, ano III, 2000, pp. 37-54;
p. 419). Concretize esta afirmação no contexto do Código dos PAULO CASTRO RANGEL, Concertação, Programação e Direito do
Contratos Públicos e, de forma especial, da Diretiva 2014/24/ Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 1994, pp. 47-101; VASCO
UE. PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de Direito do
Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp. 209-220. Sobre o
46 green public procurement, cfr. SUE ARROSMITH/PETER KUNZLIK 47
(ed.) Social and Envirnomental Policies in EC Procurement Law.
New Directives and New Directions, Cambridge: Cambridge [10]
University Press, 2009, passim; FILIPE BRITO BASTOS, «A escolha
de critérios ambientais de adjudicação de contratos públicos. IV. VERDE AGIR:
Reflexões de Direito Administrativo Nacional e Europeu» paper FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL
on-line, Lisboa: ICJP, 2012; MARIA JOÃO ESTORNINHO, «Green
Public Procurement. Para uma Contratação Pública Sustentável» [3. Os instrumentos de mercado em matéria ambiental
paper Lisboa: ICJP, 2011; IDEM, Curso de Direito dos Contratos 3.1. A ecoetiqueta ou rótulo ecológico
Públicos. Por uma Contratação Pública Sustentável, Coimbra: 3.2. A ecogestão e as ecoauditorias]
Almedina, 2012, pp. 415-442; MIGUEL RAIMUNDO, «A Avaliação
de Impacto Ambiental na Formação e Execução dos Contratos (A) Exercícios
Públicos» in Estudos de Direito do Ambiente e de Direito do
Urbanismo, e-book, Lisboa: ICJP, 2011, pp. 91-123. NUNO 1. Visando promover uma imagem “verde”, fazer o marketing
CUNHA RODRIGUES, A Contratação Pública como Instrumento de ambiental dos seus produtos e, deste modo, aumentar as
Política Económica, Coimbra: Almedina, 2013. respetivas vendas junto dos consumidores mais sensíveis à tutela
da natureza, a Viarco solicitou a atribuição do rótulo ecológico
da UE para os seus lápis de carvão tradicionais.
(a) Imagine que não foram ainda estabelecidos os critérios
de atribuição do rótulo ecológico da UE quanto a lápis de
carvão. Quid iuris?
(b) Quem define os requisitos de avaliação, que permitem
verificar se o produto cumpre ou não os critérios de
atribuição do rótulo ecológico da UE?
(c) A quem deve ser apresentado o pedido de atribuição do
rótulo ecológico da UE? E quem verifica se o produto
cumpre os critérios de atribuição do rótulo ecológico da
UE?
(d) Uma vez verificado o cumprimento dos critérios de
atribuição do rótulo ecológico da UE, de acordo com os
correspondentes requisitos de avaliação, pode a Viarco
imediatamente começar a usar o rótulo ecológico na UE
nos seus lápis?

48 49
2. A SONAE pretende aderir voluntariamente ao Sistema de RDAOT, n.º 1 (1995), pp. 43-46; MÁRIO TAVARES DA SILVA, «O
Ecogestão e Auditoria Ambiental. Rótulo Ecológico Comunitário (REC) e o Eco-Management
(a) O que deve a SONAE fazer para preparar o seu pedido de and Audit Scheme (EMAS). Ensaio sobre a sua qualificação
registo EMAS? Qual o conteúdo deste pedido e a quem jus-administrativa» in RJUA, n.º 31-34, Janeiro/Dezembro
deve ser dirigido? 2009-2010, pp. 303-373 (= in Direito Público sem Fronteiras
(b) Com que frequência deve o registo EMAS ser renovado? (coord. VASCO PEREIRA DA SILVA/INGO SARLET), e-book, Lisboa:
E como? Quais as obrigações da SONAE nos anos ICJP, 2011, pp. 915-985); VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de
intercalares? Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina,
(c) Quem são e o que fazem os verificadores ambientais? 2002, pp. 173-178. Sobre a ecogestão e as ecoauditorias,
Como e por quem são acreditados os verificadores cfr. ANTÓNIO PEDRO ATAZ, «Ecogestão e auditoria ambiental
ambientais? no Direito Comunitário do Ambiente: algumas anotações ao
regulamento (CEE) n.º 1836/93, de 9 de Junho», in RDAOT, n.º 3
(B) Fontes Normativas (1998), pp. 9-38; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, A Reinvenção
da Autorização Administrativa no Direito do Ambiente, Coimbra:
• Regulamento (CE) n.º 66/2010 do Parlamento Europeu Coimbra Editora, 2014, pp. 897-921; CARLA AMADO GOMES/JOSÉ
e do Conselho, de 25 de novembro de 2009 [Sistema de EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, «Notas reflexivas sobre sistemas de
Rótulo Ecológico da UE] gestão ambiental», in Revista do CEDOUA, n.º 31, 2013_I, pp. 9-
• Regulamento (CE) n.º 1221/2009 do Parlamento Europeu 37 (= Textos Dispersos de Direito do Ambiente, vol. IV, Lisboa:
e do Conselho, de 25 de novembro de 2009 [Participação AAFDL, 2014, pp. 201-238; CARLA AMADO GOMES, Introdução
voluntária de organizações num sistema comunitário de ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 230-
ecogestão e auditoria (EMAS)] 231; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de
Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2002, pp. 220-231;
• Decreto-Lei n.º 95/2012, de 20 de abril [Ecogestão e MICHAEL WENK, The European Union’s Eco-Management and
auditoria (EMAS)] Audit Scheme (EMAS), Springer, 2005, passim.
• Lei n.º 19/2014, de 14 de abril [Lei de Bases da Política
de Ambiente]: artigo 20.º

(C) Bibliografia

Sobre o rótulo ecológico, cfr. JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS,


A Reinvenção da Autorização Administrativa no Direito do
Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 921-930;
CARLA AMADO GOMES, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª
ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 228-230; RUY MOURA GUEDES,
«O Rótulo Ecológico», in RDAOT, n.os 6/7 (2001), pp. 121-145;
50 JOÃO ZAGALO LIMA, «Rótulo Ecológico. Situação Europeia», in 51
(k) Imagine que a 1 de abril de 2016 a PORTUCEL ainda
[11] não comunicou à APA as suas emissões de CO2 durante o
ano de 2015. Quid iuris?
IV. VERDE AGIR: (l) Imagine que a 1 de maio de 2016 a PORTUCEL envia
FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL à APA o seu relatório de emissões relativo a 2015, mas
que este foi considerado não satisfatório pelo verificador.
[3. Os instrumentos de mercado em matéria ambiental Quid iuris?
3.3. O comércio europeu de licenças de emissão] (m) Imagine que a 1 de junho de 2016 a PORTUCEL ainda
não devolveu as licenças de emissão correspondentes às
(A) Exercícios suas emissões de CO2 durante o ano de 2015. Quid iuris?
(n) Imagine que a associação “Refrescar o Planeta” pretende
1. A PORTUCEL pretende instalar uma nova fábrica de pasta mitigar o aquecimento global, evitando a emissão de
de papel, com capacidade para produzir 18 toneladas/dia. O 1.500 toneladas de CO2. O que poderá fazer?
presidente do Conselho de Administração da empresa procura o
seu aconselhamento jurídico sobre os seguintes aspetos: (B) Fontes Normativas
(a) Será necessário levar a cabo um procedimento de
avaliação de impacte ambiental (AIA)? • Protocolo de Quioto à Convenção Quadro das Nações
(b) Será necessário obter uma licença ambiental (LA)? Unidas sobre Alterações Climáticas [Protocolo de
(c) Será necessário obter um título de emissão de gases com Quioto] (1998)5
efeito de estufa (TEGEE)? • Protocolo sobre Registos de Emissões e Transferências
(d) Admitindo que é necessário obter um TEGEE, a quem de Poluentes [Protocolo de Kiev] (2003)6
deve o pedido ser apresentado? E quem é competente
• Diretiva 2003/87/CE do Parlamento Europeu e do
para a respetiva emissão? Em que prazo?
Conselho, de 13 de outubro de 20037 [Regime de Comércio
(e) Como se relacionam a LA e o TEGEE?
de Licenças de Emissão de Gases com Efeito de Estufa]
(f) Como se relacionam o TEGEE e as licenças de emissão?
(g) Quantas toneladas de CO2 poderá a nova fábrica emitir? • Decreto-Lei n.º 38/2013, de 15 de março [Comércio de
(h) Terá a PORTUCEL acesso a licenças de emissão a partir Licenças de Emissão de Gases com Efeito de Estufa]
da reserva para novas instalações? E caso estas não sejam
suficientes para perfazer as suas necessidades de emissão
de CO2, como poderá obter mais licenças de emissão?
(i) Até quando poderão essas licenças ser utilizadas?
Poderão ser utilizadas para lá de 2020?
(j) Poderá a PORTUCEL alienar as suas licenças de emissão 5
Aprovado em Portugal através do Decreto n.º 7/2002, de 25 de março.
6
a um hedge fund dinamarquês? Poderá a PORTUCEL Aprovado em Portugal através da Resolução da Assembleia da República n.º
87/2009, de 15 de setembro.
adquirir licenças de emissão a uma sua congénere 7
Alterada pelas Diretivas 2004/101/CE, 2008/101/CE e 2009/29/CE e ainda
52 eslovaca? pelo Regulamento (CE) n.º 219/2009 (existe versão consolidada). 53
(C) Bibliografia 1158-1198. RUTE SARAIVA, A Herança de Quioto em Clima
de Incerteza. Análise Jurídico-Económica do Mercado de
Sobre os pressupostos económicos e jurídico-constitucionais Emissões num Quadro de Desenvolvimento Sustentado, Lisboa:
de um regime de comércio de licenças de emissão, cfr. diss. inédita, 2010, pp. 479-656. Sobre outros instrumentos de
TIAGO ANTUNES, O Comércio de Emissões Poluentes à luz mercado de tutela ambiental, cfr. TIAGO ANTUNES, «Garantias de
da Constituição da República Portuguesa, Lisboa: AAFDL, Origem: em direcção a um mercado de europeu de “certificados
2006, passim; IDEM, Agilizar ou mercantilizar? «O Recurso verdes”» in Actas do Colóquio Ambiente & Energia, e-book,
a Instrumentos de Mercado pela Administração Pública» in Lisboa: ICJP, 2011, pp. 39-74 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do
Estudos Jurídicos e Económicos em Homenagem ao Prof. Ambiente. Verdes Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 359-392);
Doutor António de Sousa Franco, III, Lisboa: FDL, 2006, pp. IDEM, «Breves Considerações sobre o Mercado Organizado de
1059-1070 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Resíduos» in Direito dos Resíduos, Lisboa: ICJP/ERSAR, 2014,
Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 149-163); IDEM, «The use of pp. 423-449 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes
market-instruments in Environmental Law (a brief of European Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 527-544); JOSÉ EDUARDO DE
– American comparative perspective)» in Revista de Direito do FIGUEIREDO DIAS, «A certificação e a eficiência energéticas dos
Ambiente e Ordenamento do Território, n.º 14/15, 2009, pp. 175 edifícios» in Temas de Direito da Energia, Cadernos O Direito,
ss. (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Textos, n.º 3, 2008, pp. 139-162; CARLA AMADO GOMES, Introdução ao
I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 221-231); IDEM, «Market-Based Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 221-
Solutions to Reduce GHG Emissions: The More the Better or 224, 227-228, 231-234; CARLA AMADO GOMES/LUÍS BATISTA,
The More The Worst? (Differences, Interactions and Overlaps «A biodiversidade à mercê dos mercados? Reflexões sobre
between Environmental Markets)», in Pelos Caminhos Jurídicos compensação ecológica e mercados de biodiversidade», in
do Ambiente. Verdes Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 505- Compensação ecológica, serviços ambientais e protecção da
525; RUTE SARAIVA, A Herança de Quioto em Clima de Incerteza. biodiversidade, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 32-109; MIGUEL
Análise Jurídico-Económica do Mercado de Emissões num ASSIS RAIMUNDO, «Eficiência Energética, sector imobiliário
Quadro de Desenvolvimento Sustentado, Lisboa: diss. inédita, e ambiente – algumas notas» in Actas do Colóquio Ambiente
2010, pp. 343-479. Sobre o CELE e o seu regime jurídico, & Energia, e-book, Lisboa: ICJP, 2011, pp. 179-205; RUTE
cfr. TIAGO ANTUNES, «O regime jurídico do Comércio Europeu SARAIVA, A Herança de Quioto em Clima de Incerteza. Análise
de Licenças de Emissão (CELE)», in Pelos Caminhos Jurídicos Jurídico-Económica do Mercado de Emissões num Quadro de
do Ambiente. Verdes Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 233- Desenvolvimento Sustentado, Lisboa: diss. inédita, 2010, pp.
240; Ensaio sobre a natureza jurídica das licenças de emissão 723-761.
no seio do mercado europeu de carbono, Lisboa: diss. inédita,
2014, passim; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, «O relevo do
regime do comércio europeu de licenças de emissão no domínio
do sector energético», in Estudos de Direito da Energia (coord.
SUZANA TAVARES DA SILVA), n.º 0, Instituto Ivridico/DaeDe, 2013,
pp. 417-431; IDEM, A Reinvenção da Autorização Administrativa
54
no Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp. 55
3. A Endesa pretende construir a barragem de Girabolhos,
[12] prevista no PNBEPH, com uma potência instalada de 72 MW.
(a) Será necessário levar a cabo um procedimento de AIA?
IV. VERDE AGIR: (b) O facto de o PNBEPH, que contempla a barragem de
FORMAS DE ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA EM MATÉRIA AMBIENTAL Girabolhos, já ter sido submetido a avaliação ambiental,
permite dispensar a AIA relativamente ao projeto da
[4. Planificação ambiental] barragem? Caso não permita, que implicações terá
a avaliação ambiental do PNBEPH para a AIA da
(A) Exercícios barragem?
(c) Pode a AIA da barragem de Girabolhos concluir em
1. Distinga a Avaliação Ambiental Estratégica da Avaliação sentido divergente da avaliação ambiental do PNBEPH?
de Impacte Ambiental sob o ponto de vista do seu âmbito de
aplicação e da natureza e efeitos dos respetivos atos conclusivos. 4. Imagine que todas as barragens previstas no PNBEPH,
incluindo a de Girabolhos, se localizam em sítios da Rede Natura
2. O Governo – pretendendo tirar o máximo partido das fontes 2000. Neste caso:
de energia endógenas, para assim reduzir a nossa dependência (a) Deve o PNBEPH ser submetido a análise de incidências
energética, e aumentar a produção de eletricidade a partir de ambientais (AIncA)? Em que termos?
fontes renováveis, evitando assim o recurso a combustíveis (b) Deve a barragem de Girabolhos ser submetida a AIncA?
fósseis – elaborou um Plano Nacional de Barragens com Elevado Em que termos?
Potencial Hidroelétrico (PNBEPH). (c) Se a avaliação ambiental da barragem de Girabolhos
(a) Deve o PNBEPH ser submetido a avaliação ambiental? chegar a conclusões negativas, poderá, ainda assim, a
(b) Admitindo que sim, pode o PNBEPH ser isento de barragem ser viabilizada? Como e em que circunstâncias?
avaliação ambiental?
(c) Quem determina o âmbito da avaliação ambiental a 5. Em que medida poderão os Planos de Ordenamento do
realizar? Território ser utilizados como instrumentos de proteção dos bens
(d) Que conteúdo deve ter o relatório ambiental? ambientais?
(e) Se o relatório ambiental tiver concluído que a execução
do PNBEPH terá efeitos adversos significativos no 6. Considere as seguintes áreas integradas na Rede Fundamental
ambiente, pode o plano, ainda assim, ser aprovado? de Conservação da Natureza (RFCN):
(f) Imagine que o PNBEPH foi submetido a consulta pública, 6.1. Áreas protegidas pertencentes à Rede Nacional de Áreas
durante 20 dias, desacompanhado do respetivo relatório Protegidas.
ambiental. Quid iuris? (a) Qual a diferença entre um parque nacional e um parque
natural?
(b) O que é uma reserva integral e quais as consequências
jurídicas da sua demarcação?
56
(c) Existem áreas protegidas de estatuto privado? 57
6.2. Zonas de Proteção Especial (ZPE’s) e Zonas Especiais de • Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro [RJIGT]
Conservação (ZEC’s) pertencentes à Rede Natura 2000: • Diretiva 2009/147/CE do Parlamento Europeu e do
(a) Qual a diferença entre uma ZPE e uma ZEC? Conselho, de 20 de novembro de 2009 [Diretiva Aves]
(b) Qual a relevância do Plano Setorial da Rede Natura 2000?
(c) Nestes sítios podem ser abertas novas vias de • Diretiva 92/43/CEE do Conselho, de 21 de maio de 1992
comunicação? Em que condições? [Diretiva Habitats]
(d) Quem é competente para realizar a análise de incidências • Decreto-Lei n.º 149/99, de 24 de abril [Rede Natura 2000]
ambientais (AIncA) de ações, planos ou projetos
suscetíveis de afetar de forma significativa um sítio da • Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho [Regime Jurídico
Rede Natura 2000? da Conservação da Natureza e da Biodiversidade]
6.3. Áreas pertencentes à Reserva Ecológica Nacional (REN): • Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de agosto [Reserva
(a) Qual a natureza jurídica da REN? Ecológica Nacional]
(b) Quais os três tipos de áreas que integram a REN?
(c) Na REN é possível realizar obras de urbanização, (C) Bibliografia
construção ou ampliação? Em que circunstâncias?
(d) Imagine que foi autorizada uma operação de loteamento Sobre o papel dos planos em matéria ambiental, em geral, cfr.
incompatível com os objetivos de proteção ecológica e ANTÓNIO BRITO, A Protecção do Ambiente e os Planos Regionais
ambiental e de prevenção e redução de riscos naturais das de Ordenamento do Território, Coimbra Almedina, 1997, passim;
áreas integradas na REN. Quid iuris? FERNANDO CONDESSO, Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina,
(e) Para que serve o reconhecimento ministerial de uma ação 2014, pp. 151-190; CARLA AMADO GOMES, Introdução ao Direito
de relevante interesse público? do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 102-112; DULCE
LOPES, «Planos Especiais de Ordenamento do Território: regime
(B) Fontes Normativas e experiência portugueses em matéria de coordenação, execução
e perequação» in Revista do CEDOUA, 17, ano IX, 2006, pp. 83-
• Protocolo relativo à Avaliação Ambiental Estratégica 93; FERNANDA PAULA OLIVEIRA, «Planos Especiais de Ordenamento
à Convenção sobre Avaliação dos Impactes Ambientais do Território: tipicidade e estado da arte. Em especial os planos
num Contexto Transfronteiras [Protocolo de Kiev] (2003)8 de ordenamento de áreas protegidas» in Revista do CEDOUA,
• Diretiva 2001/42/CE do Parlamento Europeu e do 17, ano 9, 2006, pp. 71-81; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor
Conselho, de 27 de junho de 2001 [Avaliação dos efeitos de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina,
de determinados Planos e Programas no Ambiente] 2002, pp. 178-192. Sobre o regime de avaliação ambiental
estratégica, cfr. TIAGO SOUSA D’ALTE/MIGUEL ASSIS RAIMUNDO,
• Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de junho [Avaliação «O Regime de Avaliação Ambiental de Planos e Programas e a
Ambiental Estratégica] sua Integração no Edifício da Avaliação Ambiental» in RJUA,
n.os 29/30, 2008, pp. 125-156; FERNANDO ALVES CORREIA, «A
Avaliação Ambiental de planos e programas: um instituto de
58 8
reforço da proteção do ambiente no Direito do Urbanismo» in 59
Aprovado em Portugal através do Decreto n.º 13/2012, de 26 de junho.
Estudos Em Homenagem ao Prof. Doutor Manuel Henrique
Mesquita, Coimbra: Coimbra Editora, 2009, I, pp. 449-500; [13]
CARLA AMADO GOMES, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed.,
Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 170-180; FRANCISCO PAES MARQUES, V. RESPONDENDO PELO AMBIENTE
«A Avaliação de Impacto Ambiental e os seus múltiplos» in
Revisitando a Avaliação de Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: (A) Exercícios
ICJP, 2014, pp. 62-71; CATARINA MORENO PIRES, Os Regimes
de Avaliação de Impacte Ambiental e de Avaliação Ambiental 1. Existe responsabilidade por danos ambientais nos seguintes
Estratégica, Lisboa: AAFDL, 2011, pp. 231-372. Sobre a casos? De que tipo?
matéria da conservação da natureza e da biodiversidade, (a) Por descuido de um dos mecânicos de serviço numa
cfr., em geral, JOSÉ MÁRIO FERREIRA DE ALMEIDA, «O velho, o oficina de automóveis, um bidon de óleo usado foi
novo e o reciclado no Direito da Conservação da Natureza» in derramado para a propriedade vizinha, destruindo o
No Ano Internacional da Biodiversidade, e-book, Lisboa: ICJP, jardim da D. Feliciana.
2010, pp. 91-112; CARLA AMADO GOMES, «Uma mão cheia de (b) Devido ao aumento exponencial do número de residentes
nada, outra de coisa nenhuma» in No Ano Internacional da todos os meses de agosto, o Município de Albufeira, não
Biodiversidade, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, pp. 7-51. Sobre o tendo capacidade para assegurar o tratamento dos esgotos,
regime da Análise de Incidências Ambientais em especial, despeja-os diretamente na Lagoa dos Salgados, o que,
cfr. TIAGO ANTUNES, «Singularidades de um Regime Ecológico para além de afetar as espécies avícolas que nidificam
– O Regime jurídico da Rede Natura 2000 e, em particular, as nessa área, dá azo a um surto de mosquitos.
deficiências da análise de incidências ambientais» in No Ano (c) Numa fundição de grandes dimensões, foram
Internacional da Biodiversidade, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, acidentalmente derramadas 2 toneladas de metais pesados
pp. 147-213 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes que, tendo atingido uma superfície impermeabilizada,
Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 275-328); CARLA AMADO não chegaram a afetar os lençóis freáticos.
GOMES, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: (d) Devido a uma forte tempestade, ocorreu uma rutura
AAFDL, 2014, pp. 180-186. num aterro gerido pela Valorsul, contaminando os solos
(agrícolas e baldios) das redondezas.
(e) Para arranjar lenha para o inverno, António cortou dois
carvalhos de uma propriedade de Bento.
(f) Devido a uma avaria nos filtros de uma grande central
termoelétrica, esta libertou quantidades excessivas de
dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera, causando
chuvas ácidas que matam a floresta envolvente.
(g) A Bacorinho & Filhos, Lda efetuou uma descarga
autorizada para a Ribeira dos Milagres, em Leiria,
cujas águas ganharam uma cor acastanhada e um cheiro
60 pestilento. 61
(h) Uma das maiores vidreiras da Marinha Grande emitiu 4. Quem executa as medidas de prevenção e de reparação? E
150 toneladas de dióxido de carbono (CO2) em excesso. quem suporta os respetivos custos?
(i) Um navio de grande calado, transportando amoníaco,
libertou acidentalmente três toneladas deste produto em 5. Distinga “reparação primária”, “reparação complementar” e
águas territoriais portuguesas. “reparação compensatória”.
(j) Nas horas vagas, Ângela dedica-se à escultura, tendo
as poeiras de calcário daí resultantes infiltrado o ar 6. Quem está obrigado a prestar garantias financeiras e em que
condicionado do prédio, provocando graves problemas termos? Qual a finalidade destas garantias financeiras?
respiratórios à sua vizinha Bárbara. Ângela alega que
Bárbara, a administradora do condomínio, é que não 7. Analise e comente o Acórdão do TCA Sul de 7 de fevereiro de
assegurou a devida limpeza dos filtros do ar condicionado. 2013 (Proc. n.º 05849/10).
(k) Até à realização de algumas obras de reconversão
ambiental, em 2007, uma fábrica de produtos químicos (B) Fontes Normativas
do Barreiro foi depositando produtos altamente tóxicos
num terreno junto à margem sul do Tejo, que agora • Diretiva 2004/35/CE do Parlamento Europeu e do
apresenta elevados níveis de contaminação. Conselho, de 21 de abril de 2005 [Responsabilidade
(l) De modo a assegurar o equilíbrio do ecossistema, foram Ambiental em termos de prevenção e reparação dos
destruídos 1.000 ovos de cagarras nas Berlengas. danos ambientais]
(m) Apesar de cumpridas todas as normas operacionais e • Decreto-Lei n.º 147/2008, de 20 de julho [Responsabilidade
de gestão ambiental em vigor na Ganda cabedal, SA – por Danos Ambientais]
empresa de curtumes que produz mais de 12 toneladas
de peles por dia –, parte da água utilizada no processo de • Decreto-Lei n.º 150/2008, de 30 de julho [Fundo de
curtimento foi parar a um tanque ao ar livre, causando Garantia Ambiental]
maus cheiros que obrigaram os habitantes da aldeia
vizinha a sair de casa durante uma semana. (C) Bibliografia
(n) Centenas de trutas apareceram mortas numa zona do
Rio Cávado, a montante do qual existem três unidades Sobre a responsabilidade civil em matéria ambiental
industriais que lidam com produtos tóxicos. antes do Decreto-Lei n.º 147/2008, cfr. GOMES CANOTILHO,
«A Responsabilidade por Danos Ambientais – Aproximação
2. Pronuncie-se sobre a pertinência dos artigos 7.º a 10.º do Juspublicística» in Direito do Ambiente, Lisboa: INA, 1994,
Decreto-Lei n.º 47/2008, de 20 de julho. pp. 397-408; IDEM (coord.) Introdução ao Direito do Ambiente,
Lisboa: Universidade Aberta, 1998, pp. 141-148; ANA PERESTRELO
3. Quem determina as medidas de prevenção? E as medidas de DE OLIVEIRA, Causalidade e Imputação na Responsabilidade
reparação? Em que termos? Civil Ambiental, Coimbra: Almedina, 2007;CUNHAL SENDIM,
Responsabilidade Civil por Danos Ecológicos. Da Reparação
do Dano através de Restauração Natural, Coimbra: Coimbra
62 63
Editora, 1998, passim; IDEM, Responsabilidade Civil por Danos in Actas do Colóquio – A Responsabilidade Civil por Dano
Ecológicos, Coimbra: Almedina, 2002, passim; VASCO PEREIRA Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, pp. 252-273; IDEM,
DA SILVA, Responsabilidade Administrativa em Matéria de «Responsabilidade Ambiental do Operador de Gestão de
Ambiente, Cascais: Principia, 1997, passim; IDEM, Verdes são Resíduos” in Direito dos Resíduos, Lisboa: ICJP/ERSAR,
também os Direitos do Homem: Responsabilidade Administrativa 2014, pp. 241-256; IDEM, «Avaliação de impacto ambiental e
em Matéria de Ambiente, Estoril: Principia, 2000, passim; IDEM, responsabilidade ambiental» in Revisitando a Avaliação de
Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Impacto Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2014, pp. 96-111.
Almedina, 2002, pp. 248-274. Sobre a responsabilidade civil
em matéria ambiental depois do Decreto-Lei n.º 147/2008,
cfr. TIAGO ANTUNES, «Da Natureza Jurídica da Responsabilidade
Ambiental» in Actas do Colóquio – A Responsabilidade Civil
por Dano Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, pp. 121-152
(= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes Textos, I,
Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 329-358); ANTÓNIO ARCHER, Direito
do Ambiente e Responsabilidade Civil, Coimbra: Almedina,
2009, passim; JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, «Aspectos
contenciosos da efectivação da responsabilidade ambiental – A
questão da legitimidade em especial» in Actas do Colóquio – A
Responsabilidade Civil por Dano Ambiental, e-book, Lisboa:
ICJP, 2010, pp. 274-307; CARLA AMADO GOMES, Introdução ao
Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 239-
265; IDEM, «A Responsabilidade Civil por dano ecológico –
Reflexões preliminares sobre o novo regime instituído pelo DL
147/2008, de 29 de Julho» in O que há de novo no Direito do
Ambiente, Lisboa: AAFDL, 2009, pp. 235-275; IDEM, «De que
falamos quando falamos de Dano Ambiental? Direito, mentiras
e críticas» in Actas do Colóquio – A Responsabilidade Civil por
Dano Ambiental, e-book, Lisboa: ICJP, 2010, pp. 153-171 (= in
Textos Dispersos de Direito do Ambiente, III, Lisboa: AAFDL,
2010, pp. 333-352); LUÍS MENEZES LEITÃO, «A Responsabilidade
Civil por Danos Causados ao Ambiente» in Actas do Colóquio
– A Responsabilidade Civil por Dano Ambiental, e-book,
Lisboa: ICJP, 2010, pp. 21-41; LUÍS S. CABRAL MONCADA, A
Relação Jurídica Administrativa, Coimbra: Coimbra Editora,
2009, pp. 847-859; HELOÍSA OLIVEIRA, «A Restauração no
64
Novo Regime Jurídico de Responsabilidade Civil Ambiental» 65
(b) Admitindo que as descargas poluentes em questão se
[14] contêm dentro dos VLE’s fixados na licença ambiental,
quem deverá Alberto demandar? Em que tribunal?
VI. CONFLITOS ECOLÓGICOS: O CONTENCIOSO DO AMBIENTE Através de que meio/s processual/ais?
1.3. A Associação de Moradores de Bege (AMB) também
(A) Exercícios pretende uma indemnização pela destruição das culturas
agrícolas na área em torno da aldeia. Pode agir em juízo com
1. Alberto Amarelado é um pescador de chalupa, que vive na este fim?
aldeia Bege, à beira do Lago Carmim. Duarte Dourado é um 1.4. A AMB pretende ainda reagir judicialmente contra a Fúcsia,
industrial que obteve da APA a necessária licença ambiental EPE.
para instalar junto ao Lago Carmim a fábrica de tintas Escarlate, (a) Por um lado, pretende que esta cesse as suas emissões
cujas descargas poluentes entretanto deterioraram a qualidade poluentes. Pode fazê-lo? Em que tribunal? Através de
das águas, matando os respetivos peixes e destruindo culturas que meio/s processual/ais?
agrícolas. Na mesma zona, a Fúcsia, EPE instalou uma unidade de (b) Por outro lado, pretende uma reparação pela deterioração
incineração de resíduos industriais, cujas emissões atmosféricas da qualidade do ar. Pode fazê-lo? Em que tribunal?
deterioraram a qualidade do ar em toda a região circundante. Através de que meio/s processual/ais?
Ainda na mesma zona, Guilherme Grená dedica-se à deposição 1.5. Por fim, Alberto e a AMB pretendem reagir judicialmente
ilegal de entulho. Perante este cenário: contra Guilherme Grená, exigindo que cesse a deposição de
1.1. Alberto pretende reagir judicialmente, de modo a fazer entulho e que remova o entulho já depositado.
cessar as descargas poluentes efetuadas pela fábrica Escarlate
(a) Admitindo que as descargas poluentes em questão se 2. Por motivos desconhecidos, os Serviços Intermunicipalizados
contêm dentro dos VLE’s fixados na licença ambiental, de Água e Saneamento (SIMAS) dos Municípios de Oeiras e
quem deverá Alberto demandar? Em que tribunal? Amadora passaram a despejar os esgotos dos dois concelhos
Formulando que pedido/s? Através de que meio/s diretamente na praia de Paço d’Arcos, sem qualquer tratamento
processual/ais? prévio. Estando prestes a iniciar-se a época balnear, a Associação
(b) Admitindo que as descargas poluentes em questão vão de Utilizadores das Praias da Linha pretende agir judicialmente.
para além dos VLE’s fixados na licença ambiental, quem (a) Deverá lançar mão de uma intimação urgente para a
deverá Alberto demandar? Em que tribunal? Formulando prestação de informações, consulta de processos ou
que pedido/s? Através de que meio/s processual/ais? passagem de certidões?
1.2. Alberto pretende ainda uma indemnização pelo facto de ter (b) Deverá lançar mão de uma intimação urgente para a
deixado de poder pescar no Lago Carmim, perdendo assim o seu proteção de direitos, liberdades e garantias?
ganha-pão. (c) Deverá lançar mão de uma intimação urgente para a
(a) Admitindo que as descargas poluentes em questão se proteção de direitos, liberdades e garantias?
contêm dentro dos VLE’s fixados na licença ambiental,
quem deverá Alberto demandar? Em que tribunal? 3. Debate e análise dos casos “Túnel do Marquês” (Acórdãos do
66 Através de que meio/s processual/ais? TAF de Lisboa de 22 de abril de 2004, TCA Sul de 14 de setembro 67
de 2004 e STA de 24 de novembro de 2004) e “Coincineração e o “Princípio da Precaução”» in Centenário do Nascimento do
em Souselas” (Acórdão do TCA Norte de 29 de março de 2007, Professor Doutor Paulo Cunha, Coimbra: Almedina, 2012, pp.
Acórdão do STA de 31 de outubro de 2007 e Acórdão do STA de 229-257 (= Textos Dispersos de Direito do Ambiente, II, Lisboa:
2 de dezembro de 2009. AAFDL, 2008, pp. 123-160; IDEM, «Acção Pública e Acção
Popular na defesa do ambiente» in Em Homenagem ao Professor
(B) Fontes Normativas Doutor Diogo Freitas do Amaral, Coimbra: Almedina, 2010,
pp. 1181-1208 (= Textos Dispersos de Direito do Ambiente, III,
• CRP: alínea a) do n.º 2 do artigo 53.º Lisboa: AAFDL, 2010, pp. 207-235); IDEM, «Ecologização da
• Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais: artigo Justiça Administrativa: brevíssima nota sobre a alínea l) do n.º
4.º 1 do artigo 4.º do ETAF» in RJUA, n.º 20, 2003, pp. 25-37 (=
in Textos Dispersos de Direito do Ambiente, I, Lisboa: AAFDL,
• Código de Processo nos Tribunais Administrativos 2008, pp. 249-268); IDEM, «D. Quixote, cidadão do mundo: da
apoliticidade da legitimidade popular para defesa de interesses
(C) Bibliografia transindividuais. Anotação ao Acórdão do STA, de 13 de Janeiro
de 2005» in CJA, n.º 53, 2005, pp. 46-56 (= in Textos Dispersos
Em geral, sobre a tutela jurisdicional em matéria ambiental, de Direito do Ambiente, II, Lisboa: AAFDL, 2008, pp. 9-20. =
cfr. MÁRIO AROSO DE ALMEIDA, «Tutela Jurisdicional em Matéria in Direito do Ambiente. Anotações Jurisprudenciais Diversas,
Ambiental» in Estudos de Direito do Ambiente, Porto: UCP, e-book, Lisboa: ICJP, 2013, pp. 41-49); LUÍS S. CABRAL MONCADA,
2003, pp. 77-96; IDEM, «O Novo Contencioso Administrativo A Relação Jurídica Administrativa, Coimbra: Coimbra Editora,
em matéria de ambiente» in RJUA, n.º 18/19, (Dezembro 2002 – 2009, pp. 834-847, 859-862; VASCO PEREIRA DA SILVA, Verde Cor
Junho 2003), pp. 113-132; LUÍS FILIPE COLLAÇO ANTUNES, Direito de Direito – Lições de Direito do Ambiente, Coimbra: Almedina,
Público do Ambiente, Coimbra: Almedina, 2008, pp. 119-191; 2002, pp. 231-248.
TIAGO ANTUNES, «Urge Salvar o Ambiente! Tutela Ambiental
Urgente no novo Contencioso Administrativo» in Revista de
Direito do Ambiente e Ordenamento do Território, n.º 12, 2006,
pp. 27-47 (= in Pelos Caminhos Jurídicos do Ambiente. Verdes
Textos, I, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 125-148); MARIA JOANA
FÉRIA COLAÇO, «A Tutela Jurisdicional do Ambiente» in RJUA,
n.º 27/28, (Janeiro – Dezembro), 2007, pp. 89-164; JOSÉ EDUARDO
FIGUEIREDO DIAS, Tutela Ambiental e Contencioso Administrativo
(Da Legitimidade Processual e das Suas Consequências),
Stvdia Iridica, 29, Coimbra: Coimbra Editora, 1997, pp. 179-
315; IDEM, Direito Constitucional e Administrativo do Ambiente,
2.ª ed., Coimbra: Almedina, 2007, pp. 67-85; CARLA AMADO
GOMES, Introdução ao Direito do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa:
AAFDL, 2014, pp. 269-311; IDEM, «As Providências Cautelares
68 69
4) Responda criticamente à interrogação: «Vale a pena do Direito
[15] Penal do Ambiente?»

VI. DIREITO SANCIONATÓRIO DO AMBIENTE (B) Fontes Normativas

(A) Exercícios • Diretiva 2008/99/CE do Parlamento Europeu e do


Conselho, de 19 de novembro de 2008 [Proteção do
1. Responda às seguintes perguntas sobre contraordenações Ambiente através do Direito Penal]
ambientais: • Lei n.º 50/2006, de 29 de agosto [Lei Quadro das
(a) As contraordenações ambientais classificam-se em três Contraordenações Ambientais]
tipos. Quais?
• Código Penal: artigos 274.º, 278.º, 279.º, 280.º e 281.º
(b) Distinga “sanções acessórias” de “medidas cautelares”.
(c) Em que consiste o processo sumaríssimo e em que
(C) Bibliografia
situações pode ter lugar?
(d) Em caso de impugnação judicial, pode o tribunal fixar
Sobre o Direito Sancionatório Ambiental, em geral, cfr.
uma coima de valor mais elevado que o fixado pela
Sobre a tutela penal do Direito do Ambiente, cfr. GOMES
autoridade administrativa?
CANOTILHO, (coord.) Introdução ao Direito do Ambiente,
(e) Qual o destino das coimas aplicadas?
Lisboa: Universidade Aberta, 1998, pp. 153-194; JOSÉ EDUARDO
(f) Os dados constantes do cadastro nacional são públicos?
FIGUEIREDO DIAS, A Reinvenção da Autorização Administrativa
Quem tem acesso a esses dados?
no Direito do Ambiente, Coimbra: Coimbra Editora, 2014, pp.
268-282, 378-395CARLA AMADO GOMES, Introdução ao Direito
2. Qual a moldura penal aplicável aos seguintes casos?
do Ambiente, 2.ª ed., Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 208-221;
(a) Produção ilegal de substâncias que empobrecem a
HELOÍSA OLIVEIRA, «Eficácia e Adequação na tutela sancionatória
camada de ozono.
de bens ambientais» in Revista de Concorrência e Regulação,
(b) Comercialização de uma cria de lince ibérico.
ano 2, n.º 5 (Janeiro-Março), 2011, pp. 205-238; VASCO PEREIRA
(c) Transporte ilegal de substâncias radioativas perigosas,
DA SILVA, Verde Cor de Direito – Lições de Direito do Ambiente,
causando danos substanciais à qualidade do ar e criando
Coimbra: Almedina, 2002, pp. 275-285; IDEM, «Breve Nota sobre
perigo para a integridade física de quem entra em contacto
o Direito Sancionatório do Ambiente» in Direito Sancionatório
com essas substâncias.
das Autoridades Reguladoras, Coimbra: Coimbra Editora, 2009,
(d) Ignição de um incêndio numa zona de mata.
pp. 271-296. Sobre a tutela penal do ambiente, em especial,
(e) Corte ilegal de sobreiros.
cfr. AUGUSTO SILVA DIAS, Ramos Emergentes do Direito Penal
relacionados com a Protecção do Futuro (Ambiente, Consumo
3. Pode o mesmo facto dar origem, simultaneamente, a um
e Genética Humana), Coimbra: Coimbra Editora, 2008, pp. 112
processo de contraordenação ambiental e a um inquérito relativo
ss; JORGE DE FIGUEIREDO DIAS, «Sobre o papel do Direito Penal
à prática de crime ecológico?
na protecção do ambiente» in Revista de Direito e Economia, n.º
70 71
1, Janeiro/Junho, 1978, pp. 23 ss; PAULA RIBEIRO DE FARIA, «Do
Direito Penal do Ambiente e da sua Reforma» in Revista do CEJ,
n.º 8, 1.º semestre, 2008, pp. 293-340; PAULO DE SOUSA MENDES,
Vale a Pena o Direito Penal do Ambiente, Lisboa: AAFDL, 2000,
passim; MARIA FERNANDA PALMA, «Direito Penal do Ambiente:
uma primeira abordagem» in Direito do Ambiente (coord. FREITAS
DO AMARAL/MARTA TAVARES DE ALMEIDA), Lisboa: INA, 1994, pp.
431-448; IDEM, «Acerca do estado actual do Direito Penal do
Ambiente» in O Direito, ano 136.º, I, 2004, pp. 77-87; GERMANO
MARQUES DA SILVA, «A Tutela Penal do Ambiente» in Estudos
de Direito do Ambiente, Porto, UCP, 2003, pp. 9-22. Sobre o [B]
regime das contraordenações ambientais, em especial, cfr.
NUNO SALAZAR CASANOVA/CLAUDIO MONTEIRO, «Comentários à PROVAS DE EXAMES/TESTES
Lei-Quadro das Contra-Ordenações Ambientais», in Actualidade
Jurídica Uría Menéndez, 16 (2007), pp. 56-73; CARLA AMADO
GOMES, «As contraordenações ambientais no quadro da Lei n.º
50/2006, de 29 de Agosto: considerações gerais e observações
tópicas» in Estudos em Homenagem a Miguel Galvão Teles, I,
Coimbra: Almedina, 2012, pp. 457-478 (= Textos Dispersos de
Direito do Ambiente, vol. IV, Lisboa: AAFDL, 2014, pp. 133-
165).

72 73
[1]
I. Comente, de forma crítica, duas das seguintes afirmações:

1) «A diferente colocação da A.I.A. no processo decisional


público pode repercutir-se significativamente sobre a intensidade
da tutela. Assim, se esta for inserida na fase de programação,
logo na fase em que são efetuadas as opções fundamentais em
matéria de ordenamento do território, a dimensão da tutela
revela-se máxima (…) Mas se a avaliação de impacto é colocada
numa fase sucessiva à das grandes operações urbanísticas e
económicas, portanto, ao nível dos projetos individuais e dos
procedimentos autorizativos, é muito provável que se consiga
apenas minimizar o dano ambiental.» (COLAÇO ANTUNES)

2) «Na licença ambiental, o que está em causa é uma decisão


final sobre questões isoladas das quais depende a atribuição da
autorização global. Ela resolve definitivamente as ponderações
relativas ao interesse público ambiental, constituindo a resolução
final sobre a avaliação e o controlo integrados da poluição» (JOSÉ
EDUARDO FIGUEIREDO DIAS)

3) «Nos últimos tempos, tem-se vindo a desenvolver uma


importante tendência doutrinária no sentido de assimilar o
princípio da prevenção à sua aceção mais restritiva, ao mesmo
tempo que se procede à autonomização de um princípio da
precaução, de conteúdo mais amplo (…) Em minha opinião,
preferível à separação entre prevenção e precaução como
princípios distintos e autónomos, é a construção de uma noção
ampla de prevenção» (VASCO PEREIRA DA SILVA)

4) «O dano ecológico não [é] uma mera soma dos danos


individuais nem terá como referência bens suscetíveis de
apropriação exclusiva, pública ou privada. Ele é um dano
ressarcível resultante da alteração, deterioração ou destruição do
74 bem ambiente unitariamente compreendido» (GOMES CANOTILHO) 75
II. Considere a seguinte hipótese prática: madeira tão cuidadosamente construído por ANTÓNIO se revele
insuficiente para os albergar, o que faz com muitos dos suínos
Após uma vida carregada de trabalhos e sucessos na área da alta passeiem agora alegremente pelos quintais vizinhos, enquanto
finança, ANTÓNIO está destinado a ocupar o resto dos seus dias outros se banham pacificamente no Rio das Flores, símbolo
com aquele que sempre foi o seu sonho: a criação intensiva de maior da Freguesia, mas que rapidamente se transforma num
suínos. Para o efeito, informa-se junto do Presidente da Junta de verdadeiro jacuzzi suíno de cor acastanhada e odor insuportável;
Freguesia de Vilar de Botequim sobre os procedimentos a adotar, ii) a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do
ao que recebe como resposta a de que apenas seria necessária Ordenamento do Território lança mão daquilo que apelida como
uma “simples autorizaçãozinha” que o próprio se encarregaria a “caça aos porcos de Botequim”, propondo-se a responsabilizar
de dispensar. Isto apesar de o seu filho, BENTO, finalista do curso a título penal e contraordenacional todos os responsáveis por esta
de Direito, lhe haver dito que se recordava de que a “coisa” não “brincadeira”. Em resposta, ANTÓNIO limita-se a responsabilizar
poderia ser assim tão simples. por todo este “sonho que virou pesadelo” o Presidente da Junta,
Na posse da tal “autorizaçãozinha” dispensada pelo Presidente mais informando que, em virtude mais uma queda bolsista
da Junta, lança-se ANTÓNIO à construção de uma gigantesca inesperada, não tinha um único cêntimo para pagar o que quer
instalação de criação e reprodução de suínos, na qual em breve que fosse. Quid iuris?
daria guarida aos seus portentos 4000 porcos e 2000 porcas
reprodutoras.
Quem não partilha do encantamento de ANTÓNIO é a Associação [2]
“BOTEQUIM É VERDE” que pretende, desde cedo, evitar que Vilar
de Botequim se transforme no “centro da especulação financeira I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes
de porcos e porcas”. Começa, para o efeito, por solicitar ao afirmações:
Presidente da Junta toda a informação e documentação relativa
ao licenciamento daquela instalação, pretensão que lhe é negada 1) «O princípio da precaução destina-se a superar o ceticismo
através de um simples e-mail no qual se poderia ler que “Não decorrente da falta de provas científicas, invertendo o ónus da
me parece que a V. Associação tenha alguma coisa que ver prova de um dano ambiental possível» (GOMES CANOTILHO).
com este assunto. Ainda assim, sempre informo que está tudo
nos conformes, tendo em conta que o artigo 4.º do Regime de 2) «Só a consagração de um direito fundamental ao ambiente
Avaliação de Impacto Ambiental ”. Para além de pretender (...) pode garantir a adequada defesa contra agressões ilegais,
reagir rapidamente a esta decisão, a Associação pretende ainda provenientes quer de entidades públicas quer de entidades
demandar em juízo ANTÓNIO para que este fosse de imediato privadas» (VASCO PEREIRA DA SILVA).
condenado a cessar a atividade que, entretanto, já iniciara.
Nos entretantos do contencioso aberto entre a Associação, 3) «Em matéria de ambiente, a melhoria do acesso à informação
ANTÓNIO e o Presidente da Junta, duas circunstâncias ocorrem e a participação dos cidadãos no procedimento decisório
que transformam o caso dos “porcos de Botequim” em aumenta a qualidade e a eficácia das decisões, contribui para o
verdadeiro fenómeno nacional: i) os 4000 porcos e 2000 porcas conhecimento público das questões ambientais, dá oportunidade
76
rapidamente se multiplicaram, razão pela qual o pavilhão de aos cidadãos de expressar as suas preocupações e permite às 77
autoridades públicas considerar tais preocupações» (Preâmbulo (ii) Que é advogado de Joaquim Pinto. Quais os
da Convenção de Aarhus). argumentos que invocaria para sustentar a respetiva
posição no(s) processo(s) em questão?
4) «Segundo o princípio do "poluidor-pagador", o operador
que cause danos ambientais ou crie a ameaça iminente desses
danos deve, em princípio, custear as medidas de prevenção ou [3]
reparação necessárias. Se a autoridade competente atuar, por si
própria ou por intermédio de terceiros, em lugar do operador, I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes
deve assegurar que o custo em causa seja cobrado ao operador. afirmações:
Também se justifica que os operadores custeiem a avaliação
dos danos ambientais ou, consoante o caso, da avaliação da 1) «Só a consagração de um direito fundamental ao ambiente
sua ameaça iminente» (Diretiva 2004/ 35/ CE do Parlamento (...) pode garantir a adequada defesa contra agressões ilegais,
Europeu e do Conselho, de 21 de abril de 2004). provenientes quer de entidades públicas quer de entidades
privadas» (VASCO PEREIRA DA SILVA).
II. Imagine que a «Associação dos Amigos da Canja de Galinha»
pretende reagir contenciosamente contra as autoridades 2) «O princípio da precaução vem transcender a passagem do
administrativas que licenciaram a instalação pecuária intensiva modelo clássico “reaja e corrija” para o modelo “preveja e
denominada «Nitrofrangos do Campo», destinada à criação previna” inaugurado pelo princípio da prevenção. Visa satisfazer
simultânea de cem mil aves de capoeira, apesar de não ter um imperativo de ordem racional, filosófica, social e política: a
havido licença ambiental e de o procedimento de avaliação de gestão e controlo dos riscos ambientais de forma antecipativa»
impacto ambiental não ter sido objeto de decisão por parte das (ANA GOUVEIA MARTINS).
autoridades administrativas. Enquanto que, por seu lado, Joaquim
Pinto, gerente da «Nitrofrangos do Campo», alegava não ter 3) «Em matéria de ambiente, a melhoria do acesso à informação
havido qualquer ilegalidade, uma vez que se teria verificado e a participação dos cidadãos no procedimento decisório
o deferimento tácito da avaliação de impacto ambiental e que aumenta a qualidade e a eficácia das decisões, contribui para o
a licença ambiental era desnecessária, dada a importância da conhecimento público das questões ambientais, dá oportunidade
empresa «para a criação de novos empregos na povoação de aos cidadãos de expressar as suas preocupações e permite às
“Capoeira-A-Nova”». autoridades públicas considerar tais preocupações» (Preâmbulo
da Convenção de Aarhus).
Suponha:
4) Nas atuações administrativas de Direito do Ambiente, «o
(i) Que é advogado e que lhe cabe patrocinar a posição acordo entre as partes é preferível à utilização de formas de
da «Associação dos Amigos da Canja de Galinha». Que atuação coativas, a “participação” dos suspeitos transformados
meio(s) de processo e que pedido(s) poderia fazer valer? em cúmplices, parece mais eficaz do que a repressão» (JACQUELINE
E quais os principais argumentos jurídicos que poderia MORAND-DEVILLER)
78
invocar em defesa da sua posição? 79
5) «À face do critério constitucional justifica-se (...) a atribuição [4]
do julgamento dos litígios em matéria administrativa aos
tribunais administrativos (...), seja no que se refere aos litígios I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes
emergentes de atuações administrativas diretamente lesivas do afirmações:
ambiente, seja mesmo no que diz respeito a litígios emergentes
de actividades desenvolvidas por particulares em violação de 1) «Qualquer que seja o relevo dogmático da relação jurídica
normas de direito administrativo» (MÁRIO AROSO DE ALMEIDA). administrativa no âmbito do direito administrativo geral,
ela revela-se como um instrumento conceptual dotado de
II. João Flores, morador em Barrancas e vizinho mais próximo razoável força operatória em domínios específicos do Direito
da instalação, pretende reagir judicialmente contra as autoridades Administrativo como é o caso do Direito do Ambiente (GOMES
administrativas que licenciaram a instalação pecuária intensiva
CANOTILHO).
denominada «Porco Preto Ibérico», destinada à criação simultânea
de milhares de suínos, apesar de não ter havido licença ambiental
2) «O princípio da precaução vem transcender a passagem do
e de o procedimento de avaliação de impacto ambiental não ter
sido objeto de decisão por parte das autoridades administrativas. modelo clássico “reaja e corrija” para o modelo “preveja e
Enquanto que, por seu lado, Pepe Silva, gerente da «Porco Preto previna” inaugurado pelo princípio da prevenção. Visa satisfazer
Ibérico», alega não ter havido qualquer ilegalidade, uma vez que um imperativo de ordem racional, filosófica, social e política: a
se teria verificado o deferimento tácito da avaliação de impacto gestão e controlo dos riscos ambientais de forma antecipativa»
ambiental e que a licença ambiental era desnecessária, não só (ANA GOUVEIA MARTINS).
pela importância económica da empresa para o desenvolvimento
da região, como também pelo seu interesse ecológico, já que ela 3) «O lesado (...) tem, segundo o art. 41.º [da Lei de Bases
iria permitir o ressurgimento do porco preto alentejano – “que do Ambiente], o direito a uma indemnização, nos termos da
é tão bom como o espanhol, se não mesmo melhor!”, segundo responsabilidade objetiva. Isto nunca foi regulamentado, mas é
as suas palavras -, tal como, de resto, tinha sido expressamente uma disposição legal que me parece imediatamente aplicável,
referido no despacho ministerial autorizador. e caberá, naturalmente, aos tribunais definir o alcance dessa
responsabilidade objetiva (FREITAS DO AMARAL).
Podendo introduzir na resolução da sua hipótese outros elementos,
de facto ou de direito, que entender relevantes, suponha: 4) Nas atuações administrativas de Direito do Ambiente, «o
acordo entre as partes é preferível à utilização de formas de
(i) Que é advogado e que lhe cabe patrocinar a posição atuação coativas, a “participação” dos suspeitos transformados
de João Flores. Quais os meios processuais e quais os em cúmplices, parece mais eficaz do que a repressão» (JACQUELINE
argumentos jurídicos que poderia invocar em defesa da MORAND-DEVILLER)
sua posição?
II. Resolva a seguinte hipótese:
(ii) Que é advogado de Pepe Silva. Quais os argumentos
que invocaria para sustentar a respetiva posição no(s) A Associação de Moradores de Galinholas pretende reagir
processo(s) referido(s) na resposta anterior? contenciosamente contra as autoridades administrativas que
80 81
licenciaram a instalação pecuniária intensiva denominada 2) «O princípio da precaução destina-se a superar o ceticismo
«Nitrofrangos do Campo», destinada à criação simultânea de cem decorrente da falta de provas científicas, invertendo o ónus da
mil aves de capoeira, apesar de não ter havido licença ambiental prova de um dano ambiental possível» (GOMES CANOTILHO).
e de a decisão de impacto ambiental ter sido desfavorável. Por
seu lado, João Pinto, gerente da «Nitrofrangos do Campo», 3) «A licença ambiental possui a natureza jurídica de um ato
alega não ter havido qualquer ilegalidade, uma vez que se administrativo temporário, sujeito a termo final, ainda que
teria verificado o deferimento tácito da avaliação de impacto podendo ser renovada mediante novo licenciamento, e de
ambiental e que a licença ambiental era desnecessária, dada a carácter relativamente precário, já que se prevê a possibilidade
importância económica da empresa para o desenvolvimento da da sua revogação, em caso de alteração das circunstâncias de
freguesia de Galinholas. facto e de direito que estavam na base da sua emissão, mesmo
que tal revogação deva dar lugar à devida indemnização» (VASCO
Podendo introduzir na resolução da sua hipótese outros elementos, PEREIRA DA SILVA).
de facto ou de direito, que entender relevantes, suponha:
4) «Segundo o princípio do "poluidor-pagador", o operador
(i) Que é advogado e que lhe cabe patrocinar a posição que cause danos ambientais ou crie a ameaça iminente desses
da Associação de Moradores de Galinholas. Quais os danos deve, em princípio, custear as medidas de prevenção ou
meios processuais e quais os argumentos jurídicos que reparação necessárias. Se a autoridade competente atuar, por si
poderia invocar em defesa da sua posição? própria ou por intermédio de terceiros, em lugar do operador,
deve assegurar que o custo em causa seja cobrado ao operador.
(ii) Que é advogado de João Pinto. Quais os argumentos Também se justifica que os operadores custeiem a avaliação
que invocaria para sustentar a respetiva posição no(s) dos danos ambientais ou, consoante o caso, da avaliação da
processo(s) referido(s) na resposta anterior? sua ameaça iminente» (Diretiva 2004/ 35/ CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de abril de 2004).

[5] 5) «A inclusão no Código Penal dos crimes ecológicos pretende


de algum modo reforçar a importância do bem jurídico tutelado,
I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes pelo mais fácil conhecimento da norma incriminadora e
afirmações: consequente função preventiva pelo apelo à consciência das
pessoas do significado da proteção dos bens naturais; ter-se-á
1) «O Direito do Ambiente surge do reconhecimento de direitos e pretendido reforçar a ideia de que os crimes ecológicos não
deveres (o direito ao ambiente e o dever de defesa do ambiente), são meras infrações de ordem pública, mas verdadeiros crimes,
mas surge também da necessidade de concretizar socialmente puníveis até com a espécie de pena mais grave: a pena de prisão»
políticas de ambiente (os poderes de intervenção do Estado, os (GERMANO MARQUES DA SILVA).
critérios de financiamento dos custos de prevenção, manutenção
ou reparação de disfunções e desgastes ambientais)» (SOUSA II. Imagine que José Alfacinha Litigante pretende reagir
82
FRANCO). contenciosamente, ao abrigo da Lei da Ação Popular, contra a 83
decisão da autarquia de Lisboa de construir um túnel de acesso [6]
à capital, que vai desembocar na zona de grande circulação da
Praça do Visconde da Farfã, alegando a respetiva ilegalidade, I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes
entre outras razões, por não ter sido submetida a prévia avaliação afirmações:
de impacto ambiental. Enquanto que, por seu lado, o Presidente
da Câmara Municipal, Pedro de Santa Ana, contrapõe não ser 1) «Tenho a profunda convicção de que um reconhecimento de
obrigatória a avaliação de impacto ambiental, dado tratar-se direitos aos não-humanos, por confinado ou mitigado que fosse,
de um túnel urbano, que vai melhorar significativamente os influenciaria indireta e profundamente os estudos culturais e o
acessos à capital e que se traduzirá numa melhoria do ambiente acervo conceptual das próprias “ciências humanas”, que mais
e da qualidade de vida dos lisboetas. O presidente da edilidade não seja porque se exigiria que estas passassem a espelhar a
alega ainda a seu favor as declarações do Secretário de Estado crescente consciencialização com os temas do bem-estar animal
do Ambiente, segundo o qual a avaliação de impacto ambiental e do equilíbrio ambiental » (FERNANDO ARAÚJO).
seria desnecessária, até porque obras idênticas não têm sido
objeto de tal procedimento, e que teria manifestado tal posição, 2) «Para prevenir, é preciso conhecer e estudar antecipadamente
por escrito, na correspondência de cortesia, trocada entre ambos, o impacto [ambiental], (...) é uma regra de bom senso (...). Mas, a
por ocasião das recentes festas pascais. avaliação de impacto é também um procedimento administrativo
que se pode caracterizar como revolucionário, porque ele vai
Podendo introduzir na resolução da sua hipótese outros elementos, influenciar o conjunto dos mecanismos de Direito Administrativo
de facto ou de direito, que entender relevantes, suponha: e obrigar as autoridades públicas e os sujeitos privados a mudar
de mentalidades e de atitudes» (MICHEL PRIEUR).
(i) Que é o advogado de José Alfacinha Litigante. Que
meio(s) de processo e que pedido(s) poderia fazer valer? 3) «Devemos sublinhar (...) que, segundo supomos, a
E quais os principais argumentos jurídicos que poderia generalidade das situações de responsabilidade previstas no
invocar em defesa da sua posição? direito positivo português tendem a configurar a indemnização
de danos ao ambiente, integrando os três tipos de interesses que
(ii) Que é advogado e lhe cabe patrocinar a causa do recaem sobre o bem ambiente: os interesses ambientais públicos
Presidente da Câmara. Quais os argumentos que invocaria (dano ecológico), os direitos subjetivos (danos ambientais) e
para sustentar a respectiva posição no(s) processo(s) em os interesses ambientais individuais coletivos» (JOSÉ CUNHAL
questão? SENDIM).

4) «De todo o modo, uma certeza me fica: a de que este caminho


[direito penal ecológico] é decididamente preferível àquele outro
que (...) se tornou em slogan de um certo modismo politicamente
correto a que também não consegue manter-se imune a doutrina
penal e se pode traduzir por “proteção do ambiente através da
84 descriminalização”» (JORGE DE FIGUEIREDO DIAS). 85
II. Imagine que Manuel Empata, presidente da ONGA “Exército [7]
de Salvação da Natureza”, pretende reagir contenciosamente
contra a decisão da autarquia de Castais de licenciamento da I. Comente, de forma crítica, duas (e só duas) das seguintes
construção de um edifício de grande envergadura, destinado afirmações:
a servir de sede para a Fundação Champamilhão, numa zona
protegida, integrada no Parque Natural Sintla-Castais, em 1) «Este princípio [da precaução] tem a sua máxima aplicação
que é vedada qualquer construção, ainda para mais sem que em casos de dúvida. Ele significa que o ambiente deve ter em
tivesse havido qualquer estudo prévio de avaliação de impacto seu favor o benefício da dúvida quando haja certeza, por falta
ambiental. O Presidente da Câmara Municipal, Capuchinho de provas científicas evidentes, sobre o nexo causal entre uma
Laranja, justifica a sua atuação com o facto de estar em causa determinada actividade e um determinado fenómeno de poluição
uma fundação que visa fomentar a investigação no domínio da ou degradação do ambiente» (GOMES CANOTILHO).
genética e da biotecnologia, de relevante interesse público, o que,
só por si, justificaria o respetivo licenciamento, “como ficou, de 2) «Os Estados-membros [da União Europeia] possuem uma
resto, provado pelo facto da medida em causa ter merecido o grande margem de discricionariedade quanto a determinar se
apoio unânime de todas as forças políticas do concelho”. Mais um projecto possui, ou não, impacto significativo [no ambiente].
acrescenta que a atividade de investigação, que tal Fundação Contudo, o Tribunal de Justiça reduziu consideravelmente essa
pretende realizar e incentivar, releva também para o domínio margem de discricionariedade, ao determinar que “é necessária
da proteção da natureza, pelo que é totalmente desnecessária a a avaliação de impacto ambiental de qualquer projecto que, de
exigência de prévia avaliação de impacto ambiental do projeto facto, esteja em condições de vir a ter um impacto significativo
em apreço. para o ambiente”» (LUDWIG KRAEMER).

Podendo introduzir na resolução da sua hipótese outros 3) «Segundo o princípio do "poluidor-pagador", o operador
elementos, de facto ou de direito, que entender relevantes, e que cause danos ambientais ou crie a ameaça iminente desses
dando maior atenção às questões de direito substantivo do que danos deve, em princípio, custear as medidas de prevenção ou
às de direito processual, suponha: reparação necessárias. Se a autoridade competente actuar, por
si própria ou por intermédio de terceiros, em lugar do operador,
(i) Que é advogado e que lhe cabe patrocinar a posição deve assegurar que o custo em causa seja cobrado ao operador.
de Manuel Empata. Quais os meios processuais e quais Também se justifica que os operadores custeiem a avaliação
os argumentos jurídicos que poderia invocar em defesa dos danos ambientais ou, consoante o caso, da avaliação da
da sua posição? sua ameaça iminente» (Diretiva 2004/ 35/ CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de bril de 2004).
(ii) Que lhe cabe patrocinar a causa do Presidente
da Câmara. Quais os argumentos que invocaria para 4) «Mesmo que possamos dar de barato que a Humanidade
sustentar a respetiva posição no(s) processo(s) referido(s) está confrontada, actualmente, com gravíssimas ameaças ao
na resposta anterior? ambiente, que ela mesma engendrou, devemos sempre procurar
86 saber se há outras formas de enfrentar tais problemas, que não 87
seja através de soluções penais, quiçá até muito pouco efectivas. [8]
Impõe-se aqui a formulação da seguinte pergunta: vale a pena o
direito penal do ambiente?» (PAULO SOUSA MENDES). I. Comente, de forma crítica, uma (e só uma) das seguintes
afirmações:
I. Imagine que João Flores, morador em Barrancas e vizinho
mais próximo da instalação, pretende reagir judicialmente contra 1) «O princípio da precaução destina-se a superar o cepticismo
as autoridades administrativas que licenciaram a instalação decorrente da falta de provas científicas, invertendo o ónus da
pecuária intensiva denominada «Porco Preto Ibérico», destinada prova de um dano ambiental possível» (GOMES CANOTILHO).
à criação simultânea de milhares de suínos, apesar de não ter
havido licença ambiental e de o procedimento de avaliação 2) «(...) Só a consagração de um direito fundamental ao ambiente
de impacto ambiental não ter sido objeto de decisão por parte (...) pode garantir a adequada defesa contra agressões ilegais,
das autoridades administrativas. Enquanto que, por seu lado, provenientes quer de entidades públicas quer de entidades
Pepe Silva, gerente da «Porco Preto Ibérico», alega não ter privadas» (VASCO PEREIRA DA SILVA).
havido qualquer ilegalidade, uma vez que se teria verificado o
deferimento tácito da avaliação de impacto ambiental e que a 3) (...) «Em matéria de ambiente, a melhoria do acesso à
licença ambiental era desnecessária, não só pela importância informação e a participação dos cidadãos no procedimento
económica da empresa para o desenvolvimento da região, como decisório aumenta a qualidade e a eficácia das decisões,
também pelo seu interesse ecológico, já que ela iria permitir o contribui para o conhecimento público das questões ambientais,
ressurgimento do porco preto alentejano – “que é tão bom como o dá oportunidade aos cidadãos de expressar as suas preocupações
espanhol, se não mesmo melhor!”, segundo as suas palavras –, tal e permite às autoridades públicas considerar tais preocupações»
como, de resto, tinha sido expressamente referido no despacho (Preâmbulo da Convenção de Aarhus).
ministerial autorizador.
4) «Merece forte crítica a solução acolhida (...) de prever o
Podendo introduzir na resolução da sua hipótese outros elementos, deferimento tácito da decisão de impacto ambiental (...), [que]
de facto ou de direito, que entender relevantes, suponha: representa um paradoxo relativamente à vinculatividade da DIA
e uma porta aberta à subversão do regime legal» (JOSÉ EDUARDO
(i) Que é advogado e que lhe cabe patrocinar a posição FIGUEIREDO DIAS).
de João Flores. Quais os meios processuais e quais os
argumentos jurídicos que poderia invocar em defesa da 5) «A eco-etiqueta faz parte dos denominados “instrumentos de
sua posição? mercado” para a protecção ambiental, distintos da intervenção
administrativa (ambiental) directa, e é de incluir entre os
(ii) Que é advogado de Pepe Silva. Quais os argumentos “instrumentos de política ambiental baseados no produto” (...),
que invocaria para sustentar a respetiva posição no(s) que são técnicas que se centram na utilização de bens de consumo
processo(s) referido(s) na resposta anterior? como forma de preservação do meio-ambiente, potenciando o
uso e a produção dos chamados “produtos verdes” através dos
88 mecanismos de mercado» (SAINZ RUBIALES). 89
6) «A estruturação no direito comunitário de um regime de
responsabilidade ambiental que funcionalmente vai muito para
além das tutelas restitutivas / compensatórias tradicionais e da
realização coactiva das obrigações de “facere”, para prosseguir
fins prevalecentemente sancionatórios, mas revestindo
Simultaneamente um carácter objectivo, constitui um dos grandes
desafios da nova relação jurídica ambiental» (RUI MACHETE).

II. A União Europeia, no âmbito da comemoração do Dia


Mundial do Ambiente (dia 5 de Junho), criou a iniciativa da
“Semana Verde” (“Green Week”), este ano subordinada ao [C]
tema «Mudar os Nossos Comportamentos» (“Changing our
Behaviour”), que decorreu de 2 a 6 de Junho de 2003. Associando- HIPÓTESES DE SIMULAÇÕES DE JULGAMENTO
se às festividades comemorativas, elabore um pequeno texto
explicando, em sua opinião, qual deve ser a contribuição do
Direito para a mudança de comportamentos ambientais.

90 91
[1]

A Sociedade Protetora dos Animais / Secção Norte instalou


um canil, que atualmente alberga três centenas de animais, numas
instalações fabris abandonadas, cedidas a título temporário pelo
município do Dragão. Tratando-se de uma cedência provisória, o
município não autorizou a realização de quaisquer obras, mesmo
de manutenção, desde que o canil aí foi instalado, nos últimos
doze anos, o que conduziu à degradação das instalações e
consequente falta de qualidade de vida dos animais aí existentes.
Tendo tido conhecimento desta situação, a ONGA «Amigos
do Bobby» pretende combater as miseráveis condições em
que os animais se encontram instalados, alegando que “alguns
deles, há já doze anos que não vêm a luz do dia”. Deu assim
início a uma campanha na internet e no facebook, apelando à
adoção dos cães abandonados, que permitiu que o cão Bobby
tivesse encontrado novos donos e propondo-se fazer o mesmo
relativamente a todos os animais. Chocados com a situação em
que se encontram os animais, os «Amigos do Bobby» defendem
o encerramento imediato do canil, até porque não houve, desde o
início, qualquer avaliação de impacto ambiental das instalações,
alegando mesmo “que os cães ficam melhor abandonados na via
pública do que enclausurados naquele pardieiro”.
Os «Amigos do Bobby» decidem reagir em tribunal contra
a Sociedade Protetora dos Animais / Seção Norte e contra o
município do Dragão, exigindo o encerramento imediato do
canil. A Sociedade Protetora dos Animais defende-se, dizendo
que não pode fazer obras porque a Câmara Municipal não deixa,
mas que, apesar de tudo, “os cães estão melhor ali do que na
rua”, ao mesmo tempo que afirma que a internet e o facebook
não são meios adequados para proceder à adoção de animais,
bastando para isso aos interessados deslocarem-se ao canil. Por
sua vez, a Câmara Municipal afasta qualquer responsabilidade
pela situação, considerando que apenas está a ajudar a Sociedade
92 Protetora, a título gratuito e provisório, e esperando que aquela 93
encontre um local mais adequado para a instalação do canil, o Seus Sonhos”, constam, para além da justificação do interesse
mais breve possível. Quid iuris? turístico e económico do empreendimento, estudos e pareceres
técnicos que sustentam tanto a ausência de riscos relativos à
construção do empreendimento, como as suas vantagens em
[2] termos ambientais, dado que a referida ilha constituiria um
obstáculo para o avanço das águas do mar, assim protegendo a
A recém-formada «Associação dos Amigos da Canja de orla costeira da região.
Galinha» pretende reagir contenciosamente contra as autoridades Decorridas as sucessivas fases do procedimento de avaliação
administrativas que licenciaram a instalação pecuniária intensiva de impacto ambiental, a comissão de avaliação competente
denominada «Nitrofrangos do Campo», destinada à criação elaborou um parecer final desfavorável à autorização do projeto
simultânea de cem mil aves de capoeira, apesar de não ter da “Ilha dos Seus Sonhos”, com fundamento nas “consequências
havido licença ambiental e de o procedimento de avaliação de nefastas para o ambiente e ordenamento do território que daí
impacto ambiental não ter sido objeto de decisão por parte das poderiam resultar”. Não obstante, e dado não ter havido
autoridades administrativas. qualquer decisão do Ministro do Ambiente e do Ordenamento
Joaquim Pinto, gerente da «Nitrofrangos do Campo», por seu do Território, dentro do prazo legalmente fixado, verificou-se o
lado, alega não ter havido qualquer ilegalidade, uma vez que deferimento tácito de pedido.
se teria verificado o deferimento tácito da avaliação de impacto Foi iniciado, seguidamente, o procedimento de licenciamento
ambiental e que a licença ambiental era desnecessária, dada a ambiental do empreendimento em questão, que continua em
importância da empresa «para a criação de novos empregos na curso. Entretanto, o proprietário do empreendimento, João da
povoação de “Capoeira-A-Nova”», como tinha sido, de resto, Ilha, apresentara ao município de Rãs do Mar, os pedidos de
expressamente reconhecido pelo próprio Governo, no decurso urbanização e de construção dos equipamentos da “Ilha dos Seus
da recente cerimónia de inauguração das instalações, presidida Sonhos”, os quais foram deferidos pelo respetivo Presidente
pelos senhores Ministros da Agricultura e da Economia. Quid da Câmara, com fundamento “nos excecionais benefícios
iuris? económicos e turísticos para o desenvolvimento do concelho
resultantes de tão pioneiro empreendimento”.
Obtidas as referidas autorizações camarárias, João da Ilha
[3] resolve dar início aos trabalhos destinados à realização da “Ilha
dos Seus Sonhos”, considerando (segundo declarou a um jornal
O empreendimento turístico de Vale das Rãs pretende local) ser «desnecessário esperar mais tempo por burocracias
realizar todas as obras e medidas necessárias para fazer surgir inúteis». Insatisfeita com a situação agora criada, a Associação de
uma ilha, a uma distância de 5 km ao largo da praia que serve a Defesa do Ambiente de Vale das Rãs alega que a população «não
urbanização do mesmo nome, já existente, a fim de aí proceder está mais disposta a engolir “sapos vivos”, mas antes empenhada
à construção de 5 hotéis (sendo um deles subterrâneo, a situar em lutar pela qualidade ambiental de Vale das Rãs», pelo que
entre a atual praia e a futura ilha), 2 campos de golfe, e 1 pretende reagir contenciosamente contra todas as decisões
aldeamento turístico de luxo. Dos documentos, apresentados ao administrativas favoráveis à realização do empreendimento e
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Ministério da Economia para aprovação do projeto da “Ilha dos obter a imediata cessação das obras em curso. Quid iuris? 95
[4] Por seu lado, João da Luz Eterna, presidente do Conselho
de Administração da REN, contrapõe “não estar cientificamente
Manuel Empata, presidente da ONGA “Exército de Salvação provado que os cabos de alta tensão possuam consequências
da Natureza”, pretende reagir contenciosamente contra a decisão nefastas para o ambiente e a saúde das pessoas”, mas, “mesmo
da autarquia de Castais de licenciamento da construção de um que os tivessem, os benefícios daí resultantes para toda a
edifício de grande envergadura, destinado a servir de sede para comunidade seriam sempre incomparavelmente superiores aos
a Fundação Champamilhão, numa zona protegida, integrada prejuízos causados aos seis habitantes de Lugar Ermo”. Alega
no Parque Natural Sintla-Castais, em que é vedada qualquer ainda que a instalação dos cabos de alta tensão foi devidamente
construção, ainda para mais sem que tivesse havido qualquer licenciada pelas autoridades competentes, pelo que, a “haver
estudo prévio de avaliação de impacto ambiental. irregularidades no procedimento, ou quaisquer responsabilidades
O Presidente da Câmara Municipal, Capuchinho Laranja, públicas a apurar, estas seriam sempre imputáveis ao Ministério
justifica a sua atuação com o facto de estar em causa uma do Ambiente”. Quid iuris?
fundação que visa fomentar a investigação no domínio da
genética e da biotecnologia, de relevante interesse público, o que,
só por si, justificaria o respetivo licenciamento, “como ficou, de [6]
resto, provado pelo facto da medida em causa ter merecido o
apoio unânime de todas as forças políticas do concelho”. Mais O autodenominado “Esquadrão Verde e Vermelho”, defensor
acrescenta que a atividade de investigação, que tal Fundação da “desobediência civil” e da “ação direta” para defesa do
pretende realizar e incentivar, releva também para o domínio Ambiente, procedeu à ocupação temporária da exploração
da proteção da natureza, pelo que é totalmente desnecessária a agrícola “Milho-Rei”, com o objetivo de proceder à destruição
exigência de prévia avaliação de impacto ambiental do projeto de um milheiral transgénico, autorizado e subsidiado pelo
em apreço. Quid iuris? Ministério da Agricultura. Alertada pelo proprietário, a G.N.R.
acorreu ao local, onde tomou nota da ocorrência, identificando
alguns dos participantes envolvidos, mas sem pôr termo à ação
[5] em causa, uma vez que os manifestantes alegaram encontrar-se
no exercício dos seus “direitos fundamentais de manifestação e
A associação ambientalista de Lugar Ermo pretende utilizar de resistência”, pois a autorização do milheiral era “ilegal”, por
todos os meios contenciosos adequados, relativamente ao Estado se encontrar situado numa zona declarada “livre de transgénicos”
e à empresa pública que explora a Rede Elétrica Nacional, de pela Associação dos Municípios da Região.
forma a obter a imediata desativação das redes de alta tensão que Inconformado com a situação, o proprietário de “Milho-
atravessam a povoação, alegando que elas estão a pôr em causa Rei” diz-se revoltado pela inação das forças da ordem e exige a
“ os direitos fundamentais à saúde e ao ambiente e qualidade de imediata intervenção das entidades governamentais licenciadoras
vida da população local”, para além da respetiva instalação ter do projeto, afirmando estar disposto a recorrer aos tribunais para
sido “ilegal”, por “não ter chegado sequer a existir declaração de obter a devida indemnização por parte do Estado. O Ministro
impacto ambiental favorável”. da Agricultura, em visita à propriedade, considera não haver
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razão para qualquer responsabilidade pública e solidariza-se 97
com o proprietário, comprometendo-se a facultar-lhe “todo o de poderes públicos criadoras de infundados alarmismos,
apoio jurídico necessário” no caso deste tencionar perseguir suscetíveis de desencadear sentimentos irracionais contra as
judicialmente o “Esquadrão Verde e Vermelho”. Por seu lado, aves em geral, os quais, no limite, podem mesmo dar origem a
os porta-vozes do “Esquadrão Verde e Vermelho” desdobram-se situações extremas de “Apocalipse Now” aviário». Quid iuris?
em declarações à comunicação social, alegando o seu “direito
à indignação pela conduta vergonhosa do Estado português, ao
autorizar e subsidiar o milheiral transgénico, em clara violação [8]
do princípio ambiental da precaução, internacionalmente
consagrado”. Sem saber já muito bem o que – e como – fazer Maria Canas, presidente da Associação para a Restauração
o proprietário recorre, então, aos serviços da famosa sociedade do Concelho de Varas do Melhorim (ARCVM), na sequência
de advogados “Processos Ilimitados”, incumbindo-os de agir o de recentes e infrutíferas manifestações populares para a
mais prontamente possível. Quid iuris? concretização dos respetivos fins estatutários, pretende reagir
contenciosamente contra a empresa pública proprietária das
minas da Ouriça, pelos danos ambientais causados à população
[7] local, e contra a atuação do senhor Presidente da República,
que vetou o decreto que estabelecia a passagem a concelho
João Franganote pretende reagir contenciosamente contra da freguesia de Varas, e que continua a recusar-se a receber os
o indeferimento do pedido de licença ambiental da instalação representantes da referida coletividade local.
«Chicken Little», destinada à criação intensiva de 200 000 Alegando a violação do direito fundamental ao ambiente e
aves de capoeira, com a fundamentação (constante da decisão qualidade de vida da população de Varas, a ARCVM pretende
da autoridade competente) de que se tratava de uma instalação obter a condenação ao pagamento de uma indemnização por
«sobredimensionada», em face da «atual conjuntura de risco parte da empresa pública proprietária das minas da Ouriça,
de “gripe das aves”», o que poria em causa o «princípio da pelos danos causados ao meio-ambiente, assim como por parte
precaução, tanto quanto mais quanto, no pedido de licenciamento das autoridades administrativas que licenciaram tal atividade,
apresentado, nem sequer se previa a existência de um qualquer sem que tivesse havido prévia avaliação de impacto ambiental.
“plano de emergência” para o caso da possível ocorrência de Mais alega a ARCVM que a razão última de “todos os males de
uma situação de pandemia». que padece o ambiente e a qualidade de vida dos habitantes de
Inconformado com a decisão João Franganote contrapõe Varas reside na atitude prepotente do Presidente da República”,
que o projeto apresentado previa a adoção das “melhores pelo que pretende também a condenação do chefe de Estado
técnicas disponíveis”, alegando ainda considerar tratar-se de um na prática dos atos devidos de marcação de uma reunião com
indeferimento ilegal, visto contrariar a prévia decisão favorável os responsáveis pelo movimento e de promulgação imediata
de impacto ambiental. Esta posição do empresário é apoiada pela do diploma que procedera à elevação de Varas do Melhorim
«Associação dos Amigos das Aves», que se pretende associar a concelho. E o articulado entregue no tribunal terminava, de
à contestação judicial da decisão em causa e cujos dirigentes, forma poética, citando a proclamação de um vate local: “Para o
em declarações prestadas à comunicação social, alertam para ambiente melhorar, Varas a concelho deve o presidente elevar!”
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os riscos de «intoxicação da opinião pública, mediante decisões (sic). Quid iuris? 99

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