Você está na página 1de 4

em uma represa, na qual ambos os envolvidos - ofendi- Dessarte, pela atual redação do Código de

do e réu - estavam pilotando respectivamente seus jet Processo Penal, cabe ao douto Magistrado de primeiro
skis. Ou seja, os fatos se deram em uma superfície grau encaminhar os autos ao nobre representante do
aquática, envolvendo dois veículos próprios para circu- Ministério Público para eventual apresentação da sus-
larem somente sob a água. pensão condicional do processo, visto que, pela novel
Nas disposições preliminares do CTB, mormente definição jurídica, o réu, em tese, faz jus a ela.
nos arts. 1º e 2º, há a exata delimitação da aplicação Isso posto, desconstituo os efeitos da r. sentença
desta Lei nº 9.503/97. condenatória e, desclassificando a conduta do increpa-
No art. 1º, lê-se que: do, determino a baixa dos autos à comarca de origem,
“O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres a fim de que seja dada vista ao Parquet para se mani-
do território nacional, abertas à circulação, rege-se por festar acerca da possibilidade do oferecimento da sus-
este Código”, ao passo que no art. 2º, verbis: pensão do processo, nos termos do art. 89 da Lei nº
9.099/95.
São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os
logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as Custas, na forma da lei.
rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou
entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as Votaram de acordo com o Relator os DESEMBAR-
peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. GADORES FERNANDO STARLING e JÚLIO CEZAR
GUTTIERREZ.
O acidente não ocorreu em vias terrestres, sejam
elas urbanas ou rurais, pois se deu em uma superfície

TJMG - Jurisprudência Criminal


Súmula - RECURSO PROVIDO.
aquática, em veículos próprios para ali trafegarem.
Malgrado seja o jet ski um veículo automotor, este ...
se equipara a embarcações, navios e barcos, fora, por-
tanto, das matérias abrangidas pelos artigos iniciais do
CTB, devendo ocorrer, pois, a alteração na capitulação
delituosa. Crime de trânsito - Homicídio culposo - Art. 302
Dessarte, aplicando a regra do art. 383 do CPP, do Código de Trânsito Brasileiro - Autoria -
vislumbro que o réu deva responder ao crime do art. Materialidade - Prova - Compensação de culpas
121, § 3º, do Código Penal, qual seja homicídio culposo
regido por nosso Estatuto Repressivo.
- Inadmissibilidade - Condenação - Penas restriti-
Dita o art. 383 do CPP, com a nova redação con- vas de direitos - Fixação - Critérios legais -
ferida pela Lei nº 11.719/08, que: Diminuição - Impossibilidade - Pena privativa de
liberdade - Mínimo legal - Suspensão da habili-
O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denún-
cia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, tação para dirigir - Redução - Necessidade
ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais
grave. Ementa: Apelação criminal. Crime de trânsito.
Homicídio culposo. Absolvição. Impossibilidade.
Nesse diapasão, o § 1º deste dispositivo narra que: Redução das penas restritivas de direitos.
Inadmissibilidade. Suspensão da habilitação para dirigir.
Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver Redução. Necessidade. Recurso parcialmente provido.
possibilidade de proposta de suspensão condicional do
processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. - Comprovada a materialidade e a autoria delitiva,
constatando-se, ainda, a imprudência da acusada, o
Ora, no caso em julgamento, o réu foi denunciado resultado lesivo involuntário, o nexo de causalidade e a
por infração ao art. 302 do CTB, cuja pena mínima previsibilidade do resultado, subsumindo-se seu com-
ultrapassa um ano. Tal situação, em consonância com a portamento ao tipo penal previsto no art. 302 do CTB, é
orientação do augusto STJ, sumulada através do de rigor a manutenção do decreto condenatório, ainda
Enunciado nº 243, bem como do art. 89 da Lei nº que a vítima tenha contribuído para o acidente, já que o
9.099/95, afasta a aplicação do benefício da suspensão nosso sistema jurídico não admite a compensação de
do processo. culpas.
Entretanto, de acordo com a nova definição jurídi-
ca apresentada neste voto, a conduta do réu foi - Fixadas as penas restritivas de acordo com os critérios
enquadrada no art. 121, § 3º, do Código Penal, cuja legais, com observância dos princípios da proporciona-
sanção mínima cominada é de 1 (um) ano de detenção, lidade e individualização da pena, não há que falar em
dentro, portanto, do prazo definido. redução.

Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 60, n° 191, p. 271-329, out./dez. 2009 287
- Tendo a pena privativa de liberdade sido fixada no Segundo a exordial, a denunciada
mínimo legal, reduz-se a pena de suspensão da habili-
tação para dirigir veículo automotor ao mínimo legal. [...] conduzia o veículo indicado pela Av. Simon Bolívar,
visando transpor a Av. Minas Gerais e adentrar na Av.
APELAÇÃO CRIMINAL N° 1.0313.04.153809-8 8/001 - Geresa. Contudo, no cruzamento das duas primeiras vias,
encontrando os semáforos desligados, imprudentemente,
Comarca de Ipatinga - Apelante: Luzia Barros de não dispensou a atenção necessária para a manobra e,
Oliveira - Apelado: Ministério Público do Estado de assim, desrespeitou a preferência da vítima, que conduzia a
Minas Gerais - Relator: DES. EDUARDO MACHADO motocicleta Honda/CG 125, placa GSN-4747, pela Av.
Minas Gerais, no sentido dos bairros Jardim Panorama -
Acórdão Canaã.

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª Câmara Assim, ao que consta,


Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos e das [...] o veículo conduzido pela denunciada interceptou a re-
gular trajetória desenvolvida pelo veículo conduzido pela víti-
notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR ma, que foi projetada, caindo na pista de rolamento, sofren-
PROVIMENTO PARCIAL. do graves ferimentos.
Belo Horizonte, 13 de outubro de 2009. - Eduardo
Machado - Relator. Como visto alhures, em apertada síntese, busca a
Defesa a absolvição da apelante, ao argumento de que
Notas taquigráficas a vítima contribuiu para o acidente.
Entretanto, diante das provas acostadas aos autos,
DES. EDUARDO MACHADO - Trata-se de tal alegação, ainda que comprovada, não tem o condão
apelação criminal interposta contra a r. sentença de f. de rechaçar o decreto condenatório proferido pelo MM.
76/82, que, julgando procedente a denúncia, condenou Juiz a quo.
a apelante, pela prática do crime previsto no art. 302 da A materialidade e autoria delitiva restam sobeja-
Lei 9.503/97, às penas de 02 (dois) anos de detenção, mente demonstradas, sobretudo através do auto de
em regime aberto, e suspensão de habilitação para diri- corpo de delito de f. 26/27, do exame pericial de f.
gir veículo automotor por 06 (seis) meses, tendo sido a 20/25 e da prova oral produzida, que conduzem à
pena privativa substituída por duas restritivas de direito, inequívoca conclusão de que a acusada foi responsável
consistentes em prestação pecuniária no valor de 03 pelo evento. Tanto que o presente recurso versa apenas
(três) salários-mínimos e prestação de serviços à comu- sobre a contribuição da vítima para o acidente.
nidade por 730 horas. No que toca à conduta da vítima, com efeito, há
Nas razões recursais, às f. 100/102, sustenta a elementos nos autos indicando que ela trafegava em
apelante que velocidade superior à permitida, infringindo os deveres
do condutor de domínio do veículo e de certificação
[...] diante dos depoimentos colhidos, do laudo técnico e da prévia de que pode executar manobra sem perigo para
legislação pertinente, indiscutível a colaboração da vítima os demais usuários da via que o seguem, precedem ou
para o evento, razão pela qual deverá a recorrente ser
vão cruzar com ele, considerando sua posição, direção e
absolvida das imputações a si atribuídas.
velocidade (arts. 28 e 34 do CTB).
Contudo, salta aos olhos que o abalroamento não
Subsidiariamente, pede a redução das penas restri- teria ocorrido não fosse a imprudência da acusada, que,
tivas ao mínimo legal. ao tentar transpor o cruzamento sem tomar as cautelas
Contrarrazões recursais, às f. 103/109. exigidas para a manobra, atingiu a vítima, que vinha
Manifesta-se a douta Procuradoria de Justiça, às f. pela via preferencial.
113/119, pelo conhecimento e desprovimento do recurso. Nesse contexto, a despeito de alguma contribuição
É, em síntese, o relatório. da vítima para o evento, não há que se falar em
Presentes seus pressupostos de admissibilidade, absolvição da apelante, como pretende a Defesa, pois o
conheço do recurso. nosso sistema jurídico não admite a compensação de
Narra a denúncia que culpas.
Registre-se que somente a culpa exclusiva da vítima
[...] em 10 de outubro de 2004, aproximadamente às 21
horas, no cruzamento das Avenidas Simon Bolívar e Minas
afastaria a culpabilidade da acusada, o que não restou
Gerais, nesta cidade, na direção do veículo GM/Vectra, demonstrado in casu.
placa GRW-0415, a denunciada, inobservando o seu dever A propósito, é a lição de César Roberto Bitencourt:
de cuidado, causou em Helbes Ferreira de Campos lesões
corporais múltiplas que o levaram à morte (cf. auto de corpo Eventual culpa da vítima não exclui a do agente; elas não se
de delito - f. 23 e s.). compensam. As culpas recíprocas do ofensor e do ofendido

288 Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 60, n° 191, p. 271-329, out./dez. 2009
não se extinguem. A teoria da equivalência dos antecedentes não ter capacidade financeira para custear o processo, faz
causais, adotada pelo nosso Código Penal, não autoriza jus ao benefício e, consequentemente, à isenção do paga-
outro entendimento (Manual de direito penal, 6. ed. São mento das custas processuais (art. 10, II, da Lei Estadual nº
Paulo: Saraiva, v. 1, p. 231). 12.427/1996) (TJMG - 5ª Câmara Criminal - Ap. nº
1.0034.03.010046-4/001(1) - Rel. Des. Adilson Lamounier
Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência: - v.u. - j. em 14.07.2009 - DOMG de 27.07.2009).

Apelação criminal. Delito de trânsito. Homicídio culposo. Dessarte, comprovada a materialidade e a autoria
Inobservância do dever de cuidado. Imprudência caracteri- delitiva, constatando-se, ainda, a imprudência da acusa-
zada. Condenação mantida. - Comete homicídio culposo o da, o resultado lesivo involuntário, o nexo de causali-
motorista que desatenta para as regras básicas de trânsito, dade e a previsibilidade do resultado, subsumindo-se seu
decorrente da falta do devido cuidado objetivo a todos
imposto, sendo-lhe inteiramente previsível o evento. Ainda
comportamento ao tipo penal previsto no art. 302 do
que a vítima tenha contribuído para o evento, a culpa con- CTB, é de rigor a manutenção do decreto condenatório,
corrente não elide a do motorista, já que em direito penal ainda que a vítima tenha contribuído para o acidente.
não há compensação de culpas (TJMG - 3ª Câmara Por outro lado, penso que o pedido de redução das
Criminal - Ap. nº 1.0686.05.141663-0/001(1) - Rel. Des. penas restritivas não merece prosperar, pois procedida
Paulo Cézar Dias - v.u. - j. em 16.09.2008 - DOMG de
com a exata observância dos ditames legais (art. 44, §
26.09.2008).
2º, do CP).
Apelação criminal. Homicídio culposo. Trânsito. Imprudência Quanto à pena de prestação de serviços, afere-se
e imperícia caracterizadas. Condenação mantida. que foi aplicada de acordo com a proporção do art. 46,
Dosimetria. Reestruturação. Recurso provido parcialmente. - § 3º, do CP.

TJMG - Jurisprudência Criminal


Em acidente de trânsito, caracterizada está a culpa do
A pecuniária, por seu turno, foi fixada dentro dos
motorista que, mesmo percebendo a presença de ciclistas na
pista de rolamento, não diminui sua velocidade a patamar limites do art. 45, § 1º, do CP, e atende à condição
compatível com a segurança do trânsito, limitando-se a financeira da apelante, tendo-lhe sido assegurada,
acionar a buzina. A concorrência de culpa por parte do ofen- ainda, a possibilidade de pagar em até 10 (dez) parce-
dido sabidamente não exclui a responsabilidade penal do las.
outro envolvido, pois inexiste compensação na seara crimi- Respeitados, portanto, os princípios da propor-
nal. À míngua de motivação, a causa de aumento de pena
prevista no inciso I do parágrafo único do art. 302 do CTB cionalidade e individualização da pena, não há que se
deve se dar na menor fração de 1/3. A proibição de se obter falar em redução das penas restritivas, sob pena de frus-
a permissão para dirigir deve ser imposta proporcionalmente trar a função das reprimendas.
à sanção privativa de liberdade (TJMG - 3ª Câmara Criminal Por fim, penso que a r. sentença merece um
- Ap nº 1.0056.04.072292-0/001(1) - Rel. Des. Eduardo pequeno retoque no que tange à suspensão da habili-
Brum - v.u. - j. em 16.12.2008 - DOMG de 23.01.2009).
tação para dirigir veículo automotor.
Apelação criminal. Crime de trânsito. Homicídio culposo. Tendo a pena privativa de liberdade sido fixada no
Imprudência comprovada. Previsibilidade possível. mínimo legal, hei por bem reduzir a suspensão da habi-
Condenação mantida. Culpabilidade. Circunstância normal litação da apelante ao mínimo legal, estabelecendo-a
ao tipo. Pena de prestação pecuniária. Redução. em 02 (dois) meses (art. 293, CTB).
Possibilidade. Destinação à vítima preferencialmente.
Feitas essas considerações, meu voto é no sentido
Isenção de custas. Concessão.
I - Se a prova dos autos, em seu contexto, confirma a atitude de se dar parcial provimento ao recurso, tão somente
imprudente do réu na condução do veículo automotor que para reduzir a suspensão da habilitação da apelante
causou a morte da vítima, é de se manter a sentença que o para dirigir veículo automotor para 02 (dois) meses,
condenou por homicídio culposo no trânsito. mantendo, no mais, os exatos termos da r. sentença fusti-
II - Ainda que haja culpa concorrente da vítima, não há que
gada.
se falar na absolvição do motorista causador de homicídio
culposo na direção de veículo automotor, na medida em que Custas, na forma da lei.
o sistema jurídico-penal vigente não admite a compensação
de culpas. DES. ALEXANDRE VICTOR DE CARVALHO - Peço
III - A culpabilidade, enquanto circunstância judicial prevista vênia ao eminente Relator para dele discordar quanto a
no art. 59 do Código Penal, não é aquela que compõe a
um único aspecto do seu voto.
estrutura do delito, senão a reprovação social que o crime e
o seu autor merecem. O eminente Des. Relator manteve a substituição da
IV - A prestação pecuniária, além de observar os limites esta- pena privativa de liberdade por restritivas de direito,
belecidos no art. 45, § 1º, do Código Penal, que varia entre determinada na sentença primeva, sendo uma delas con-
o mínimo de 01 e o máximo de 360 salários-mínimos, deve sistente em uma prestação pecuniária devida a uma enti-
ser estabelecida de acordo com as condições financeiras do dade assistencial, no valor de 03 (três) salários-mínimos.
acusado.
V - A destinação da prestação pecuniária deve ser feita pre-
Entendo que ocorreu equívoco perpetrado pelo
ferencialmente à vítima. voto precedente, porquanto o diploma penal, no art. 45,
VI - Se o réu requer a concessão da gratuidade de justiça por § 1º, exige que, em primeiro lugar, seja tal sanção apli-

Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 60, n° 191, p. 271-329, out./dez. 2009 289
cada em benefício das vítimas e dos seus parentes, e só se falar em crime impossível por absoluta ineficácia do
por último, subsidiariamente, possa ser dirigida às enti- meio, pois que, nessa hipótese, há possibilidade, ainda
dades filantrópicas, públicas ou privadas. que reduzida, de consumação.
Assim, pelo acima esposado, determino seja dada
nova destinação à prestação pecuniária fixada, qual - É devida a manutenção da qualificadora referente ao
seja: aos dependentes da vítima, já que falecida esta. uso de chave falsa, no crime de furto, se as provas co-
Acompanho, no mais, o voto condutor. lhidas na instrução permitem concluir pela utilização da
Custas, ex lege. chave apreendida para abertura do veículo, sendo
É como voto. desnecessária, nesta hipótese, a realização do exame
pericial.
DES.ª MARIA CELESTE PORTO - De acordo com o
Revisor. - A matéria referente à isenção das custas deve ser dis-
cutida no momento oportuno, isto é, quando efetiva-
DES. EDUARDO MACHADO - Sr. Presidente, pela mente cobrado o respectivo valor devido pelo réu.
ordem.
Em razão da manifestação de V. Exa., Sr. Negado provimento ao recurso.
Presidente, na qualidade de Revisor, e no que diz respeito
à destinação da pena pecuniária aplicada, e não sendo APELAÇÃO CRIMINAL N° 1.0056.09.207639-9 9/001 -
esta objeto da minha manifestação em meu voto, neste Comarca de Barbacena - Apelante: Leonardo do
particular acompanho V. Exa. Nascimento Canto de Oliveira - Apelado: Ministério
Público do Estado de Minas Gerais - Relatora: DES.ª
Súmula - DERAM PROVIMENTO PARCIAL. JANE SILVA

... Acórdão

Vistos etc., acorda, em Turma, a 3ª Câmara


Furto qualificado - Chave falsa - Veículo automo- Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas
tor - Estacionamento - Supermercado Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na con-
- Tentativa - Autoria - Materialidade - Prova - formidade da ata dos julgamentos e das notas taquigrá-
Tipicidade - Crime impossível ficas, à unanimidade de votos, EM NÃO PROVER O
RECURSO.
- Não configuração - Princípio da insignificância -
Belo Horizonte, 24 de novembro de 2009. - Jane
Inaplicabilidade - Isenção de custas Silva - Relatora.
- Não cabimento
Notas taquigráficas
Ementa: Penal. Tentativa de furto. Tipicidade da conduta.
Insignificância. Alegação de inexistência de ofensa ao DES.ª JANE SILVA - Leonardo do Nascimento
bem jurídico tutelado. Conduta que pouco se aproximou Canto de Oliveira, inconformado com a sentença que o
da consumação. Crime impossível. Inocorrência. Decote condenou a um ano, oito meses e dois dias de reclusão,
da qualificadora. Impossibilidade. Isenção das custas. em regime aberto, e ao pagamento de vinte dias-multa,
Negado provimento ao recurso. o valor da unidade no mínimo legal, por ter sido consi-
derado incurso nas penas do crime do art. 155, § 4º, III,
- A abertura do porta-malas de um veículo com o uso de c/c art. 14, II, do Código Penal, interpôs o presente
chave falsa não configura ato preparatório, mas sim iní- recurso, requerendo a absolvição, em virtude da atipici-
cio da execução do crime. É impossível dizer que a con- dade da conduta. Alternativamente, pleiteou a
duta de tentativa de furto não ofende o bem jurídico tute- absolvição por aplicação do princípio da insignificância
lado quando o agente não chegou a furtar qualquer ou do crime impossível. Por fim, pugnou pelo decote da
objeto. Eventual ponderação nesse sentido encerraria qualificadora, bem como pela concessão da justiça gra-
suposição de algo que não chegou a ocorrer. Merece tuita.
reprovação a conduta do agente que inicia a execução Contrarrazões ministeriais, às f. 123/133, pelo não
do crime de furto, porque idônea a ofender o bem jurídi- provimento do recurso.
co tutelado. Quanto aos fatos, narram os autos que, em 5 de
março de 2009, às 14h23, no estacionamento do
- Praticado o furto em estabelecimento comercial dotado Supermercado Sales, situado na Rua Sena Figueiredo,
de seguranças e equipamentos de vigilância, não há que Centro, Comarca de Barbacena, Leonardo do

290 Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 60, n° 191, p. 271-329, out./dez. 2009

Você também pode gostar