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18 de Maio de 2022

2º Grau

Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR - Agravo de


Instrumento: AI 4999695 PR 0499969-5 - Inteiro
Teor

Publicado por Tribunal de Justiça do Paraná há 13 anos

Processo
AI 4999695 PR 0499969-5

Órgão Julgador
8ª Câmara Cível

Publicação
DJ: 80

Julgamento
4 de Dezembro de 2008

Relator
Arno Gustavo Knoerr

Inteiro Teor
Visualização de Acórdão

Processo:0499969-5

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 499.969-5 DA COMARCA DE


LONDRINA - 10ª VARA.

AGRAVANTE:MAPFRE VERA CRUZ SEGURADORA S/A

AGRAVADA:VERA LUCIA DA COSTA DESSUNTI

RELATOR: DESEMBARGADOR ARNO KNOERR

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA AO


DPVAT. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA AFASTADA 'A QUO'.
RENÚNCIA POR EXCEPTA AO FORO DE SEU DOMICÍLIO.
ADMISSIBILIDADE. AFORAMENTO EM COMARCA PRÓXIMA
(LONDRINA), INCONTROVERSAMENTE DOTADA DE
REPRESENTAÇÃO DA AGRAVANTE NESTE CITADA.
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. ATUAÇÃO AO ART. 100, IV, 'B', CPC.
CONCORDÂNCIA, INCLUSIVE, AOS ARTS. 100, PARÁGRAFO
ÚNICO E 94 (AÇÃO PESSOAL) DO DIGESTO PROCESSUAL.
APOIO JURISPRUDENCIAL E DOUTRINÁRIO.
DESPROVIMENTO. PRELIMINAR SUSPENSIVIDADE
REVOGADA.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de


Instrumento nº 499.969-5 da Comarca de Londrina - 10ª Vara, em
que agravante MAPFRE VERA CRUZ SEGURADORA S/A e
agravada VERA LUCIA DA COSTA DESSUNTI.

ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Desembargadores da


Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, à
unanimidade, desprover ao recurso, nos termos do voto. I.
Instrumental sobre respeitável 'decisum' em fls. 68, TJ, rejeitando
exceção de incompetência, oposta por agravante nos autos 169/08,
relativamente à demanda nº 1377/2007 de cobrança de seguro
DPVAT, promovida por agravada.

Enxertando postulação de suspensividade, posto hábil provocar o


'decisum' grave lesão, dificilmente reparatória, ao definir
"competente o Juízo da Comarca de Londrina, para julgar uma
demanda em que o autor reside na Cidade de Cambé", ensejando a
agravada "ser condenada antes mesmo da apreciação da referida
competência" (fls. 04), aduz em síntese:

Que o noticiado sinistro ocorreu em Cambé, neste Estado, também


residência da agravada, detendo a agravante domicílio no Estado
de São Paulo, conjunto que exclui aforar a demanda em Londrina,
local totalmente diverso, sem argumentos assim justificá-la.

Que amoldada ao disposto no art. 100, VI, alínea 'a' conjugada ao


parágrafo único do CPC.

Que, portanto, cumpria ingressá-la "no foro do local do fato ou do


ato ensejador da reparação, ou ainda, no domicílio da parte
agravada" (fls. 7).

Entretanto, conclui pela remessa "a uma das Varas Cíveis da


Comarca de Cambé" (fls. 8, 'sic').

Acresceu as peças de fls. 9/68.

Em primeiro exame, conferido ao processamento instrumental


suspensiva atuação ao curso do feito (fls. 75), a contraminuta em
fls. 82-97 direciona manter ao 'decisum'.

A sede municipal de Cambé não detém sucursal da Mapfre,


respondendo unicamente a agência em Londrina, distante cerca de
14 Kms. Que aplicável o art. 100, parágrafo único, CPC "às
demandas relativas à reparação de danos sofridos em razão de
delito ou acidente de veículos, ou seja, fixa a competência quando
a questão envolver responsabilidade civil aquiliana decorrente de
delito ou acidente de veículos", mas tratando de recebimento ao
seguro DPVAT, envolvendo "cumprimento de uma obrigação
contratual, e não a obrigação de indenizar decorrente de evento
danoso, imputada a quem deu causa" (fls. 85), "deve reger o
presente caso a regra contida no inciso IV, alínea 'a'" do
dispositivo.

Remata: a excepta reside em Cambé, com sucursal próxima (13,5


kms) em Londrina, credenciando aforamento nesta última
Comarca, facilitando exercício defensivo por excipiente, em
atenção ao art. 6º, VIII e X, CDC, sem importar prejuízo à excepta,
para demanda comportando antecipado julgamento (art. 330,
CPC).

Acresceu os documentos de fls. 98-101, quais dispensaram aplicar


o art. 398, CPC.

A douta magistrada informou atendido ao art. 526, CPC e mantido


o 'decisum'.

Examinado, ingressou em pauta.

É o breve relatório.

II. Manejo tempestivo, devidamente preparado, finalizando


desprovido, revogando-se anterior suspensividade, nos termos do
voto.

Conforme peças instrumentais, a ação de cobrança ingressou na


Comarca de Londrina, então dirigida à Vera Cruz Seguros S/A,
com sucursal local à Rua Senador Souza Naves, 873, através
agravada, residente e domiciliada em Cambé, diante falecimento
do cônjuge Vilmar Dessunti, ocorrido em trecho rodoviário do
Município de Tijucas do Sul - PR.

E no endereço supra indicado à seguradora, finalizou esta citada


(fls. 27).

Mapfre Vera Cruz Seguradora (atual denominação) contestou (fls.


28 e seguintes) indicando respectiva sede na Capital do Estado de
São Paulo.

Devidamente impugnada, ingressou a agravante exceção de


incompetência enfatizando com fundamento no art. 100, V, alínea
'a' e parágrafo único, CPC, não configurada relação de consumo,
privilegiando domicílio do consumidor detendo a excepta
residência em Cambé, rematando "proceder a remessa dos
presentes autos a uma das Varas Cíveis do Foro Central da
Comarca de São Paulo/SP (domicícilio da Excipiente) ou para uma
das Varas Cíveis da Comarca de Cambé do Estado do Paraná
(domicílio da Excepta) que, a teor da legislação vigente, revela-se o
Juízo competente para apreciar e julgar a lide" (fls. 60).

Colheu afasto ao 'decisum' registrando, na porção interessante:

"Na ação por danos decorrentes de acidente de trânsito, o autor


tem a faculdade de propor a ação no foro de seu próprio domicílio,
no foro do local do acidente ou, ainda, no foro do domicílio do réu,
vez que o benefício do foro lhe é renunciável" (fls. 68).
E nestes termos correto. O foro domiciliar da excepta é
renunciável desde que instituído a seu benefício.

Assim, não constrangida ingressar a demanda em Cambé, em qual


não detém a excipiente representação.

Fê-lo em Londrina, cerca de 13km distante, conforme elucidado


em fls. 98-101, ou seja, nenhum prejuízo para a excepta, desta
renúncia ao foro domiciliar.

E igualmente nenhum para a excipiente, desde que nesta última


citada, exatamente ao informado na contraminuta (fls. 84) e
admitido por agravante (fls. 60), conforta deter filial em Londrina.
Nenhuma razão, portanto, a remessa do feito para a Comarca de
Cambé.

Tratando-se de pessoa jurídica, o art. 75, parágrafo único, CPC,


considera respectivo domicílio cada qual dos estabelecimentos
deste em lugares diferentes, afastando privilegiar a sede da
excipiente, na capital de São Paulo.

Veja-se que:

"Na ação por danos decorrentes de acidente de trânsito, o autor


tem a faculdade de propor a ação no foro do seu próprio domicílio,
no foro do local do acidente ou, ainda, no foro do domicílio do réu.
2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito
da 3ª Vara Cível de Porto Velho, o suscitado" ( CC 42.120/AM, Rel.
Ministro Fernando Gonçalvez, Segunda Seção, julgado em
18.10.2004, DJ 03.11.2004, p. 128).

Atua, portanto, na espécie, o art. 100, IV, 'b', CCB.

Aliás, também pela regra geral para acidente de veículos do art.


100, parágrafo único, CPC, igual a solução.

Celso Agrícola Barbi em "Comentários ao Código de Processo


Civil", volume I: "Tratando-se de regra criada em favor da vítima
do delito ou acidente, pode ela abrir mão dessa prerrogativa e, se
lhe convier, ajuizar a ação no foro do domicílio do réu. Como se vê,
há, na realidade, três foros concorrentes, à escolha do autor: o do
lugar do fato, o do domicílio do autor e o do domicílio do réu. E o
réu não tem poder legal de se opor a essa escolha".

Na espécie, repita-se, a agravada dispensou ao favor legal,


conforme perfeitamente admissível.

Orientação do Colendo STJ:

"O art. 100, parágrafo único, do CPC estabelece: 'Nas ações de


reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de
veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local
do fato'. Essa regra foi estabelecida especialmente em prol do
autor, nada obstando que possa optar pelo foro geral - do
domicílio do réu -, nos termos do artigo 94 do CPC" (STJ, 1ª
Turma, REsp 949382/MG, Rel. Min. José Delgado, DJ:
19/11/2007).

"Processual Civil. Competência. Acidente de veículo. Foro do


domicílio do réu. Opção do autor.

I. A regra de competência, no caso de acidente de veículo, foi


instituída em favor da vítima que pode abrir mão do foro
privilegiado e ajuizar a ação no foro de domicílio do réu.

II. Recurso especial conhecido e provido" (STJ, 3ª T., REsp


231794/RJ, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 29/11/2004).

Desaguando, portanto, ao geral art. 94 para ação pessoal, conclui-


se do acerto ao 'decisum': "a agravante possui diversos domicílios,
cabe ao autor a escolha de qualquer deles" para o aforamento, não
implicando a escolha da Comarca de Londrina qualquer ônus
sobre Mapfre. Aliás, em pleno exercício defensivo, já contestante
para demanda que em regra dispensa instrução e agora recorrente.
Portanto, o desprovimento.

Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores


Desembargadores Guimarães da Costa e João Domingos Kuster
Puppi.

Curitiba, 04 de dezembro de 2008

ARNO KNOERR

DESEMBARGADOR PRESIDENTE E RELATOR

Não vale como certidão ou intimação.

Disponível em: https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6150592/agravo-de-instrumento-ai-


4999695-pr-0499969-5/inteiro-teor-12287790
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