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AO JUIZO FEDERAL DA VARA FEDERAL DA COMARCA DE LONDRINA DO

ESTADO DO PARANÁ

LUIZ CARLOS DALO, brasileiro, casado, motorista, nascido em


24/04/1966, portador do RG nº 4.706.022-2, inscrito no CPF/MF sob o n.º
684.936.739-00, residente e domiciliado na Rua Jácomo Rossini, nº 730,
Parque Residencial Ana Rosa, Cambé - PR, através de seu procurador Dr.
David Garcia de Assis, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/PR sob
o nº 76.502, com escritório profissional localizado na Rua França, nº1.069,
Centro, Cambé-PR, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência ajuizar

AÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO PELA REGRA DE PONTOS C/C A AVERBAÇÃO DO
TRABALHO RURAL E CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM
COMUM

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos


seguintes fundamentos fáticos e jurídicos.
DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer o Autor a concessão dos benefícios da justiça gratuita,


com fulcro no artigo 98 e seguintes do CPC e na da Lei 1060/50, em virtude
de ser pessoa pobre na acepção jurídica da palavra e sem condições de
arcar com os encargos decorrentes do processo, sem prejuízo de seu pró-
prio sustento e de sua família, conforme declaração em anexo.

DOS FATOS

O Autor, nascido em 24 de abril de 1966, contando atualmente


com 56 anos de idade, laborou na atividade rural e urbana durante diversos
períodos contributivos.

O Autor requereu, perante o INSS, o benefício de Aposentadoria


por Tempo de Contribuição, processado sob o NB 191.977.692-0, com DER
em 14/12/2018, eis que atingiu o tempo de contribuição necessário para a
aposentadoria com direito adquirido às regras anteriores à EC 103/19.

Requereu a conversão do tempo especial em comum, tendo em


vista ter laborado em condições especiais, nocivas à sua saúde e à sua
integridade física.

Também requereu a averbação do período rural em que o Autor


laborou em regime de economia familiar, desde os seus 12 anos de idade,
no período de 1978 a 1988.

O INSS proferiu decisão denegando o benefício de aposentado-


ria, indeferindo o cômputo do período rural, bem como, a conversão da
atividade especial em tempo comum.

O Autor entende que a negativa do INSS não pode subsistir, tendo


em vista que as provas dos autos, bem como as que eventualmente serão
produzidas, comprovam que o Autor laborou na área rural em regime de
economia familiar e também na atividade especial.

O quadro a seguir demonstra, de forma objetiva, os diversos anos


de atividades laborativas, de modo que os requisitos ensejadores do bene-
fício tornam-se incontroversos, senão vejamos:

Tipo de Tempo de contribui-


Atividade Data de início Data de fim
atividade ção

10 ano(s), 8
RURAL 25/04/1978 31/12/1988 Normal
mes(es) 6 dia(s)

0 ano(s), 0
URBALON LTDA 17/04/1989 02/05/1989 Normal
mes(es) 16 dia(s)

0 ano(s), 3
GARPAN ENGENHARIA DE CONSTRUCOES LTDA 23/08/1990 27/11/1990 Normal
mes(es) 6 dia(s)

0 ano(s), 4
M J B ENGENHARIA CIVIL LTDA 10/12/1990 02/05/1991 Normal
mes(es) 24 dia(s)

0 ano(s), 6
COMPANHIA AGRICOLA NOVA AMERICA CANA 14/05/1991 29/11/1991 Normal
mes(es) 17 dia(s)

0 ano(s), 2
SUSUMO ITIMURA E OUTROS 02/12/1991 07/02/1992 Normal
mes(es) 7 dia(s)

0 ano(s), 7
COMPANHIA AGRICOLA NOVA AMERICA CANA 12/05/1992 11/12/1992 Normal
mes(es) 1 dia(s)

AREIAO - MATERIAIS DE CONSTRUCAO E FERRA- 3 ano(s), 0


03/01/1994 08/01/1997 Normal
GENS LTDA mes(es) 7 dia(s)

E K COM E TRANSP DE GAS LIQUEFEITO DE PE- Especial 3 ano(s), 2


01/07/1997 08/10/1999
TROLEO LTDA 25 mes(es) 5 dia(s)

Especial 18 ano(s), 2
SUPERGASBRAS ENERGIA LTDA 18/10/1999 16/10/2012
25 mes(es) 12 dia(s)

5 ano(s), 2
S & M ENGARRAFADORA DE GAS LTDA 18/10/1999 31/12/2004 Normal
mes(es) 14 dia(s)

0 ano(s), 3
TRANSPORTES LUFT LTDA 17/06/2013 26/09/2013 Normal
mes(es) 10 dia(s)

SEARA INDUSTRIA E COMERCIO DE PRODUTOS


0 ano(s), 4
AGROPECUARIOS LTDA EM RECUPERACAO JUDI- 01/10/2013 17/02/2014 Normal
mes(es) 17 dia(s)
CIAL

Especial 7 ano(s), 11
TRANSPORTADORA PRA FRENTE BRASIL LTDA 01/03/2014 12/11/2019
25 mes(es) 22 dia(s)
Especial 2 ano(s), 4
TRANSPORTADORA PRA FRENTE BRASIL LTDA 13/11/2019 31/03/2022
25 mes(es) 18 dia(s)

48 anos 1 meses 16
Total
dias

Todavia, a Parte Autora preenche todos os requisitos necessários


à concessão do benefício. Desta forma, a limitação apresentada pelo INSS
não se justifica, razão pela qual busca o Poder Judiciário para ver seu direito
reconhecido.

Destarte, é essencial o ajuizamento da presente demanda para


resguardar os direitos do segurado e atingir, efetivamente, a Justiça.

DO INTERESSE DE AGIR

A jurisprudência é pacífica em entender que a mera negativa do


INSS caracteriza o interesse de agir, ainda que não haja requerimento
expresso em relação ao cômputo de atividades especiais ou não tenha o
segurado instruído o processo com todos os documentos hábeis à compro-
vação do exercício de atividade em condições especiais, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. RECONHECIMENTO DE


TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. INTERESSE DE AGIR. Ainda que
o processo administrativo não tenha sido instruído com os
documentos hábeis à comprovação do exercício de ativid-
ade em condições especiais, ou mesmo que o reconheci-
mento do tempo de serviço especial não tenha sido objeto
de requerimento, há interesse de agir. (TRF-4 - AG:
50353305720194040000 5035330-57.2019.4.04.0000, Relator:
OSNI CARDOSO FILHO, Data de Julgamento: 03/12/2019,
QUINTA TURMA)
PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERESSE
DE AGIR. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. 1.
Mesmo que o segurado não tenha formulado na via adminis-
trativa pedido expresso de cômputo de tempo de serviço es-
pecial, cabe ao INSS, nos termos do art. 88 da Lei nº 8.213/91,
esclarecer e orientar o beneficiário de seus direitos, apon-
tando os elementos necessários à concessão do amparo da
forma mais adequada. 2. Tendo havido prévio indeferimento
administrativo do pedido de concessão de aposentadoria
por tempo de contribuição, resta demonstrado o interesse
processual da parte autora no tocante ao reconhecimento
do tempo de serviço especial. (TRF4, AG 5039282-
78.2018.4.04.0000, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Re-
lator JOÃO BATISTA LAZZARI, juntado aos autos em
31/01/2019)

No caso específico submetido ao Poder Judiciário, o requerente


requereu a conversão dos períodos especiais no processo administrativo,
juntando todos os documentos que possuía na época.

DO DIREITO A APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

O direito à Aposentadoria por Tempo de Contribuição, antes da


EC 103/19, era elencado no art. 201, da Constituição Federal de 1988, com
o seguinte teor:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de


regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
[...]
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previ-
dência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições:
I - Trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
anos de contribuição, se mulher;

Com a conversão do tempo de atividade especial em comum e


com o cômputo da atividade rural exercida pelo Autor, o segurado faz jus
a concessão do benefício da aposentadoria por tempo de contribuição,
por atingir os 35 (trinta e cinco) anos exigidos por lei.
A partir da Emenda Constitucional nº 103/2019, os Segurados que
não preenchiam os requisitos para a concessão de aposentadoria nos
termos da lei anterior, mas já eram filiados ao Regime Geral de Previdência
Social, poderão se encaixar em alguma das regras de transição previstas
na Emenda, a depender do caso concreto.

Nesse sentido, o art. 15 da EC 103/2019 trouxe a possibilidade de


concessão de aposentadoria pela regra dos pontos, cujo fato gerador para
homens é de 35 anos de tempo de contribuição e 96 pontos, a serem
calculados a partir da soma da idade com o tempo de contribuição:

Art. 15. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência


Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Cons-
titucional, fica assegurado o direito à aposentadoria quando
forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I – 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e


cinco) anos de contribuição, se homem; e

II – somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas


as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se mu-
lher, e 96 (noventa e seis) pontos, se homem, observado o
disposto no § 1º.

(...) § 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados


em dias para o cálculo do somatório de pontos a que se re-
ferem o inciso II do caput e o § 1º.

No presente caso, o Autor filiou-se ao RGPS em 17 de abril de 1989,


com origem de vínculo na empresa Urbalon Ltda, e manteve tal condição
até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/2019.
Nessa senda, verifica-se que conta com 103 pontos, obtidos a
partir da soma do tempo de contribuição, de 47 anos 4 meses 28 dias, à
idade, de 56, de forma que é possível a concessão do benefício de
aposentadoria pela regra dos pontos, de acordo com a regra de transição
prevista no art. 15, I e II, da EC 103/2019.

Destarte, cumprindo os requisitos exigidos em lei, o Autor adquiriu


o direito à aposentadoria pela regra dos pontos, nos termos do art. 15, da
EC 103/2019.

REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO EM CASO DE NECESSIDADE

Na remota eventualidade de não serem reconhecidos todos os


períodos postulados, desde já requer seja reafirmada a DER para o mo-
mento em que o Segurado adquirir direito a aposentadoria, concedendo-
se o benefício a partir da data da aquisição do direito, nos termos do art.
690 da IN 77/2015:

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado


que na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o re-
conhecimento do direito, mas que os implementou em mo-
mento posterior, deverá o servidor informar ao interessado so-
bre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para
sua efetivação a expressa concordância por escrito.

Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as


situações que resultem em benefício mais vantajoso ao inte-
ressado.

Por fim, cabe mencionar que o STJ, ao julgar o Tema Repetitivo


995, consolidou a possibilidade de reafirmação da DER para data posterior
ao ajuizamento da ação: "É possível a reafirmação da DER (Data de En-
trada do Requerimento) para o momento em que implementados os requi-
sitos para a concessão do benefício, mesmo que isso se dê no interstício
entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação jurisdicional nas
instâncias ordinárias, nos termos dos arts. 493 e 933 do CPC/2015, observada
a causa de pedir".

DA CONVERSÃO DO TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL EM COMUM

Para aqueles trabalhadores que sucessivamente se submeteram


a atividades sujeitas ao regime de aposentadoria especial e comum, o § 1º
do art. 201 da Constituição Federal estabelece a contagem diferenciada
do período de atividade especial.

A conversão do tempo de serviço especial em tempo de serviço


comum é feita utilizando-se um fator de conversão, pertinente à relação
que existe entre o tempo de serviço especial exigido para gozo de uma
aposentadoria especial (15, 20 ou 25 anos) e o tempo de serviço comum.
O Decreto 3.048/99 traz a tabela com os multiplicadores:

MULTIPLICADORES
TEMPO A CONVERTER
MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)

DE 15 ANOS 2,00 2,33

DE 20 ANOS 1,50 1,75

DE 25 ANOS 1,20 1,40

É importante destacar que a comprovação da atividade especial


até 28 de abril de 1995 era feita com o enquadramento por atividade pro-
fissional (situação em que havia presunção de submissão a agentes noci-
vos) ou por agente nocivo, cuja comprovação demandava preenchi-
mento pela empresa de formulários SB40 ou DSS-8030. Entretanto, para os
agentes ruído e o calor, sempre foi necessária a comprovação através de
laudo pericial.

Todavia, com a nova redação do art. 57 da Lei 8.213/91, dada


pela lei 9.032/95, passou a ser necessária a comprovação real da exposição
aos agentes nocivos, sendo indispensável a apresentação de formulários,
independentemente do tipo de agente especial. Além disso, a partir do
Decreto nº 2.172/97, que regulamentou as disposições introduzidas no art.
58 da Lei de Benefícios pela Medida Provisória nº 1.523/96 (convertida na
Lei nº 9.528/97), passou-se a exigir a apresentação de formulário-padrão,
embasado em laudo técnico, ou perícia técnica.

No entanto, aqueles segurados que desempenharam atividade


considerada especial podem comprovar tal aspecto observando a
legislação vigente à data do labor desenvolvido.

Ao deixar de considerar o cômputo dos períodos de contribuição


da atividade Especial exercida pelo Autor nas empresas: E.K. Com e
Transporte de Gás Liquefato de Petróleo Ltda, na função de motorista, no
período de 01/07/1997 a 08/10/1999 (v. pag. 19 CTPS), S&M Engarrafadora de
Gás Ltda, na função de motorista de auto tanque, no período de 18/10/1999
a 21/12/2012 (v. pag. 20 CTPS) e atualmente na Transportadora Pra Frente
Brasil Ltda, na função de motorista de Bitrem de Combustível, no qual exerce
a função desde 01/03/2014.

A Constituição Federal é clara ao prever que é devida a aposen-


tadoria com critérios diferenciados aos trabalhadores que exercem ativida-
des “sob condições que prejudiquem à saúde ou à integridade física” (art.
201, § 1º, inciso II), vejamos:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Re-
gime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de fili-
ação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:

[...]

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados


para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei com-
plementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de con-
tribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria
exclusivamente em favor dos segurados:

[...]

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a


agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou asso-
ciação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação.

Assim, considerando que o autor trabalhou por muitos anos em


atividade especial, deve-se multiplicar pelo fator 1,40, que deve ser
considerado para fins de aposentadoria. Como já exposto, o Autor
trabalhou em condições especiais desde 1997 até a atualidade, sujeito a
agentes nocivos à saúde, como bem destacado no quadro a seguir:

EMPRESA PERÍODO FUNÇÃO / ATIVIDADE EXPOSIÇÃO


E.K. Com e Transporte de 01/07/1997 a Motorista de caminhão EMPRESA SEM
de combustível
Gás Liquefato de Petróleo 08/10/1999 PPP
Ltda

EMPRESA PERÍODO FUNÇÃO / ATIVIDADE EXPOSIÇÃO

Motorista de auto Tanque, Retira o ve-


ículo abastecido com GLP a Granel,
confere a programação da rota pré
S&M Engarrafadora de 18/10/1999 a estabelecida, realiza entregas (abas-
tecimento de tanques nos clientes) re- Físico/Ruído
Gás Ltda / Supergas- 21/12/2012
gistra o volume de entrega, realiza
bras Energia Ltda. check list no veículo parta realização
da manutenção preventiva, de forma
continua, não eventual e não intermi-
tente. Exposição aos fatores de risco
de forma habitual e permanente.
EMPRESA PERÍODO FUNÇÃO / ATIVIDADE EXPOSIÇÃO

Motorista de Bitrem de Combustível,


Dirige Veículo da empresa, transpor- Físico/Ruído
Transportadora Pra 01/03/2014 -
tando combustível. Faz o descarrega-
Químico/Va-
Frente Brasil Ltda atual mento colocando a mangueira e o
cabo terra, os canos, a lona de abafar pores/ Com-
e as placas de sinalização. Realiza bustível
inspeção básica e corretiva do veí-
culo.

O instituto da atividade especial, o qual encontra previsão


constitucional no âmbito da Previdência Social, visa proteger os
trabalhadores que submetem-se a condições anormais capazes de
prejudicar sua saúde e integridade física por imposição de seu labor.

Assim, considerando a premissa conferida pelo legislador


constituinte, comprovado o exercício de atividade laborativa em ambiente
capaz de causar danos ao organismo humano, deve o trabalhador ser
beneficiado com a contagem diferenciada para fins de aposentadoria.

Nesse sentido, embora a norma estabeleça que o rol de fatores


de risco deva constar em regulamento, a listagem existente não deve ser
interpretada de forma exaustiva, posto que, com o decorrer dos anos,
novos agentes podem ser considerados maléficos ao indivíduo e não c
fosse efetivo, a proteção do trabalhador objetivada seria frustrada em
nome de aspecto meramente legalista. Diante disso, a jurisprudência tem
se firmado no seguinte sentido:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO URBANO. CONTRIBUINTE


INDIVIDUAL. LAUDO TÉCNICO SIMILAR. RUIDO. HIDROCARBONETO.
EPIs. ENGENHEIRO MECÂNICO TEMPO ESPECIAL POR CATEGORIA
PROFISSIONAL/EQUIPARAÇÃO. PERICULOSIDADE. HABITUALIDADE E
PERMANÊNCIA. CONVERSÃO TEMPO DE SERVIÇO COMUM EM
ESPECIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL OU APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AFASTADA A INCIDÊNCIA DO ART. 57, §
8º DA LEI Nº 8.213/91. TERMO INICIAL. JUROS E CORREÇÃO
MONETÁRIA. TUTELA ESPECIFICA. (…) 8. O fato de a atividade
desempenhada não estar expressamente prevista em norma
específica, não afasta a possibilidade do reconhecimento como
especial, uma vez demonstrada a sua periculosidade. 9.
Demonstrado o exercício de atividade profissional em local em
que a atividade com inflamáveis tem em si risco potencial de
acidente, transitando por ambientes com risco de explosão
(conferindo inflamáveis), situação está que por si só já é suficiente
para caracterizar o labor como especial em razão da
periculosidade na forma da Sumula n. 198 do ex-TFR, sendo
desnecessário o requisito da permanência da exposição. 10.Com
a edição da Lei 9.032/95, somente passou a ser
possibilitada a conversão de tempo especial em comum, sendo
suprimida a hipótese de conversão de tempo comum em especial.
11. A Lei n. 9.032, de 28-04-1995, ao alterar o §3º do art. 57 da
Lei nº 8.213/91, vedou, a partir de então, a possibilidade de
conversão de tempo de serviço comum em especial para fins de
concessão do benefício de aposentadoria especial. 12. A lei
vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à
conversão entre tempos de serviço especial e comum,
independentemente do regime jurídico à época da prestação do
serviço. Entendimento conforme julgamento do STJ no EDcl no REsp
1310034/PR, representativo da controvérsia. 13. No caso dos autos,
a parte autora não tem direito adquirido à aposentadoria especial
na data da Lei n. 9.032/95, de modo que não cabe a conversão
dos períodos de atividade comum em tempo especial para
concessão do benefício em data posterior àquela Lei. 14.Estando
preenchidos os requisitos exigidos pela legislação previdenciária,
tem direito a parte autora a aposentadoria Especial ou
aposentadoria por tempo de contribuição, devendo ser
implantada a Renda Mensal Inicial mais vantajosa, desde a Data
da Entrada do Requerimento Administrativo, bem como efetuar o
pagamento das parcelas vencidas desde então. 15. Com relação
ao termo inicial dos efeitos, a jurisprudência pacífica desta Corte é
no sentido de que deve retroagir à data da concessão do
benefício, pois o pedido administrativo continha documentos
relativos ao tempo de serviço especial e urbano reconhecidos
judicialmente, porquanto já incorporado ao seu patrimônio jurídico
o benefício em que preenchidos os requisitos, devendo ser
implantado o melhor benefício. 16. Afastada a incidência do art.
57, § 8º, da Lei nº 8.213/91, sob pena de estar impedindo o livre
exercício do trabalho. 17. Deliberação sobre índices de correção
monetária e taxas de juros diferida para a fase de cumprimento de
sentença, a iniciar-se com a observância dos critérios da Lei
11.960/2009, de modo a racionalizar o andamento do processo,
permitindo-se a expedição de precatório pelo valor incontroverso,
enquanto pendente, no Supremo Tribunal Federal, decisão sobre o
tema com caráter geral e vinculante. Precedentes do STJ e do TRF
da 4ª Região. 18. Determinado o cumprimento imediato do
implantação do benefício, a ser efetivada em 45 dias, nos termos
do artigo 497, caput, do Código de Processo Civil. (TRF4 5042963-
09.2012.404.7100, SEXTA TURMA, Relator EZIO TEIXEIRA, juntado aos
autos em 20/12/2016)
O STJ - Superior Tribunal de Justiça tornou pacífico o mesmo
entendimento, tornando possível o reconhecimento da especialidade:

VIGENTE NO MOMENTO DA PRESTAÇÃO. DECRETOS 53.831/64


E 83.080/79. ROL EXEMPLIFICATIVO. COMPROVAÇÃO DO
EXERCÍCIO DE FORMA HABITUAL E PERMANENTE. DESNECESSI-
DADE. […] 3. O rol de categorias profissionais danosas previsto
nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 é meramente exemplifi-
cativo, podendo ser também considerada especial a ativi-
dade comprovadamente exposta a agentes nocivos,
mesmo que não conste no regulamento. Precedentes do STJ.
4. A exigência de exposição de forma habitual e per condi-
ções especiais somente foi trazida pela Lei 9.032/95, não
sendo aplicável à hipótese dos autos, que é anterior à sua
publicação. […] 1. Recurso Especial parcialmente conhecido
e, nessa extensão, provido, para determinar o retorno dos au-
tos ao Juízo de 1a. instância, para que analise os demais re-
quisitos para a concessão do benefício pleiteado e prossiga
no julgamento do feito, consoante orientação ora estabele-
cida. (STJ, REsp 977400/RS, 2007.0178183-7, T5 – Quinta Turma,
Relator Min. Napoleão Nunes Maia Filho – 1133, DJ 05/11/2007
p.371)

Nesse sentido, é o posicionamento do TNU:

Súmula 50 da TNU: "É possível a conversão do tempo de


serviço especial em comum do trabalho prestado em
qualquer período".

Ademais, a atividade especial exercida pelo Autor resta evidente


nos registros na Carteira de Trabalho, nos PPP’s, LTCAT e nos recibos de
pagamento de salário com adicional de periculosidade das empresas,
vejamos:
Assim, não há limite temporal para o reconhecimento como
especial de atividade sujeita a condições perigosas de trabalho. Assim,
deve ser realizada a conversão dos períodos trabalhados em condições
especiais para o tempo comum acrescido do fator 1,4 para fins de
concessão de aposentadoria ao Autor.
DO TEMPO DE ATIVIDADE RURAL

A Parte Autora exerceu atividade rural, em regime de economia


familiar, no Sitio São José, na propriedade de seu genitor, Menoti Dalo, na
Cidade de Uraí - PR, no cultivo de algodão, soja, milho, verduras, permane-
cendo na lavoura no período de 1978 a 1988.

O conceito de regime de economia familiar está disciplinado pelo


§ 1º do artigo11 da Lei n.º 8.213/91, que dispõe:

Entende-se como regime de economia familiar a atividade


em que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e é exercido em condições de mútua de-
pendência e colaboração, sem a utilização de empregados.

Conforme disposição do artigo 55, § 2º, da Lei 8.213/91, o tempo


de serviço rural, em regime de economia familiar, deverá ser computado
independentemente do recolhimento das contribuições, desde que
anterior à data de início da vigência do referido diploma legal.

Importante frisar que o Autor passou a ajudar nas atividades da


lavoura/campesinas ainda criança, de modo que se pode considerar que
seu esforço passou a ser significativo ao grupo familiar.

A atividade desempenhada em regime de economia familiar é


demonstrada pela vasta documentação, visto que qualificam tanto o
Autor, como os demais membros do grupo familiar como lavradores, além
de demonstrar que residiam em zona rural.
Desta feita, o cômputo do tempo em que o indivíduo tenha
trabalhado em meio rural, ainda que anterior a Lei de Benefícios, e que,
para tanto, basta a comprovação da existência do labor, garantindo que
todos aqueles que tenham trabalhado na lavoura possam utilizar-se do
respectivo tempo, mesmo inexistindo contribuições previdenciárias. No
caso em tela, verifica-se que o Autor é de família que sempre se dedicou
às atividades rurais.

Deste modo, os documentos apresentados, tanto na seara


administrativa, quanto os agora anexados, revelam de maneira satisfatória,
que a Parte Autora trabalhou, juntamente com outros membros de sua
família, em regime de economia familiar para sustento próprio e de seus
entes mais próximos.
DA DESNECESSIDADE DE APRESENTAR UM DOCUMENTO PARA CADA ANO DE
ATIVIDADE RURAL LABORADO

O posicionamento dos Tribunais é pacífico no sentido da


desnecessidade de se apresentar um documento para cada ano que se
deseja provar, até porque a dificuldade de encontrar tais provas seria
imensa, e até impossível para grande maioria daqueles que trabalharam
na área rural. Neste sentido, vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR


IDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR INÍCIO DE
PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHAL. DOCUMENTOS DE
TERCEIROS. DOCUMENTOS ANO A ANO. REQUISITOS PREEN-
CHIDOS. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. TUTELA ESPECÍFICA. 1. O
tempo de serviço rural para fins previdenciários pode ser de-
monstrado mediante início de prova material suficiente,
desde que complementado por prova testemunhal idônea.
2. Não há necessidade de que a prova material tenha abran-
gência sobre todo o período, ano a ano, a fim de comprovar
o exercício do trabalho rural. Basta um início de prova mate-
rial, uma vez que é presumível a continuidade do labor rural
e a prova testemunhal pode complementar os lapsos não
abrangidos pela prova documental. 3. Admite-se como início
de prova material do efetivo exercício de atividade rural, em
regime de economia familiar, documentos de terceiros,
membros do grupo parental. (Súmula n.º 73 deste Regional.)
4. Comprovado nos autos o requisito etário e o exercício de
atividade rural, no período de carência é de ser concedida
a Aposentadoria por Idade Rural à parte autora, a contar do
requerimento administrativo, a teor do disposto no art. 49, II,
da Lei 8.213/91. 5. Determina-se o cumprimento imediato do
acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar
o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamen-
tal que deverá ser efetivada mediante as atividades de cum-
primento da sentença stricto sensu previstas no art. 497 do
CPC/15, sem a necessidade de um processo executivo autô-
nomo (sine intervallo).(TRF-4 - AC: 50110040920194049999
5011004-09.2019.4.04.9999, Relator: JOÃO BATISTA PINTO SIL-
VEIRA, Data de Julgamento: 07/10/2020, SEXTA TURMA)
(Negritado)
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RU-
RAL. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. PERÍODO DE CA-
RÊNCIA COMPROVADO. DESNECESSIDADE DE PROVA ANO A
ANO. CONSECTÁRIOS. LEI 11.960/2009. 1. Tendo em vista que
o conjunto probatório demonstrou o exercício de atividade
rural durante o período exigido em lei, é devida a concessão
do benefício de aposentadoria por idade rural. 2. Não há ne-
cessidade de que o início de prova material abarque todo o
período de trabalho rural, desde que todo o contexto proba-
tório permita a formação de juízo seguro de convicção, pois
está pacificado nos Tribunais que não é exigível a compro-
vação documental, ano a ano, do período pretendido […]
(TRF4, AC 0010430-13.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator Her-
mes Siedler da Conceição Júnior, D.E. 29/10/2015, sem grifo
no original).
(Negritado)

Ainda, razoável é a interpretação apresentada pelo Magistrado


Federal, Doutor Hildo Nicolau Peron da Justiça Federal de Santa Catarina,
proferida nos autos n. 2002.72.00.059944-2:

“Ora, é preciso ter presente que a profissão que o cidadão


declara na fase de produção de um desses documentos é a
que estava exercendo no presente e, provavelmente, num
passado e num futuro próximos. Pois, só em caso de rara coin-
cidência acontece de a profissão declarada coincidir com o
primeiro dia da produção do documento ou findar no último
dia do ano civil. Afinal, uma declaração de exercício da pro-
fissão de lavrador constante de um documento sinaliza muito
mais que aquela profissão já vinha sendo exercida – por-
tanto, seu valor não pode ser apenas daquele dia para di-
ante, mas também para o passado.”

De tal modo, muito embora a Parte Autora não tenha juntado


documentos dando conta da sua profissão para cada ano, cuja
averbação rural persegue, aqueles que acostou, por si, são suficientes a
demonstrar o período laborado em regime de economia familiar.
DA COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL

Em razão do conceito de regime de economia familiar, o Colendo


Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que os
documentos em nome dos parentes podem ser aproveitados pelos demais
familiares como início de prova material para efeito de comprovação da
atividade rural.

Ainda sobre o assunto, o Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª


Região já sumulou a questão:

Súmula nº 73: Admitem-se como início de prova material do


efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia
familiar, documentos de terceiros, membros do grupo
parental.

Destarte, tendo em vista os documentos juntados com a presente,


os quais qualificam o genitor do Autor como lavrador, bem como o próprio
Autor em si, devem tais provas serem consideradas documentos hábeis a
demonstrar o período laborado na área rural.

Assim, por qualquer ângulo que se analise a questão, resta


demonstrado o direito da parte Autora de obter o reconhecimento da
atividade rural e a consequentemente concessão do benefício de
aposentadoria.

Observa-se na certidão de casamento do Autor, que na época


de seu matrimonio, especificamente em 27/10/1989, o Autor já
desempenhava atividade rural, constando no referido documento a
profissão de lavrador, vejamos:
Assim, vejamos as certidões de nascimento de Celina Dalo, Paulo
Sérgio Dalo e Gilberto Dalo, irmãos do Autor, no qual consta a profissão de
seu pai, Menoti Dalo, como lavrador, comprovando que a família sempre
exerceu atividades rurais.
O Autor anexa a matrícula do Sindicato Rural de Uraí-PR e o
cadastro de proprietário rural, dos anos de 1981e1982, bem como, anexa
as declarações da secretaria municipal de educação de Uraí e histórico
escolar dos anos de 1976, 1977,1978 e 1979, comprovando que o Autor
estudou em Escola Rural.

Ainda, conforme atestado nº 101268/2018 emitido pela Secretaria


de Estado da Segurança Pública, na época do requerimento da 1ª via de
Carteira de Identidade em 18/07/1986, o autor declarou exercer a profissão
de lavrador, vejamos:

Cabe frisar que, mesmo depois dos registros urbanos em Carteira


de trabalho, o Autor, foi voltado a atividade rural, na função de trabalhador
rural (v. pag. 15 - CTPS), conforme anotação do empregador Companhia
Agricola Nova América – CANA na carteira de trabalho em anexo.
Todavia, para que não pairem dúvidas a respeito do tempo de
serviço rural, requer a produção de prova testemunhal, haja vista que no
processo administrativo não houve Justificação Administrativa.

Outrossim, cabe destacar que a oitiva de testemunhas permite a


corroboração das provas documentais, bem como, permite a extensão da
eficácia probatória das mesmas, neste sentido é a jurisprudência do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA


CONTROVÉRSIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.
ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/91. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. RE-
CONHECIMENTO A PARTIR DO DOCUMENTO MAIS ANTIGO.
DESNECESSIDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONJUGADO
COM PROVA TESTEMUNHAL. PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL
COINCIDENTE COM INÍCIO DE ATIVIDADE URBANA REGIS-
TRADA EM CTPS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A
controvérsia cinge-se em saber sobre a possibilidade, ou
não, de reconhecimento do período de trabalho rural ante-
rior ao documento mais antigo juntado como início de
prova material. 2. De acordo com o art. 400 do Código de
Processo Civil "a prova testemunhal é sempre admissível,
não dispondo a lei de modo diverso". Por sua vez, a Lei de
Benefícios, ao disciplinar a aposentadoria por tempo de ser-
viço, expressamente estabelece no § 3º do art. 55 que a
comprovação do tempo de serviço só produzirá efeito
quando baseada em início de prova material, "não sendo
admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocor-
rência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme
disposto no Regulamento" (Súmula 149/STJ). 3. No âmbito
desta Corte, é pacífico o entendimento de ser possível o re-
conhecimento do tempo de serviço mediante apresenta-
ção de um início de prova material, desde que corroborado
por testemunhos idôneos. Precedentes. 4. A Lei de Benefí-
cios, ao exigir um "início de prova material", teve por pressu-
posto assegurar o direito à contagem do tempo de ativi-
dade exercida por trabalhador rural em período anterior ao
advento da Lei 8.213/91 levando em conta as dificuldades
deste, notadamente hipossuficiente. 5. Ainda que inexista
prova documental do período antecedente ao casamento
do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos colhidos em
juízo, conforme reconhecido pelas instâncias ordinárias, cor-
roboraram a alegação da inicial e confirmaram o trabalho
do autor desde 1967. 6. No caso concreto, mostra-se neces-
sário decotar, dos períodos reconhecidos na sentença, al-
guns poucos meses em função de os autos evidenciarem os
registros de contratos de trabalho urbano em datas que
coincidem com o termo final dos interregnos de labor como
rurícola, não impedindo, contudo, o reconhecimento do di-
reito à aposentadoria por tempo de serviço, mormente por
estar incontroversa a circunstância de que o autor cumpriu
a carência devida no exercício de atividade urbana, con-
forme exige o inc. II do art. 25 da Lei 8.213/91. 7. Os juros de
mora devem incidir em 1% ao mês, a partir da citação vá-
lida, nos termos da Súmula n. 204/STJ, por se tratar de maté-
ria previdenciária. E, a partir do advento da Lei 11.960/09, no
percentual estabelecido para caderneta de poupança.
Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do Código de Pro-
cesso Civil. (STJ - REsp: 1348633 SP 2012/0214203-0, Relator:
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento:
28/08/2013, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
05/12/2014) (negritado).

Desta forma, a parte autora requer que seja designada audiência


de instrução para colheita do depoimento pessoal do autor e testemunhas,
no qual segue abaixo o rol:
 Adalto Kressim, agricultor, casado, inscrito no CPF nº
326.463.059-15, Rua Francisco Fernandes, nº 115, Uraí-PR;
 Edson Busseli, serralheiro, casado, inscrito no CPF nº
797.940.769-53, Rua José do Amaral, nº 116, Uraí-PR;
 Luís Carlos Rogério, agricultor, casado, inscrito no CPF nº
566.595.989-87, Rua José Oliveira Borges, nº 36, Uraí-PR;

Com o fito de que seja reconhecido e averbado na contagem


de tempo de serviço do autor todo o período rural exercido de 1978 a 1988,
independentemente do recolhimento das respectivas contribuições
previdenciárias, como resta expressamente autorizado e previsto pelo art.°
55, § 2.º, da Lei n.º 8.213/91, e pelo art.° 127, inc. V, do Decreto n.º 3.048/99.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, REQUER a Vossa Excelência:

a) A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, por


ser o Autor pobre na acepção legal do termo;

b) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para


que responda a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;

c) Seja efetuada a conversão do tempo especial em comum até


a DER ou até a data da DER reafirmada, caso seja necessária a reafirmação
da DER;

d) Seja averbado e homologado o período rural de 1978 a 1988,


no qual o autor laborou como segurado especial em regime de economia
familiar; independentemente do recolhimento das respectivas contribui-
ções previdenciárias, como resta expressamente autorizado e previsto pelo
art.° 55, § 2.º, da Lei n. º 8.213/91, e pelo art.° 127, inc. V, do Decreto n. º
3.048/99;

e) A total procedência dos pedidos no exordial, obrigando o INSS


a CONCEDER o benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição,
NB 191.977.692-0, bem como pagar as parcelas vencidas desde a data do
requerimento administrativo em 14/12/2018, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, am-
bos incidentes até a data do efetivo pagamento, e, subsidiariamente, da
DER reafirmada (reafirmação da DER);

f) A condenação da Autarquia Ré em custas processuais e hono-


rários advocatícios;

g) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, notadamente documental e testemunhal.

h) Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência


de conciliação/mediação, nos termos do artigo 319, VII, do CPC.

Dá-se a causa o valor de R$ 332.718,03 (trezentos e trinta e dois


mil, setecentos e dezoito reais e três centavos) para fins processuais
vencidas e vincendas.

Nestes Termos

Pede deferimento.

Cambé, 09 de maio de 2021.

DAVID GARCIA DE ASSIS


OAB/PR 76.502

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