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E-book 
 
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL 
 

 
 

 
 

Sumário  
Sumário 1 

Da Competência 2 

COMPETÊNCIA ABSOLUTA X RELATIVA 4 


Crime cometido no exterior e cuja extradição tenha sido negada: posição do STJ 
(competência da Justiça Federal) 6 
Comentários do julgado: 6 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA 8 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: CRIMES ELEITORAIS 9 


Em caso de conexão entre crime de competência da Justiça comum (federal ou estadual) e 
crime eleitoral, os delitos serão julgados conjuntamente pela Justiça Eleitoral 10 
Comentários do julgado: 10 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: COMPETÊNCIA DA “JUSTIÇA POLÍTICA OU 


EXTRAORDINÁRIA” 14 

Súmulas aplicadas 16 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA - POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 19 


Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal 
não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF 21 
Comentários importantes do julgado 21 
STF é competente para julgar crime eleitoral praticado por Deputado Federal durante a sua 
campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito 23 
Comentários do julgado 23 

COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RATIONE LOCI) 27 

CONEXÃO E CONTINÊNCIA 30 


Conduta de um dos pedófilos conexa com um grupo maior localizado em outro juízo 33 
Comentários do julgado 34 

Outras Decisões Importantes sobre o Tema: 35 


É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado, 
Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia 35 


 
STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do mandato 
se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força de uma nova 
eleição 36 
A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se 
aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar 
função pública 36 
Compete à Justiça Estadual julgar crime cometido a bordo de balão 37 
Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha sido 
negada? 37 
Regras para a aplicação da decisão do STF na AP 937 QO/RJ aos processos em curso no 
Supremo 38 
Compete à Justiça Federal conceder medida protetiva em favor de mulher ameaçada por 
ex-namorado que mora nos EUA e faz as ameaças por meio do Facebook 39 
Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental praticado dentro de unidade de 
conservação criada por decreto federal 39 

QUESTÕES 40 

 
 


 

Da Competência 

1. CONCEITO 

É  a  medida  é  o  ​limite  da  jurisdição  dentro  dos  quais  o  órgão  jurisdicional  poderá 
aplicar o direito. 
Apesar  da  jurisdição  ser  una  e  indivisível,  é  humanamente  impossível  que  um  só  juiz 
decida  todos  os  litígios  ocorridos.  Num  universo  de  magistrados,  a  competência  é  conceituada 
como  medida  ou  delimitação  da  jurisdição,  ou  nas  palavras  de  Tourinho  Filho,  é  “o  âmbito, 
legislativamente delimitado, dentro do qual o órgão exerce o seu Poder Jurisdicional”. 
A  competência  passa  a  ser  um critério legal de administração eficiente da atividade dos 
órgãos  jurisdicionais,  definindo  previamente  a  margem  de  atuação  de  cada  um,  isto  é,  externando 
os limites do poder. 
 

➣  ​Lembrando:  Quem  tem  competência  é  o  juízo. O Ministério Público e às polícias judiciárias 


têm atribuição. 

 
Nós podemos definir a competência segundo alguns critérios: 
1) Competência em razão da matéria (​ratione materiae);  

❖ Objetiva  identificar  qual  a  Justiça  competente  e  os  critérios  de  especialização, 


levando  em  conta  a  natureza  da  infração,  tendo  destaque  o  inciso  III  do art. 69 do 
CPP. 

2) Competência em razão da pessoa acusada (​ratione personae) –​ prerrogativa de função​; 


 
❖ Tratada  no  inciso  VII  do  art.  69  do  CPP,  leva  em  consideração  a  importância  das 
funções  desempenhadas  por  determinadas  pessoas,  que  serão  julgadas 
originariamente perante um tribunal. É o chamado foro por prerrogativa de função.  

3) Competência territorial (​ratione loci);  

❖ Estampado  nos  incisos  I  e  II  do  art.  69  do  CPP,  visa  identificar  o  juízo 
territorialmente  competente,  considerando  como  parâmetros  o  local  da 
consumação do delito, além do domicílio ou residência do réu. 

4) Competência funcional;  

❖ Leva-se em conta como elemento de distribuição os atos processuais praticados. 

Segue o artigo 69 do Código de Processo Penal: 

ART. 69 DO CPP: DETERMINARÁ A COMPETÊNCIA JURISDICIONAL: 


I - O LUGAR DA INFRAÇÃO; 
II - O DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU; 
III - A NATUREZA DA INFRAÇÃO; 
IV - ​a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 

COMPETÊNCIA ABSOLUTA X RELATIVA 


 
A  competência  absoluta  está  relacionada  ao  direito público, ao direito que o Estado tem de 
aplicar uma pena, ou seja, aplicar o direito penal ao caso concreto.  
Por  ser  de  ordem  pública,  o  juiz  pode  conhecer  da  sua  competência/incompetência  a 
qualquer momento do processo penal, inclusive após a sentença, de ofício. 
A  competência  relativa  é  direito  subjetivo  da  parte  de  informar  que  aquele  juízo  é 
incompetente.  Portanto,  o  juiz  não  pode  reconhecerá  a  incompetência  relativa  de  ofício. 
Ela deve ser alegada pela parte sob pena de preclusão. 


 
A  competência  absoluta  é  improrrogável  e  imodificável,  ao  passo  que  a  competência 
relativa é prorrogável, é derrogável. 
Portanto, ​a competência absoluta produz uma nulidade absoluta​. 
Para  Ada  Pellegrini,  quando  se  trata  de  uma  incompetência  absoluta,  não  se  trata  de  uma 
nulidade  absoluta,  e  sim  de  inexistência.  Um  ato  praticado  pelo  juiz  absolutamente 
incompetente é um ato inexistente. 
Prevalece  que  os  atos  praticados  por  um  juiz  incompetente  absolutamente  é  um  ato 
inexistente. 
➣ ​Importante​: Segundo o artigo 64, § 4º do CPC: 
“Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos da decisão proferida 
pelo  juízo  incompetente  até  que  outra  seja  proferida,  se  for  o  caso,  pelo  juízo 
incompetente.”  
Na  incompetência  relativa,  ela  deve  ser  arguida  pela  parte  no  primeiro  momento  que  tiver 
para falar nos autos sob pena de preclusão. 
Na  incompetência  relativa,  o  acusado  deve  provar  o  prejuízo  daquele  ato  do  juiz 
incompetente.  Na  incompetência  absoluta  o  prejuízo  é  presumido,  e  não  necessariamente 
deve ser comprovado. 
Atenção:​ Não se aplica ao processo penal a Súmula 33 do STJ. 
Súmula 33 do STJ: ​A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. 

Veja a tabela a seguir: 

Competência Absoluta  Competência Relativa 


Direito Público  Direito Subjetivo 
Pode ser reconhecida de ofício  Não pode ser reconhecida de ofício 
É improrrogável  É prorrogável 
Nulidade Absoluta  Nulidade Relativa 
Prejuízo presumido  O prejuízo deve ser comprovado 


 
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 

➣ ​Crime​ ​cometido no Território Nacional 

➣ Situações de Extraterritorialidade 

❖ Teoria da Ubiquidade 
❖ Interesse Nacional 

Veja um julgado sobre o tema: 

Crime  cometido  no exterior e cuja extradição tenha sido negada: posição 


do STJ (competência da Justiça Federal) 
 
Origem: STJ 
Compete  à  Justiça  Federal  o  processamento  e  o  julgamento  da  ação  penal 
que  versa  sobre  crime  praticado  no  exterior,  o  qual  tenha  sido  transferido 
para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição, aplicável o art. 109, IV, 
da  CF/88.  STJ.  3ª  Seção.  CC  154656-MG,  Rel.  Min.  Ribeiro  Dantas,  julgado 
em  25/04/2018 (Info 625). O STF entende que compete à Justiça Estadual: O 
fato  de  o  delito  ter  sido  cometido  por  brasileiro  no  exterior,  por  si  só,  não 
atrai  a  competência  da  Justiça  Federal.  Assim,  em  regra,  compete  à Justiça 
Estadual  julgar  o  crime  praticado  por  brasileiro  no  exterior  e  que  lá  não  foi 
julgado  em  razão  de  o  agente  ter  fugido  para  o  Brasil,  tendo  o  nosso  país 
negado  a  extradição  para  o  Estado  estrangeiro.  Somente  será  de 
competência  da  Justiça  Federal  caso  se enquadre em alguma das hipóteses 
do  art.  109  da  CF/88.  STF.  1ª  Turma.  RE  1.175.638  AgR/PR,  Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 2/4/2019 (Info 936). 

Comentários do julgado:  
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João, brasileiro nato, morava em Portugal. 
Lá,  ele  participou,  juntamente  com  outras  pessoas,  de  um  esquema 
criminoso  que  falsificava  documentos  de  identidade  portuguesas  a  fim  de 
posterior uso para ingressar no Canadá e nos EUA. 
A  organização  criminosa  foi  descoberta  e  João  fugiu  para  o  Brasil  (Belo 
Horizonte/MG). 
Portugal  formulou  pedido  de  extradição,  mas  este  foi  negado  em  razão  de 


 

João ser brasileiro nato (art. 5º, LI, da CF/88): 

Art. 5º (...) 
LI  -  nenhum  brasileiro  será  extraditado,  salvo  o  naturalizado,  em  caso  de 
crime  comum,  praticado  antes  da  naturalização,  ou  de  comprovado 
envolvimento  em  tráfico  ilícito  de  entorpecentes  e  drogas  afins,  na  forma 
da lei. 

João ficará isento de responsabilidade penal? 


NÃO.  João  irá  responder,  aqui  no  Brasil,  pelos  crimes  que  praticou  em 
Portugal. Isso com fundamento no art. 7º, II, “b” e § 2º do CP: 

Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 


(...) 
II - os crimes: 
(...) 
b) praticados por brasileiro; 
c)  praticados  em  aeronaves  ou  embarcações  brasileiras,  mercantes  ou de 
propriedade  privada,  quando  em  território  estrangeiro  e  aí  não  sejam 
julgados. 
(...) 
§  2º  -  Nos  casos  do  inciso  II,  a  aplicação  da  lei  brasileira  depende  do 
concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d)  não  ter  sido  o  agente  absolvido  no  estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena; 
e)  não  ter  sido  o  agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não 
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 

Além  disso, existe uma previsão específica no Tratado de Extradição firmado 
entre  o  Governo  da  República  Federativa  do  Brasil  e  o  Governo da República 
Portuguesa  (incorporado  no  ordenamento  brasileiro  pelo  Decreto  nº 
1.325/94).  Este  Tratado  prevê  que  se  não  for  possível  a  extradição  do 
indivíduo  pelo  fato  de  ele  ser  nacional  do  Estado  requerido,  então,  neste 
caso,  o  infrator  deverá  ser  julgado  pelo  juízo  competente  do  país,  em 
conformidade  com  a  sua  lei,  pelos  fatos  que  fundamentaram  o  pedido  de 


 

extradição. 
Em  outras  palavras,  o  Tratado diz o seguinte: se o Brasil não puder extraditar 
para  Portugal  o  indivíduo  que  cometeu  o  crime  lá  em  virtude  de  ele  ser 
brasileiro nato, então, neste caso, a Justiça brasileira deverá julgá-lo. 
  
De  quem  é  a  competência  para  julgar  este  delito  aqui  no  Brasil:  da  Justiça 
Estadual ou Justiça Federal? 
Justiça FEDERAL. 
Segundo  dispõem  os  arts.  21,  I,  e  84,  VII  e  VIII,  da  CF/88,  compete  à  União 
manter relações com Estados estrangeiros e cumprir os tratados firmados: 

Art. 21. Compete à União: 


I  -  manter  relações  com  Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais; 

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 


(...) 
VII  -  manter  relações  com  Estados  estrangeiros  e  acreditar  seus 
representantes diplomáticos; 
VIII  -  celebrar  tratados,  convenções  e  atos  internacionais,  sujeitos  a 
referendo do Congresso Nacional. 

➣  ​Desse  modo,  a  União  possui  compromissos  internacionais  com  a 


apuração  criminal  (​persecutio  criminis)  em  caso  de  delitos  praticados  por 
brasileiro  no  exterior  e  no  qual  este  infrator  esteja  agora  no  Brasil  e  não 
possa  ser  extraditado,  devendo  responder  em  nosso  país  pelo  crime 
cometido lá fora. 
Há,  portanto,  interesse  da  União,  que  justifica  a  competência  da  Justiça 
Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88: 

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 


(...) 
IV  -  os  crimes  políticos  e  as  infrações penais praticadas em detrimento de 
bens,  serviços  ou  ​interesse  da  União  ou  de  suas  entidades autárquicas ou 
empresas  públicas,  excluídas  as  contravenções  e  ressalvada  a 
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 


 

 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 
 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA 

➣ Justiça Especial: 

1) Justiça Militar da União/dos Estados;  

2) Justiça Eleitoral (​Observação​: ​a Justiça Eleitoral tem competência penal​);  

3)  Justiça  do  Trabalho  (a  Justiça  do  Trabalho  não  tem  a  competência  criminal 
propriamente  dita,  mas  através  da  alteração  legislativa,  ficou  previsto  que  a  Justiça  do  Trabalho 
poderia  julgar  ​habeas  corpus  em  matéria  criminal.  Porém  na  prática  é  muito  difícil  de  se  ver,  pois  o 
principal  exemplo  era  a  prisão  do  depositário  infiel,  figura  que  não  mais  existe  no  nosso 
ordenamento jurídico);  

4)  Justiça  Política  /  Extraordinária*  (são  os  casos  em  que  órgão  legislativo,  por 
exemplo  o  Senado  Federal,  com  a  competência  de  julgar  crimes  políticos,  com  a  competência  de 
julgar crimes de responsabilidade. Por exemplo o Impeachment do Presidente da República). 

➣ Justiça Comum:  

1) Justiça Federal (art. 109, CF) 

2) Justiça Estadual (​ a justiça estadual tem competência residual​).  

Observação​:  Competência  em  razão  da  matéria: ​crime militar (será estudado posteriormente, de 


forma específica, pois houve alteração legislativa). 


 
 

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: CRIMES ELEITORAIS 

A  Competência  se  limita  ao  julgamento  dos  crimes  eleitorais  e  conexos.  Mas  e  se  o 
crime conexo for um crime doloso contra a vida?  

➣ ​Corrente minoritária: Os dois crimes deverão ser julgados pela Justiça Eleitoral​.  

Como  ambas  as  competências  estão  na  CF,  haverá  uma  divisão.  ​O  crime  eleitoral  vai 
para a Justiça Eleitoral, mas o crime conexo doloso contra a vida vai para o Tribunal do júri​.  

O  mesmo  acontece  em  crimes  da  Justiça  Militar ou da Justiça Federal conexos com da 


Justiça Eleitoral. 

Veja a decisão sobre o tema: 

Em  caso  de  conexão  entre  crime  de  competência  da  Justiça  comum  (federal  ou 
estadual)  e  crime  eleitoral,  os  delitos  serão  julgados  conjuntamente  pela  Justiça 
Eleitoral 
Direito Processual Penal​ C​ ompetência​ O ​ utros temas sobre competência 
Origem: STF 
 
Compete  à  Justiça  Eleitoral  julgar  os  crimes  eleitorais  e  os  comuns  que  lhes  forem 
conexos.  Cabe  à  Justiça  Eleitoral  analisar,  caso  a  caso,  a  existência  de  conexão  de 
delitos  comuns  aos  delitos  eleitorais  e,  em  não  havendo,  remeter  os  casos  à  Justiça 
competente.  STF.  Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
13 e 14/3/2019 (Info 933). 

Comentários do julgado​: 

Imagine a seguinte situação hipotética: 


Determinada  construtora  pagou  R$  500  mil  a  João  (Ministro  de  Estado)  para  obter 
favores ilícitos na Administração Pública federal. 
Além  disso,  essa  mesma  construtora,  alguns  meses  depois,  doou,  de  forma  não 
declarada,  R$  600  mil  para  que  esse  Ministro  de  Estado  custeasse  a  sua  campanha 
eleitoral para o cargo de Deputado Federal. 
Vale  ressaltar,  mais  uma  vez,  que  essas  doações  para  a  campanha  não  foram 
contabilizadas  na  prestação  de  contas,  caracterizando  aquilo  que  se  chama,  na 

10 
 

linguagem popular, de “Caixa 2”. 


Por  fim,  João  ocultou  a  origem  dos  R$  500  mil  de  propina  simulando  ganhos  com  a 
venda de gado.  
Em tese, quais foram os delitos praticados por João? 
a)  ​corrupção  passiva  (art.  317  do  CP):  delito,  em  tese,  da  Justiça  Federal  comum  (por 
envolver a União): 

Art.  317.  Solicitar  ou  receber,  para  si  ou  para  outrem,  direta  ou  indiretamente,  ainda 
que  fora  da  função  ou  antes  de  assumi-la,  mas  em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
b)  ​falsidade  ideológica  (art.  350  do  Código  Eleitoral):  crime  de  competência  da  Justiça 
Eleitoral. 

Art.  350.  Omitir,  em  documento  público  ou  particular,  declaração  que  dêle  devia 
constar,  ou  nele  inserir  ou  fazer  inserir  declaração  falsa  ou  diversa  da  que  devia  ser 
escrita, para fins eleitorais: 
Pena  -  reclusão  até  cinco  anos  e  pagamento  de  5  a  15  dias-multa,  se  o  documento é 
público,  e  reclusão  até  três  anos  e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é 
particular. 
Parágrafo  único.  Se  o  agente da falsidade documental é funcionário público e comete 
o  crime  prevalecendo-se  do  cargo  ou  se  a  falsificação  ou  alteração  é  de 
assentamentos de registro civil, a pena é agravada. 
c)  ​lavagem  de  dinheiro  (art.  1º  da  Lei  nº  9.613/98):  infração de competência da Justiça 
Federal comum (porque o crime antecedente é federal). 

Art.  1º  Ocultar  ou  dissimular  a  natureza,  origem,  localização,  disposição, 


movimentação  ou  propriedade  de  bens,  direitos  ou  valores  provenientes,  direta  ou 
indiretamente, de infração penal. 
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. 
Vale ressaltar que, aparentemente, todos os crimes praticados são conexos.  
Dois  crimes  são  de  competência  da  Justiça  Federal  comum  e  um  deles  da  Justiça 
Eleitoral.  Como  ficará  a  competência  para  julgar  estes  delitos?  Serão  julgados 
separadamente ou juntos? Qual será a Justiça competente? 
Justiça ELEITORAL. 
Competirá à Justiça Eleitoral julgar todos os delitos. 
Segundo decidiu o STF: 

Compete  à  Justiça  Eleitoral  julgar  os  crimes  eleitorais  e  os  comuns  que  lhes  forem 
conexos.  ​STF.  Plenário.  Inq  4435  AgR-quarto/DF,  Rel.  Min.  Marco  Aurélio,  julgado em 

11 
 

13 e 14/3/2019 (Info 933) 

➣  No  concurso  entre  a  jurisdição  penal  comum  e  a  especial  (como  a  eleitoral), 


prevalecerá  esta  na  hipótese  de  conexão  entre  um  delito  eleitoral  e  uma  infração penal 
comum. 
O fundamento para isso está no art. 35, II, do Código Eleitoral e no art. 78, IV, do CPP: 

Art. 35. Compete aos juízes: ​(leia-se: juízes eleitorais) 


II  -  processar  e  julgar  os  crimes  eleitorais  e  os  comuns  que  lhe  forem  conexos, 
ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; 

Art.  78.  Na  determinação  da  competência  por  conexão  ou  continência,  serão 
observadas as seguintes regras: 
(...) 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 

Assim,  como  há  a  presença  do  crime de doação eleitoral por meio de “caixa 2”, conduta 


que  configura  o  crime  eleitoral  de  falsidade  ideológica  (art.  350  do  Código  Eleitoral),  a 
competência  para  julgar  todos  os  delitos  é  atraída  para  a  Justiça Eleitoral, considerado 
o princípio da especialidade: 

A  doação  eleitoral  por  meio  de  “caixa  2”  é  uma  conduta  que  configura crime eleitoral 
de  falsidade  ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). A competência para processar e 
julgar este delito é da Justiça Eleitoral. 
A  existência  de  crimes  conexos  de  competência  da  Justiça Comum, como corrupção 
passiva  e  lavagem  de  capitais,  não  afasta  a  competência  da  Justiça  Eleitoral,  por 
força do art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. 
STF.  2ª  Turma.  PET  7319/DF,  Rel.  Min.  Edson  Fachin,  Relator  p/  Acórdão  Min.  Dias 
Toffoli, julgado em 27/3/2018 (Info 895). 

Como  há  dois  crimes  de  competência  da  Justiça  Federal,  o  Juiz  Federal  “comum”  não 
poderia julgar os três delitos, incluindo o crime eleitoral? 
➣  Resposta:  ​NÃO​.  Isso  porque  a  Constituição  Federal,  no  art.  109,  IV,  ao  estipular  a 
competência  criminal  da  Justiça  Federal  comum, ressalva, expressamente, os casos da 
competência da Justiça Eleitoral. Veja: 

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 


(...) 
IV  -  os  crimes  políticos  e  as  infrações  penais  praticadas  em  detrimento  de  bens, 

12 
 

serviços  ou  interesse  da  União  ou  de  suas  entidades  autárquicas  ou  empresas 
públicas,  excluídas  as  contravenções  e  ressalvada  a competência da Justiça Militar e 
da Justiça Eleitoral; 
Onde está prevista a competência da Justiça Eleitoral? 
A  CF/88,  em  seu  art.  121,  afirma  que  lei  complementar  irá  definir  a  competência  da 
Justiça Eleitoral: 

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, 
dos juízes de direito e das juntas eleitorais. 
Assim,  ​a  definição  da  competência  da  Justiça  Eleitoral  foi  submetida  à  lei 
complementar​. 
➣  ​Como  essa  lei  complementar  mencionada  pelo  art.  121  da  CF/88  ainda  não  foi 
editada,  o  STF  entende  que  os  dispositivos  do  Código  Eleitoral  que  tratam  sobre  a 
organização  e  competência  da  Justiça  Eleitoral  foram  recepcionados  com  força  de  lei 
complementar. 
Logo,  o  art.  35,  II,  do  Código  Eleitoral  está de acordo com o art. 121 e com o art. 109, IV, 
da CF/88 e fazem com que todos os delitos sejam de competência da Justiça Eleitoral. 
Conforme explica José Jairo Gomes: 
“Note-se  que  a  Justiça  Comum  é  federal  e  estadual.  A  ‘vis  attractiva’  exercida 
pela  Justiça  Eleitoral  ocorrerá  em  ambos  os  casos.  Apesar  de  a  competência 
criminal  da  Justiça  Federal  ser  prevista  diretamente  na  Constituição  (art.  109)  e 
da  Eleitoral  ser  estabelecida  em  norma  infraconstitucional  (no  caso,  o  Código 
Eleitoral  –  CE,  art.  35,  II),  a  parte  final do inciso IV, art. 109, da Lei Maior, ressalva 
expressamente  a  competência  da  Justiça  Eleitoral.  Em  razão  da  expressa 
ressalva  constitucional,  há  que  se  respeitar  a  competência  criminal  da  Justiça 
Eleitoral,  ainda  quando  ela  seja  definida  pela  conexão.  Caso  contrário,  à  luz  do 
ordenamento  positivo,  o  princípio  do  juiz  natural  restaria  desatendido.  Destarte, 
se  houver  conexão  entre  crime  federal  e  eleitoral  poderá  haver  unidade 
processual  com  a  prorrogação  da  competência  da  Justiça  Eleitoral.  (…)” (​Crimes 
Eleitorais e Processo Penal Eleitoral​. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2016, p. 325/327). 
 
Seria  possível  o  desmembramento  dos  crimes,  ou  seja,  a  Justiça  Federal  comum  julga 
os crimes de corrupção e lavagem e a Justiça Eleitoral o crime de “caixa 2”? 
➣ Resposta: ​NÃO​. E
​ ssa era a posição da PGR, mas não foi acolhida pelo STF.  
Foi  mencionado  acima  que,  aparentemente,  todos  os  crimes  praticados  são  conexos. 
Quem define isso? De quem é a competência para decidir se existe ou não conexão? 
➣ Também da Justiça Eleitoral. 
➣  ​Compete  à  própria  Justiça  Eleitoral  reconhecer  a  existência,  ou  não,  do  vínculo  de 

13 
 

conexidade entre delito eleitoral e crime comum a ele supostamente vinculado​: 

Cabe  à  Justiça  Eleitoral  analisar,  caso  a  caso,  a  existência  de  conexão  de  delitos 
comuns  aos  delitos  eleitorais  e,  em  não  havendo,  remeter  os  casos  à  Justiça 
competente.  ​STF.  Plenário.  Inq  4435  AgR-quarto/DF,  Rel.  Min.  Marco  Aurélio,  julgado 
em 13 e 14/3/2019 (Info 933). 

Por que esse julgamento gerou tanta polêmica? 


Porque  grande  parte  dos  crimes  relacionados  com  a  chamada  operação  “Lava  Jato” 
envolvem também o crime eleitoral de “caixa 2” (art. 35, II, do CE). Logo, o julgamento de 
todos  esses  delitos  podem  acabar  saindo  da  Justiça  Federal  comum  (ex:  13ª  Vara 
Federal  de  Curitiba)  e  serem  remetidos  para  um  Juiz  de  Direito  que  exerça  as  funções 
de Juiz Eleitoral. 
Para  os  Procuradores  da  República  que  compõem  a  Força  Tarefa  da  “Lava  Jato”,  a 
Justiça  Eleitoral  não  teria  a  estrutura  necessária  para  julgar  estes  crimes.  Assim,  “isso 
seria o fim da Lava Jato”. 
Este argumento foi refutado, com veemência, pela maioria dos Ministros. 
Além  disso,  há  um  temor  por  parte  dos  membros  do  Ministério  Público  de  que 
condenações  já  proferidas  pela  Justiça  Federal  comum  em  casos  envolvendo  a  “Lava 
Jato” sejam anuladas por vício de incompetência.  
O entendimento do STF acima explicado é novo? 
Na verdade, não. Já encontrávamos julgados da Corte nesse mesmo sentido: 

(...)  A  Segunda  Turma  do  Supremo  Tribunal  Federal  firmou  o  entendimento  de  que, 
nos  casos  de  doações  eleitorais  por meio de caixa 2 - fatos que poderiam constituir o 
crime  eleitoral  de  falsidade  ideológica  (art.  350,  Código  Eleitoral)  -,  a  competência 
para  processar  e  julgar  os  fatos  é  da  Justiça  Eleitoral  (PET  nº  6.820/DF-AgR-ED, 
Relator para o acórdão o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 23/3/18). 
2.  A  existência  de  crimes  conexos  de  competência  da  Justiça  Comum,  como 
corrupção  passiva  e  lavagem  de  capitais,  não  afasta  a  competência  da  Justiça 
Eleitoral,  por  força  do  art.  35,  II,  do  Código  Eleitoral  e  do  art.  78,  IV,  do  Código  de 
Processo Penal. (...) 
STF.  2ª  Turma.  Pet  6986  AgR,  Rel.  Min.  Edson  Fachin,  Relator  p/  Acórdão:  Min.  Dias 
Toffoli, julgado em 10/04/2018. 

Esse  também  é  o  entendimento  do  STJ:  AgRg  na  APn  865/DF,  Rel.  Min.  Herman 
Benjamin, Corte Especial, julgado em 07/11/2018. 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

14 
 

​ OMPETÊNCIA  DA 
COMPETÊNCIA  EM  RAZÃO  DA  MATÉRIA:  C

“JUSTIÇA POLÍTICA OU EXTRAORDINÁRIA” 

Corresponde  à  atividade  jurisdicional  exercida  por  órgãos  políticos  alheios  ao  Poder 
Judiciário, com o objetivo de afastar o agente público que comete crimes de responsabilidade.  

Exemplo: Em alguns casos é exercida pelo Senado (CF, art. 52, I).  

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:  

I  -  processar  e  julgar  o  Presidente  e  o  Vice-Presidente  da  República  nos crimes de responsabilidade, bem 


como  os  Ministros  de  Estado  e  os  Comandantes  da  Marinha,  do  Exército  e da Aeronáutica nos crimes 
da  mesma  natureza  conexos  com  aqueles  (perceba  que  o  ME,  CM,  CE,  CA  somente  serão  julgados 
também  no  senado  neste  tipo  de  infração  se  a  mesma  for  conexa  com a infração do presidente e vice, caso 
contrário serão julgados no STF, ver constitucional); ...  

COMPETÊNCIA  EM  RAZÃO  DA  MATÉRIA:  COMPETÊNCIA  DA 


JUSTIÇA FEDERAL 

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 

I  -  as  causas  em  que  a  União,  entidade  autárquica  ou  empresa  pública  federal  forem 
interessadas  na  condição  de  autoras,  rés,  assistentes  ou  oponentes,  exceto  as  de  falência, 
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 

II  -  as  causas  entre  Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa 


domiciliada ou residente no País; 

III  -  as  causas  fundadas  em  tratado  ou  contrato  da  União  com  Estado  estrangeiro  ou 
organismo internacional; 

IV  -  os  crimes  políticos  e  as  infrações  penais  praticadas  em  detrimento de bens, serviços 
ou  interesse  da  União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 

15 
 
V  -  os  crimes  previstos  em  tratado  ou  convenção  internacional,  quando,  iniciada  a 
execução  no  País,  o  resultado  tenha  ou  devesse  ter  ocorrido  no  estrangeiro,  ou 
reciprocamente; 

V-A  as  causas  relativas  a  direitos  humanos  a  que  se  refere  o  §  5º  deste  artigo; ​(Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 

VI  -  os  crimes  contra  a  organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra 


o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 

Compete ainda à JUSTIÇA FEDERAL processar e julgar originariamente: 

VII  -  os ​habeas  corpus,​   em  matéria  criminal  de  sua  competência  ou  quando  o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra 
jurisdição; 

VIII  -  os  mandados  de  segurança  e  os ​habeas  data ​ contra  ato  de  autoridade  federal, 
excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 

IX  -  os  crimes  cometidos  a  bordo  de  navios  ou  aeronaves,  ressalvada  a  competência  da 
Justiça Militar; 

X  -  os  crimes  de  ingresso  ou  permanência  irregular  de  estrangeiro,  a  execução  de  carta 
rogatória,  após  o  "exequatur",  e  de  sentença  estrangeira,  após  a  homologação,  as  causas 
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 

XI - a disputa sobre direitos indígenas 

Súmulas aplicadas 

❖ Súmula  06  do  STJ​:  Compete  à  justiça  comum  estadual  processar  e  julgar  delito 
decorrente  de  acidente  de  trânsito  envolvendo  viatura  de  polícia  militar,  salvo  se 
autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade. 
❖ Súmula 33 do STJ​: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. 
❖ Súmula  42  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Comum  Estadual  processar  e  julgar  as 
causas  cíveis  em  que  a  é  parte  sociedade  de  economia  mista  e  os crimes praticados 
em seu detrimento. 

16 
 
❖ Súmula  62  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Estadual  processar  e  julgar o crime de falsa 
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada. 
❖ Súmula  73  do  STJ​:  A  utilização  de  papel-moeda  grosseiramente  falsificado 
configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. 
❖ Súmula  75  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Comum Estadual processar e julgar e julgar 
policial  militar  por  crime  de  promover  ou  facilitar  a  fuga  de  preso  de 
estabelecimento penal. 
❖ Súmula  78  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Militar  processar  e  julgar  policial  de 
corporação  estadual,  ainda  que  o  delito  tenha  sido  praticado  em  outra  unidade 
federativa. 
❖ Súmula  104  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Estadual  o  processo  e  julgamento  dos 
crimes  de  falsificação  e  uso  de  documento  falso  relativo  a  estabelecimento 
particular de ensino. 
❖ Súmula  140  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Comum  Estadual  processar  e  julgar crime 
em que o indígena figure como autor ou vítima. 
❖ Súmula  147  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Federal  processar  e  julgar  os  crimes 
praticados  contra  funcionário  público  federal,  quando  relacionados  ao  exercício  da 
função. 
❖ Súmula  151  do  STJ​:  A  competência  para  o  processo  e  julgamento  por  crime  de 
contrabando  ou  descaminho  define-se  pela  prevenção  do  Juízo Federal do lugar da 
apreensão dos bens. 
❖ Súmula  165  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Federal  processar  e  julgar  crime  de  falso 
testemunho cometido no processo trabalhista. 
❖ Súmula  172  do  STJ​:  Compete  à  Justiça Comum Estadual processar e julgar militar 
por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. 
❖ Súmula  200  do  STJ​:  O  Juízo  Federal  competente  para  processar  e  julgar  acusado 
de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.  

17 
 
❖ Súmula  208  do  STJ:  Compete  à  Justiça  Federal  processar  e  julgar  prefeito 
municipal por desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal. 
❖ Súmula  209  do  STJ​:  Compete  à  Justiça  Estadual  processar  e  julgar  prefeito  por 
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.  
❖ Súmula  244 do STJ​: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime 
de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. 

Observação:  A  súmula  91  do  STJ,  prevendo  que  os  crimes  contra  a  fauna  seriam 
julgados  perante  à  Justiça  Federal,  foi  cancelada  em  2000.  Isso  se  deve  ao  fato  da Lei 9.605/1998, 
disciplinando  os  crimes  contra  a  fauna,  prever  infrações  penais  que  não  seriam  apreciadas  pela 
Justiça  Federal,  a  exemplo  de  maus-tratos  contra  animais  domésticos  (art.  32),  restando  à  área 
federal  as  infrações  contra  espécimes  silvestres.  Como  a  referida  súmula  não  fazia  tal  distinção, 
sendo  generalista,  foi  cancelada.  Após o cancelamento da súmula, o STJ firmou o entendimento de 
que,  quando  não  há  evidente  lesão  a  bens, serviços ou interesses da União, autarquias ou empresas 
públicas  (art.  109  da  CF),  compete  à  Justiça  estadual,  de  regra,  processar  e  julgar  crime  contra  a 
fauna,  visto  que  a  proteção  ao  meio  ambiente  constitui  matéria  de  competência  comum  à  União, 
aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal (art. 23, VI e VII, da CF).   

❖ Súmula  453  do  STF​:  Não  se  aplicam  à  segunda  instância  o  art.  384  e  parágrafo 
único  do  Código  de  Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao 
fato  delituoso,  em  virtude  de  circunstância  elementar  não  contida  explícita  ou 
implicitamente na denúncia ou queixa. 
❖ Súmula  521  do  STF​:  O  foro  competente para o processo e julgamento dos crimes 
de  estelionato,  sob  a  modalidade  de  emissão  dolosa  de  cheque  sem  provisão  de 
fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. 
❖ Súmula  522  do  STF:  Salvo  ocorrência  de  tráfico  para  o  exterior,  quando  então  a 
competência  será  da  Justiça  Federal,  compete  à  Justiça  dos  Estados  o  processo  e 
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. 

18 
 
❖ Súmula  702  do  STF:  A  competência  do  Tribunal  de  Justiça  para  julgar  Prefeitos 
restringe-se  aos  crimes  de  competência  da  Justiça  Comum  Estadual;  nos  demais 
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. 
❖ Súmula  704  do  STF:  Não  viola  as  garantias  do  juiz  natural,  da  ampla  defesa  e  do 
devido  processo  legal  a  atração  por  continência  ou  conexão  do  co-réu  ao  foro  por 
prerrogativa de função de um dos denunciados. 
❖ Súmula  721  do  STF​:  A  competência  constitucional  do  Tribunal  do  Júri  prevalece 
sobre  o  foro  por  prerrogativa  de  função  estabelecido  exclusivamente  pela 
Constituição Estadual.   

➫  Importante  ressaltar  ​as  causas  relativas  relativas  a  direitos  humanos  (inciso 


V-A)  

Este  inciso  foi  acrescentado  pela  EC  45/2004,  movida  pela  federação  dos  crimes 
que  afrontem  direitos  humanos.  Não  se  pode  perder  de  vista  a  necessária 
conjugação do dispositivo em enfoque com o § 5º do art. 109 da CF: 

§  5º  Nas  hipóteses  de  grave  violação  de  direitos  humanos,  o  Procurador-Geral  da 
República,  com  a  finalidade  de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes 
de  tratados  internacionais  de  direitos  humanos  dos  quais o Brasil seja parte, poderá 
suscitar,  perante  o  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  qualquer  fase  do  inquérito  ou 
do processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 

COMPETÊNCIA  EM  RAZÃO  DA  PESSOA  -  POR  PRERROGATIVA  DE 


FUNÇÃO  

➣ ​O  foro  por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o 


exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e 

➣  Após  o  final  da  instrução  processual,  com  a  publicação  do  despacho  de  intimação 
para  apresentação  de  alegações  finais,  a  competência  para  processar  e  julgar  ações  penais  não  será 

19 
 
mais  afetada  em  razão  de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, 
qualquer que seja o motivo​.

➣  ​Súmula  394  do  STF​:  COMETIDO  O  CRIME  DURANTE  O  EXERCÍCIO 


FUNCIONAL,  PREVALECE  A  COMPETÊNCIA  ESPECIAL  POR  PRERROGATIVA  DE 
FUNÇÃO,  AINDA  QUE  O  INQUÉRITO  151/281  OU  A  AÇÃO  PENAL  SEJAM 
INICIADOS APÓS A CESSAÇÃO DAQUELE EXERCÍCIO ​(CANCELADA)​.

Situação  hipotética:  Deputado  que  renuncia,  continua  sendo  julgado  pelo  STF?  Se  o 
deputado  renuncia,  cessa  a  competência  por  prerrogativa  de  função.  Exceto  quando  a  renúncia  se 
dá  exclusivamente  para  não  ser  processado  e  julgado  perante  o  STF.  Veja  o  que  diz  a Súmula 451 
do STF: 

A  COMPETÊNCIA  ESPECIAL  POR  PRERROGATIVA  DE  FUNÇÃO  NÃO  SE 


ESTENDE  AO  CRIME  COMETIDO  APÓS  A  CESSAÇÃO  DEFINITIVA  DO 
EXERCÍCIO FUNCIONAL. 

E O CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA? 

Súmula  vinculante 45 do STF: ​A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o 
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.   

Atenção​:

E o Deputado estadual? Sua prerrogativa é prevista ou não na CF?  

➣  1ª  Corrente  (Capez):  Deputado  tem  foro  previsto  na  CF,  por  questão  de  simetria  com  o 
Deputado  Federal,  e  por  conta  do  art.  27,  §1º  da  CF  (imunidade  formal).  PREVALECE 
(STJ)​.

20 
 

Art. 27, § 1º. Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando-sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis


que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

➣ ​2ª Corrente (Nucci): O Foro é previsto exclusivamente pela CE

Decisão relacionada ao tema de competência por Foro por prerrogativa de função: 

Se  os  fatos  criminosos  que  teriam  sido  supostamente  cometidos  pelo  Deputado 
Federal  não  se  relacionam  ao  exercício  do  mandato,  a  competência  para  julgá-los 
não é do STF
Direito Processual Penal​ C ​ ompetência​ F ​ oro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
Se  os  fatos  criminosos  que  teriam  sido  supostamente  cometidos  pelo  Deputado 
Federal  não  se  relacionam  ao  exercício  do  mandato,  a  competência  para  julgá-los 
não  é  do  STF,  mas  sim  do  juízo  de  1ª  instância.  Isso  porque  o  foro  por prerrogativa 
de  função  aplica-se  apenas  aos  crimes  cometidos  durante  o  exercício  do  cargo  e 
relacionados  às  funções  desempenhadas  (STF  AP  937  QO/RJ,  Rel.  Min.  Roberto 
Barroso,  julgado  em  03/05/2018).  A  apropriação  indébita  se  consuma  no  ato  da 
inversão  da  propriedade  do  bem.  Se  a  inversão  da  propriedade  ocorreu  com  a 
transferência  dos  recursos  da  conta  bancária  da  empresa  vítima,  com  sede  em 
Brasília/DF,  efetuada  pelo  Diretor  da  entidade,  tem-se  que  a  competência  para 
apurar  este  delito  é  do  juiz  de  direito  de  1ª  instância  do  TJDFT.  STF.  1ª  Turma.  Inq 
4619 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/2/2019 (Info 931). 

➣ Comentários importantes do julgado:  

Imagine a seguinte situação adaptada: 


Alexandre celebrou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. 
No  acordo,  assinado  em  2016,  Alexandre  confessou  a  prática  de  crimes  contra  a 
administração  pública  e,  além  disso,  delatou  a  participação  de  Odair,  um  Deputado 
Federal,  que  teria  se  apropriado  indevidamente  de  valores  repassados  pela 
Confederação Nacional do Transporte (CNT). 

21 
 

O acordo foi homologado pelo STF. 


Denúncia 
Com  base  na  delação  e  nas  provas  apresentadas  por  Alexandre  e  corroboradas 
pelas  diligências  investigatórias,  a  Procuradoria-Geral  da  República  ofereceu 
denúncia, no STF, contra Odair pela prática de apropriação indébita: 

Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
O que o STF fez? 
Declinou  a  competência  para  a  1ª  instância.  Isso  porque  o  STF  entendeu  que  os 
fatos  narrados  não  estavam  relacionados  com  o exercício do mandato de Deputado 
Federal por Odair. 
Segundo o entendimento atual do STF: 

O  foro  por  prerrogativa  de  função  aplica-se apenas aos crimes cometidos durante 


o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
STF.  Plenário  AP  937  QO/RJ,  Rel.  Min.  Roberto  Barroso,  julgado  em  03/05/2018 
(Info 900). 

➣  Em  outras  palavras,  ​os Deputados Federais e Senadores somente serão julgados 


pelo  STF  se  o  crime  tiver  sido  praticado  durante  o  exercício  do  mandato  de 
parlamentar federal e se estiver relacionado com essa função​. 
Como,  no  caso  concreto,  os  crimes,  em  tese,  praticados  por  Odair  não  tinham 
relação  direta  com  seu  cargo  de  Deputado  Federal,  o  STF  entendeu  que  a 
competência para julgá-los seria do juízo de 1ª instância.  
Qual juízo de 1ª instância será competente para julgar o caso? 
Juiz de 1ª instância da Justiça do Distrito Federal.  
Por quê? 
Segundo  o  MP,  a  Confederação Sindical teria repassado indevidamente valores para 
a conta bancária de Odair. 
A  competência  territorial  é  determinada,  em  regra,  pelo lugar em que se consumar a 
infração, nos termos do art. 70 do CPP: 

Art.  70.  A  competência  será,  de  regra,  determinada  pelo  lugar  em  que  se 
consumar  a  infração,  ou,  no  caso  de  tentativa,  pelo  lugar  em  que  for  praticado  o 
último ato de execução. 
➣ ​A apropriação indébita se consuma no ato da inversão da propriedade do bem. 
A  inversão  da  propriedade  ocorreu  com  a  transferência  dos  recursos  da  conta 
bancária  titularizada  pela  CNT,  empresa  com  sede  em  Brasília/DF,  efetuada  pelo 

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Diretor da entidade em suposto conluio com Odair e os demais investigados. 


Ainda  que  a  efetiva  utilização  dos  recursos  tenha  ocorrido  em  outro  ente  da 
Federação,  essa  circunstância  representa  ​pos-factum​,  que  não  interfere  na 
consumação do delito. 
Em suma: 
Se  os  fatos  criminosos  que  teriam  sido  supostamente  cometidos  pelo  Deputado 
Federal  não  se  relacionam  ao  exercício  do  mandato,  a  competência  para  julgá-los 
não é do STF, mas sim do juízo de 1ª instância. 
Isso  porque  o  foro  por  prerrogativa  de  função  aplica-se  apenas  aos  crimes 
cometidos  durante  o  exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas 
(STF AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

Vejamos mais uma Decisão relacionada ao tema: 

STF  é  competente  para  julgar  crime  eleitoral  praticado  por  Deputado  Federal 
durante a sua campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito 
Direito Processual Penal​ C ​ ompetência​ F ​ oro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
Pedro,  Deputado  Federal,  recebeu  doação  ilegal  de  uma  empresa  com  o  objetivo de 
financiar  a  sua  campanha  para  reeleição.  Esta  doação  não  foi  contabilizada  na 
prestação  de  contas,  configurando  o  chamado  “caixa  2”  (art.  350  do  Código 
Eleitoral).  Pedro  foi  reeleito  para  um  novo  mandato  de  2019  até  2022.  O  STF  será 
competente  para  julgar  este  crime  eleitoral?  SIM.  O  foro  por  prerrogativa  de  função 
aplica-se  apenas  aos  crimes  cometidos  durante  o  exercício do cargo e relacionados 
às  funções  desempenhadas.  O  STF  entende  que  o  recebimento  de  doação  ilegal 
destinado  à  campanha  de  reeleição  ao  cargo  de  Deputado  Federal  é  um  crime 
relacionado com o mandato parlamentar. Logo, a competência é do STF. Além disso, 
mostra-se  desimportante  a  circunstância  de  este  delito  ter  sido  praticado  durante  o 
mandato  anterior,  bastando  que  a  atual  diplomação  decorra  de  sucessiva  e 
ininterrupta  reeleição.  STF.  Plenário.  Inq  4435  AgR-quarto/DF,  Rel.  Min.  Marco 
Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933). 
 

Comentários do julgado: 
CASO 1. Imagine a seguinte situação hipotética: 

23 
 

Em  setembro/2018,  João,  Deputado Federal, recebeu doação ilegal de uma empresa 


com o objetivo de financiar a sua campanha para reeleição. 
Esta  doação  não  foi  contabilizada  na  prestação de contas, configurando o chamado 
“caixa  2”,  conduta  que  se  amolda  ao  crime eleitoral de falsidade ideológica, previsto 
no art. 350 do Código Eleitoral: 

Art.  350.  Omitir,  em  documento  público  ou  particular,  declaração  que  dêle  devia 
constar,  ou  nele  inserir  ou  fazer  inserir  declaração  falsa  ou  diversa  da  que  devia 
ser escrita, para fins eleitorais: 
Pena  -  reclusão  até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento 
é  público,  e  reclusão  até  três  anos  e  pagamento  de  3  a  10  dias-multa  se  o 
documento é particular. 
Parágrafo  único.  Se  o  agente  da  falsidade  documental  é  funcionário  público  e 
comete  o  crime  prevalecendo-se  do  cargo  ou  se  a  falsificação  ou  alteração  é  de 
assentamentos de registro civil, a pena é agravada. 
Como  João  era  Deputado  Federal,  em  novembro/2018  foi  instaurado  um  inquérito 
no STF para apurar o eventual crime eleitoral por ele praticado. 
Ocorre  que  João  não  foi  reeleito  e,  em  2019,  deixou  de  ocupar  qualquer  cargo 
público. 
O STF continuará competente para julgar o delito? 
➣Resposta:  ​NÃO​.  ​Como  João deixou de ser Deputado Federal, ele perdeu também o 
foro  por  prerrogativa  de  função​.  Logo,  a  competência  para  julgar  o  crime  praticado 
por  João  será  da  Justiça  Eleitoral  de  1ª  instância,  ou  seja,  ele  será  julgado  por  um 
Juiz Eleitoral. 
  
CASO 2. Imagine agora outra situação ligeiramente diferente: 
Em  setembro/2018,  Pedro,  Deputado  Federal,  recebeu  doação  ilegal  de  uma 
empresa com o objetivo de financiar a sua campanha para reeleição. 
Esta  doação  não  foi  contabilizada  na  prestação de contas, configurando o chamado 
“caixa 2” (art. 350 do Código Eleitoral). 
Em  novembro/2018, foi instaurado um inquérito no STF para apurar o eventual crime 
eleitoral por ele praticado. 
Pedro foi reeleito para um novo mandato de 2019 até 2022.  
Pergunta: O STF continuará competente para julgar o delito? 
SIM. Segundo o entendimento atual do STF: 

O  foro  por  prerrogativa  de  função  aplica-se apenas aos crimes cometidos durante 


o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 

24 
 

STF.  Plenário  AP  937  QO/RJ,  Rel.  Min.  Roberto  Barroso,  julgado  em  03/05/2018 
(Info 900). 

Em  outras  palavras,  ​os  Deputados  Federais  e  Senadores  somente  serão  julgados 
pelo  STF  se  o  crime  tiver  sido  praticado  durante  o  exercício  do  mandato  de 
parlamentar federal e se estiver relacionado com essa função​. 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

➤ ​Crime cometido em coautoria com titular de foro por prerrogativa de função 

Exemplo:  Cidadão  qualquer  do  povo  pratica  crime  em  coautoria  com  senador.  Há 
separação de processos? 
A  regra  é  a  separação  dos  processos,  porém  o  STF  entende  que  não  há  violação  de 
garantias  a  atração  por  continência  ou  conexão  do  processo  do  corréu ao foro por prerrogativa de 
função. 
Veja  a  ​Súmula 704 do STF​: ​Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do 
devido  processo  legal  a  atração  por  continência  ou  conexão  do  processo  do  corréu  ao  foro  por 
prerrogativa de função de um dos denunciados​.

DECISÕES RELEVANTES 

➣ Suplente de senador, enquanto nessa condição, não tem foro (STF INQ 2.453).  

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. QUEIXA-CRIME. ARTS. 20, 21 E 22


DA LEI 5.250/1967. SUPLENTE DE SENADOR. INTERINIDADE. COMPETÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA O JULGAMENTO DE AÇÕES PENAIS.
INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 53, § 1O, E 102, I, b, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
RETORNO DO TITULAR AO EXERCÍCIO DO CARGO. BAIXA DOS AUTOS. POSSIBILIDADE.
NATUREZA. FORO ESPECIAL. PRERROGATIVA DE FUNÇÃO POSSUI NATUREZA INTUITU
FUNCIONAE E NÃO RATIONE PERSONAE. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS QUE SE
APLICA APENAS AOS PARLAMENTARES EM EXERCÍCIO DOS RESPECTIVOS CARGOS. I -

25 
 
Os membros do Congresso Nacional, pela condição peculiar de representantes do
povo ou dos Estados que ostentam, atraem a competência jurisdicional do Supremo
Tribunal Federal. II - O foro especial possui natureza intuitu funcionae, ligando-se ao
cargo de Senador ou Deputado e não à pessoa do parlamentar. III - Não se cuida de
prerrogativa intuitu personae, vinculando-se ao cargo, ainda que ocupado
interinamente, razão pela qual se admite a sua perda ante o retorno do titular ao
exercício daquele. IV - A diplomação do suplente não lhe estende automaticamente o
regime político-jurídico dos congressistas, por constituir mera formalidade anterior e
essencial a possibilitar à posse interina ou definitiva no cargo na hipótese de licença
do titular ou vacância permanente. V - Agravo desprovido.(Inq 2453 AgR, Relator(a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/05/2007, DJe-047
DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00029 EMENT
VOL-02282-01 PP-00179)

Atenção:

➣ ​Juiz aposentado compulsoriamente em PAD não tem foro por prerrogativa​.  

➣  ​Juiz  de  1º  Grau  convocado  para  atuar  como  desembargador  continua  sendo  considerado 
um juiz de 1ª instância, logo será julgado pelo respectivo Tribunal​.

Veja o quadro resumido: 

Competência do STF: Competência do STJ: Competência do TRF:

➣ Presidente da República e vice ➣ Governadores Estados e ➣ Juízes federais


➣ Deputados Federais e DF ➣ Membros do MPU que
Senadores ➣ Desembargadores atuam em 1ª instância (aqui
➣ Ministros do STF
➣ Membros TCE, TCDF e entra o crime praticado por
➣ PGR
TCM, TRF, TRE e TRT membro do MPDFT)
➣ Ministros de Estado
➣ Membros do MPU que
➣ Ministros Tribunais Superiores
atuam perante Tribunais.
➣ Ministros TCU
➣ Chefe de Missão diplomática
de caráter permanente

26 
 

Veja outra tabela: 

MPDFT Quem julga

Crime contra TJDFT

Por TRF 1ª Região

HC contra seus atos TRF 1ª Região

MS contra ato do PGJ TJDFT

➫ Competência do TJ 

✔ Prefeitos  
✔ Juízes estaduais  
✔ MP  

COMPETÊNCIA TERRITORIAL (​RATIONE LOCI) 

Identificada  a  Justiça  competente,  se  comum  ou  especializada,  estuda-se  o  juízo 


territorialmente  competente.  De  início  no  que  se  refere  ao  território  ou  foro,  a  norma geral é a do 
art. 70 do CPP. 
➣ ​Regra​: ​Teoria do Resultado​.  
➣Cuidado para não confundir com o Direito Penal, que adota a Teoria da Atividade. 
 
Art.  70  do  CPP.  A  competência  será,  de  regra,  determinada  pelo  lugar  em  que  se 
consumar  a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último 
ato de execução.

➣​CUIDADO​!

27 
 

Parágrafos  §1º  e  2º:  crimes  cometidos  aqui  e  resultado  em  outro  país  e  vice-versa. 
“Crimes  de  espaço  máximo”.  Aqui  se  aplica  a  ​Teoria  da  Ubiquidade  (âmbito 
penal),  ou  seja,  aplica-se  a lei do país em que ocorreu a conduta OU o resultado. A 
competência  territorial  será  do  lugar  onde  ocorreu  o  último  ato  de  execução  (§1º) 
ou onde o ato tenha produzido ou devia ter produzido o resultado (§º2). 

Exemplo:  A  vítima  levou  um  tiro  no  Brasil  e  morreu  na  Argentina.  Então,  para o CP, 
considera-se  o  crime  praticado  no  Brasil.  Para  fins  de  fixação  da  lei  penal,  prevalece  a 
lei do Brasil, e não da Argentina. 

Art. 70.  A  competência  será,  de  regra,  determinada  pelo  lugar  em  que  se  consumar  a 
infração,  ou,  no  caso  de  tentativa,  pelo  lugar  em  que  for  praticado  o  último  ato  de 
execução. 
§ 1​o​  Se,  iniciada  a  execução  no  território  nacional,  a  infração  se  consumar  fora  dele,  a 
competência  será  determinada  pelo  lugar  em  que  tiver  sido  praticado, no Brasil, o último 
ato de execução. 
§ 2​º​  Quando  o  último  ato  de  execução  for  praticado  fora  do  território  nacional,  será 
competente  o  juiz  do  lugar  em  que  o  crime,  embora  parcialmente,  tenha  produzido  ou 
devia produzir seu resultado. 

Se  o  crime  foi  cometido  e  se  consumou  no  Brasil,  aplica-se  a  teoria  do  resultado. 
Assim,  se  o  crime  se  inicia  em  Minas  Gerais  e  se  consuma  no  Brasil,  o  juiz  competente  será  o  do 
Distrito Federal. 

Exceção: 

Nos  crimes  de  homicídio  doloso?  Aplica-se  a  teoria  da  Ubiquidade,  ou  a  Teoria  do 
Esboço  do  Resultado.  Por  questões probatórias, o local com mais provas e mais possibilidade de 
produzir provas é o local onde o crime foi praticado. 
- Crime plurilocal de homicídio doloso  
Plurilocal  é  o  crime  que  envolve  duas  ou  mais  comarcas.  ​Atenção,  é  diferente  de 
crimes a distância, que são aqueles cometidos envolvendo dois países. 

28 
 

  Ex:  Tiros  são  desferidos  em  Campinas,  mas  a  vítima  morre  em  hospital  de  São 
Paulo.  Pela  regra  do  art.  70,  seria  São  Paulo  a  consumação  e  a  competência.  No  entanto,  para a 
jurisprudência,  nesse  caso  não  aplica  a  regra  do  art.  70  (teoria do resultado), prevalecendo que o 
foro competente será o do local da conduta (​teoria da atividade), por dois motivos:  
● Questões  probatórias:  no  Tribunal  do  Júri  a  prova  se  concentra  na  audiência 
de  julgamento,  portanto  não  conseguiria  ouvir  as  testemunhas  de  outra 
comarca no dia do julgamento.  
● Questões  de  política  criminal:  o  julgamento  deve  ser  feito  onde  foi  feita  a 
conduta, que é onde o crime teve repercussão.  

Casos Excepcionais: 
➫ Crime de estelionato praticado mediante falsificação de cheque: 
Aplica-se  a  Súmula  48  do  STJ:  Compete  ao  juízo  do  local  da  obtenção  da  vantagem 
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque. 

➫ E no caso de pagamento com cheque sem fundos? 


Foro  competente  é  o  do  local  da  agência bancária ​onde o pagamento é recusado. É 
nesse momento que o crime se consuma. Súmula 521 STF e 244 do STJ.  

Súmula  244  do  STJ:  ​Compete  ao  foro  do  local  da  recusa  processar  e  julgar  o  crime  de 
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. 

 
➫ LEI 9.099/95

Art.  63.  A  competência  do  Juizado  será  determinada  pelo  lugar  em  que  foi  praticada  a 
infração penal. 

29 
 
A  Lei  dos  Juizados é uma das exceções ao CPP, pois usa a expressão “lugar em que foi 
PRATICADA ​a infração penal”. Qual teoria teria sido adotada?  
Três correntes:  
➣ 1ª Corrente: Por “praticada” entende-se o local da conduta (teoria da atividade).  
➣ 2ª Corrente: É sinônimo de consumada (teoria do resultado).  
➣  3ª Corrente: ​PREVALECE na jurisprudência que a lei do JEC adota a teoria mista. 
Seria competente tanto o local da ação quanto o local da consumação​ (​teoria da ubiquidade). 

➫ ​Crimes Falimentares 
Competência  é  fixada  pelo  local  da  decretação  da  falência  ou  da  homologação  da 
recuperação judicial. 

➫ ​Local de Consumação Desconhecida 


Ocorre  aqui  a  definição  da  competência pelo critério residual, qual seja, o domicílio do 
réu.  Sujeito  viaja  de  ônibus  e  tem  carteira  roubada  (violência  imprópria:  vítima  trancada  no 
banheiro).  Com  o  ônibus  em  movimento  não  se  sabe  onde  foi  a  consumação.  ​Qual  o  juízo 
competente?  Nesses  casos,  em  que  não  se  sabe  o  local  da  consumação,  determina-se  a 
competência  pelo  foro  de  DOMICÍLIO  DO  ACUSADO.  Se  tiver  mais  de  um  domicílio, 
fixa-se  a  competência  pela  PREVENÇÃO.  Prevenção:  Juiz  que  primeiro  realizar  ato 
decisório.  Em  não  tendo  domicílio,  será  competente  (prevento)  o  juiz  que  primeiro  tiver 
conhecimento do fato. CPP art. 72. 

➫ ​Foro de Eleição nas Ações Privadas 


Nas  ações  penais  exclusivamente  privadas  o  querelante  ​pode  escolher  entre  o  local 
da infração e o domicílio do acusado (art. 73, CPP). 

CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
 

30 
 
Conceito e Efeitos 
É  a interligação entre duas ou mais infrações, levando a que sejam apreciadas perante o 
mesmo órgão jurisdicional.  
São regras de alteração de competência.  
Em  regra,  provocam  a  reunião  e  julgamento  simultâneo  dos  processos  (​simultaneus 
processus​).  Ideia  de  celeridade  e  economia  processual.  Faz-se,  no  caso,  uma  única  instrução  para 
todos os processos.  
Um juízo exercerá força atrativa em relação ao outro. 

● Conexão 
 

- Conexão intersubjetiva - Art. 76, I do CPP 


Envolve duas ou mais infrações interligadas, e estas infrações devem ter sido praticadas 
por duas ou mais pessoas. 
➣  Envolve ​vários crimes (necessidade de PLURALIDADE DE CONDUTAS) e 
várias pessoas, obrigatoriamente (esse critério diferencia da continência).  
Ela pode ser classificada de 3 formas: 
a) Conexão  Intersubjetiva  ​por  simultaneidade​:  Duas  ou  mais  infrações  cometidas  por 
várias pessoas ao mesmo tempo quando ocasionalmente reunidas.  
➬ Não há concurso (não há liame subjetivo).  
➬ É rara. Exemplo: saque de mercado.  
OBSERVAÇÃO:  Bittencourt  diz  que  há  concurso  nesses  casos  de  saques, 
linchamentos etc.  
b) Conexão  Intersubjetiva  ​por  concurso  (OU  CONCURSAL):  Ocorre  quando  várias 
pessoas,  ​previamente  acordadas​,  praticam  várias  infrações,  em  concurso  em 
tempo  e  local  diversos  ​(há liame subjetivo​). Exemplo: Quadrilha especializada em 
roubo de cargas.  

31 
 
c) Conexão  Intersubjetiva  ​por  reciprocidade​:  Ocorre  quando  várias  infrações  são 
praticadas,  por  diversas  pessoas,  ​umas  contra  as  outras​.  Exemplo:  Briga  entre 
torcedores fora do estádio.  
➫  Não  se  trata  de  rixa,  pois  aqui  se  sabe  em  quem  se  está  batendo  (quem 
são os autores).  

- Conexão Objetiva (teleológica ou finalista) (art. 76, II do CPP) 

Ocorre  quando  ​uma  infração  é  cometida  para  facilitar,  ocultar,  assegurar  a 


impunidade ou vantagem​ em relação outra infração.  
Exemplo:  Assalto  do  BACEN.  Um  dos  assaltantes  mata  o outro para ficar com 
todo o dinheiro. Ou pratica extorsão.  
➣ ​Observe que os crimes serão julgados juntos, não só os sujeitos​.  

- Conexão Instrumental​ ​(probatória ou processual)  

Tem  cabimento  quando  a  prova  de  uma  infração  ou  de  suas  elementares  influir  na 
prova de outra infração.  
Ex.: Receptação e crime anterior; lavagem de capitais e crime antecedente​.

Atenção​: ​Súmula  122  do  STJ:  Compete  à  Justiça  Federal  o  processo  e  julgamento 
unificado  dos  crimes  conexos  de  competência  federal  e  estadual,  não  se  aplicando  a 
regra do art. 78, I, a, do Código de Processo Penal. 

● Continência 

É  o  vínculo  que  une  ​vários  infratores  a  uma  única  infração​,  ou  a  ligação  de  várias 
infrações  por  decorrerem  de  conduta  única,  ou  seja,  ​resultarem do concurso formal 
de crimes​, ocasionando a reunião de todos os elementos em processo único. 

➫ Há só UMA CONDUTA, gerando um ou vários resultados.  

32 
 
 
- ​Continência por cumulação subjetiva​ (de pessoas, sujeitos).  
Ocorre  quando  várias  pessoas  são  acusadas  pela  ​MESMA  infração  penal​.  Aqui  é  só 
um  crime,  ao  passo  que na conexão por concurso são vários delitos. Exemplo: Crime de homicídio 
praticado em coautoria. (art. 77, I, do CPP) 
 
- ​Continência por cumulação objetiva​ (art. 77, II do CPP) 
Implica  na reunião em um só processo de vários resultados lesivos advindos de uma só 
conduta. 
Ocorre  nas  hipóteses  de  concurso  formal  de  crimes  (art.  70  CP),  aberratio  ictus  (art. 
73, CP) e aberratio criminis (art. 74 CP).  
 
a) CONCURSO FORMAL​: Com uma conduta o agente pratica mais de um crime.  
b) ABERRATIO  ICTUS​:  Ocorre  a  continência  por  erro  na  execução.  O  agente  mira  na 
pessoa  desejada  e  mata  outra,  além  da  desejada.  Há  concurso  formal  dos  crimes, 
provocando a continência.  
c) ABERRATIO  CRIMINIS:​   Quando  o  agente  atinge  bem  jurídico  diverso  do  pretendido, 
além do pretendido. Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.  
 

Atenção​:  Súmula  235  do  STJ:  A  conexão  não  determina  a  reunião  dos 
processos, se um deles já foi julgado.  
 
Havendo  dois  processos,  só  haverá  junção  se  não  houver  sentença.  Se  algum  deles 
tiver sentença não haverá conexão. 
 
● Resumo das regras de força atrativa pela conexão/continência: 
1) Prevalece o Júri ou tribunal de maior grau (salvo se não admite reunião).  
➫  Se  um  crime  doloso  contra  a vida for conexo a um crime comum, ambos serão 
apreciados  pelo  Tribunal Popular, pois este é o prevalente. O júri aprecia os crimes 
dolosos contra a vida e os crimes que lhes sejam conexos. 

33 
 
➫  Se  houver  concorrência  entre  o  júri  e  crime  de  competência da Justiça Federal, 
ambos serão apreciados dentro do júri a ser realizado na esfera federal. 
➫  Havendo  a  concorrência  entre  o  júri  e  crime  de  competência  da  jurisdição 
especial, seja ela militar ou eleitoral, deverá haver separação de processos. 
 

➣ ​Julgado importante acerca do tema​: 

Conduta  de  um  dos  pedófilos  conexa  com  um  grupo  maior  localizado  em  outro 
juízo 
 
Direito Processual Penal​ ​Competência​ ​Competência territorial 
Origem: STF 
 
Se  o  crime  do  art.  241-A  do  ECA  for  praticado por meio do computador da residência 
do  agente  localizada  em  São  Paulo  (SP),  mesmo  assim  ele  poderá  ser  julgado  pelo 
juízo  de  Curitiba  (PR)  se  ficar  demonstrado  que  a  conduta  do  agente  ocorreu  com 
investigações  que  tiveram  início  em  Curitiba,  onde  um  grupo  de  pedófilos ligados ao 
agente  foi  preso  e,  a  partir  daí,  foram  obtidas  todas  as  provas.  Neste  caso,  a 
competência  do  juízo  de  Curitiba  ocorrerá  por  conexão,  não  havendo  ofensa  ao 
princípio  do  juiz  natural.  STF.  1ª  Turma.  HC  135883/PR,  rel.  orig.  Min.  Marco  Aurélio, 
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2017 (Info 868). 
 

Comentários do julgado: 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João  praticou  conjunção  carnal  com  menina  de  8  anos  em  sua residência na cidade de 
São Paulo. 
Além  disso,  ficou  provado  que  ele  enviou  para  um  site  russo,  do  computador  de  sua 
casa, fotografias e vídeos contendo cenas pornográficas envolvendo crianças. 
Diante  disso,  João  foi  condenado  pela  Justiça  Federal  de  Curitiba  (PR) pela prática dos 
seguintes delitos: 

Estupro de vulnerável 
Art.  217-A.  Ter  conjunção  carnal  ou  praticar  outro  ato  libidinoso  com  menor  de  14 
(catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 

34 
 

ECA/Art.  240.  Produzir,  reproduzir,  dirigir,  fotografar,  filmar  ou  registrar,  por qualquer 
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
  
Art.  241-A.  Oferecer,  trocar,  disponibilizar,  transmitir,  distribuir,  publicar  ou  divulgar 
por  qualquer  meio,  inclusive  por  meio  de  sistema  de  informática  ou  telemático, 
fotografia,  vídeo  ou  outro  registro  que  contenha  cena  de  sexo  explícito  ou 
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 

Por que tais crimes foram julgados pela Justiça Federal? 


➣Os  delitos  dos  arts.  240  e  241-A  do  ECA,  quando  praticados  por  meio  de  sites  na 
internet, são de competência da Justiça Federal​: 

Compete  à  Justiça  Federal  processar  e  julgar  os  crimes  consistentes  em 


disponibilizar  ou  adquirir  material  pornográfico  envolvendo  criança  ou  adolescente 
(arts.  241,  241-A  e  241-B  do  ECA),  quando  praticados  por  meio  da  rede  mundial  de 
computadores  (internet)​.  STF.  Plenário.  RE  628624/MG,  Rel.  orig. Min. Marco Aurélio, 
Red.  p/  o  acórdão  Min.  Edson  Fachin,  julgado  em  28  e  29/10/2015  (repercussão 
geral) (Info 805). 

➣O  estupro  de  vulnerável também foi julgado na Justiça Federal em virtude da conexão 


(art.  76  do  CPP)​. Isso porque os três delitos estavam diretamente ligados, considerando 
que  o  réu  mantinha  relação  sexual  com  a  criança,  registrava  isso  em  vídeo  e  depois 
publicava no site russo. 
  
Por que tais crimes foram julgados pela Justiça Federal de Curitiba (e não pela JFSP)? 
Porque  a  descoberta  das  condutas  de  João  ocorreu  com  investigações  que  tiveram 
início  em  Curitiba,  onde  um  grupo  de  pedófilos  ligados  a  João  foi  preso  e,  a  partir  daí, 
foram  obtidas  todas  as  provas  sobre  este  site  russo  bem  como  sobre  as  condutas  de 
João.  
Os  investigados  trocavam  informações  no  eixo  Curitiba–São  Paulo,  o  que  evidencia  a 
conexão  entre  os  crimes  de  uns  e  de outros. Em razão disso, o STF concluiu que o juízo 
federal  de  Curitiba  tinha  competência  para  julgar  João,  sem  que  houvesse  ofensa  ao 
princípio do juiz natural. 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito.

35 
 

Outras Decisões Importantes sobre o Tema: 

 
É  inconstitucional  foro  por  prerrogativa  de  função  para  Procuradores  do  Estado, 
Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia 
Direito Processual Penal​. ​Competência​ ​Foro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
É  inconstitucional  dispositivo  da  Constituição  Estadual  que  confere  foro  por 
prerrogativa  de  função,  no  Tribunal  de  Justiça,  para  Procuradores  do  Estado, 
Procuradores  da  ALE,  Defensores  Públicos  e  Delegados  de  Polícia.  A  CF/88,  apenas 
excepcionalmente,  conferiu  prerrogativa  de  foro  para  as  autoridades  federais, 
estaduais  e  municipais.  Assim,  não  se  pode  permitir  que  os  Estados  possam, 
livremente,  criar  novas  hipóteses  de  foro  por  prerrogativa  de  função.  STF.  Plenário. 
ADI  2553/MA,  Rel.  Min.  Gilmar  Mendes,  red.  p/  o  ac.  Min.  Alexandre  de  Moraes, 
julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

 
STJ  não  é  competente  para  julgar  crime  praticado  por  Governador  no  exercício  do 
mandato  se  o  agente  deixou  o  cargo  e  atualmente  voltou  a  ser  Governador  por 
força de uma nova eleição 
Direito Processual Penal​. ​Competência​ ​Foro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
O  STJ  é  incompetente  para  julgar  crime  praticado  durante  mandato  anterior  de 
Governador,  ainda  que  atualmente  ocupe  referido  cargo  por  força  de  nova  eleição. 
Ex:  João  praticou  o  crime  em  2010,  quando  era  Governador;  em  2011  foi  eleito 
Senador;  em  2019  assumiu  novamente  como  Governador;  esse  crime  praticado  em 
2010  será  julgado  em  1ª  instância  (e  não  pelo  STJ).  Como  o  foro  por  prerrogativa  de 
função  exige  contemporaneidade  e  pertinência  temática  entre  os  fatos  em  apuração 
e  o  exercício  da  função  pública,  o  término  de um determinado mandato acarreta, por 
si  só,  a  cessação  do  foro  por  prerrogativa  de  função  em  relação  ao  ato  praticado 
nesse  intervalo.  STJ.  Corte  Especial.  QO  na  APn  874-DF,  Rel.  Min.  Nancy  Andrighi, 
julgado em 15/05/2019 (Info 649). 
 
F​onte​: Buscador do Dizer o Direito. 

36 
 

 
A  prorrogação  do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não 
se  aplicando  em  caso  de  eleição  para  um  novo  mandato  após  o  agente  ter  ficado 
sem ocupar função pública 
Direito Processual Penal​. ​Competência​ ​Foro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
Prefeito  cometeu  o  crime  durante  o  exercício  do mandato e o delito está relacionado 
com  as  suas  funções:  a  competência  para  julgá-lo  será,  em  regra,  do  Tribunal  de 
Justiça.  Se  esse  Prefeito,  antes  de  o  processo terminar, for reeleito para um segundo 
mandato  (consecutivo  e  ininterrupto),  neste  caso,  o  Tribunal  de  Justiça  continuará 
sendo  competente  para  julgá-lo.  Por  outro  lado,  se  o  agente  deixar  o  cargo  de 
Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito novamente Prefeito do mesmo Município, 
nesta  situação  a  competência  para  julgar  o  crime  será  do  juízo  de  1ª  instância.  A 
prorrogação  do  foro  por  prerrogativa  de  função só ocorre se houve reeleição, não se 
aplicando  em  caso  de  eleição  para  um  novo  mandato  após  o  agente  ter  ficado  sem 
ocupar  função  pública.  Ex:  em  2011,  Pedro,  Prefeito,  em  seu  primeiro  mandato, 
cometeu  o  crime  de  corrupção  passiva.  Pedro  foi  denunciado  e  passou  a  responder 
um  processo  penal  no  TJ.  Em  2012, Pedro disputou a campanha eleitoral buscando a 
reeleição.  Contudo,  ele  perdeu.  Com  isso,  Pedro  ficou  sem  mandato  eletivo.  Vale 
esclarecer  que  o  processo  continuou  tramitando normalmente no TJ. Em 2016, Pedro 
concorreu  novamente  ao  cargo  de  Prefeito  do  mesmo  Município,  tendo  sido  eleito. 
Em  01/01/2017,  João assumiu como Prefeito por força dessa nova eleição. O processo 
de  Pedro  não  será  julgado  pelo  TJ,  mas  sim  pelo  juízo  de  1ª  instância. STF. 1ª Turma. 
RE 1185838/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2019 (Info 940). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito 

 
Compete à Justiça Estadual julgar crime cometido a bordo de balão 
 
Direito Processual Penal​ ​Competência​ ​Justiça Federal X Justiça Estadual 
Origem: STJ 
 
Compete  à  Justiça  Estadual  o  julgamento  de  crimes  ocorridos  a  bordo  de  balões  de 
ar  quente  tripulados.  Os  balões  de  ar  quente  tripulados  não  se  enquadram  no 
conceito  de  “aeronave”  (art.  106  da  Lei  nº  7.565/86),  razão  pela  qual  não  se  aplica  a 
competência  da  Justiça  Federal  prevista  no  art.  109,  IX,  da  CF/88). STJ. 3ª Seção. CC 
143.400-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2019 (Info 648). 
 

37 
 

Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

 
Quem  julga,  no  Brasil,  crime  cometido  por  brasileiro  no  exterior  e  cuja  extradição 
tenha sido negada? 
 
D​ireito Processual Penal​ ​Competência​ ​Justiça Federal X Justiça Estadual 
Origem: STF 
 
Quem  julga,  no  Brasil,  crime  cometido  por  brasileiro  no  exterior  e  cuja  extradição 
tenha  sido  negada?  •  STF:  Justiça  Estadual  •  STJ:  Justiça  Federal  O  fato  de  o  delito 
ter  sido  cometido  por  brasileiro  no  exterior,  por  si  só,  não  atrai  a  competência  da 
Justiça  Federal.  Assim,  em  regra,  compete  à  Justiça Estadual julgar o crime praticado 
por  brasileiro  no  exterior  e  que  lá  não  foi  julgado  em  razão  de  o  agente  ter  fugido 
para  o  Brasil,  tendo  o  nosso  país  negado  a  extradição  para  o  Estado  estrangeiro. 
Somente  será  de  competência  da  Justiça  Federal  caso  se  enquadre  em  alguma  das 
hipóteses  do  art.  109  da  CF/88.  STF.  1ª  Turma.  RE  1175638  AgR/PR,  Rel.  Min.  Marco 
Aurélio,  julgado  em  2/4/2019  (Info  936).  Compete  à  Justiça Federal o processamento 
e  o  julgamento  da  ação  penal  que  versa  sobre  crime praticado no exterior que tenha 
sido  transferida  para a jurisdição brasileira, por negativa de extradição. STJ. 3ª Seção. 
CC  154656-MG,  Rel.  Min.  Ribeiro  Dantas,  julgado  em  25/04/2018  (Info  625).  STJ.  6ª 
Turma. RHC 88.432/AP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/02/2019. 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito 

 
Regras  para  a  aplicação  da  decisão  do  STF  na  AP  937  QO/RJ  aos  processos  em 
curso no Supremo 
 
Direito Processual Penal​ ​Competência​ ​Foro por prerrogativa de função 
Origem: STF 
 
Com  a  decisão  proferida  pelo  STF,  em  03/05/2018,  na  AP  937  QO/RJ,  todos  os 
inquéritos  e  processos  criminais  que  estavam  tramitando  no  Supremo  envolvendo 
crimes  não  relacionados  com  o  cargo  ou  com  a  função  desempenhada  pela 
autoridade,  foram  remetidos  para  serem  julgados  em  1ª  instância.  Isso  porque  o  STF 
definiu,  como  1ª  tese,  que  “o  foro  por  prerrogativa  de  função  aplica-se  apenas  aos 
crimes  cometidos  durante  o  exercício  do  cargo  e  relacionados  às  funções 
desempenhadas”.  O  entendimento  acima  não  se  aplica  caso  a  instrução  já  tenha  se 
encerrado.  Em  outras  palavras,  se  a  instrução  processual  já  havia  terminado, 

38 
 

mantém-se  a  competência  do  STF  para  o  julgamento  de  detentores  de  foro  por 
prerrogativa  de  função,  ainda  que  o  processo  apure  um  crime  que  não  está 
relacionado  com  o  cargo ou com a função desempenhada. Isso porque o STF definiu, 
como  2ª  tese,  que  “após  o  final  da  instrução  processual,  com  a  publicação  do 
despacho  de  intimação  para  apresentação  de  alegações  finais,  a  competência  para 
processar  e  julgar  ações  penais  não  será  mais  afetada em razão de o agente público 
vir  a  ocupar  outro  cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.” 
STF.  1ª  Turma.  AP  962/DF,  Rel.  Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 16/10/2018 (Info 920). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

 
Compete  à  Justiça  Federal  conceder  medida  protetiva  em  favor  de  mulher 
ameaçada  por  ex-namorado  que  mora  nos  EUA  e  faz  as  ameaças  por  meio  do 
Facebook 
 
Direito Processual Penal​ ​Competência​ ​Justiça Federal X Justiça Estadual 
Origem: STJ 
 
Compete  à  Justiça  Federal  apreciar  o  pedido  de  medida  protetiva  de  urgência 
decorrente  de  crime de ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de 
grande  alcance,  quando  iniciado  no  estrangeiro  e  o  seu  resultado  ocorrer  no  Brasil. 
STJ.  3ª  Seção.CC  150712-SP,  Rel.  Min.  Joel  Ilan  Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 
636). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 

 
Compete  à  Justiça  Federal  julgar  crime  ambiental  praticado  dentro  de  unidade  de 
conservação criada por decreto federal 
 
Direito Processual Penal​ ​Competência​ ​Justiça Federal X Justiça Estadual 
Origem: STJ 
 
Se o crime ambiental for cometido em unidade de conservação criada por decreto 
federal, a competência para julgamento será da Justiça Federal tendo em vista que 
existe interesse federal na manutenção e preservação da região. Logo, este delito 
gera possível lesão a bens, serviços ou interesses da União, atraindo a regra do art. 
109, IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo 

39 
 

Soares da Fonseca, julgado em 26/08/2015. Por outro lado, não haverá competência 
da Justiça Federal se o crime foi praticado dentro de área de proteção ambiental 
criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi delegada para 
outro ente federativo: No caso, embora o local do dano ambiental esteja inserido na 
Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu, criada pelo Decreto 
Federal n. 88.940/1993, não há falar em interesse da União no crime ambiental sob 
apuração, já que lei federal subsequente delegou a fiscalização e administração da 
APA para o Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3. Conflito conhecido para 
declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal e Tribunal do Júri de São 
Sebastião/DF, o suscitado. STJ. 3ª Seção. CC 158.747/DF, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 13/06/2018. 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito.  

QUESTÕES 

Cargo​: ​2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Matutina

Dispõe a Súmula n. 721 do Supremo Tribunal Federal que a competência constitucional do


Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição Estadual. A Súmula Vinculante n. 45 do Supremo Tribunal Federal resultou da
conversão da Súmula n. 721.

( ) Certo

( ) Errado

GABARITO: CERTO 
 
COMENTÁRIO:  ​Súmula Vinculante 45​: ​A competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição
Estadual.

 
Cargo:​ ​ ​2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Matutina

A competência será determinada pela continência quando também duas ou mais pessoas forem
acusadas pela mesma infração, tal como no concurso necessário de pessoas. Neste caso,

40 
 

trata-se de modalidade de continência por cumulação objetiva.


( ) Certo

( ) Errado

GABARITO: ERRADO 
 
COMENTÁRIO: 
 
Na verdade, quando ​duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração trata-se de
cumulação ​subjetiva​ e não objetiva como diz o item.

Continência por cumulação objetiva ocorre nos casos de concurso formal em ​aberratio ictus
(erro na execução com resultado duplo, quando o agente além de atingir o seu alvo acaba
atingindo terceiros) e ​aberratio criminis com resultado duplo (​ atinge o bem jurídico desejado e
também um diverso;queria atingir uma pessoa com uma pedra e atinge a pessoa e um carro).

Art. 77 do CPP A competência será determinada pela continência quando:


I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; ​(CUMULAÇÃO SUBJETIVA)
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51 § 1°, 53, segunda parte e
54 do Código Penal. ​(CUMULAÇÃO OBJETIVA) 

Cargo​: ​2019 - DPE-DF - Defensor Público

Diante dessa situação hipotética, julgue o item que se segue.

Em caso de comparecimento pessoal de Luís, o juiz deverá prosseguir com o feito com relação
a este réu e manter suspenso, indefinidamente, o processo e o prazo prescricional em relação a
José, excepcionando-se a regra de continência por cumulação subjetiva.

( ) Certo

( ) Errado

GABARITO: ERRADO 
 
COMENTÁRIO:  
 
1) Em caso de comparecimento pessoal de Luís, o juiz deverá prosseguir com o feito com
relação a este réu ✓

41 
 

2) Excepcionando-se a regra de continência por cumulação subjetiva ✓

Se um dos réus estiver foragido e não for possível seu julgamento à revelia, não haverá a
junção dos feitos, ocorrendo, portanto, disjunção ou desmembramento dos processos. É a
hipótese prevista, por exemplo, no art. 366 do CPP, segundo o qual o réu revel citado por edital
que não comparecer aos autos nem constituir advogado não poderá ser julgado, devendo o
processo ficar suspenso (ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal para concursos -
Parte Geral. 8ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 301).


3 )Manter suspenso, indefinidamente, o processo e o prazo prescricional em relação a
José

Súmula n. 415, STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo ​máximo da
pena cominada​.

➤ ​Decisão acerca do Tema​:

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES


PREVISTOS NO ESTATUTO DO ESTRANGEIRO. CITAÇÃO POR EDITAL. SUSPENSÃO DO
CURSO DO PROCESSO E DO PRAZO PRESCRICIONAL. TRANSCURSO DO PRAZO.
RETOMADA DO PROCESSO. NULIDADE. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO PESSOAL.
INOCORRÊNCIA. MOTIVO QUE LEVOU À APLICAÇÃO DO ART. 366, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO.

I - O prazo máximo de suspensão do curso do processo e do prazo prescricional ​regular-se-á


pela pena máxima em abstrato cominada​, observados os prazos de prescrição previstos no
art. 109, do Código Penal, nos termos do Enunciado n. 415, da Súmula do STJ. (...)

(RHC 66.377/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe
15/04/2016). 

Cargo:​ ​2019 - TJ-SC - Juiz Substituto

Caso seja verificada conexão probatória entre fatos concernentes a crimes de competência da
justiça estadual e a crimes de competência da justiça federal, é correto afirmar que

A) o processamento e o julgamento dos crimes de forma unificada não é possível, em razão da


impossibilidade de modificação da regra de competência material pela conexão.

B) o juízo estadual é o competente para o processamento e o julgamento dos crimes conexos,

42 
 

com exceção da hipótese de posterior sentença absolutória em relação ao delito estadual.

C) o juízo federal é o competente para o processamento e o julgamento dos crimes conexos,


independentemente da pena prevista para cada um dos delitos.

D) o juízo federal é o competente para o processamento e o julgamento dos crimes conexos,


salvo o caso de ser prevista pena mais grave ao delito estadual.

E) o juízo federal é o competente para o processamento e o julgamento unificado dos crimes,


excluída a hipótese de posterior sentença absolutória em relação ao delito federal.

GABARITO: C 
 
COMENTÁRIO:  
 
Súmula 122 do STJ​: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código
de Processo Penal​.

A melhor exegese do verbete n. 122 da Súmula desta Corte é a que preconiza que, havendo um
crime federal, com menor pena cominada abstratamente, e um crime estadual, com maior pena,
ambos conexos, o critério utilizado para a fixação não será o que considera o quantum
apenatório (nos termos do art. 78, II, "a", do CPP), mas, sim, a força atrativa exercida pela
jurisdição federal.

➤ ​Há que se diferenciar duas situações​:

>> se ocorrer a ​extinção da punibilidade do crime federal, haverá a cessação da competência


da JF, devendo-se remeter os autos à JE.
>> se ocorrer a ​absolvição ​do crime federal, a JF permanecerá competente para julgar o crime
estadual.

➤ É a posição do STF (HC 112.574).

FONTE: COSTA, Klaus Negri; ARAÚJO, Fábio Roque. Processo Penal Didático, 2019,
JusPodivm, 2 ª edição. 

Cargo:​ ​2019 - DPE-SP - Defensor Público

Em operação conjunta de garantia da Lei e da Ordem, de iniciativa do Presidente da República,


com militares do Exército e membro da Polícia Militar estadual, ocorre a morte de um civil.
Existem indícios da prática de um crime doloso contra a vida, sendo que há suspeita da

43 
 

participação de um soldado do Exército Brasileiro e um soldado da Polícia Militar estadual neste


fato. Nesse caso, é correto afirmar que a competência para o eventual julgamento é

A) da Justiça Militar da União, para o Militar do Exército, e do Tribunal do Júri, para o Policial
Militar estadual.

B) da Justiça Militar da União, para o Militar do Exército, e da Justiça Militar dos Estados, para
o Policial Militar estadual.

C) do Tribunal do Júri, para ambos.

D) da Justiça Federal, para o Militar do Exército, e do Tribunal do Júri, para o Policial Militar
estadual.

E) da Justiça Militar da União, para ambos, em razão da conexão.

Gabarito: A

Comentário:

Os crimes previstos no art. 9º do CPM, ​quando dolosos contra a vida e cometidos por ​militares
estaduais contra civil​, serão de competência do ​Tribunal do Júri​ (art. 9º, § 1º, do CPM)

Os crimes previstos no art. 9º do CPM, ​quando dolosos contra a vida e cometidos por ​militares
das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) ​contra civil​, serão de competência da
Justiça Militar da União​, ​se ​praticados no contexto (art. 9º, § 2º, do CPM):

I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República


ou pelo Ministro de Estado da Defesa;

II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou

III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, ​de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição
Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:

a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica;

b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;

c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e

d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.

44 
 

➤ ​Em complementação ao comentário da questão:

“A nova Lei veio para enfrentar o problema e tomar uma clara posição (na contramão do
caminho já construído, repetimos) no sentido de que o militar das forças armadas que nas
operações de garantia da lei e da ordem (leia-se: cláusula genérica, vaga e imprecisa) cometer
crime doloso contra a vida de civil, será processado e julgado na justiça militar da União. Já o
policial militar estadual, permanece sendo julgado no tribunal do júri. Eis aqui mais um ponto
polêmico: cria-se uma clara diferenciação no tratamento dos militares agindo em idêntica
situação. E​ se, em uma operação conjunta, um policial militar estadual e um membro das
forças armadas cometerem um crime doloso contra a vida de um civil em uma
abordagem, como ficará o processo e o julgamento? Haverá cisão, pois o militar estadual
será julgado na justiça comum estadual, no tribunal do júri; e o militar das forças
armadas, será julgado na justiça militar federal”​ (JUNIOR, Aury Lopes. ​Direito processual
penal,​ 15ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018). 

Cargo:​ ​2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto

Assinale a alternativa correta quanto à competência e o seu regramento previsto no Código de


Processo Penal.

A) Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a


competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato
de execução.

B) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pelo princípio da extraterritorialidade.

C) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prevenção.

D) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, salvo conhecido o lugar da infração.

Gabarito: A

Comentário:

a) Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a


competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução. (CORRETO)

CPP, Art. 70. § 1 Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora

45 
 

dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último
ato de execução.

b) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições,
a competência firmar-se-á pelo princípio da extraterritorialidade. (ERRADO)

CPP, Art. 70, § 3 Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

c) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prevenção.


(ERRADO)

CPP, Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.

d) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, salvo conhecido o lugar da infração. (ERRADO)

CPP, Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.  

Cargo​: ​2019 - TJ-PR - Juiz Substituto

A respeito de competência jurisdicional, é correto afirmar que

A) a competência penal por prerrogativa de função não prevalece sobre a regra de


competência do local da infração.

B) competem à justiça federal o processamento e o julgamento unificado de crimes conexos


de competência federal e estadual, salvo se os crimes afetos ao juízo estadual forem mais
graves.

C) a competência constitucional do tribunal do júri é uma cláusula pétrea, razão pela qual é
inadmitida a sua ampliação por lei ordinária.

D) o juízo de admissibilidade da exceção da verdade relacionada ao crime de calúnia em


desfavor de autoridade pública com foro por prerrogativa de função é de competência das

46 
 

instâncias ordinárias.

Gabarito: D

Comentário:

A) a competência penal por prerrogativa de função ​não ​prevalece sobre a regra de competência
do local da infração. ​X

A regra geral para fixação da competência é o lugar da infração penal, conforme previsão
do art. 69, inciso I e 70 do CPP. Uma das exceções é a competência por prerrogativa de
função, prevista nos artigos 69, inciso VII, 84 à 87 do CPP. E esta prevalece sobre aquela.

B) competem à justiça federal o processamento e o julgamento unificado de crimes conexos de


competência federal e estadual, ​salvo se os crimes afetos ao juízo estadual forem mais
graves. X

Não há esse "salvo"​. ➞ ​Súmula 122​: ​Compete à Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a
regra do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal​.

C) a competência constitucional do tribunal do júri é uma cláusula pétrea, razão pela qual é
inadmitida ​a sua ampliação por lei ordinária. ​X

Por ser cláusula pétrea, prevalece o entendimento que a competência do Júri não pode
ser reduzida. Mas é plenamente possível que esta seja AMPLIADA.

D) o juízo de admissibilidade da exceção da verdade relacionada ao crime de calúnia em


desfavor de autoridade pública com foro por prerrogativa de função é de competência das
instâncias ordinárias. V

Em regra, quem julga a exceção da verdade é o próprio juiz competente para a ação penal
privada. No entanto, se o excepto for uma autoridade que possua foro por prerrogativa de
função, a competência para julgar a exceção será do Tribunal competente para julgar o
excepto. Isto porque se a exceção da verdade for julgada procedente, significa que ficou
provado que o fato imputado é verdadeiro, ou seja, restou demonstrado, indiretamente,
que aquela autoridade praticou um crime. E só quem pode reconhecer que a autoridade
praticou um delito é o Tribunal competente. O juiz de 1ª instância não tem competência
para reconhecer, ainda que indiretamente, que um a autoridade com foro por prerrogativa
de função cometeu um crime. Vale ressaltar que apenas o ​julgamento da exceção será de
competência do Tribunal. Assim, a admissão da exceção, o processamento e os atos de
instrução são realizados em 1ª instância. Somente depois que a exceção estiver recebida
e instruída pelo juízo de 1ª instância é que ela será encaminhada ao Tribunal competente
apenas para julgamento do mérito da exceção. É o juízo de 1ª instância que fará o juízo de
admissibilidade, ou seja, verificar se, naquele caso específico, a legislação permite a

47 
 

exceção da verdade. Se o juízo de admissibilidade for positivo, o juiz irá colher toda a
prova produzida e remeter ao juízo competente. A competência por prerrogativa de foro é
só para o julgamento do ​mérito da exceção, cabendo ao ​juízo de origem a admissibilidade
e a instrução do feito​.

FONTE: Buscador Dizer o Direito: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Exceção da verdade e
competência.

 
Cargo: ​2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto
Acerca da competência no processo penal, assinale a opção correta, de acordo com o
entendimento dos tribunais superiores.

A) O julgamento de crime de roubo perpetrado contra agência franqueada da Empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos competirá à justiça federal.

B) O julgamento de crime de uso de documento falso decorrente de apresentação de


certificado de registro de veículo falso a policial rodoviário federal competirá à justiça
estadual.

C) Compete à justiça federal julgar crime de divulgação e publicação na rede mundial de


computadores de imagens com conteúdo pornográfico envolvendo criança ou adolescente.

D) Compete à justiça federal o julgamento de contravenções praticadas em detrimento de


interesses da União, quando elas forem conexas aos crimes de sua competência.

E) Compete à justiça estadual o julgamento de crime de redução de trabalhador a condição


análoga à de escravo.

Gabarito: C

Comentário:

Compete à Justiça Federal processar e julgar as ações penais que envolvam suposta
divulgação de imagens com pornografia infantil em redes sociais na internet​.

a) Falso. “​Firmou-se o entendimento nesta Corte Superior de Justiça que, nos casos de delitos
praticados em detrimento da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos-EBCT, a
competência será estadual ​quando o crime for perpetrado ​contra agência franqueada ​e
houver ocasionado efetivo prejuízo unicamente a bens jurídicos privados. Por outro lado, incidirá
o art. 109, IV, da Constituição Federal, nos casos em que a ofensa for direta à EBCT, ou seja,
ao serviço fim dos correios, os serviços postais, atraindo, pois, a competência federal”.

48 
 

➽​Em síntese: agência franqueada = Justiça Estadual. ➣ EBCT = Justiça Federal.

b) Falso: ​Súmula 546 do STJ. “A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor”

Síntese: uso de documento falso: será competente onde o agente apresentar o documento
falso. Já na falsificação documental será firmada a competência em razão do órgão expedidor
daquele documento.

d) Falso. A conexão entre crime federal e contravenção penal enseja ​cisão de competência
(separação), com a Justiça Federal julgando o crime e a Estadual a contravenção.

Sendo assim, como regra, a competência para o julgamento das contravenções é da Justiça
Estadual, sendo exceções as contravenções praticadas pelos detentores de foro na Justiça
Federal e as contravenções praticadas com ofensa a direitos e interesses indígenas.

e) Falso. ​É da competência da Justiça Federal.

Ainda em complementação ao Comentário da Questão​:

Informativo 805 do STF (DIVULGAÇÃO DE CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO


CRIANÇAS E ADOLESCENTES):

Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou


adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do
ECA), ​quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet).

Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre ​destinatários certos no Brasil não
há relação de internacionalidade e, portanto, ​a competência é da Justiça Estadual.

 
Cargo: ​2019 - MPE-PR - Promotor Substituto
Sobre ​competência​, nos termos do Código de Processo Penal, analise as assertivas abaixo e
assinale a alternativa ​incorreta​:

A) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

B) Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais


jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

49 
 

C) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo juízo que
primeiro praticou algum ato processual.

D) Havendo conexão ou continência, no concurso de jurisdições da mesma categoria,


prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as
respectivas penas forem de igual gravidade.

E) Se reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se


vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que
exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.

Gabarito: C

Comentário:

a) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

➣​ REGRA GERAL​:​ local da infração​.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

b)Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais


jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

➣ ​Se local incerto/duvidosa/mais de duas jurisdições​: ​prevenção​.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou


mais jurisdições, A COMPETÊNCIA FIRMAR-SE-Á PELA PREVENÇÃO.

c) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo juízo que primeiro
praticou algum ato processual.

Errado. Será o domicílio do reú. Local desconhecido.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a COMPETÊNCIA REGULAR-SE-Á PELO
DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU.

d) Havendo conexão ou continência, no concurso de jurisdições da mesma categoria,


prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas
penas forem de igual gravidade.

50 
 

Art. 78. b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as
respectivas penas forem de igual gravidade; ​( Lei nº 263, de 23.2.1948)

e) Se reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier


a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.

Correto Art. 81 - Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão
ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado,
de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. 

 
Cargo​: ​DPE-MA - Defensor Público
Sobre a competência no Processo Penal, é correto afirmar:

A) Segundo o Código de Processo Penal, a competência será, de regra, determinada pelo


lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar que for praticado
o primeiro ato de execução.

B) Em caso de infração continuada ou permanente praticada em território de duas ou mais


jurisdições, a competência será firmada pelo domicílio da vítima do último delito praticado.

C) Ocorre a conexão instrumental ou probatória quando a infração é praticada para facilitar ou


ocultar outra, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas.

D) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

E) A conexão e a continência importarão em unidade de processo e julgamento, inclusive no


concurso entre a Jurisdição comum e da Infância e Juventude​.

Gabarito: C

Comentário:

Letra A - INCORRETA. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

Letra B - INCORRETA. Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada

51 
 

em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Letra C - INCORRETA. Ocorre a conexão objetiva (lógica ou material) quando a infração é


praticada para facilitar ou ocultar outra, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação
a qualquer delas.

Letra D - CORRETA. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir
o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Letra E - INCORRETA. Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo: II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 

 
Cargo:​ ​2018 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto

Para responder a presente questão, considere a situação hipotética a seguir.

No dia 05 de novembro de 2018, um grupo constituído de cinco pessoas, todos imputáveis, se


associaram em comunhão de desígnios para o fim específico de cometer crime. Assim, deram
início ao empreendimento criminoso na cidade de Serrinha-BA, onde adentraram em um
condomínio de classe média alta e ali arrombaram 20 apartamentos e subtraíram bens móveis,
dentre eles um veículo Toyota Hilux, utilizado pela quadrilha para empreender fuga. Ao
chegarem no município de Feira de Santana-BA, faltou combustível, razão pela qual foram
obrigados a abandonar aquele automóvel. Na sequência, abordaram um motorista na pista, o
qual conduzia o veículo Ford F.1000, cabine dupla, quando o mesmo foi ameaçado com
emprego de arma de fogo pelos membros da quadrilha, vindo a reagir ao assalto, sendo
alvejado por projéteis de arma de fogo que o levaram a óbito. Em seguida, a quadrilha subtraiu o
veículo da vítima. No município de Simões Filho-BA, sequestraram uma idosa e passaram a se
comunicar com familiares da vítima, exigindo o preço como condição do resgate. A partir daí,
passaram a ser perseguidos por agentes da Polícia Militar. Já na cidade de Salvador-BA, ainda
perseguidos, empreenderam excessiva velocidade causando um acidente automobilístico na
Avenida Tancredo Neves, na altura do Shopping da Bahia, onde colidiram com o veículo
Volkswagem GOL, produzindo perda total nesse veículo e graves lesões corporais no seu
condutor.

Por fim, foram conduzidos a uma delegacia de repressão a Crimes Contra o Patrimônio, na
capital do Estado, onde foi lavrado o Auto de Prisão em Flagrante. Nos termos da legislação
pátria (art. 78 do CPP), a alternativa que contém a comarca do foro competente para conhecer,
processar e julgar os crimes praticados pela quadrilha é

A) Serrinha.

B) Salvador.

52 
 

C) Simões Filho.

D) Feira de Santana.

E) a que tem competência fixada pela prevenção.

Gabarito: D

Comentário:

Crimes, em tese, praticados:

> Associação criminosa e roubo ou furto (Serrinha/BA)

> Latrocínio (Feira de Santana/BA)

> Extorsão mediante sequestro (Simões Filho/BA)

> LC do CTB (Salvador)

Fixação da competência​:

Existe conexão (art. 76, CPP), de modo que, agora, precisamos saber qual será o foro
competente, já que houve a prática de vários crimes em variadas cidades (art. 78, CPP).

Há justiça especializada? Não.

Há justiça de graduação variada? Não.

Há crime do júri? Não.

São crimes da mesma categoria (mesma hierarquia)? Sim. O que deve ser levado em conta?

- Levar em conta o lugar da infração à qual for cominada pena mais grave (em abstrato).

- Levar em conta o lugar em que ocorreu o maior número de infrações se as penas forem de
igual gravidade.

No caso, o crime mais grave, abstratamente, é o ​latrocínio​, do art. 157, § 3º, II, CP (resultado
morte), cuja pena é de 20 a 30 anos de reclusão. Logo, ​Feira de Santana​, local onde este crime
foi praticado, será competente para processar e julgar todos os demais crimes também.

53 
 

Observação​: o grupo praticou 21 subtrações de patrimônio alheio; no entanto, não se aplica o


cúmulo material, sendo o caso, em princípio, de incidência do crime continuado, de modo que
haverá a incidência de uma causa de aumento de pena, e não a soma destas (art. 71, CP) e,
mesmo em concurso com o crime de associação, não chegaria ao patamar da extorsão
mediante sequestro qualificada (até porque não há maiores dados na questão para a dosimetria
da pena). E, como as penas não são de igual gravidade, prevalece o local da prática do crime
mais grave (latrocínio - Feira de Santana).

** ​Adendo​: Há crime continuado em relação aos furtos e, com estes, concurso material com o
latrocínio.

Fonte: ​COSTA, Klaus Negri; ARAÚJO, Fábio Roque. Processo Penal Didático. Editora
JusPodivm, 2018. 

 
Cargo:​ ​2018 - TJ-MT - Juiz Substituto

A competência criminal:

A) na hipótese de conexão e continência, importarão unidade de processo e julgamento salvo


no concurso entre jurisdição comum e especial.

B) pelo lugar da infração, será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que foi iniciado o ato de execução.

C) tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais


jurisdições, firmar-se-á pelo local onde se iniciou os atos de execução.

D) na hipótese de crimes dolosos contra a vida, quando resultar em desclassificação pelo


Conselho de Sentença, em julgamento realizado perante o Tribunal do Júri, deverá ser o
processo remetido ao juiz singular para a análise do crime desclassificado.

E) não sendo conhecido o lugar da infração, será regulada pelo único domicílio do réu
conhecido.

Gabarito: E

Comentário:

Letra A - INCORRETA. Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II - no concurso entre a

54 
 

jurisdição comum e a do juízo de menores.

Letra B - INCORRETA. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

Letra C - INCORRETA. Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada


em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Letra D - INCORRETA. Art. 74, § 3 ​o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra
atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a
sentença.

Letra E - CORRETA. Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 

 
Cargo:​ ​2018 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto

Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.


I.​ “O juízo da Comarca é o competente para examinar mandado de segurança impetrado contra
o Presidente da Comissão Processante e o Presidente da Câmara, que decretou a perda do
mandato do Prefeito de Mutuca, Minas Gerais, por infração político-administrativa.”
PORQUE
II.​ “Prefeitos são julgados originariamente pela 2ª instância, com eficácia ‘​ex nunc’​ , nas
hipóteses de infração comum de natureza criminal, dos crimes dolosos contra a vida, dos crimes
impróprios de responsabilidade e dos crimes de desvio de verba federal incorporada ao
patrimônio municipal.”
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.

A) A segunda afirmativa é falsa e a primeira verdadeira.

B) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.

C) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.

D) As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.

Gabarito: B

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Comentário:

I. ​ERRADO

Reexame Necessário-Cv 1.0460.09.037516-9/002, TJMG, 3ª Câmara Cível, j. 25.03.10: ​A


competência para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra o presidente
de câmara municipal ou de suas respectivas comissões, quando o objeto é a perda de
mandato do prefeito municipal, ​é originária do Tribunal de Justiça,​ a teor do disposto no
artigo 106, I, ""c"", da Constituição Estadual, com a redação dada pela EC 58/03. Assiste
razão ao Ministério Público ao invocar a incompetência absoluta do juiz de primeiro grau
para julgar o feito, porquanto se trata de mandado de segurança manejado contra o
Presidente da Câmara Municipal de Ouro Fino e contra o Presidente da Comissão
Processante de Cassação do Mandato Eletivo do Prefeito Municipal de Ouro Fino. E
cediço é que o artigo 106, I, "c", da Constituição Estadual, com a redação dada pela
Emenda Constitucional 58/03 - declarada constitucional no Incidente de
Inconstitucionalidade nº 1.0000.07.454442-0/000, julgado em 09.01.2008 -, prevê que é da
competência originária deste Tribunal de Justiça o julgamento de writ aviado contra o
presidente da câmara municipal ou de respectiva comissão, cujo objeto seja a perda de
mandato do prefeito municipal".

II. ​CERTO

O Dizer o Direito explica: ​"Art. 29. 'O Município reger-se-á por lei orgânica (...) atendidos
os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos: X - j​ ulgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça'​. Desse
modo, segundo a CF/88, os Prefeitos deverão ser julgados pelos TJ's. Vale ressaltar que o
Prefeito será julgado pelo TJ se o crime for de competência da Justiça Estadual. Se for da
competência da Justiça Federal, será julgado pelo TRF e se for da Justiça Eleitoral, pelo
TRE (é o que prevê a Súmula 702 do STF). Em casos de c ​ rimes dolosos contra a vida (não
havendo interesse federal), ​também será julgado pelo TJ ​considerando que se trata de
previsão constitucional específica (art. 29, X, da CF/88)".

O Prof. Vicente Paulo explica que o Decreto-lei 201/67 é a norma que define os crimes de
responsabilidade do prefeito. Mas, ao enumerá-los, fez o seguinte: no seu art. 1º, indicou
condutas que, na verdade, são típicos “crimes comuns”; já no seu art. 4º, indicou
condutas político-administrativas que, tradicionalmente, caracterizam os “crimes de
responsabilidade”. Nos casos do ​art. 1º, temos crimes de responsabilidade “impróprios”
(“impróprios” porque, como eu disse acima, são, na verdade, materialmente, crimes
comuns), ​e serão eles julgados pelo Tribunal de Justiça (TJ)​; e nos casos do art. 4º,
temos crimes de responsabilidade “próprios”, e serão eles julgados pela Câmara
Municipal.

De acordo com a Súmula. 209, STJ: "Compete ao J ​ ustiça Estadual processar e julgar
prefeito por ​desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal"​ . 

56 
 

 
Cargo:​ ​2018 - DPE-AM - Defensor Público

Secretário de Segurança Pública e policial militar de determinado Estado da federação são


acusados, como mandante e executor, respectivamente, pela prática de crime doloso contra a
vida de um servidor público civil, que meses antes havia denunciado ambos por prática de
irregularidades na aquisição de equipamentos de uso privativo das corporações militares
estaduais.

Consoante o que estabelece a Constituição Federal e o entendimento consagrado pelo


Supremo Tribunal Federal na matéria,

A) o Secretário de Estado será processado e julgado perante o Tribunal de Justiça do Estado,


se assim previr a Constituição estadual, e o policial militar, perante o órgão competente da
Justiça Militar estadual.

B) o Secretário de Estado será processado e julgado perante o Tribunal do Júri, ainda que a
Constituição do Estado estabeleça prerrogativa de foro para o julgamento de Secretários de
Estado nos crimes comuns; e o policial militar, perante o órgão competente da Justiça
Militar estadual.

C) ambos serão processados e julgados perante o órgão competente da Justiça Militar


estadual, caso a Constituição do Estado não estabeleça prerrogativa de foro para o
julgamento de Secretários de Estado nos crimes comuns, em função da conexão das
condutas.

D) ambos serão processados e julgados perante o Tribunal de Justiça do Estado, caso a


Constituição do Estado estabeleça prerrogativa de foro para o julgamento de Secretários de
Estado nos crimes comuns, em função da conexão das condutas.

E) ambos serão processados e julgados perante o Tribunal do Júri, ainda que a Constituição
do Estado estabeleça prerrogativa de foro para o julgamento de Secretários de Estado nos
crimes comuns.

Gabarito: E

Comentário:

➤ Cuidado para não confundir com o crime militar previsto no art. 9° do Código Penal Militar:

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

[...]

57 
 

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:

[...]

§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando ​dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil​, serão da competência do ​Tribunal do Júri​.

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando ​dolosos contra a vida e cometidos por militares
das Forças Armadas contra civil​, serão da competência da ​Justiça Militar da União​, se
praticados no contexto:

I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República


ou pelo Ministro de Estado da Defesa;

II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou

III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de


atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição
Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:

Embora a alteração legislativa promovida pela Lei n. 13.491/2017 seja de duvidosa


constitucionalidade, por limitar a competência do Tribunal do Júri por ato de lei
infraconstitucional ao inserir no contexto de crimes militares alguns crimes dolosos
contra a vida de civis (art. 125, § 4°, CF), é certo afirmar que a hipótese veiculada na
questão não se encaixa em nenhum dos incisos, motivo pelo qual deverá ser respeitada a
competência constitucional do Tribunal do Júri em face de foro por prerrogativa de
função prevista na Constituição Estadual (Súmula Vinculante n 45 do STF). 

58 

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