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Jurisdição

penal

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Jurisdição Penal
• Dizer o direito, administrar a justiça: para que a manifestação do direito atinja seus fins, é
necessária a existência de uma entidade investida de poder para que haja a imposição de
uma decisão;
• Abandono da discussão jurisdição voluntária x contenciosa;
• A jurisdição penal deve ser concebida como poder-dever de realização da justiça do Estado;
• Decorrência do princípio da necessidade ou oficialidade do processo penal (inexiste no
CPC) – “nulla poena, nulla culpa, sine judicio”;
• Aury Lopes Jr.: a jurisdição é garantia, é um direito fundamental de ser julgado pelo juiz
natural, imparcial e no prazo razoável;
• Jacinto de Miranda Coutinho: para além de ser um poder do Estado, a jurisdição é uma
garantia constitucional do cidadão, da qual não se pode abrir mão;
• A jurisdição, no entanto, não é absoluta. É limitada pela competência, que garante o juiz
natural, imparcial e com competência (atribuição) definida em lei e de forma prévia à
prática do crime.
Princípios da Jurisdição Penal
• Princípio da inércia da jurisdição: significa que o poder somente
poderá ser exercido pelo juiz mediante prévia invocação, ou do MP ou
do ofendido (querelante);
• Decorrência do sistema acusatório e impossibilidade de atuação de
ofício;
• Numa leitura constitucional do processo penal, revogado está o art.
26 do CPP: a ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto
de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela
autoridade judiciária ou policial.
Princípios da Jurisdição Penal
• Princípio da Investidura: a função jurisdicional só pode ser exercida
por pessoas legalmente investidas na função. Adoção da utilização do
concurso público para ingresso na magistratura (há, contudo,
nomeação para tribunais de 2º grau e tribunais superiores).
Princípios da Jurisdição Penal
• Princípio do Juiz Natural: previsto no art. 5º, inciso LIII, da CF - ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
• Princípio universal, fundante do Estado Democrático de Direito;
• Consiste no direito que cada cidadão tem de saber, de antemão, a autoridade que irá
processá-lo e qual o juiz ou tribunal que irá julgá-lo;
• A competência do juiz é definida pela lei, é fixada em momento anterior ao processo;
• Art. 70 e seguintes do CPP;
• Abandono do argumento emprestado do processo civil de que a competência em razão
do lugar é relativa (parte da doutrina entende dessa forma);
• Para Jacinto de Miranda Coutinho e Aury Lopes Jr.: a competência em razão do lugar da
prática do crime é absoluta, entendimento diferente desse abre a possibilidade de
escolher um juiz “mais interessante” (para quem?) para o julgamento de determinados
casos, atendendo a critérios pessoais (mais liberal ou mais conservador, por exemplo).
Princípios da Jurisdição Penal
• Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição: o juiz natural não pode declinar
ou delegar a outro o exercício da sua jurisdição, até porque existe uma
exclusividade desse poder, de modo a excluir a de todos os demais;
• Problema: prorrogatio fori – considerando que a lei penal e grande parte da
doutrina entendem que a competência territorial é relativa, é possível que o
juiz que não é competente (em razão do lugar) acabe tendo sua competência
ampliada, prorrogada, caso não seja arguida a incompetência pelo acusado na
RA (art. 396-A do CPP);
• Problema 2: justiça penal negociada – conduz a um afastamento do Estado-
juiz das relações sociais, não atuando mais como interventor necessário, mas
apenas assistindo de camarote ao conflito. A violência repressiva da pena não
passa mais pelo controle jurisdicional.

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