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TRABALHO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

EXCEÇÕES DO ART. 95, CPP.

I – SUSPEIÇÃO

Destina-se a rejeitar o juiz, do qual a parte arguente alegue falta


de imparcialidade ou quando existam outros motivos relevantes que
ensejam suspeita de sua “isenção” em razão de interesses ou sentimentos pessoais
(negócios, amor, ódio, cobiça etc.). (Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, 20ª Ed.,
cit. pág. 492)
A exceção de suspeição é dilatória, isto é, visa a “prorrogação” no curso do
processo, e sua arguição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em
motivo superveniente, segundo o art. 96 do CPP.
O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo por escrito,
declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu substituto,
intimadas as partes.

REQUISITOS DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: A interposição da exceção de


suspeição deverá ser feita em petição assinada por ela, “própria parte”, ou por
“procurador com poderes especiais”, aduzindo as suas razões acompanhadas de
prova documental ou do rol de testemunhas.

HIPÓTESES DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não


o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes, se for amigo íntimo (capaz de
suportar qualquer sacrifício pela parte) ou inimigo capital (aversão capaz de ódio,
rancor, ou sentimento apto ao desejo de vingança) de qualquer das partes. Em razão
de a suspeição dizer respeito a parte, não é induzida caso se constate a causa
geradora ocorrer em relação ao advogado da parte.

Há também a suspeição do juiz quando, ele, seu cônjuge, ascendente ou


descendente, estiver respondendo a processo por “fato análogo”, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia; se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim,
até o terceiro grau, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser
julgado por qualquer das partes; se tiver “aconselhado” qualquer das partes; se for
credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; se for sócio, acionista ou
administrador de sociedade interessada no processo.

A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte


injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.

Arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo,


decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de três
dias. A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia. Entretanto, os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos
em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no
que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos
juízes.

As partes poderão também arguir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os


serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à
vista da matéria alegada e prova imediata.
A suspeição dos jurados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano
do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for
imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.

Em relação à testemunha, antes de iniciado o depoimento, as partes poderão


contraditá-la arguindo circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de
parcialidade, ou indigna de fé. Hipótese em que, o juiz fará consignar a contradita ou
arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe
deferirá compromisso nos casos previstos em lei.

Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito


(procedimento preparatório da ação penal), mas deverão elas se declarar suspeitas,
quando ocorrer motivo legal.

EFEITOS DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: Se reconhecer a suspeição, o


juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos autos a petição do recusante
com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando
a remessa dos autos ao substituto.

Caso o juiz não aceite a suspeição, mandará autuar em apartado a petição,


dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e,
em seguida, determinará que os autos da exceção sejam remetidos, dentro de vinte e
quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento.

Admitida a arguição de suspeição do juiz, o juiz ou tribunal, procederá a citação


das partes, e marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o
julgamento, independentemente de mais alegações. Se a suspeição for de
manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente. Caso
julgada procedente além de afastar o juiz do processo, ficarão nulos os atos do
processo principal, pagando o juiz, as custas, no caso de erro inescusável, se rejeitada
e evidenciada a  malícia da alegação da exceção pelo excipiente, a este será imposta
a multa.

As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em


regra, o andamento da ação penal. Entretanto, poderá ocorrer a suspensão do
processo principal, a requerimento da parte contrária, caso reconheça a procedência
da arguição de suspeição, até que se julgue o incidente da suspeição.
JURISPRUDÊNCIA

“V O T O PRELIMINAR - SUSPEIÇÃO DO JUIZ

EXMO. SR. DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO (RELATOR)

Egrégia Câmara:

Sustenta a Apelante a suspeição do juiz prolator da sentença vez que o referido


julgador reconheceu, na Exceção de Suspeição nº. 2655-39.2014.811.0044 – Código
57346, a sua ausência de isenção de ânimo para apreciar, instruir e julgar qualquer
processo contendido entre as partes, pois é devedor de RONALDO LIPARIZI, com
quem mantém relação imobiliária locatícia.

Já a parte apelada, em sede de contrarrazões, alegou preliminarmente, a preclusão


de tal arguição.

Pois bem.

A suspeição se caracteriza como matéria de ordem pública e pode ser conhecida e


apreciada pelo julgador, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.

Tal providência se justifica na medida em que a imparcialidade do juiz, como


pressuposto processual subjetivo do processo, é uma exigência fundamental para a
realização do devido processo legal, uma das garantias processuais básicas do
Estado de Direito.

Do caso em testilha, ressai que a sentença recorrida foi proferida pelo Magistrado
em 28/08/2014.

A Exceção de Suspeição nº. 2655-39.2014.811.0044 (Código 57346) foi proposta


pelo Embargante em 08/09/2014 e o Magistrado de piso, Dr. Alcindo Peres da Rosa,
em 09/09/2014, assim se manifestou:

“Isto posto, e por tudo mais que dos autos consta, declaro-me suspeito para o
processamento e julgamento dos feitos que a parte RONALDO LIPARIZZI e sua
ESPOSA são partes, quais sejam: a) Medida Cautelar de Produção antecipada de
provas – Autos código nº 32573; b) Ação de Execução para entrega de coisa incerta
– Autos código nº 51466; c) Ação de consignação em pagamento de arrendamento –
Autos Código nº 51685; d) Embargos do devedor – Autos Código nº. 51900; e) Ação
de execução para entrega de coisa incerta – Autos código nº. 55196; f) Embargos do
devedor – Autos código nº. 55493; g) Ação declaratória – Autos código nº. 55061; h)
Ação de despejo c/c rescisão contratual – Autos código nº. 55715; i) Ação de
atentado – Autos código nº 57173; j) Impugnação ao valor da causa – Autos código
nº. 50287; l) Impugnação do valor da causa – Autos código nº. 56922; m)
Interpelação Judicial – Autos código nº. 52503; n) Embargos de terceiros – Autos
código nº. 52993.” Destaquei.

Como se vê, o Magistrado declarou-se suspeito para atuar, dentre outros feitos, no
presente Embargos de Terceiro, poucos dias depois de proferir a sentença recorrida.

É sabido que a suspeição deve ser suscitada na primeira oportunidade em que


couber à parte interessada se manifestar nos autos, observado o prazo de até 15
(quinze) dias contados da data ciência do fato causador da alegada suspeição
(art. 138, § 1º, do CPC).
Registre-se que, se “com a prolação da sentença, fica prejudicada a arguição de
suspeição do magistrado, cabendo ao excipiente, na apelação, questionar a validade
dessa decisão, no pressuposto de ter sido proferida por juiz suspeito” (JTJ-SP
168/283, apud THEOTÔNIO NEGRAO, “CPC”, 41.ª ed., 2009, p. 281, Nota 24 ao art.
135)

Desta forma, não vinga a preliminar de preclusão da arguição de suspeição


levantada pela parte apelada, motivo pelo qual a rejeito.

Embora reconheça o efeito “ex nunc” da procedência da Exceção de Suspeição,


segundo posição do c. STJ (REsp nº 1165623/RS), entendo que a sentença
recorrida, deva ser anulada em virtude da desconfiança que paira sobre o julgado.

É cediço que a confiança da parte na Justiça é um fator de fundamental importância


para a aferição da parcialidade.

A desconfiança fará com que a parte só aceite a decisão como uma imposição ao
mais fraco; contrariamente a confiança pode deixar o vencido até mesmo render-se
ao decidido, não como se curva diante da força, mas pelo poder de persuasão feito.

Quando a imparcialidade do Juiz ou a confiança do público nesta imparcialidade é


justificadamente posta em causa, o Juiz não está em condições de administrar a
justiça.

A imparcialidade da jurisdição não é só a subjetiva, mas também, objetiva, que deve


ser assegurada antes e durante o julgamento. Afinal, trata-se da confiança que os
tribunais de uma sociedade democrática devem inspirar às partes.

O ilustre Professor Clito Fornaciari Júnior assim esclarece:

“Nenhum comprometimento, porém, é de menor importância a ponto de poder ser


relevado, porque a Justiça supõe total e absoluta isenção, de modo a dever ser
afastado o julgador ainda que não seja parcial, a ponto de ser parte, ou ter ligações
com as partes, mas também em vista de ter concepção formada acerca do conflito
ou das teorias que o envolvam, como ainda ter passado que possa fazer supor que a
questão posta em juízo lhe seja simpática ou antipática.” (RT 766/99, pág. 66).

Em tempo, trago à colação a seguinte orientação do c. Corte Superior:

“Não se está, aqui, a afirmar que em nenhuma hipótese deva ser decretada a
nulidade dos atos praticados pelo juízo que se reputou suspeito. Naturalmente um
ato de conteúdo claramente decisório deverá ter sua nulidade pronunciada pelo
Tribunal ou pelo sucessor legal, na hipótese de gerar um prejuízo direto à parte.”
(REsp nº 1.330.289/PR, Relatora: Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/08/2012).
Destaquei.

E tendo em vista que, no presente caso, a declaração de suspeição veio 10 (dez)


dais após a prolação da sentença, salutar aplicar-lhe, excepcionalmente, o efeito “ex
tunc” e anular a sentença proferida por Magistrado suspeito, com fundamento no
art. 135, II, do CPC, devendo os autos retornar à Instância singela a fim de que
sejam redistribuídos a outro Magistrado.

Pelo exposto, ACOLHO a preliminar de nulidade da sentença e demais atos porque


proferida por juiz reconhecidamente suspeito.

É como voto.”
II – INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO

A incompetência do juízo refere-se à incapacidade do órgão julgador de


conhecer e processar determinado episódio. É também conhecida como “declinatoria
fori” e tem por pressuposto uma ação penal interposta ou em curso em foro
incompetente.

Como a competência é a medida da jurisdição, isto é, a delimitação do


poder estatal de dizer o direito, fazer cumprir as leis e, conforme a situação, exercer o
jus puniendi, ela pode ser fixada pelo: lugar da infração, domicílio ou residência do réu;
natureza da infração; distribuição; conexão ou continência; prevenção ou pela
prerrogativa de função.

Tal incompetência poderá ser ABSOLUTA ou RELATIVA:

A incompetência absoluta ocorre quando é impossível sua prorrogação, não


podendo o julgador, de forma alguma, atuar no caso. É o que se identifica quando a
competência é determinada pela natureza da infração (em razão da matéria) ou pela
prerrogativa de função, que poderá ser reconhecida a qualquer momento, mesmo
após o trânsito em julgado, salvo se proferida sentença absolutória.

Já a incompetência relativa admite que o órgão judicante aprecie o evento


que lhe fora submetido, pois, se não reconhecida por este, ex officio ou por arguição
do interessado, não é capaz de gerar prejuízo aos sujeitos processuais antitéticos,
valendo-se, portanto, os atos processuais praticados. É o que acontece quando a
competência for territorial.

PROCEDIMENTO: Havendo a incompetência, o dirigente processual deverá declará-


la, de ofício, caso contrário, poderá ser arguida a respectiva exceção. Ainda que se
trate da modalidade relativa, parte da doutrina acolhe a possibilidade de seu
reconhecimento ex officio desde que antes de operada a preclusão (CAPEZ). Outros
propugnam que a qualquer tempo pode ser reconhecida tal modalidade de
incompetência, pois o art. 109 do CPP assim permite, ressalvando-se a hipótese de
trânsito em julgado de sentença penal absolutória.

Há tratadistas que não admitem a oposição da exceção de incompetência


pelo autor da demanda. Assim, antes de intentar a ação penal o sujeito ativo deverá
requerer a remessa dos autos ao juízo competente. Contudo, Mirabete diz que “... é
pacífico na doutrina que, a despeito da denúncia, pode o Ministério Público ao
reconhecer no curso do processo a incompetência do Juízo, oferecer a declinatori fori.
A menção no artigo à “parte” e mesmo a posição do Ministério Público como fiscal da
lei não podem conduzir a outra solução, máximo quando se trata de incompetência
absoluta.”

Portanto, admite-se a interposição da exceção pelo acusado, querelante e


pelo Ministério Público, quando atuar como parte ou fiscal da lei.
A arguição poderá ser oral ou por escrito e será dirigida ao próprio juiz da
causa. Ao recebê-la, após a redução a termo no caso de ter sido apresentada
oralmente, o magistrado determinará sua autuação em apartado e a oitiva do
representante do Ministério Público, se não for ele o proponente, cabendo ressaltar
que não há prazo predeterminado no Código para tal manifestação. Após, seguem os
autos conclusos para a apreciação da exceção.

Se rejeitada, permanecerá o juiz no feito, inexistindo na Lei previsão de


recurso próprio, remanescendo, contudo, a possibilidade de habeas corpus. Se
acolhida a exceção, o feito será remetido ao juízo competente, sendo que da decisão
caberá recurso em sentido estrito.

Destaca-se que a exceção referente à incompetência relativa deverá ser


arguida no prazo da defesa ou na primeira oportunidade dada ao interessado para que
se manifeste nos autos, sob pena de preclusão, caso em que ocorrerá a prorrogação
da competência. Se referir à incompetência absoluta, poderá ser oposta em qualquer
fase do processo e a qualquer tempo.

Ademais, é impossível processar esta exceção em conjunto com a de


suspeição do juiz tendo em vista a diferença dos ritos.

JURISPRUDÊNCIA

“RELATÓRIO
Des.ª Lizete Andreis Sebben (RELATORA)

Trata-se de conflito de competência em que figura como excipiente o Ministério


Público e como excepta a Dra. Juíza de Direito da 2ª Vara da Comarca de Estrela.
Ao que consta, a questão cinge-se quanto à competência para o processamento de
ação criminal decorrente do inquérito policial relativo à “Operação Netuno”, no qual
se apura a ocorrência de tráfico de drogas praticado nas Comarcas de Estrela e de
Teotônia.
No caso, a magistrada de Teotônia deferiu pedidos de expedição de mandados de
busca e apreensão postulados pelo Delegado de Polícia da Comarca de Lageado
(fls. 477/483). Apesar disso, declarou-se incompetente para o processamento da
ação criminal, pois entende que as investigações da referida operação policial
começaram em Estrela, ocasião em que aquele juízo deferiu escutas telefônicas
ocorridas entre os suspeitos da prática delitiva. (fls. 544 e 571). Assim, em razão da
prevenção, entendeu que o juízo competente para conhecer do processo é o da
Comarca de Estrela, nos termos do art. 83 do CPP.
Com base nesta decisão, o Ministério Público, atuante na comarca de Estrela, para
onde o feito foi distribuído, suscitou o presente conflito de competência, por entender
que o caso não envolve prevenção, já que os juízos não possuem competência
territorial concorrente para os crimes cometidos pelos acusados no Município de
Teotônia. No caso, a competência se dá pelo lugar da consumação da infração penal
(fls. 588/590).
Diante disso, a magistrada, em substituição na vara judicial de Estela, rechaçou os
fundamentos do Órgão Ministerial, reafirmando a competência daquele juízo, devido
à prevenção, e, em razão disso, recebeu a irresignação da acusação como exceção
de incompetência (fls. 622/623 e 630 destes autos).
Formado o expediente, o Ministério Público, nesta instância, emitiu parecer pela
improcedência da presente exceção de incompetência, mantendo a competência da
Comarca de Estrela para o processamento e julgamento do feito criminal.
Vieram os autos para julgamento.
É o relatório.

VOTOS
Des.ª Lizete Andreis Sebben (RELATORA)

Pelo que se depreende dos autos, a controvérsia reside no fato de se determinar


qual o juízo competente para o julgamento da demanda criminal, se o da Comarca
de Estrela ou o da Comarca de Teotônia.

No caso, o crime cometido é o de tráfico de drogas, sendo que as investigações


iniciaram, em abril de 2012, na Comarca de Estrela, que deferiu pedidos da
autoridade policial para ocorrência de escutas telefônicas na investigação intitulada
de “Operação Netuno”. Posteriormente, com base nestas escutas, foram expedidos
mandados de busca e apreensão, tendo, inclusive, ocorrido infiltração de policiais
junto aos traficantes, que se passaram por consumidores de drogas, restando
demonstrado que alguns investigados também eram fornecedores de drogas na
cidade de Teotônia. E, em princípio, tendo em vista o princípio do juiz natural, os
atos contra esses suspeitos – residentes em Teotônia - formam deferidos na
Comarca de Teotônia e não pelo juiz de Estrela. Observa-se, assim, que para o
mesmo fato havia decisões tomadas, algumas pelo juiz de Estrela e outros pelo da
Comarca de Teotônia, o que motivou a presente exceção de incompetência.

Adianto, deste logo, que assiste razão a Dra. Juíza de Direito da Comarca de
Estrela, ora excepta, sendo improcedente a presente exceção de incompetência.
Como se sabe, o crime de tráfico de drogas, por sua natureza, pode ser executado
de forma continuada e permanente no tempo e no espaço, estendendo-se, por isso,
por mais de uma jurisdição.

Aplicável, ao caso, o disposto nos arts. 71 e 83, ambos do CPP, que assim


prescrevem:
Art. 71: “Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território
de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.” 
Art. 83: “Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º,
71, 72, § 2º, e 78,II,c). 

"Prevenção" significa o que pratica algum ato antes. O art. 83 do CPP, ao determinar


que a competência é fixada pela prevenção, estabelece que, quando concorrer dois
ou mais juízes competentes, um deles tiver antecedido aos outros na prática de
algum ato decisório, ainda que antes da denúncia, é ele quem ficará prevento para o
processamento e julgamento do feito. 
No caso, considerando que as investigações começaram na comarca de Estrela,
este juízo ficou prevento, pois foi o que tomou conhecimento em primeiro lugar da
infração e, inclusive, autorizou as escutas telefônicas requeridas pela autoridade
policial. 
 
Por esses fundamentos, julgo improcedente a exceção de incompetência promovida
pelo Ministério Público.
É o voto.”
BIBLIOGRAFIA:

https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112619276/excecao-de-incompetencia-
exinc-70051919728-rs/inteiro-teor-112619290?ref=juris-tabs

https://tj-mt.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/366216237/apelacao-apl-
22070320138110044-66687-2015/inteiro-teor-366216248?ref=juris-tabs

http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,das-excecoes-no-processo-
penal,24221.html
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS – UNISANTOS

DIREITO

BEATRIZ SANTOS, CAROLINE BARSAGLINI, PAMELA MARCELY

6º DC

EXCEÇÕES DO ART. 95 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL


SANTOS

2017

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