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CFO TEORIA
Direito Penal Militar – Crimes Contra a Administração Militar
Prof. Professor Rogério Sílvio (Cap PM)
Na primeira hipótese, peculato apropriação, o agente inverte o título de posse, passando a dispor do
dinheiro, valor ou bem, retendo, alienando, consumindo etc, agindo como se dono fosse do objeto material,
acomodando-o aos seus desideratos, portando-se tal e qual o legítimo proprietário.
Merece destaque que a posse referida pela lei deve resultar do cargo ou da comissão e compreende a
possibilidade de dispor da coisa, fora da esfera de vigilância de outrem, em consequência da função jurídica
desempenhada pelo agente no âmbito da Administração Militar.
A segunda modalidade, peculato desvio, de conduta consiste no desvio da coisa. Desviar é desencaminhar,
alterar o destino ou a aplicação. “Ao invés do destino certo e determinado do bem de que tem a posse, o agente lhe
dá outro, no interesse próprio ou de terceiro”, como na hipótese do desvio de mercadorias do aprovisionamento da
Unidade, praticado por militar auxiliar-de-rancho, em proveito de civis comerciantes.
O proveito próprio ou alheio de que trata a lei pode ser de ordem material ou moral, servindo até mesmo o
desvio praticado para fins de obtenção de prestígio pessoal ou político.
Peculato agravado: de acordo com o § 1º, a pena de peculato aumenta-se de um terço quando o objeto
material sobre o qual recaiu a ação é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo.
Peculato-furto (§ 2º)
O militar ou funcionário não detém a posse do dinheiro, valor ou bem móvel, público ou particular, sendo
que a conduta criminosa, ao invés de consistir em uma apropriação ou desvio, consubstancia-se na subtração da
coisa.
Não obstante, é mister que o agente valha-se de sua condição de militar ou funcionário para a configuração
do delito. Se tal não ocorrer, como, por exemplo, na situação em que o militar, mediante escalada e arrombamento,
invade a tesouraria da unidade em que serve e subtrai grande quantidade de vales-transporte, estará praticando o
crime de furto qualificado e não o de peculato-furto.
São duas as modalidades de conduta previstas na norma. Na primeira, o funcionário pratica diretamente a
subtração; na segunda espécie, o militar ou funcionário, com consciência e vontade, concorre para que outrem
subtraia o dinheiro, valor ou bem (p. ex.: o militar sentinela que permite a entrada de comparsa no quartel para que
este subtraia um fuzil).
Peculato culposo (§ 3º)
Considera-se peculato culposo a conduta do agente público, violadora do dever de cuidado (imprudência,
negligência ou inépcia), que torna possível a outrem, funcionário ou não, subtrair, apropriar-se ou desviar dinheiro,
valor ou bem sob a custódia da Administração Militar (ex: o intendente que esquece a porta da reserva da Unidade
aberta e outra pessoa furta munições).
De acordo com o § 4º, nos casos de peculato culposo, a reparação do dano anterior ao trânsito em
julgado da sentença condenatória extingue a punibilidade, sendo posterior, reduz da metade a pena imposta.
Peculato mediante erro de outrem (art. 304)
Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo ou comissão, recebeu por erro de
outrem.
Exemplo: Um civil teria que entregar o celular apreendido ao Sargento que redigia a ocorrência e
equivocadamente (devido ao grande número de militares e civis transitando na delegacia) entregou a outro militar
que confeccionava outra ocorrência, e o último militar se apropriou do aparelho.
O funcionário público que se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que lhe foi entregue por engano,
descuido, desleixo ou qualquer outro erro que levou terceiro a entregar quantia ou utilidade ao funcionário público.
Na verdade, o funcionário deveria comunicar o equívoco a quem lhe entregou o bem ou à administração militar.
Para que o crime ocorra é indispensável que a vítima atue erroneamente de maneira espontânea, pois se ela
for induzida a erro, o crime praticado será de estelionato. Embora alguns doutrinadores denominem o delito como
peculato estelionato, a vítima não é levada ao erro, mas sim, chega a ele por conta própria.
ART.305: CONCUSSÃO (impropriamente militar)
A elementar do crime de concussão é a “exigência” (ameaça) que pode ser ostensiva ou velada. E, o fato
do agente exigir, difere este crime da corrupção.
Nexo com a função: a ameaça impingida ao sujeito passivo tem que ter nexo com a função do sujeito
ativo. Caso contrário, será roubo ou extorsão (Ex.: se um militar ameaçar matar uma pessoa caso ela não permita
que lhe seja subtraída sua carteira, será o crime de roubo e não concussão).
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Direito Penal Militar – Crimes Contra a Administração Militar
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Sujeito passivo: a pessoa que entrega a vantagem indevida não comete crime algum, pois estava sob
coação moral irresistível.
Mesmo que o agente não tenha assumido a função, ainda, pode cometer o crime (ex: foi aprovado no
concurso ao CTSP, e começa a exigir dinheiro dos fazendeiros, sob pena de multá-los, quando assumir a função
militar).
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Na falsidade ideológica, o documento é autêntico em seus requisitos extrínsecos (em sua forma), e emana
realmente da pessoa que nele figura como seu autor ou signatário, mas seu conteúdo é falso. Ou seja, o documento
é verdadeiro quanto à forma, mas falso quanto à ideia nele existente. É por isso que se diz “falsidade ideológica”.
Já na falsidade de documento público, o agente procura imitar a “verdade” do documento, por meio de
contrafação (falsificação) ou alteração. Ou seja, o papel (matéria) é falso.
É necessário que o fato atente contra a administração ou serviço militar (cause prejuízo).
Observações:
Na corrupção passiva, o funcionário público negocia seus atos, visando uma vantagem indevida.
Na prevaricação isso não ocorre. Aqui, o funcionário público viola sua profissão para atender objetivos
pessoais.
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Quando o tipo fala: “quando lhe falte competência”, está indicando nas situações em que o superior não
detém poder disciplinar sobre o subordinado, como nos casos em que o subordinado infrator pertence à Unidade
diversa do superior. Ocasião em que o superior deverá comunicar o fato ao Comandante do infrator.
Observações:
a) haverá prevaricação se o superior deixa de responsabilizar o subordinado por sentimento ou interesse
pessoal
b) haverá concussão ou corrupção passiva se o superior deixa de responsabilizar o subordinado para obter
vantagem indevida.
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Direito Penal Militar – Crimes Contra a Administração Militar
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A violência tem que ser violência física, não havendo necessidade que resulte lesão corporal. Se resultar, o
agente responde, também pelas penas correspondentes à violência.
O crime pode ocorrer de duas formas:
a) quando praticado em repartição ou estabelecimento militar ou;
b) quando praticado no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Nesta segunda modalidade não há
necessidade que ocorra no interior de estabelecimento militar, podendo ser em qualquer lugar, bastando que o
militar esteja no exercício de função.
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