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direito econômico
Direito Econômico
Universidade Pedagógica (UP)
9 pag.
O estudo dos princípios que regem a aplicação do Direito Econômico oferece alguma
particularidade, relativamente à relação entre Direito Público e Direito Privado, porque, como já
vimos no primeiro capítulo, este novo ramo do Direito se situa numa interseção daqueles dois
ramos, revelando-se como um direito de síntese.23 Alguns desses princípios têm uma origem
puramente constitucional, outros decorrem de leis ordinárias, outros da jurisprudência
consagrada e outros ainda da atuação de órgãos administrativos reguladores (neste caso
vinculados aos princípios constitucionais e legais referentes a cada setor regulado), e outros
ainda da contribuição da Economia como ciência. Pode-se, por um lado, verificar que alguns dos
liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. O
princípio da liberdade de comércio e de indústria, concebido inicialmente como uma liberdade
total, recebeu também novos contornos, passando a figurar como uma liberdade constitucional
limitada; uma liberdade de iniciativa, mas dentro de um enquadramento de mercado, em que
sobreleva o princípio da liberdade de concorrência. Trajetória semelhante teve o princípio da
igualdade, que, de uma igualdade absoluta e abstrata, passou a receber do texto constitucional a
configuração de uma igualdade relativa e concreta. Sobre este ponto, comenta JEANPHILIPPE
COLSON decisão do Conselho de Estado, segundo o qual “ o princípio [da igualdade] não se
constitui em obstáculo a que uma lei estabeleça regras não idênticas a respeito de categorias de
pessoas que se encontrem em situações diferentes, quando esta não identidade é justificada pela
diferença de situação e não é incompatível com a finalidade perseguida pela lei”.24 Este
princípio pode ainda sujeitar-se à ação reguladora do poder público e também às intervenções
diretas. Sob o influxo das necessidades de aplicação de determinadas políticas econômicas, pode
o mesmo princípio tornar-se maleável, a ponto de admitir tratamentos discriminatórios. É o que
ocorre, por exemplo, com o tratamento favorecido concedido pela Constituição às empresas de
pequeno porte, como consta do inciso IX do artigo 170 da Constituição Federal (“ tratamento
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sua sede e administração no País”). Coerentemente com este princípio, estabelece o artigo 179 a
regra segundo a qual “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às
INTRODUCAO
O estudo da Economia foi estabelecido como ciência pelos fisiocratas, que acreditavam,
originariamente, que todo fator de produção se originava na terra e seu cultivo. Posteriormente,
os fisiocratas passaram a interessar-se por outros fatores de produção, mormente com o avanço
do mercantilismo, movimento que se caracterizou pelo incremento das relações comerciais
ocorrido na Europa. Podemos assim definir o mercantilismo como o marco inicial para que o
Estado Liberal fosse implementado. Todavia, a disputa por mercados econômicos bem como o
exercício abusivo das liberdades e direitos individuais levaram à derrocada do modelo liberal
econômico, tendo como marcos históricos a 1a e a 2a Guerras Mundiais, fatos que motivaram o
Estado a repensar seu papel diante da Ordem Econômica interna e internacional, atuando,
inclusive, no sentido de limitar e cercear os direitos e liberdades individuais economicamente.
Por fim, cumpre mencionar que o Direito Econômico transcende à mera análise econômica
do Direito, sendo esta, tão somente, um estudo sobre a influência da Economia nos negócios
jurídicos do Estado e das relações privadas.
Assim, podemos dizer que o Direito Econômico é filho do seu tempo, entendendo-se esta
metáfora como o conjunto de valores sociais, culturais, econômicos e políticos constantes em
cada época específica da história da Nação, que vão permear seu conteúdo normativo