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Apontamentos com:
● Estrutura de Resposta
● Hipóteses práticas e a sua resolução
Inês Oliveira
2018/2019
Introdução ao Estudo do Direito
Prof. Doutor Rui Medeiros
Mestre Nuno Pombo
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Estrutura de resposta numa pergunta de
interpretação
1. Determinar e identificar o problema de interpretação em causa, e explicar
porque estamos perante um problema de interpretação.
2. Análise do os elementos da interpretação: Literal (letra da lei e lógicos). A rt
9º nº1 do Código Civil
a. Análise do elemento literal da fonte - o que expressamente diz a
fonte? (elemento literal/gramatical/Letra da lei)
b. Análise dos elementos lógicos da interpretação: H istórico
(circunstâncias pelas quais a lei foi elaborada) - mesmo que o
elemento não esteja presente é preciso mencionar, ou analisar o
enunciado pois pode dizer as circunstâncias; S istemático ( onde a lei se
integra unidade do sistema jurídico) - mencionar, e verificar no
código civil , caso seja um artigo as leis prévias e as depois dela; E por
último o mais relevante o elemento Teleológico (a razão de ser da
lei/espírito da lei) que é necessário sempre mencionar -> Maior parte
das vezes refere-se à segurança das pessoas.
3. A descoberta da norma, o confronto entre a letra da lei e o espírito da lei
4. Tentar perceber se existe o mínimo de correspondência entre a letra da lei e
o espírito da mesma - Art 9º nº2 do Código Civil
______ Se Sim ______ ______Se Não ______
● Quando o pensamento ● Não sendo possível resolver este
legislativo corresponde problema pela via interpretativa,
exatamente à letra da lei - podemos estar perante uma
Interpretação Declarativa lacuna
● Quando existe uma desarmonia
entre a letra da lei e o espírito
○ Interpretação Restritiva
(o legislador disse mais
do que a aquilo que ele
queria dizer)
○ Interpretação Extensiva
(o legislador disse menos
do que queria dizer)
5. Quando não existe correspondência com a letra da lei, podemos considerar a:
a) Existência de argumentos lógicos (interpretação enunciativa)
b) Redução Teleológica
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6. Se nem pelos elementos acima conseguimos resolver estamos perante um caso
de Lacunas, reconhecimento que não deu para resolver o problema por via
interpretativa.
7. Conceito de Lacuna e identificação dos processos de integração de Lacunas - Art
8º do Código Civil e Artº 10º do Código Civil.
8. Escolha do processo mais indicado:
● Analogia Legis (caso semelhante), justificar a semelhança do caso,
sendo que tem de ter o mínimo de correspondência e pontos em
comum. Tem de se prever as soluções, tanto no caso análogo como no
omisso, e caso as razões justificativas procedam da mesma maneira
podemos recorrer a analogia, excepto quando se tratam de normas
excepcionais (vão contra o regime geral) -Art 11º do Código Civil, ou
quando se tratam de normas incriminadoras penais, ou fiscais.
● Analogia Juris/Iuris - Analogia do Direito, procura-se o princípio
normativo que ajude a resolver o caso (boa fé, proporcionalidade) -
justifica-se pela ausência de um instrumento próximo e objetivo.
Se não existir princípios normativos, a última ferramenta é: Criação da Norma pelo
próprio julgador.
NÃO ESQUECER DA CONCLUSÃO DO CASO
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4. Referir a 1ª parte do artigo 12.º, n.º 1, “A lei só dispõe para o futuro”, que
consagra o princípio da não retroatividade da lei, que se impõe por razões de
estabilidade e pelo princípio da segurança jurídica (decorrente do artigo 2.º da
Constituição)
5. Referir a 2ª parte do artigo 12.º, n.º 1, “ainda que lhe seja atribuída
eficácia retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos
pelos factos que a lei se destina a regular”, q ue vem admitir exceções ao princípio
geral da não retroatividade da lei
6. Referir o estatuto que se encontra presente:
a. Estatuto pessoal – Se estiver em causa a constituição de um estado
pessoal, aplica-se a LA; se estiver em causa o conteúdo de um estado
pessoal, aplica-se a LN
b. Estatuto contratual – Em princípio aplica-se a lei em vigor no
momento da feitura do contrato, a LA, com fundamento no princípio da
autonomia contratual, pois, se as partes decidiram contratar com base na
LA, seria uma violência aplicar a LN que altere o equilíbrio no contrato por
elas pretendido, e que muitas vezes pode ter sido decisivo para a decisão de
contratar. Porém, pode ser permitido aplicar-se a LN, se esta salvaguardar
interesses sociais fundamentais. Se estiver em causa o conteúdo do contrato
não ligado à sua constituição, aplica-se a LN.
c. Estatuto da família – Se estiver em causa a constituição de um
estado de família, aplica-se a LA; se estiver em causa o conteúdo de um
estado de família, aplica-se a LN
d. E statuto sucessório –
Em princípio, aplica-se a lei vigente no
tempo da morte do de cuius (artigo 2031.º do Código Civil). Quando não há
testamento (sucessão legal), aplica-se a lei vigente no momento da morte, a
LA; Quando há testamento (sucessão voluntária), aplica-se: a LA, quando
está em causa a validade formal do testamento e sobre a capacidade para
testar, pois está em causa um facto constitutivo, a feitura do testamento; a
LN, quando está em causa o conteúdo do testamento, visto que a LA se
encontra desajustada aos interesses atuais da sociedade
e. Estatuto real –
Se estiver em causa a aquisição de um direito real,
aplica- se a LA; se estiver em causa o conteúdo do direito real, aplica-se a LN
f. Estatuto da responsabilidade extracontratual – Aplica-se sempre a
lei em vigor ao tempo da ocorrência do facto, a LA
7. R esolver o problema, através do artigo 12.º, n.º 2:
a. Se a LN não se abstrai dos factos que estão na origem – artigo 12.º,
n.º 2, 1ª parte, aplica-se a LA
b. S e a LN se abstrai dos factos que estão na origem – artigo 12.º, n.º 2,
2ª parte, aplica-se a LN
Leis Interpretativas – São leis que vêm interpretar outras leis e, como tal,
integram-se na lei interpretada. Aplica-se o artigo 13.º do Código Civil. Porém, há
certas exceções: cumprimento de uma obrigação, sentença passada em julgado,
transação e outros atos de natureza análoga.
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Lei confirmativa – São leis que vêm aligeirar certos requisitos de validade havidos
por demasiados pesados numa outra lei. Aplica-se o artigo 12.º do Código Civil.
Limites constitucionais de retroatividade:
o Direito Penal positivo – São as normas que definem os crimes e fixam as
suas penas e efeitos. Ninguém pode ser punido sem que exista lei anterior. Princípio
“nullum crimen sine
lege, nulla poene sine lege”. Artigo 29.º, n.º 1, n.º 3 e n.º 4, da Constituição e artigos
1.º, n.º
1 e 2.º, n.º 1, do Código Penal
o Direito Fiscal –
São as leis que criam impostos. Princípio “nulum tributus
sine lege anteriore”. Artigo 103.º, n.º 3, da Constituição e artigo 12.º da Lei Geral
Tributária. Tem sido entendimento da doutrina que o princípio da não
retroatividade da lei não se aplica nos casos em que a norma fiscal se afigura mais
favorável ao contribuinte
o O caso julgado – A lei não se pode aplicar retroativamente, atacando uma
decisão judicial definitivamente fixada em sentença que transitou em julgado.
Apesar de não haver consagração constitucional expressa, retira-se dos seguintes
preceitos: artigo 111.º da Constituição, que consagra o princípio da separação de
poderes – se a LN pudesse ser aplicada retroativamente, o legislador poderia
assumir também a função judicial, criando novas leis sempre que discordasse de
uma decisão; artigo 2.º da Constituição, que consagra o princípio do Estado de
Direito democrático, de onde decorre o princípio da segurança
jurídica, que seria posto em causa se os casos pudessem ser revistos por leis
posteriores, gerando uma instabilidade geral na sociedade que não se coaduna com
a própria ideia de Direito; artigo 282.º, n.º 3, da Constituição, que prevê que “as
declarações de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do Tribunal
Constitucional não abrangem os casos julgados”, logo, se se considera que os casos
julgados com base numa lei inconstitucional não podem ser atacados, não faria
sentido que os casos julgados com base numa lei que não enferma qualquer vício,
viessem a ser postos em causa por outra lei
o Leis restritivas de direitos, liberdades e garantias – Artigo 18.º, n.º 3, da
Constituição Critérios específicos que permitem a aplicação retroativa das leis:
o Direito Penal negativo – São as normas que descriminalizam ou reduzem
as penas. Aplica- se a lei mais favorável ao arguido. Princípio da retroatividade in
mitius e da leges favorabiles.
Os seus efeitos abrangem todos aqueles que no passado tenham praticado a
conduta, quer estejam ou não condenados. Trata-se da única situação em que o
Direito português permite a retroatividade extrema, resultando que se alguém se
encontra a cumprir pena deve ser libertado. A rtigo 29.º, n.º 4, da Constituição e artigo
2.º, n.º 2 e n.º 4, do Código Penal
o Direito Processual – Aplica-se a LN, pois contém critérios mais perfeitos.
Porém, no artigo 5.º, n.º 2, do Código de Processo Penal, estabelece-se como limite
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à aplicação imediata da lei processual as disposições que sejam mais desfavoráveis
ao arguido.
Prazos: Artigo 297.º do Código Civil – Alteração de prazos
“ 1. A lei que estabelecer, para qualquer efeito, um prazo mais curto do que o
fixado na lei anterior é também aplicável aos prazos que já estiverem em curso,
mas o prazo só se conta a partir da entrada em vigor da nova lei, a não ser que,
segundo a lei antiga, falte menos tempo para o prazo se completar.
2. A lei que fixar um prazo mais longo é igualmente aplicável aos prazos que
já estejam em curso, mas computar-se-á neles todo o tempo decorrido desde o seu
momento inicial.
3. A doutrina dos números anteriores é extensiva, na parte aplicável, aos
prazos fixados pelos tribunais ou por qualquer autoridade.”
(Só se coloca o problema nos prazos que estão ainda em curso)
Lei que encurta o prazo:
Aplica-se o prazo da LN, mas este só se conta a partir da data de entrada em vigor
desta Porém, se, de acordo com a LA, faltar menos tempo para o prazo se
completar, então aplica-se a LA (ex.: De acordo com a LA, o prazo de usucapião é de
15 anos, mas a LN vem reduzi-lo para 10. Se João tivesse posse do terreno há 8
anos, faltando 7 para usucapir, o que seria um período de tempo menor do que os 10
previstos na LN, então aplica-se a LA – artigo 297.º, n.º 1, 2ª parte)
Lei que alonga o prazo:
Aplica-se a LN, mas computar-se-á o tempo já decorrido na vigência da LA
Prazos a que o artigo 297.º não se aplica:
o Prazos não constitutivos, modificativos ou extintivos de relações
jurídicas– Constituem exemplos destes prazos, denominados factos-pressupostos,
o período legal de conceção e de gestação e o prazo internupcial que funcionam,
respectivamente, como fundamento da presunção de paternidade e como
reconhecimento da faculdade para a celebração de novo casamento (fundamento de
certa presunção legal, pressuposto do reconhecimento de certa
capacidade especial...). Nestes casos, o decurso do prazo constitui apenas um
simples facto pressuposto de situações jurídicas, e não o próprio facto constitutivo
ou extintivo, pelo que se lhes aplica o regime geral do artigo 12.º. Baptista Machado
estabelece uma exceção, afirmando que, nos casos em que o prazo constitui um
pressuposto para a preclusão de uma faculdade legal, aplica-se o artigo 297.º.
o Prazos estipulados pelas partes – O artigo 297.º não se aplica aos prazos
estipulados pelas partes no contrato, nem aos prazos não estipulados pelas partes
no contrato, mas quando estas tenham aceitado os prazos supletivos legais.
Havendo uma estipulação negocial, não se pode alterar por uma LN o estabelecido
pelas partes. O artigo 297.º só se aplica a prazos legais, isto é, a prazos definidos
pela lei e indisponíveis pelas partes.
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Estrutura de resposta numa pergunta sobre
Tutela
1. Identificar se estamos perante um meio de Tutela Pública ou Tutela Privada,
começando por distinguir as duas, e o porquê de estarmos perante a
situação.
2. MAIS PROVÁVEL: T utela privada, identificar qual a tutela privada existente
no caso concreto, Legítima defesa, Estado de Necessidade ou Ação Direta,
identificando os respetivos artigos e apresentar as suas definições.
3. Dizer quais os requisitos da tutela e aplicá-los ao caso concreto:
Legítima Defesa Estado de Ação Direta
Necessidade
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4. Verificação do dever de indemnização do indivíduo.
5. Conclusão.
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identificar os sujeitos a norma é sempre individual e concreta, isto em sentido
material.
No entanto, o Stricto Sensus não engloba a regra jurídica o que significa que em
sentido amplo estes critérios não são características essenciais, pois a norma
jurídica é sinónimo de regra jurídica.
Por fim, Rui Medeiros, Jorge Miranda e Miguel Teixeira de Sousa n ão consideram a
generelidade e a abstração critérios essenciais, pois a lei só tem que assegurar o
principio da igualdade, desde que seja conforme aos principios constitucionais, o
que se pode verificar numa lei medida. No entanto, há um intuito generalizador,
isto é, tratar de forma igual aqueles que estão em situações iguais.
Na abstração há uma divergência doutrinária onde de um lado se encontram Galvão
Telles, Rui Medeiros, Marcelo Rebelo de Sousa e os restantes, e do outro se
encontra Oliveira Ascensão. Para os primeiros a abstração implica que a categoria a
que a norma a que se refere seja abstrata, tem que haver incerteza na situação e
quando será ou se será aplicada; para Oliveira Ascensão ao tratar-se de um facto
passado a norma nunca seria abstrata, tem que ser aplicável a casos futuros, logo
seria sempre determinável e concreta.
● “quem for atingido pela cheia de 31 de Dezembro”- concreta
● “proprietários dos rés-dos-chão dos edifícios da Ribeira, no Porto, (...)
atingidos pela
cheia de 31 de Outubro” - individual
Logo, segundo Oliveira Ascensão, Galvão Telles, Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia
Galvão este decreto-lei não é uma lei em sentido material, pois não preenche os
requisitos necessários às características essenciais da lei.
Já Rui Medeiros, Jorge Miranda e Miguel Teixeira de Sousa consideram que este
decreto-lei é uma lei em sentido material, pois está consagrado o princípio da
igualdade,
no tratamento igual daqueles que estão em situações iguais.
Artigo 3º do Decreto-Lei
No momento de feitura não há uma categoria de destinatários específica a
preencher.
Todos os casos semelhantes, os destinatários são indeterminados.
● Todos os que forem proprietários, em qualquer data, dos edifícios situados
nas margens do Douro e do Tejo, não restringe aos que lá vivem numa dada
data, mas a todos os que lá viverem e forem prejudicados pelas cheias que
eventualmente, ou não, acontecerão. – Geral (não se sabe no momento de
feitura da norma quem preencherá o lugar de destinatário).
Para Oliveira Ascensão é abstrata porque se trata de uma norma de aplicação futura
“que venham a ser severamente afetados por cheias extraordinárias.
Para o resto dos autores, porque há incerteza – no momento de feitura da norma é
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estabelecida uma categoria indeterminada de situações.
Para doutrina de Rui Medeiros e Jorge Miranda o decreto-lei está de acordo com os
princípios constitucionais de igualdade.
A lei já é lei em sentido material. Todo o Decreto-lei passa a ser lei, porque apesar
de
todo o conjunto de preceitos individuais e concretos, se houver uma só norma
jurídica
geral e abstrata (preenchidos os requisitos), passa a ser considerada lei. Ao conter
uma verdadeira norma jurídica faz com que o Decreto-lei seja lei em sentido
material.
_Fontes de Direito_
1. Será o costume considerado fonte de direito em Portugal?
Resolução: O costume é a prática social reiterada com convicção de
obrigatoriedade ou juridicidade, contudo encontramo-nos perante um problema
onde as opiniões doutrinárias divergem e argumentam se o costume é uma fonte
vinculativa ou não. Visto que existem fontes que são vinculativas como a lei e são
fontes formadoras, ou então podemos estar perante fontes reveladoras, que são
factos normativos que revelam o conteúdo das normas e nos ajudam a descobrir o
alcance das mesma. O costume na perspetiva de certos autores é uma fonte não
voluntária na medida em que expressa uma vontade dirigida especificamente à
criação de uma norma jurídica. Em Portugal embora o costume não tenha a
importância que tem a lei (art 8º nº2), a verdade é que a maior parte da doutrina
portuguesa afirma que o costume é uma fonte de direito vinculativa que se
encontra lado a lado com a lei.
Para Oliveira Ascensão, o costume enquanto fonte de direito, não depende do
acolhimento legal, não necessita de estar legislado para ser considerada uma fonte
de direito vinculativa, contudo é o meio mais direto com a vontade democrática de
um povo e existe independente da atitude do Estado ( visto que a este ele não
apresenta efetividade).
Para Freitas do Amaral, o ordenamento jurídico tem mais que uma fonte de Direito
Válida, visto que ela também se origina através de outros organismos sem ser o
Estado mas sim a própria sociedade. Nesse sentido o Costume deve ser considerada
uma fonte de direito imediata legítima, visto que consegue uma alcance maior da
vontade democrática do povo, e existem inúmeros casos onde o Costume se afirma
como fonte de Direito vinculativa.
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Desse modo, embora o costume não tenha uma relevância tão grande em Portugal,
visto que o nosso direito se encontra maioritariamente escrito, basta existir uma
prática social persistente, o sentimento de acatamento de um determinado
costume irá ser levado em consideração e irá ser encarado com um grau de
obrigatoriedade, e assim nesses casos pode-se considerar o costume uma fonte de
Direito.
Hipótese que abrange o dever de obediência à lei e Ignorância da Lei
2. Carlos intenta uma acção em tribunal contra Daniela. Na sua defesa, Daniela
alega
desconhecer a lei invocada por Carlos, dizendo que tal conhecimento não lhe é
exigível, visto que o número de leis publicadas, diariamente, no Diário da
República,
não permite que um cidadão médio conheça toda a legislação em vigor no
ordenamento
jurídico português, pelo que o artigo 6.o do Código Civil se deve considerar
tacitamente revogado. O juiz da causa, não obstante discordar de Daniela, afirma
não
ter ficado esclarecido quanto aos factos invocados por Carlos, e como tal considera
que não pode proferir uma decisão no caso sub judice. Quid iuris?
Resolução: Na hipótese jurídica apresentada apresentam-se vários problemas que
necessitam de ser abordados de modo a serem resolvidos. Em primeiro lugar, é
verdade que um cidadão médio é incapaz de conhecer todos os decretos-lei,
regulamentos, ou qualquer ato que é publicado no Diário da República, contudo de
acordo com o Art 6º do Código Civil, o mesmo diz nos que << a ignorância ou má
interpretação da lei não justifica a falta do seu conhecimento nem isenta as pessoas
das sanções nela estabelecidas. >>, deste modo Daniela, mesmo que desconheça da
lei invocada por Carlos de modo a resolver o litígio não pode afirmar que
desconhece a lei pelo simples facto, que a mesma não lhe livre de acatar as normas
que o Direito lhe impõe, a R acio legis do Artigo 6º, é de proteger as pessoas
relativamente a situações futuras, e garantir uma certa previsibilidade nas ações e a
segurança jurídica.
Outro problema que se levanta no caso, é a revogação “ Pelo que o artigo 6.o do
Código Civil se deve considerar tacitamente revogado “, a revogação é uma das
formas de cessação da vigência das leis. Esta defende que há uma revogação tácita,
no entanto isto não se aplica visto que não existe uma lei superior que revogue uma
inferior. Desse modo a lei não pode ser revogada
O último problema que se levanta com a questão levantada é que nos sistema
normativo português um juíz tem a obrigação e dever de obediência à lei de acordo
com o art 8º nº1 e 2 do Código Civil, desse modo o tribunal tem a função de julgar o
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caso concreto e não pode se abster por falta de regulamentação jurídica ou a dúvida
relativamente a norma que tenha ou não de ser aplicada.
Hipóteses sobre a hierarquia das fontes de Direito
3. Suponha que no passado dia 7 de Setembro foi aprovado um Decreto-Lei que
altera o artigo 24.o da CRP.
Resolução Um Decreto-Lei nunca poderia alterar o artigo 24o da CRP, pois para
além do Direito à vida ser inviolável, um direito fundamental, e estar implícito nas
normas do ius cogens que estão a cima da Constituição de qualquer Estado e desta
norma resultar a proibição da pena de morte em caso algum.
A Revisão Constitucional cabe à Assembleia da República, através de Leis e
não Decretos-Leis, o Direito à Vida é um princípio consagrado na CRP, artigo 288o
da CRP, que diz respeito aos “limites materais da revisão”, a alínea “d) Os direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos” nunca poderão ser postos em causa em
qualquer revisão constitucional, muito menos, sendo uma matéria reservada à
Assembleia da República, por um Decreto-Lei do Governo. Sendo o Direito à vida
um direito fundamental a CRP deve assegurar a garantia desse mesmo direito, o
qual implica a proibição da pena de morte, seja em que caso for, artigo 277o, no1,
“São inconstitucionais as normas que inflijam o disposto na CRP ou os princípios
nela consagrados”.
O PR tendo recebido o Decreto-Lei aprovado pelo Governo cabe-lhe,
segundo os termos do artigo 134o alínea b) da Constituição, “Promulgar e mandar
publicar as leis, os decretos-leis e os decretos regulamentares”. Também o artigo
136oº , nº4, da CRP, vem estabelecer que “No prazo de quarenta dias contados da
receção de qualquer decreto do Governo para ser promulgado, ou da publicação da
decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela
inconstitucionalidade de norma dele constante, deve o Presidente da República
promulgá-lo ou exercer o direito de veto, comunicando por escrito ao Governo o
sentido do veto”; logo, cabe também ao Presidente da República permitir que uma
lei aprovada seja ou não promulgada.
Ver artigos 286º, 161oº, 134º b), 136oº.
5. Suponha que Portugal celebrou um Tratado internacional com o Brasil nos
termos do
qual os dois Estados se comprometem a financiar projectos de dança folclórica que
envolvam profissionais da dança de ambos os países simultaneamente. Alguns
meses
depois, o Governo aprovou um Decreto-lei determinando que o Estado português
apenas contribuiria para o financiamento de projetos que, desenvolvidos por
profissionais de ambos os países, versassem o folclore português. Quid iuris?
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Resolução: Primeiramente poderia pensar-se que a lei mais recente prevalece
sobre a anterior contudo, este despiste é posto de lado visto que na hierarquia das
fontes de direito, as convenções internacionais, leis pacticias, como é o caso do
tratado internacional refiro, é superior aos atos legislativos como o decreto-lei
referido, o que significa que em caso de incompatibilidade, o previsto no
tratado internacional prevalece à art 8º nº 4. Sendo o decreto-lei inválido o
Presidente da República deve vetá-lo, sendo uma das suas competências que se
encontra no art 136º nº 4
Hipótese sobre a doutrina
1. Certo eminente jurisconsulto produziu um parecer que, essencialmente,
tratava um
complexo problema de interpretação de um conjunto de artigos do Regime do
Arrendamento Urbano. O parecer foi junto aos autos de um processo, que corria no
STJ, pelo advogado da parte que o pedira, mas o Supremo decidiu em sentido
contrário. Como fundamentação do acórdão, o Conselheiro relator escreveu
unicamente que “o douto parecer do Prof. Doutor José da Silva, curiosamente,
propugna solução em tudo oposta à que o ilustre jurista ensinava na sua obra Da
Locação, e que de há muito nos norteava. Bem se pode ver, porém, que esta era a
boa solução, pelos fundamentos que ali se encontram em abundância. É que opinio
posterior priori non derrogat ...”. O que acha?
Resolução: Questão apresentada aqui remete à doutrina, o conjunto de orientações
que resultam da opinião de jurisconsultos. Ora, a doutrina não é fonte do direito em
sentido técnico-jurídico em Portugal, não é um modo de revelação e formulação
das normas, logo, não é vinculativa. Esta doutrina contrária um parecer que há
muito este tribunal seguia, há uma repetição de julgados, isto é, uma
jurisprudência constante. No entanto, como já foi visto, a jurisprudência
também não é fonte de direito em sentido técnico- jurídico, por isso, o tribunal
não pode decidir o caso nestes termos. Não podendo decidir de acordo com as
suas pré-compreensões, estando apenas vinculado ao Direito objetivo, segundo
o artigo 203oº da CRP e 8º do CC, os juízes têm o dever de fundamentar as suas
decisões, também acrescenta o artigo 615oº do Código Processo Civil, que se
não fundamentar a sua decisão esta é nula. Não sendo nem a doutrina nem a
jurisprudência vinculativas, o Conselheiro relator não tem qualquer
legitimidade no que diz.
Hipótese sobre o costume:
Sofia, aluna do 1o ano de Direito, foi surpreendida por uma brigada de
trânsito da GNR a falar ao telemóvel enquanto conduzia. Confrontada pelos
agentes, Sofia afirmou categoricamente que a sua conduta não era censurável pois
agia ao abrigo de um costume. Sofia explicou que a prática de falar ao telemóvel
durante a condução era reiterada não só por ela mas por todas as pessoas que
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conhecia, termos em que estariam reunidos os requisitos do costume, o qual pode
revogar a lei. Face à discordância dos agentes, Sofia afirmou que estes eram uns
legalistas sem conhecimentos verdadeiros e aprofundados sobre as Fontes de
Direito. Analise
criticamente as afirmações de Sofia.
Resolução: Para que se forme costume, é necessário que existam dois requisitos
apenas suficientes em conjunto. Sendo estes o elemento fáctico, a prática social
reiterada, e o elemento normativo, a convicção de obrigatoriedade/ juridicidade.
Neste caso, Sofia tem razão quando afirma que falar ao telemóvel é uma prática
social reiterada, contudo, não existe animus uma vez que é de convicção geral que é
uma prática ilegal ou seja, que não deve ser, embora as pessoas recorram nessa
ação. Não podendo, assim, constituir costume enquanto fonte de direito.
Acresce que no ordenamento jurídico português, por ser civil law, o costume não é
considerado fonte de direito imediata. ( art 1o no1 cc à São fontes imediatas do “
as leis e as normas corporativas” ) Assim, mesmo que estivéssemos perante um
caso de contra legem, ordenamento jurídico português não seria suficiente para
revogar uma lei.
Pode contribuir para a formação de regras jurídicas, e inclusivamente é tido em
conta em determinados casos mas apenas mediante pressupostos e casos
determinados por lei.
Conclui-se, assim, que as afirmações feitas por Sofia são inválidas e desprovidas de
fundamento jurídico.
_Interpretação da lei _
VER HIPÓTESES DA INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA, EXTENSIVA E RESTRITIVA -
SANDRA - Pág 348 , 344 e 341 (respetivamente). -> Mais simples.
1. Hipótese de exercício que inclui as várias modalidade de interpretação e a
hierarquia entre as mesmas.
Admita que a correta interpretação de um certo artigo algo ambíguo do Código de
Registo Civil dá direito aos advogados a requerem quaisquer certidões relativas aos
seus clientes. O problema que se põe em causa é que o artigo é de facto, ambíguo,e a
Direção Geral dos Registos e Notariado, excessivamente preocupada com a pretção
da vida e a privacidade das pessoas, emitiu uma circular, determinando que o s
conservadores e funcionários do registo civil só passassem certidões a pedido dos
advogados quando esses apresentarem procuração ou autorização dos seus clientes
que especificamente lhes desse poderes para requerer o tipo de certidão em causa.
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Zebedeu, M.D Advogado, insiste com um funcionário para que lhe passe a devida
certidão. O bom funcionário dizia: “eu até concordo com o Sr. Doutor, mas ordens
são ordens!, não posso ir contra uma circular da Direção-Geral” Q UID IURIS?
Resolução: Estamos perante uma situação em que uma circular que é uma ato
administrativo interpreta uma lei, limitando o seu conteúdo, pois a lei que permite
as advogados requererem quaisquer certidões relativas aos seus clientes é
interpretada no sentido dos funcionários só poderem passar certidões se
apresentada a autorização dos clientes. A questão em causa seria qual o valor que
tem a interpretação da admistração.
Estamos perante uma interpretação oficial ou administrativa, aquela que é feita por
uma norma de valor inferior à interpretada, pois é um regulamento que interpreta
uma lei. Esta modalidade de interpretação quanto ao critério da fonte ou valor, não
tem carácter vinculativo ou eficácia externa, isto é vale apenas no âmbito da
hierarquia administrativa (tem eficácia externa). Por isso, neste caso, o funcionário
do registo civil deve respeitar a circular da Direção Geral, o que não impede,
todavia, que o advogado venha a contestar em termos graciosos ou contenciosos.
Deste modo verifica-se que o funcionário tem razão e Zebedeu deverá recorrer
hierarquicamente ou contenciosamente da circular da Direção Geral dos Registos e
Notariado.
2. H
ipótese sobre a Interpretação ab rogante:
Suponha que o regulamento 119/09, estabelece o art 9º que os “Militares devem
entrar e sair fardados das suas unidades” e que no art 20º se dispõe que “os
militares podem entrar e sair da sua unidade em traje civil”.
Fernando militar, tem dúvidas em perceber o regulamento? QUID IURIS
Resolução: Aqui o intérprete terá de fazer uma interpretação ab rogante (resultado
da interpretação relativamente à conjugação do elemento lógico e literal) , segundo
ao qual se chega à conclusão que existe uma contradição insanável entre os
elementos lógico e literal, e que por esses motivos, não se consegue extrair da
norma nenhum sentido ou significado.
3. Hipótese onde consta a Interpretação enunciativa:
Imagine que existe uma norma segundo o qual é proibido ao inquilino realizar
obras de conservação no locado sem autorização do senhorio, sob pena de este
último poder resolver o contrato.
O Inquilino D fez obras que aumentaram o valor do local arrendado, mas não eram
necessárias para a sua conservação. Pode o Senhorio E resolver o contrato?
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Resolução: Se existe uma norma que proíbe a realização de obras de conservação
sem autorização do senhorio, de acordo com os elemento da interpretação e com o
art 9º, nº2 do CC, parece resultar que tal norma não abrange os casos de obras que
não são de conservação. Todavia a regra que impede as obras de conservação sem
autorização do senhorio podemos retirar uma outra regra implícita, através de
argumentos lógico-jurídicos, no caso o argumento “a minori ad maius” que diz
que sse proíbe o menos também se proíbe o mais, no sentido em que abrange as
normas realizadas do prédio que não são de conservação. Isto é se proíbe o sem
autorização do senhorio a realização de obras de conservação no prédio arrendado,
que são obras necessárias para a sua manutenção, logicamente fará sentido que as
restantes obras, não são necessárias para a sua habitabilidade, venham a estar
igualmente sujeito a tal autorização (independente do valor do prédio ou não),
porquanto poderão alterar a estrutura do prédio em moldes, não pretendidos pelo
senhorio.
Deste modo, fazendo uma interpretação enunciativa ou uma inferência lógica de
regras implícitas, concluímos que a norma deve ser aplicada ao caso concreto, e
como tal o senhorio E pode resolver o contrato de arrendamento celebrado pelo
inquilino D, pelo facto de este ter realizado obras no locado sem a sua autorização.
4. Hipótese que contém Integração de Lacunas (Teste 2014):
Estamos perante um problema de interpretação da lei. Para solucionar o
problema em causa temos de recorrer aos elementos da via interpretativa para
conseguir alcançar a norma que permite resolver o caso concreto em questão.
De acordo com o art 9º nº 1 do Código civil, para utilizar a via interpretativa
não se pode apenas cingir ao elemento literal como temos de também atender ao
pensamento legislativo e recriar o mesmo - “ A interpretação não se deve cingir à
letra da lei, mas reconstituir (...) o pensamento legislativo”.
Desse modo, começa-se por analisar o elemento literal - que nos diz “quem,
provocar a propagação da bactéria legionella pneumophila é punido com pena de
prisão ou multa” , quem intencionalmente provocar a bactéria em causa, sofrerá de
sanções.
Invocando o elemento lógico pelo artigo 9º nº2 que constitui no: Elemento
Historicista (as circunstâncias que levaram à elaboração da lei), Elemento
Sistemático (a unidade do sistema jurídico) e o mais relevante para solucionar o
caso o elemento teleológico (razão de ser da lei). Não estando presentes os dois
primeiros elementos, privilegia-se o elemento teleológico - deste modo a razão de
ser da lei apresentada seria evitar a expansão da bactéria. Para alcançar a norma
jurídica tem de existir o mínimo de correspondência entre a letra da lei e o espírito
da mesma como diz o art 9º nº2 do Código Civil. No caso concreto, não existe
nenhuma correspondência entre o espírito da lei e a letra da lei, pois a norma do art
2º, apenas abrange os casos de Legionella e não outros casos, como o espírito da lei
releva.
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Não podendo solucionar o caso nem por argumentos-lógicos, ou por
redução teleológica, estamos perante um caso de integração de lacunas.
Deste modo, como o juíz não se pode de abster de julgar em termos do art 8º
do Código Civil, pois o mesmo tem dever e obediência à lei, este caso reclama
solução jurídica - por via de integração de lacunas.
Uma lacuna é a ausência de uma norma jurídica que permite resolver uma
situação da vida social e que reclama de solução jurídica. O processo relevante, para
este caso concreto, - Analogia Legis, de acordo com o art 10º do Código Civil, onde
justificamos as semelhanças entre os casos (análogo e omisso), as semelhanças as
bactérias que encontramos que ambos apresentam a mesma solução jurídica, na
medida em que pretendem evitar que a população fique afetada pela propagação da
bactéria, outra semelhança relevante é que ambas se tratam de bactérias
contagiosas que necessitam de ser extintas. Não se tratando de uma norma
excepcional, passamos ao teste do art 11º do Código civil, onde as normas
excepcionais, não comportam aplicação analógica.
Deste modo, a empresa pode fechar (:::)
5. Hipóteses em que não se pode recorrer à analogia legis
● Normas incriminatórias (Penais) - Art 1º nº 3 do Código Penal (A
insegurança é maior se recorrer à analogia neste tipo de normas)
● Leis tributárias
● Normas excepcionais - Art 11º do Código Civil
Cessação e Vigência das leis_
Derrogação de uma norma ordinária pela lei dos Formulários
1. Em 24 de Agosto passado foi publicado o Decreto-Lei X com o seguinte teor:
«Considerando os incidentes ocorridos nas praias da Costa da Caparica com
caravelas portuguesas, e atendendo à necessidade de proteger os banhistas, o
Governo, nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da Constituição, decreta o
seguinte:
Artigo 1.º
1. É absolutamente proibido tomar banho nas praias Morena, Sereia e Hula-Hula
enquanto houver caravelas portuguesas ao largo das mesmas.
2. A inexistência de caravelas portuguesas nas praias referidas no n.o 1 deverá ser
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comprovada por parecer vinculativo do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos,
IP, publicado no sítio do referido instituto.
Artigo 2º
A violação do disposto no artigo anterior é punível com coima de 100,00 a 1000,00
euros.
Artigo 3.º
O presente Decreto-Lei entra em vigor imediatamente.»
Quando entrou em vigor o Decreto-Lei X?
Resolução: O art 2º, nº1, da Lei dos Formulários (nº78/98), de 11 de Novembro,
dispõe que em caso algum a vigência da lei se verificará no próprio dia da
publicação. Contudo tendo esta uma norma o teor de lei ordinária, pode ser
derrogada por uma outra lei mais recente ou superior, de acordo com os critérios da
hierarquia das fontes. O que acontece em situações de emergência onde se
prevalece a segurança em parâmetros como a saúde no caso mencionado, à
segurança jurídica que a Lei dos Formulários oferece. Deste modo, o diploma
apresentado tem entrada imediata no dia da própria publicação.
Hipótese sobre a Importância da Publicidade dos atos
. Suponha que, atendendo às comemorações do centenário da Primeira República,
foi promulgado, em Outubro de 2009, um Decreto-Lei que institui subsídios para a
produção de filmes sobre a implantação da República. O Decreto-Lei foi
amplamente divulgado na imprensa mas, por falha dos serviços da INCM, nunca foi
publicado no jornal oficial. Pode, hoje, Alexandra, realizadora de cinema,
candidatar-se a um subsídio ao abrigo do referido Decreto-Lei?
Resolução: o art 119º nº 2 dispõe que a falta de publicidade dos decretos leva à sua
ineficácia jurídica, o que significa que este decreto-lei nunca chegou a entrar em
vigor nema ser válido. Por essa razão alexandra não pode candidatar-se a um
subsídio do referido decreto.
Incompatibilidade dos decretos -> Critério da Publicidade !!! - Pág 402 livro da
Sandra
3. Hipótese sobre Retificações
O Decreto-lei 51/81 regula a concessão de crédito para habitação por bancos e
entidades afins. O Decreto-lei 511/81 regula sobre higiene e segurança em
mercearias e supermercados.
No dia 1 de Fevereiro, foi publicado o Decreto-lei X/2014, que regula sobre higiene e
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segurança em estabelecimento de venda ao público de quaisquer bens, fazendo-o
em moldes bastante diferentes dos do Decreto-lei 511/81. No dia 1 de Março, saiu no
DR uma Declaração de Rectificação, determinando que, onde, no Decreto-lei
X/2014 se lê “Decreto-lei 51/81” deve ler-se “Decreto-lei 511/81”. Os diplomas de
1981 estão revogados? Desde quando?
Resolução: O Decreto Lei X/2000 revoga o D.L 51/81: deste modo temos uma
revogação expressa, nos termos do art 7º nº2 do CC, que consta da última
disposição do D.L X/2000 “fica revogado o D.L 51/82”; também é uma revogação
substitutiva, visto haver uma nova regulação da matéria, e uma revogação total,
pois subentendemos que o D.L. 51/81 fica totalmente suprimido.
Em 1 de Março surge a declaração de retificação, determinando que, onde o D.L
X/200 se lê” o D.L 51/81” deve se ler “o D.L 511/81”. A Lei nº 74/98 de 11 de
Novembro permite que no seu art 5º a retificação pode leis publicadas, porque a
publicação deve refletir integralmente o texto original.
Deve se entender que é o D.L 511/81 que foi revogado, reportando-se, de acordo,
com o art 5 º nº 4, os efeitos da retificação à data de entrada em vigor do texto
retificado. O que significa que o D.L 511/81 encontra-se revogado desde 6 de
fevereiro.
Aplicação da lei no tempo_
Hipótese sobre a aplicação dos critérios específicos (Direito Penal Negativo)
Em 1981, André pratica um crime de homicídio doloso simples punido pelo Código
Penal, então em vigor, com pena de prisão de 16 a 20 anos. É julgado em 1983, à luz
do atual Código Penal, entretanto entrando em vigor, que para o mesmo facto prevê
uma pena de 8 a 16 anos. Qual a lei aplicável?
LA-----------------------------LN
PF (1981)-----------------Julgamento (1983)
Resolução: Neste caso, estamos perante um problema de aplicação da lei no tempo
na medida em que existem duas leis em causa: a lei nova e a lei antiga, e uma
situação que carece de solução jurídica, visto que a sua ação estabelece efeitos para
o futuro. A ação de André tem implicações e continua a produzir efeitos no futuro,
no momento da ação André estava abrangido pela lei que estava em vigor na altura,
no entanto na altura do julgamento entra uma nova disposição que altera a sanção
do crime de homicídio reduzindo a sua pena.
Antes de mais tem de se verificar a existência de Direito Transitório: em
sentido formal formaliza-se pela determinação da lei, ou seja, se é a lei nova ou a
lei antiga e aplica-se ao caso concreto em questão, ou seja a lei nova tem uma
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disposição sobre o problema de sucessão de leis, e em sentido material a lei nova
fixa uma regulamentação própria para resolver o problema de sucessão de leis, que
não coincide com a disciplina da Lei nova, nem da disciplina da Lei Antiga (regime
de Transição). Neste caso, não está presente o direito transitório visto que a lei
Nova não fixa qual o regime a aplicar, nem temos informação de uma
regulamentação própria.
Como não estamos perante um caso de direito transitório, recorremos ao art
nº 12 nº1 do Código Civil, que nos diz “a lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe
seja atribuída eficácia retroactiva presume-se que ficam ressalvados os efeitos já
produzidos pelos factos que a lei se destina a regular”, esta disposição mostra-nos
o critério geral para solucionar os problemas de sucessão de leis, que estabelece a
não retroatividade da lei, que se impõe por razões de estabilidade e segurança
jurídica, e garante a previsibilidade dos atos, contudo no caso apresentado não
estamos em matérias em que a retroatividade seja estritamente proibida, dado que
estamos perante a matéria de Direito Penal Negativo que despenaliza e reduz as
penas, visto que André no momento em que praticou o homicídio doloso, estava
abrangido pela Lei antiga que estabelecia uma pena entre 16 a 20 anos e a Lei Nova
reduz a sua pena para 8 a 16 anos, onde apresenta um conteúdo mais favorável para
o arguido, deste modo aplicamos o art 29º nº4 da Constituição da República, que
nos diz que “ Ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do
que as previstas no momento da correspondente conduta ou da verificação dos
respectivos pressupostos, aplicando-se retroativamente as leis penais de conteúdo
mais favorável ao arguido”, e o art 2º nº2 do Código Penal.
Hipótese sobre a aplicação dos critérios gerais e Cessação de uma Lei
Em 2000 é publicada uma lei que vem a punir com pena de prisão de 2 a 5 anos a
exportação ilícita de capitais. Do preâmbulo dessa lei resulta que a mesma visa
obstar a que, através do tráfico de capitais se continue a afetar a debilidade
económica do país. A lei prevê numa disposição final um prazo de vigência de 5
anos. Imagina que Mário pratica o facto em 2003, sendo julgado em 2006. Quid
Iuris?
LA (2000) --------------------- Fim da Vigência da Lei (2005)
PF---------------------------------Julgamento
(2006)
Resolução: Estamos perante um problema de sucessão de leis/ aplicação da lei no
tempo na medida em que existem duas leis: A lei Nova e a Lei Antiga que visam
reger um certo regime. Ao mesmo tempo também temos a prática de um facto que
se instaura na linha temporal entre estas duas leis. Esta situação carece de solução
jurídica, visto a prática do ato feito por Mário tem efeitos no futuro. Mário à luz da
lei antiga comete um crime de exportação ilícita de capitais que tem como sanção a
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pena de prisão de 2 a 5 anos. Contudo no caso apresentado temos uma situação em
que a Lei antiga tem uma vigência temporária de 5 anos ou seja a sua caducidade é
de 5 anos, logo deixa de estar em vigor em 2005, tratando-se de uma lei
temporária. Surge o problema que o julgamento de Mário é em 2006, e não se sabe
se deve-se aplicar a lei que já caducou, como o previsto no art 7º do Código Civil.
Temos de verificar se estamos perante direito transitório (determinação de
uma solução por parte do legislador), em sentido formal, se a Lei Nova já formaliza
a solução que se deve reger no conflito entre as duas leis, ou em sentido material se
a lei nova fixa uma regulamentação que permite resolver o problema de sucessão
de leis. No caso apresentado não existe indicação de um regime transitório, logo
não iremos utilizar esta via.
Ao não estar presente, o Direito Transitório, recorremos ao art 12º nº1, que
dispõe “A lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe seja atribuída eficácia
retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos
que a lei destina regular”, deste modo a disposição presente visa mostrar-nos os
critérios supletivos gerais que mostram o princípio da não retroatividade da lei, que
se impõe por razões de estabilidade e segurança jurídica, garantido a
previsibilidade de comportamentos. Contudo existem certas matérias em que a
retroatividade é estritamente proíbida como Direito Penal Positivo, no caso
apresentado estamos perante uma matéria de Direito Penal Negativo. À primeira
vista necessariamente parece que se está a utilizar o critério supletivo específico da
condição mais favorável ao arguido por força do art 29º da C.R.P, contudo o Código
Penal visa e consagra no art 2 nº3, que as leis de vigência temporária, deve-se
aplicar a lei vigente na altura da prática do ato, mesmo que anule a lei penal mais
favorável para o indivíduo. A aplicação da Lei Antiga temporária justifica-se de
modo a prever os comportamentos dos indivíduos, salvaguardar a aplicação das
leis penais e justificar os atrasos que podem existir no sistema de justiça.
Deste modo aplica-se a lei vigente no momento da prática do ato, logo Mário irá ser
condenado a de 2 a 5 anos de prisão.
Hipótese sobre sucessão de leis: Utilização de Estatutos
Cristina e Mariana são proprietárias de dois prédios contíguos desde 1990. A
relação de vizinhança e dos direitos e obrigações decorrentes remontam para essa
data. Em Novembro de 20006 uma nova lei veio alterar o conteúdo dessas relações.
Mariana interroga-se qual a lei que se deve aplicar à relações de vizinhança entre
ela e a Cristina.
LA --------------------------------------------LN (2006)
1990-----------------------------------------------... ?
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Resolução: Estamos perante um problema de aplicação da lei no tempo, onde
existem duas leis em confronto: a lei nova e a lei antiga, e uma situação jurídica que
carece de solução visto que estamos numa linha temporal onde temos uma ação
praticada, neste caso Cristina e Mariana serem proprietárias desde 1990 de dois
prédios contíguos, a lei nova vem a alterar o regime ou seja o conteúdo dessas
relações.
Tem de se averiguar se se está perante o regime de direito transitório, em
sentido formal se a Lei nova determinar uma disposição que resolva o problema de
sucessão de leis, ou em sentido material onde a Lei Nova fixa uma regulamentação
própria para a resolução dos problemas de sucessão de leis, contudo não é este o
caso, visto que não existem indícios para a probabilidade de existir direito
transitório.
Não existindo direito transitório, recorremos ao art 12º nº1 do Código Civil
que nos diz que “A lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe seja atribuída eficácia
retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos
que a lei se destina a regular”, esta disposição mostra-nos o princípio da não
retroatividade da lei que impõe a estabilidade e a segurança jurídica, e além disso a
previsibilidade dos atos. Há que verificar que existem matérias onde a
retroatividade é estritamente proibida como Direito Fiscal , e outras permitida,
como Direito Penal Negativo (retroatividade mínima). Contudo não estamos
perante este tipo de situação.
Recorremos então ao art 12º nº2, que concretiza o art 12º nº1, que para além
da segurança jurídica também existe princípio de maior adequação da lei atual à
situação jurídica atual, que justifica que em certos casos se opere através da
retroatividade. De acordo com os estatutos reais (Direito Real), tratando-se do
conteúdo de direito real visto que está a regular o conteúdo das relações entre
Cristina e Mariana, está em causa um efeito (os direitos e obrigações decorrentes
do direito à propriedade) que abstrair do facto ( modo de aquisição do direito de
propriedade) que lhe dá origem ou seja aplica-se o art 12º nº2 2ª Parte -
“(...), quando dispuser directamente sobre o conteúdo de certas relações jurídicas,
abstraindo-se dos factos que lhes deram origem, entender-se-á que a lei abrange
as próprias relações já constituídas que subsistam à data da sua entrada em vigor”
- desse modo aplica-se a Lei Nova, a lei de 2006, para Cristina e Mariana.
Hipótese sobre estatutos contratuais
Bruno e Pedro celebram um contrato de compra e venda em que o primeiro vende
ao segundo os seus livros de IED pela quantia de 350€. Dadas as necessidades de
Pedro para a preparação do exame, os livros são-lhes entregues imediatamente,
devendo efetuar o respetivo pagamento três meses depois. Na data de celebração do
contrato está em vigor o art 855º do Código Civil, que é posteriormente alterado,
passando a prever que nas transações de livros o pagamento diferido do preço
deverá ser feito por depósito do devedor no banco do credor.
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Decorrido o prazo de três meses Pedro não sabe onde deve cumprir a prestação a
que está obrigado. Quid Iuris?
Resolução: Estamos perante um problema de aplicação da lei no tempo, onde
existem duas leis em confronto: a lei nova e a lei antiga, e uma situação jurídica que
carece de solução visto que estamos numa linha temporal onde temos uma ação
praticada, neste caso Pedro e Bruno celebram um contrato compra e venda ao
abrigo do art 855º, que é posteriormente alterado passando a prever que nas
transações de livros o pagamento diferido no preço deverá ser feito por depósito do
devedor para o credor.
Tem de se averiguar se se está perante o regime de direito transitório, em
sentido formal se a Lei nova determinar uma disposição que resolva o problema de
sucessão de leis, ou em sentido material onde a Lei Nova fixa uma regulamentação
própria para a resolução dos problemas de sucessão de leis, contudo não é este o
caso, visto que não existem indícios para a probabilidade de existir direito
transitório.
Não existindo direito transitório, recorremos ao art 12º nº1 do Código Civil
que nos diz que “A lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe seja atribuída eficácia
retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos
que a lei se destina a regular”, esta disposição mostra-nos o princípio da não
retroatividade da lei que impõe a estabilidade e a segurança jurídica, e além disso a
previsibilidade dos atos. Há que verificar que existem matérias onde a
retroatividade é estritamente proibida como Direito Fiscal , e outras permitida,
como Direito Penal Negativo (retroatividade mínima). Contudo não estamos
perante este tipo de situação.
Estamos perante uma situação relativa ao conteúdo ou efeitos de um
contrato - o lugar de cumprimento de um contrato - por isso coloca-se a questão
de saber se temos uma parte do conteúdo do contrato ligado ou não à sua
constituição, que é dizer, determinar se tais efeitos abstraem ou não do facto que
lhes dá origem. Atendendo a que o art 885º do C.C prevê o pagamento diferido do
preço seja efetuado ao domicílio do credor no tempo do cumprimento, parece estar
em causa uma norma supletiva, porquanto, tal só ocorrerá no caso das partes nada
terem disposto a esse respeito. Acresce que a lei nova altera o local do pagamento
diferido para o depósito do banco do credor, mudando os efeitos da relação
contratual antes dos momentos da sua formação, desse modo aplicando o estatuto
de contratos consideramos estar em causa um efeito que não abstrair do facto que
lhe dá origem - celebração do contrato - como tal aplica-se a primeira parte do art
12º nº1 do Código Civil que diz “ Quando a lei dispõe sobre condições de validade
substancial ou formal de quaisquer factos ou sobre os seus efeitos, entende-se em
caso de dúvida que só visa os factos novos” - desse modo aplica-se a Lei Antiga,
logo Pedro deve cumprir a obrigação de domicílio de Bruno.
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Hipótese sobre o art 297º do Código Civil
Suponha que em 1999 é declarado de utilidade pública um terreno pertencente a
Tânia. Entretanto em julho de 2004 surge uma nova lei onde se dispõe que “a
declaração de utilidade pública caducará, se passado um ano sobre a sua
publicação, a entidade expropriante não tiver adquirido os bens por expropriação
amigável ou não tiver promovido a constituição de arbitragem nos termos do
Código das expropriações”.
O regime de caducidade introduzidos pela lei de Junho de 2004 aplica-se à
expropriação do terreno de Tânia?
Resolução: Estamos perante um problema de aplicação da lei no tempo, onde
existem duas leis em confronto: a lei nova e a lei antiga, e uma situação jurídica que
carece de solução visto que estamos numa linha temporal onde temos uma ação
praticada, no caso apresentado em 1999 o terreno de Tânia é declarado de utilidade
pública , contudo em 2004 surge uma nova lei que apresenta um prazo de
caducidade para os terrenos de utilidade pública, e Tânia necessita de saber se é
abrangida pela Lei Nova.
Tem de se averiguar se se está perante o regime de direito transitório, em
sentido formal se a Lei nova determinar uma disposição que resolva o problema de
sucessão de leis, ou em sentido material onde a Lei Nova fixa uma regulamentação
própria para a resolução dos problemas de sucessão de leis, contudo não é este o
caso, visto que não existem indícios para a probabilidade de existir direito
transitório.
Não existindo direito transitório, recorremos ao art 12º nº1 do Código Civil
que nos diz que “A lei só dispõe para o futuro, ainda que lhe seja atribuída eficácia
retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos
que a lei se destina a regular”, esta disposição mostra-nos o princípio da não
retroatividade da lei que impõe a estabilidade e a segurança jurídica, e além disso a
previsibilidade dos atos. Há que verificar que existem matérias onde a
retroatividade é estritamente proibida como Direito Fiscal , e outras permitida,
como Direito Penal Negativo (retroatividade mínima). Contudo não estamos
perante este tipo de situação.
Na presente situação, o decurso do prazo configura-se como um facto
extintivo de um direito - a declaração de utilidade pública e consequentemente a
expropriação de um terreno por parte da entidade expropriante. Este prazo
encontra-se em curso no momento da entrada em vigor da Lei Nova - pois trata-se
de um novo prazo e na situação analisada ainda não se tinha dado a aquisição de
bens. Por isso suscita-se a questão da aplicação do art 297º nº1 1º parte do Código
Civil. Dado estar em causa a fixação de um prazo outrora inexistente (antes da
aquisição dos bens podia ser feita a todo o tempo), subentende-se um
encurtamento do prazo e, como tal, deve-se usar o art 297º do Código Civil nº1
primeira parte, daí resultando a aplicação da Lei Nova a esta situação - a lei de
Junho de 2004.
24
T
utela Pública e Privada_
Hipótese sobre Estado de Necessidade
Eurico ao entrar no seu domicílio, verificou que o irmão Silvino que com ele
morava, se encontrava inanimado por intoxicação de gás de uma botija que a
empregada doméstica, Paula, deixará inadvertidamente aberta. Não dispondo
nessa altura de veículo próprio e encontrando-se estacionado proximamente o
automóvel do vizinho, Rui, que se achava ausente, Eurico arrombou a porta da casa
deste e retirou as chaves do seu veículo , tendo conduzido o irmão Silvino ao
hospital.
Devido a esta situação o automóvel ficou seriamente danificado, pois carecia
de reparações urgentes do motor, o que eurico ignorava. Tal facto, leva Rui
pedir-lhe uma indemnização, ao que Eurico responde ter sido Paula a responsável
pelo sucedido. Esta, por sua vez, invoca ser pessoa de reduzidos recursos
patrimoniais, ao contrário dos irmãos Eurico e Silvino. Quid Iuris?
Resolução: Estamos perante um caso de tutela privada, na medida em que, tutela
pública é a função que o Estado desempenha para tomar efetivas normas jurídicas
através de um aparelho cuja estrutura não é todavia assegura o cumprimento das
normas jurídicas, a tutela pública trata-se de uma regra geral ao invés que a tutela
privada é uma regra excepcional. A tutela privada trata-se da defesa de direitos
realizada pelos particulares nas situações legalmente previstas.
Estamos perante a tutela privada: Estado de Necessidade, na medida em que
o Estado de Necessidade, está previsto no art 339º do Código civil, é a situação em
que alguém encontra que justifica a licitude da ação de destruir ou danificar uma
coisa alheia para remover o perigo atual ou iminente de um dano manifestamente
superior. Alguns dos requisitos para uma ação ser considera Estado de Necessidade
são:
● Impossibilidade de recurso aos meios sancionatórios, neste caso, seria
impossível recorrer à autoridade pública visto que ao estarmos diante uma
intoxicação de gás, o contacto e chegada dos meios de auxílio médico
poderia fazer perigar a vida do irmão.
● Reação contra uma situação de perigo atual, alheia e pessoal, pois houve
uma fuga de gás que levou à intoxicação do seu irmão.
● Reação que se reflete contra uma coisa danificando-a - no caso, arrombou a
porta da casa do vizinho, Rui, e utilizou o carro deste, o que lhe causou
graves danos.
● Deve haver uma proporcionalidade entre a coisa sacrificada e o bem jurídico
que é salvo de perigo, prevista no art 339º nº1, parte final do Código Civil .
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este requisito também está preenchido porque Bernardo arrombou a porta e
utilizou o carro de Rui para salvar o irmão.
Estando preenchidas os requisitos do Estado de Necessidade, a atuação de Eurico é
lícita, pois está coberta por este meio de tutela privada. No entanto, tal facto não
afasta o dever de indemnizar, porquanto não deve ser o lesado (no caso Rui) a arcar
com os prejuízos. Assim, nos termos do art 339º nº2 do Código Civil, o juiz deve
fixar uma indemnização equitativa ao pagar pelo agente - Eurico, pelos que
contribuíram para o Estado de Necessidade - Paula e pelos que beneficiaram do
Estado de Necessidade e do ato do agente - Silvino- o irmão de Eurico. É claro que,
sendo esta indemnização equitativa deve atender à justiça do caso concreto, e por
isso, nesta situação, dado que a Paula não tem recursos materiais, ao contrário do
que sucedia com os Irmãos Eurico e Silvino, não se estranharia que o juiz viesse a
isentá-la de qualquer pagamento.
Hipótese sobre a legítima defesa
Devido a uma greve geral nos transportes públicas, Rute, após um cansativo dia de
trabalho, teve de regressar a casa a pé, e quando passava numa rua deserta, cerca
da meia-noite, é assaltada por Paulo, que lhe arranca violentamente do pescoço um
fio de ouro. Rute, apavorada, defende-se disparando sobre o Paulo e atingindo-o
no peito. Em consequência do disparo, Paulo morreu alguns dias depois.
Quid Iuris?
Resolução: Estamos perante um caso de tutela privada, na medida em que, tutela
pública é a função que o Estado desempenha para tomar efetivas normas jurídicas
através de um aparelho cuja estrutura não é todavia assegura o cumprimento das
normas jurídicas, a tutela pública trata-se de uma regra geral ao invés que a tutela
privada é uma regra excepcional. A tutela privada trata-se da defesa de direitos
realizada pelos particulares nas situações legalmente previstas.
Estamos perante a tutela privada: Legítima defesa, está prevista no art 337º
do Código Civil, é o ato que afasta uma agressão atual ou iminente ilícita, contra
uma pessoa, ou património do agente ou terceiro, quando não for possível recorrer
à autoridade pública e o prejuízo causado não exceder manifestamente o que
resultar de agressão. Rute age em legítima defesa pois:
● Impossibilidade de recurso aos meios coercivos normais - o que se
verifica, visto que subentendemos não estarem entidades policiais por
perto.
● Reação a uma agressão atual, pessoal ou patrimonial - pois Paulo
arranca com violência um fio do pescoço de rute.
● Esta legítima defesa é própria, porque rute se defende de uma
agressão a ela e a um bem dela.
26
● Proporcionalidade entre a reação (o disparo de rute sobre Paulo, e
agressão. Este requisito está previsto no art 337º nº1 do Código Civil,
onde se consagra a sua vertente da proporcionalidade em sentido
restrito ou de equilíbrio , e no art 337º nº2 do Código Civil, onde se
prevê a sua vertente de proibição do excesso ou necessidade, pois o
meio usado para travar a agressão deve ser o menos prejudicial.
Quanto à primeira vertente do princípio de proporcionalidade -
equilíbrio - não se impede que haja uma desproporção entre as
vantagens e os prejuízos que podem resultar da reação é impossível ao
agente medir com rigor os resultados da sua atuação. Assim na
situação a analisar, embora do disparo de rute tenha resultado a
morte de Paulo (o interesse do atacante que é posto em causa é a sua
vida), a verdade é que na circunstância em que esta se encontrava -
numa rua deserta e diante um homem que assaltava - o disparo por
ela efetuada não se revela manifestamente superior ao que poderia
resultar da atuação do ladrão, que lhe havia arrancado o fio de ouro
com violência , não sabendo o que mais lhe podia fazer. Quanto à
segunda vertente do princípio da proporcionalidade , a da proibição
do excesso ou necessidade do meio a usar- de todos os meios, o usado
deve ser o menos lesivo possível - verifica-se que em reação ao roubo
de um fio de ouro) poderiam existir medidas menos agressivas para
neutralizar o ladrão, além do disparo no peito que afinal se veio a
revelar mortal. Efetivamente Rute poderia atingi-lo numa perna ou
simplesmente ameaçar o ladrão com a arma para o forçar a entregar o
fio, ou mesmo para dissuadir de futuras agressões. Temos portanto e
por esses motivos uma situação de excesso de legítima defesa. Porém
este excesso de legítima de defesa é justificado, visto resultar do medo
não culposo do agente (aferido nos termos do art 487º nº2 do CC)
dado que rute devido à greve dos transportes, viu-se obrigada a ter de
regressar a casa a pé, atravessando ruas escuras e horas tardias,
situação que para qualquer pessoa (em especial mulher) seria
geradora de um medo acrescido.
Deste modo verifica-se existir um excesso de legítima defesa que é
justificado nos termos do art 337º nº2 do CC por ser uma atuação não culposa de
acordo com o art 487º nº2 do CC e como tal, a atuação de rute é lícita e não
geradora de responsabilidade civil nos termos do artigo 483º do Código Civil.
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Hipótese sobre a Ação Direta
Ao entrar no metro, Victor verifica que Guilherme tem em seu poder um anel
valioso, igual a um anel que aquele havia comprado na joalharia do seu grande
amigo Francisco, e que, dias antes havia sido furtado da sua casa. Victor dirige-se a
Guilherme, agarrando-o para lhe tirar o anel, sendo impedido por Guilherme que,
com um forte pontapé, lhe fratura a perna. Após esses factos conclui-se que o anel
possuído por Guilherme era propriedade deste, e apenas semelhante ao furtado a
Victor.
Resolução: Estamos perante um caso de tutela privada, na medida em que, tutela
pública é a função que o Estado desempenha para tomar efetivas normas jurídicas
através de um aparelho cuja estrutura não é todavia assegura o cumprimento das
normas jurídicas, a tutela pública trata-se de uma regra geral ao invés que a tutela
privada é uma regra excepcional. A tutela privada trata-se da defesa de direitos
realizada pelos particulares nas situações legalmente previstas.
Estamos perante um meio de tutela privada: Ação Direta, que está prevista
no art 336º do Código Civil, consiste no uso à força para evitar a inutilização prática
de um direito, no caso de ser impossível recorrer aos meios coercivos normais.
Pode consistir na apropriação, destruição de uma coisa ou eliminação de
resistência irregularmente aposto no exercício do direito, sendo que os seus
requisitos são: I mpossibilidade de recurso aos meios coercivos normais e de ordem
pública, em tempo útil de modo a evitar a inutilização prática do direito, o que se
verifica, visto que as autoridades públicas podem não chegar a tempo de impedir
Guilherme; Visa assegurar o exercício de direito próprio, acontece visto que está em
causa o direito à propriedade; P ressupõe uma atuação que pode ser consumada, não
tem de ser atual ou iminente e não pressupõe de agressão física, o que acontece
visto que Victor havia sido furtado há uns dias atrás; a reação pressupõe um
requisito de proporcionalidade e racionalidade (art 336º do Código Civil nº1 parte
final e n3), pressuposto que se verifica, pois o meio utilizado por Victor (agarrar
guilherme) foi o menos excessivo possível sendo também equilibrado na medida
em que procede segundo os seus interesses de recuperar o anel.
Contudo Victor induziu-se em erro, estando previsto no art 338º do Código
Civil, porque pensou que o seu anel estava nas mãos de Guilherme, afigurando-se
como indesculpável de acordo com o art 487º do Código Civil, na medida em que
qualquer outro cidadão poderia comprar o anel na joalharia do seu amigo
Francisco, visto que não se trata de uma peça única e exclusiva de Victor.
Havendo um erro indesculpável sobre os pressupostos de ação direta, a
conduta de victor é ilícita e existe um dever de indemnizar o lesado nos termos do
art 338º e 483º do Código Civil.
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