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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE

AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE


DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL E


DE MENSURAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL
Revista de Direito Ambiental | vol. 8/1997 | p. 107 - 131 | Out - Dez / 1997
DTR\1997\383

Luiz César Ribas


Engenheiro Florestal. Professor Assistente Doutor do Departamento de Economia e
Sociologia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual
Paulista

Área do Direito: Ambiental


Resumo: Resumo* A intenção do presente trabalho, o chamamento para reflexão, é de
duvidoso êxito por várias razões as quais não cabe aqui discutir (somente
destacar-se-ia, por exemplo, uma delas, a dificuldade de interação). Na pior das
hipóteses, acredita-se que valha a boa intenção quando da elaboração do mesmo, ainda
que se tenha forte convicção das idéias aqui defendidas. Esta mesma boa intenção
compensa os eventuais riscos de se expor temerariamente. Dentro deste contexto, o
trabalho é apresentado em quatro partes (processo de gestão ambiental, processo de
avaliação ambiental, processo de avaliação de danos ambientais e vinculação dos
referidos processos). Em sua primeira parte discute-se a transformação pela qual vem
passando o processo de gestão ambiental (termo este entendido como o gerenciamento,
a administração de problemas ambientais). Enfocam-se, nesta mesma parte do trabalho,
os principais agentes/atores do processo de gestão ambiental, bem como seus
respectivos papéis (onde defende-se que tanto os atores quanto seus papéis
encontram-se em constante alternância no que pertine ao grau de significância dentro
do processo de gestão ambiental como um todo). Prosseguindo-se ainda dentro da
primeira parte do trabalho, vincula-se o processo de gestão ambiental ao escopo do
"Neocorporativismo". Novos contextos para o processo de gestão ambiental são
apresentados para a definição dos principais atores e respectivos papéis e atores e dos
papéis (Socie-dade, Governo e demais agentes), procurando-se demonstrar a maior
expressividade do agente "Sociedade". Na segunda parte do trabalho, uma vez
estabelecida a discussão da gestão ambiental, procede-se à explanação sobre a questão
da avaliação ambiental propriamente dita. Neste sentido, discutem-se aspectos
conceituais diretamente vinculados à questão da mensuração ambiental, notadamente
no que concerne aos danos ambientais em perícias judiciais (vinculando-se as segunda e
terceira partes do trabalho). Aqui, conceitos básicos são introduzidos, a exemplo de
danos ambientais e perícia ambiental, ao mesmo tempo em que se efetua uma ligação
com o contexto jurídico propriamente dito. Discutem-se, em particular, determinados
tópicos de uma determinada metodologia de avaliação de danos ambientais, qual seja,
ribas (1996, c), ainda que não entrando diretamente no mérito da mesma (um destes
tópicos seria, por exemplo, os critérios básicos a serem perseguidos dentro de uma
sistemática de avaliação). Alguns elementos que reforçam conceitos defendidos dentro
da questão da avaliação ambiental são abordados (a exemplo de trabalhos de autores
conceituados, vertentes alternativas de avaliação ambiental e respectivos pontos para
reflexão). Ao final do trabalho, em sua quarta e última parte, num primeiro instante, ao
mesmo tempo em que se discute o estágio atual da transformação e a avaliação dos
papéis dos agentes do processo de gestão ambiental sugere-se, também, uma atitude
reflexiva por parte dos agentes do processo de gestão ambiental, (no sentido de atender
os objetivos almejados pela Sociedade e pelo Estado, em termos de qualidade de vida).
Num segundo e último momento, em tempos de problemática ambiental mundial
(camada de ozônio, efeito estufa), destaca-se o referencial conceitual básico a ser
observado por quem de dever quando do trato dos interesses ambientais da Sociedade e
do Estado
Passa-se 10% do tempo trabalhando na criação, no
desenvolvimento e no aprimoramento de novas idéias e, os
90% restantes do tempo, evitando que os outros destruam
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nosso trabalho. Nossas falhas são capitalizadas como


méritos pelos outros, mas nossos méritos também podem
ser entendidos como falhas dos outros... - Adaptado de
Mário Henrique Simonsen."Let my heart grow" - Metallica
Sumário:

- 1. Principais agentes/atores do porcesso de gestão ambiental - 2. Gestão ambiental e o


Neocorporativismo - 3. Enfoque na gestão ambiental: papéis, atores principais e
esclarecimento do processo - 5. Estágio atual da transformação e a avaliação dos papéis
dos agentes do processo de gestão ambiental - Parte II - Processo de avaliação
ambiental

Parte I - Processo de gestão ambiental

1. Principais agentes/atores do porcesso de gestão ambiental

Inicialmente, dando-se início ao desenvolvimento da primeira parte do trabalho, haveria


que se definir o que seria "processo de gestão ambiental".

Necessária far-se-ia, igualmente, uma apresentação dos agentes ou atores principais do


mencionado processo de gestão ambiental (apresentação esta dentro tanto do
entendimento mais tradicional quanto, alternativamente, de uma "leitura ambiental" de
certa forma descompromissada de rigor sociológico).

Semelhantes propósitos permitiriam um certa digressão conceitual para os fins últimos


de reflexão do processo de gestão ambiental em si por quem de dever.

1.1 Agentes do processo

No que pertine aos elementos do processo de gestão ambiental, haveria que se tomar
como válida a diferenciação, a segmentação entre os seguintes atores: (1) "Governo"
(Governos Federal, Estaduais, do Distrito Federal, Municipais, ou, alternativamente,
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como Ministério Público); (2)
"Empresas" (públicas, privadas, nacionais, transnacionais); (3) "Mercado" (cenário final
resultante do embate, da conjugação de forças de bens e serviços e suas respectivas
oferta e demanda de fatores de produção, dentro de um sistema de preços, em
ambiente capitalista); e (4) "Sociedade" (somatório final da interação de vários
segmentos que a comporiam, a exemplo dos movimentos populares, associações de
bairro, organizações não-governamentais ambientalistas ou não, opinião pública, mídia,
partidos políticos, igreja, enfim, segmentos diversos, mobilizados ou não).

Tais atores desempenhariam seus respectivos papéis dentro de um cenário, em um


palco ou, ainda, tendo como pano de fundo o que se denominaria por "Estado".

Neste sentido, haveria que se conceituar Estado de uma maneira até simples: "nação,
considerada como entidade que tem seu próprio governo e administração,
nação/sociedade politicamente organizada".

O ponto básico a ser destacado, antes de se definir o conceito de gestão ambiental seria,
portanto, a distinção dos elementos do processo de gestão ambiental entre Governo,
Empresas, Mercado, Sociedade e Estado.

De outro lado, entende-se ser factível tomar-se o Estado não somente dentro de uma
visão histórica e tradicionalmente aceita (uma determinada estrutura originária da
própria Sociedade) mas também, alternativamente, como o resultado final da interação
dos atores acima referidos dentro do contexto do atendimento dos interesses da
Sociedade como um todo.

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Em outras palavras, dentro de uma analogia futebolística, quiçá não infeliz, entende-se
que o Governo seria o conjunto representado pelos árbitro principal e auxiliares de uma
partida, dirigentes esportivos, regras do futebol e o regulamento do campeonato.

A Sociedade seriam as diferentes torcidas de um mesmo time ou não, seus familiares,


apreciadores ou não do referido esporte, enfim, as pessoas em seu conjunto.

As Empresas, por seu turno, seriam os times de futebol participantes de um dado


torneio, os clubes profissionais, os amadores, os da primeira divisão, bem como as
divisões inferiores, os times infantis, juvenis, adultos, ou seja, os "fornecedores" direta
ou indiretamente envolvidos na estrutura futebolística.

O Mercado seria o conjunto periférico em forma de bens/serviços futebolíticos


(uniformes, bolas, propaganda, transmissão, venda de ingressos, estacionamento, ou
seja, tudo o mais que sustenta um determinado campeonato em si, que gira em torno).

Por fim, o Estado seria não somente o estádio de futebol como também o próprio clube
esportivo, com todas as suas dependências e interações com o restante.

Naturalmente que, mesmo dentro deste enfoque futebolístico, a razão de ser do Estado
seria a própria Sociedade em si.

Dentro da digressão acima referida, entende-se que os interesses da Sociedade


poderiam não ser necessariamente refletidos ou, ainda, não guardarem uma mesma
correlação com os interesses do Estado (particularmente no âmbito ambiental).

Melhor explicando, a partir da aceitação da referida distinção entre os agentes Mercado,


Governo, Empresas e Sociedade, esta última pode não ter seus interesses atendidos pelo
Estado (no que pertine às áreas de proteção de mananciais, num exemplo ambiental).

Este mesmo Estado seria, ainda, entendido como o gestor da problemática ambiental
como um todo, face aos interesses dos demais agentes do processo de gestão
ambiental, a partir do atendimento dos interesses da própria Sociedade.

Dentro deste exemplo ambiental, os agentes do processo ambiental poderiam ser


conceituados como: (1) Sociedade (população sem moradia, população consumidora de
água, empregados das indústrias demandantes de água como insumo produtivo, opinião
pública, população em geral, organizações não-governamentais etc.); (2) Mercado
(múltiplos usos da água em área de proteção de mananciais); (3) Governo (Esferas
Federal, Estadual e Municipal, Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário); e (4)
Empresas (fornecedores e clientes de bens e serviços ofertados/demandados, derivados
do mercado "água").

1.2 Gestão ambiental

De outro modo, agora sob a ótica da definição do termo "processo de gestão ambiental",
entende-se que toda e qualquer Sociedade, dentro do contexto do Estado (enfatizando
tratar-se este da estrutura originada para atender os interesses desta mesma
Sociedade), enfrentaria uma série de problemas quanto à manutenção e melhoria de seu
nível de qualidade de vida.

Tais problemas deveriam ser adequadamente gerenciados pelos agentes do processo de


gestão ambiental, em seu conjunto, de forma a encontrar soluções que viessem de
encontro com a manutenção e/ou aumento deste mesmo nível de qualidade de vida.

Dentro da esfera circunscrita ao meio ambiente propriamente dito, a gestão ambiental


de vários problemas (poluição atmosférica, melhoria das condições dos recursos hídricos,
lazer, conservação dos recursos naturais, etc), conforme acima mencionado,
necessariamente redundaria em melhores condições de Estado (mais forte, saudável,
justo, eqüitativo, consistente, sólido, legitimado, soberano, representativo, melhor
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equilibrado economicamente, com um melhor posicionamento dentro de um contexto de


relações internacionais, inclusive), bem como na melhoria da qualidade de vida e, por
que não, do nível de felicidade da própria Sociedade.

Em síntese, os agentes deste processo de gerenciamento, de administração, de gestão


seriam, em conformidade com prévia definição, o Governo, as Empresas, o Mercado e a
Sociedade, os quais buscariam, dentro de um "pano de fundo" que seria o Estado,
formas de gestão dos problemas que afligiriam não somente o Estado como, em última
instância, a própria Sociedade.

De outra forma, dando continuidade a uma linha de raciocínio já apresentada em Ribas


(1997, a), Ribas (1997, c) e Ribas (1996, a), exemplificadamente, uma satisfatória
gestão ambiental induziria à melhores condições do próprio ambiente humano
(notadamente quanto ao escopo das políticas públicas vinculadas à saúde, habitação,
educação, segurança pública, alimentação, ao meio ambiente, transporte público,
emprego, saneamento básico, à seguridade social, etc.).

Por fim, para que tais objetivos sejam atingidos a contento, haveria que se discutir,
concretamente, se os papéis dos referidos atores do processo de gestão ambiental
(Governo, Mercado, Empresas, Sociedade) já estariam satisfatoriamente definidos,
dentro do cenário do Estado (assumido-se, a priori, que todos já teriam uma idéia, ainda
que relativa, do grau de influência, do nível de participação, das grandezas relativas dos
papéis desempenhados por tais agentes).

2. Gestão ambiental e o Neocorporativismo

Após a apresentação e conceituação do termo "gestão ambiental", bem como de seus


principais atores/agentes, necessário far-se-ia o esclarecimento do que se entende por
"processo de gestão ambiental".

Assim, inicialmente, ter-se-ia que a gestão ambiental de vários problemas que afligem a
Sociedade como um todo vem há tempos sofrendo um processo de transformação no
que tange à sua forma de condução (muito embora, assuma-se que os processos de
transformação no seio da Sociedade sempre sejam contínuos).

De qualquer forma, ressalta-se que a transformação deste processo de gestão não se


aplicaria única e exclusivamente aos problemas ambientais mas, sim, a aspectos cada
vez mais abrangentes, ainda que aparentemente circunscreva-se mais ao escopo das
chamadas políticas públicas.

Apenas para se citar um exemplo fora do escopo ambiental, veja-se a condução da


problemática habitacional gerada pelo questão da Encol, conforme fartamente veiculado
nos meios de comunicação, a exemplo de Rocha (1997), onde os agentes do processo de
gestão estariam constantemente alterando seus graus de representatividade (ora menos
Governo, Mercado e Empresas e mais Sociedade, ora mais Governo e Sociedade, ora
mais Mercado e Empresas).

Entende-se que esta situação reflete o processo de transformação pelo qual passa a
gestão de vários problemas que afligem a Sociedade brasileira e, em última instância,
reflete uma transposição da figura do próprio Estado (se se entender pertinente uma
leitura dos fatos atinentes a semelhante transfiguração a partir do contexto do
denominado "Neocorporativismo").

Neste sentido, apenas como exemplo da forma de abordagem do Neocorporativismo,


citar-se-ia Médici (1997).

O autor entende que o padrão de relações na representação de interesses sociais junto


ao Estado estaria alterando-se do corporativismo de Estado para o corporativismo social,
societal ou Neocorporativismo (forma em que, resumidamente, os diferentes grupos
sociais não mais colocam suas demandas diretamente para o Estado).
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Entende-se, conforme a seguir colocado, que esta leitura do Neocorporativismo caberia


na presente discussão quanto aos novos papéis dos agentes (Governo, Empresas,
Mercado, Sociedade) frente ao processo de gestão ambiental, dentro do contexto do
Estado.

Médici (1997), em seu trabalho, centra-se, basicamente, na discussão do


Neocorporativismo e uma de suas interfaces com o setor agropecuário paulista (as
câmaras setoriais).

Observe-se, paralelamente, que as questões ambientais e agropecuárias tendem muitas


vezes, inclusive, a convergir, a exemplo da discussão da queima da cana-de-açúcar,
conforme pode-se depreender de Graziano (1997).

Neste sentido, de Médici (1997), algumas indagações, alguns pontos poderiam ser
colocados para discussão e atitude reflexiva mais profundas do processo de gestão
ambiental e do papel dos seus principais agentes/atores (no sentido de atender os
interesses finais do Estado e, em última instância, da própria Sociedade).

Assim indagar-se-ia, preliminarmente: qual seria o estágio de preparação (qualificação,


representatividade etc.) dos agentes do processo, dos atores do processo de gestão
ambiental dentro deste contexto do Neocorportavismo?

Ainda, alguns pontos da discussão da questão do Neocorporativismo, no que concerne a


aspectos de deficiência, dizem respeito ao âmbito interno (governamental). Haveria que
se cuidar para o fato de tais deficiências também existirem no âmbito externo ao escopo
governamental e, portanto, também necessitarem de uma abordagem mais profunda.

De outro modo, quais as condições para que determinado segmento/interesse participe


do processo de gestão ambiental. Qual o critério? Qual a lógica no sentido de que o
resultado final refletiria, necessariamente, os interesses da Sociedade? Do Estado? De
quê forma os resultados do processo de gestão ambiental têm se espraiado no seio da
Sociedade?

Entende-se ser o caso desta leitura, destas indagações, desta discussão, do


chamamento à uma atitude reflexiva por parte dos vários agentes do processo de gestão
ambiental, a exemplo dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, Conselhos Estaduais
do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente, Comitês de Bacias
Hidrográficas, Comissões de Meio Ambiente, bem como de seus componentes (além de
tantos outros grupos existentes).

Por outro lado, ainda que a referência mais específica dentro do presente trabalho seja a
temática ambiental, não se poderia esquecer que o contexto acima discutido também
aplicar-se-ia a outras temáticas, a exemplo do Consumidor, do Sistema Financeiro, da
Habitação, da Saúde Pública, enfim, de todo e qualquer interesse do Estado e da própria
Sociedade em si.

3. Enfoque na gestão ambiental: papéis, atores principais e esclarecimento do processo

Em seqüência à apresentação do termo "processo de gestão ambiental" haveria que se


situar no tempo, com foco no momento presente, os aspectos de gestão ambiental, seus
atores e papéis, bem como o processo em si.

Assim, preliminarmente, um dos grandes incentivos para o star-up da transformação do


processo de gestão ambiental foi dado quando da promulgação tanto da Constituição da
República (LGL\1988\3) Federativa do Brasil, em outubro de 1988, como,
posteriormente, quando da elaboração das Constituições Estaduais, a começar pela do
Estado de São Paulo, em 1989.

3.1 Um novo contexto para a definição do papel da Sociedade

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Dentro deste enfoque constitucional, numa leitura essencialmente técnica, entende-se


que diversos conceitos foram, então, estendidos de forma extremamente ampla, tais
como: Cidadania (qualidade de cidadão), Cidadão (habitante, da cidade, aquele que está
no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado) e Estado.

Em corroboração ao acima disposto, defende-se que tais aspectos podem ser


depreendidos, exemplificadamente, da Carta Magna (LGL\1988\3), de maneira a
proporcionar-se o estabelecimento das novas bases da cidadania, a exemplo do próprio
Título (I) - Dos Princípios Fundamentais (de modo particular, os fundamentos da
República - soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do
trabalho e livre iniciativa, pluralismo político -, bem como os objetivos fundamentais da
República - sociedade livre, justa e solidária, desenvolvimento nacional, erradicação da
pobreza e da marginalização, redução das desigualdades sociais e regionais, promoção
do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação).

Aspectos que definem um pouco mais concretamente o conceito de Sociedade também


haveriam que ser lembrados, a partir dos direitos e deveres individuais e coletivos
previstos na Carta Magna (LGL\1988\3); igualdade perante à Lei, inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, igualdade entre
homens e mulheres em direitos e obrigações, ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, não submissão à tortura ou tratamento
desumano ou degradante, livre manifestação do pensamento - sendo vedado o
anonimato -, direito de resposta proporcional ao agravo, indenização por dano material,
moral ou à imagem, liberdade de consciência e crença, livre expressão da atividade
intelectual, artística, científica e comunicação, independentemente de censura ou
licença, inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação, inviolabilidade da casa do indivíduo, ninguém poderá penetrar sem o
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou prestação
de socorro, ou ainda, durante o dia, por determinação judicial, sigilo da correspondência
e das comunicações, salvo ordem judicial, livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (...), livre
acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional, locomoção livre no território nacional em tempos de paz, reunião livre entre
todos, pacificamente, em locais públicos, desde que avisadas as autoridades públicas,
liberdade de associação desde que não paramilitar, ninguém será compelido a
associar-se ou a permanecer associado, as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente, direito à propriedade, a propriedade atenderá a sua função social, a
lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição, direitos autorais, herança, sucessão,
defesa do consumidor pelo Estado, direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, direito à petição a certidões, a
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, direito
adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada, não existência do tribunal/júri de exceção,
existência do júri, não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal, a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e garantias fundamentais, racismo (tortura,
tráfico, terrorismo, crimes hediondos, ação e/ou omissão) como inafiançável e
imprescritível, sujeito à reclusão, constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático, pena intransferível da pessoa do condenado, tipos de penas (privação ou
restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, suspensão ou
interdição de direitos), inexistência de penas (de morte, perpétua, trabalhos forçados,
banimento e cruéis) (...), qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
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participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e


cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência, assistência jurídica gratuita do Estado em casos de insuficiência de
recursos (...), dentre outros.

Além do escopo dos direitos e deveres individuais e coletivos, haveria que se lembrar,
dentro do contexto de Sociedade, os direitos sociais (educação, saúde, trabalho, lazer,
segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos
desamparados), exemplificadamente.

3.2 Um novo contexto para o Governo e seu desempenho

Pertinentemente ao escopo do Governo, dentro da Carta Magna (LGL\1988\3), nunca


seria demais lembrar-se tanto alguns princípios (tais como da legalidade,
impessoabilidade, moralidade, publicidade, acessibilidade aos cargos, empregos e
funções públicas, concurso público), quanto aspectos vinculados à improbidade
administrativa.

Igualmente, em tempos contemporâneos, haveria que se lembrar determinados fatos,


ainda no âmbito do Governo, quais sejam:

1. Princípios gerais do Sistema Tributário Nacional;

2. União, Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir determinados tributos


(impostos, taxas - exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial, de
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados aos contribuintes ou postos a sua
disposição -, e contribuição de melhoria - decorrentes de obras públicas);

3. Limitação do poder de tributar;

4. Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; e

5. Repartição das receitas tributárias.

3.3 Novo contexto para os demais agentes

Para a definição do posicionamento dos demais agentes, dentro do processo de gestão


ambiental, no caso mais específico da correlação de forças entre Mercado, Empresas,
Sociedade e Governo, não seria demais lembrar-se, igualmente, alguns aspectos da
Carta Magna (LGL\1988\3), tais como aqueles vinculados aos princípios gerais da
atividade econômica:

1. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,


tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios: soberania nacional, propriedade privada, função
social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio
ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego;

2. A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros;

3. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,


estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua
natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a
economia popular;

4. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na


forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado;

5. A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional


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equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de


desenvolvimento;

6. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o


turismo como fator de desenvolvimento social e econômico; e

7. Função social da propriedade rural (critérios e graus de exigência estabelecidos em


lei, relativamente ao aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos
recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, observância dos
disposições que regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar
dos proprietários e dos trabalhadores).

4. Uma maior expressividade da socie-dade enquanto agente do processo de gestão


ambiental

De outro modo, entende-se que na Constituição do Estado de São Paulo, promulgada em


1989, é que semelhante processo de transformação da gestão ambiental pode ser
melhor depreendido (no sentido da alternância dos papéis desempenhados pelos
principais agentes citados, com um destaque especial para a Sociedade enquanto agente
do processo de gestão ambiental). Assim ter-se-ia, por exemplo:

1. Art. 180, inc. II.

No estabelecimento de diretrizes e normais relativas ao desenvolvimento urbano, o


Estado e os Municípios assegurarão:

(...)

II - a participação das respectivas entidades comunitárias no estudo, encaminhamento e


solução dos problemas, planos, programas e projetos que lhes sejam concernentes;

(...)

2. Art 191.

O Estado e os Municípios providenciarão, com a participação da coletividade, a


preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural,
artificial e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais e em harmonia com
o desenvolvimento social e econômico;

3. Art. 192, § 2.º

A licença ambiental, renovável na forma da lei, para a execução e a exploração


mencionadas no caput deste artigo, quando potencialmente causadoras de significativa
degradação do meio ambiente, será sempre precedida, conforme critérios que a
legislação especificar, da aprovação do Estudo Prévio de Impacto Ambiental e respectivo
relatório a que se dará prévia publicidade, garantida a realização de audiências públicas;

4. Art. 193

O Estado, mediante lei, criará um sistema de administração da qualidade ambiental,


proteção, controle e desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos recursos
naturais, para organizar, coordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da
administração pública direta e indireta, assegurada a participação da coletividade, com o
fim de:

(...)

V - informar a população sobre os níveis de poluição, a qualidade do meio ambiente, as


situações de risco de acidentes, a presença de substâncias potencialmente nocivas à
saúde, na água potável e nos alimentos, bem como os resultados das monitoragens e
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auditorias a que se refere o inc. IV deste artigo;

(...)

XV - promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação,


conservação e recuperação do meio ambiente;

(...)

XVIII - incentivar e auxiliar tecnicamente as associações de proteção ao meio ambiente


constituídas na forma da lei, respeitando a sua autonomia e independência de atuação;

(...)

5. Art. 201

O Estado apoiará a formação de consórcios entre os Municípios, objetivando a solução de


problemas comuns relativos à proteção ambiental, em particular à preservação dos
recursos hídricos e ao uso equilibrado dos recursos naturais; e

6. Art. 205

O Estado instituirá, por lei, sistema integrado de gerenciamento dos recursos hídricos,
congregando órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil, e assegurará meios
financeiros e institucionais para:

(...)

VI - a gestão descentralizada, participativa e integrada em relação aos demais recursos


naturais e às peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica;

(...)

5. Estágio atual da transformação e a avaliação dos papéis dos agentes do processo de


gestão ambiental - Parte II - Processo de avaliação ambiental

Vários exemplos podem ser tomados no sentido de se verificar a transformação que vem
se dando contemporaneamente, a partir do star-up acima mencionado, no sentido da
alteração de papéis dos vários atores (Mercado, Governo, Empresas, Sociedade) dentro
do processo de gestão ambiental junto ao Estado, num contexto de Neocorporativismo.

Tais exemplos refletiriam como os atores/agentes do processo de gestão ambiental


atuariam de modo a transformar/alterar os papéis dos vários atores do processo de
gestão ambiental.

Assim, por exemplo, Bolsão... (1997) dá conta da atuação de determinada associação de


bairro (um dos vários segmentos da Sociedade) no sentido de propor alternativas de
gestão ambiental (no caso, a criação de um bolsão residencial, impedindo o trânsito de
passagem no bairro, procurando frear o processo de invasão comercial, equilibrando o
tráfego local, dentre outros objetivos).

Neste caso, um dos papéis principais, no caso, o do Governo, estaria sendo substituído
por um ator coadjuvante? Um dos atores de primeira grandeza estaria sendo substituído,
dentro de seu papel principal?

Bolsão... (1997) indica, por outro lado, que a forma de apresentação das alternativas de
gestão ambiental, no caso específico do citado bolsão residencial, não seria consensual
nem mesmo dentro do próprio segmento específico da Sociedade, haja vista que
determinados moradores de regiões próximas temem ser prejudicados com eventuais
alterações do trânsito local.

Aqui, que agente deveria estar atuando no sentido de dirimir, de buscar soluções para
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tais questões de gestão ambiental? Não seria, por acaso e justamente, o Governo?

Outros exemplos da mudança de papéis, da alteração de personagens, de atores


principais e coadjuvantes, dentro da questão da forma de condução do processo de
gestão ambiental podem ser citados.

Nesta linha, ter-se-ia a ACM (1997), ao mencionar que um determinado segmento da


Sociedade estaria assumindo a administração de um centro comunitário.

Ainda, haveria Moradores... (1997), ao citar que determinado segmento da Sociedade,


um movimento de moradores locais, estaria buscando o resgate da qualidade de vida no
bairro, a melhoria das condições de trânsito local, propondo um sistema dito "Acesso por
Capilaridade", eliminando o afluxo de veículos tão somente para fins de vias de
passagem, propondo a alteração de linhas de ônibus, combatendo a má utilização das
vias locais pelo sistema de transporte público, demandando a construção de valetas para
diminuição, dentre outros intentos.

Estes exemplos, que poderiam muito bem traduzir a fase de mudança do processo de
gestão ambiental, no que pertinente ao papel dos principais atores/agentes (Governo,
Sociedade, Mercado, Empresas), bem como do próprio cenário em si (Estado),
acarretam fortes impactos ambientais vinculados aos aspectos de zoneamento, de
legislação, de planejamento ambiental, de ordenamento territorial, de qualidade de vida,
dentre outros aspectos.

Críticas quanto ao insatisfatório desempenho do papel do Governo, por parte dos outros
agentes, dentro deste processo todo, podem ser observadas, a exemplo de Qualidade...
(1997), ao sugerir que a morosidade do encaminhamento de problemáticas vinculadas à
gestão ambiental, ao prejudicar a qualidade de vida, dá margem à solução pela via do
Poder Judiciário/Justiça (neste caso, Governo contra o próprio Governo...).

Ainda dentro deste último escopo, ou seja, formas contraditórias e/ou conflituosas de
gestão ambiental por parte dos agentes do processo, no caso específico o Governo,
observe-se a forma de gestão ambiental disposta ao longa da Constituição do Estado de
São Paulo, particularmente no que concerne às seguintes passagens:

1. Art. 210

Para proteger e conservar as águas e prevenir seus efeitos adversos, o Estado


incentivará a adoção, pelos Municípios, de medidas no sentido:

I - da instituição de áreas de preservação das águas utilizáveis para abastecimento às


populações e da implantação, conservação e recuperação de matas ciliares;

(...)

2. Art. 199

O Poder Público estimulará a criação e manutenção de unidades privadas de


conservação.

(iii) Caça/Constituição da República (LGL\1988\3) Federativa do Brasil.

Competências da União; (...) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,


defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição, proteção ao patrimônio histórico, cultural, turístico e paisagístico,
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, (...)

(iv) Caça/Constituição do Estado de São Paulo

Art. 204. Fica proibida a caça, sob qualquer pretexto, em todo o Estado.
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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

Art. 223. A proteção da quantidade e da qualidade das águas será obrigatoriamente


levada em conta quando da elaboração de normas legais relativas a florestas, caça,
pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e demais recursos naturais e ao
meio ambiente.

Tais pontos, em especial, têm uma particular conotação com a atual forma pela qual os
agentes mencionados conduzem o processo de gestão ambiental, relativamente a pontos
extremamente relevantes em termos de Estado como, também, da própria Sociedade
(esta enquanto finalidade última daquele), quais sejam implantação das Unidades de
Conservação, caça e recuperação de matas ciliares.

Estes aspectos, de uma outra forma, pertinentemente ao escopo da gestão ambiental


poderiam também ser vislumbrados em Ribas (1997, b)

O mais interessante desta discussão é que este mesmo agente por vezes fortemente
criticado, o Governo, procura dar resposta à altura dos reclames dos outros agentes do
processo de gestão ambiental, conforme depreende-se de São Paulo... (1997), ao
mencionar determinado projeto de lei que cria, no caso específico da cidade de São
Paulo, o conceito de "Bairros Verdes" (transformação dos bairros em áreas de
preservação ambiental, bem como tratamento similar no que pertine aos parques e
jardins da mesma cidade).

De outro modo, outros exemplos poderiam ser citados no sentido de demonstrar-se que
o agente/ator Governo estaria cumprindo insatisfatoriamente seu papel dentro do
escopo da condução do processo de gestão ambiental: Região... (1997), ao demonstrar
a questão de determinada situação de saúde pública (no caso meningite, muito embora
outras doenças poderiam ser citadas, tais como, o sarampo); Largo... (1997), ao
demonstrar a questão falha da gestão ambiental de determinados aspectos, tais como
limpeza e segurança e saúde públicas, bem como ordenamento territorial; e Entidades...
(1997), ao mencionar que determinado segmento da Sociedade pretende protestar
contra o constante aumento dos imposto no Brasil, pedir pela reforma tributária e a
redução da carga tributária.

Este último aspecto em particular tem uma correlação com a gestão ambiental
altamente relevante.

Neste sentido, ressalte-se Conta... (1997), onde sugere-se o aumento das taxas de
água, de modo às concessionárias de abastecimento pagarem para recolher água de
qualquer fonte hídrica, repassando este custo, naturalmente, aos usuários.

O referido intento, dentro de um pertinente projeto de cobrança pelo uso da água,


pretende, dentre outras coisas, diminuir o desperdício de água e a melhoria da qualidade
e da distribuição de água dentro das bacias hidrográficas.

Seria uma determinada forma que o Governo estaria propondo para conduzir o processo
de gestão ambiental dos recursos hídricos. Forma esta a qual, além de, neste caso,
deixar marcante o papel do agente "Governo", aqui sim, como ator principal, sugere
uma eficiência/eficácia que somente poderá ser comprovada a médio prazo,
temerariamente (este ponto, em particular, será retomado adiante nas Partes II e III do
presente trabalho).

Nos casos acima discutidos, que fatos induziriam à constante alteração dos papéis (ora
principal, ora secundário, marginal) do agente Governo dentro do processo de gestão
ambiental como um todo? Por que, em alguns casos, o seu papel seria marcantemente
relevante, principal, a exemplo do citado em Conta... (1997), enquanto que em outros,
tais como o caso de Largo... (1997), seu papel ser secundário, quando não próximo de
omisso?

Uma outra situação, ainda, seria quando vários agentes do processo de gestão ambiental
(Empresas, Governo, Mercado, segmentos da Sociedade), na busca do eficaz e eficiente
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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

atendimento dos interesses da Sociedade como um todo, deliberam de maneira


conjunta, a exemplo de Billings... (1997), onde o conjunto, traduzido particularmente
enquanto Conselho Estadual do Meio Ambiente, como proposta de despoluição do rio
Pinheiros, aprovou a oxigenação do referido corpo de água.

Como efeito indireto deste encaminhamento da gestão ambiental da poluição do rio


Pinheiros haveria, ainda, o bombeamento de parte de suas águas para a represa Billings,
dentro de um contexto de controle de enchentes/alagamento da região das marginais,
abastecimento de água e geração de energia elétrica.

Os reais interesses do Estado e da Sociedade como um todo, a exemplo tanto do


controle de enchentes, da despoluição do rio Pinheiros e da melhoria da qualidade da
água, quanto de seus efeitos secundários (abastecimento de água e geração de energia
elétrica), seriam efetivamente atendidos? Seria esta a melhor forma de condução do
referido aspecto de gestão ambiental? Estariam sendo os interesses da Sociedade
plenamente atendidos por esta forma de encaminhamento da referida problemática de
gestão ambiental? A Sociedade estaria de acordo? A Sociedade estaria acompanhando o
processo? A Sociedade estaria informada? Quais seriam os impactos ambientais finais
decorrentes desta forma de condução do processo de gestão ambiental, em termos de
Estado?

Parte II - Processo de avaliação ambiental

1. Uma introdução à avaliação ambiental

Após o arrazoado produzido até o presente instante, onde o processo de gestão


ambiental foi discutido, passa-se a introduzir o tema da avaliação ambiental dentro de
um enfoque seguramente diverso daquele que se tem procurado estabelecer.

Preliminarmente, no entanto, manifestam-se sinceros agradecimentos a diversos


profissionais que vêm acompanhando o desenvolvimento dos trabalhos relativos ao tema
central do presente trabalho.

Dentro deste mesmo escopo e introduzindo-se à parte a avaliação ambiental,


indagar-se-ia: Quanto vale este tipo de agradecimento? Quanto vale esta amizade?
Como avaliar? Como quantificar? A quantificação, a avaliação, a retribuição, a
compensação, o ressarcimento são de fundo pecuniário?

Tais questionamentos permitem a dedução de que o processo de avaliação ambiental


não é tão simples assim (no sentido de uma quantificação monetária e/ou física pura e
simples).

Nesta mesma linha, de modo a apresentar alguns dos principais aspectos do processo de
avaliação de impactos ambientais, positivos e negativos, haveria que se repassar Ribas
(1996, c).

Assim, inicialmente, entende-se que o termo valor seria definido como "uma expressão
da capacidade de um bem ou serviço de satisfazer necessidades humanas e
econômicas".

Ainda, haveria três teorias de avaliação de maior significância: Teoria Objetiva, Teoria
Subjetiva e Teoria Gerundiva.

Na Teoria Objetiva, para efeitos de avaliação, considerar-se-ia o valor como uma


propriedade absoluta e praticamente imutável.

Com relação à Teoria Subjetiva, o valor seria considerado unicamente como uma
expressão da preferência do indivíduo.

Finalmente, com relação à Teoria Gerundiva, o valor seria considerado em relação ao


objetivo que determinados bens e serviços devem preencher.
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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

Quando do procedimento da estimativa do valor de mercado, por exemplo, dar-se-iam


os mais variados propósitos: orientação de atos de compra/venda, decisões quanto à
escolha entre alternativas, avaliações comparativas, avaliações fiscais, análises de
garantias, estimativas de prejuízos, efeitos de indenizações e, finalmente, determinação
da importância de qualquer setor ou produto.

O processo de avaliação ambiental naturalmente consideraria, de outro modo, impactos


ambientais tanto de natureza físico-química (salinização, perda da fertilidade natural do
solo, a poluição hídrica a jusante, a contaminação do lençol freático, dentre outros),
quanto socioeconômicos (questão do reassentamento, mudança do perfil tecnológico, do
choque cultural etc.), além dos biológicos (estes confundindo-se um pouco com os
impactos físico-químicos).

Alguns autores entendem a sistemática da avaliação ambiental como sendo parte


componente do processo de planejamento com vistas à identificação e avaliação
quantitativa e qualitativa de impactos ambientais relativos ao desenvolvimento de um
projeto, como, também, a definição de políticas e estratégias requeridas para
monitoramento e controle de tais impactos.

Em outras palavras, o processo de avaliação de impactos ambientais tratar-se-ia de um


processo sistêmico de avaliação, monitoramento e controle de impactos ambientais
decorrentes das atividades humanas, dentro do contexto do desenvolvimento
sustentado.

Como conseqüência natural da avaliação de impactos ambientais, surgiria, ainda, a


necessidade da apresentação de um Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente - RIMA
(relatório técnico, produzido da maneira o mais sucinta e sistematizada, com vistas à
discussão em audiências públicas, após ser submetido, anteriormente, à análise de
corpos técnicos pertinentes à questão do licenciamento ambiental de empreendimentos).

Entende-se, por fim, que o espírito do RIMA no país estaria distorcido, vinculando-se
mais às questões legais e administrativas para obtenção de licenças ambientais do que,
necessariamente, ao processo de avaliação de impactos ambientais conforme acima
descrito.

Há autores que tratam a questão da avaliação dos impactos ambientais sob o ponto de
vista da viabilidade técnica, econômica, social, política e, naturalmente, ambiental, de
determinados projetos de desenvolvimento econômico.

Neste sentido, as principais finalidades da utilização dos métodos de avaliação de


impactos ambientais de um determinado projeto, seriam:

(a) Perda de recursos naturais preciosos ou não repostos, bem como a justificativa
destas perdas;

(b) Eventuais sacrifícios a longo prazo dos recursos naturais e seus valores em favor de
ganhos imediatos de determinado projeto;

(c) Criação de aspectos ambientais altamente polêmicos e a administração dos mesmos;

(d) Espécies em risco de sobrevivência e sua justificativa;

(e) Desencadeamento de futuras ações envolvendo aspectos/questões ambientais


sensíveis;

(f) Desencadeamento de impactos ambientais não diretamente vinculados ao projeto em


si;

(g) Consistência do projeto com política de relações internacionais; e

(h) Consideração de alternativas, técnica e ecologicamente mais viáveis.


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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

De todo modo, independentemente da sistemática específica de avaliação ambiental


estabelecida, acredita-se que o principal problema estaria relacionado ao elevado grau
de inferência humana, baseado numa escala de valores altamente subjetiva por parte
dos mais amplos segmentos da sociedade.

Alguns outros aspectos relevantes do processo de avaliação ambiental a serem


destacados de Ribas (1996, c) seriam:

(a) Impactos ambientais avaliar-se-iam em termos de magnitude relativa (quantidade,


tamanho e duração), bem como de importância (qualidade e significância);

(b) A avaliação de impactos ambientais tratariam de uma análise comparativa entre a


situação prognosticada futura (sem a realização do projeto) e a situação resultante ao
final da realização de determinado projeto;

(c) Haveria que analisar-se, pois, as prováveis situações (anterior e posterior) quanto
aos aspectos socioeconômicos, antrópicos, artísticos-culturais, físicos, biológicos,
químicos, locacionais-alternativos, de alternativas tecnológicas, de apropriação do
espaço (uso e ocupação do solo), do uso alternativo de recursos, dentre outros;

(d) Independentemente do método de avaliação de impactos ambientais, a relação


impactos ambientais positivos/negativos dar-se-ia a partir de um julgamento de valores
extremamente relativos por parte da sociedade;

(e) Esta mesma escala de valores, com relação aos impactos ambientais positivos e
negativos, poderia ser modificada dentro de um mesmo segmento da sociedade com o
transcorrer dos anos (conforme os fatos desenvolvam-se, bem como alterem-se a
qualidade e quantidade das informações disponíveis).

No que tange ao processo de avaliação ambiental em si, alguns autores entendem que
os métodos de avaliação de impactos ambientais mais comuns seriam:

(a) Metodologia ad hoc (identificação de amplas áreas de possíveis impactos);

(b) Metodologia de sobreposição (de mapas individuais de características físicas, sociais


e econômicas);

(c) Metodologias que analisam listas de comprovação (parâmetros ambientais que


deveriam ser investigados sobre a possibilidade de que produzam impactos ambientais);

(d) Metodologias de matriz / diagrama de fluxo (relação causa/efeito);

(e) Metodologia de inter-relações (conjunto de possíveis impactos que possam ser


ocasionados em respectivas ações apropriadas, bem como determinação de
conseqüências diretas e indiretas destas ações); e

(f) Metodologias que se baseiam em modelos matemáticos ou físicos apoiados, em


parte, em ensaios experimentais.

Por outro lado, o processo de avaliação de impactos ambientais resultaria em, pelo
menos, três alternativas:

(a) Não há impactos significativos; não se necessitam medidas mitigadoras;

(b) Necessidade de revisão do projeto (estabelecimento de medidas preventivas,


prescrição de ações; alterações no programa de execução dos projetos); e

(c) Necessidade de avaliação detalhada de impactos biofísicos e/ou socioeconômicos


(identificação de ações, recomendações de medidas preventivas reparadoras ou
mitigadoras, bem como a predição de possíveis impactos residuais/indiretos).

A partir das diversas visões sob as quais a questão ambiental é enfocada em Ribas
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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

(1996, c), constatar-se-ia que o país ainda vem desenvolvendo tanto uma "cultura"
ambiental, quanto uma base de dados ambientais.

De outro modo, do referido trabalho, algumas condicionantes principais


apresentar-se-iam, por fim, pertinentemente ao processo de avaliação ambiental:

(a) Existem alguns princípios básicos que devem ser seguidos quando da utilização de
qualquer metodologia de avaliação de impactos ambientais para que a conservação dos
recursos naturais chegue a bom termo, tais como: consideração de aspectos
socioeconômicos, observação da escala de valores da sociedade sobre os impactos
ambientais, dentre outros;

(b) Diversas são as metodologias existentes para cuja utilização devem ser observados
alguns pontos como, por exemplo, os impactos ambientais e seus efeitos no curto e
longo prazos (diferentemente de um caso a outro), impossibilidade de generalização de
qualquer situação ambiental e especificidades dos projetos com relação à avaliação dos
impactos ambientais, tendendo a não permitir que se generalize o emprego de uma ou
outra metodologia;

(c) Para que se chegue, realmente, a uma metodologia de avaliação de impactos


ambientais mais adaptada às condições do meio ambiente brasileiro, é preciso que os
diversos segmentos da sociedade brasileira procurem encontrar o consenso, a partir da
consideração das mais variadas especificidades dos segmentos desta mesma sociedade;
e

(d) Finalmente, é necessário que se desenvolva esta "cultura" ambiental, bem como esta
base de dados ambientais para que as metodologias de avaliação de impacto ambiental
possam ser, realmente, eficientemente empregadas.

Parte III - Processo de avaliação de danos ambientais

Acredita-se que o tema da mensuração de danos ambientais em perícias judiciais afetas


à temática do meio ambiente enquadrar-se-ia como uma especificidade do processo de
avaliação ambiental e, para fins de sua contextualização, far-se-ia necessária a
apresentação de dois tópicos básicos, primeiramente, quais sejam danos ambientais e
perícia ambiental.

Danos ambientais devem ser entendidos em termos de degradação ambiental das


particulares condições de determinado meio, à luz de alguns diplomas legais
referenciais, a exemplo da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), da própria
Carta Magna (LGL\1988\3), das Constituições Estaduais, da Lei 6.766/79, do Código
Florestal (Lei 4.771/65), bem como legislações que regem determinados temas mais
específicos a esta ou aquela causa ambiental propriamente dita (Lei de Proteção de
Mananciais, Poluição Atmosférica, Resíduos etc.).

A compreensão do termo "perícia ambiental", por outro lado, envolve dois aspectos
básicos: os agentes do processo ambiental como um todo e o termo em si dentro de sua
"leitura" jurídica.

Como agentes principais vinculados à realização da perícia ambiental, dentro da linha já


desenvolvida na Parte I deste trabalho, ter-se-iam o Poder Judiciário, o Ministério
Público, as Organizações Não-Governamentais, a Ordem dos Advogados do Brasil
(representando determinado segmento em particular), as Empresas, bem como a
Sociedade.

Estes agentes, dentro de um ambiente de Mercado, com o Estado como "pano de fundo",
interagem com vistas à solução de determinados conflitos de interesses (antrópico
versus ambiental), numa demanda judicial dentro da temática do meio ambiente.

Pertinentemente à contextualização jurídica do termo "perícia ambiental" entende-se,


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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

num primeiro instante, ser inegável que a questão do meio ambiente encontra-se
definitivamente estabelecida dentro do mundo moderno.

As decisões econômicas, políticas e sociais deliberadas pelas nações, pelos governos,


pelos cidadãos (particularmente pelos consumidores), bem como pelas empresas,
acabam tendo que necessariamente considerar a temática ambiental.

No caso brasileiro, especificamente, o meio ambiente encontra-se, conforme já


mencionado, extensivamente abordado em diversas legislações pertinentes ao tema, a
começar pela própria Constituição da República (LGL\1988\3) Federativa do Brasil,
promulgada em outubro de 1988, passando-se, ainda, pela Constituição dos Estados
Brasileiros, bem como pelas Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal.

A Carta Magna (LGL\1988\3), por exemplo, inova dentro da temática ambiental, ao


estabelecer que os Estados, Municípios e Distrito Federal podem legislar supletiva e
concorrentemente à União, no tocante a vários assuntos, dentre os quais insere-se,
especialmente, a questão do meio ambiente.

Um determinado aspecto deste cenário todo encontra-se definitivamente estabelecido e


vem sendo utilizado como instrumento de política ambiental, bem como, enquanto forma
de defesa dos interesses difusos e coletivos (dentro dos quais o meio ambiente
enquadra-se), por parte do Ministério Público Federal, dos Estados e do Distrito Federal,
através das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente.

Assim, o meio ambiente, enquanto um patrimônio público (cf. art. 2.º, I, da Lei
6.938/81), ao sofrer qualquer tipo de dano, implica em lesão aos interesses muitas
vezes de toda a coletividade.

Ao prever juridicamente o instituto da indenização, procurou-se satisfazer a finalidade de


reparar o mal ocasionado, bem como repor as coisas ao seu estado anterior, quando
possível.

Dada não somente a impossibilidade de, eventualmente, indenizarem-se todos os


prejudicados como, também, o fato de que não se deveriam destinar as indenizações
ambientais ao Estado, além de que a finalidade básica da indenização ambiental seria,
basicamente, a de reparar o mal ocasionado, de repor as coisas no seu estado anterior,
quando possível, é que surgiu o Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (Decreto
92.302, de 16.01.1986, na esfera federal, e Decreto 27.070, de 08.06.1987, no âmbito
do Estado de São Paulo).

Dentro deste contexto, portanto, mediante a definição e vinculação dos termos "danos
ambientais" e "perícia ambiental", é que a questão da avaliação dos danos ambientais
surgiria.

O desenvolvimento da avaliação dos danos ambientais, pois, além de necessário e


imprescindível, proporcionaria, inclusive, mecanismos de atuação dentro de uma política
ambiental (estabelecimento de diretrizes básicas, cobrança e aferição dos resultados
ambientais para a economia, para o desenvolvimento econômico do país e para o
bem-estar de sua população atual e futuras gerações).

Aqui, então, dar-se-ia o primeiro "elo de ligação" entre os processos de gestão


ambiental, avaliação ambiental e mensuração de danos ambientais.

1. Metodologia de avaliação de danos ambientais

Prosseguindo-se, dentro da Parte III deste trabalho, ter-se-ia que diversas seriam as
formas, as maneiras de contemplar-se a questão da mensuração (física e monetária) de
danos ambientais, para fins da realização da perícia em uma demanda judicial vinculada
ao meio ambiente.

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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

O presente trabalho centrar-se-ia, entretanto, em uma determinada maneira, com


ênfase no caso florestal mais especificamente (muito embora defenda-se que a referida
metodologia não deveria necessariamente ficar circunscrita ao referido escopo florestal,
podendo abranger outros casos de danos ambientais, a exemplo da poluição dos
recursos hídricos).

A referida metodologia de avaliação de danos ambientais vem sendo repassada


continuamente ao longo dos últimos anos, conforme depreende-se de Ribas (1997, d),
Ribas (1997, e), Ribas (1997, f), Ribas (1996, b), Ribas (1996, c), Ribas (1993) e Ribas
et Brunstein (1996), sempre surgindo aspectos que somente tendem a reforçar sua
fundamentação básica, conforme mais adiante retomado.

Esta mesma metodologia, como toda e qualquer metodologia, independentemente das


finalidades para as quais se destina (de cunho ambiental ou não, por exemplo),
considera determinados critérios, para fins últimos de congruência de um modelo de
avaliação:

(a) casos florestais de degradação ambiental mais graves deveriam apresentar


resultados finais mais elevados, dentro do modelo proposto;

(b) casos florestais de diferentes tipos de degradação ambiental deveriam apresentar, a


partir da metodologia proposta, resultados finais distintos;

(c) as diferenças quantitativas e qualitativas dos diferentes casos florestais de


degradação ambiental deveriam ser refletidas dentro do modelo, em termos de
resultados finais; e

(d) por fim, as diferenças encontradas dentro dos casos florestais de degradação
ambiental deveriam refletir uma mesma proporção (em termos de indenização
pecuniária ou, alternativamente, em termos de medidas mitigadoras, reparadoras e
compensatórias por danos ambientais).

O critério deveria, ainda, como orientação básica, fornecer subsídios para o


ressarcimento (pecuniário ou não) da sociedade como um todo (valores esses que
adviriam dos danos ambientais pertinentes ao segmento florestal).

Em adição ao acima apresentado, haveria uma série de fatores a serem considerados


para a avaliação física e pecuniária tanto em um dado processo de avaliação de danos
ambientais, quanto de um determinado processo de avaliação ambiental:

(a) independentemente das correntes, das vertentes, das alternativas de avaliação


ambiental, alguns pontos devem ser destacados;

(b) no caso de determinados derramamentos de petróleo no mar, gastaram-se volumes


significativos de recursos financeiros, tecnológicos, humanos e materiais para a
recuperação ambiental de determinadas áreas contaminadas;

(c) por incrível que pareça, determinadas áreas não consideradas para fins de
recuperação ambiental, ao final de determinado prazo, apresentaram-se em condições
ambientais mais satisfatórias do que aquelas primeiras;

(d) a questão ambiental, portanto, deve ser tratada com uma dose ímpar de
racionalidade, bom senso, discernimento e, por que não, humildade; e, por fim,

(e) um dos pontos centrais da tratativa da questão ambiental seria o escopo


multi-institucional (aspecto este extremamente fragilizado dentro do atual processo de
gestão ambiental).

2. Recentes "respaldos" à metodologia proposta

Recentemente descobriu-se que a metodologia de avaliação de danos ambientais ora


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AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

apresentada encontra argumentos sólidos também em IEA (1997) e em Samuelson


(1976), este professor junto ao Massachusetts Institute of Technology e laureado com
um prêmio Nobel de economia.

Ainda que uma abordagem mais profunda dos mencionados trabalhos esteja fora do
presente contexto, alguns pontos mais importantes deveriam ser rapidamente
repassados:

(a) Samuelson (1987) entende que a mesma base matemática utilizada dentro do
processo de avaliação de danos ambientais, conforme Ribas (1996, c), seria o único
método correto existente dentro da teoria da Economia Florestal;

(b) Samuelson (1987) entende como sendo brilhante esta mesma base matemática
(originariamente desenvolvida em 1849 por Martin Faustmann);

(c) IEA (1997) apresenta, já dentro do contexto das Relações Internacionais, diversas
problemáticas ambientais como sendo discutidas em termos de medidas ambientais
(principalmente mitigação e compensação), para efeitos de negociação entre países; e

(d) seriam estas as mesmas medidas ambientais, por seu turno, tidas como a outra
vertente principal do processo de avaliação de danos ambientais aqui discutido.

3. Vertentes alternativas

Com respeito às alternativas aos processos de gestão ambiental, avaliação ambiental e


de danos ambientais ora em discussão, pretende-se, apenas e tão somente, apresentar
alguns pontos para reflexão, sem se entrar no mérito propriamente dito.

O propósito seria o de alertar-se para o encaminhamento intrinsecamente dado a uma


série de fatores nestas mesmas vertentes metodológicas alternativas (a exemplo do
entendimento do meio ambiente não mais como um bem livre, da consideração dos bens
como tangíveis e intangíveis, da aplicação da noção de mercado no meio ambiente, da
tratativa do meio ambiente enquanto mercado hipotético, da internalização das
externalidades, dentre outros).

Para tanto, acredita-se que o trabalho de Goldemberg (1997) poderia servir como um
excelente parâmetro.

Do referido trabalho ter-se-ia que, particularmente no que concerne a determinada


questão ambiental (qual seja a convenção mundial do clima a ser realizada ainda este
ano), a proposta central seria a de que se decida, a partir do ano 2010, quais as
quantidades máximas de gases que poderão ser toleradas.

Essa seria, na opinião do autor, uma boa forma de limitar as emissões, porque
poder-se-ia criar um "mercado" para as quantidades emitidas que poderão ser vendidas
e compradas.

Segundo ainda o mencionado autor, isto teria sido feito com "sucesso" nos Estados
Unidos para as emissões de outros poluentes e funcionado satisfatoriamente.

Conforme Goldemberg (1997), estabelecer tetos para emissões resultantes da queima


de combustíveis fósseis não seria fácil, porque seria preciso concordar com cotas para
cada país. Além disso, mais cedo ou mais tarde os países em desenvolvimento teriam
que reduzir suas emissões, visto que a partir do ano 2015 estariam emitindo tanto ou
mais que os países industrializados.

A proposta americana, segundo Goldemberg (1997), teria certamente isso em mente e,


no fundo, adiaria qualquer solução para essa ocasião em que as conseqüências do
"efeito estufa" seriam por demais evidentes e os países em desenvolvimento
(principalmente China, Índia e Brasil) não poderiam escapar de assumir quaisquer
compromissos como o fizeram em 1992.
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OS PROCESSOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DE
AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

Entende o autor que, até o ano 2015 - daqui há 20 anos! -, a única proposta concreta
seria a realização de projetos conjuntos, nos países em desenvolvimento, que
conduziriam à reduções das emissões "compensando" as emissões dos países
industrializados.

De forma a não se alongar muito finaliza-se que, Goldemberg (1997) acredita serem
esses projetos de implementação conjunta (a exemplo do reflorestamento de áreas
degradadas em florestas tropicais), e que poderiam ter algum sucesso. Muito embora
vistos com suspeita generalizada porque, no fundo, perpetuariam ou adiariam
providências que os países industrializados deveriam tomar nos próprios países, ressalta
o autor.

Este particular entendimento da questão ambiental depreendida de Goldemberg (1997),


dentro do contexto das vertentes metodológicas alternativas para os processos de
avaliação, de tratativa, de gestão ambiental, mereceriam alguns comentários a título de
contribuição para posterior reflexão.

Assim é que, em primeiro lugar, entende-se que o princípio do poluidor-pagador (PPP)


estaria intrínseco nestas formas alternativas de condução da questão ambiental. Sendo
que o objetivo básico de tal princípio seria a internalização de externalidades, ou seja, a
incorporação de determinados aspectos, tais como a poluição, dentro do processo
produtivo, utilizando-se da sistemática de preços, visando a máxima eficiência de dado
sistema econômico.

Por vias do PPP, a Economia Ambiental proporcionaria um tratamento econômico à


questão do meio ambiente face a diversos aspectos da teoria econômica, tais como:
sistema de preços como agente de uma eficiente alocação de recursos, maximização do
uso dos recursos, produção de bens e serviços, interesse da sociedade, dentre outros
(isto dentro de um ambiente capitalista, livre iniciativa, economia competitiva etc).

No entanto, vários aspectos que poderiam limitar esta forma de encaminhamento do


processo de gestão ambiental (a exemplo do estabelecimento de um mercado de compra
e venda, contingenciamento, bolsa, PPP, disposição a pagar, disposição a receber etc.)
deveriam ser colocados:

(a) ambiente capitalista, livre concorrência, mercado competitivo, dentre outros aspectos
tendem a não ser a regra, mas sim a exceção, fato este que condicionaria a
aplicabilidade de vários pressupostos teóricos, técnicos e econômicos do referido modelo
de gestão ambiental e dos resultados finais esperados (efetividade do PPP em termos do
atendimento dos interesses da sociedade no contexto ambiental);

(b) sob o ponto de vista da Sociedade, do Estado, indagar-se-ia se o modelo de gestão


ambiental proposto, baseado no PPP, seria o de melhor encaminhamento. De outro
modo, este modelo poderia não ser congruente/convergente com o modelo de "medidas
ambientais" (notadamente no que concerne à compensação ambiental), em termos do
efetivo atendimento dos interesses ambientais;

(c) dito de outra forma, o sistema de cotas, por exemplo, suscita várias dúvidas: como
se estabelece, quem estabelece o limite das cotas? Este limite é compatível com o ponto
de vista da sociedade em termos de equilíbrio ambiental? Ou é compatível apenas com
um determinado Mercado Poluidor? Qual a capacidade de "resiliência" (flexibilidade) do
sistema? Qual a capacidade suporte do ecossistema? As cotas estariam em consonância
com estas capacidades? A sociedade prefere este tipo de tratamento ambiental
(valoração econômica pura e simples)? Ou será que preferiria o tratamento ambiental
com base nas "medidas ambientais"? O sistema de cotas, em seu extremo, não
extinguiria a capacidade da natureza de se renovar, reciclar, regenerar? O sistema de
cotas não induziria o sistema econômico a um certo comodismo em termos de gestão
ambiental? O sistema de cotas não impediria ou mesmo poderia ser usado para angariar
recursos visando a implementação do processo de gestão ambiental do tipo "medidas
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AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

ambientais"? O sistema de cotas/PPP não poderia ser usado tão somente no curto prazo,
de forma paliativa, emergencial, de maneira a financiar, viabilizar, proporcionar um
prazo para o gradativo estabelecimento do sistema de "medidas ambientais"?; e, por
fim,

(d) sistema de medidas ambientais, este sim forçaria a economia a buscar alternativas
produtivas, inovações tecnológicas, novos produtos, processos, enfim, uma nova forma
de gestão ambiental, tanto sob o prisma público quanto, principalmente, privado.

Evidentemente que o processo reflexivo diretamente vinculado a tais indagações, a ser


gerenciado pelo Estado e tendo em vista os interesses ambientais da Sociedade,
extrapola, em muito, a capacidade individual (deste ou daquele) e inconstitucional
(desta ou daquela), exigindo-se, isto sim, um escopo multinstitucional.

Parte IV - Vinculação dos processos de gestão ambiental, de avaliação ambiental e de


danos ambientais com vistas ao estabelecimento de um escopo conceitual

1. Comentários finais

Após a apresentação da gestão ambiental, da avaliação ambiental e dos danos


ambientais enquanto processos, passa-se ao estabelecimento de um corpo conceitual
que vincule derradeiramente entre si estes mesmos processos (com vistas ao
atendimento, em última instância, dos interesses da Sociedade e do Estado como um
todo).

Desta forma, de um lado, os resultados finais do processo de gestão ambiental,


independentemente da grandeza, da expressividade, da predominância dos papéis, dos
agentes do referido processo (segmentos da Sociedade, Governo, Mercado, Empresas)
deveriam ser medidos, avaliados e analisados tanto em termos de Sociedade quanto de
Estado.

O objetivo almejado seria o fortalecimento, o engrandecimento, o incremento da


qualidade vida (dentro de um escopo ambiental mais específico).

Receia-se, no entanto, que muitas das formas de encaminhamento dos problemas


ambientais, muitas formas de gestão ambiental aqui enfocadas, a exemplo da melhoria
da qualidade/quantidade dos recursos hídricos via aumento de taxas, novas formas de
cobrança, mecanismos de combate de poluição hídrica, manejo dos corpos de água
objetivando múltiplos usos, dentre outros, possam não estar atingindo este mesmo
objetivo acima citado.

Por isso mesmo os agentes deveriam rever, não numa atitude de crítica pela crítica, mas
sim dentro de um contexto reflexivo, os seus papéis, as suas responsabilidades, os seus
deveres, as suas obrigações, as suas condutas para com a Sociedade, bem como para
com o Estado que todos queremos construir, nestes tempos globalizados, sob pena de
não atingirmos um nível satisfatoriamente mínimo de qualidade de vida.

Entende-se que, dentro deste escopo, aí sim estaríamos almejando nossos objetivos
principais dentro de um processo de gestão ambiental.

Em outras palavras, uma satisfatória gestão ambiental redundaria em melhores


condições ambientais para o ser humano (notadamente quanto ao escopo das políticas
públicas: saúde, habitação, educação, segurança pública, alimentação, meio ambiente,
transporte público, emprego, saneamento básico, seguridade social etc), em melhores
condições de vida da Sociedade (qualidade de vida e, por que não, felicidade), bem
como num Estado mais forte, saudável, justo, eqüitativo, consistente, sólido, legitimado,
soberano, representativo, melhor equilibrado economicamente, com um melhor
posicionamento dentro de um contexto de relações internacionais, inclusive.

Ainda, colocar-se-iam alguns pontos para uma eventual reflexão: Estaria sendo o
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AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

processo de gestão ambiental, como um todo, desempenhado satisfatória e


harmoniosamente pelos agentes mencionados? Tais atores estariam cumprindo
adequadamente seus papéis? Quais os reflexos do processo de gestão ambiental
desempenhado por tais agentes à qualidade de vida, ao Estado e à Sociedade? Como
cobrar mais responsabilidade dos agentes do processo? Como garantir que os papéis e
os atores atentem para proporcionalidade, representatividade, justiça e legitimidade
satisfatórias aos interesses do Estado e da Sociedade?

De outro lado, no tocante aos demais processos analisados no presente trabalho


(avaliação ambiental e mensuração de danos ambientais), entende-se que o problema
seria o de levar-se o escopo da avaliação ambiental dentro de um aspecto essencial ou
preponderantemente pecuniário, ao invés de centrar os processos de gestão ambiental,
de avaliação ambiental, de mensuração de danos ambientais com base em medidas
ambientais (mitigação, correção, prevenção, monitoramento, compensação e/ou
indenização ambiental).

Acredita-se que eventuais mudanças de paradigmas ambientais da sociedade tanto


poderiam ser buscadas de um jeito (mercado ambiental, avaliação econômica pura e
simples) quanto de outro (bens livres, medidas ambientais). Até porque, dentro de um
"mercado" ambiental, naturalmente haveria aqueles que poderiam pagar e aqueles que
não poderiam pagar.

Em tempos de excluídos no tocante a vários aspectos de cidadania (educação, saúde,


habitação, saneamento básico, alimentação, segurança), abandonando-se o contexto
malthusiano que alguns teimam em impingir à tratativa da problemática ambiental como
um todo, também dentro do escopo ambiental haveria a criação de excluídos (direito de
ir e vir, uso da água, lazer em praia, acesso às Unidades de Conservação etc.).

Seria, pois, neste sentido que a Sociedade e o Estado deveriam caminhar? Quais os
reflexos em termos de gestão ambiental?

Acredita-se, ainda, que mudanças no "comportamento" das empresas, por exemplo,


pertinentemente às atividades "poluidoras" podem ser buscadas pelo Estado e pela
Sociedade também com base nas medidas ambientais acima preconizadas (no que
entende-se que o processo de mensuração de danos ambientais, bem como as perícias
ambientais, particularmente, poderiam perfeitamente contribuir).

A condução da temática ambiental dentro de moldes econômicos gerais (modelo


neoliberal, economia de mercado, capitalismo), dentro de um entendimento particular,
pode se dar ainda considerando o meio ambiente como um bem livre, mediante o
processo de gestão ambiental com base no princípio das medidas ambientais.

Tais aspectos já vêm sendo discutidos dentro da mesma linha deste trabalho, bem ou
mal, conforme depreende-se de Ribas (1997, b), Ribas (1997, c), e Ribas e Nojimoto
(1997).

Nestes mesmos trabalhos acredita-se que alguns aspectos quanto a um novo modelo de
gestão ambiental estariam apresentados, com vistas a gerir padrões tecnológicos, oferta
de bens e serviços ambientais, atuação do Estado no campo ambiental, atendimento dos
interesses ambientais da Sociedade, vertente ambiental no ambiente capitalista, etc.

Entretanto, à margem dos referidos trabalhos, o que se tem observado, infelizmente, é o


uso do ferramental econômico unicamente como justificativa para a alteração do modelo
ambiental vigente na Sociedade e no Estado como um todo (terceirização de serviços
públicos ambientais, privatização de recursos naturais, cobrança pelo uso da água,
rodízio, dentre outros aspectos).

Se se aceitar a discussão do presente trabalho como válida (processo de gestão


ambiental com base exclusivamente em mercado ambiental versus gestão ambiental
com base em medidas ambientais) para fins mínimos de reflexão, aí, então, a
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AVALIAÇÃO AMBIENTAL E DE MENSURAÇÃO DE
DANOS AMBIENTAIS - ESCOPO CONCEITUAL

metodologia de avaliação de danos ambientais, conforme apresentada e defendida no


presente trabalho, apresentar-se-ia como uma alternativa, uma contribuição satisfatória
dentro dos processos avaliatório e ambiental como um todo.

Por fim, de modo a estabelecer-se a vinculação conceitual final entre os processos de


gestão ambiental, de avaliação ambiental e de danos ambientais, alguns últimos
comentários haveriam que ser postos.

Isto porque, independentemente da forma de condução dos processos ambientais


imediatamente acima mencionados, determinadas linhas devem ser atentamente
contempladas tendo em vista os interesses (ambientais ou não) da sociedade como um
todo, como, por exemplo:

(a) a questão ambiental tendendo a se caracterizar como um fenômeno de transferência


de renda entre países;

(b) surgimento de uma eventual relação de dependência entre países (poluidores/países


desenvolvidos versus países passíveis de processo de compensação ambiental/países em
desenvolvimento);

(c) o estabelecimento do mercado de compra e venda de cotas de poluição, bem como a


maneira como se daria o processo de negociação, e;

(d) uma confirmação ou não de tendências no sentido de que os países, quanto mais
pobres, maior seria o grau de compensação.

Dentro deste contexto, qual o sistema de avaliação ambiental (medidas


ambientais/metodologia ora discutida ou alternativas/corrente econômica) que melhor
atenderia os interesses ambientais da sociedade? Qual a sistemática a ser impingida ao
processo de gestão ambiental?

De que forma a questão da avaliação ambiental, inclusive no escopo das perícias


judiciais, poderia melhor atender os interesses da sociedade em termos de qualidade de
vida?

Será que aqueles que se entendem como representantes dos interesses do Estado
brasileiro, da Sociedade brasileira, dentro de um contexto de colaboração e auxílio
mútuo no âmbito internacional, estariam conscientes de seus papéis, da forma de
representação destes papéis? Do efetivo desenvolvimento do processo de gestão
ambiental?

Estas seriam, portanto, algumas contribuições para a reflexão da temática ambiental,


frisando-se que independentemente do entendimento que prevalecer para atendimento
satisfatório dos interesses ambientais da Sociedade e do Estado dar-se-iam,
naturalmente, somente dentro de um enfoque multinstitucional.

Se os objetivos pretendidos com o trabalho foram ou não alcançados, qual o alcance do


mesmo, se a repercussão foi positiva ou negativa, se a questão como um todo foi ou não
apresentada de maneira clara são aspectos que, muito certamente, dependerão também
daqueles que se propuserem a ler o texto em sua íntegra.

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