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No que pertine aos elementos do processo de gestão ambiental, haveria que se tomar
como válida a diferenciação, a segmentação entre os seguintes atores: (1) "Governo"
(Governos Federal, Estaduais, do Distrito Federal, Municipais, ou, alternativamente,
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como Ministério Público); (2)
"Empresas" (públicas, privadas, nacionais, transnacionais); (3) "Mercado" (cenário final
resultante do embate, da conjugação de forças de bens e serviços e suas respectivas
oferta e demanda de fatores de produção, dentro de um sistema de preços, em
ambiente capitalista); e (4) "Sociedade" (somatório final da interação de vários
segmentos que a comporiam, a exemplo dos movimentos populares, associações de
bairro, organizações não-governamentais ambientalistas ou não, opinião pública, mídia,
partidos políticos, igreja, enfim, segmentos diversos, mobilizados ou não).
Neste sentido, haveria que se conceituar Estado de uma maneira até simples: "nação,
considerada como entidade que tem seu próprio governo e administração,
nação/sociedade politicamente organizada".
O ponto básico a ser destacado, antes de se definir o conceito de gestão ambiental seria,
portanto, a distinção dos elementos do processo de gestão ambiental entre Governo,
Empresas, Mercado, Sociedade e Estado.
De outro lado, entende-se ser factível tomar-se o Estado não somente dentro de uma
visão histórica e tradicionalmente aceita (uma determinada estrutura originária da
própria Sociedade) mas também, alternativamente, como o resultado final da interação
dos atores acima referidos dentro do contexto do atendimento dos interesses da
Sociedade como um todo.
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Em outras palavras, dentro de uma analogia futebolística, quiçá não infeliz, entende-se
que o Governo seria o conjunto representado pelos árbitro principal e auxiliares de uma
partida, dirigentes esportivos, regras do futebol e o regulamento do campeonato.
Por fim, o Estado seria não somente o estádio de futebol como também o próprio clube
esportivo, com todas as suas dependências e interações com o restante.
Naturalmente que, mesmo dentro deste enfoque futebolístico, a razão de ser do Estado
seria a própria Sociedade em si.
Este mesmo Estado seria, ainda, entendido como o gestor da problemática ambiental
como um todo, face aos interesses dos demais agentes do processo de gestão
ambiental, a partir do atendimento dos interesses da própria Sociedade.
De outro modo, agora sob a ótica da definição do termo "processo de gestão ambiental",
entende-se que toda e qualquer Sociedade, dentro do contexto do Estado (enfatizando
tratar-se este da estrutura originada para atender os interesses desta mesma
Sociedade), enfrentaria uma série de problemas quanto à manutenção e melhoria de seu
nível de qualidade de vida.
Por fim, para que tais objetivos sejam atingidos a contento, haveria que se discutir,
concretamente, se os papéis dos referidos atores do processo de gestão ambiental
(Governo, Mercado, Empresas, Sociedade) já estariam satisfatoriamente definidos,
dentro do cenário do Estado (assumido-se, a priori, que todos já teriam uma idéia, ainda
que relativa, do grau de influência, do nível de participação, das grandezas relativas dos
papéis desempenhados por tais agentes).
Assim, inicialmente, ter-se-ia que a gestão ambiental de vários problemas que afligem a
Sociedade como um todo vem há tempos sofrendo um processo de transformação no
que tange à sua forma de condução (muito embora, assuma-se que os processos de
transformação no seio da Sociedade sempre sejam contínuos).
Entende-se que esta situação reflete o processo de transformação pelo qual passa a
gestão de vários problemas que afligem a Sociedade brasileira e, em última instância,
reflete uma transposição da figura do próprio Estado (se se entender pertinente uma
leitura dos fatos atinentes a semelhante transfiguração a partir do contexto do
denominado "Neocorporativismo").
Neste sentido, de Médici (1997), algumas indagações, alguns pontos poderiam ser
colocados para discussão e atitude reflexiva mais profundas do processo de gestão
ambiental e do papel dos seus principais agentes/atores (no sentido de atender os
interesses finais do Estado e, em última instância, da própria Sociedade).
Por outro lado, ainda que a referência mais específica dentro do presente trabalho seja a
temática ambiental, não se poderia esquecer que o contexto acima discutido também
aplicar-se-ia a outras temáticas, a exemplo do Consumidor, do Sistema Financeiro, da
Habitação, da Saúde Pública, enfim, de todo e qualquer interesse do Estado e da própria
Sociedade em si.
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Além do escopo dos direitos e deveres individuais e coletivos, haveria que se lembrar,
dentro do contexto de Sociedade, os direitos sociais (educação, saúde, trabalho, lazer,
segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos
desamparados), exemplificadamente.
2. A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros;
(...)
(...)
2. Art 191.
4. Art. 193
(...)
(...)
(...)
(...)
5. Art. 201
6. Art. 205
O Estado instituirá, por lei, sistema integrado de gerenciamento dos recursos hídricos,
congregando órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil, e assegurará meios
financeiros e institucionais para:
(...)
(...)
Vários exemplos podem ser tomados no sentido de se verificar a transformação que vem
se dando contemporaneamente, a partir do star-up acima mencionado, no sentido da
alteração de papéis dos vários atores (Mercado, Governo, Empresas, Sociedade) dentro
do processo de gestão ambiental junto ao Estado, num contexto de Neocorporativismo.
Neste caso, um dos papéis principais, no caso, o do Governo, estaria sendo substituído
por um ator coadjuvante? Um dos atores de primeira grandeza estaria sendo substituído,
dentro de seu papel principal?
Bolsão... (1997) indica, por outro lado, que a forma de apresentação das alternativas de
gestão ambiental, no caso específico do citado bolsão residencial, não seria consensual
nem mesmo dentro do próprio segmento específico da Sociedade, haja vista que
determinados moradores de regiões próximas temem ser prejudicados com eventuais
alterações do trânsito local.
Aqui, que agente deveria estar atuando no sentido de dirimir, de buscar soluções para
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tais questões de gestão ambiental? Não seria, por acaso e justamente, o Governo?
Estes exemplos, que poderiam muito bem traduzir a fase de mudança do processo de
gestão ambiental, no que pertinente ao papel dos principais atores/agentes (Governo,
Sociedade, Mercado, Empresas), bem como do próprio cenário em si (Estado),
acarretam fortes impactos ambientais vinculados aos aspectos de zoneamento, de
legislação, de planejamento ambiental, de ordenamento territorial, de qualidade de vida,
dentre outros aspectos.
Críticas quanto ao insatisfatório desempenho do papel do Governo, por parte dos outros
agentes, dentro deste processo todo, podem ser observadas, a exemplo de Qualidade...
(1997), ao sugerir que a morosidade do encaminhamento de problemáticas vinculadas à
gestão ambiental, ao prejudicar a qualidade de vida, dá margem à solução pela via do
Poder Judiciário/Justiça (neste caso, Governo contra o próprio Governo...).
Ainda dentro deste último escopo, ou seja, formas contraditórias e/ou conflituosas de
gestão ambiental por parte dos agentes do processo, no caso específico o Governo,
observe-se a forma de gestão ambiental disposta ao longa da Constituição do Estado de
São Paulo, particularmente no que concerne às seguintes passagens:
1. Art. 210
(...)
2. Art. 199
Art. 204. Fica proibida a caça, sob qualquer pretexto, em todo o Estado.
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Tais pontos, em especial, têm uma particular conotação com a atual forma pela qual os
agentes mencionados conduzem o processo de gestão ambiental, relativamente a pontos
extremamente relevantes em termos de Estado como, também, da própria Sociedade
(esta enquanto finalidade última daquele), quais sejam implantação das Unidades de
Conservação, caça e recuperação de matas ciliares.
O mais interessante desta discussão é que este mesmo agente por vezes fortemente
criticado, o Governo, procura dar resposta à altura dos reclames dos outros agentes do
processo de gestão ambiental, conforme depreende-se de São Paulo... (1997), ao
mencionar determinado projeto de lei que cria, no caso específico da cidade de São
Paulo, o conceito de "Bairros Verdes" (transformação dos bairros em áreas de
preservação ambiental, bem como tratamento similar no que pertine aos parques e
jardins da mesma cidade).
De outro modo, outros exemplos poderiam ser citados no sentido de demonstrar-se que
o agente/ator Governo estaria cumprindo insatisfatoriamente seu papel dentro do
escopo da condução do processo de gestão ambiental: Região... (1997), ao demonstrar
a questão de determinada situação de saúde pública (no caso meningite, muito embora
outras doenças poderiam ser citadas, tais como, o sarampo); Largo... (1997), ao
demonstrar a questão falha da gestão ambiental de determinados aspectos, tais como
limpeza e segurança e saúde públicas, bem como ordenamento territorial; e Entidades...
(1997), ao mencionar que determinado segmento da Sociedade pretende protestar
contra o constante aumento dos imposto no Brasil, pedir pela reforma tributária e a
redução da carga tributária.
Este último aspecto em particular tem uma correlação com a gestão ambiental
altamente relevante.
Neste sentido, ressalte-se Conta... (1997), onde sugere-se o aumento das taxas de
água, de modo às concessionárias de abastecimento pagarem para recolher água de
qualquer fonte hídrica, repassando este custo, naturalmente, aos usuários.
Seria uma determinada forma que o Governo estaria propondo para conduzir o processo
de gestão ambiental dos recursos hídricos. Forma esta a qual, além de, neste caso,
deixar marcante o papel do agente "Governo", aqui sim, como ator principal, sugere
uma eficiência/eficácia que somente poderá ser comprovada a médio prazo,
temerariamente (este ponto, em particular, será retomado adiante nas Partes II e III do
presente trabalho).
Nos casos acima discutidos, que fatos induziriam à constante alteração dos papéis (ora
principal, ora secundário, marginal) do agente Governo dentro do processo de gestão
ambiental como um todo? Por que, em alguns casos, o seu papel seria marcantemente
relevante, principal, a exemplo do citado em Conta... (1997), enquanto que em outros,
tais como o caso de Largo... (1997), seu papel ser secundário, quando não próximo de
omisso?
Uma outra situação, ainda, seria quando vários agentes do processo de gestão ambiental
(Empresas, Governo, Mercado, segmentos da Sociedade), na busca do eficaz e eficiente
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Nesta mesma linha, de modo a apresentar alguns dos principais aspectos do processo de
avaliação de impactos ambientais, positivos e negativos, haveria que se repassar Ribas
(1996, c).
Assim, inicialmente, entende-se que o termo valor seria definido como "uma expressão
da capacidade de um bem ou serviço de satisfazer necessidades humanas e
econômicas".
Ainda, haveria três teorias de avaliação de maior significância: Teoria Objetiva, Teoria
Subjetiva e Teoria Gerundiva.
Com relação à Teoria Subjetiva, o valor seria considerado unicamente como uma
expressão da preferência do indivíduo.
Entende-se, por fim, que o espírito do RIMA no país estaria distorcido, vinculando-se
mais às questões legais e administrativas para obtenção de licenças ambientais do que,
necessariamente, ao processo de avaliação de impactos ambientais conforme acima
descrito.
Há autores que tratam a questão da avaliação dos impactos ambientais sob o ponto de
vista da viabilidade técnica, econômica, social, política e, naturalmente, ambiental, de
determinados projetos de desenvolvimento econômico.
(a) Perda de recursos naturais preciosos ou não repostos, bem como a justificativa
destas perdas;
(b) Eventuais sacrifícios a longo prazo dos recursos naturais e seus valores em favor de
ganhos imediatos de determinado projeto;
(c) Haveria que analisar-se, pois, as prováveis situações (anterior e posterior) quanto
aos aspectos socioeconômicos, antrópicos, artísticos-culturais, físicos, biológicos,
químicos, locacionais-alternativos, de alternativas tecnológicas, de apropriação do
espaço (uso e ocupação do solo), do uso alternativo de recursos, dentre outros;
(e) Esta mesma escala de valores, com relação aos impactos ambientais positivos e
negativos, poderia ser modificada dentro de um mesmo segmento da sociedade com o
transcorrer dos anos (conforme os fatos desenvolvam-se, bem como alterem-se a
qualidade e quantidade das informações disponíveis).
No que tange ao processo de avaliação ambiental em si, alguns autores entendem que
os métodos de avaliação de impactos ambientais mais comuns seriam:
Por outro lado, o processo de avaliação de impactos ambientais resultaria em, pelo
menos, três alternativas:
A partir das diversas visões sob as quais a questão ambiental é enfocada em Ribas
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(1996, c), constatar-se-ia que o país ainda vem desenvolvendo tanto uma "cultura"
ambiental, quanto uma base de dados ambientais.
(a) Existem alguns princípios básicos que devem ser seguidos quando da utilização de
qualquer metodologia de avaliação de impactos ambientais para que a conservação dos
recursos naturais chegue a bom termo, tais como: consideração de aspectos
socioeconômicos, observação da escala de valores da sociedade sobre os impactos
ambientais, dentre outros;
(b) Diversas são as metodologias existentes para cuja utilização devem ser observados
alguns pontos como, por exemplo, os impactos ambientais e seus efeitos no curto e
longo prazos (diferentemente de um caso a outro), impossibilidade de generalização de
qualquer situação ambiental e especificidades dos projetos com relação à avaliação dos
impactos ambientais, tendendo a não permitir que se generalize o emprego de uma ou
outra metodologia;
(d) Finalmente, é necessário que se desenvolva esta "cultura" ambiental, bem como esta
base de dados ambientais para que as metodologias de avaliação de impacto ambiental
possam ser, realmente, eficientemente empregadas.
A compreensão do termo "perícia ambiental", por outro lado, envolve dois aspectos
básicos: os agentes do processo ambiental como um todo e o termo em si dentro de sua
"leitura" jurídica.
Estes agentes, dentro de um ambiente de Mercado, com o Estado como "pano de fundo",
interagem com vistas à solução de determinados conflitos de interesses (antrópico
versus ambiental), numa demanda judicial dentro da temática do meio ambiente.
num primeiro instante, ser inegável que a questão do meio ambiente encontra-se
definitivamente estabelecida dentro do mundo moderno.
Assim, o meio ambiente, enquanto um patrimônio público (cf. art. 2.º, I, da Lei
6.938/81), ao sofrer qualquer tipo de dano, implica em lesão aos interesses muitas
vezes de toda a coletividade.
Dentro deste contexto, portanto, mediante a definição e vinculação dos termos "danos
ambientais" e "perícia ambiental", é que a questão da avaliação dos danos ambientais
surgiria.
Prosseguindo-se, dentro da Parte III deste trabalho, ter-se-ia que diversas seriam as
formas, as maneiras de contemplar-se a questão da mensuração (física e monetária) de
danos ambientais, para fins da realização da perícia em uma demanda judicial vinculada
ao meio ambiente.
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(d) por fim, as diferenças encontradas dentro dos casos florestais de degradação
ambiental deveriam refletir uma mesma proporção (em termos de indenização
pecuniária ou, alternativamente, em termos de medidas mitigadoras, reparadoras e
compensatórias por danos ambientais).
(c) por incrível que pareça, determinadas áreas não consideradas para fins de
recuperação ambiental, ao final de determinado prazo, apresentaram-se em condições
ambientais mais satisfatórias do que aquelas primeiras;
(d) a questão ambiental, portanto, deve ser tratada com uma dose ímpar de
racionalidade, bom senso, discernimento e, por que não, humildade; e, por fim,
Ainda que uma abordagem mais profunda dos mencionados trabalhos esteja fora do
presente contexto, alguns pontos mais importantes deveriam ser rapidamente
repassados:
(a) Samuelson (1987) entende que a mesma base matemática utilizada dentro do
processo de avaliação de danos ambientais, conforme Ribas (1996, c), seria o único
método correto existente dentro da teoria da Economia Florestal;
(b) Samuelson (1987) entende como sendo brilhante esta mesma base matemática
(originariamente desenvolvida em 1849 por Martin Faustmann);
(c) IEA (1997) apresenta, já dentro do contexto das Relações Internacionais, diversas
problemáticas ambientais como sendo discutidas em termos de medidas ambientais
(principalmente mitigação e compensação), para efeitos de negociação entre países; e
(d) seriam estas as mesmas medidas ambientais, por seu turno, tidas como a outra
vertente principal do processo de avaliação de danos ambientais aqui discutido.
3. Vertentes alternativas
Para tanto, acredita-se que o trabalho de Goldemberg (1997) poderia servir como um
excelente parâmetro.
Essa seria, na opinião do autor, uma boa forma de limitar as emissões, porque
poder-se-ia criar um "mercado" para as quantidades emitidas que poderão ser vendidas
e compradas.
Segundo ainda o mencionado autor, isto teria sido feito com "sucesso" nos Estados
Unidos para as emissões de outros poluentes e funcionado satisfatoriamente.
Entende o autor que, até o ano 2015 - daqui há 20 anos! -, a única proposta concreta
seria a realização de projetos conjuntos, nos países em desenvolvimento, que
conduziriam à reduções das emissões "compensando" as emissões dos países
industrializados.
De forma a não se alongar muito finaliza-se que, Goldemberg (1997) acredita serem
esses projetos de implementação conjunta (a exemplo do reflorestamento de áreas
degradadas em florestas tropicais), e que poderiam ter algum sucesso. Muito embora
vistos com suspeita generalizada porque, no fundo, perpetuariam ou adiariam
providências que os países industrializados deveriam tomar nos próprios países, ressalta
o autor.
(a) ambiente capitalista, livre concorrência, mercado competitivo, dentre outros aspectos
tendem a não ser a regra, mas sim a exceção, fato este que condicionaria a
aplicabilidade de vários pressupostos teóricos, técnicos e econômicos do referido modelo
de gestão ambiental e dos resultados finais esperados (efetividade do PPP em termos do
atendimento dos interesses da sociedade no contexto ambiental);
(c) dito de outra forma, o sistema de cotas, por exemplo, suscita várias dúvidas: como
se estabelece, quem estabelece o limite das cotas? Este limite é compatível com o ponto
de vista da sociedade em termos de equilíbrio ambiental? Ou é compatível apenas com
um determinado Mercado Poluidor? Qual a capacidade de "resiliência" (flexibilidade) do
sistema? Qual a capacidade suporte do ecossistema? As cotas estariam em consonância
com estas capacidades? A sociedade prefere este tipo de tratamento ambiental
(valoração econômica pura e simples)? Ou será que preferiria o tratamento ambiental
com base nas "medidas ambientais"? O sistema de cotas, em seu extremo, não
extinguiria a capacidade da natureza de se renovar, reciclar, regenerar? O sistema de
cotas não induziria o sistema econômico a um certo comodismo em termos de gestão
ambiental? O sistema de cotas não impediria ou mesmo poderia ser usado para angariar
recursos visando a implementação do processo de gestão ambiental do tipo "medidas
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ambientais"? O sistema de cotas/PPP não poderia ser usado tão somente no curto prazo,
de forma paliativa, emergencial, de maneira a financiar, viabilizar, proporcionar um
prazo para o gradativo estabelecimento do sistema de "medidas ambientais"?; e, por
fim,
(d) sistema de medidas ambientais, este sim forçaria a economia a buscar alternativas
produtivas, inovações tecnológicas, novos produtos, processos, enfim, uma nova forma
de gestão ambiental, tanto sob o prisma público quanto, principalmente, privado.
1. Comentários finais
Por isso mesmo os agentes deveriam rever, não numa atitude de crítica pela crítica, mas
sim dentro de um contexto reflexivo, os seus papéis, as suas responsabilidades, os seus
deveres, as suas obrigações, as suas condutas para com a Sociedade, bem como para
com o Estado que todos queremos construir, nestes tempos globalizados, sob pena de
não atingirmos um nível satisfatoriamente mínimo de qualidade de vida.
Entende-se que, dentro deste escopo, aí sim estaríamos almejando nossos objetivos
principais dentro de um processo de gestão ambiental.
Ainda, colocar-se-iam alguns pontos para uma eventual reflexão: Estaria sendo o
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Seria, pois, neste sentido que a Sociedade e o Estado deveriam caminhar? Quais os
reflexos em termos de gestão ambiental?
Tais aspectos já vêm sendo discutidos dentro da mesma linha deste trabalho, bem ou
mal, conforme depreende-se de Ribas (1997, b), Ribas (1997, c), e Ribas e Nojimoto
(1997).
Nestes mesmos trabalhos acredita-se que alguns aspectos quanto a um novo modelo de
gestão ambiental estariam apresentados, com vistas a gerir padrões tecnológicos, oferta
de bens e serviços ambientais, atuação do Estado no campo ambiental, atendimento dos
interesses ambientais da Sociedade, vertente ambiental no ambiente capitalista, etc.
(d) uma confirmação ou não de tendências no sentido de que os países, quanto mais
pobres, maior seria o grau de compensação.
Será que aqueles que se entendem como representantes dos interesses do Estado
brasileiro, da Sociedade brasileira, dentro de um contexto de colaboração e auxílio
mútuo no âmbito internacional, estariam conscientes de seus papéis, da forma de
representação destes papéis? Do efetivo desenvolvimento do processo de gestão
ambiental?
2. Bibliografia
BILLINGS vai receber esgoto. Gazeta de Santo Amaro. São Paulo : Grupo Sul News, 5 a
11.09.1997, p. 10.
CONTA de água vai subir. Gazeta de Santo Amaro. São Paulo : Grupo Sul News, 5 a
11.09.1997, p. 10.
ENTIDADES se unem contra o aumento de impostos. Gazeta de Santo Amaro. São Paulo
: Grupo Sul News, 5 a 11.09.1997, p. 11.
GRAZIANO, F. Uma queimada racional. Jornal Gazeta Mercantil. São Paulo, 08.09.1997,
A-2.
LARGO 13 de Maio, Praça Floriano Peixoto sujos e inseguros. Gazeta de Santo Amaro.
São Paulo : Grupo Sul News, 5 a 11.09.1997, p. 11.
MORADORES estão se unindo e lutando pela melhoria do sistema viário. Jornal do Bairro
de Santo Amaro. São Paulo : Rede A de Jornais de Bairro, 6 a 12.09.1997, p. 7.
QUALIDADE de vida: uma questão de justiça. Jornal do Bairro de Santo Amaro. São
Paulo : Rede A de Jornais de Bairro, 6 a 12.09.1997, p. 2.
REGIÃO é campeã em casos de meningite. Jornal do Bairro de Santo Amaro. São Paulo :
Rede A de Jornais de Bairro, 6 a 12.09.1997, p. 7.
RIBAS, L. C. Metodologia para avaliação ambiental: o caso dos danos florestais. Artigo
Técnico. Jornal do Ibape/SP. N. 5. São Paulo : Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de Engenharia de São Paulo, jan./fev./97, p. 4-5.
177-188.
SÃO PAULO, que te quero verde! Jornal do Bairro de Santo Amaro. São Paulo : Rede A
de Jornais de Bairro, 6 a 12.09.1997, p. 2.
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