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AMBIENTAL” MINEIRA
I- INTRODUÇÃO
Professor da Universidade Federal de São João del-Rei.
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Na verdade, o conceito já havia sido formulado anteriormente por ambientalistas, como salientam alguns
autores (KIRKBY ET ALII, 1995: 1). Contudo, sua “oficialização” se deu, sem dúvida, ao ser assumido e
reformulado nos termos do Relatório Brundtland. Posteriormente, um conjunto de diretrizes preconizadas
como conducentes ao “desenvolvimento sustentável” aparece reunido na Agenda 21, documento
resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro, em 1992.
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Referimo-nos a trabalhos como os de, entre outros, CASTORIADIS (1981), DUPUY (1980),
CASTORIDADIS e COHN-BENDIT (1981), GORZ (1978) e ILLICH (1973).
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Dentre trabalhos e autores que poderiam ser inscritos nesse movimento de crítica do paradigma do
desenvolvimento sustentável, citem-se ACSERALD ET ALII (2004), FOLADORI (2001), KURZ (1997),
SACHS (2000), ZHOURI (2001), ESTEVA (2000), MARTÍNEZ-ALIER (1999), CARNEIRO (2003),
O’CONNOR (1988) e O’CONNOR (1991).
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Uma relação das principais siglas aqui utilizadas pode ser encontrada no Anexo2 deste trabalho.
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Um quadro geral da composição do Plenário do COPAM, com suas transformações ao longo do tempo,
encontra-se no Anexo 1 deste trabalho.
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Uma descrição detalhada dessas transformações, assim como a análise pormenorizada de suas relações
com processos sócio-econômicos e institucionais verificados em Minas Gerais, encontram-se em
CARNEIRO (2003).
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“Política ambiental” é o termo utilizado pelos próprios agentes para nomear as atividades desenvolvidas
pelos órgãos do chamado “setor de meio ambiente” do Estado. Referimo-nos, neste trabalho, a essas
atividades como “política ambiental”, entre aspas, para indicar que não estamos, em absoluto,
incorporando acriticamente uma categoria de classificação nativa. Trata-se apenas de que a desconstrução
crítica dessa categoria escapa aos objetivos deste trabalho e a ela já nos dedicamos em outro lugar
(CARNEIRO, 2003: 57-62, principalmente).
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As entrevistas foram realizadas entre os anos de 1987 e 1989, como parte da pesquisa empírica de minha
dissertação de mestrado (CARNEIRO, 1990), e, entre os anos de 1996 e 2002, para a minha tese de
doutorado (CARNEIRO, 2003).
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III- OLIGARQUIZAÇÃO
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Referimo-nos ao conceito de “campo” no sentido que o termo ganha na praxeologia de Pierre Bourdieu
A definição e os usos do conceito de “campo” estão presentes em toda a extensa obra de Bourdieu. Uma
discussão mais específica sobre o conceito é encontrada em BOURDIEU (1990). Para uma exposição
didática do conjunto de conceitos articulados pela teoria social de Bourdieu, ver PINTO (2000).
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Todos os principais conselheiros do COPAM, sem exceção, possuem no mínimo o curso superior.
Desnecessário é dizer que a posse de capital cultural vincula-se estreitamente, embora não
mecanicamente, à posse do capital econômico.
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Dentre esses membros das elites científicas e polítcas que foram determinantes na criação do COPAM,
destacam-se, sem dúvida, as figuras de Aureliano Chaves (então governador de Minas Gerais) e José
Israel Vargas (ex-Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia). Uma análise pormenorizada do papel
das elites mineiras na constituição do COPAM encontra-se em CARNEIRO (2003: 175 ss.).
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À guisa de ilustração, citemos os seguintes casos, dentre muitos: na reunião da Câmara de Defesa de
Ecossistemas (CDE) de 23/09/87, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) é aceita como
membro convidado; na reunião da Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas (CMBH) de 05/08/83,
Mário R. Andrade, do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), propõe e aprova a
aceitação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) como membro convidado; na reunião da CMBH
de 21/12/84, sugere-se que a Secretaria de Estado de Minas e Energia (SEME) seja aceita como membro
convidado do Plenário, e a METAMIG (Metais de Minas Gerais S. A.) é aceita como membro convidado
da CMBH; na reunião da CMBH de 06/08/86, José Carlos Borges, da Companhia de Distritos Industriais
(CDI), pede providências para que SEME passe a ser membro efetivo do Plenário, “já que tem dado
grande contribuição para compatibilizar meio ambiente e mineração”; na reunião da CMBH de 22/08/84,
Maria Dalce Ricas (AMDA) solicita ingresso para a AMDA como membro convidado; na reunião da
CMBH de 18/09/84, a AMDA é aceita como membro convidado.
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A noção de habitus e a idéia de sua “cumplicidade ontológica” com um campo específico aparecem
investidas em várias análises de Bourdieu. A discussão específica sobre o conceito pode ser encontrada
em BOURDIEU (1989: 26 ss.; 1990: 23, 81, 82, 130, 179).
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Por essa razão, seria completamente ilusório considerar, por exemplo, que os Secretários e Secretários
Adjuntos de Estado, pelo alto grau de capital estatal que representam, sejam figuras dominantes no
campo. Pelo contrário, a efemeridade de sua permanência no cargo impede que eles permaneçam no
campo por tempo suficiente para acumular o capital específico.
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Quanto a esse aspecto, merecem destaque os decretos estaduais de números 26.516, de janeiro de
1987, e 39.490, de maio de 1998.
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Essa exceção parece prender-se ao fato de ser a CIF uma Câmara ainda muito jovem, criada em 1998.
Em nossa pesquisa, constatamos que o processo de oligarquização de um fórum está diretamente
relacionado à sua longevidade, na medida em que é preciso tempo para que se condense um núcleo
dirigente dotado de baixa rotatividade. Como as Câmaras mais jovens, depois da CIF, a saber, a Câmara
de Mineração (CMI) e a Câmara de Bacias Hidrográficas (CBH), criadas em 1990, apresentam-se
oligarquizadas, seria preciso esperar por mais, no mínimo, oito anos, para sabermos se o fenômeno da
oligarquização se repetirá na CIF ou não. Nesse último caso, estaríamos obrigados a identificar a variável
que teria feito da CIF uma notável exceção.
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PLE = Plenário
CID = Câmara de Atividades Industriais
CMBH = Câmara de Mineração e Bacias Hidrográficas
CMI = Câmara de Mineração
CBH = Câmara de Bacias Hidrográficas
CAP = Câmara de Atividades Agrossilvopastoris
CPB = Câmara de Proteção à Biodiversidade
CPA = Câmara de Política Ambiental
CIF = Câmara de Atividades de Infra-estrutura
Valeria ainda a pena realizar uma apreciação um pouco
mais qualitativa sobre a composição dessa “elite dirigente”
do COPAM. Para uma visão panorâmica, poderíamos deixar em
segundo plano certas nuanças e distribuir os indivíduos que
compõem a elite por três grandes posições, que constituem a
estrutura tripartite do campo desde suas origens, a saber:
a) os membros da tecnoburocracia ambiental, isto é, os
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MÉDIA POR
CATEGORIA/AGENTES Nº DE AGENTE, POR
REUNIÕES CATEGORIA
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Esses conflitos fazem parte do processo que resultou na incorporação do DRH, outrora pertencente à
Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável. Desnecessário é lembrar a importância fundamental assumida pelo controle dos
usos capitalistas do enorme volume das águas mineiras, assim como o peso aí adquirido por uma empresa do
porte e relevância estratégica da CEMIG. Para uma análise detalhada desse processo, ver CARNEIRO (2003:
cap. 6).
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Vejam-se, por exemplo, as disputas que tiveram como objeto a punição da Extrativa Paraopeba por infrações e
desastres ambientais (CARNEIRO, 2003: 295 ss.)
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Para uma análise pormenorizada da emergência e do desenvolvimento do campo da “política ambiental” em
Minas Gerais, no contexto das relações entre o processo de modernização recuperadora mineiro e a
institucionalização de campos estatais de gestão política das condições naturais, veja-se Carneiro (2003).
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V- CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ENTREVISTAS CITADAS