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Departamento das Ciências Sociais, Políticas e do Território

Licenciatura em Administração Pública

Transformações organizacionais na
contemporaneidade: Reestruturação do
trabalho, neoliberalismo, tecnologia e mudança

Nas organizações hospitalares

Cadeira: Sociologia das Organizações


Docentes: Sara Diogo e Nathan Carvalho

Ano Letivo 2022/2023

Trabalho Realizado por:


Ana Branco - 102595
Adriana Sintra – 104145
Gabriela Cardoso - 104974
Mariana Santos - 104303
S.O
Índice

Lista de Acrónimos ........................................................................................................................ 3


1. Introdução ............................................................................................................................. 4
1.1. Objetivos do Trabalho ................................................................................................... 4
1.2. Metodologia do trabalho .............................................................................................. 4
2. Revisão da Literatura............................................................................................................. 5
2.1. Contextualização do Neoliberalismo ............................................................................ 5
2.2. Nova Gestão Pública/Manageralismo ........................................................................... 6
3. Nova Gestão Pública nas organizações hospitalares ............................................................ 7
4. Reestruturação do trabalho nas organizações hospitalares ................................................. 9
4.1. Novas tecnologias e a sua influência no trabalho das organizações hospitalares ...... 10
5. Conclusão ............................................................................................................................ 13
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 14

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Lista de Acrónimos

NGP – Nova Gestão Pública

SNS – Sistema Nacional de Saúde

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1. Introdução
O presente trabalho foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Sociologia das
Organizações do 3º ano da licenciatura de Administração Pública.
O foco deste trabalho é o aprofundamento e análise crítica do tema “Transformações
organizacionais na contemporaneidade: Reestruturação do trabalho, neoliberalismo, tecnologia
e mudança”, mais concretamente no âmbito das organizações hospitalares.

1.1. Objetivos do Trabalho


A presente análise tem como questão de investigação perceber como é que o
neoliberalismo/Nova Gestão Pública afetou o trabalho, mais concretamente no âmbito das
organizações hospitalares. Neste seguimento, é importante entender como é que a Nova Gestão
Pública atua no meio hospitalar e estabelecer uma relação entre a Nova Gestão Pública e a
reestruturação do trabalho, assim como compreender se o papel das tecnologias teve algum
impacto nestas organizações.

1.2. Metodologia do trabalho


De forma a atingir o objetivo do trabalho e os melhores resultados possíveis, iremos adotar
a seguinte metodologia: pesquisa de artigos científicos, revisão da literatura, reflexão da
literatura e do tema escolhido, análise crítica dos mesmos e conclusão.

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2. Revisão da Literatura

2.1. Contextualização do Neoliberalismo

Podemos caracterizar o neoliberalismo como uma ideologia, isto é, um complexo de ideias


políticas e económicas de origem capitalista. Esta política defendia a não participação do Estado
na economia. De acordo com esta doutrina, deve existir total liberdade de comércio, ou seja, a
existência de livre mercado, de modo a garantir tanto o crescimento económico, como o
desenvolvimento social do país. Este conceito tem como características:

• Mínima participação do Estado na economia do país;


• Livre circulação de capitais internacionais e destaque para a globalização;
• Abertura económica para a entrada de multinacionais;
• Reconhecimento de medidas contra o protecionismo económico;
• Redução do papel do Estado (assim o Estado torna-se mais eficiente);
• Desburocratização do Estado (ou seja, leis e regras económicas mais simplificadas de
modo a facilitar o funcionamento de todas as atividades económicas);
• Defesa dos princípios económicos capitalistas;
• Os fundamentos da economia devem ser formulados por empresas de carácter privado;
• A lei da oferta e da procura é suficiente para regular os preços dos mercados, não sendo
necessária a intervenção do Estado;
• Aumento da produção, tendo como finalidade atingir o desenvolvimento económico.

O neoliberalismo depende muito do ponto de vista de cada um, podendo ter vários
significados, acabando por ser considerado um assunto muito complexo. De acordo com David
Harvey (2008):

O neoliberalismo é em primeiro lugar uma teoria das práticas político-económicas que


propõe que o bem-estar humano pode ser melhor promovido liberando-se as liberdades e
capacidades empreendedoras individuais no âmbito de uma estrutura institucional
caracterizada por sólidos direitos a propriedade privada, livres mercados e livre comércio.
O papel do Estado é criar e preservar uma estrutura institucional apropriada a essas práticas.
(p.10)

Segundo o os autores Steger & Roy (2010), pode ser descrito como um conjunto de políticas
de reforma económica, que determinados investigadores políticos retratam como a “fórmula D-
L-P”, que tem como inquietações a desregulamentação económica, a liberdade do comércio e
indústria e a privatização das organizações estatais. É uma doutrina que considera a troca de
mercado como uma ética em si mesma, ou seja, age como uma direção para todas as ações
humanas e é capaz de suprir todas as convicções morais previamente mantidas. É possível
descrevê-lo como uma conduta de governação que compreende a ideia de que o mercado livre
é auto regulado, contornando todos os valores de concorrência e interesse próprio, tornando-
se um protótipo de governo produtivo e competente.

Concluindo, o neoliberalismo é uma teoria de procedimentos políticos e económicos que


sugere que o bem-estar coletivo pode ser melhorado por meio da libertação do indivíduo dentro

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de um cenário institucional que é fortemente marcado pelos direitos da propriedade privada,
mercados livres e comércio livre.

2.2. Nova Gestão Pública/Manageralismo

Esta surge como oposição às teorias clássicas de organização, isto é, ao sistema


burocrático. A Nova Gestão Pública ou Managerialismo diz respeito à forma política de
neoliberalismo, mas acaba por ser, de certa forma, um desenvolvimento desta, sendo uma das
suas ideias-chave o facto de “não funcionar contra o Estado, mas através dele” (Dale, 2010,
p.1104). A NGP emerge devido à crise da teoria administrativa que predominava na altura, assim
como devido à firmeza que tinha de haver uma melhoria da eficiência dos serviços públicos.

A NGP surge em inícios dos anos 80 do século XX em Portugal, no entanto, esta doutrina já
tinha aparecido muito antes em outros países. De acordo com Carvalho (2006):

O conceito de Managerialismo não é novo. Surge pela primeira vez em 1941 pela mão do
sociólogo James Burnham em “The Managerial Revolution”. Pretendia o autor com este
termo classificar a transição de uma sociedade burguesa para uma sociedade que designava
por managerialista. Esta transição traduzia a passagem do controlo das empresas dos
proprietários para os profissionais com competências de gestão (Burnham, 1945) (p.40)

Este modelo apareceu como uma tentativa de melhorar os problemas de ineficiência da


Administração Pública, algo que era frequente naquela época devido a toda a burocracia
existente. Segundo Rehfuss (1991), enquanto que na administração (estrutura) tradicional havia
um destaque para o cumprimento de regras, ênfase na política, uma predominação da
hierarquização no meio do trabalho e um ambiente de monopólio, a NGP (uma estrutura mais
competitiva) aposta mais na eficiência, numa ênfase na produção e qualidade de serviços em
detrimento da política e de toda a burocracia associada e na ideia que no meio do trabalho o
importante é o cliente e a sua futura satisfação e, por fim, na NGP há um mercado de livre
concorrência, sem intervenção de ninguém.

A NGP conta com um leque de características, das quais podemos destacar o facto de evitar
a corrupção, evitar o desperdício, definir e identificar as competências e responsabilidades
adequadas, instruir uma maior transparência no funcionamento dos serviços, orientar a gestão
dos serviços para as necessidades dos cidadãos, abrir a gestão pública à sociedade, avaliar o
desempenho dos serviços, os cortes orçamentais, o incentivo à competição, a separação da
política e da administração, entre outras. Segundo Jesus & Costa (2014):

Os princípios norteadores da Nova Gestão Pública são: 1) governança democrática; 2)


orientação para resultados; 3) atitude e ambiente empreendedores; 4) descentralização de
serviços; 5) valorização da gestão de pessoas; 6) articulação de recursos públicos e privados;
e 7) responsabilização e contratualização. (p. 892)

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A tabela abaixo mostra as definições de cada princípio.

Princípio Definição

Governança Ação do Estado voltada para o cidadão, restabelecimento da


democrática esfera pública como objeto do exercício da cidadania, prestação
de contas em relação às políticas e resultados propostos,
transparência nas ações.

Orientação para Controles apoiados em indicadores de resultados;


resultados reconhecimento do público-alvo das ações de governação;
resultados de impactos em detrimento dos resultados de serviços
(outputs).

Atitude e ambiente Incentivo à criatividade e inovação por parte das organizações


empreendedores públicas e, particularmente, dos trabalhadores em ofícios
públicos.

Descentralização de Ostentação do Estado na regulação e na promoção do


serviços atendimento às instâncias sociais, desempenhando a função de
articulador.

Valorização da gestão Restauração da imagem do trabalhador em funções públicas,


de pessoas implantação de relações profissionais de trabalho, alcance dos
resultados organizacionais, construção de condições objetivas de
desenvolvimento das pessoas.

Articulação de recursos O governo confia ao sector privado, aspetos tipicamente


públicos e privados mercantis do empreendimento, mantendo suas prerrogativas de
planeamento, monitorização e regulamentação.
Exemplos: parcerias público-privadas

Responsabilização e Responsabilização das organizações prestadoras de serviços,


contratualização sejam elas públicas ou não, acompanhamento e avaliação é
prerrogativa do Estado, criação de mecanismos de controlo,
garantia do alcance dos resultados esperados.
Tabela 1. Fonte: Pacheco, 2008

“A NGP surge, frequentemente, como um conceito que pretende, precisamente, designar


todas as mudanças no sector público encetadas nas últimas décadas nos países desenvolvidos.”
(Carvalho, 2006, p. 49). No entanto, acaba por haver vários significados que muitas vezes variam
de autor para autor.

3. Nova Gestão Pública nas organizações hospitalares

Todas as mudanças observadas nas políticas públicas e de gestão têm vindo a gerar algum
impacto na conjuntura organizacional das entidades públicas. Segundo Araújo (2005):

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O setor da saúde, que é constituído na sua pluralidade por corporações públicas, tem
suportado alterações com a execução dos propósitos apresentados pelas ideologias da NGP,
que concentram a sua atenção no cidadão, que têm em conta a diminuição da burocracia
profissional e que visam a diminuição das despesas. (p. 8-9)

Em Portugal, a NGP acaba por ser adotada em 1990, no setor da saúde, devido a problemas
relacionados com a deterioração dos custos ligados ao fornecimento de cuidados de saúde a
todos os cidadãos, as constantes transformações demográficas e a redução das receitas
públicas. Se olharmos numa perspetiva demográfica, confrontamo-nos com um país
envelhecido, onde são extremamente visíveis as carências a nível de cuidados de saúde e,
consequentemente, deparamo-nos com uma diminuição de recursos públicos oriundos da
contribuição da população em idade ativa.

O alcance de toda a informação disponível e a sua divulgação têm colaborado para que o
cidadão tenha um nível mais elevado de conhecimento e que seja mais meticuloso, o que leva a
uma maior colaboração e comprometimento perante os processos organizacionais. Assim, desta
forma a sua opinião é reconhecida e poderá haver um melhoramento dos serviços públicos.

Podemos afirmar que “os hospitais são organizações cujo principal objetivo é a prestação
de cuidados de saúde, utilizando recursos humanos e tecnológicos, que se distinguem pela
divisão do trabalho em equipas multidisciplinares, com diferentes aptidões técnicas”. (Conselho
de Reflexão sobre a Saúde, 1998, p. 9). Logo, todo este procedimento leva a que os hospitais
sejam organizações que possuem um elevado nível de profundidade, sendo vigorosamente
motivadas por diferentes contextos (cultural, político, económico, entre outras). Se olharmos à
nossa volta, as empresas privadas que são extremamente eficientes têm um modelo de gestão
cujo objetivo é ter o maior lucro possível e colocar o produto no mercado ao melhor preço
possível, logo é necessário aplicar este modelo aos hospitais e serviços públicos. Assim sendo,
ao procedermos à empresarialização dos hospitais vamos introduzir uma gestão onde haverá
um controlo dos custos, produtividade, flexibilidade, autonomia gerencial e responsabilidade
pelos resultados, cuja meta será a fomentação da competição pela prestação de serviços de
saúde no país. Dessa maneira, isto pode levar à criação de um sistema de saúde mais
competitivo e eficiente.

A implementação de técnicas de gestão do tipo empresarial no sistema de saúde português


assenta na racionalização de custos, no entanto com a NGP, princípios como a descentralização
de competências e de responsabilidades, e a contratualização, passam também a ser
considerados fatores de grande valor, começando a ser aplicados nas organizações
hospitalares.

Deste modo, “a descentralização de competências de gestão para o espaço das organizações


permite que cada hospital tenha autonomia para a conceção, implementação e controlo da
atividade hospitalar” (Correia, 2009, p.83-103), e com o aumento da descentralização, a
responsabilização dos gestores é promovida, permitindo que estes prescindam de algum do seu
poder para garantir o bem-estar dos outros. Por outro lado, temos a contratualização, esta tem
sido uma ferramenta que permitiu melhorar o desempenho do sistema de saúde. Tendo como
propósito incentivar os prestadores a expandir a qualidade e eficácia dos cuidados prestados, e

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tornando o cliente o principal foco de todo o processo. De acordo com o Observatório Português
dos Sistemas de Saúde (2002):

Com a NGP, a reforma no setor da saúde tem como principal meta a separação entre
entidades financiadoras e prestadoras de cuidados, visto que uma das principais razões da
ineficiência dos sistemas de saúde é o sobrepeso do Estado na prestação de cuidados de
saúde, assim a NGP vai permitir que o financiador público cumpre o seu papel de acordo
com as necessidades do cidadão.

A NGP, permitiu também garantir que todos os cidadãos tivessem o mesmo acesso, isto é,
acesso universal e igual ao serviço público de saúde e propiciou a garantia de parâmetros de
qualidade dos serviços de saúde, tendo especial atenção aos interesses dos utentes. Deste
modo, a proteção da equidade, da qualidade e dos direitos dos indivíduos estava garantida,
impedindo assim a depreciação da qualidade dos cuidados de saúde e a segurança do utente,
em função da maximização de resultados.

Em suma, a aplicação da NGP nas organizações hospitalares, veio trazer uma nova promessa
de governação, rompendo com o antigo processo burocrático e passando a centralizar os seus
padrões na gestão hospitalar. Com esta nova cultura realizada no contexto da saúde, foram
dinamizadas diversas experiências de gestão, principalmente a integração de cuidados.

4. Reestruturação do trabalho nas organizações hospitalares

De acordo com Rodrigues. A. (2007), foi por volta dos anos 30 que os departamentos de
diagnóstico começaram a monitorizar os processos e equipamentos de modo a aumentarem a
eficácia e qualidade dos serviços (Papp, 2002).

O aparecimento da tecnologia permitiu uma transformação e uma reestruturação do


trabalho a nível das organizações hospitalares. Muitas das mudanças ocorridas devem-se ao
surgimento desta. É preciso ter em conta que a tecnologia e a ciência estão relacionadas e que
há um avanço científico no que diz respeito à descoberta de doenças, tratamentos, entre outros.
O surgimento das tecnologias permitiu a todos os trabalhadores da área um maior acesso à
informação e passou a ser possível assinalar o historial clínico dos pacientes.

Segundo Rodrigues. A. (2007), com o aparecimento dos equipamentos tecnológicos veio


também o fator incerteza. Era necessário a mudança do nome de certos procedimentos e
normas que de certa forma passaram a ter uma ideia de antiguidade. Segundo Rodrigues, A.
(2007):

Torna- se assim patente que os líderes destes serviços necessitam cada vez mais desenvolver
conhecimento complexo e saber aplicá-lo aos elementos da sua equipa de trabalho, de
forma a se atingirem níveis de performance no domínio das tecnologias médicas e
concomitantemente, os serviços apresentem resultados de eficiência e eficácia, ilustrativos
de uma gestão consciente com os objetivos da organização e com as políticas do SNS (p. 37)

A mesmo autora, ainda acrescenta ainda que a modificação trouxe consigo várias iniciativas
dos trabalhadores da área. Algumas delas são a “informação tecnológica, diagnóstico

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tecnológico importante para os resultados de saúde dos utentes, para a deteção de doenças
precoces, entre outras.” (Rodriges. A., 2007, p. 37) e, consequentemente, afirma:

O contexto de mudança levou a inúmeras iniciativas dos profissionais da saúde, algumas das
quais buscaram apoio na indústria dos cuidados de saúde. Estas incluem cenários como os
seguintes: a) informação tecnológica; b) ferramentas essenciais de ensino para a educação
clínica geral; c) disciplina independente de investigação com o reconhecimento dos
diferentes Institutos das Ciências da Saúde; d) diagnóstico tecnológico com relevância
directa para os resultados em saúde dos doentes; e) uma importante tecnologia de rastreio
para a detecção precoce da doença; f) uma tecnologia de visualização facilitadora de uma
terapia mínima invasiva. (p. 37).

Foi necessário os profissionais estarem “abertos” à ideia de um sistema de saúde com a


presença da tecnologia. O autor acrescenta ainda que era preciso aprender e abrir a
mentalidade no que toca por exemplo ao desenvolvimento das “áreas de liderança, da gestão,
do marketing, entre outras” (Rodrigues. A., 2007, p.37). Isto por sua vez, levaria a um aumento
das expectativas de quem exerce as funções. Este aumento de expectativas por sua vez traz uma
maior eficiência, “em questões de eficiência financeira, de oportunidades e de satisfação de
utentes” (Rodrigues. A., 2007, p.38).

4.1. Novas tecnologias e a sua influência no trabalho das organizações


hospitalares

A tecnologia teve inúmeras influências no setor da saúde, começando logo pela alteração
dos hábitos, das formas de trabalhar da humanidade, bem como modificação dos
relacionamentos entre os trabalhadores. O mundo digital possui dois conceitos distintos, a
transformação digital, ou seja, a adoção de processos que contribuem para o aumento da
eficiência, e a maturidade digital que “avalia” o quanto uma organização está adaptada para
competir no ambiente.

A área da saúde é uma das áreas que pode sofrer mais alterações com o uso de novas
ferramentas digitais, pois, através das mesmas, é possível haver uma melhoria na prevenção de
doenças bem como na longevidade do ser humano. Nos serviços e nas unidades de saúde, a
tecnologia permite que exista uma mais fácil e melhor comunicação entre eles, de forma a
partilharem informação e assim seja possível obter ganhos na saúde. Em todas as áreas do setor
da saúde, todos os processos seriam agilizados, eliminando tudo aquilo que fosse considerado
desnecessário para que, assim, para além de aumentar a eficiência, os custos associados fossem
reduzidos ou, em alguns casos, até mesmo eliminados.

Quanto às estruturas organizacionais, também estas sofreram alterações, cada vez mais, os
dados e a informação são importantes para a tomada de decisão, o mercado de trabalho com o
passar do tempo aumenta as suas exigências o que requer, também, novas competências, bem
como a atualização dos processos. Quanto mais atualizada for a estrutura, mais visível será o
sucesso organizacional, é fundamental que as estruturas hierárquicas sejam abandonadas e
evoluam para novos modelos onde exista a colaboração de todos, nestes mesmos novos
modelos, a remuneração do indivíduo deve estar associada ao seu desempenho, baseado na

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meritocracia, pois permite que todos acompanhem e estejam focados nos objetivos estratégicos
da organização.

A Quarta Revolução Industrial vai reformular governos e instituições nos sistemas de


educação, de saúde, de transportes, entre outros. Após a leitura do artigo “A quarta revolução
industrial” de Klaus Schwab, decidimos retirar a informação mais pertinente para a nossa
temática.

A tecnologia possui diversas formas de ser utilizada, atualmente o seu uso limita-se
sobretudo à indústria automóvel, à aeroespacial e à médica, uma inovação fundamental para os
avanços na saúde, possível através da tecnologia é a impressão em 3D. que, por sua vez, possui
algumas restrições associadas ao custo, à velocidade e ao tamanho, mas, serão ultrapassadas
gradualmente de forma que a impressão 3D possa evoluir e chegue mesmo a possuir células e
órgãos humanos. Existem inúmeras aplicações da tecnologia na área da saúde, por exemplo
implantes que sejam capazes de se adaptarem ao corpo humano.

Várias doenças, como as cardíacas e as oncológicas, possuem componentes genéticos, e


devido a isso, é possível determinar a nossa constituição genética individual através de
máquinas e de diagnósticos que sejam realizados de forma frequente, o que irá revolucionar os
cuidados de saúde pois, acabará por reduzir de forma significativa a quantidade de mortes
ocorridas. Se os médicos possuírem o máximo de informação possível relativamente à
constituição genética de um tumor, por exemplo, poderão decidir qual o melhor tratamento de
acordo com a constituição de cada paciente. A abundância de informação e dos dados irá
possibilitar uma medicina baseada na precisão que permite uma melhoria nos resultados dos
tratamentos. Conforme defende o autor, Klaus Schwab (2016):

Watson, o supercomputador da IBM, já consegue ajudar a recomendar, em poucos minutos,


tratamentos personalizados para pacientes com câncer, comparando os históricos da
doença e dos tratamentos, exames e dados genéticos com um universo (quase) completo
de conhecimentos médicos atualizados. (p.33)

A fabricação em 3D utilizada para editar genes permite também criar tecidos vivos para
reparar e possibilitar a regeneração dos tecidos, “A técnica já foi utilizada para criar pele, osso,
coração e tecido vascular. Em algum momento, camadas impressas de células do fígado serão
usadas para criar órgãos transplantáveis” (Schwab, 2016, p.34)

Com toda a evolução a que temos assistido, estão a ser desenvolvidas novas formas de
incorporar dispositivos que supervisionem a nossa atividade, o nosso fluxo sanguíneo, o
batimento cardíaco, bem como, os níveis de oxigénio, dispositivos esses que sejam capazes de
relacionar toda essa informação com a nossa produtividade, saúde mental e bem-estar.
Claramente que toda esta atual revolução terá diversos impactos e irá implementar mudanças
económicas, sociais e culturais, as mudanças serão de tal forma elevadas que nem é possível
prevê-las.

Um conceito que o autor fez referência foi o de “mobilidade da próxima geração”,


inicialmente parece não ter qualquer relação com a nossa temática, no entanto tem imensa
relação pois, devido a todos os avanços na tecnologia a nível de sensores automóveis, entre
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outros, a segurança para quem escolhe o próprio pé para se deslocar irá ser maior, assim, um
número mais elevado de pessoas irá optar por utilizar esta forma, será visível um aumento na
adoção do transporte público, o que levará a uma redução do trânsito, da poluição associada às
cidades, de um aumento da qualidade de vida devido às caminhadas realizadas e à diminuição
dos custos com os automóveis, tudo isto resultará numa melhoria da saúde.

Para terminar este ponto selecionamos algumas mudanças anotadas pelo autor para
compreender melhor como todas estas alterações funcionam na prática. A primeira está
associada às tecnologias implantáveis, as pessoas estão cada vez mais ligadas a dispositivos,
dispositivos estes que, por sua vez, estão cada vez mais conectados com os nossos corpos,
importa ainda referir que estes não estão apenas a ser utilizados pelas pessoas mas também são
implementados nos seus corpos, como por exemplo um pacemaker, o impacto positivo desta
mudança é o aumento dos resultados positivos na saúde, como aspeto negativo apontamos a
falta de privacidade e, quando exista malícia a potencial vigilância.

A segunda mudança, a robótica, foi criado nos Estados Unidos da América o primeiro
farmacêutico robotizado, mais uma vez, como aspeto positivo tem os melhores resultados para
a saúde, pois irá selecionar o melhor medicamento em menos tempo, como aspeto negativo
temos, principalmente, a redução dos postos de trabalho. por fim, a mudança selecionada foi a
impressão em 3D e a saúde humana, ocorrência do primeiro transplante de um fígado criado
em 3D, irá ajudar a diminuir a escassez de órgãos doados e assim diminuirá a taxa de
mortalidade, pois muita gente acaba por morrer à espera de um transplante, mas, como a
produção não é controlada não poderá ser garantida a qualidade dos órgãos impressos.

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5. Conclusão

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