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Transformações organizacionais na
contemporaneidade: Reestruturação do
trabalho, neoliberalismo, tecnologia e mudança
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Lista de Acrónimos
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1. Introdução
O presente trabalho foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Sociologia das
Organizações do 3º ano da licenciatura de Administração Pública.
O foco deste trabalho é o aprofundamento e análise crítica do tema “Transformações
organizacionais na contemporaneidade: Reestruturação do trabalho, neoliberalismo, tecnologia
e mudança”, mais concretamente no âmbito das organizações hospitalares.
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2. Revisão da Literatura
O neoliberalismo depende muito do ponto de vista de cada um, podendo ter vários
significados, acabando por ser considerado um assunto muito complexo. De acordo com David
Harvey (2008):
Segundo o os autores Steger & Roy (2010), pode ser descrito como um conjunto de políticas
de reforma económica, que determinados investigadores políticos retratam como a “fórmula D-
L-P”, que tem como inquietações a desregulamentação económica, a liberdade do comércio e
indústria e a privatização das organizações estatais. É uma doutrina que considera a troca de
mercado como uma ética em si mesma, ou seja, age como uma direção para todas as ações
humanas e é capaz de suprir todas as convicções morais previamente mantidas. É possível
descrevê-lo como uma conduta de governação que compreende a ideia de que o mercado livre
é auto regulado, contornando todos os valores de concorrência e interesse próprio, tornando-
se um protótipo de governo produtivo e competente.
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de um cenário institucional que é fortemente marcado pelos direitos da propriedade privada,
mercados livres e comércio livre.
A NGP surge em inícios dos anos 80 do século XX em Portugal, no entanto, esta doutrina já
tinha aparecido muito antes em outros países. De acordo com Carvalho (2006):
O conceito de Managerialismo não é novo. Surge pela primeira vez em 1941 pela mão do
sociólogo James Burnham em “The Managerial Revolution”. Pretendia o autor com este
termo classificar a transição de uma sociedade burguesa para uma sociedade que designava
por managerialista. Esta transição traduzia a passagem do controlo das empresas dos
proprietários para os profissionais com competências de gestão (Burnham, 1945) (p.40)
A NGP conta com um leque de características, das quais podemos destacar o facto de evitar
a corrupção, evitar o desperdício, definir e identificar as competências e responsabilidades
adequadas, instruir uma maior transparência no funcionamento dos serviços, orientar a gestão
dos serviços para as necessidades dos cidadãos, abrir a gestão pública à sociedade, avaliar o
desempenho dos serviços, os cortes orçamentais, o incentivo à competição, a separação da
política e da administração, entre outras. Segundo Jesus & Costa (2014):
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A tabela abaixo mostra as definições de cada princípio.
Princípio Definição
Todas as mudanças observadas nas políticas públicas e de gestão têm vindo a gerar algum
impacto na conjuntura organizacional das entidades públicas. Segundo Araújo (2005):
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O setor da saúde, que é constituído na sua pluralidade por corporações públicas, tem
suportado alterações com a execução dos propósitos apresentados pelas ideologias da NGP,
que concentram a sua atenção no cidadão, que têm em conta a diminuição da burocracia
profissional e que visam a diminuição das despesas. (p. 8-9)
Em Portugal, a NGP acaba por ser adotada em 1990, no setor da saúde, devido a problemas
relacionados com a deterioração dos custos ligados ao fornecimento de cuidados de saúde a
todos os cidadãos, as constantes transformações demográficas e a redução das receitas
públicas. Se olharmos numa perspetiva demográfica, confrontamo-nos com um país
envelhecido, onde são extremamente visíveis as carências a nível de cuidados de saúde e,
consequentemente, deparamo-nos com uma diminuição de recursos públicos oriundos da
contribuição da população em idade ativa.
O alcance de toda a informação disponível e a sua divulgação têm colaborado para que o
cidadão tenha um nível mais elevado de conhecimento e que seja mais meticuloso, o que leva a
uma maior colaboração e comprometimento perante os processos organizacionais. Assim, desta
forma a sua opinião é reconhecida e poderá haver um melhoramento dos serviços públicos.
Podemos afirmar que “os hospitais são organizações cujo principal objetivo é a prestação
de cuidados de saúde, utilizando recursos humanos e tecnológicos, que se distinguem pela
divisão do trabalho em equipas multidisciplinares, com diferentes aptidões técnicas”. (Conselho
de Reflexão sobre a Saúde, 1998, p. 9). Logo, todo este procedimento leva a que os hospitais
sejam organizações que possuem um elevado nível de profundidade, sendo vigorosamente
motivadas por diferentes contextos (cultural, político, económico, entre outras). Se olharmos à
nossa volta, as empresas privadas que são extremamente eficientes têm um modelo de gestão
cujo objetivo é ter o maior lucro possível e colocar o produto no mercado ao melhor preço
possível, logo é necessário aplicar este modelo aos hospitais e serviços públicos. Assim sendo,
ao procedermos à empresarialização dos hospitais vamos introduzir uma gestão onde haverá
um controlo dos custos, produtividade, flexibilidade, autonomia gerencial e responsabilidade
pelos resultados, cuja meta será a fomentação da competição pela prestação de serviços de
saúde no país. Dessa maneira, isto pode levar à criação de um sistema de saúde mais
competitivo e eficiente.
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tornando o cliente o principal foco de todo o processo. De acordo com o Observatório Português
dos Sistemas de Saúde (2002):
Com a NGP, a reforma no setor da saúde tem como principal meta a separação entre
entidades financiadoras e prestadoras de cuidados, visto que uma das principais razões da
ineficiência dos sistemas de saúde é o sobrepeso do Estado na prestação de cuidados de
saúde, assim a NGP vai permitir que o financiador público cumpre o seu papel de acordo
com as necessidades do cidadão.
A NGP, permitiu também garantir que todos os cidadãos tivessem o mesmo acesso, isto é,
acesso universal e igual ao serviço público de saúde e propiciou a garantia de parâmetros de
qualidade dos serviços de saúde, tendo especial atenção aos interesses dos utentes. Deste
modo, a proteção da equidade, da qualidade e dos direitos dos indivíduos estava garantida,
impedindo assim a depreciação da qualidade dos cuidados de saúde e a segurança do utente,
em função da maximização de resultados.
Em suma, a aplicação da NGP nas organizações hospitalares, veio trazer uma nova promessa
de governação, rompendo com o antigo processo burocrático e passando a centralizar os seus
padrões na gestão hospitalar. Com esta nova cultura realizada no contexto da saúde, foram
dinamizadas diversas experiências de gestão, principalmente a integração de cuidados.
De acordo com Rodrigues. A. (2007), foi por volta dos anos 30 que os departamentos de
diagnóstico começaram a monitorizar os processos e equipamentos de modo a aumentarem a
eficácia e qualidade dos serviços (Papp, 2002).
Torna- se assim patente que os líderes destes serviços necessitam cada vez mais desenvolver
conhecimento complexo e saber aplicá-lo aos elementos da sua equipa de trabalho, de
forma a se atingirem níveis de performance no domínio das tecnologias médicas e
concomitantemente, os serviços apresentem resultados de eficiência e eficácia, ilustrativos
de uma gestão consciente com os objetivos da organização e com as políticas do SNS (p. 37)
A mesmo autora, ainda acrescenta ainda que a modificação trouxe consigo várias iniciativas
dos trabalhadores da área. Algumas delas são a “informação tecnológica, diagnóstico
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tecnológico importante para os resultados de saúde dos utentes, para a deteção de doenças
precoces, entre outras.” (Rodriges. A., 2007, p. 37) e, consequentemente, afirma:
O contexto de mudança levou a inúmeras iniciativas dos profissionais da saúde, algumas das
quais buscaram apoio na indústria dos cuidados de saúde. Estas incluem cenários como os
seguintes: a) informação tecnológica; b) ferramentas essenciais de ensino para a educação
clínica geral; c) disciplina independente de investigação com o reconhecimento dos
diferentes Institutos das Ciências da Saúde; d) diagnóstico tecnológico com relevância
directa para os resultados em saúde dos doentes; e) uma importante tecnologia de rastreio
para a detecção precoce da doença; f) uma tecnologia de visualização facilitadora de uma
terapia mínima invasiva. (p. 37).
A tecnologia teve inúmeras influências no setor da saúde, começando logo pela alteração
dos hábitos, das formas de trabalhar da humanidade, bem como modificação dos
relacionamentos entre os trabalhadores. O mundo digital possui dois conceitos distintos, a
transformação digital, ou seja, a adoção de processos que contribuem para o aumento da
eficiência, e a maturidade digital que “avalia” o quanto uma organização está adaptada para
competir no ambiente.
A área da saúde é uma das áreas que pode sofrer mais alterações com o uso de novas
ferramentas digitais, pois, através das mesmas, é possível haver uma melhoria na prevenção de
doenças bem como na longevidade do ser humano. Nos serviços e nas unidades de saúde, a
tecnologia permite que exista uma mais fácil e melhor comunicação entre eles, de forma a
partilharem informação e assim seja possível obter ganhos na saúde. Em todas as áreas do setor
da saúde, todos os processos seriam agilizados, eliminando tudo aquilo que fosse considerado
desnecessário para que, assim, para além de aumentar a eficiência, os custos associados fossem
reduzidos ou, em alguns casos, até mesmo eliminados.
Quanto às estruturas organizacionais, também estas sofreram alterações, cada vez mais, os
dados e a informação são importantes para a tomada de decisão, o mercado de trabalho com o
passar do tempo aumenta as suas exigências o que requer, também, novas competências, bem
como a atualização dos processos. Quanto mais atualizada for a estrutura, mais visível será o
sucesso organizacional, é fundamental que as estruturas hierárquicas sejam abandonadas e
evoluam para novos modelos onde exista a colaboração de todos, nestes mesmos novos
modelos, a remuneração do indivíduo deve estar associada ao seu desempenho, baseado na
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meritocracia, pois permite que todos acompanhem e estejam focados nos objetivos estratégicos
da organização.
A tecnologia possui diversas formas de ser utilizada, atualmente o seu uso limita-se
sobretudo à indústria automóvel, à aeroespacial e à médica, uma inovação fundamental para os
avanços na saúde, possível através da tecnologia é a impressão em 3D. que, por sua vez, possui
algumas restrições associadas ao custo, à velocidade e ao tamanho, mas, serão ultrapassadas
gradualmente de forma que a impressão 3D possa evoluir e chegue mesmo a possuir células e
órgãos humanos. Existem inúmeras aplicações da tecnologia na área da saúde, por exemplo
implantes que sejam capazes de se adaptarem ao corpo humano.
A fabricação em 3D utilizada para editar genes permite também criar tecidos vivos para
reparar e possibilitar a regeneração dos tecidos, “A técnica já foi utilizada para criar pele, osso,
coração e tecido vascular. Em algum momento, camadas impressas de células do fígado serão
usadas para criar órgãos transplantáveis” (Schwab, 2016, p.34)
Com toda a evolução a que temos assistido, estão a ser desenvolvidas novas formas de
incorporar dispositivos que supervisionem a nossa atividade, o nosso fluxo sanguíneo, o
batimento cardíaco, bem como, os níveis de oxigénio, dispositivos esses que sejam capazes de
relacionar toda essa informação com a nossa produtividade, saúde mental e bem-estar.
Claramente que toda esta atual revolução terá diversos impactos e irá implementar mudanças
económicas, sociais e culturais, as mudanças serão de tal forma elevadas que nem é possível
prevê-las.
Para terminar este ponto selecionamos algumas mudanças anotadas pelo autor para
compreender melhor como todas estas alterações funcionam na prática. A primeira está
associada às tecnologias implantáveis, as pessoas estão cada vez mais ligadas a dispositivos,
dispositivos estes que, por sua vez, estão cada vez mais conectados com os nossos corpos,
importa ainda referir que estes não estão apenas a ser utilizados pelas pessoas mas também são
implementados nos seus corpos, como por exemplo um pacemaker, o impacto positivo desta
mudança é o aumento dos resultados positivos na saúde, como aspeto negativo apontamos a
falta de privacidade e, quando exista malícia a potencial vigilância.
A segunda mudança, a robótica, foi criado nos Estados Unidos da América o primeiro
farmacêutico robotizado, mais uma vez, como aspeto positivo tem os melhores resultados para
a saúde, pois irá selecionar o melhor medicamento em menos tempo, como aspeto negativo
temos, principalmente, a redução dos postos de trabalho. por fim, a mudança selecionada foi a
impressão em 3D e a saúde humana, ocorrência do primeiro transplante de um fígado criado
em 3D, irá ajudar a diminuir a escassez de órgãos doados e assim diminuirá a taxa de
mortalidade, pois muita gente acaba por morrer à espera de um transplante, mas, como a
produção não é controlada não poderá ser garantida a qualidade dos órgãos impressos.
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5. Conclusão
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Referências Bibliográficas
• Jesus, I. & Costa, H. (2014). A Nova Gestão Pública como indutora das atividades de
Engenharia de Produção nos órgãos públicos.
(documento disponível em:
https://www.scielo.br/j/prod/a/vZX6XZVpgff4HxbgwRNq6fN/?lang=pt)
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(disponível em: https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/25282)
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