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Gestão e Sustentabilidade do Projeto

Apresentação
Na última década, o conteúdo da Gestão Social vem encontrando espaço na grade curricular do
curso de Serviço Social. A polissemia que recobre a expressão conceituada por diferentes áreas do
conhecimento carrega, nas primeiras versões, traços da Administração Científica: uma racionalidade
técnico-científica de natureza filantrópica e voluntarista.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito de Gestão Social, os princípios e as
diretrizes a partir de análises do Serviço Social. Irá conhecer, também, as ferramentas de gestão
utilizadas no processo de trabalho do assistente social. Por fim, você poderá identificar o Projeto
Social como instrumento básico de intervenção profissional.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir Gestão Social, princípios e diretrizes para a sua aplicação.


• Descrever as ferramentas de gestão utilizadas no processo de trabalho do assistente social.
• Identificar o Projeto Social como instrumento básico de intervenção profissional dos
assistentes sociais.
Infográfico
Projeto Social é uma ferramenta de trabalho para o assistente social, especialmente quando
inserido no interior das organizações sociais. No entanto, é importante compreender a dinâmica de
polarizações no entendimento da função social dessas organizações no trato da Questão Social.

Veja, no Infográfico, uma breve incursão e análise crítica a respeito do chamado "terceiro setor".

Confira.
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Conteúdo do livro
A Gestão Social participa do cenário político-econômico a partir das transformações societárias no
marco da reestruturação produtiva, nos idos dos anos 1990. Tais transformações implicaram a
reorganização do papel do Estado com a adoção de medidas administrativas e práticas
institucionais de gestão, exigindo habilidades técnicas especializadas aos profissionais para atuação
nas políticas sociais. No cenário que se apresenta, a política social passa para a arena de disputas na
esfera do mercado privado e das organizações sociais com destaque para a tecnificação das ações.
Percebe-se a ausência do debate político na gestão das políticas sociais, embora esse campo se
caracterize por configurar espaço de lutas e de disputas de diferentes projetos societários. Ao
assistente social competirá apropriar-se do projeto profissional ancorado pelo projeto ético-político
para o resgate da dimensão política do debate no campo das políticas sociais.

No capítulo Gestão e sustentabilidade do projeto da obra Gestão e planejamento em Serviço Social,


você verá os seguintes conteúdos de análise organizados em três partes. Uma primeira parte,
fundamentalmente de caráter conceitual, trata-se da polissemia do termo as referências
apropriadas pelo Serviço Social. A segunda parte traça um percurso histórico a respeito do Estado,
da sociedade civil e do mercado, caracterizando o espaço do Terceiro Setor. Por fim, a terceira
parte discutirá o Projeto Social como recurso de intervenção profissional e de elaboração de
instrumentos profissionais.

Boa leitura.
GESTÃO E
PLANEJAMENTO EM
SERVIÇO SOCIAL

Klauze Silva
Gestão e sustentabilidade
do projeto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir Gestão Social e os princípios e as diretrizes para a sua aplicação.


 Descrever as ferramentas de gestão utilizadas no processo de trabalho
do assistente social.
 Identificar o Projeto Social como instrumento básico de intervenção
profissional dos assistentes sociais.

Introdução
A Gestão Social, tratada no âmbito do Serviço Social, utiliza-se como
referencial à dimensão política-organizativa da sociedade brasileira no
campo das políticas sociais, sendo referenciada nos processos históricos
constitutivos da nossa sociedade. Na confluência das relações entre o
Estado, a Sociedade Civil e o Mercado, surgem os organismos do Terceiro
Setor (TS), que configuram uma relação entre público e privado. Dessa
forma, compete ao Estado o papel de conduzir as políticas públicas,
à sociedade civil a participação na aplicação e no controle social e ao
mercado a organização do capital.
Neste capítulo, você estudará o conceito de Gestão Social, os princí-
pios e as diretrizes a partir de análises do Serviço Social. Verá, então, as
ferramentas de gestão utilizadas nos processos de trabalho do assistente
social e, por último, você identificará o Projeto Social como instrumento
básico de intervenção profissional.
2 Gestão e sustentabilidade do projeto

Gestão Social: uma questão para o Serviço Social


Na literatura, o termo Gestão Social tem sido encontrado como recurso con-
ceitual de forma polissêmica. Observa-se uma diversidade de noções, de
aplicações e de especificidades teórico-metodológicas nos diferentes campos
de conhecimento. O termo surge na emergência da década de 90, como con-
sequência da necessidade de ramificação das funções do Estado no âmbito
da descentralização das políticas públicas.
Para este estudo, você fará uso do conceito de Gestão Social expresso por
(WANDERLEY, 2013), concebido como gestão das ações púbicas e das demandas
e necessidades dos cidadãos, cujas respostas se dão no âmbito das políticas sociais.
Esse conceito é fruto de pesquisas realizadas pelo Instituto de estudos especiais
da PUC-SP, organizado pelas professoras Raquel Raichelis e Elizabeth Rico.
A partir desse conceito, entende-se a Gestão Social como uma estratégia de
ordenamento gerencial catalizadora de ações coletivas e dialógicas, revelando
o protagonismo de diferentes atores sociais e atuando em processos decisórios
que almejam interesses coletivos.
O conceito apresentado por Tenório (1998) diz que o tema Gestão Social
tem sido evocado nos últimos anos para acentuar a importância das questões
sociais para os sistemas-governo, sobretudo na implementação de políticas
públicas, bem como para os sistema-empresa no gerenciamento de seus
negócios. Esse modelo atende ao Estado-Mínimo, direcionando ações no
campo das políticas sociais para a sociedade civil, possibilitando ao mercado
a flexibilização das relações trabalhistas, da produção e o investimento em
novas tecnologias.
Cabe, ainda, pensar o conceito a partir dos princípios da administra-
ção científica, cuja racionalidade técnica aponta para a sistematização
do processo produtivo assentado sob os parâmetros do planejamento, da
organização, da direção e do controle, sobretudo com o advento da Revo-
lução Industrial, que modificou o processo produtivo com a introdução de
tecnologia e de automação.
Taylor, Fayol e Ford foram os formuladores dessa nova racionalidade
técnica adotada nas indústrias automobilísticas, marcada pelo controle entre
os tempos e movimentos na execução das tarefas, pela modificação no perfil
de trabalhador, impulsionado pela introdução de tecnológicas poupadoras de
mão de obra. O processo de reestruturação produtiva modificou o modelo de
acumulação do capital financeiro em um contexto de crise de superprodução
e superacumulação, que ocorreu na década de 70 e se arrastou pela próxima
década, culminando no esgotamento do Estado de Bem-Estar Social.
Gestão e sustentabilidade do projeto 3

Em virtude desse esgotamento, as propostas de saída implementadas na


década de 90, cujo contexto político e econômico altera-se para as fusões
patrimoniais, são marcadas pela íntima relação entre os capitais industrial e
financeiro, bem como pela formação de oligopólios globais via processos de
concentração e centralização do capital. Nesse período, ocorre a internaciona-
lização das economias, caracterizada por mudanças na divisão internacional
do trabalho, as quais redefinem a organização do trabalho coletivo.
As transformações no mundo do trabalho e do processo de acumulação
alteraram diretamente o papel do Estado, redimensionando as suas funções
e atribuições e possibilitando, dessa forma, a interlocução com a sociedade
civil e o mercado. Emerge nesse cenário a estrutura de Estado Mínimo, sob
orientação neoliberal e caracterizada pelo apoio à liberdade do mercado e pela
ausência de participação do Estado na área social.
De acordo com Montaño (2010, p. 203):

A chamada ‘reforma do Estado’ funda-se na necessidade do grande capital de


liberalizar – desimpedir, desregulamentar – os mercados. Assim, concebe-se
como parte do desmonte das bases de regulação das relações sociais, políticas e
econômicas. Portanto, tal reforma deixa claro que seu caráter não é um “ajuste
positivo” de caráter meramente administrativo-institucional, apenas no plano
político-burocrático, mas está articulada à reestruturação produtiva, à retomada
das elevadas taxas de lucro, da ampliação da hegemonia política e ideológica do
grande capital, no interior da reestruturação do capital em geral [...].

A partir da redução do tamanho do Estado, é preciso atentar para a discussão


a respeito do comprometimento deste com a gestão pública, de onde deriva a
ideia de que gestão pública implica em atendimento às necessidades sociais.
Portanto, política pública é entendida como uma ação desenvolvida pelo Estado,
seu regulador, e pela Gestão Social, como a gestão das ações públicas. Gestão
pública não se confunde, não se resume e nem é sinônimo de gerenciamento
(embora este seja um de seus aspectos constitutivos) (WANDERLEY, 2013).
A dimensão abordada de política pública não se confunde com política de
Estado, pois esta é tratada enquanto ordenamento jurídico, marco regulatório
das relações em sociedade. Cabe pensar que o enfoque proposto se refere ao
exercício da cidadania e de se pensar na coletividade. A política pública não
pode ser confundida com política estatal, ou de governo, e muito menos com
a iniciativa privada – mesmo que, para a sua realização, ela requeira a parti-
cipação do Estado, dos governos e da sociedade e atinja grupos particulares
de indivíduos (PEREIRA, 2009).
4 Gestão e sustentabilidade do projeto

Redesenhando o conceito de gestão social, dada as proposições expostas


até o momento, tem-se, nas palavras de Silva, um recurso para análise de
intervenção profissional do assistente social:

Sob a primazia da responsabilidade do Estado, a gestão social constitui um


gradiente de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade civil, tendo como
foco as demandas coletivas e o interesse público. Seus fins são o acesso a
direitos sociais e a conquista da cidadania. Seus meios articulam-se em um
desenho estratégico-operativo multidisciplinar, intersetorial e territorializado.
As estratégias econômicas constituem meios em favor de fins sociais: qualidade
de vida e bem-estar social (SILVA, 2013, documento on-line).

A Gestão Social ocupa espaço na convergência das relações entre o Estado


promotor de políticas públicas, o mercado regulador das relações de produção
e o consumo e a sociedade civil responsável pela construção da hegemonia.
Processos históricos determinam as relações entre essa tríade, permeadas por
antagonismos, disputas e contradições, que se estabelecem no conjunto das
correlações de forças em torno do projeto societário dominante.
É importante destacar que, embora figure de forma estanque o Estado,
a Sociedade Civil e o Mercado são colocados como setores, definindo uma
dada realidade social. A fragmentação proposta imputa análises equivocadas
da realidade social. Isso porque se sabe que a realidade social é entendida
como um processo histórico e um movimento das classes sociais em defesa
de projetos societários.
Ao tomarmos como referência o conceito de Estado como produto e a
construção de uma dada sociedade para se organizar enquanto tal, a Sociedade
Civil como espaço ocupado por classes sociais na esfera da produção e repro-
dução da vida material e o Mercado como funcional à regulação econômica e
à produção e consumo de bens e serviços, pressupõe-se que tal conceituação
é proposta de forma estratégica, cuja finalidade é tirar o foco do objeto de
intervenção social, ou seja, a “Questão Social”.
Por isso, afirmamos que a realidade social expressa o movimento de lutas
de classes, de disputa de projetos societários na direção da transformação
social pela via dos direitos sociais e da justiça social. Torna-se relevante
atentar quanto ao redimensionamento da atividade produtiva do Estado, que
configurará as relações sociais (Figura 1).
Gestão e sustentabilidade do projeto 5

Figura 1. Componentes do Estado, da Sociedade Civil


e do Mercado.
Fonte: Raichelis e Wanderley (2004).

A concepção de Estado vincula-se a pressupostos teórico-metodológicos de diferentes


matrizes do conhecimento, que são complexas, dadas as divergências conceituais.

Ferramentas de gestão aplicadas ao Serviço Social


O exercício profissional do assistente social pauta-se pela interlocução coti-
diana, sistemática, e pelas indissociáveis das dimensões teórico-metodológica,
ético-política e técnico-operativa. Tais elementos subsidiarão a práxis pro-
fissional na relação com o usuário, com profissionais de outras áreas e com
a instituição contratante. Essa relação é permeada pelo complexo contexto
sócio-histórico em que se configuram as relações sociais:

Uma premissa comum diz respeito à concepção de que o exercício profissio-


nal se constitui em uma totalidade, formada pelas três dimensões, a saber:
teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, que mantêm uma
6 Gestão e sustentabilidade do projeto

relação de unidade, apesar de suas particularidades. Particularidades essas


que permitem que a dimensão técnico-operativa se constitua na “forma de
aparecer” da profissão, na dimensão “pela qual a profissão é conhecida e
reconhecida”. Ela é o “modo de ser” da profissão, o modo como aparece no
movimento das três dimensões (SANTOS; BACKX; GUERRA, 2017, p. 27).

É importante destacar que tal característica imputa materialidade ao exer-


cício profissional, que se estrutura de forma indissociável às três dimensões,
que, em um momento posterior, figuram a dimensão investigativa, interventiva
e formativa. Outros elementos compõem o exercício profissional para análi-
ses acerca do cotidiano, como as qualidades subjetivas dos profissionais, as
condições de trabalho, o projeto profissional, a ética e os valores. É a esse
conjunto de coisas que se assenta o profissional de Serviço Social.
O cotidiano é a ferramenta básica para o exercício profissional, é nele que se
manifesta a realidade social assimilada no movimento contraditório, alinhada às
mudanças no mercado de trabalho, às condições objetivas do exercício profissional
e à arena de lutas existentes nas sociedades. O desafio será alinhar o exercício
profissional à dinâmica das relações sociais por meio do Estado e das políticas
sociais. Caberá ao profissional atentar para as mudanças societárias e como estas
afetam diretamente o exercício profissional para evitar as armadilhas existentes na
velocidade em que ocorrem essas mudanças. De acordo com Guerra (2007, p. 11):

[...] a prática profissional que não se diferencia de ações de leigos, filantropos e


voluntários ainda permanece na intervenção profissional muito mais pela au-
sência de que um claro referencial teórico-metodológico e ético-político crítico,
ausência esta que limita a sociedade e o assistente social a perceberem que na
sua condição de assalariado encontram-se as premissas reais que diferenciam a
prática profissional de intervenções assistencialistas, assistemáticas e filantrópicas.

O assistente social utiliza-se de ferramentas, técnicas e instrumentos também


utilizados por profissionais de outras áreas, como entrevista, visita domiciliar,
elaboração de projetos, entre outros. São característicos do uso do Serviço
Social o objeto dessa profissão, a Questão Social, os objetivos profissionais,
conforme o projeto da profissão, as condições objetivas de trabalho e, sobretudo,
a articulação entre as três dimensões componentes do exercício profissional.
Perpassa pelo cotidiano o espaço da reprodução social, por onde se realiza
a reprodução material dos sujeitos sociais, sobre as quais figuram três caracte-
rísticas: a diferenciabilidade que o sujeito canaliza sua atenção para demandas
muito diferentes entre si; a imediaticidade, ações imediatas da reprodução
Gestão e sustentabilidade do projeto 7

social dos sujeitos; a superficialidade, considerando que as demandas se


processam multifacetadas e multiformes, dada a primazia em respondê-las
na sua extensividade, e não na sua intensidade (GUERRA, 2007).
É importante saber do projeto profissional ancorado em valores universalis-
tas, no humanismo concreto, na concepção de homem como sujeito autônomo,
pois servirá como ferramenta que norteará as reflexões e análises acerca
do real, possibilitando ao profissional estabelecer escolhas motivadas por
compromisso sociocêntrico, orientado para a coletividade, que transcende aos
anseios pessoais e profissionais. A legislação que rege a profissão referenda
as ações profissionais naquilo que são atribuições, deveres e proibições.
O profissional de Serviço Social, em seu cotidiano, a fim de apreender a
realidade social a partir das demandas postas pelos usuários e das requisições
institucionais, tem como diretriz o compromisso com o Projeto Ético-Político da
Profissão. Sua resposta deve estar ancorada no acesso ao direito dos cidadãos
e aos limites e possibilidades para a intervenção profissional.
Torna-se necessário salientar que, nas relações sociais, expressas na Questão
Social, objeto de trabalho do assistente social, há o envolvimento de diferentes
atores sociais: o Estado, enquanto formulador das políticas sociais, os movi-
mentos sociais, que visam à garantia dos direitos sociais, e os profissionais,
como gestores e como educadores.
A Questão Social é entendida como a manifestação das desigualdades so-
ciais e também de suas resistências (movimentos e lutas sociais), resultantes da
relação entre o capital e o trabalho, que se modificam nos diferentes processos
de reestruturação produtiva. As transformações societárias decorrentes desse
processo que se complexifica e do qual surge novos atores, na dinâmica das
relações sociais, visam à conquista e ao acesso aos direitos sociais.
Para além de operacionalizar instrumentos e técnicas, caberá ao profissional
apreender a Questão Social nos diferentes contextos em que se apresenta, se
manifesta ou se expressa. O domínio das normas e dos instrumentos ofertados
pelas políticas sociais é um recurso importante a ser considerado no fazer
profissional. Soma-se, ainda, o conjunto de estratégias, ações e procedimentos
aos quais os(as) profissionais se utilizam no exercício profissional.
As ferramentas de gestão a serem utilizadas pelo assistente social retratam
o fazer profissional: orientação, encaminhamentos, avaliação, estudos sociais,
planejamento, ações que se desdobram entre as competências e atribuições
profissionais, conforme orienta a legislação profissional.Um instrumento
fundamental a ser considerado no exercício profissional vem descrito no docu-
8 Gestão e sustentabilidade do projeto

mento produzido pelo conjunto CFESS/CRESS (Conselho Federal de Serviço


Social/Conselho Regional de Serviço Social), os Parâmetros para Atuação de
Assistentes Sociais nas Diferentes Políticas Sociais. O objetivo desse documento
é traçar diretrizes profissionais, considerando a especificidade profissional
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012) (Quadro 1).

Quadro 1. Principais instrumentos de intervenção profissional

Instrumento Característica

Conjunto de reflexões que permite compreender


Observação
o mundo no qual se está inserido.

A partir dele, é possível se estabelecer (ou não) relações


mais ou menos democráticas, mais ou menos autoritárias,
Relacionamento
de dependência ou autonomia, ou seja, é por meio do
relacionamento que se estabelece ou não essas relações.

É vista como um canal de comunicação com a população,


Abordagem como um primeiro contato, no sentido de se criar uma
possibilidade de ligação entre os diferentes espaços.

É empregada quando se faz necessário entender um


pouco mais sobre o usuário, seus questionamentos,
Entrevista
suas queixas e manifestações, objetivando o alcance
de determinadas finalidades, com dada direção.

Socializa interesses que estão em jogo, as relações entre


os seus membros, sendo empregada para dar visibilidade
Reunião
e para trabalhar com essas relações de poder, bem como
com a socialização de determinadas informações.

O trabalho com grupos pode ser realizado de diferentes


modos, utilizando diferentes técnicas, diferentes
instrumentos, que serão escolhidos de acordo com a
Grupo
intencionalidade do profissional, que não é dada apenas
pelo referencial teórico, mas também pela demanda,
pela instituição, pelas necessidades reais do usuário.

Leva em conta as linguagens verbal, não


Informação verbal e escrita, necessitando garantir um
fluxo de socialização de conhecimentos.

(Continua)
Gestão e sustentabilidade do projeto 9

(Continuação)

Quadro 1. Principais instrumentos de intervenção profissional

Instrumento Característica

Recomenda-se que seja utilizada como uma afirmação


de direitos e com muito cuidado, pois significa
adentrar no espaço privado das pessoas, das famílias.
Visita domiciliar
A utilização da visita domiciliar, além de cercada de
cuidados relativos à realização em si, também deve
ser muito bem justificada e contextualizada.

O encaminhamento mobiliza vários instrumentos,


pois não é uma ferramenta,além de constar no rol
Encaminhamento
de atribuições profissionais,bem como pelo seu real
significado, o de colocar o usuário na rede de serviços.

Fonte: Adaptado de Santos, Backx e Guerra (2017).

São atribuições privativas do assistente social: coordenar, elaborar, executar, supervi-


sionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos; planejar, organizar e
administrar programas e projetos; assessoria e consultoria de órgãos da Administração
Pública direta e indireta em matéria de Serviço Social.

Projeto Social: instrumento de intervenção


profissional
Conhecer a dinâmica de elaboração de projetos sociais em que haja a interven-
ção do Serviço Social é, sobretudo, situar o contexto sócio-histórico, em que
há emergência desse instrumento no campo das políticas sociais. O Projeto
Social remete ao processo de reestruturação produtiva localizada a partir da
década de 70, sob a égide da reforma do Estado, com a consequente redução
da participação da sociedade nos processos decisórios.
10 Gestão e sustentabilidade do projeto

Observa-se que o sistema de produção taylorista/fordista ultrapassou os limites


da indústria, provocando mudanças na forma de organização do Estado nacional
e dos mercados. O Estado passa a desenvolver políticas públicas para atender
às necessidades da produção industrial, regulamentando leis que permitissem o
controle sobre a população e promovendo bens e serviços, como benefícios sociais.
As transformações societárias adquirem novas configurações, conforme
se articulam o Estado e o mercado, pela via dos processos produtivos. O
esquema taylorista/fordista de organização do sistema produtivo se destaca
pela lógica do consumo e da produção em massa, com mecanismos rígidos de
controle desse processo, que exigem do trabalhador a adaptação necessária
para acompanhar a aceleração desse processo.
Nesse período, o Estado de Bem-Estar Social, ou Keynesianismo, se apresenta
como forma de compensar a população considerada incapaz para o trabalho, como
idosos, crianças e deficientes, oferecendo proteção social (seguridade social, saúde,
previdência). Além disso, participou ativamente nos processos econômicos, na
produção e na regulação da economia. Conforme ilustra Behring (2006, p. 86):

Ao Keynesianismo agregou-se o pacto fordista da produção em massa para


o consumo de massa e dos acordos coletivos com os trabalhadores do setor
monopolista em torno dos ganhos de produtividade do trabalho. O fordismo,
então, foi bem mais que uma mudança técnica, com a introdução da linha de
montagem e da eletricidade: foi também uma forma de regulação das relações
sociais, em condições políticas determinadas.

O esquema taylorista/fordista entra em colapso na década de 70, marcada


pelo movimento dos trabalhadores em função das distorções salariais propor-
cionadas pelo esquema, pois a negação fordista de salários estava confinada
a certos setores da economia e a certas nações-Estado e também por uma
incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as contradições
inerentes ao capitalismo (HARVEY, 2006)
O capital monopolista entra em declínio em virtude da rigidez dos in-
vestimentos de capital fixo de larga escala e de longo prazo em sistemas de
produção em massa, o que acarretou problemas nas relações de mercado. A
baixa expansão dos países em desenvolvimento gerou um gargalo na circulação
da produção e no crescimento econômico das nações desenvolvidas.
Nos anos 70, a crise norte-americana de produção teve reflexos em várias
nações-Estado. No Brasil, observa-se a expansão dos movimentos sociais em
luta pela conquista de direitos, pela abertura do processo de democratização
da sociedade. Percebe-se, naquele momento, a saída do Estado na execução
do sistema de proteção social e um maior investimento na economia de mer-
Gestão e sustentabilidade do projeto 11

cado. Acirram-se as desigualdades sociais. Com o aumento do desemprego,


as indústrias investem na automação e na inovação tecnológica como recurso
para aumentar a produtividade e a consequente redução da mão-de-obra.
Nas décadas de 70 a 80, uma mudança na forma de organização do sistema
econômico, do capitalismo monopolista para a acumulação flexível, marcado
por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Inicia-se o processo de
globalização ou internacionalização das economias com a expansão dos mer-
cados produtores para os chamados países em desenvolvimento. Esse momento
se caracteriza pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos,
novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e,
sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica
e organizacional (HARVEY, 2006).
À medida que o Estado reduz a responsabilidade social, abre-se espaço
para a expansão do setor de serviço enquanto parte integrante do mercado, o
então denominado de Terceiro Setor. Dessa forma, reconstitui-se a esfera do
mercado, diminuindo a interação social do Estado e modificando as análises
e as respostas à Questão Social.
Portanto, o “Terceiro Setor”, instrumentalizado pela estratégia neoliberal,
tem a função tanto de justificar e legitimar o processo de desestruturação da
Seguridade Social estatal como de transformar a luta contra a reforma do
Estado em parceria com o Estado, bem como de reduzir os impactos negativos
ao sistema do aumento do desemprego e de transformar as respostas à Questão
Social em atividades cotidianas (MONTAÑO, 2007).
As alterações no regime de acumulação implicaram diretamente na forma
como o Estado se alinha aos interesses do capital, implicando em maior ou
menor participação, na gestão das políticas públicas. Dessa forma, as políticas
sociais passam a ser implementadas pelas organizações sociais, organizações-
-não governamentais vinculadas ao chamado “Terceiro Setor”. Portanto,
considera-se como Terceiro Setor o “[...] conjunto de instituições, ONGs,
fundações, entre outros, que, desempenhando funções públicas, encontram-se
fora do Estado, no espaço de interseção entre este e o mercado, porém sem
declarar fins lucrativos” (MONTAÑO, 2007, p. 66).
Percebem-se, nos arranjos societais em que se inserem as políticas sociais,
modelos de organizações sociais gestadas sob os pilares da eficácia, da eficiên-
cia e da efetividade, com forte deslocamento de propostas por direitos sociais
pela lógica da gestão empresarial. A Responsabilidade Social Empresarial atua
na fração das políticas sociais remetidas à sociedade civil.
Para a sustentabilidade do Projeto Social, requisita-se do assistente social
a habilidade de lidar com recursos materiais e humanos na promoção da
12 Gestão e sustentabilidade do projeto

reprodução institucional e na reprodução social da organização social. Dessa


forma, têm-se no orçamento e na mobilização de recursos elementos essenciais
à estruturação e à manutenção do Projeto Social.
Essa fase do Projeto Social representa a previsão de custos e de recursos a
serem disponibilizados, os quais devem ser retratados na forma de números,
quantificando e especificando detalhadamente cada item e subitem a ser pro-
visionados, os quais serão necessários à execução e à manutenção do Projeto
Social. Para tanto, faz-se necessário dimensionar com clareza e objetividade
todos os recursos necessários, incluindo a duração temporal do projeto. Quanto
maior for o nível de detalhamento e abrangência dos recursos provisionados,
mais transparentes serão na gestão e prestação de contas.
Recomenda-se empregar cronograma de execução das atividades e dos
recursos em cada etapa do projeto. Dessa forma, é garantida a visibilidade aos
atores sociais envolvidos no planejamento, na execução, no acompanhamento
e na avaliação e as etapas a serem concretizadas ao longo do projeto.
O modelo de organização societal proposto à Questão Social desvincula-se
do atribuído às políticas sociais e passa a ser objeto de intervenção de organi-
zações do Terceiro Setor. Modelo de responsabilidade empresarial adotado por
empresas capitalistas ou na forma de organizações sociais por setores específicos
das políticas sociais, quer sejam: criança e adolescente, idosos, população de
rua, álcool e drogas, entre outros. Cabe ressaltar que, em ambos, a presença
de voluntariado e da refilantropização da assistência são elementos presentes.
O processo de reestruturação produtiva, marcado pelo modelo flexível,
aponta novos caminhos para a inserção profissional e, consequentemente,
novas solicitações. Abre-se espaço para a atuação no campo da assessoria e da
consultoria, na área da gestão de programas e projetos sociais em organizações
do Terceiro Setor. O assistente social é também chamado para coordenar
equipes e para desenvolver trabalhos que envolvem diferentes atores sociais.
Merece destaque o trabalho do assistente social nas organizações do Ter-
ceiro Setor enquanto um novo espaço ocupacional. O termo Terceiro Setor
carece de definição teórico-metodológica e, para este estudo, entende-se como
organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, situada na intercessão entre
Gestão e sustentabilidade do projeto 13

o Estado, o mercado e a comunidade. O fazer do assistente social está voltado


para a gestão de programas e projetos, a partir das demandas da comunidade
que manifestam as expressões da Questão Social.
Os processos de trabalho nos quais se insere o assistente social relacionam-se,
de alguma forma, com o fazer da Gestão Social, por meio partir da aplicação das
políticas públicas tanto nas requisições das organizações empresariais quanto
nas organizações da sociedade civil. Faz-se necessário que a ação profissional
no Terceiro Setor seja amparada por reflexões da relação entre a dimensão do
público e do privado, bem como dos conflitos de classes na sociedade capitalista
e no compromisso histórico da profissão no Brasil (SANTOS, 2007).
Para o Serviço Social, pessoas são sujeitos sociais, portadores de direitos, que
buscam a concretização das suas necessidades humanas e, para isso, solicitam a
efetivação das políticas sociais. Busca-se apreender o termo Gestão Social a partir
de sua finalidade, a qual se relaciona ao Serviço Social, ou seja, apropriar-se da
Questão Social enquanto objeto de intervenção profissional. Para tanto, o assistente
social só tem a contribuir com projetos sociais, já que tem como característica de sua
profissão a transformação social, e esta se dá por meio da busca por instrumentos
que possam mudar a realidade dos sujeitos, viabilizando o acesso aos direitos e
contribuindo para a construção da cidadania (DAMASIO, 2016).
Em síntese, o objeto de intervenção do Serviço Social é a Questão Social
retratada pelas desigualdades sociais e suas resistências, pelo modelo de Estado e
pelas políticas sociais e, sobretudo pelas transformações societárias. Na medida
em que há um deslocamento da função estatal quanto às políticas sociais para o
chamado Terceiro Setor, (re)configura-se o processo de intervenção profissional
no âmbito da Gestão Social. Quais são as bases para o exercício profissional
nesse contexto? O exercício profissional fundamenta-se essencialmente pelo
reconhecimento da liberdade como valor ético central, pela defesa intransigente
dos direitos humanos, pela ampliação e consolidação da cidadania, pela defesa e
pelo aprofundamento da democracia, pelo posicionamento em favor da equidade
e da justiça social. As bases norteadoras do exercício profissional nos diferentes
espaços sócio-ocupacionais em que se processa concentram-se na justiça social
e na defesa dos direitos sociais (Quadro 2).
14 Gestão e sustentabilidade do projeto

Quadro 2. Projeto profissional: instrumentos de intervenção do assistente social

Projeto Social: conceito Instrumentos de intervenção

É uma ação planejada que Marco Legal: Lei nº 8.662/1993 Art.: 4º


nasce dessa necessidade de se Competências Profissionais e 5º Atribuições
intervir em uma determinada Privativas; Resolução CFESS 493 Condições
realidade ou problema e tem Éticas e Técnicas do exercício profissional.
um propósito, o de transformar
Instrumentos técnico-operativos: escutas,
realidade estudada, sendo uma
entrevistas, fichas, dinâmicas de grupo,
alternativa para o enfrentamento
visitas domiciliares, relatórios, pareceres
da chamada Questão Social
e laudos, acompanhamento social, ob-
O Projeto Social aparece como
servações, pesquisas, encaminhamentos,
uma alternativa, uma ferramenta
articulação com a rede e diagnósticos.
estratégica, pontual e com
delimitações para responder Papel de gestor de projetos: compreender
positivamente às manifestações o contexto social, político e institucional
da Questão Social. Por meiode em que se realiza a ação; comunicar e
sua elaboração, diagnóstico do negociar; definir, delegar e cobrar respon-
contexto sócio-histórico, com- sabilidades e tarefas; coordenar todo o pro-
preensão da realidade, planeja- cesso da ação; avaliar e propor mudanças e
mento e intervenção contribui correções; motivar as pessoas, administrar
para a transformação social, conflitos e frustrações, gerenciar o traba-
alcançando os sujeitos e suas lho em equipe; evalorizar e promover a
necessidades, promovendo e visibilidade do projeto e de seus resultados.
consolidando as políticas sociais.

Fonte: Adaptado de Damasio (2016).

Projeto Social de Responsabilidade Sócio-empresarial


Em uma empresa fabricante de produtos eletrodomésticos, a gestão familiar tem
o público feminino, em fase reprodutiva, ocupando parte significativa do quadro
funcional. A gerência de Recursos Humanos convida um profissional de Serviço Social
a pesquisar as principais demandas das colaboradoras da empresa e a elaborar Projetos
Sociais que possam atender à empresa sob duas perspectivas: a) atender às demandas
das colaboradoras e b) ampliar a relação da empresa com a comunidade no seu entorno
a partir das demandas apresentadas.
Gestão e sustentabilidade do projeto 15

Projeto Social em Organizações do Terceiro Setor


Assistente social trabalhador de uma Organização Social, atende ao público masculino,
média de idade entre 35 a 50 anos, em situação de rua, encontra-se no município em
busca de recolocação profissional. Na entrevista com os usuários, o profissional deverá
destacar suas habilidades, experiências e formação, a fim de propor parcerias com as
empresas públicas de recolocação profissional e com o setor de gestão de pessoas
das empresas privadas. O Projeto Social para a demanda apresentada visa a identificar
as demandas profissionais estabelecidas pelo mercado de trabalho, alinhadas com
as qualificações dos usuários desse serviço. Outra frente a ser atendida será propor
parcerias com centros de formação profissional que possam qualificar os usuários,
conforme a demanda do mercado produtivo.

BEHRING, E. R. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006.


CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL.Atribuições privativas do/a assistente social
em questão. Brasília: CFESS, 2012. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/
atribuicoes2012-completo.pdf> Acesso em: 12 dez. 2018.
DAMASIO, A. M. O projeto social como resposta a questão social. In: SIMPÓSIO MINEIRO
DE ASSISTENTES SOCIAIS, 4., 2016. Anais..., Belo Horizonte, 2016. Disponível em: <http://
cress-mg.org.br/hotsites/Upload/Pics/ff/ff4abc60-cd6e-430b-abe1-cc5c5e7120dc.
pdf>. Acesso em: 10 dez. 2018.
GUERRA, Y. O projeto profissional crítico: estratégia de enfrentamento das condições con-
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HARVEY, D. Condição pós-moderna. 15. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
MONTAÑO, C. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção
social. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
MONTAÑO, C.; DURIGUETTO, M. L. Estado, classe e movimento social. São Paulo: Cortez, 2010.
PEREIRA, P. A. P. Política social no segundo pós-guerra: ascensão e declínio. Serviço
Social & Saúde, v. 9, n. 2, 2010. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/
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RAICHELIS, R.; WANDERLEY, L. E. Desafios de uma gestão pública democrática na
integração regional. Revista Serviço Social e Sociedade, v. 25, n. 78, jul. 2004.
SANTOS, C. M.; BACKX, S.; GUERRA, Y. (Org.). A dimensão técnico-operativa no serviço
social: desafios contemporâneos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2017.
16 Gestão e sustentabilidade do projeto

SANTOS, V. N. Terceiro setor no serviço social brasileiro: aproximações ao debate. Revista


Serviço Social e Sociedade, v. 28, n. 91, set. 2007.
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v. 16, n.1, jul./dez. 2013. Disponível em: <www.uel.br/revistas/uel/index.php/ssrevista/
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TENÓRIO, F. G. Gestão social: uma perspectiva conceitual. Revista de Administração
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WANDERLEY, M. B. Discussão sobre a gestão social: conceitos e protagonistas. Serviço
Social & Sociedade, v. 16, n.1, jul./dez. 2013. Disponível em:<http://www.uel.br/revistas/
uel/index.php/ssrevista/article/view/17973>. Acesso em: 10 dez. 2018.

Leituras recomendadas
CABRAL, E. H. S. Terceiro setor: gestão e controle social. São Paulo: Saraiva, 2007.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e conservadorismo no serviço social. 6. ed. São Paulo:
Cortez, 2002.
LEWGOY, A. M. B. Supervisão de estágio em serviço social: desafios para a formação e
exercício profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MACIEL, W. L. Projetos sociais. Palhoça: Unisul, 2015. Disponível em: <https://www.
uaberta.unisul.br/repositorio/recurso/14690/pdf/projetos_sociais.pdf>. Acesso em:
10 dez. 2018.
MONTAÑO, C. O Projeto neoliberal de resposta a “questão social” e a funcionalidade
do “terceiro setor”. Lutas Sociais, n. 8, 2002. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/
index.php/ls/article/view/18912/14066>. Acesso em: 10 dez. 2018.
SANTOS, C. C.; NUNES, V. C. Desafios da gestão social no serviço social. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2013.
Conteúdo:
Dica do professor
A temática da Gestão Social requisita um diálogo aproximado com a configuração que o Estado-
Nação vem adquirindo ao longo dos processos históricos. É necessário analisar as implicações das
transformações societárias referenciadas pelo sistema capitalista no momento do capital
monopolista até a acumulação capitalista de base financeira, na atualidade. A relação entre Estado,
sociedade civil e mercado é permeada por diversas análises teórico-metodológicas que divergem na
concepção de Estado e de mercado. No entanto, destaca-se a ideia de que esses atores funcionam
articuladamente, alternando, conforme os processos históricos societais, a função de protagonista.
Dessa forma, entende-se a perspectiva de denominar, cada um desses atores, como setores, uma
incongruência epistemológica de base positivista. A forma como se estrutura o modo produção
capitalista implica a perspectiva de Estado, em determinados momentos mais social democrático,
em outros momentos mais liberal. O Estado Liberal pressupõe que seja mínimo para as políticas
sociais e máximo para fatores econômicos. Nessa perspectiva, reduz-se a dimensão do direito social
transmutando para a (re) filantropização e o voluntarismo das ações no campo social.

Nesta Dica do Professor, você verá que o desafio para o Serviço Social na Gestão Social encontra-
se em estabelecer estratégias de intervenção profissional alinhadas ao projeto profissional,
à subjetividade do profissional, às condições objetivas fundamentadas na justiça social e
à transformação social, preservando os direitos sociais.

Veja, a seguir.

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Na prática
De acordo com a Lei 8662/93, no artigo 5.o, que trata das atribuições privativas do assistente
social, especialmente nos parágrafos I e II, você verá como encaminhar uma determinada
demanda, sob o ponto de vista de uma profissional.

Conheça a seguir, Na Prática, a história do cotidiano profissional.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

CFESS: Atribuições Privativas do Assistente Social em questão


Confira as reflexões construídas a partir de pesquisa nos diferentes espaços ocupacionais a
respeito das atribuições privativas do assistente social.

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O projeto neoliberal de resposta à “questão social” e a


funcionalidade do “terceiro setor”
No texto a seguir, acompanhe uma reflexão a respeito da questão social no Estado Neoliberal,
refutando a ideia de refilantropização da assistência e do voluntarismo profissional.

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Gestão social: reflexões teóricas e conceituais


No artigo a seguir, estude o conceito de Gestão Social e a participação do Serviço Social nesses
espaços.

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