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2004
Este artigo tem como objetivo expor e discutir sobre os mecanismos utilizados pelas
Organizações Sociais no Brasil que possibilitam a essas organizações adotarem formas de
gestão flexíveis e adaptáveis às suas culturas específicas e as vantagens que propiciam à
organização.
O artigo está estruturado da seguinte forma: o capítulo 2 trata dos pressupostos da Reforma
do Aparelho do Estado no Brasil e das características da utilização do modelo de
Organizações Sociais; o capítulo 3 descreve os aspectos organizacionais e gerenciais que
são utilizados nessas Organizações e a sua flexibilidade; o capítulo 4 fala dos aspectos
culturais relevantes nas organizações e sua permeabilidade ao modelo de Organizações
Sociais; e o capítulo 5 conclui o artigo com recomendações e sugestões de futuras
pesquisas.
O Estado organizado sob essa nova forma, a partir de então, passou a ser dividido em
setores de acordo com a atividade ou serviço prestado e área de atuação. O Núcleo
Estratégico é composto pelos Poderes Legislativo e Judiciário, pelo Ministério Público e, no
Poder Executivo, pelo Presidente da República, Ministros e Assessores diretos. É ele o
responsável pela condução do Governo e o que define as Leis e as políticas públicas.
Outro setor é o das Atividades Exclusivas de Estado, compreendendo aquelas atividades que
somente o Estado pode realizar através de seu poder extroverso: as de regular,
regulamentar, fiscalizar e fomentar. É o setor através do qual o Estado interfere no Setor
Privado. Este setor compreende as agências reguladoras, as agências de fomento, os
órgãos de fiscalização, a Polícia, a Previdência, dentre outros.
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A Organização Social é um tipo de organização do Terceiro Setor, que pode ser constituída
sob a forma de Associação Civil ou Fundação, que assume a execução de determinados
serviços públicos.
Até hoje, no Brasil, só foram qualificadas Associações como Organização Social. Talvez a
predominância desse modelo dê-se pela própria característica da Associação que é
constituída pela união de pessoas em torno de um objetivo comum, o que combina mais
adequadamente com um modelo de organização em que se pressupõe auto-gerida pela
própria comunidade interessada no assunto de seu objetivo social. Isto não impede ou
prejudica a adoção do modelo de Fundação para as atividades de organizações sociais,
apenas restringe um pouco a prática da auto-gestão, já que, neste caso, o Conselho de
Administração é indicado pelas entidades que tem assento garantido estutariamente. Nas
associações a Assembléia Geral de Associados é quem elege os membros do Conselho de
Administração.
O Estado deve focar seu papel em funções estratégicas de elaboração, definição de políticas
e fiscalização. Os serviços sociais não precisam ser executados por organizações estatais
que, em geral, tem pouca flexibilidade e são mais burocratizadas, principalmente em virtude
de ter que se utilizar obrigatoriamente de regras rígidas que prevêem ritos muitas vezes
extensos e demorados para a sua gestão (Brasil, 1997).
A Organização Social é apropriada para a execução dos serviços sociais que requerem
flexibilidade de gestão e agilidade, sem ter que se submeter às leis de licitação públicas, nem
a contratação de pessoal por concurso. Isto não quer dizer que a organização não disponha
de controles. Ao contrário, existem regras que se adequam às atividades desenvolvidas pela
organização, mas que não acarretem demora, nem utilizem etapas que venham a dificultar
ou atrasar a prestação do serviço público à população. Além disso, a Organização Social
utiliza controles de empresa privada, principalmente em relação às áreas contábil, financeira,
suprimentos e recursos humanos (BRASIL, 1997)
Além disso, toda a avaliação do serviço prestado pela organização social é monitorado
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permanentemente por uma comissão da Entidade Supervisora, no caso o órgão público que
contrata os serviços da Organização Social através do Contrato de Gestão. Essa comissão
de avaliação tem por objetivo acompanhar o desempenho da organização, baseando-se nos
indicadores de gestão, qualidade e produtividade que são previstos no Contrato de Gestão
estabelecido pela Administração Pública com a organização.
Metas Organizacionais – são aquelas que dizem respeito à gestão da organização e medem
a eficiência dos administradores que a conduzem. São importantes para a profissionalização
dos serviços prestados. Incluem-se os indicadores econômico-financeiros, de organização
interna e as metas de captação de recursos próprios.
Metas Sociais – são aquelas que promovem a difusão e o acesso democrático dos serviços
públicos executados pela organização a parcelas mais carentes da população e podem ser
beneficiados com o acesso, promovendo inclusão social. Dependendo do serviço público
prestado, podem-se estabelecer parcerias com entidades educacionais ou mesmo
filantrópicas para seu alcance.
“As organizações existem com um propósito. Embora os seus integrantes e grupos possam
ter metas diferentes das da organização, e a organização por si pode ter diversas metas, as
organizações existem para atingir um certo fim.”
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Os contratos e compras podem ser realizados diretamente pela organização, sem utilizar-se
de regras rígidas previstas para a Administração Pública, podendo-se ter regras específicas
e flexíveis para cada caso, desde que transparentes e justificáveis por critérios de mercado.
Além disso, o próprio desenho das rotinas e processos de trabalhos, nas Organizações
Sociais, não precisam ser padronizados ou utilizar critérios predefinidos de racionalidade ou
burocracia, pois podem ser estabelecidos planejadamente, de modo a atender às
necessidades da atividade, ou mesmo ser construído de acordo com a prática da
organização.
Desta forma, como as regras, os métodos e os fluxos não são rígidos e podem ser
adaptáveis, inclusive, a necessidades emergentes, são mais flexíveis e abertos às
mudanças, os que pode vir a facilitar sobremaneira a capacidade de adaptação a mudanças.
Em relação a esse ponto, cabe citar Morgan (1996, p.241).
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organização. Isso incorre em que, muitas vezes, essas organizações estatais isolam-se das
especificidades de setor, e passam a encarar suas relações com outras entidades e setores
de maneira formal e padronizada, tratando e lidando com diferentes de modo igual.
Isto pode não ser um problema para as Organizações Sociais, que podem definir suas
diversas maneiras de inter-relacionamento com os diversos mundos organizacionais e
setores. Morgan (1996, p. 249), considera essas organizações que se fecham em relação à
adaptação ao mundo em que estão inseridas como egocêntricas.
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4. Aspectos culturais
“A cultura é a soma de todas as certezas compartilhadas e tidas como corretas que um grupo
aprendeu ao longo de sua história. É o resíduo do sucesso.”
Um outro aspecto relevante da cultura organizacional é que ela é estável e difícil de mudar,
portanto não se deve impor regras ou instrumentos, além de métodos de trabalho que vão ao
seu encontro, pois afetam diretamente os valores e o significado de êxito de um grupo de
pessoas, assim como, muito provavelmente, influenciarão no resultado dos trabalhos da
organização. Conforme Schein (2001, p. 36):
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Estar atento aos aspectos culturais de uma organização é importante, para se moldar a
forma de se atingir objetivos, pois o desafio está em se adaptar os métodos e sistemas de
administração a uma determinada organização com suas crenças e valores estabelecidos e
compartilhados. Segundo Porter (2002, p.53):
“A estrutura não pode ser elaborada sem que se conheçam as características de dois
componentes básicos fundamentais: o indivíduo e a organização formal.”
5. Conclusão
Diante das explanações e conceitos levantados na elaboração deste artigo, pode-se concluir
que as Organizações Sociais são um modelo em que se pode utilizar, de forma adaptável ao
meio específico de cada setor, as características culturais próprias como meio de se adaptar
os instrumentos gerenciais e de controle, às especificidades da organização, a fim de se
estabelecer um menor conflito dos indivíduos que a compõem com a estrutura implantada.
Além disso, o modelo de Organizações Sociais propicia uma maior flexibilidade na utilização
de instrumentos de gestão e de modos de seu funcionamento, podendo contemplar as
práticas já utilizadas no setor específico.
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ritos próprios.
Como sugestão de investigações futuras, podem ser feitas pesquisas e estudos sobre os
aspectos culturais das Organizações Sociais já existentes e como se deu a implantação de
suas estruturas, assim como o grau de adaptabilidade dessas organizações às práticas
consagradas para a sua atividade específica.
BIBLIOGRAFIA
RESENHA BIOGRÁFICA
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