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Fotossíntese:
- Conceito e Histórico
- Estruturas Fotossintéticas
- RFA
Anna Lygia de Rezende Maciel

e-Tec Brasil – Alfabetização Digital

Meta
Apresentar a fotossíntese como ciência aplicada à cafeicultura.

Objetivos
Ao final desta aula, você, aluno (a) do Curso Técnico em Cafeicultura, deverá
ser capaz de:
1. Caracterizar o processo fotossintético;
2. Identificar a importância das estruturas fotossintéticas;
3. Analisar a importância da radiação fotossinteticamente ativa nos organismos
fotossintéticos.

I. Fotossíntese
Fotossíntese é um processo realizado pelas plantas para a produção de
energia necessária para a sua sobrevivência.

Vamos entender como acontece a fotossíntese?

A água e os sais minerais são retirados do solo através da raiz da planta e


chega até as folhas pelo caule em forma de seiva, denominada seiva bruta. A
luz do sol, por sua vez também é absorvida pela folha, através da clorofila,
substância que dá a coloração verde das folhas (Figura 1). Então a clorofila e a
energia solar transformam os outros ingredientes em glicose. Essa substância
é conduzida ao longo dos canais existentes na planta para todas as partes do
vegetal. Ela utiliza parte desse alimento para viver e crescer; a outra parte fica
armazenada na raiz, caule e sementes, sob a forma de amido.

Figura 1: Representação esquemática da fotossíntese.


Fonte: smartkids.terra.com.br/.../fotossintese.gif

A fotossíntese também desempenha outro importante papel na natureza:


a purificação do ar, pois retira o gás carbônico liberado na nossa respiração ou
na queima de combustíveis, como a gasolina, e ao final, libera oxigênio para a
atmosfera.
Vale a pena você ler!
Até o século XVIII os cientistas acreditavam que a nutrição das plantas
ocorria unicamente através do solo, você acredita? Na primeira metade do
século 17, o médico van Helmont cresceu uma planta em um jarro com terra e
regou a planta somente com água da chuva. J. B. van Helmont observou que
após 5 anos, a planta tinha crescido bastante, mas a quantidade de terra no
jarro quase não decresceu. Van Helmont concluiu que o material utilizado pela
planta para o seu crescimento veio da água utilizada para regá-la. Em 1727
Stephen Hales sugeriu que parte os elementos da planta vinha da atmosfera e
que a luz participava ativamente desse processo. Em 1777, o químico inglês
Joseph Priestley (1733-1804) descobriu que as plantas poderiam "restaurar o
ar que havia sido danificado pela queima de uma vela". Ao colocar uma vela
coberta por um jarro, percebeu que a chama apagava rapidamente. Em
seguida, Priestley colocou um camundongo no mesmo recipiente em que
estava a vela.
Você sabe o que aconteceu com o camundongo?
O animal morreu (Figura 2).
Num terceiro momento, ele colocou um ramo de hortelã no jarro e dez dias
depois conseguiu acender a vela. Finalmente, ele pôs um camundongo no
recipiente onde já estavam a vela e a hortelã. Desta vez, o ratinho sobreviveu
(Figura 3).

Figura 2: Camundongo em um jarro de vidro fechado hermeticamente.


Figura 3: Camundongo em um jarro de vidro fechado com um ramo de hortelã.

O físico Jan Ingenhousz (1730-1799) confirmou o trabalho de Priestley


em 1778. Ele observou que a luz era responsável pela "restauração do ar";
descobriu que somente as partes verdes da planta "restauram" o ar. Anos mais
tarde, Jan Ingenhousz formulou a hipótese de que a planta trocava "ar de má
qualidade" por "ar de boa qualidade". Ele sugeriu que, na presença da luz
solar, uma planta consumia gás carbônico, eliminava oxigênio e guardava o
carbono como fonte de alimento. Você concorda com esta afirmação?

O cientista Nicholas Theodore de Saussure (1767-1845) demonstrou


que há troca de volumes iguais de oxigênio e gás carbônico durante a
fotossíntese e que a planta retém carbono e ganha peso.

Graças a essas experiências, o químico, Priestley, concluiu que


"nenhum vegetal cresce em vão, pois limpa e purifica nossa atmosfera”.

Atividade 1 – Atendendo o Objetivo 1

O que Priestley pôde concluir após o experimento realizado com o


camundongo na jarra hermeticamente fechada?

Resposta Comentada – Atividade 1


De acordo com este experimento, Priestley conclui que:
- O camundongo confinado em um jarro fechado hermeticamente
morreu devido ao “esgotamento” do ar.
- Quando uma planta é colocada no jarro, junto com o camundongo,
ambos se matem vivos.
- Posteriormente demonstrou-se que os camundongos “esgotam” o ar
por consumir gás oxigênio na respiração e as plantas “recuperam” o ar por
liberarem o gás oxigênio através do processo fotossintético.

A natureza de outros produtos químicos na fotossíntese foi finalmente


demonstrada por Julius Sachs em 1864, ao verificar o aparecimento e
crescimento de amido em cloroplastos iluminados. Desta forma, na metade do
século XIX, a equação geral da fotossíntese foi formulada da seguinte maneira:

Você sabia?
Para a manutenção da vida, um constante fornecimento de energia é

requerido. Uma diferença fundamental entre plantas e animais é a forma


como é obtida a energia para a manutenção da vida. Os animais obtêm, nos
alimentos, os compostos orgânicos, enquanto que a energia química é obtida
através da respiração. Plantas absorvem energia em forma de luz a partir do
sol, convertendo-a em energia química no processo chamado Fotossíntese.
Atenção!
Assim dizemos que as plantas, de maneira geral, são autotróficas, ou
seja, se auto-alimentam, enquanto que os animais são heterotróficos,
precisam ingerir o alimento.
A Fotossíntese está muito ligada a Respiração, ou seja, pode-se dizer
que a fotossíntese e a respiração são espelho uma da outra, e, de maneira
geral, há um balanço entre estes dois processos na biosfera (= soma de
organismos na Terra).

Atividade 2 – Atendendo o Objetivo 2


Você já tem o conhecimento básico a respeito da importância do
processo fotossintético. Qual a vantagem de conhecer este processo?
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II. Estruturas envolvidas na fotossíntese

Célula
clorofilada Núcleo
Parede
celular

Folha
Cloroplasto
Vacúolo
Membrana externa Tilacóide

Membrana
interna

Tilacóide

DNA
Granum Cloroplasto Granum

Complexo
antena

Membrana do tilacóide
Figura 4: Estruturas envolvidas no processo fotossintético.
Figura 5: Cloroplasto.

Vamos entender como são as estruturas responsáveis pelo


processo fotossintético nas plantas!

O cloroplasto, presente nas células vegetais, é composto por um sistema


de membranas bem organizado denominados de tilacóides (Figura 4). As
clorofilas estão contidas dentro deste sistema de membranas, o que fornece a
coloração verde ao cloroplasto. Os tilacóides são os sítios das reações de luz
da fotossíntese.
Os tilacóides quando estão associadas entre si formam pilhas na forma
de moeda conhecidas como grana, sendo que uma pilha apenas é
denominada granum. Quando a tilacóide não está associado em pilhas temos
o estroma lamela. Todo este conjunto de membranas encontra-se mergulhado
em um fluído gelatinoso que preenche o cloroplasto, chamado de estroma,
onde há enzimas, DNA, pequenos ribossomos e amido. As moléculas de
clorofila se localizam nos tilacóides, reunidas em grupo, formando estruturas
chamadas de “complexos de antena” ou “antena” (Figura 6).
FOTOSSISTEMA

Aceptor
de elétrons

Fóton
Centro de reação

Doador de elétrons

clorofila

FOTOSSISTEMA I – P700  700nm  intergrana


FOTOSSISTEMA II – P680 680nm  tilacóides

Figura 6: Complexo de “antena”.

O cloroplasto é envolvido por duas membranas separadas, compostas


de duas camadas de lipídios, sendo conhecidas como envelope.
Resumidamente dois estágios seqüenciais ocorrem nos cloroplastos:
a) Primeiro, a luz com certos comprimentos de onda são capturadas e
convertidas em energia química por uma série de passos chamados de
reações de luz ou etapa fotoquímica. Essas reações são processadas nas
membranas internas do cloroplasto (tilacóides).
b) Segundo, o CO2 é fixado e reduzido a compostos orgânicos (glicose),
particularmente açúcares, por uma série de passos chamados etapa
bioquímica ou fixação de CO2 ou ainda fase escura. Esse processo ocorre
na matriz fluída do cloroplasto (estroma).
Iremos estudar as etapas fotoquímica e bioquímica da fotossíntese nas
aulas 10 e 11. Espero que você tenha entendido!
III. Radiação Fotossinteticamente Ativa - RFA

Apenas 5% da energia solar que alcança a Terra pode ser convertida em


carboidratos através da fotossíntese foliar. A energia luminosa absorvida é
perdida na forma de calor; usada em processos bioquímicos para promover a
fixação do CO2 ou ainda ser usada no metabolismo geral da folha. Das
radiações que chegam à Terra, 44% se situam na região das radiações visíveis
que são utilizadas na fotossíntese.
O sol funciona como uma imensa fornalha.

A radiação solar atinge seu máximo no verão (dezembro-janeiro) e seu

mínimo no inverno (junho-julho). Durante o dia, a intensidade máxima de


radiação solar ocorre na proximidade do meio-dia. Você já observou estas
mudanças na natureza?
A luz é separada em diferentes cores (= comprimento de onda).
Comprimento de onda é a distância de um pico a outro pico (ou onda a
onda). A energia é inversamente proporcional ao comprimento de onda: longos
comprimentos de onda têm menos energia do que comprimentos de onda
curtos.

Figura 7: Faixa do espectro magnético fotossinteticamente ativa.

Figura 8: Radiação fotossinteticamente ativa – RAF. Luz visível.


Apenas uma região limitada deste espectro, compreendida
aproximadamente entre 400 e 700nm (Figuras 7 e 8) é aproveitada pelos seres
vivos: é a luz visível ou faixa fotobiológica.
Comprimentos de onda menores que 400nm (ultravioleta), devido ao
elevado teor energético (menor comprimento de ondas maior energia), podem
provocar alterações moleculares profundas, com conseqüências graves para
os organismos. Você conhece os riscos dos raios ultra violetas ao seres vivos?
Contrariamente, as radiações acima de 740nm (raios infravermelhos)
não possuem a energia necessária e geralmente são absorvidos pelo vapor
d’água presente na atmosfera terrestre.
A presença de diferentes tipos de pigmentos nas células
fotossintetizantes permite que eles aproveitem a energia luminosa ao longo,
praticamente, de toda a região da luz visível (do azul ao vermelho – Figura 7).
Além disso, as clorofilas são capazes de absorver eficientemente dois
comprimentos de onda distintos: um mais energético – a luz azul – e outro
menos energético – a luz vermelha.

Atividade 3 – Atendendo o Objetivo 3

Você, como aluno (a) da disciplina Fisiologia do


Cafeeiro, sabe explicar por que as folhas
apresentam coloração verde?

Resposta Comentada – Atividade 3

É simples vamos entender? O comprimento de luz verde não é absorvido


pela clorofila presente nas folhas, mas sim é refletida ou transmitida, daí a
coloração verde das folhas.

RESOLUÇÃO – ATIVIDADES PRÁTICAS


Atividade 1
Já está resolvida.

Atividade 2

No caso específico da fotossíntese, certamente você analisou a


importância da conscientização diante do fato de que a preservação da vida
no planeta Terra depende dos seres fotossintetizantes. Essa conscientização
deverá levar a uma atitude de respeito e conservação do ambiente, em seu
sentido amplo.

Atividade 3
Já está resolvida.

CONCLUSÃO
Fotossíntese é um processo realizado pelas plantas para a produção de
energia necessária para a sua sobrevivência. A cafeicultura moderna depende
destes conhecimentos para que novas tecnologias sejam utilizadas em prol do
aumento da produtividade e na qualidade de vida de todos os seres vivos que
habitam nosso planeta.

RESUMINDO...
Fotossíntese é um processo realizado pelas plantas para a produção de
energia necessária para a sua sobrevivência.
Até o século XVIII os cientistas acreditavam que a nutrição das plantas
ocorria unicamente através do solo.
Na primeira metade do século 17, o médico van Helmont cresceu uma
planta em um jarro com terra e regou a planta somente com água da chuva.
Em 1727 Stephen Hales sugeriu que parte dos elementos da planta vinha da
atmosfera e que a luz participava ativamente desse processo. Graças a essas
experiências, o químico, Priestley, em 1777, concluiu que "nenhum
vegetal cresce em vão, pois limpa e purifica nossa atmosfera". A natureza
de outros produtos químicos na fotossíntese foi finalmente demonstrada por
Julius Sachs em 1864, ao verificar o aparecimento e crescimento de raso de
amido em cloroplastos iluminados. Desta forma, na metade do século XIX, a
equação geral da fotossíntese foi formulada da seguinte maneira:

A estrutura fotossintética é composta pelo cloroplasto, presente nas


células vegetais. As clorofilas estão contidas dentro deste sistema de
membranas, o que fornece a coloração verde ao cloroplasto. Os tilacóides são
os sítios das reações de luz da fotossíntese.
A luz branca, como a proveniente do sol, pode ser decomposta nas
sete cores do espectro visível, que são as observadas na atmosfera, sob a
forma do arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.
Além dessas cores, o espectro é formado também pelas radiações
ultravioleta e infravermelho, invisível à vista humana. A luz é medida em
comprimentos de onda e a unidade utilizada no sistema é o nanômetro (nm).

PRÓXIMA AULA

Durante esta aula tivemos a oportunidade de estudarmos a história da


fotossíntese, as estruturas fotossintéticas e a radiação fotossinteticamente
ativa. Na próxima aula iremos entender como as fases da fotossíntese
ocorrem nos organismos fotossintéticos.

Até lá!

BIBLIOGRAFIA

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café: origem, características e recomendações. Brasília, DF. EMBRAPA, 2008.
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MENDES, A.N.G.; GUIMARÃES, .J. Morfologia e Fisiologia do Cafeeiro.


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MERCADANTE, C. et al. - BIOLOGIA, Ed. MODERNA - volume único- 2002.

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PAULINO, W. R. - Biologia Atual - Ed. ÄTICA - 3 volumes- 2003.

RENA, A.B.; MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: RENA, A.B et al. Cultura
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SOARES, J. L. - Fundamentos de Biologia. Ed. SCIPIONE - 3 volumes- 2003.

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