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INSTITUTO APAE BRASIL

DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 1
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: secretariauniapae@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
TERCEIRO SETOR ...............................................................................................................4
Conceito de Terceiro Setor ...................................................................................................5
Distinção entre Primeiro, Segundo e Terceiro Setor ...................................................... 6
Características do Terceiro Setor .........................................................................................6
Naturezas Jurídicas .................................................................................................................8
Associações ..............................................................................................................................9
Fundações ..............................................................................................................................10
Diferenças entre Associação e Fundação .........................................................................12
Manutenção de Entidades sem Fins Lucrativos .............................................................13
Estatuto Social ..................................................................................................... .................14
Renovação da Diretoria ....................................................................................... ...............18
Certidões Negativas de Débito - CND .................................................................. ..........18
Cadastro nos Conselhos de Políticas Públicas .................................................... ...........19
Qualificações, Títulos e Certificações .............................................................................. 20
Qualificações ....................................................................................................... ..................20
Títulos .................................................................................................................................... 24
Certificações ......................................................................................................................... 24
GESTÃO ADMINISTRATIVA ........................................................................................ 31
Responsabilidade dos Administradores ................................................................... .......31
O Papel do Conselho Fiscal .................................................................................... ...........33
Função Fiscalizadora ........................................................................................... ................34
Documentos para análise .................................................................................... ...............35
Opinião sobre as Demonstrações Financeiras e o Relatório da Administração ... ..36
Planejamento .......................................................................................................... ..............37
Controle .................................................................................................................. ...............38
A Importância dos Controles internos .................................................................. ..........40
Avaliação do atual sistema de Controle Interno da Entidade ............................... ......42
Transparência ......................................................................................................... ..............44
Compliance no Terceiro Setor ................................................................................. .........47
Ferramentas de Gestão .......................................................................................... .............51
Matriz SWOT ....................................................................................................... ................52
Plano de Ação ..................................................................................................... ..................54
Ciclo PDCA .......................................................................................................... ................55
Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD ................................................................. .......57
MÓDULO I
CONSTITUIÇÃO,
MANUTENÇÃO E
GESTÃO ADMINISTRATIVA

• Entendendo o Terceiro Setor: Conceito, Papel,


Naturezas Jurídicas e Características

• Titulações, Certificações e Qualificações

• Estatuto Social

• Obrigações Legais

• Responsabilidade dos Administradores

• Papel do Conselho Fiscal

• Planejamento, Controle e Transparência


GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Apresentação
Devido ao crescimento das entidades sem fins lucrativas,
denominadas de Organizações do Terceiro Setor ou Organizações
da Sociedade Civil - OSC, e à extensão e importância das suas
atividades, torna-se necessário que sejam direcionados esforços
para uma eficiente organização administrativa, jurídica, contábil
e tributária.
Como em qualquer organização, os dirigentes e demais
membros que compõem os órgãos consultivos, operacionais
e fiscalizadores das OSC, necessitam estar atualizados e
capacitados para desempenhar suas funções, buscando alcançar
a sustentabilidade, a transparência, o controle, a economicidade,
a eficiência e a eficácia, que permitirão a capacitação de recursos,
a sobrevivência, e o crescimento dessas entidades.
Além de importante, essa capacitação é oportuna,
uma vez que a gestão de entidades sem fins lucrativos
frequentemente recebe nova regulamentação, por meio de Leis,
Decretos, Portarias, e Instruções Normativas oriundas das três
esferas da administração pública.
O curso visa apresentar informações técnicas e legais
com o objetivo de sistematizar procedimentos, e capacitar
os membros da equipe gestora e operacional das entidades,
auxiliando-lhes a realizar, de forma correta e em obediência
à legislação vigente, todos os passos em busca de uma boa
gestão, tanto de recursos próprios, quanto daqueles recebidos
de terceiros.

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1. Terceiro Setor - Conceito

MÓDULO 1 - GESTÃO
Terceiro Setor, entre todas as expressões em uso, é o
termo que vem encontrando maior aceitação para designar
o conjunto de iniciativas provenientes da sociedade. No
Brasil, a expressão divide o palco com uma dezena de outros:
não governamental, sociedade civil, sem fins lucrativos,
filantrópicas, sociais, solidárias, independentes, caridosas, de
base, associativas, etc.
As entidades do Terceiro Setor são voltadas à
realização de finalidades culturais, sociais, religiosas,
recreativas, ambientais, etc., cuja existência legal surge com a
inscrição do estatuto social no cartório de registro de títulos
e documentos. O estatuto constitui-se como um documento
formal, onde consta o conjunto de regras básicas que norteiam
e disciplinam a vida em comum e as atividades.
Essas entidades são uma pessoa jurídica de direito
privado, pois ela possui autonomia para exercer direitos e
adquirir obrigações. A definição de Pessoa Jurídica, embora
não encontrada explicitamente no Código Civil, pode ser
estabelecido como uma entidade a que atua com personalidade
distinta da dos membros que a criaram, mas que combinam
seus esforços e recursos para atingir os objetivos traçados.

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Distinção entre Primeiro, Segundo e Terceiro Setor

A sociedade atual encontra-se estruturada a partir de


três grandes setores, que são:

• O Estado, ou Governo, (primeiro setor);


• O Mercado (segundo setor), e;
• O Terceiro Setor, composto por organizações da Sociedade
Civil que atuam sem finalidade principal de lucro, com
atuações de interesse público.

Podemos observar que o Estado atua na esfera pública,


o Mercado na esfera privada, e o Terceiro Setor vem atuando na
esfera pública não estatal.
Cabe ressaltar que esses três setores na realidade são
profundamente interligados e são interdependentes, o que
compõe a realidade social em constante processo de mudança
acelerada em um mundo contemporâneo marcado pela
instabilidade, complexidade e incerteza.
A sociedade civil é a que está compreendida fora do
aparato estatal, embora esteja se mantendo com uma relação
indissociável do Estado à medida que ela o incentiva a instituir
leis e o mantém. Assim, a questão da cidadania nos remete ao
conceito da sociedade civil, pois implica que a sociedade seja
constituída de cidadãos que têm direitos e deveres.

Características do Terceiro Setor

Entre as principais características do Terceiro Setor está


a sua origem, ou seja, o fato de terem início com ações de cunho
privado e, no que concerne ao destino de suas ações, buscam

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benefícios sociais, às vezes se aproximando da lógica de

MÓDULO 1 - GESTÃO
mercado ou ficando próximas às atribuições do Estado.
Essas organizações também possuem duas
características exclusivas que as diferem das demais; não
distribuem lucro, como fazem as organizações pertencentes
ao setor privado e nem estão sujeitas ao controle estatal,
como as organizações do setor público.
Assim, ao comparar as entidades com os outros tipos
de organizações são consideradas como características mais
particulares do Terceiro Setor, o fato de serem:

• Privadas, não integrantes, portanto, do aparelho de Estado;


• Sem fins lucrativos, configurando organizações que não
distribuem eventuais excedentes entre os proprietários
ou diretores e que não possuem como razão primeira de
existência a geração de lucros – podendo até gerá-los,
desde que aplicados nas atividades fins;
• Institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas;
• Auto administradas ou capazes de gerenciar suas próprias
atividades;
• Voluntárias, na medida em que podem ser constituídas
livremente por qualquer grupo de pessoas, visto que a
atividade de associação ou de fundação da entidade é
livremente decidida pelos sócios ou fundadores.
• Constituídas por cidadãos ligados à organização por
razões filosóficas;
• Utilizadas para cumprimento dos objetivos sociais a que a
entidade se propôs.
• Criadas para o alcance de interesses e objetivos sociais
comuns, e propósitos públicos, ou seja, seus propósitos
devem ser destinados à coletividade ou ao povo.

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Apesar da diversidade das instituições que compõem o


Terceiro Setor, elas compartilham de algumas características em
comum. Dessas, cabe ressaltar a mais importante como sendo: o
fato de atuarem na busca da satisfação de necessidades sociais.
Vale frisar que, em nível de resultados, a principal
característica dessas instituições é de que não se constituem de
caráter público, porém desenvolvem um trabalho de interesse
social ou público.
Destaca-se, também, a importante característica comum
que é a de tais entidades não manterem um vínculo mercantil
com a sociedade, pois não estão voltadas para a obtenção de
lucro no sentido dos interesses capitalistas.
As receitas das organizações do Terceiro Setor são
normalmente advindas de doações, prestações de serviços,
parcerias e acordos com o poder público, e são revertidas para
a própria instituição, não ocorrendo distribuição de lucros entre
seus associados ou empregados.
O fato de não serem instituições estatais, embora
podendo manter vínculo com o Estado, por intermédio de
parcerias, mas de apresentarem-se organizadas fora do aparato
estatal e serem autogovernadas, lhes concede certa autonomia
de ação e definição de diretrizes em relação ao Estado.

Naturezas Jurídicas

De acordo com a Lei nº 10.406/02, o Código Civil


brasileiro, existem quatro tipos de entidade sem fins lucrativos:
• Associações;
• Fundações;
• Organizações Religiosas; e
• Partidos Políticos

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Desse grupo, apenas reunião de pessoas em prol

MÓDULO 1 - GESTÃO
as Associações, as Fundações de um objetivo comum, sem
e as Organizações Religiosas interesse de dividir resultado
que realiza, atividades sociais financeiro entre elas. Toda a
são consideradas como renda proveniente de suas
entidades do Terceiro Setor. atividades deve ser revertida
para os seus objetivos
Associações estatutários.
É importante ressaltar
O Código Civil define que, embora os fins das
associações como a união de associações não sejam de
pessoas que se organizam ordem econômica, elas não
para fins não econômicos estão proibidas de realizar
(art. 53). E a Constituição atividades geradoras de
Federal garante o direito à receita, visto que não há
livre associação, mas proíbe vedação legal ao desempenho
o exercício de determinadas de tais atividades, desde que
atividades descritas em lei, as mesmas se caracterizem
tais como as atividades de como meios para atendimento
caráter paramilitar. de seus fins. Por isso, elas
Assim, as associações não perdem a categoria
constituem um agrupamento de associação mesmo que
de pessoas, com uma realize negócios para manter
finalidade comum que ou aumentar seu patrimônio,
perseguem a defesa de desde que não propicie lucro
determinados interesses, sem aos associados.
ter o lucro como objetivo. Para tanto, as
Portanto, são pessoas atividades econômicas
jurídicas de direito privado, desenvolvidas devem estar
sem fins econômicos ou previstas expressamente em
lucrativos, que se formam pela seus estatutos, bem como

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

a intenção de reverter integralmente o produto gerado na


consecução dos seus objetivos sociais.
As associações geralmente são administradas por
uma Assembleia Geral, responsável pela definição quanto à
forma de atuação da entidade, o Conselho Administrativo ou
Diretoria (órgão executor) e o Conselho Fiscal (que realiza o
acompanhamento das contas).

Fundações

O Código Civil, ao tratar das fundações, dispôs, no seu


art. 62, que para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administra-la.

De acordo com o Código Civil, novas Fundações só


podem ser constituídas com as seguintes finalidades:

• Assistência social;
• Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável;
• Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção
e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos;

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• Promoção da ética, cidadania, democracia e dos direitos

MÓDULO 1 - GESTÃO
humanos;
• Atividades religiosas.

Portanto, as fundações constituem-se numa


universalidade de bens ou direitos, dotados de personalidade e
destinados a uma determinada finalidade social, estabelecida
pelo seu instituidor. Assim, são também pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins econômicos ou lucrativos, que se
formam a partir da existência de um patrimônio destacado pelo
seu instituidor, através de escritura pública ou testamento,
para servir a um objetivo específico, voltado a causas de
interesse público.
Em geral, as fundações são administradas por um
Conselho Deliberativo ou Curador (que decide em linhas
gerais quanto à forma de atuação da fundação), o Conselho
Administrativo ou Diretoria (órgão executor) e o Conselho
Fiscal (que realiza o acompanhamento das contas).
Assim como as associações, as fundações são regidas
por Estatutos, que se elaboram segundo as regras legais. O
registro da fundação depende de autorização do Ministério
Público para escritura definitiva em Tabelionato de Notas e
posterior registro no Cartório de Títulos e Documentos de
Pessoas jurídicas. Esta avaliação prévia pelo Ministério Público
só é dispensada nos casos em que a fundação foi instituída
por testamento. Durante toda a sua existência, que em regra
é por tempo indeterminado, as atividades das fundações, que
devem ser minuciosamente descritas no estatuto, estarão
sujeitas ao controle do Ministério Público.

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Diferenças entre Associação e Fundação

Apesar de possuírem muitas características em comum, as


associações e as fundações também apresentam pontos
importantes que as diferenciam.
Desta forma, o quadro a seguir vem apresentar, sucintamente, as
diferenças básicas entre uma associação e uma fundação:

Diferenças Associação Fundação


Quanto à forma de Constituída por pessoas Constituída por patrimônio,
Constituição aprovado previamente pelo
Ministério Público
Quanto à relevância Pode (ou não) ter O patrimônio é condição para
do Patrimônio patrimônio inicial a sua criação, o qual deve ser
suficiente para garantir o início
das atividades
Quanto à definição A finalidade é definida A finalidade deve ser religiosa,
das finalidades e pelos associados moral, cultural ou de assistência,
objetivos definida pelo instituidor
Quanto à A finalidade pode ser A finalidade é imutável
possibilidade de alterada, por decisão dos
alteração dos fins associados
Quanto às formas Os associados deliberam As regras para deliberações
de deliberação livremente, de acordo são definidas pelo instituidor
com as regras estatutárias e fiscalizadas pelo Ministério
Público
Quanto ao Registro Registro e administração Registro e administração mais
e a Administração mais simplificados burocráticos e complexos
Quanto à regência Regida pelos artigos 53 a Regida pelos artigos 62 a 69 do
legal 61 do Código Civil Código Civil
Quanto ao modo Criada por intermédio de Criada por intermédio de
de constituição e decisão em assembleia, escritura pública ou testamento.
documentação com transcrição em ata Os atos de criação, inclusive o
e elaboração de um estatuto, ficam condicionados à
estatuto prévia aprovação por parte do
Ministério Público

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MÓDULO 1 - GESTÃO
Quanto à A prestação de contas é A prestação de contas é
Prestação de apresentada à Assembleia apresentada ao Conselho
Contas Geral e aos demais Deliberativo, e ao Ministério
associados. Público através do Sistema de
Cadastro e Prestação de Contas
– SICAP

Fonte: Próprio Autor

Manutenção de Entidades sem Fins Lucrativos

A constituição de uma associação ou fundação ocorre


por meio de seu Estatuto Social, um conjunto de cláusulas
contratuais que relaciona a entidade com os seus instituidores,
dirigentes e associados, atribuindo-lhes direitos e obrigações
entre si.
O Código Civil, em seu art. 46, aponta as informações
que obrigatoriamente devem constar no estatuto. É importante,
também, verificar as exigências que devem conter nesse
documento, caso a entidade pretenda celebrar parcerias ou
obter titulações junto ao poder público.
Para que a associação adquira existência formal
perante a lei (que chamamos de personalidade jurídica),
é necessário o registro de seu estatuto social, e de sua ata
de constituição e eleição da primeira diretoria, no Cartório
de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. A partir do
registro, a entidade passa a ter plena capacidade de direito,
e, portanto, a condição legal para contratar, empregar, firmar
parcerias, etc., tornando-se um ator social que estará sujeito a
direitos e obrigações.
Esses documentos são os necessários para a simples
existência da entidade, no entanto, para o exercício de suas
atividades, ela necessitará de diversos outros documentos

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

como a inscrição municipal, e o Cadastro Nacional de Pessoa


Jurídica – o CNPJ, que corresponde ao CPF da pessoa física. Ainda,
podem ser exigidos outros cadastros municipais, estaduais e
federais para que a entidade esteja habilitada a prestar serviços
em áreas específicas, como educação, saúde e assistência social.
Posteriormente, a associação ou fundação pode
pleitear a obtenção de títulos, certificados e qualificações que
proporcionarão vantagens na captação de recursos a serem
utilizados na sua manutenção e sustentabilidade.

Estatuto Social

As organizações do Terceiro Setor são regidas por um instrumento


legal que registra as características e o conjunto de regras
relativas ao seu funcionamento, denominado Estatuto Social.
Este documento deve atender, no mínimo, aos requisitos básicos
dispostos pelo Código Civil, precisando conter necessariamente,
sob o risco de ser considerado nulo:

• A denominação, os fins e a sede da instituição;


• Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos
integrantes;
• Os direitos e deveres dos associados/fundadores;
• As fontes de recursos para sua manutenção;
• O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos
deliberativos;
• As condições para a alteração das disposições estatutárias e
para a dissolução;
• A forma de gestão administrativa e de aprovação das
respectivas contas.

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Considerando a importância deste instrumento na

MÓDULO 1 - GESTÃO
forma de agir e de gerir a instituição, é de suma importância
que além das exigências legais acima descritas, sejam também
incluídas outras normas ou regras que regulem a convivência
daqueles que compõem a entidade, como:

• O prazo de duração da entidade;


• O endereço da sede;
• Se a instituição terá atuação em outras unidades da
federação e de que forma, se for o caso;
• O modo como se representa ativa e passivamente;
• O modo como se representa judicial e extrajudicialmente;
• A definição de que os membros respondem
subsidiariamente, ou não, pelas obrigações sociais; • Se
os associados respondem ou não pelas obrigações sociais;
• A informação de que ato constitutivo é reformável, ou não,
no tocante à administração, e de que modo;
• A remuneração, ou não, de seus membros; • O modo de
constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos;
As hipóteses e condições para a destituição dos
administradores;
• As condições para extinção da entidade;
• A destinação de seu patrimônio em caso de extinção.

De acordo com as novas regras para as parcerias


a serem celebradas entre o poder público e as entidades
privadas sem fins lucrativos, estipuladas pela Lei nº 13.019/14,
denominada de Marco Regulatório das Organizações da
Sociedade Civil – MROSC, as organizações da sociedade civil
deverão ser regidas por normas de organização interna que
prevejam, expressamente:

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades


de relevância pública e social;
• Que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo
patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica
de igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo
objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade
extinta;
• Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de
contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade.

Não há regra para a estrutura de administração


a ser adotada pelas entidades. No entanto, deve haver a
preocupação de inserir todas as informações necessárias (legais
e complementares) para que seja possível realizar a gestão e o
acompanhamento do cumprimento das finalidades, bem como
os direitos e deveres dos seus integrantes.
Cada organização deve avaliar o que é mais prático
e coerente para a sua proposta e suas condições específicas
de atuação. As grandes instituições, por exemplo, podem ter
diferentes composições administrativas, indicando diversas
funções e cargos a serem preenchidos. Enquanto as menores
necessitam de uma estrutura mais enxuta, com menos órgãos e
cargos diretivos.
Na prática, é possível verificar estatutos que não
registram, de forma clara, as regras básicas, ou não definem o
papel de cada um dos órgãos ou áreas, permitindo uma lacuna,
onde determinadas funções, ou atividades, não são assumidas
por falta de previsão no instrumento legal. Por outro lado,
estatutos mal elaborados podem levar duas áreas a realizar as
mesmas atividades.

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Desta forma, é importante observar se o estatuto

MÓDULO 1 - GESTÃO
em vigor, ou a ser elaborado, responde aos principais
questionamentos, os quais geralmente só são identificados
durante a gestão da entidade:

• Atende ao Código Civil?


• Quais são os direitos e deveres de cada (tipo de) associado?
• Como são feitas as eleições? Quem pode ser eleito, e para
que cargos?
• Quem tem direito a voto, e em que instâncias?
• Como são tomadas as decisões na organização?
• Qual a instância máxima de decisão, e por quem é
composta?
• Quais órgão(s) ou cargo(s) é(são) responsável(is) por
estabelecer as estratégias para a consecução dos objetivos
da organização e pelo planejamento das suas atividades?
• Qual órgão ou cargo é responsável pela efetiva execução
das atividades da organização?
• Qual órgão ou cargo é responsável pela representação da
organização? (Ou seja, quem pode assinar em seu nome?
Em geral, são os Diretores — individualmente ou em
conjunto de dois).
• Qual órgão ou cargo é responsável por fiscalizar as
atividades da organização, especialmente com relação às
contas? (Em geral, a função cabe ao Conselho Fiscal, que
é um órgão obrigatório para obtenção de alguns títulos e
qualificações perante o poder público).
• Qual órgão(s) ou cargo(s) é(são) responsável(is) pelas áreas
específicas de administração, finanças, comunicação,
captação de recursos, gestão de projetos, etc.?
• Atende ao MROSC?

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Se o Estatuto da entidade apresenta respostas positivas


para esses questionamentos, podemos afirmar que ela está no
caminho correto.

Renovação da Diretoria

O Estatuto Social deverá prever o período do mandato


da diretoria. Antes do final desse prazo deve haver uma nova
eleição para a escolha dos membros que comporão os cargos
para o próximo período.
A Ata de assembleia que delibera sobre a eleição deve
ser registrada em cartório, e caso haja alteração do representante
legal da entidade é necessário também proceder o registro
perante a Receita Federal do Brasil – RFB.
A apresentação da ata atualizada, com a indicação do
atual representante legal e demais dirigentes da entidade é
requisito para a celebração de parcerias com a administração
pública e para a obtenção e manutenção de titulações.

Certidões Negativas de Débito - CND

As certidões negativas de débito são comprovações de


que a entidade não possui dívidas ou pendências com órgãos
públicos, que realizam o controle e a fiscalização de todas as
organizações, com ou sem fins lucrativos. Essas certidões são
requisito para a celebração de parcerias com a administração
pública e também para a obtenção e manutenção de titulações

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As mais comumente exigidas são:

MÓDULO 1 - GESTÃO
• Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições
Federais (Receita Federal e INSS);
• Certidão Negativa de Débitos Estaduais;
• Certidão Negativa de Débitos Municipais;
• Certidão Negativa de Débitos com o FGTS;
• Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas.

Para a manutenção da regularidade fiscal das


entidades é de suma importância que a área contábil realize
o controle e o monitoramento dessas certidões, e apresente
periodicamente as declarações exigidas pelos órgãos de
fiscalização, mesmo que não haja movimento, mas seja
obrigatória sua apresentação.

Cadastro nos Conselhos de Políticas Públicas

A depender da área de atuação da entidade será


necessário o cadastro no respectivo conselho de política
pública para a realização de atividades e, principalmente, para
celebrar parcerias com a administração pública.
Dentre os conselhos, destacam-se:
• Conselho Municipal de Assistência social;
• Conselho Municipal de Educação;
• Conselho Municipal de Saúde;
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente;
• Conselho Municipal dos Direitos do Idoso;
• Conselho Municipal de Cultura;
• Conselho Municipal do Meio Ambiente.

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Ressalta-se, ainda, a existência de conselhos a nível


estadual e nacional, que também podem ser exigidos para o
exercício das atividades estatutárias da entidade.
Os conselhos possuem regulamentos próprio definindo
os requisitos e documentos necessários para o registo. No
entanto, geralmente, para a cadastro devem ser apresentados os
seguintes documentos:

• Requerimento contendo os dados da entidade, e informando


sobre as atividades que a entidade pretende executar em
consonância com a política pública integrante da área de
atuação do conselho.
• Cópia do Estatuto Social (atos constitutivos) registrado em
cartório;
• Cópia da ata de eleição e posse da atual diretoria, registrada
em cartório;
• Plano de ação, descrevendo as atividades realizadas pela
entidade.

Qualificações, Títulos e Certificações

Qualificações

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP – é


a qualificação outorgada pelo Ministério da Justiça às entidades
que possuam como finalidade o desenvolvimento de uma das
atividades previstas na legislação.

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Inicialmente, a Lei nº 9.790/99, regulamentada pelo Decreto

MÓDULO 1 - GESTÃO
nº 3.100/99, especifica quais os tipos de entidade que não
podem ser qualificadas como OSCIP. Desta forma, não poderão
receber a qualificação:

• As sociedades comerciais;
• Os sindicatos, as associações de classe ou de representação
de categoria profissional;
• As instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e
confessionais;
• As organizações partidárias e assemelhadas, inclusive
suas fundações;
• As entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou
sócios;
• As entidades e empresas que comercializam planos de
saúde e assemelhados;
• As instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
mantenedoras;
• As escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
gratuito e suas mantenedoras;
• As organizações sociais;
• As cooperativas;
• As fundações públicas;
• As fundações, sociedades civis ou associações de direito
privado criadas por órgão público ou por fundações
públicas;
• As organizações creditícias que tenham quaisquer tipos
de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se
refere o art. 192 da Constituição Federal.

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Desta forma, excetuando-se as entidades acima, podem se


qualificar como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais, explicitados no
estatuto, tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
• Promoção da assistência social;
• Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico;
• Promoção gratuita da educação, observando-se a forma
complementar de participação das organizações de que
trata a lei;
• Promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
complementar de participação das organizações de que
trata a lei;
• Promoção da segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável;
• Promoção do voluntariado;
• Promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
• Experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-
produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
emprego e crédito;
• Promoção de direitos estabelecidos, construção de
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
• Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
humanos, da democracia e de outros valores universais;
• Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
atividades mencionadas acima;

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• Estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a

MÓDULO 1 - GESTÃO
disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de
transporte.

A relação entre OSCIP e Estado pode ser estabelecida


através do Termo de Parceria, instrumento jurídico que
regula os repasses de recursos públicos para as entidades
qualificadas. No entanto, ainda é muito comum esta parceria
ser realizada através do instrumento “Convênio”.
Por fim, vale ressaltar que as entidades qualificadas
como OSCIP não podem obter outro título, qualificação ou
certificado a título federal.
Organização Social - OS – é uma forma de qualificação
das entidades para que possam absorver atividades dirigidas
ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à
cultura e à saúde, até então desempenhadas diretamente
pelo Poder Público.
A nível federal, está disciplinada pela Lei nº 9.637/98,
e regulamentada pelo Decreto nº 9.190/17. Estados e
Municípios podem ter legislação própria sobre o tema.
A parceria entre as OS e o Estado é formalizada
por meio do Contrato de Gestão, onde serão definidas as
atribuições, obrigações e responsabilidades das partes. Este
instrumento, além de permitir a transferência de terminadas
atividades, antes exercidas pelo Poder Público, possibilita
ao Estado o exercício de controle, uma vez que existe a
transferência de recursos públicos para as entidades com o
objetivo de consecução de finalidades assistenciais.

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A obtenção da qualificação não é um direito ou opção


das entidades, uma vez que elas serão qualificadas como OS
se forem aprovadas quanto aos critérios de conveniência e
oportunidade pelo Poder Público.

Títulos

Utilidade Pública Federal (UPF) – Foi revogado em 2015, pela


Lei nº 13.204.
A expectativa é que as leis de utilidade pública a nível
estadual e municipal sejam alteradas ou também revogadas,
mas até o momento é possível obter:
• Título de Utilidade Pública Estadual (UPE)
• Título de Utilidade Pública Municipal (UPM).

A depender do que seja estabelecido nas leis dos Estados


e Municípios que tratam do tema, os referidos títulos podem
ser exigidos para o reconhecimento da imunidade tributária, a
concessão de isenções, e o cadastro em conselhos de políticas
públicas

Certificações

Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social


(CEBAS) – é a titulação outorgada pelo Ministério da Educação,
da Saúde, ou da Cidadania, às entidades que comprovarem o
desenvolvimento, respectivamente, nas áreas de educação,
saúde, ou de assistência social.
É concedido a entidades e organizações de assistência social,
sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente, prestam
atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos

24
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DE ENSINO E PESQUISA

pela legislação relativa à área de saúde, educacional e

MÓDULO 1 - GESTÃO
assistência social, bem como as que atuam na defesa e
garantia de direitos.

Para obter o certificado a entidade deve possuir como


finalidade o desenvolvimento de atividades nas seguintes
áreas:

CEBAS EDUCAÇÃO

A certificação ou sua renovação será concedida à


entidade de educação que:

• Demonstrar adequação às diretrizes e metas estabelecidas


no Plano Nacional de Educação – PNE;
• Atender a padrões mínimos de qualidade, aferidos pelos
processos de avaliação conduzidos pelo Ministério da
Educação; e
• Oferecer bolsas de estudo nas seguintes proporções:
• a) no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada 9
(nove) alunos pagantes;
• b) bolsas parciais de 50% (cinquenta por cento), quando
necessário para o alcance do número mínimo exigido,
conforme definido em regulamento.

A exigência de prestação de serviços educacionais


gratuitos, de no mínimo 20% em bolsas, foi considerada
inconstitucional em 2020 pela ADIN 4480.

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

CEBAS SAÚDE

A certificação ou sua renovação será concedida a


entidade de saúde considerada beneficente, que deverá:

• Comprovar o cumprimento das metas estabelecidas em


convênio ou instrumento congênere celebrado com o gestor
local do SUS;
• • Ofertar a prestação de seus serviços ao SUS no percentual
mínimo de 60%; ou 20% da receita líquida obtidas com
serviços de saúde; e
• • Comprovar anualmente a prestação dos serviços (mínimo
de 60%), com base nas internações e nos atendimentos
ambulatoriais realizados.

A exigência de prestação de serviços saúde ao SUS, de no mínimo


60% será pauta de julgamento constante na ADIN 4891.

CEBAS ASSISTÊNCIA SOCIAL

A certificação ou sua renovação será concedida à entidade


de assistência social que presta serviços ou realiza ações
assistenciais, sem fins lucrativos, de forma gratuita, continuada e
planejada, para os usuários e a quem deles necessitar, realizando
atendimento e assessoramento aos beneficiários, bem como as
que atuando na defesa e garantia de seus direitos sem qualquer
discriminação, através da:

• Proteção à família, à infância, à maternidade, à adolescência


e à velhice;
• Amparo às crianças e adolescentes carentes;

26
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DE ENSINO E PESQUISA

• Promoção da integração ao mercado de trabalho;

MÓDULO 1 - GESTÃO
• Ações de habilitação e reabilitação das pessoas com
deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária;
• Garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à
pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família.

As entidades que prestam serviços com objetivo de


habilitação e reabilitação de pessoa com deficiência e de
promoção da sua integração à vida comunitária poderão ser
certificadas, desde que comprovem a oferta de, no mínimo,
60% de sua capacidade de atendimento ao sistema de
assistência social.
A exigência de prestação de serviços assistenciais
gratuitos, na sua totalidade, foi considerada inconstitucional
em 2020 pela ADIN 4480.
Como principal vantagem obtida através do CEBAS
pode-se citar a possibilidade de requerimento da imunidade
das contribuições junto ao INSS, visto que a Constituição
Federal restringiu o benefício às entidades beneficentes de
assistência social.
A Lei nº 12.101/09, regulamentada pelo Decreto nº
8.242/14, estabelece que a certificação ou sua renovação
será concedida à entidade beneficente que demonstre, no
exercício fiscal anterior ao do requerimento, de acordo com as
respectivas áreas de atuação, e cumpra, cumulativamente, os
seguintes requisitos:

27
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Seja constituída como pessoa jurídica sem fins lucrativos,


reconhecida como entidade beneficente de assistência
social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas
de assistência social, saúde ou educação.
• Preveja, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou
extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente
a entidade sem fins lucrativos congêneres ou a entidades
públicas.

Já, para o gozo do benefício relativo entidade beneficente


certificada necessita atender, cumulativamente, aos seguintes
requisitos:

• Não percebam seus diretores, conselheiros, sócios,


instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens
ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer
forma ou título, em razão das competências, funções ou
atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos
constitutivos, exceto no caso de associações assistenciais
ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão
ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão
executiva, respeitados como limites máximos os valores
praticados pelo mercado na região correspondente à sua
área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão
de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com
comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações;
• Aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit
integralmente no território nacional, na manutenção e
desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

28
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DE ENSINO E PESQUISA

• Apresente certidão negativa ou certidão positiva com

MÓDULO 1 - GESTÃO
efeito de negativa de débitos relativos aos tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS;
• Mantenha escrituração contábil regular que registre as
receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade
de forma segregada, em consonância com as normas
emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;
• Não distribua resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer
forma ou pretexto;
• Conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos,
contado da data da emissão, os documentos que
comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os
relativos a atos ou operações realizadas que impliquem
modificação da situação patrimonial;
• Cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na
legislação tributária;
• Apresente as demonstrações contábeis e financeiras
devidamente auditadas por auditor independente
legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de
Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for
superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123,
de 14 de dezembro de 2006.

29
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A remuneração dos dirigentes estatutários, sem perda dos


benefícios relativos à isenção das contribuições federais devem
obedecer aos seguintes requisitos:

• A remuneração aos dirigentes estatutários deve ser inferior,


em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite
estabelecido para a remuneração de servidores do Poder
Executivo federal;
• Nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou
parente até 3o (terceiro) grau, inclusive afim, de instituidores,
sócios, diretores, conselheiros, benfeitores ou equivalentes
da instituição;
• O total pago a título de remuneração para dirigentes, pelo
exercício das atribuições estatutárias, deve ser inferior a 5
(cinco) vezes o valor correspondente ao limite individual
estabelecido na lei.
• É permitida a remuneração da pessoa do dirigente estatutário
ou diretor que, cumulativamente, tenha vínculo estatutário
e empregatício, exceto se houver incompatibilidade de
jornadas de trabalho.

Observação: A remuneração aos diretores não estatutários que


tenham vínculo empregatício não se enquadra na condição de
remuneração de dirigentes para fins tributários.

30
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DE ENSINO E PESQUISA

GESTÃO ADMINISTRATIVA

MÓDULO 1 - GESTÃO
Responsabilidade dos Administradores

As entidades privadas sem fins lucrativos são


instituições com personalidade jurídica própria, independente
da dos seus integrantes. Por isso, não se pode confundir as
responsabilidades da pessoa jurídica com a pessoal dos
administradores ou associados (pessoas físicas).
Desta forma, é imprescindível que o Estatuto traga
cláusula que trate das responsabilidades civis e criminais
dos membros integrantes de seus órgãos. Geralmente, existe
no instrumento de constituição cláusula informativa de que
os dirigentes da entidade não responderão solidária e nem
subsidiariamente pelas obrigações assumidas pela instituição.

Responsabilidade solidária - a pessoa física se obriga em
condições de igualdade ao devedor principal pessoa jurídica
(nesse caso, a instituição). Por solidariedade entende-se a
responsabilidade igual, equivalente, da mesma natureza.
Assim, o credor poderá executar tanto a instituição quanto a
seus administradores ou associados.

Responsabilidade subsidiária - as pessoas físicas são obrigadas
a complementar com seu patrimônio, com os bens pessoais,
tudo aquilo que a pessoa jurídica (entidade) não cumpriu
sozinha. Por subsidiária entende-se a responsabilidade
daquele que é obrigado a complementar o que o causador do
dano (ou débito) não foi capaz de arcar sozinho.

31
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A título exemplificativo, a responsabilidade subsidiária


se assemelha ao aval, enquanto a responsabilidade solidária
corresponde à fiança assinada na ocasião do contrato de locação.
Entretanto, os administradores e demais membros
poderão ser responsabilizados pelos atos que praticarem
em excesso à competência que lhes foi atribuída ou quando
desvirtuarem a finalidade da instituição. Neste caso, responderão
pessoalmente pelo excesso cometido, conforme legislação civil.
Apesar de os estatutos preverem que os administradores
ou associados não respondem nem solidária e nem
subsidiariamente, em caso de insolvência da instituição, sendo
desconstituída sua personalidade jurídica, a Justiça do Trabalho
tem atribuído aos dirigentes a responsabilidade pelo pagamento
das obrigações trabalhistas assumidas em nome da organização.
A falta de recolhimento de impostos, seja por
desconhecimento da legislação, falta de informação ou
orientação, ou até mesmo por impossibilidade financeira, está se
tornando uma prática não tanto incomum no Terceiro Setor. E tal
procedimento traz consequências graves tanto para a instituição
como pessoalmente para seus administradores, pois dela podem
decorrer a responsabilidade penal, com risco de necessidade de
utilização do patrimônio pessoal para o pagamento da dívida.
Portanto, havendo alguma dívida trabalhista, ou mesmo
fiscal, decorrente da atividade da instituição, a responsável
direta pelo pagamento é pessoa jurídica. No entanto, caso esta
não tenha patrimônio suficiente para arcar com as obrigações
contraídas, o que se observa, na prática, é a atribuição destas
obrigações aos dirigentes da entidade, que passam a responder,
pessoalmente, por estas dívidas, principalmente quando são
relacionadas a processos trabalhistas.

32
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Confirmando essa prática por parte do judiciário,

MÓDULO 1 - GESTÃO
há inúmeras decisões da Justiça do Trabalho neste sentido,
desconstituindo a personalidade jurídica da entidade, e
atribuindo aos dirigentes a responsabilidade pelo pagamento
das obrigações trabalhistas assumidas em nome da
organização.
É importante ressaltar que nem sempre os responsáveis
são aqueles associados que estão na linha de frente. Ao
administrador, assim considerado aquele que possa ser
reconhecido como dirigente ou representante legal (mesmo
que contratado para administrar), podem ser reconhecidas as
responsabilidades das quais estamos nos referindo.
Desta forma, é de grande valia estar sempre atento
às contas da entidade, às relações trabalhistas e fiscais e
fazer sempre a avaliação da entidade por meio dos controles
internos, verificando a possibilidade de existência de riscos
para a instituição e dirigentes, e corrigindo-os, o que é
extremamente importante.

O Papel do Conselho Fiscal

O Conselho Fiscal (CF) é um órgão fiscalizador


independente da diretoria e do conselho de administração,
que busca, através dos princípios da transparência, equidade
e prestação de contas, contribuir para o melhor desempenho
da organização.É responsável por garantir a aplicação de boas
práticas, direcionada especialmente para a transparência
e controle dos atos internos da entidade. Os membros
desse conselho devem atender aos requisitos e regras de
funcionamento que assegurem a efetividade de sua atuação
e, especialmente, sua independência.

33
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Portanto, é um órgão integrado à estrutura organizacional


da entidade, com poderes de controle e fiscalização, tendo como
principal atribuição fiscalizar as finanças, a gestão e o patrimônio
da entidade.
É importante que seus integrantes tenham conhecimento
de administração, contabilidade e direito, para que possa
acompanhar a gestão, finanças e questões jurídicas pertinentes
ao funcionamento da entidade. Em regra, estes integrantes não
respondem com seus bens pelos atos que venham a praticar em
nome da instituição.
As principais competências do Conselho Fiscal,
especialmente aquelas relacionadas à fiscalização, estão
definidas no art. 163 e seguintes da Lei de Sociedades Anônimas
(Lei nº 6.404/76). No entanto, podem, sem prejuízo, ser utilizadas
em qualquer tipo de organização, inclusive às entidades sem
fins lucrativos;

Função Fiscalizadora

A função fiscalizadora do CF cuida da verificação do


atendimento das obrigações legais e estatutárias por parte da
administração da entidade, visando manter a saúde financeira
da instituição.
O foco principal é o exame da gestão dos administradores,
complementado pelo acompanhamento das atividades
executadas, dos riscos e da estrutura dos controles internos.
Desta forma, o conselheiro deve atuar somente no interesse da
entidade, e não no seu próprio, da administração, ou daqueles
que o indicaram para o cargo.
As atividades fiscalizadoras decorrentes das atribuições
do CF dependerão das finalidades e do porte da organização.

34
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DE ENSINO E PESQUISA

Sugere-se, então, que as seguintes iniciativas sejam

MÓDULO 1 - GESTÃO
consideradas, entre outras, nos trabalhos dos conselheiros:

• Acompanhar a execução do orçamento;


• Acompanhar a política de pessoal, e as razões das
reclamações trabalhistas;
• Acompanhar a pontualidade da entidade no cumprimento
de suas obrigações;
• Acompanhar contingências passivas;
• Acompanhar modificações do estatuto da organização;
• Examinar as vendas relevantes de ativos;
• Examinar os procedimentos de compras, licitações e
contratos, com atenção aos procedimentos com dispensa
de licitação e contratos emergenciais, quando aplicável;
• Ler as atas das reuniões de diretoria e do conselho de
administração e solicitar informações à administração;
• Opinar sobre os demonstrativos anuais e sobre o relatório
da administração;
• Reunir-se com a contabilidade, e auditoria independente,
quando houver, para receber informações e
esclarecimentos sobre as demonstrações contábeis.

Documentos para análise

A eficácia do CF depende muito da qualidade


dos documentos apresentados antecipadamente a cada
reunião. Os conselheiros precisam ter condições de ler
toda a documentação e estar preparados para as reuniões,
solicitando esclarecimentos quando necessários.

35
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Sugere-se a organização, por parte da entidade, de um


conjunto de documentos a serem entregues aos conselheiros
fiscais, com os seguintes conteúdos, além de outros julgados
necessários:

• Atas anteriores de reuniões do Conselho Fiscal;


• Atas de reuniões da diretoria e da Assembleia Geral;
• Estatuto, regimentos internos e manuais da instituição;
• Orçamento;
• Balancetes analíticos mensais;
• Demonstrações financeiras;
• Presença de executivos para dissertar sobre temas pontuais;
• Relatórios da administração;
• Relatórios da auditoria interna;
• Relatórios dos auditores independentes;
• Relatórios gerenciais de acompanhamento de gestão;
• Pareceres jurídicos sobre práticas especiais da administração;
• Relatórios necessários ou exigidos, conforme a situação
específica.

Opinião sobre as Demonstrações Financeiras e o


Relatório da Administração

Cabe ao CF examinar as demonstrações financeiras do


exercício social e sobre elas opinar, bem como opinar sobre o
relatório anual da administração, fazendo constar em seu parecer
as informações complementares que julgar necessárias ou úteis
à deliberação da assembleia geral/conselho deliberativo.
Portanto, o foco do CF não é somente as contas, mas
também o relatório da administração, e as suas notas explicativas.
Para isso, é recomendável que, para que possa acompanhar

36
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

o processo de confecção do relatório da administração e

MÓDULO 1 - GESTÃO
das demonstrações financeiras, receba com antecedência
adequada as respectivas minutas, para que possa garantir a
todos os tipos de usuários informações completas e confiáveis
sobre a situação financeira e os resultados da entidade.
O ideal é que o CF possa se manifestar antes da
versão definitiva do relatório de administração, com vistas
à possibilidade de sugerir modificações ou inserções
de conteúdo ou forma. Se o CF não tiver os elementos
indispensáveis para sua opinião, sugere-se requerer tempo
para tal.
É recomendável que a opinião do CF sobre as
demonstrações financeiras do exercício e o relatório anual
da administração sejam precedidos de reunião com a
contabilidade, e os auditores independentes conforme o caso,
de preferência sem a presença dos executivos, para discussão
dos principais pontos relativos às finanças e contabilidade.

Planejamento

Em decorrência da profissionalização e da busca pela


qualidade, passou a ser comum nas organizações do Terceiro
Setor a utilização de termos como: orçamento, ISO, eficiência,
profissionalização, capacitação, liderança, metas, controle
interno, planejamento, foco, gestão, processo, indicadores,
dentre outros.
Isto significa que mesmo as instituições sem fins
lucrativos precisam estar preparadas para realizar a boa
gestão dos recursos próprios, e principalmente, dos recursos
repassados por particulares ou pela administração pública,
sendo esses últimos passíveis de prestação de contas, como

37
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

nos casos dos convênios, contatos de repasse, contratos de


gestão e termos de parcerias.
A cada dia, dessas entidades se aproxima cada vez mais
daquela exercida pelas grandes empresas pertencentes ao
segundo setor (iniciativa privada), o que também já vem sendo
perseguido há algum tempo pela administração pública.
Toda instituição que vise obter sucesso em suas
atividades necessita realizar uma adequada gestão dos seus
recursos, sejam eles humanos, técnicos, científicos, intelectuais
ou financeiros.
Quando se fala em administração e gestão, não existe
diferença com referência ao setor de mercado ou área de atuação.
Porém, nem todas as técnicas e instrumentos administrativos
devem ser importados e aplicados nas entidades sem que haja
uma adequação aos seus propósitos.

Controle

O cumprimento dos compromissos sociais e a captação


de recursos que viabilizem a própria continuidade operacional
são as maiores preocupações de organizações do Terceiro Setor.
E toda organização almeja estar inserida no ambiente em que
atua de maneira sólida e com recursos devidamente controlados
para melhor conduzir as atividades e poder realizar suas metas
e objetivos. Para isto, necessita de pessoas comprometidas com
sua missão e de um eficiente controle interno.
A utilização de controles dentro das instituições irá
contribuir para a eficiência, de modo a garantir a captação de
recursos, a gestão de um modo geral, e as prestações de contas
de forma correta que irá realimentar o esse ciclo.

38
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

É fundamental o papel que a função controle

MÓDULO 1 - GESTÃO
tem a desempenhar nas entidades sem fins lucrativos,
pois possibilita o acompanhamento contínuo das ações
desenvolvidas, de modo a monitorar conjuntamente a relação
entre a aplicação de recursos e o atingimento dos resultados
pretendidos. Os Planos de Ação e o Orçamento, além de
serem utilizados no planejamento, também são ferramentas
de controle, visto que permitem realizar o acompanhamento
entre o que foi previsto, e o que está sendo realizado.
Não é obrigatório que as entidades tenham estruturada
uma área de controladoria. O que é imprescindível é que
utilize as ferramentas e técnicas de controle. Desta forma, as
funções de controle podem ser exercidas ao mesmo tempo
por um outro gestor de outra área, mas nunca serem deixadas
de lado no processo de gestão organizacional.
No entanto, para que seja possível realizar as atividades
de controle na organização, inicialmente é necessário que o(s)
responsável(is) por esta atribuição tenha:

• Conhecimento da legislação;
• Conhecimento dos fins da instituição;
• Conhecimento de contabilidade;
• Capacidade de se manter atualizado em sua área de
atuação;
• Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares.

O controle consiste em verificar e controlar os


procedimentos de gestão adotados na execução das
atividades no âmbito interno das organizações a fim de se
obter resultados favoráveis, visando o melhor aproveitamento
e emprego dos recursos financeiros.

39
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Portanto, consiste no conjunto de procedimentos,


métodos e rotinas com os objetivos de proteger o patrimônio,
produzir informações confiáveis e ajudar a gestão na conduta
ordenada nas atividades da instituição.
A entidade deve organizar os procedimentos e métodos
de controle conforme sua realidade e necessidades, mantendo
um constante acompanhamento das operações a fim de detectar
se estão sendo obedecidos todos os procedimentos adequados.
Os controles podem elucidar possíveis falhas ocorridas
ou que possam vir a ocorrer na execução de tarefas e atividades,
por falta de conhecimento adequado, negligência ou mesmo por
má-fé, como o erro e a fraude.
O erro ocorre em virtude de negligência, imperícia
ou imprudência, e é cometido por ato involuntário ou por
ignorância. Geralmente ocorre por desconhecimento, omissão,
ou má aplicação de uma norma ou procedimento.
Já a fraude é um ato doloso cometido de forma
premeditada, planejada, com a finalidade de obter proveito com
o prejuízo de terceiros. A fraude é sempre um delito, podendo
ser considerado como crime do tipo doloso.
O sucesso de todo sistema de controle depende das
pessoas que operam este sistema. Pois, de nada adianta um
sistema de controle interno sofisticado se as pessoas responsáveis
por operá-lo não tiverem competência, conhecimento prévio
das atividades ou não estiverem preparadas adequadamente
para exercer a função.

A Importância dos Controles Internos

Os controles internos têm como objetivos proteger


os ativos, produzir os dados contábeis confiáveis e ajudar

40
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

a administração na condução ordenada dos negócios da

MÓDULO 1 - GESTÃO
organização. Assim, o controle tem por objetivo assinalar as
faltas e os erros a fim de que se possa repará-los e evitar sua
repetição.
Portanto, o controle interno é o conjunto de recursos,
métodos e processos adotados pela entidade, com a finalidade
de:

• Assegurar a proteção dos ativos e a veracidade dos


componentes patrimoniais;
• Garantir a observância da validade, legalidade e
regularidade das transações;
• Promover e manter a confiabilidade do sistema de
informações contábeis;
• Comprovar atos e fatos que afetem ou possam afetar o
patrimônio;
• Garantir a integralidade e exatidão dos registros contábeis;
• Prevenir práticas ineficientes e antieconômicas,
erros, fraudes, malversação, abusos, desvios e outras
inadequações;
• Possibilitar a eficácia da gestão e garantir a qualidade da
informação;
• Garantir a execução dos planos e políticas definidas pela
administração;
• Garantir aderência das demonstrações contábeis
aos princípios fundamentais e normas brasileiras de
contabilidade.

41
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

O controle interno pode ser utilizado das seguintes formas:

• Preventiva: atua como forma de prevenir a ocorrência dos


problemas, exercendo o papel de uma espécie de guia para
a execução do processo ou na definição das atribuições e
responsabilidades inerentes.
• Detectiva: como o nome indica, detecta algum problema no
processo, sem impedir que ele ocorra.
• Corretiva: serve como base para a correção das causas de
problemas no processo, mas após os mesmos já terem
ocorrido.

Avaliação do atual sistema de Controle Interno da Entidade

Para alcançar os objetivos do controle, que é assegurar que todos


os procedimentos estipulados pela organização estejam sendo
feitos corretamente a fim de se atingir o resultado esperado e
adequar os procedimentos de acordo com as necessidades, a
instituição deve responder aos seguintes questionamentos:

Controles Administrativos
• Possui organograma, ou detalhamento das atribuições por
área ou departamento?
• Possui regimento Interno?
• Possui manual de normas e procedimentos?
• Possui regulamento de compras e contratações?
• Utiliza a segregação de funções?
• Realiza o rodízio de atividades entre os colaboradores?
• Realiza controle de utilização de material em estoque?
• Realiza inventário de material em estoque?

42
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DE ENSINO E PESQUISA

Controles Orçamentários

MÓDULO 1 - GESTÃO
• Elabora Orçamento?
• Realiza estimativa de receitas?
• Realiza previsão de despesas?
• Realiza o acompanhamento orçamentário?
• Registra e analisa as distorções entre o previsto e o
realizado?
• Realiza remanejamentos para a atualização do orçamento?

Controles Financeiros
• Faz controle periódico do saldo das contas bancárias?
• Realiza conciliações bancárias?
• Faz controle de caixa e de Fundo Fixo?
• Possui controle das Contas a Pagar?
• Possui controle das Contas a Receber?
• Elabora o relatório de Fluxo de Caixa (Financeiro)?

Controles Contábeis
• Atende às normas gerais e específicas para a Contabilidade?
• Utiliza centros de custos para a segregação dos recursos
próprios e de projetos?
• Contabiliza as doações, gratuidades e benefícios (isenções,
trabalho voluntário)?
• Elabora Notas Explicativas detalhadas?

Controles Tributários
• Atende aos requisitos para imunidade e isenção?
• Realiza as retenções na fonte?
• Realiza os recolhimentos nos prazos previstos?
• Apresenta as declarações obrigatórias?
• Acompanha as alterações na legislação?

43
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Controles Patrimoniais
• Realiza registro patrimonial dos bens?
• Controla a saída de bens?
• Controla a localização dos bens?
• Calcula as depreciações e amortizações com base na
legislação vigente?
• Realiza reavaliação patrimonial?
• Realiza inventário patrimonial?

Controles Trabalhistas
• Controla a gestão de prestadores de serviço?
• Observa a legislação específica para a adesão de voluntários?
• Observa a legislação específica para a contratação de
estagiários?
• Possui definição e atribuições dos cargos?
• Cumpre as obrigações trabalhistas, sociais e fiscais?
• Possui controle do passivo trabalhista?

Ressaltamos que os questionamentos acima podem, e devem,


ser ampliados, de acordo com a necessidade da instituição. No
entanto, caso a maioria das perguntas tenha sido respondida de
forma negativa, certamente a entidade precisa urgentemente
aplicar as técnicas de controle interno.

Transparência

Prestações de contas efetivas e transparentes são os


desafios para todos os tipos de organização, visto que, cada vez
mais, há disputa pela confiabilidade e credibilidade em qualquer
que seja a área de atuação. No Terceiro Setor essa prática é ainda
mais evidente, pois, as entidades necessitam cumprir premissa

44
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

básica de buscar a credibilidade perante os seus associados,

MÓDULO 1 - GESTÃO
beneficiários, doadores e financiadores.
Nas organizações do Terceiro Setor, durante muito
tempo, foi considerada apenas a prestação de contas formal,
em vista da comprovação dos gastos, deixando a contrapartida
da efetividade das ações por conta de cada um que prestasse
serviço. Hoje, entretanto, isto não é mais possível. Sabendo de
sua importância, a sociedade, o voluntário, o doador eventual
de recursos, o financiador, o governo, querem saber sobre as
atividades realizadas pela entidade.
Desta forma, quanto mais transparente a entidade,
maior será a sua perpetuação e capacidade de transformação.
É verdade que quando uma instituição se propõe a
prestar contas de maneira transparente e eficiente para seus
diversos interessados se depara com a falta de exemplos
e incentivos no setor, e com os parceiros que esperam e
precisam compreendê-la, mas não definem quais tipos de
informação desejam.
Assim, deve partir da própria instituição levantar as
técnicas necessárias e quais são as principais informações
demandadas para que consiga atender a essa necessidade de
demonstrar transparência em suas ações.
Algo transparente é aquilo que pode ser compreendido
com o simples olhar, mesmo que não meticuloso. Então, seria
um contrassenso ao conceito de transparência alguém ter que
perguntar, questionar, realizar uma investigação, para saber o
que acontece dentro de entidade que possui fins sociais.
Transparência deve ser característica inerente, e
divulgada por iniciativa de uma instituição que pretende ter
representatividade pública e atuar no Terceiro Setor.

45
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Vale destacar que desde 2011, a Lei n º 12.527,


conhecida como Lei de Acesso à Informação – LAI, bem como
o Decreto nº 7,724/12 que a regulamenta, traz exigências para
as entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para
realização de ações de interesse público, recursos públicos
diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais,
contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes
ou outros instrumentos congêneres.
Desta forma, as entidades que receberem recursos
públicos para realização de ações de interesse público deverão
dar publicidade às seguintes informações:
• Cópia do estatuto social atualizado da entidade;
• Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e
• Cópia integral dos instrumentos e parceria realizados com
o poder público, respectivos aditivos, e relatórios finais de
prestação de contas, na forma da legislação aplicável.

Tais informações devem ser divulgadas em sítio na


Internet da entidade privada e em quadro de avisos de amplo
acesso público em sua sede.
A divulgação em sítio na Internet poderá ser dispensada,
por decisão do órgão ou entidade pública, e mediante expressa
justificação da entidade, nos casos de entidades privadas sem
fins lucrativos que não disponham de meios para realizá-la.
As informações exigidas deverão ser publicadas a partir
da celebração da parceria, atualizadas periodicamente, e ficarão
disponíveis até 180 dias após a entrega da prestação de contas
final.

46
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Compliance no Terceiro Setor

MÓDULO 1 - GESTÃO
Compliance é uma das expressões mais utilizadas
na atualidade, principalmente por causa da situação de
desconfiança e corrupção que vem assolando o nosso país
nos últimos anos.
A palavra vem do verbo inglês To Comply, que apesar
de não possuir uma tradução exata para o português, significa
conformidade ou integridade. Seria agir de forma ética e
honesta, com base na moral, e de acordo com as normas e
regulamentos. Engloba ainda o ato de cumprir e fazer cumprir
as regras, sejam elas internas ou externas.
Portanto, o Compliance tem a ver com a construção
de uma cultura organizacional ética, tendo como principais
objetivos evitar a ocorrência de erros, fraudes e corrupção,
além de garantir a eficiência, a eficácia e a confiabilidade da
instituição.
A implementação do Compliance em uma organização
depende incialmente do comportamento ético das pessoas
que nela atuam, envolvendo todos os colaboradores, e
principalmente aquelas pessoas que ocupam os cargos de
gestão e tomam as decisões de maior impacto.
Verifica-se que o Compliance possui estreita relação
com as entidades sem fins lucrativos, as quais necessitam a
todo tempo demonstrar e comprovar ética, confiabilidade,
transparência, integridade e conformidade nas suas ações
sociais, principalmente quando atuam utilizando recursos
recebidos de terceiros, sejam eles doados por pessoas
físicas e jurídicas, ou através de financiamento de projetos e
atividades por parte da administração pública.

47
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pela lógica, quem atua na defesa de interesses sociais


está agindo com a ética e com a moral. Só que, devido à falta
de conhecimento sobre administração, e mais ainda sobre a
legislação, é possível que falhas sejam cometidas na gestão das
organizações do terceiro setor, o que faz com que Compliance
nessa área ganhe cada vez mais destaque.
Como toda estratégia organizacional, a operacionalização
do Compliance deve ocorrer com o auxílio de ferramentas e
técnicas administrativas que permitem a sua compreensão e
aplicabilidade. Dentre elas, destacam-se:
• A análise dos riscos operacionais;
• O fortalecimento dos controles internos;
• O estabelecimento de um código de conduta para os
administradores e colaboradores;
• A abertura de canal para denúncias, e apuração delas quando
ocorrerem; e
• A interpretação e cumprimento das leis e normas.

Vale destacar que a utilização das ferramentas e técnicas


descritas acima devem ser utilizadas desde a captação de
recursos até a prestação de contas, passando, desta forma, por
todas as demais áreas de gestão da entidade (jurídica, contábil,
tributária e fiscal, financeira, compras, gestão de projetos,
trabalhista...).
Até mesmo para receber doação ou celebrar parceria com
um órgão público ou uma empresa privada é importante avaliar
os riscos dessa operação. Sabemos da dificuldade que muitas
entidades têm em conseguir recursos para a sua manutenção
e realização de ações sociais. Mas seria ético, por exemplo,
uma OSC que atua na área de saúde receber recursos de uma
fábrica de cigarros? Seria legal uma OSC que cuida de crianças

48
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

e adolescentes receber uma doação de uma traficante de

MÓDULO 1 - GESTÃO
drogas preocupado com o impacto causado pelo “produto”
que comercializa? Até que ponto seria interessante para a
imagem de uma OSC receber recursos de emenda parlamentar
indicada por um político investigado por corrupção?
Para atuar com integridade e em conformidade com as
regras estabelecidas, é de suma importância que as instituições
possuam controles internos eficientes a fim de garantir que
seus processos sejam realizados de forma correta. E para seu
corpo funcional, seria muito importante apresentar um código
de conduta, deixando claras as regras comportamentais éticas
que todos, sem exceção, devem conhecer e praticar.
Além de criar, estimular, e acolher denúncias
sobre comportamentos que venham de encontro à ética
organizacional, à moral, e às leis, o mais importante é filtrar
e apurar tais denúncias, a fim de coibir a ocorrência de erros,
fraudes, e principalmente a corrupção dentro da organização,
que pode arranhar sua reputação e gerar perda de
confiabilidade perante seu público, doadores e financiadores.
Vale ressaltar que o Distrito Federal (Lei nº 6.112/18)
e o Estado do Rio de Janeiro (7.753/17) já possuem legislação
exigindo que entidades sem fins lucrativos tenham programas
de Compliance implantados para que possam celebrar
parcerias com a administração pública, quando os valores a
serem repassados sejam superiores respectivamente a R$
5.000.000,00 e R$ 650.000,00.
Por fim, é de fundamental relevância que áreas como
a contábil e jurídica trabalhem em conjunto para a melhor
identificação, interpretação, e análise sobre a aplicabilidade
dos diversos dispositivos legais que tenham impacto direto e
indireto nas organizações do terceiro setor.

49
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Desta forma, podemos resumir o Compliance como o


conjunto de procedimentos que busca garantir que as pessoas
dentro das organizações ajam com ética, moral e de acordo com
as normas estabelecidas. Ao agir com ética, o indivíduo estará
ouvindo o que diz o seu caráter, de acordo com o que considera
certo ou errado. Ao utilizar a moral como referência, analisará o
que a sociedade e a entidade acreditam como correto, e decidirá
o que deve ou não deve ser feito. E, o outro ponto a observar são
as regras e leis, que vão determinar o que pode ou o que não
pode ser feito.

Benefícios de se adotar um Programa de Integridade

Uma organização do Terceiro Setor que preza pelas boas


práticas e por uma gestão transparente pode alcançar, com
maior solidez, seus objetivos estratégicos. A implantação de um
programa irá contribuir de maneira sólida para o fortalecimento
de sua credibilidade, otimização de sua eficiência e qualidades
das ações ofertadas, melhoria dos níveis de governança e
atuação focada em práticas de prevenção, reduzindo qualquer
tipo de exposição a riscos.
Muito embora a implantação de um programa de
integridades possa, à primeira vista, parecer algo que venha
criar burocracia ou até mesmo representar gastos relevantes,
é importante ressaltar que os custos por não conformidade
podem ser muito maiores para uma instituição do Terceiro
Setor, que, dependendo do alcance do dano provocado pela não
conformidade, pode perder recursos públicos, sofrer imposição
de multas pesadas e outras sanções legais e até perda do
prestígio e da confiança de sua atuação perante a sociedade.

50
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Outro benefício relevante que se alcança com a

MÓDULO 1 - GESTÃO
implantação do programa é criar na instituição uma estrutura
capaz de garantir a integridade de suas ações ou, ao menos,
sinalizar rapidamente que algo está sendo feita de maneira
incorreta ou inconforme, permitindo que o problema seja
sanado de forma célere, para que a imagem institucional não
seja colocada em risco. Pois, como sabemos, não basta apenas
ter dirigentes honestos, também é preciso criar sistemas
eficazes para garantir legalidade e transparência, e que isso
possa ser percebido pela sociedade.
Por fim, não se pode deixar de mencionar
que, cumprindo sua função social de maneira ética e
comprometida, a instituição será diretamente beneficiada
ao atrair doadores e financiadores que adotam essa mesma
postura. Organizações que reconhecidamente prezam pela
integridade e transparência sempre irão buscar parceiros com
ideologia semelhante.

Ferramentas de Gestão

As funções básicas da Administração são planejar,


organizar, dirigir; e controlar.
Assim, cabe aos dirigentes de empreendimentos
sociais o planejamento, a organização, a direção, e o controle
das organizações pelas quais são responsáveis.
Para tanto, os gestores se utilizam de ferramentas e
estratégicas de gestão organizacional como alternativas de
maximização de resultados e otimização de recursos, uma vez
que auxiliam nas funções acima descritas.
O sucesso na gestão se dá por conta de pessoas
capacitadas, que saibam se apropriar de ferramentas

51
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

gerenciais da área privada e aplicá-las às entidades do chamado


Terceiro Setor, sem prejuízo de suas características próprias.
Para gerenciar, se deve ter em mente a busca da eficiência,
da eficácia e da efetividade; deve-se planejar, organizar, dirigir,
controlar e tomar decisões estratégicas, táticas ou operacionais.
Essas condições inerentes ao ato de gerenciar, no entanto,
contrastam como que se observa no dia a dia das entidades, que
por suas características peculiares e pela própria formação de
seu corpo dirigente, mais voltado para as atividades finalísticas
da organização, exercem a gestão tendo por base a intuição
e o bom-senso, carecendo de embasamento técnico em
administração.
Existem ferramentas e estudos sobre as funções
administrativas que podem ser empregados de maneira bastante
simples e objetiva no Terceiro Setor:

Matriz SWOT

Essa ferramenta permite o diagnóstico dos pontos fracos


e dos pontos fortes, internos e externos, das organizações e
mesmo de projetos específicos, através de análise, que pode ser
realizada de maneira individual ou no decorrer de um trabalho
em grupo. Dela surgem valiosos subsídios para o planejamento
e o processo decisório.
Em termos práticos, a análise de cenário se divide em:

Ambiente interno - fatores internos da organização, sobre os


quais podem ser adotadas iniciativas para potencializar ou
minimizar seus efeitos.
• Pontos fortes - são denominados de Forças (Strengths);
• Pontos fracos - são denominados de Fraquezas (Weaknesses).

52
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Ambiente externo - o qual extrapola o âmbito da organização

MÓDULO 1 - GESTÃO
e não é influenciado por essa.
• Pontos Fortes são denominados de Oportunidades
(Opportunities)
• Pontos fracos - são denominados de Ameaças (Threats).

Figura 1

Assim, a partir do diagnóstico de pontos fortes, esses devem


ser potencializados, e os fracos reduzidos ou eliminados.

53
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Plano de Ação

Após fazer uma análise de cenários e definir quais os principais


objetivos da organização, é chegado o momento de planejar
como concretizar esses objetivos, identificando:

• O que será feito? – Determinação dos objetivos;


• Quem fará? Definição de quem será o responsável pelo
planejamento, avaliação e realização dos objetivos;
• Quando será feito? - Estabelecimento dos os prazos para
planejamento, avaliação e realização dos objetivos;
• Onde será feito? Determinação do local ou espaço físico
para os diversos objetivos propostos;
• Por que será feito? Formulação dos indicativos da
necessidade, da importância e da justificativa de se executar
cada objetivo;
• Como será feito? Planejamento dos meios para a execução,
avaliação, e realização dos objetivos;
• Quanto custará? – Levantamento dos esforços e os custos
para a realização dos objetivos.

Desta forma, será possível planejar, operacionalizar,


acompanhar e controlar as atividades, já que ficam definidos os
principais pontos.
O Plano de Ação, conhecido como Plano de Trabalho,
deve também ser utilizado, como base para a elaboração de
projetos.

54
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DE ENSINO E PESQUISA

Ciclo PDCA

MÓDULO 1 - GESTÃO
Outra ferramenta de gestão bastante utilizada é o
método PDCA. Ciclo constante de quatro etapas (Planejamento,
Execução, Verificação e Atuação Corretiva) que viabiliza
o gerenciamento da informação, permitindo a criação e o
aprendizado, e difundindo a troca de experiências.

To Plan (Planejar) - Planejamento de uma nova atividade,


de um novo projeto, ou de uma melhoria - Para essa etapa
é necessário fazer uma coleta e análise de dados com o
objetivo de formular um plano de ação, onde serão definidas
as metas com identificação dos meios que serão utilizados
para alcançá-las.

To Do (Fazer) - Execução do que foi planejado - Durante essa


fase é importante que ocorra o devido treinamento da equipe
visando a correta realização do trabalho. Nesse momento,
também se pode também buscar resolver problemas
identificados durante o treinamento e a execução dos
trabalhos.

To Check (Checar, Verificar) - Avaliação desse novo processo


implementado - É o momento de verificar os efeitos do
trabalho executado.

To Act (Agir) - Consolidação do novo processo - É nessa


etapa que se deve atuar em função dos resultados. Caso
tenha sido bem sucedida, pode tornar-se um padrão. Caso
seja identificada alguma necessidade de melhoria, esse é
momento para executá-la.

55
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Figura 2

O planejamento é essência da administração, e as


entidades sem fins lucrativos também necessitam estabelecer
suas metas e os métodos que deverão ser utilizados para alcançá-
las. Atualmente não é possível conceber uma organização, por
menor que seja, que não planeje, que não possua um orçamento
ou um plano de trabalho para as suas atividades. Essa etapa é
ainda mais evidente na execução de convênios e contratos, visto
que uma má gestão de recursos públicos recebidos, enseja na
aplicação de sanções e devolução dos valores recebidos que
foram mal utilizados em virtude da ausência de planejamento.
Por ser um ciclo, O PCDA é composto por procedimentos
interligados. Portanto, a execução vai depender muito da
realização do bom planejamento. As entidades sem fins
lucrativos só poderão executar seu orçamento se as metas,

56
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

etapas e fases estiverem bem definidas, e principalmente,

MÓDULO 1 - GESTÃO
claramente mensuradas e delimitadas quantitativa e
cronologicamente. Ainda, a execução dependerá também da
capacitação e qualificação da equipe, e do total entendimento
sobre o trabalho e tarefas a serem desenvolvidos.
Portanto, a aplicação do PDCA nas organizações
do Terceiro Setor, apesar das dificuldades que possam
ser encontradas, permitirá que essas entidades avancem
consideravelmente em termos de gestão. Com a utilização
deste ciclo passarão a ter uma maior organização, e será
possível controlar melhor suas atividades, acompanhando e
corrigindo possíveis desvios identificados.

Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD

A partir de agosto de 2020 entrou em vigor a Lei nº


13.709/18, a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD, que
dispõe sobre as regras relativas ao tratamento de dados
pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural
ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o
objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade
e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade
da pessoa natural.
Portanto, as organizações do Terceiro Setor que
coletem, armazenem, manuseiem ou tratem dados pessoais
como: nome, CPF, e-mail, endereço, data de nascimento, entre
outros, também devem cumprir o que disciplina a legislação,
no que tange à proteção, à privacidade e à divulgação de
informações.
A LGPD considera tratamento toda operação realizada
com dados pessoais, como as que se referem a: coleta,

57
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,


transmissão, distribuição, processamento, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da
informação, modificação, comunicação, transferência, difusão
ou extração.
Ainda, de acordo com a LGPD, o tratamento de dados
pessoais somente poderá ser realizado nas seguintes hipóteses:

• Mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;


• Para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo
controlador;
• Pela administração pública, para o tratamento e uso
compartilhado de dados necessários à execução de políticas
públicas previstas em leis e regulamentos ou respaldadas
em contratos, convênios ou instrumentos congêneres;
• Para a realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida,
sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais;
• Quando necessário para a execução de contrato ou de
procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual
seja parte o titular, a pedido do titular dos dados;
• Para o exercício regular de direitos em processo judicial,
administrativo ou arbitral;
• Para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular
ou de terceiro;
• Para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou
autoridade sanitária;
• Quando necessário para atender aos interesses legítimos do
controlador ou de terceiro, exceto no caso de prevalecerem
direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a
proteção dos dados pessoais;

58
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• Para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto

MÓDULO 1 - GESTÃO
na legislação pertinente.

É dispensada a exigência do consentimento para


os dados tornados manifestamente públicos pelo titular,
resguardados os direitos do titular e os princípios previstos
na Lei nº 13.709/20. No entanto, a eventual dispensa da
exigência do consentimento não desobriga os agentes de
tratamento das demais obrigações previstas na referida lei,
especialmente da observância dos princípios gerais e da
garantia dos direitos do titular.
Desta forma, o tratamento de dados pessoais cujo
acesso é público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o
interesse público que justificaram sua disponibilização.
Além do cuidado com os dados pessoais citados
acima, a LGPD traz regras específicas para dados de Crianças
e Adolescentes e também para Dados Sensíveis, para os quais
se exige ainda mais cuidado e proteção, uma vez que sua
exposição sem o devido consentimento gera riscos às pessoas
naturais.
São exemplos de dados sensíveis:

• Origem racial ou étnica,


• Convicção religiosa,
• Opinião política,
• Filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político,
• Dado referente à saúde ou à vida sexual,
• Dado genético ou biométrico

59
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A partir de agosto de 2021, o não cumprimento da


LGPD traz como consequências a aplicação de sanções para
organizações, como:

• Advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas


corretivas;
• Multa simples, de até 2% da receita, limitada, no total, a R$
50.000.000,00 por infração;
• Multa diária, observado o limite total acima;
• Publicização da infração após devidamente apurada e
confirmada a sua ocorrência;
• Bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a
sua regularização;
• Eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração.

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DE ENSINO E PESQUISA
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 2
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: secretariauniapae@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
Aspectos tributários ...................................................................................................4
Imunidade ...................................................................................................................5
Tributos alcançados pela imunidade ......................................................................7
Isenção ........................................................................................................................11
Tributos alcançados pela isenção ......................................................................... 13
Obrigações Tributárias e Assessórias das Organizações do Terceiro Setor ..21
Sujeitos da Relação Tributária ...............................................................................25
Retenções na Fonte sobre pagamentos efetuados a instituições sem fins
lucrativos ....................................................................................................................26
Retenções na Fonte sobre pagamentos efetuados por instituições sem fins
lucrativos a Pessoas Jurídicas .................................................................................27
Imposto de Renda – IR ...........................................................................................27
PIS, COFINS E CSLL ..............................................................................................33
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS .......................................38
Contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS ..........42
MÓDULO II
GESTÃO TRIBUTÁRIA E FISCAL

• Imunidade

• Isenções Tributárias

• Retenções de Tributos na Fonte (IR,PIS/COFINS/


CSLL, ISS e INSS)

• Obrigações Fiscais e Assessórias

• Guias de Recolhimento e prazos


GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

1. Gestão Tributária e Fiscal


Aspectos tributários

As entidades sem fins lucrativos tornaram-se agentes


intermediários entre o Estado e a sociedade, e a sua existência
é considerada fundamental para atender determinadas
necessidades sociais, muitas vezes complementando
ou realizando as atividades que, inicialmente, seriam de
responsabilidade da Administração Pública. Por este motivo
existe, presentemente, forte tendência por parte do Poder Público
em incentivar a ampliação do número de entidades de interesse
social, ora facilitando o seu surgimento, ora favorecendo sua
permanência no mercado.
Esse favorecimento pode ocorrer de várias formas,
porém, a principal delas é a concessão de benefícios de ordem
tributária. Tais benefícios são conhecidos como imunidades ou
isenções de tributos, decorrentes de dispositivos legais.
Os casos de imunidade estão previstos no texto da própria
Constituição Federal, que veda a instituição de impostos sobre
o patrimônio, renda ou serviços de determinadas entidades, que
atendam a certas condições consideradas indispensáveis pela
lei para o seu reconhecimento. Já as isenções, decorrem de lei
infraconstitucional e podem atingir quaisquer modalidades de
tributos, seja na esfera federal, estadual, municipal ou do Distrito
Federal.
Faz-se necessário, inicialmente, realizar a distinção mais
detalhada entre a imunidade e a isenção, e também outros
dispositivos, como a não incidência, a anistia e a moratória.

4
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Imunidade

MÓDULO 2 - GESTÃO
A imunidade é uma garantia constitucional, ou seja,
é a proibição garantida constitucionalmente que impede os
poderes tributadores de instituir tributo em relação a certas
pessoas, entes ou em determinadas situações.
Assim, a imunidade é uma vedação imposta aos entes
políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),
prevista na Constituição Federal, de tributar pessoas, atos
e fatos que se encontrem em condições especiais. Em vista
disso, com a imunidade tributária suprime-se a competência,
o poder de tributar. Neste caso, as pessoas, atos e fatos imunes
à tributação estão fora do campo de incidência, ou seja, não
podem ser tributadas, desde que preenchidos determinados
requisitos estabelecidos na Constituição Federal.
Essa proibição de tributar imposta ao Poder Público
é respaldada pelo fato de as atividades desenvolvidas por
determinadas entidades serem consideradas relevantes à
sociedade. Daí o legislador excluiu tais entidades do alcance
da competência conferida à União, aos Estados, Distrito
Federal e Municípios para instituir impostos.
A Constituição Federal, em seu art. 150, VI, “b” proíbe
a instituição de tributos sobre os templos de qualquer culto, e
através da alínea “c” indica as entidades imunes à tributação
de seu patrimônio, renda ou serviços. São elas:

• Os partidos políticos e as fundações por eles instituídas;


• As entidades sindicais dos trabalhadores;
• As instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos.

5
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Vale destacar que tais benefícios compreendem


somente o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com
as finalidades essenciais das entidades nela mencionadas.
Por conseguinte, para que as entidades de educação
e assistência social, sem fins lucrativos, gozem da imunidade
estabelecida na Constituição Federal, elas devem cumprir
todos os requisitos estabelecidos na Lei nº 5.172/66 (Código
Tributário Nacional - CTN), sob pena de suspensão do benefício
a qualquer tempo por parte da autoridade competente.
Desta forma, o reconhecimento da imunidade requer o
atendimento de condições detalhadas pelo CTN (Art. 14):

• Não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de


suas rendas, a qualquer título;
• Aplicar integralmente, no país, os seus recursos na
manutenção dos seus objetivos institucionais; e
• Manter escrituração de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão.

De acordo com a Lei 9.532/97 (Art. 12), considera-


se imune a instituição de educação ou de assistência social
que preste os serviços para os quais houver sido instituída
e os coloque à disposição da população em geral, em caráter
complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos.
Com relação à remuneração de dirigentes é importante
observar que não há impedimento para a remuneração aos
diretores não estatutários que tenham vínculo empregatício (§
4º, I).
A remuneração aos dirigentes estatutários não pode ser
superior, em seu valor bruto, a 70% (setenta por cento) do limite

6
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

estabelecido para a remuneração de servidores do Poder

MÓDULO 2 - GESTÃO
Executivo federal (§ 4º, II).
A remuneração dos dirigentes estatutários deve
obedecer, ainda às seguintes condições:

• Nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge


ou parente até 3o (terceiro) grau, inclusive afim, de
instituidores, sócios, diretores, conselheiros, benfeitores
ou equivalentes da instituição (§ 5º, I);
• O total pago a título de remuneração para dirigentes, pelo
exercício das atribuições estatutárias, deve ser inferior a 5
(cinco) vezes o valor correspondente ao limite individual
estabelecido (§ 5º, II).

É permitida a remuneração da pessoa do dirigente


estatutário ou diretor que, cumulativamente, tenha vínculo
estatutário e empregatício, exceto se houver incompatibilidade
de jornadas de trabalho. (§ 6º).
Apesar de parte do Art. 12 ter sido considerado
inconstitucional por tratar de temas relativos à imunidade
tributária, alterações no seu texto foram promovidas ao final
de 2015, pela lei nº 13.204.

Tributos alcançados pela imunidade

Nota-se que o alcance constitucional da imunidade se


restringe apenas às instituições de educação e de assistência
social que atenderem aos requisitos estabelecidos em lei.
Uma vez que a Constituição Federal veda a instituição
de impostos sobre o patrimônio, a renda, e os serviços dessas
entidades ao atenderem os requisitos estabelecidos pelo CTN,

7
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

e pela Lei nº 9.532/97, as entidades privadas sem fins lucrativos


que se enquadrem nessas condições gozarão do benefício com
referência aos seguintes impostos:

Sobre o Patrimônio:

De competência da União
• ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural que tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse
(inclusive por usufruto) de imóvel por natureza, localizado
fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada
ano.

De competência dos Estados


• IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
que tem como fato gerador a propriedade de automóveis,
ônibus, micro-ônibus, caminhões, cavalo mecânico,
aeronaves, embarcações, motocicletas, triciclos, quadriciclos,
etc.
• ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis ou
Doação de Bens e Direitos é devido por toda pessoa física
ou jurídica que receber bens ou direitos como herança (em
virtude da morte do antigo proprietário), ou como doação.

De competência dos Municípios e DF


• IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano que incide sobre
o imóvel pertencente à zona urbana do município (aquela
compreendida nos limites territoriais do Município, não
definida como área rural para fins de tributação do ITR) e que
esteja situado em local que tenha os melhoramentos básicos
de infraestrutura definidos em Lei. Tem como fato gerador

8
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

a propriedade, o domínio útil ou a posse de propriedade

MÓDULO 2 - GESTÃO
imóvel localizada em zona urbana ou extensão urbana.
• ITBI – Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens
Imóveis que incide sobre operações de transmissão de
bens imóveis entre vivos “Inter Vivos”. Tem como fato
gerador a transmissão, a título oneroso, de propriedade,
domínio útil, direitos reais (com exceção das garantias)
sobre os bens imóveis.

Sobre a Renda:

De competência da União
• IR – Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer
natureza, que no caso das pessoas jurídicas, é o imposto
que incide sobre o lucro obtido, que pode ser apurado
pela modalidade de real, presumido ou arbitrado.

Sobre os Serviços:

De competência dos Estados


• ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços de transporte intermunicipal, interestadual e de
comunicação, no que tange aos serviços de transporte e
comunicação;

De competência dos Municípios e DF


• ISS – Imposto sobre Serviços de qualquer natureza que
tem como fato gerador a prestação de serviços descritos
na lista de serviços da Lei Complementar nº 116 (de 31 de
julho de 2003).

9
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Ressalta-se, mais uma vez, que a imunidade compreende


somente impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e os
serviços relacionados com as atividades essenciais da entidade.
Caso sejam prestados serviços adicionais, apenas como meio de
arrecadar fundos, estes não estarão imunes à tributação, sendo
devidos todos os impostos previstos para o exercício destas
atividades.
Com relação ao imposto de renda sobre os rendimentos
auferidos nas aplicações no mercado financeiro, existem
diversas decisões judiciais reconhecendo a imunidade do IR
sobre aplicação financeira para as instituições de educação,
assistência social e saúde, ou seja, as imunes. Desta forma, a
legislação e a jurisprudência não afastam tal tipo de tributação
para as entidades isentas.
As entidades de assistência social, saúde e educação,
uma vez atendidas às exigências previstas na legislação, também
estarão imunes aos seguintes impostos:

• II – Imposto de Importação;
• IE – Imposto de Exportação;
• IOF – Imposto sobre Operações Financeiras;
• IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados;
• ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
de transporte intermunicipal, interestadual e de comunicação,
no que diz respeito à circulação de mercadorias.

No entanto, esta posição merece ser analisada com


cautela por não ser ainda o entendimento predominante,
havendo necessidade, em algumas situações, de comprovação
da interpretação e julgamento por parte do Supremo Tribunal
Federal.

10
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Isenção

MÓDULO 2 - GESTÃO
É definida como um favor legal que a qualquer
momento pode ser retirado, visto que nela há o fato gerador,
ocorrendo mera dispensa do tributo devido.
A isenção é a desobrigação do pagamento de
determinado tributo, observados os requisitos legais. O tema
é regulado por legislação infraconstitucional do ente político
que tenha a competência para instituir determinado tributo.
A isenção se caracteriza como renúncia ou favor legal do
Estado, por isto, é definida como uma exclusão do crédito
tributário, onde o Poder Público deixa de fazê-lo por razões
específicas, já que existe a obrigação de pagar (fato gerador),
mas a autoridade, por algum motivo, isenta a instituição desse
pagamento.
Na isenção, o Estado pode, ou não, cobrar o tributo
em um determinado período, ou não fazê-lo em outro,
diferentemente da imunidade, que é perene e só pode ser
revogada ou modificada através de processo de emenda à
Constituição.
São diversas as formas e razões para a concessão da
isenção. Pode ser concedida de forma gratuita ou onerosa,
por tempo determinado ou indeterminado, pode abranger
todo o território do ente tributante ou beneficiar apenas
determinadas áreas, e ainda, pode incidir sobre vários
impostos ou apenas sobre um tributo específico. Todos
esses aspectos e condições estarão determinados na lei que
conceder a isenção e dependerá das finalidades que o Poder
Público concedente pretende atingir com a concessão deste
benefício.

11
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Logo, enquanto a isenção tributária decorre de lei


específica do ente político que possui a competência legislativa,
a imunidade tributária decorre da própria Constituição Federal.
Portanto, as entidades sem fins lucrativos que não
se enquadraram nos requisitos necessários para a obtenção
da imunidade sobre impostos e contribuições previstas pela
Constituição Federal, ainda podem ser beneficiadas pelas
isenções concedidas por leis infraconstitucionais.
Atualmente, todas as associações civis e fundações
privadas sem fins lucrativos, independentes de atuarem com
educação ou assistência social, são isentas do recolhimento
do Imposto de Renda, e da CSLL, desde que cumpram alguns
requisitos estabelecidos em lei, como a proibição de remuneração
de dirigentes, aplicação os recursos no país, e manutenção da
escrituração contábil atualizada e revestida das formalidades
legais.
Para tanto, é imprescindível que estas instituições atendam
às exigências estabelecidas no Código Tributário Nacional, e
nas demais leis, para que tenham direito aos benefícios, ou não
venham a perdê-los em virtude de descumprimento das regras
e procedimentos estabelecidos nos dispositivos legais.
No âmbito Federal, a isenção está disciplinada pela Lei
nº 9.532/97 (Art. 15), que concede o benefício às instituições de
caráter:

• Filantrópico,
• Recreativo,
• Cultural e científico,
• As associações civis que prestem serviços para os quais
houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do
grupo de pessoas a quem se destinam, sem fins lucrativos.

12
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DE ENSINO E PESQUISA

Tributos alcançados pela isenção

MÓDULO 2 - GESTÃO
Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL)

A Lei nº 9.532/97 (Art. 15) concede isenção de IR e da


CSLL para as instituições de caráter filantrópico, recreativo,
cultural e científico e às associações civis que prestem
serviços para os quais tenham sido instituídas e coloquem à
disposição do grupo de pessoas a quem se destinam, sem fins
lucrativos.
Para o gozo da isenção, as instituições estão obrigadas
a:

• Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes


pelos serviços prestados, exceto no caso de associações,
fundações ou organizações da sociedade civil, sem fins
lucrativos, cujos dirigentes poderão ser remunerados,
desde que atuem efetivamente na gestão executiva e
desde que cumpridos os requisitos previstos nos arts. 3o
e 16 da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, respeitados
como limites máximos os valores praticados pelo mercado
na região correspondente à sua área de atuação, devendo
seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação superior
da entidade, registrado em ata, com comunicação ao
Ministério Público, no caso das fundações;
• Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e
desenvolvimento dos seus objetivos sociais;
• Manter escrituração completa de suas receitas e despesas
em livros revestidos das formalidades que assegurem a
respectiva exatidão;

13
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado


da data da emissão, os documentos que comprovem a origem
de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim
a realização de quaisquer outros atos ou operações que
venham a modificar sua situação patrimonial;
• Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em
conformidade com o disposto em ato da Secretaria da
Receita Federal;

Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda


os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações
financeiras (§ 2º). Visto que ocorrerá a incidência do imposto de
renda sobre os rendimentos auferidos por qualquer beneficiário,
inclusive pessoa jurídica imune ou isenta, nas aplicações em
fundos de investimento, constituídos sob qualquer forma (Art.
28).
Entretanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal
declarou inconstitucional parte do Art. 28 da Lei nº 9.532/97
que prevê a incidência do Imposto de Renda sobre rendimentos
recebidos “por qualquer beneficiário, inclusive pessoa jurídica
imune ou isenta” nas aplicações em fundos de investimentos.
Essa decisão foi proferida no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI 1758).
Os ministros declararam a suspensão da expressão
“pessoa jurídica imune” contida na Lei alegando que esta
ofenderia o art. 150, VI, “a” da Constituição Federal. No entanto,
o instrumento legal continua sem alterações.

14
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DE ENSINO E PESQUISA

Programa de Integração Social – PIS

MÓDULO 2 - GESTÃO
O PIS foi criado pela Lei n° 7/1970 e constitui uma
contribuição parafiscal instituída com o intuito de promover a
integração do empregado na vida e no desenvolvimento das
empresas, que está fundamentado no art. 239 da Constituição
Federal (CF).
A situação de tributação correspondente ao PIS
encontra-se definida na Medida Provisória nº 2.128-35/01, e
na Lei nº 10.637/02.
Conforme o Art. 13 da MP nº 2.158-35/2001, não
há incidência das Contribuições ao PIS sobre as receitas
relativas às atividades próprias das entidades sem fins
lucrativos. Contudo, as entidades isentas estão sujeitas ao
recolhimento dessa contribuição na sua modalidade sobre a
folha de salários, à alíquota de 1% sobre o valor da folha de
pagamento mensal.
Em 2019 a Receita Federal do Brasil reconheceu que
as entidades beneficentes de assistência social (imunes)
que atenderem os requisitos legais (certificação e requisitos
do Art. 29 da Lei nº 12.101/09, e atendimento do Art. 14 do
Código Tributário Nacional – CTN) são imunes à Contribuição
para o PIS sobre a folha de salários e sobre suas receitas
(serviços e rendimentos de aplicação financeira) (SOLUÇÃO
DE CONSULTA COSIT Nº 243, DE 20 DE AGOSTO DE 2019, DOU
de 17/09/2019).
A Instrução Normativa RFB nº 1.911/19 dispõe que
as instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos (imunes) não são contribuintes da Contribuição
para o PIS/Pasep incidente sobre a receita ou o faturamento.
(Art. 121)

15
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Desta forma, uma entidade isenta que obtenha receitas


oriundas de atividades não discriminadas em seus documentos
constitutivos deverá recolher o PIS também sobre essas receitas
aplicando a alíquota é de 1,65%.
A Lei nº 10.637/02 (Art. 8º) confirma que permanecem
inalteradas as condições relativas à contribuição para o PIS, para
as pessoas jurídicas imunes a impostos.

Contribuição para Financiamento da Seguridade


Social - COFINS

A COFINS corresponde a uma contribuição parafiscal,


instituída pela Lei Complementar no 70/1991, que se destina ao
financiamento da seguridade social brasileira, tendo fundamento
baseado no art. 195 da Constituição Federal.
Quanto à tributação com relação à COFINS, as referências
são a MP nº 2.158-35/01 e a Lei nº 10.833/03.
Conforme a MP nº 2.158 (Art. 14), com relação aos fatos
geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são
isentas da COFINS as receitas relativas às atividades próprias
das entidades imunes e isentas.
Em 2019 a Receita Federal do Brasil reconheceu que
as entidades beneficentes de assistência social (imunes) que
atenderem os requisitos legais (certificação e requisitos do Art.
29 da Lei nº 12.101/09, e atendimento do Art. 14 do Código
Tributário Nacional – CTN) são imunes à Contribuição para o
COFINS sobre suas receitas (serviços e rendimentos de aplicação
financeira). (SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 243, DE 20 DE
AGOSTO DE 2019, DOU de 17/09/2019).
Contudo, uma entidade isenta que obtenha receitas
oriundas de atividades não discriminadas em seus documentos

16
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DE ENSINO E PESQUISA

constitutivos deverá recolher a COFINS sobre essas receitas

MÓDULO 2 - GESTÃO
aplicando a alíquota é de 7,6%.
A Lei nº 10.833/03 (Art. 10) ratifica que permanecem
inalteradas as condições para contribuição para a COFINS,
com relação às pessoas jurídicas imunes a impostos.
Portanto, quanto à tributação das entidades sem fins
lucrativos com relação às contribuições, as Leis nº 10.637/02,
nº 10.833/03, e a MP nº 2.158-35/01 determinam para
entidades isentas a contribuição para o PIS com base na folha
de pagamentos (à alíquota de 1%), e a isenção da COFINS
sobre suas receitas próprias.

COFINS sobre Rendimentos de Aplicação Financeira

As entidades imunes a impostos e/ou as entidades imunes


às Contribuições para a Seguridade Social não terão a receita
decorrente de aplicações financeiras tributadas pela COFINS.
As entidades isentas a impostos e isentas às Contribuições
para a Seguridade Social (as instituições de caráter
filantrópico, recreativo, cultural e científico e as Associações
Civis que prestem os serviços para os quais houverem sido
instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas
a que se destinam, sem fins lucrativos, isentas do Imposto
de Renda nos termos do Art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997),
terão a receita derivada de atividades não próprias tributada
no regime de apuração não cumulativa e deverão tributar as
receitas oriundas de aplicações financeiras à alíquota de 4%.
Uma vez sujeita parte de sua receita à tributação da COFINS
no regime de apuração não cumulativa, a receita financeira da
pessoa jurídica de forma integral será tributada nesse regime.

17
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Contribuição Social Previdenciária - INSS

A Constituição Federal estabelece a isenção de


contribuições para a seguridade social (§ 7º, Art. 195). Essa
previsão abrange a quota patronal do INSS das organizações
sem fins lucrativos, de caráter beneficente de assistência social.
Em 2009, os critérios para a obtenção do benefício
passaram a ser definidos na Lei nº 12.101, que criou a Certificação
de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS.
Segundo a Lei nº 12.101/09 (Art. 29), as entidades
beneficentes certificadas ficam isentas de contribuir ao INSS
(parte patronal), desde que atendam, cumulativamente, aos
seguintes requisitos:

• Aplicar suas rendas, recursos e eventuais superávits


integralmente em território nacional, na manutenção e
desenvolvimento de seus objetivos institucionais;
• Não percebam seus diretores, conselheiros, sócios,
instituidores ou benfeitores remuneração, vantagens
ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer
forma ou título, em razão das competências, funções ou
atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos
constitutivos, exceto no caso de associações assistenciais
ou fundações, sem fins lucrativos, cujos dirigentes poderão
ser remunerados, desde que atuem efetivamente na gestão
executiva, respeitados como limites máximos os valores
praticados pelo mercado na região correspondente à sua
área de atuação, devendo seu valor ser fixado pelo órgão
de deliberação superior da entidade, registrado em ata, com
comunicação ao Ministério Público, no caso das fundações;

18
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• Apresentar certidões negativas ou certidões positivas

MÓDULO 2 - GESTÃO
com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS;
• Manter escrituração contábil que regule ou que registre as
receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade
de forma segregada, em consonância com as normas
emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;
• Não distribuir resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer
forma ou pretexto;
• Conservar em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos,
contados da data da emissão, os documentos que
comprovem origem e aplicação de recursos e os relativos
a atos/operações realizadas que impliquem a modificação
da situação patrimonial;
• Cumprir as obrigações acessórias estabelecidas na
legislação tributária;
• Apresentar demonstrações contábeis e financeiras
devidamente auditadas por auditor independente,
legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de
Contabilidade, quando a receita bruta anual auferida for
superior ao limite fixado pela Lei Complementar nº 123,
de 14 de dezembro de 2006.

Com relação a remuneração aos dirigentes estatutários,


deve-se observar que o valor seja inferior, em seu valor bruto,
a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a
remuneração de servidores do Poder Executivo federal.

19
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A remuneração dos dirigentes estatutários referidos no


inciso II do § 1o deverá obedecer às seguintes condições:

• Nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou


parente até 3o (terceiro) grau, inclusive afim, de instituidores,
sócios, diretores, conselheiros, benfeitores ou equivalentes
da instituição;
• O total pago a título de remuneração para dirigentes, pelo
exercício das atribuições estatutárias, deve ser inferior a 5
(cinco) vezes o valor correspondente ao limite individual
acima estipulado.

É possível a remuneração da pessoa do dirigente


estatutário ou diretor que, cumulativamente, tenha vínculo
estatutário e empregatício, exceto se houver incompatibilidade
de jornadas de trabalho.
Em março de 2017, o Supremo Tribunal Federal – STF
decidiu que a regulação da imunidade não pode ocorrer através
de lei ordinária, mas apenas por lei complementar. Desta forma,
a Lei do CEBAS, nº 12.101/09 não poderia criar requisitos para o
gozo da isenção das contribuições sociais.
Em maio de 2020, em nova decisão STF, ficou reforçada
a competência da lei complementar para disciplinar critérios
relativos à imunidade tributária (mesmo a Constituição Federal
citando a situação como Isenção). No entanto, os Ministros
decidiram que as regras estabelecidas pela Lei Ordinária nº
12.101/09, ou seja, os critérios exigidos para a concessão do
CEBAS, podem ser analisados para a concessão da imunidade.
Tal decisão ainda não foi totalmente pacificada, estando
ainda em discussão sobre a forma de aplicabilidade.

20
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Obrigações Tributárias e Assessórias das

MÓDULO 2 - GESTÃO
Organizações do Terceiro Setor

Declaração de Imposto de Renda retido na Fonte - DIRF


A Instrução Normativa RFB nº 1.915/19, determina que
estarão obrigadas à apresentação da DIRF 2019 as pessoas
jurídicas e físicas que pagaram ou creditaram rendimentos
sobre os quais tenha incidido retenção do Imposto sobre a
Renda Retido na Fonte (IRRF), ainda que em um único mês do
ano-calendário, por si ou como representantes de terceiros.

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF


A Instrução Normativa RFB nº 1.599/15 determina que
as pessoas jurídicas de direito privado em geral, inclusive as
imunes e as isentas, mesmo que não tenham qualquer valor a
declarar, devem apresentar a DCTF.
Por este motivo, todas as entidades sociais sem fins
lucrativos beneficiadas por isenção ou imunidade estão
obrigadas a apresentar a DCTF, para a Receita Federal do Brasil.
A partir de janeiro de 2014, a apresentação da DCTF
passou a ser obrigatória a partir do 1º mês em que a pessoa
jurídica não tiver débitos a declarar, não havendo mais
necessidade de sua apresentação mensal sem movimento.

Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/PASEP,


da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS) e da Contribuição Previdenciária sobre a Receita -
EFD-Contribuições
De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 1.252/12,
as pessoas jurídicas imunes ou isentas de imposto de renda,
cujo valor mensal das suas contribuições a serem informadas

21
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

for inferior a R$ 10 mil, não estão obrigados à apresentação da


EFD Contribuições.
A RFB, através da Solução de Consulta nº 175, de julho
de 2015, esclareceu que para fins de EFD não são consideradas
as contribuições do PIS que as entidades recolhem sobre folha
de pagamentos, e nem os valores de PIS e COFINS retidos na
fonte quando do pagamento a pessoas jurídicas.
Outra questão esclarecida pela RFB diz respeito à apuração
do valor limite para a apresentação da EFD Contribuições, que
passa a ser obrigatória a partir do momento em que a soma das
contribuições dentro do mesmo mês ultrapassa o valor de R$
10.000,00 (dez mil reais).

Escrituração Contábil Digital – ECD


De acordo com as Instruções Normativas RFB nº 1.774/17,
estão obrigadas a apresentar a ECD as pessoas jurídicas
imunes e isentas que auferiram, no ano-calendário, receitas,
doações, incentivos, subvenções, contribuições, auxílios,
convênios e ingressos assemelhados cuja soma seja inferior a
R$ 4.800.000,00 ou ao valor proporcional ao período a que se
refere a escrituração contábil.

Escrituração Contábil Fiscal – ECF


De acordo com as Instruções Normativas RFB nº 1.422/13 apenas
estarão obrigadas à apresentação da ECF aquelas instituições
que apresentação a EFD Contribuições no exercício anterior.

A ECF substituiu a Declaração de Informações Econômico-Fiscais


da Pessoa Jurídica – DIPJ, a partir do ano de 2015.

22
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DE ENSINO E PESQUISA

As novas declarações do SPED

MÓDULO 2 - GESTÃO
Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais,
Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial

O eSocial é um dos componentes do SPED, que


visa a unificação da prestação das informações referentes
à escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e
trabalhistas, padronizando sua transmissão, validação,
armazenamento e distribuição para a Receita Federal,
Ministério do Trabalho, Previdência Social e Caixa Econômica
Federal .
Um dos objetivos do e-Social é a substituição do
procedimento de apresentação de diversas declarações,
formulários, termos e documentos relativos à relação
trabalhista (RAIS, GEFIP, CAGED, DIRF, CAT, Folha de Pagamentos,
Seguro Desemprego, PPP, PPRA, MANDAD, etc...), por um único
sistema onde as informações sejam enviadas através da
internet, mediante utilização de certificação digital, as quais
ficarão disponíveis num mesmo banco de dados, para acesso
por parte dos órgãos de controle e fiscalização.
Mesmo quando a entidade não tenha eventos a informar
(ausência de empregados e de prestadores de serviços) será
necessário apresentar declaração sem movimento no início de
cada exercício, que terá validade até o final do ano, ou até que
haja algum evento que exija o envio de informações através
do e-Social.

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações


Fiscais, a EFD-Reinf
A EFD-Reinf é mais uma declaração integrante do SPED, e
será obrigatória também para as entidades privadas sem fins
lucrativos. Engloba todas as retenções de tributos federais,
desde que não haja relação com o trabalho, uma vez que estas
estarão abrangidas pelo eSocial.
Conforme estipulado pela Instrução Normativa RFB nº 1.701/17,
são obrigadas a apresentação da EFD-Reinf, dentre outras
pessoas jurídicas, aquelas que:

• Contratem serviços realizados mediante cessão de mão de


obra;
• Sejam responsáveis pela retenção da Contribuição para
o PIS/PASEP, da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL);
• Realizem pagamentos sobre os quais haja retenção do
Imposto de Renda (IR).

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais


Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos – DCTFWeb

A DCTFWeb é uma obrigação acessória que integra


o Projeto com a principal finalidade de substituir parte das
funcionalidades da GFIP no que tange à apuração dos débitos
e créditos previdenciários (INSS) e de outras entidades e fundos
(Terceiros).
Conforme a Instrução Normativa RFB nº 1.787/18,
o aplicativo web será alimentado pelos eventos periódicos
(arquivos) enviados pelo eSocial) no que se refere a retenções

24
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

e débitos previdenciários oriundos das relações com pessoas

MÓDULO 2 - GESTÃO
físicas (empregados e prestadores de serviços), e pela EFD-
Reinf, com relação a retenções previdenciárias ocorridas nas
relações com pessoas jurídicas.
Após a apuração das contribuições com base nas
informações transmitidas pela EFD-Reinf e eSocial, a
aplicação ficará habilitada para que o contribuinte possa fazer
a transmissão da declaração e a emissão do DARF numerado
para recolhimento, em substituição à Guia da Previdência
Social – GPS.

Sujeitos da Relação Tributária

Contribuinte: É tanto a pessoa física quanto a jurídica, que


está sujeita perante lei a pagar tributos ao fisco. É o devedor
da obrigação tributária.

Responsável: É a pessoa que a Lei o coloca como sujeito


passivo, sendo obrigado ao recolhimento do tributo, mesmo
que não seja a praticante do fato gerador.

Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica obrigada ao


pagamento do imposto ou penalidade pecuniária, na condição
de contribuinte ou responsável.

Substituto Tributário: É o terceiro que a lei obriga a apurar o


montante devido e cumprir a obrigação de recolhimento do
tributo “em lugar” do contribuinte. Assim, desde a ocorrência
do fato gerador, a sujeição passiva recai sobre uma pessoa
diferente daquela que possui relação pessoal e direta com a
situação descrita em lei como fato gerador do tributo.

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Retenções na Fonte sobre pagamentos efetuados a instituições


sem fins lucrativos

A Instrução Normativa SRF nº 1.234/12 dispõe sobre a retenção


de tributos e contribuições (IR, PIS, COFINS, CSLL) nos pagamentos
efetuados a pessoas jurídicas por órgãos, autarquias e fundações
da administração pública federal.

Essa IN determina que não haverá retenção de tributos quando


a administração pública realizar pagamentos a determinadas
instituições (Art. 4º), das quais se destacam:

• As instituições de educação e de assistência social, sem fins


lucrativos, a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de
dezembro de 1997;
• As instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural,
científico e às associações civis, a que se refere o art. 15 da
Lei nº 9.532, de 1997;
• As fundações de direito privado e as fundações públicas
instituídas ou mantidas pelo Poder Público.

Portanto, este instrumento vem fortalecer as condições


de imunidade e isenção usufruídas pelas OTS.

No entanto, desde 2015, as entidades beneficentes de
assistência social, que atuam nas áreas da saúde, da educação
e da assistência social, devem apresentar, juntamente com a
declaração de que cumpre os requisitos para a imunidade, a
Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social -
CEBAS, expedido pelos Ministérios das respectivas áreas de
atuação da entidade.

26
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Retenções na Fonte sobre pagamentos efetuados por

MÓDULO 2 - GESTÃO
instituições sem fins lucrativos a Pessoas Jurídicas

Imposto de Renda – IR

Definição: Imposto cobrado sobre os rendimentos de qualquer


natureza das pessoas físicas; e sobre as importâncias pagas ou
creditadas a pessoas jurídicas pela prestação de serviços.

Contribuinte: O contribuinte do IR é o prestador dos serviços.


Sendo possível a realização da retenção na fonte pelo tomador
do serviço. O que não altera a condição de contribuinte por
parte do prestador do serviço.

Pessoa Jurídica

De acordo com o Art. 714 do Decreto nº 9.580/18 – RIR, estão


sujeitas à incidência do imposto na fonte, as importâncias
pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a outras pessoas
jurídicas, civis ou mercantis, pela prestação de serviços
caracterizadamente de natureza profissional.

De acordo com o Art. 716 do Decreto nº 9.580/18 – RIR estão


sujeitos à incidência do imposto na fonte os rendimentos
pagos ou creditados por pessoas jurídicas a outras pessoas
jurídicas civis ou mercantis pela prestação de serviços de
limpeza, conservação, segurança, vigilância e por locação de
mão-de-obra.

27
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Fato Gerador

Solução de Divergência COSIT nº 26/2013 - Considera-se


ocorrido o fato gerador do imposto de renda na fonte, no caso
de importâncias creditadas, na data do lançamento contábil
efetuado por pessoa jurídica, nominal ao fornecedor do serviço,
a débito de despesas em contrapartida com o crédito de conta do
passivo, à vista da nota fiscal ou fatura emitida pela contratada e
aceita pela contratante.
A retenção do imposto de renda na fonte, incidente
sobre as importâncias creditadas por pessoa jurídica a outra
pessoa jurídica pela prestação de serviços caracterizadamente
de natureza profissional, se dará na data da contabilização do
valor dos serviços prestados, considerando-se a partir desta
data o prazo para o recolhimento.

Base de Cálculo: A base de cálculo do IR é valor pago ou creditado


pela prestação dos serviços indicados na legislação pertinente
em vigor.

Alíquota: A alíquota do IR, quando do pagamento a PJ, é de 1,5%


para os serviços caracterizadamente de natureza profissional
(Art. 714, Dec. 9.580/18).

Serviços de Natureza Profissional

• Administração de bens ou negócios em geral (exceto


consórcios ou fundos mútuos para aquisição de bens);
• Advocacia;
• Análise clínica laboratorial;
• Análises técnicas;

28
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DE ENSINO E PESQUISA

• Arquitetura;

MÓDULO 2 - GESTÃO
• Assessoria e consultoria técnica (exceto o serviço de
assistência técnica prestado a terceiros e concernente a
ramo de indústria ou comércio explorado pelo prestador
do serviço);
• Assistência social;
• Auditoria;
• Avaliação e perícia;
• Biologia e biomedicina;
• Cálculo em geral;
• Consultoria;
• Contabilidade;
• Desenho técnico;
• Economia;
• Elaboração de projetos;
• Engenharia (exceto construção de estradas, pontes,
prédios e obras assemelhadas);
• Ensino e treinamento;
• Estatística;
• Fisioterapia;
• Fonoaudiologia;
• Geologia;
• Leilão;
• Medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso
sob orientação médica, hospital e pronto-socorro);
• Nutricionismo e dietética;
• Odontologia;
• Organização de feiras de amostras, congressos, seminários,
simpósios e congêneres;
• Pesquisa em geral;

29
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Planejamento;
• Programação;
• Prótese;
• Psicologia e psicanálise;
• Química;
• Radiologia e radioterapia;
• Relações públicas;
• Serviço de despachante;
• Terapêutica ocupacional;
• Tradução ou interpretação comercial;
• Urbanismo;
• Veterinária.

Também se sujeitam ao desconto do imposto de renda, à


alíquota de 1,5% as importâncias pagas ou creditadas por
pessoas jurídicas a título de prestação de serviços a outras
pessoas jurídicas que explorem as atividades de (Art. 29, Lei
10.833/03):

• Prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,


gestão de crédito, seleção e riscos
• Administração de contas a pagar e a receber

A alíquota do IR, quando do pagamento a PJ, é de 1,0%, para os


serviços de (Art. 716, Dec. 9.580/18):

• Limpeza,
• Conservação,
• Segurança,
• Vigilância,
• Por locação de mão-de-obra.

30
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DE ENSINO E PESQUISA

Periodicidade: Mensal

MÓDULO 2 - GESTÃO
Documento de Arrecadação: Os valores retidos deverão ser
recolhidos de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz
da pessoa jurídica, através de Documento de Arrecadação de
Receitas Federais – DARF, através dos códigos de receita:

• 1708 – Remuneração de Serviço Prestado por Pessoa


Jurídica
• 3280 – Remuneração de Serviço Prestado por Associação
de Cooperativa de Trabalho.

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos
fatos geradores.

Obrigações

Deve proceder a retenção do Imposto de Renda (IR) a


pessoa jurídica tomadora dos serviços constantes na lista do
RIR e na Lei nº 10.833/03.
A fonte pagadora dos serviços é obrigada a recolher
o imposto retido no prazo fixado no calendário fiscal, e
dar, anualmente, ao contribuinte, comprovante do valor da
retenção do imposto de renda na fonte, além de enviar à
Receita Federal a Declaração de Imposto de Renda Retido na
Fonte – DIRF.
Conforme Art. 782 do Dec. 9.580/18, a fonte pagadora
fica obrigada ao recolhimento do imposto, ainda que não o
tenha retido.

31
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Dispensa de retenção na fonte do IR


As entidades imunes e isentas não sofrerão descontos de IR na
fonte sobre os rendimentos que auferirem pela prestação de
serviços profissionais.
As empresas optantes pelo Simples Nacional não sofrem
desconto do IR sobre os rendimentos auferidos pela prestação
de serviços.
É dispensada a retenção do imposto quando o valor a
reter for igual ou inferior a R$ 10,00 (dez reais), considerada
cada operação de prestação de serviço isoladamente.

Solução de Consulta COSIT nº 11/2011 - A retenção do Imposto


sobre a Renda na Fonte, para pagamentos feitos por pessoas
jurídicas a outras pessoas jurídicas pela prestação de serviços,
prevista nos Arts. 647, 649 e 651 do RIR/99, fica dispensada
quando, em cada importância paga ou creditada, realizada a
qualquer tempo e tomada isoladamente, o imposto for igual ou
inferior a R$10,00 (dez reais). Não se aplica, a esse imposto não
retido, a adição prevista no § 1º do art. 68 da Lei nº 9.430/1996,
ou seja, não haverá acumulação desse valor para um futuro
recolhimento.

Infrações

• A falta de retenção na fonte, quando obrigatória;


• A retenção sem o devido recolhimento dentro do prazo
estipulado;
• A falta de emissão, pelo contribuinte substituto, do
comprovante de retenção na fonte e da DIRF no prazo
estipulado.

32
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Base Legal/Fonte de Consulta

MÓDULO 2 - GESTÃO
• Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018 –
Regulamento do Imposto de Renda - RIR.
• • Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e suas
atualizações.

PIS, COFINS E CSLL

Definição: Contribuições cobradas para o PIS – Programa de


Integração Social, a COFINS – Contribuição para o FINSOCIAL,
e a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, sobre
as importâncias pagas a pessoas jurídicas pela prestação de
serviços.

Contribuinte: O contribuinte do PIS/COFINS/CSLL é o prestador


dos serviços. Sendo possível a realização da retenção na fonte
pelo tomador do serviço. O que não altera a condição de
contribuinte por parte do prestador do serviço.

Fato Gerador: Considera-se ocorrido o fato gerador do PIS/


COFINS/CSLL o pagamento realizado por PJ a outra PJ pela
prestação de serviços previstos na legislação.

Base de Cálculo: A base de cálculo do PIS/COFINS/CSLL é


valor pago pela prestação dos serviços indicados na legislação
pertinente em vigor.

33
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Alíquota: A alíquota do PIS/COFINS/CSLL é de 4,65% (art. 31, Lei


nº 10.833/03), sendo:

• 0,65% para o PIS;


• 3,0% para a COFINS;
• • 1,0% para a CSLL.

No caso de pessoa jurídica beneficiária de isenção


de uma ou mais das contribuições acima, a retenção dar-se-á
mediante a aplicação da alíquota específica correspondente às
contribuições não alcançadas pela isenção.
De acordo com o Art. 30 da Lei nº 10.833/03, estão
sujeitos à retenção na fonte do PIS/COFINS/CSLL os pagamentos
efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas de
direito privado pela prestação de serviços de:

• limpeza,
• conservação,
• manutenção,
• segurança,
• vigilância,
• transporte de valores e locação de mão-de-obra,
• prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção e riscos,
• administração de contas a pagar e a receber,
• remuneração de serviços profissionais (listados no Art. 714,
Dec. 9.580/18, e relacionados na pág 17 deste módulo).

34
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Essa determinação aplica-se inclusive aos pagamentos

MÓDULO 2 - GESTÃO
efetuados por (Art. 30, § 1º):
• Associações, inclusive entidades sindicais, federações,
confederações, centrais sindicais e serviços sociais
autônomos;
• Sociedades simples, inclusive sociedades cooperativas;
• Fundações de direito privado;
• Condomínios edilícios

As retenções serão efetuadas sem prejuízo da retenção


do IR na fonte das pessoas jurídicas sujeitas a alíquotas
específicas previstas na legislação do imposto de renda (§ 3º).

Periodicidade: Mensal (Alteração dada pela Lei nº 13.137, de


22/06/15)
Documento de Arrecadação: Os valores retidos deverão ser
recolhidos de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz
da pessoa jurídica, através de Documento de Arrecadação de
Receitas Federais – DARF, através dos códigos de receita:

• 5952 – Retenções de Contribuições sobre Pagamento de


PJ a PJ Dir. Privado – CSLL/COFINS/PIS
• 5979 – PIS – Retenção Pagamento de PJ a PJ Dir. Privado
• 5960 – COFINS – Retenção Pagamento de PJ a PJ Dir.
Privado
• 5987 – CSLL – Retenção Pagamento de PJ a PJ Dir. Privado

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos
geradores. (Alteração dada pela Lei nº 13.137, de 22/06/15)

35
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Obrigações

Deve proceder a retenção do PIS/COFINS/CSLL a pessoa


jurídica tomadora dos serviços constantes na Lei nº 10.833/03.
A fonte pagadora dos serviços é obrigada a recolher
o imposto retido no prazo fixado no calendário fiscal, e dar,
anualmente, ao contribuinte, comprovante do valor da retenção
do imposto de renda na fonte, além de enviar à Receita Federal
a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF.

Dispensa de retenção na fonte do PIS/COFINS/CSLL: Estão


dispensadas da retenção do PIS/COFINS/CSLL:

• As empresas estrangeiras de transportes e valores.


• As Cooperativas estão dispensadas da retenção,
relativamente à CSLL.
• É dispensada a retenção do imposto quando o valor a reter
for igual ou inferior a R$ 10,00 (dez reais). (Alteração dada
pela Lei nº 13.137, de 22/06/15).
• As entidades imunes e isentas não sofrerão descontos de PIS/
COFINS/CSLL na fonte sobre os rendimentos que auferirem
pela prestação de serviços profissionais.
• As empresas optantes pelo Simples Nacional não sofrem
desconto do PIS/COFINS/CSLL sobre os rendimentos
auferidos pela prestação de serviços.

Observações

As pessoas jurídicas beneficiárias de isenção ou


de alíquota zero devem informar esta condição na nota ou
documento fiscal, inclusive o enquadramento legal, sob pena de,

36
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DE ENSINO E PESQUISA

se não o fizerem, sujeitarem-se à retenção das contribuições

MÓDULO 2 - GESTÃO
sobre o valor total da nota ou documento fiscal, no percentual
total de 4,65%.
A pessoa jurídica optante pelo Simples deverá
apresentar à pessoa jurídica tomadora dos serviços declaração,
Anexo I da IN 459/04, em duas vias, assinadas pelo seu
representante legal.

Infrações

• A falta de retenção na fonte, quando obrigatória;


• A retenção sem o devido recolhimento dentro do prazo
estipulado;
• A falta de emissão, pelo contribuinte substituto, do
comprovante de retenção na fonte e da DIRF no prazo
estipulado.

Base Legal/Fonte de Consulta

• Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e suas


atualizações;
• • Instrução Normativa SRF nº 459 de 29 de outubro de
2004.

37
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS

Definição: Imposto cobrado sobre a remuneração decorrente


da prestação de serviço de qualquer natureza, listadas na
Lei Complementar nº 116 de 2003. Este tributo é cobrado e
administrado pelos municípios e pelo Distrito Federal e tem
como contribuinte o prestador de serviços.

Contribuinte: O contribuinte do ISS é o prestador dos serviços


constantes na lista anexa à Lei nº 116/2003.

Fato Gerador: O ISS tem como fato gerador a prestação de


serviços, constantes da lista anexa da Lei Complementar nº
116/03, ainda que esses não se constituam como atividade
preponderante do prestador.

• Independe das características e da preponderância da


atividade do prestador;
• Ocorre nos serviços prestados mediante a utilização de
bens e serviços públicos explorados economicamente por
entidades privadas;
• A incidência não depende da denominação dada ao serviço;
• Ocorre também sobre o serviço proveniente do exterior do
país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior.

Local da prestação de serviços: O serviço considera-se prestado


e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou,
na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador.
Considera-se estabelecimento prestador o local onde o
contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo
permanente ou temporário, e que configure unidade econômica

38
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as

MÓDULO 2 - GESTÃO
denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento,
sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer
outras que venham a ser utilizadas. (Art. 4º - LCP 116/03).

De acordo com o Art. 3º da LC 116/03, o imposto será devido


no local da execução do serviço, nos seguintes casos:

• do estabelecimento do tomador ou intermediário do


serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver
domiciliado, na hipótese do serviço proveniente do
exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no
exterior do País;
• da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras
estruturas, no caso dos serviços de cessão de andaimes,
palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário.;
• da execução da obra, no caso dos serviços de execução,
por administração, empreitada ou subempreitada, de
obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras
obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de
poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem,
pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de
produtos, peças e equipamentos; da demolição, no caso
dos serviços de demolição;
• das edificações em geral, estradas, pontes, portos
e congêneres, no caso dos serviços de reparação,
conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes,
portos e congêneres;
• do serviço da varrição, coleta, remoção, incineração,
tratamento, reciclagem, separação e destinação final de
lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer;

39
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• do serviço da execução da limpeza, manutenção e


conservação de vias e logradouros públicos, imóveis,
chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres;
• do serviço da execução da decoração e jardinagem, do corte
e poda de árvores;
• do serviço de controle e tratamento do efluente de qualquer
natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos;
• do serviço de florestamento, reflorestamento, semeadura,
adubação e congêneres;
• da execução dos serviços de escoramento, contenção de
encostas e congêneres;
• da limpeza e dragagem, no caso dos serviços de limpeza
e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas,
represas, açudes e congêneres;
• onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos
serviços de guarda e estacionamento de veículos terrestres
automotores, de aeronaves e de embarcações;
• dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou
monitorados, no caso dos serviços de Vigilância, segurança
ou monitoramento de bens e pessoas;
• do serviço de armazenamento, depósito, carga, descarga,
arrumação e guarda do bem, de qualquer espécie;
• da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento
e congêneres, exceto quando se tratar de produção, mediante
ou sem encomenda prévia, de eventos, espetáculos,
entrevistas, shows, ballet, danças, desfiles, bailes, teatros,
óperas, concertos, recitais, festivais e congêneres;
• do Município onde está sendo executado o transporte, no
caso dos serviços e transporte de natureza municipal;

40
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na

MÓDULO 2 - GESTÃO
falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado,
no caso dos serviços de fornecimento de mão-de-obra,
mesmo em caráter temporário, inclusive de empregados
ou trabalhadores, avulsos ou temporários, contratados
pelo prestador de serviço;
• da feira, exposição, congresso ou congênere a que se
referir o planejamento, organização e administração dos
referidos eventos;
• do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário,
ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços relativos
a tais atividades.

Base de Cálculo: A base de cálculo do imposto é o preço do


serviço. Considera-se preço do serviço a receita, recebida ou
não, pela prestação do serviço.

Alíquota: A alíquota máxima do Imposto Sobre Serviços fica


fixada em 5% (art. 8º da LC nº 116/03), e a alíquota mínima
em 2% (Constituição Federal).

Periodicidade: Definida por cada Município. Geralmente:


Mensal

Observações

Contratos de aluguel de bens móveis ou imóveis não podem


ser entendidos como prestação de serviço, não cabendo,
portanto, a incidência do ISS.

41
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Base Legal/Fonte de Consulta

• Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, do


Governo Federal;
• Lei nº 7.186/06 – Código Tributário e Rendas do Município
do Salvador e suas atualizações.
• Códigos Tributários e Rendas dos Municípios.

Contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade Social –


INSS

Definição: Contribuições cobradas para o Instituto Nacional


de Seguridade Social – INSS sobre as importâncias pagas a
empregados contratados, e pessoas físicas ou jurídicas pela
prestação de serviços.

Contribuinte: O contribuinte do INSS é o empregado ou o


prestador dos serviços. Sendo possível a realização da retenção
na fonte pelo tomador do serviço. O que não altera a condição
de contribuinte por parte do empregado ou do prestador do
serviço.

Pessoa Jurídica

De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 971/09 que


dispõe sobre normas gerais de tributação previdenciária e de
arrecadação das contribuições sociais destinadas à Previdência
Social, a empresa contratante de serviços prestados mediante
cessão de mão de obra ou empreitada, inclusive em regime de
trabalho temporário, deverá reter do valor bruto da nota fiscal,
da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher à

42
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Previdência Social a importância retida, em documento de

MÓDULO 2 - GESTÃO
arrecadação identificado com a denominação social e o CNPJ
da empresa contratada (Art. 112).

Fato Gerador: A base de cálculo do INSS é o valor bruto da


nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços.

Alíquota: A alíquota do INSS, quando do pagamento a PJ, é


11%, sobre os serviços listados nos artigos 117 e 118 da
referida IN RFB 971/09.

Serviços sujeitos à retenção, se contratados mediante cessão


de mão-de-obra ou empreitada:

• Limpeza, conservação ou zeladoria, que se constituam em


varrição, lavagem, enceramento ou em outros serviços
destinados a manter a higiene, o asseio ou a conservação
de praias, jardins, rodovias, monumentos, edificações,
instalações, dependências, logradouros, vias públicas,
pátios ou de áreas de uso comum;
• Vigilância ou segurança, que tenham por finalidade a
garantia da integridade física de pessoas ou a preservação
de bens patrimoniais;
• Construção civil, que envolvam a construção, a demolição,
a reforma ou o acréscimo de edificações ou de qualquer
benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo ou obras
complementares que se integrem a esse conjunto, tais
como a reparação de jardins ou de passeios, a colocação de
grades ou de instrumentos de recreação, de urbanização
ou de sinalização de rodovias ou de vias públicas;

43
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Natureza rural, que se constituam em desmatamento,


lenhamento, aração ou gradeamento, capina, colocação ou
reparação de cercas, irrigação, adubação, controle de pragas
ou de ervas daninhas, plantio, colheita, lavagem, limpeza,
manejo de animais, tosquia, inseminação, castração,
marcação, ordenhamento e embalagem ou extração de
produtos de origem animal ou vegetal;
• Digitação, que compreendam a inserção de dados em meio
informatizado por operação de teclados ou de similares;
• Preparação de dados para processamento, executados
com vistas a viabilizar ou a facilitar o processamento de
informações, tais como o escaneamento manual ou a leitura
ótica.

Os serviços de vigilância ou segurança prestados por


meio de monitoramento eletrônico não estão sujeitos à retenção.
Estarão sujeitos à retenção, se contratados mediante
cessão de mão-de-obra, os serviços de:

• Acabamento, que envolvam a conclusão, o preparo final ou


a incorporação das últimas partes ou dos componentes de
produtos, para o fim de colocá-los em condição de uso;
• Embalagem, relacionados com o preparo de produtos ou
de mercadorias visando à preservação ou à conservação de
suas características para transporte ou guarda;
• Acondicionamento, compreendendo os serviços envolvidos
no processo de colocação ordenada dos produtos quando
do seu armazenamento ou transporte, a exemplo de sua
colocação em paletes, empilhamento, amarração, dentre
outros;

44
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• Cobrança, que objetivem o recebimento de quaisquer

MÓDULO 2 - GESTÃO
valores devidos à empresa contratante, ainda que
executados periodicamente;
• Coleta ou reciclagem de lixo ou de resíduos, que envolvam
a busca, o transporte, a separação, o tratamento ou a
transformação de materiais inservíveis ou resultantes de
processos produtivos, exceto quando realizados com a
utilização de equipamentos tipo contêineres ou caçambas
estacionárias;
• Copa, que envolvam a preparação, o manuseio e a
distribuição de todo ou de qualquer produto alimentício;
• Hotelaria, que concorram para o atendimento ao hóspede
em hotel, pousada, paciente em hospital, clínica ou em
outros estabelecimentos do gênero;
• Corte ou ligação de serviços públicos, que tenham como
objetivo a interrupção ou a conexão do fornecimento
de água, de esgoto, de energia elétrica, de gás ou de
telecomunicações;
• Distribuição, que se constituam em entrega, em locais
predeterminados, ainda que em via pública, de bebidas,
de alimentos, de discos, de panfletos, de periódicos,
de jornais, de revistas ou de amostras, dentre outros
produtos, mesmo que distribuídos no mesmo período a
vários contratantes;
• Treinamento e ensino, assim considerados como o conjunto
de serviços envolvidos na transmissão de conhecimentos
para a instrução ou para a capacitação de pessoas;
• Entrega de contas e de documentos, que tenham como
finalidade fazer chegar ao destinatário documentos
diversos tais como, conta de água, conta de energia
elétrica, conta de telefone, boleto de cobrança, cartão de
crédito, mala direta ou similares;

45
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Ligação de medidores, que tenham por objeto a instalação de


equipamentos destinados a aferir o consumo ou a utilização
de determinado produto ou serviço;
• Leitura de medidores, aqueles executados, periodicamente,
para a coleta das informações aferidas por esses
equipamentos, tais como a velocidade (radar), o consumo de
água, de gás ou de energia elétrica;
• Manutenção de instalações, de máquinas ou de equipamentos,
quando indispensáveis ao seu funcionamento regular e
permanente e desde que mantida equipe à disposição da
contratante;
• Montagem, que envolvam a reunião sistemática, conforme
disposição predeterminada em processo industrial ou
artesanal, das peças de um dispositivo, de um mecanismo ou
de qualquer objeto, de modo que possa funcionar ou atingir
o fim a que se destina;
• Operação de máquinas, de equipamentos e de veículos
relacionados com a sua movimentação ou funcionamento,
envolvendo serviços do tipo manobra de veículo, operação
de guindaste, painel eletroeletrônico, trator, colheitadeira,
moenda, empilhadeira ou caminhão fora-de-estrada;
• Operação de pedágio ou de terminal de transporte, que
envolvam a manutenção, a conservação, a limpeza ou o
aparelhamento de terminal de passageiros terrestre, aéreo
ou aquático, de rodovia, de via pública, e que envolvam
serviços prestados diretamente aos usuários;
• Operação de transporte de passageiros, inclusive nos
casos de concessão ou de subconcessão, envolvendo o
deslocamento de pessoas por meio terrestre, aquático ou
aéreo;

46
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• Portaria, recepção ou ascensorista, realizados com vistas

MÓDULO 2 - GESTÃO
ao ordenamento ou ao controle do trânsito de pessoas em
locais de acesso público ou à distribuição de encomendas
ou de documentos;
• Recepção, triagem ou movimentação, relacionados ao
recebimento, à contagem, à conferência, à seleção ou ao
remanejamento de materiais;
• Promoção de vendas ou de eventos, que tenham por
finalidade colocar em evidência as qualidades de produtos
ou a realização de shows, de feiras, de convenções, de
rodeios, de festas ou de jogos;
• Secretaria e expediente, quando relacionados com o
desempenho de rotinas administrativas;
• Saúde, quando prestados por empresas da área da saúde
e direcionados ao atendimento de pacientes, tendo em
vista avaliar, recuperar, manter ou melhorar o estado físico,
mental ou emocional desses pacientes;
• Telefonia ou de telemarketing, que envolvam a
operação de centrais ou de aparelhos telefônicos ou de
teleatendimento.

A contratante fica dispensada de efetuar a retenção, quando


(Art. 120):

• O valor correspondente a 11% dos serviços contidos em


cada nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços
for inferior ao limite mínimo estabelecido pela RFB para
recolhimento em documento de arrecadação; (R$ 10,00),
de acordo com o Art. 398.
• A contratada não possuir empregados, o serviço for prestado
pessoalmente pelo titular ou sócio e o seu faturamento

47
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

do mês anterior for igual ou inferior a duas vezes o limite


máximo do salário-de-contribuição, cumulativamente;
• A contratação envolver somente serviços profissionais
relativos ao exercício de profissão regulamentada por
legislação federal, ou serviços de treinamento e ensino,
desde que prestados pessoalmente pelos sócios, sem o
concurso de empregados ou outros contribuintes individuais.

As ME e EPP optantes pelo Simples Nacional que prestarem


serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada não
estão sujeitas à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da
fatura ou do recibo de prestação de serviços emitidos, excetuada
(Art. 191):
• A ME ou a EPP tributada na forma do Anexo IV da Lei
Complementar nº 123/06 (construção de imóveis e obras de
engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada,
execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como
decoração de interiores; e serviço de vigilância, limpeza ou
conservação)

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Através de Guia da Previdência


Social – GPS, em nome e CNPJ da empresa contratada, através
dos códigos de receita:

• 2631 - Contribuição Retida sobre a NF/Fatura da Empresa


Prestadora de Serviço – CNPJ

48
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do 2º decêndio

MÓDULO 2 - GESTÃO
do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores.

Infrações

• A falta de retenção na fonte, quando obrigatória.


• A retenção sem o devido recolhimento no prazo estipulado;
• A falta de apresentação, pelo contribuinte substituto, do
comprovante de retenção, quando solicitado.

Base Legal/Fonte de Consulta

• Instrução Normativa nº 971, de 13 de novembro de 2009,


da Receita Federal do Brasil - RFB.

Observações

Não haverá retenção quando a contratada não possuir


empregados, o serviço for prestado pessoalmente pelo titular
ou sócio, sendo obrigatória a apresentação de declaração de
que não possui empregados.
A empresa contratante de serviços executados por
intermédio do MEI para prestar serviços de hidráulica,
eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção
ou reparo de veículos mantém, em relação a esta contratação,
a obrigatoriedade de recolhimento da quota patronal do
INSS, e o cumprimento das obrigações acessórias relativas à
contratação de contribuinte individual
Na falta de discriminação de valores na nota fiscal, na
fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo
da retenção será o seu valor bruto, ainda que exista previsão

49
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

contratual para o fornecimento de material ou utilização de


equipamento, com ou sem discriminação de valores em contrato.
Quando da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo
de prestação de serviços, a contratada deverá destacar o valor
da retenção com o título de “RETENÇÃO PARA A PREVIDÊNCIA
SOCIAL”. (Art. 126 da IN RFB nº 971/09).
O valor retido deverá ser recolhido pela empresa
contratante informando, no campo identificador do documento
de arrecadação, o CNPJ do estabelecimento da empresa
contratada e, no campo nome ou denominação social, a
denominação social desta, seguida da denominação social da
empresa contratante.
Desta forma, no caso das entidades sem fins lucrativos, a
imunidade e a isenção tributárias têm como base legal, para os
principais tributos e contribuições:

• Constituição Federal (Art. 150, VI, c), CTN (Art. 14) –


imunidade ao IR, ISS, IPTU, IPVA ITR, ITCMD, ITBI.
• Lei nº 9.532/97 (Art. 15) – isenção de IR, exceto rendimentos
sobre aplicações financeiras, e CSLL.
• MP 2.158-35/01 (Art. 13 e 14) – Isentas: PIS a alíquota de
1% sobre a folha de salários, e isenção da COFINS sobre as
receitas próprias.
• CF (§ 7º, Art. 195) e Lei nº 12.101/09 (Art. 29) – isenção/
imunidade das Contribuições Sociais (inclusive a quota
patronal do INSS) - entidades beneficentes de assistência
social.

Na condição de tomadora de serviços, as entidades, tem


a obrigação de efetuar retenção na fonte de impostos e
contribuições sobre serviços contratados. Algumas dessas

50
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retenções são determinadas pela característica do serviço

MÓDULO 2 - GESTÃO
(IR e INSS), outras pela situação de instituição beneficiária
de imunidade ou isenção (ISS), e outras pela condição de
associação ou fundação de direito privado (PIS, COFINS e
CSLL), com as seguintes alíquotas:

• IR – 1,5% sobre o crédito ou pagamento dos serviços


relacionados no Art. 714 do RIR e Art. 29 da Lei 10.833/03,
e 1% sobre os serviços relacionados no Art. 716 do RIR.
Desde que o valor da retenção seja superior a R$ 10,00
(dez reais).
• PIS, COFINS e CSLL – 0,65% para o PIS, 3% para a COFINS
e 1% para a CSLL (totalizando 4,65%) sobre o pagamento
dos serviços relacionados no Art. 647 do RIR e Art. 30
da Lei 10.833/03. Sendo dispensada a retenção para
pagamentos cuja retenção seja inferior a 10,00 (dez reais).
• ISS – Alíquota municipal (2% a 5%) sobre o pagamento
dos serviços constantes na lista anexa à Lei nº 116/03 e
ao Código Tributário e Rendas de Salvador, observados os
casos de alíquotas especiais.
• INSS - 11% sobre o pagamento dos serviços prestados,
mediante cessão de mão de obra ou empreitada,
constantes nos Art. 117 e 118 da IN SRF nº 971/09. Se o
valor da retenção por documento fiscal emitido for igual
ou superior a R$ 10,00 (dez reais).

Por fim, chega-se à conclusão que as entidades sem fins


lucrativos por um lado, goza dos direitos relativos a imunidades
e isenções de impostos e contribuições, e, por outro, tem a
obrigação de realizar retenções e recolhimentos, muitas vezes
desses mesmos impostos e contribuições, ao exercer o papel
de substituto tributário.

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MÓDULO 3
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: secretariauniapae@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
Relações Trabalhistas ............................................................................................. ...4
Relações de Trabalho X Relações de Emprego.... .............................................. ..4
Trabalho Remunerado ............................................................................................ .5
Pessoalidade ....................................................................................................... ........6
Habitualidade, Continuidade ou Não Eventualidade .........................................6
Subordinação ....................................................................................................... ......6
Remuneração ou Onerosidade ............................................................................ ...7
Tributação sobre a remuneração paga aos empregados .....................................8
Tipos de Contrato de Trabalho Contrato de Experiência ...............................10
Contrato por Prazo Indeterminado .....................................................................11
Contrato por Prazo Determinado ........................................................................12
Contrato Intermitente ......................................................................................... ...13
Contrato de Aprendiz ......................................................................................... ...14
Bolsa Estágio ........................................................................................................ ....15
Pessoas Com Deficiência ..................................................................................... ..16
Autônomos ............................................................................................................ ...16
Serviço Voluntário ................................................................................................. .18
Remuneração de Dirigentes .................................................................................. 20
Obrigações Trabalhistas, Fiscais e Sociais ...........................................................23
MÓDULO III
GESTÃO TRABALHISTA

• Relação de Trabalho x Relação de Emprego

• Empregados x Prestadores de Serviço

• Serviços Voluntários

• Remuneração de Dirigentes

• Obrigações Trabalhistas, Sociais e Fiscais

• Obrigações Acessórias

• Folhas de Pagamento

• Guias de Recolhimento e prazos


GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

1. Gestão Trabalhista
Relações Trabalhistas

As relações de trabalho não sofrem mudanças


significativas com referência ao Terceiro Setor. No entanto, os
problemas decorrentes de questões trabalhistas estão entre as
maiores causas de redução do Patrimônio das entidades, em
virtude de pagamento de multas e de processos trabalhistas,
oriundos de inobservância da legislação que rege tais relações.
Por este motivo, as OTS necessitam direcionar um
maior cuidado na gestão do pessoal envolvido nas atividades,
sejam eles contratados por prazo indeterminado, determinado,
aprendizes, voluntários, estagiários, prestadores de serviços, ou
portadores de necessidades especiais.
Além dos pagamentos de salários ou remunerações,
existe também a necessidade de recolhimento de encargos ficais
e sociais, bem como do cumprimento de obrigações acessórias,
como a apresentação de declarações exigidas pelos órgãos
fiscais e do trabalho.

Relações de Trabalho X Relações de Emprego

A Relação de Trabalho é uma expressão genérica, que


abrange todas as relações jurídicas caracterizadas por terem
sua prestação em uma obrigação de fazer, consubstanciada
em trabalho humano. A expressão engloba tanto a relação de
emprego, quanto a relação autônoma de trabalho, a cessão de
mão de obra através de pessoa jurídica, o serviço voluntário,
dentre outras.

4
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DE ENSINO E PESQUISA

Já, a Relação de Emprego se caracteriza pela por ser

MÓDULO 3 - GESTÃO
uma relação jurídica estudada e regulada pelo direito do
trabalho, e protegida pelas regras da Consolidação das leis
Trabalhistas (CLT) quando presentes requisitos específicos.
De acordo com essas definições, conclui-se que todo
empregado é trabalhador. No entanto, nem todo trabalhador
será um empregado.

Trabalho Remunerado

O trabalho remunerado é regido pela Consolidação das


Leis do Trabalho – CLT, que dispõe sobre as regras de proteção
ao trabalhador com vínculo empregatício, determinando as
obrigações do empregador e os direitos do empregado.
As contratações de empregados pelas OTS também
devem obedecer às regras da CLT e das Convenções de
Trabalho, uma vez que não há qualquer alteração nas
obrigações do empregador por ser ele entidade do Terceiro
Setor. De acordo com a CLT (Art. 3º) empregado é toda
pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

A relação de emprego é caracterizada por quatro elementos:

• Pessoalidade (ou seja, é essencial que a própria pessoa


preste o serviço);
• Habitualidade, Continuidade ou Não Eventualidade (o
serviço deve ser habitual e contínuo, relacionando-se com
as necessidades normais do empregador).
• Remuneração ou Onerosidade (salário).
• Subordinação hierárquica.

5
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pessoalidade

A prestação deve ser executada pessoalmente pela


pessoa física contratada, e não por substitutos ou terceirizados.
A relação entre a empresa e o empregado é pessoal, ou seja,
o trabalhador é contratado levando em consideração as suas
competências e qualidades.
Por este motivo na relação de emprego somente poderá
ser empregado uma pessoa física, não existindo a situação onde
uma pessoa jurídica é empregada de outra pessoa jurídica.

Habitualidade, Continuidade ou Não Eventualidade

A prestação do serviço não precisa ser realizada


diariamente, contudo, deve existir certa continuidade e
regularidade que vincule o trabalhador ao contratante. Desse
modo, o trabalho realizado em dias fixos pode configurar a
relação de emprego, mesmo que em dias alternados, quando
caracterizadas também a subordinação e a pessoalidade.
Segundo posicionamento do Tribunal Superior do
Trabalho (TST), habitual é o serviço prestado pelo menos três
vezes por semana.

Subordinação

O empregador (tomador dos serviços) é quem determina


o que deve ser executado, e não o trabalhador. O empregado
segue as ordens e cumpre regras da empresa, tanto nos aspectos
externos (local de trabalho, horários, vestuário) quanto na
própria execução do serviço (objeto, metas, resultados, etc.).

6
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DE ENSINO E PESQUISA

A subordinação jurídica decorre do poder de direção,

MÓDULO 3 - GESTÃO
ficando o trabalhador submetido à vontade do empregador,
que decide quando contratar e quando demitir.

Remuneração ou Onerosidade

O serviço não deve ser realizado de forma gratuita,


mas sim remunerada. A remuneração, ou o salário, não precisa
ser necessariamente em dinheiro, podendo ocorrer através de
outros benefícios, tais como moradia, alimentação, gorjetas.
Desta forma, quando os serviços são prestados
espontânea e gratuitamente, como acontece com os
voluntários, não há relação de emprego.
Para haver a configuração da relação de emprego é
necessária a presença concomitante de todos estes elementos.
A inexistência de um deles, portanto, não configura a relação
de emprego.
Por outro lado, a presença de todos eles,
independentemente de haver contrato escrito que
descaracterize a relação de emprego, configura a relação
trabalhista e, portanto, a aplicação das normas de Direito do
Trabalho.
Dentre tais elementos, a subordinação é considerada
essencial para caracterizar o contrato de trabalho. Entende-
se por subordinação o fato de o empregado trabalhar sob as
ordens e controle do empregador, que utiliza a sua mão de
obra da melhor forma que entenda.
Ressaltamos que uma OTS pode ter empregados,
trabalhadores autônomos, trabalhadores temporários e
voluntários simultaneamente. Entretanto, uma mesma pessoa
não pode trabalhar na entidade, ao mesmo tempo, como

7
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

empregado e voluntário, pois estaria caracterizada a existência


de “horas extras não pagas”.

Tributação sobre a remuneração paga aos empregados

Sobre a remuneração dos empregados incide a retenção


do Imposto de Renda (a depender do valor), e do INSS, bem
como a obrigatoriedade de recolhimento do FGTS e da quota
patronal do INSS, lembrando que as entidades beneficentes de
assistência social estão imunes à contribuição da contribuição
previdenciária patronal.

IRRF

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Os valores retidos deverão ser


recolhidos de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz
da pessoa jurídica, através de DARF, através do código de
receita 0561 – Remunerações do Trabalho Assalariado (inclusive
estagiários e dirigentes quando contratados ou remunerados
através de pró-labore).

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos
geradores.

8
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DE ENSINO E PESQUISA

INSS

MÓDULO 3 - GESTÃO
Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Através da Guia da Previdência


Social – GPS, através dos seguintes códigos: mecânico,
aeronaves, embarcações, motocicletas, triciclos, quadriciclos,
etc.
• 2100 – Empesas em Geral CNPJ (contribuições devidas
sobre as remunerações de todos os segurados a serviço
da entidade, sejam contribuintes individuais (autônomos
ou dirigentes com pró-labore) ou empregados);
• 2305 - Entidades Filantrópicas com Isenção Total ou
Parcial CNPJ (apenas as retenções previdenciárias).

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos
fatos geradores.

FGTS

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Através da Guia de Recolhimento


do FGTS – GRF

Prazo para Recolhimento: Até o dia 07 do mês subsequente,


antecipando-se para o dia útil anterior, se for o caso.

9
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

PIS

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Deve ser recolhido pelas entidades


isentas, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da
pessoa jurídica, através de DARF, através do código de receita
8301 – PIS sobre Folha de Pagamentos.

Prazo para Recolhimento: Até o dia 25 do mês subsequente,


antecipando-se para o dia útil anterior, quando for o caso.

Tipos de Contrato de Trabalho Contrato de Experiência

Geralmente, o início do vínculo de um emprego é


firmado através de um contrato de experiência (até 90 dias). Na
data do término, o empregador poderá optar por não renovar o
contrato, pagando as verbas rescisórias no dia útil seguinte, em
seu próprio estabelecimento, sem precisar da homologação da
Delegacia Regional do Trabalho – DRT ou do sindicato.
No entanto, caso a opção seja pela manutenção do
empregado, este será contratado automaticamente por período
indeterminado.
O contrato de experiência pode ser prorrogado, desde
que a prorrogação não exceda os 90 dias.

10
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DE ENSINO E PESQUISA

Contrato por Prazo Indeterminado

MÓDULO 3 - GESTÃO
É o tipo padrão de contrato de trabalho, onde a
legislação prevê, em caso de dispensa imotivada (sem justa
causa), decorrente apenas de simples vontade do empregador,
que este será obrigado a:

• Conceder aviso prévio de 30 dias, ou indenizá-lo, isto é,


pagar o valor correspondente à remuneração mensal;
• Indenizar as férias eventualmente não usufruídas, e
indenizar proporcionalmente o período incompleto de
férias e de 13º salário;
• Liberar o FGTS depositado, além de pagar uma multa de
40% calculada sobre o valor total do depósito fundiário.

Conforme previsto na regulamentação trazida pela


Portaria nº 384/95 do Ministério do Trabalho e emprego, não
pode haver a recontratação do empregado dispensado com
ou sem justa causa em prazo inferior a 90 (noventa) dias.
Tal definição, combinada com o que prevê o Art. 9º da
CLT, poderá considerar a rescisão nula, caso seja constatado
que a empresa demitiu o funcionário e posteriormente
procedeu a readmissão com o intuito fraudulento.
Em 2020, a Portaria nº 16.655/2020 do Ministério
da Economia /Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
passou a permitir a recontratação, nos casos de rescisão sem
justa causa, em menos de 90 dias depois do desligamento
do empregado. No entanto, tal procedimento só pode ser
aplicado enquanto perdurar o estado de calamidade pública
em decorrência da Pandemia causada pela COVID 19, previsto
no Decreto Legislativo nº 06/2020.

11
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Contrato por Prazo Determinado

Outra modalidade de contrato de trabalho, considerada uma


exceção à regra, é o contrato de trabalho por tempo determinado.
A CLT os admite a utilização do contrato por prazo determinado
nas seguintes situações:

• Serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a pré-


determinação do prazo;
• Atividades empresariais de caráter transitório; e
• Contrato de experiência, cujo objetivo é permitir que
empregado e empregador analisem a possibilidade da
continuidade ou não da relação de emprego.

No término do contrato de trabalho por prazo


determinado, o empregador não necessita conceder ou indenizar
aviso prévio, devendo apenas liberar o FGTS depositado, sem ter
que pagar a multa de 40%.No entanto, permanece a obrigação
do pagamento de férias e 13º salário ainda não quitados.
Os contratos por prazo determinado não podem ser
superiores a 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado apenas uma
vez, e dentro deste período.
Caso haja mais de uma prorrogação o contrato será
convertido em por prazo indeterminado.
Ocorrendo a recontratação de empregado dentro de
6 meses de seu afastamento, será entendido como prazo
indeterminado, como se não houvesse solução de continuidade,
exceto se o contrato anterior mencionar que expirou por conta
da prestação de determinados serviços ou em virtude de certo
fatos (renovação de parcerias celebradas com a administração
pública, por exemplo).

12
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DE ENSINO E PESQUISA

Contrato Intermitente

MÓDULO 3 - GESTÃO
Inovação trazida pela Lei nº 13.467/17 (Reforma
Trabalhista), considera-se como intermitente o Contrato de
Trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação,
não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos
de prestação de serviços e de inatividade, determinados
em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador.
Interessante destacar que o trabalhador poderá prestar
serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviço,
que exerçam ou não a mesma atividade econômica, utilizando
contrato de trabalho intermitente ou outra modalidade de
contrato de trabalho.
O período de inatividade não se considera como
tempo de serviço à disposição do empregador.
A contribuição previdenciária e o FGTS deverão ser
recolhidos mensalmente pelo empregador nos termos da
lei, e a cada 12 meses trabalhados o empregado tem direito
de usufruir, nos 12 meses subsequentes, um mês de férias,
período no qual não poderá ser convocado para prestar
serviços pelo mesmo empregador.

13
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Contrato de Aprendiz

Neste tipo de contrato, o empregador se compromete a


assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro)
anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico, e o aprendiz se compromete a
executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa
formação.
Quando da contratação de aprendizes, as OTS atuam
como promotores da formação de aprendizes e da sua colocação
no mercado de trabalho.
Com relação ao trabalho realizado por menores de idade
(14 a 18 anos) a Lei nº 8.069/90, que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente, trata do direito à profissionalização
e à proteção ao menor no trabalho. Portanto, é permitida a
contratação de adolescentes na condição de aprendiz.
O salário não poderá ser inferior ao salário mínimo hora,
multiplicado pelo número de horas contatados.
Vale ressaltar que essa modalidade de contratação prevê
a anotação em Carteira de Trabalho (Artigo 428 da CLT).
O contrato de aprendiz não poderá ser estipulado por
mais de 2 (dois) anos, extinguindo-se no seu termo final, ou
quando o aprendiz completar 24 anos.
Garante-se ao aprendiz, salvo condição mais favorável,
o salário mínimo e uma jornada de trabalho não superior a seis
horas diárias.
Para fazer jus a esse tipo de contrato, o aprendiz deve
estar regularmente matriculado e frequentando regularmente às
aulas.

14
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DE ENSINO E PESQUISA

Bolsa Estágio

MÓDULO 3 - GESTÃO
Outra forma de contratação diz respeito aos serviços
prestados por estagiários, isto é, estudantes regularmente
matriculados e com frequência efetiva nos cursos de nível
superior e de nível médio profissionalizante ou supletivo para
o exercício de atividades em complementação do ensino e da
aprendizagem.
O estágio deve ser planejado, executado, acompanhado
e avaliado em conformidade com os currículos, programas e
calendários escolares, (Lei nº 11.788/08).
O estágio, atendido aos requisitos legais, não cria
vínculo empregatício, portanto não enseja contribuições
previdenciárias. O estagiário poderá receber bolsa ou outra
forma de contraprestação que venha a ser acordada, devendo
o estudante, em qualquer hipótese, estar segurado contra
acidentes pessoais. O estágio deverá ser anotado na CTPS, nas
páginas destinadas às Anotações Gerais.
Deverá ser celebrado um Termo de Compromisso entre
o estudante e a parte concedente da oportunidade do estágio
curricular, com a intervenção da instituição de ensino, que
servirá de prova para comprovação da inexistência do vínculo
empregatício.
O documento (Termo de Compromisso) deverá ser
assinado pela OTS, pelo Aluno e pela Instituição de Ensino do
Estudante.
O prazo de duração máximo do estágio é de dois anos,
no entanto, o período de contratação pode ser rescindido a
qualquer momento através de simples notificação, sem ônus
para as partes.

15
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pessoas Com Deficiência

A inserção de pessoas com deficiência no Terceiro Setor é


tema que não deve constituir-se em problema para a maioria das
instituições, considerando o respeito e estímulo à diversidade
que caracteriza a maior parte delas.
Observa-se que muitas OTS prestam importante trabalho
social, atuando na capacitação e colocação de pessoas com
deficiência em organizações, visando o atendimento das cotas
legais.
De qualquer forma, é preciso lembrar que a contratação
de pessoas com deficiência pelas entidades com mais de
100 trabalhadores constitui-se em exigência prevista na Lei
8.213/91 e regulamentada pelo decreto 3.298/99, que deve ser
observada, também, pelo Terceiro Setor.

Autônomos

Caracterizado pelo caráter de não exclusividade, o serviço


prestado por pessoa física, (trabalho autônomo), em algumas
situações pode ser confundido com o trabalho decorrente da
relação de emprego. No entanto, vale destacar que o pagamento
diz respeito ao serviço prestado, inexistindo subordinação
hierárquica.
No trabalho autônomo, é definido entre as partes qual
o serviço a ser efetuado. Daí em diante, interessa apenas ao
trabalhador autônomo como será feita a execução de tal serviço,
não podendo sofrer interferências do contratante. Este pode até
sugerir, porém, sem ordenar.
Quando os serviços são de curta duração, a contratação
pode ser informal. Já, quando se tratar de trabalho extenso

16
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DE ENSINO E PESQUISA

ou repetitivo, é recomendável a formalização através de

MÓDULO 3 - GESTÃO
um contrato escrito para tentar evitar futuras ações de
reconhecimento de vínculo empregatício.
Sobre a remuneração do serviço realizado por
profissional autônomo incide a retenção do Imposto de Renda
(a depender do valor), do INSS e do ISS (a depender do serviço,
da situação de isenção do prestador, ou de haver condições
especiais de recolhimento).

IRRF

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Os valores retidos deverão ser


recolhidos de forma centralizada, pelo estabelecimento
matriz da pessoa jurídica, através de DARF, através do código
de receita 0588 – Rendimentos do Trabalho sem Vínculo
Empregatício

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos
fatos geradores.

17
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

INSS

Periodicidade: Mensal

Documento de Arrecadação: Através da Guia da Previdência


Social – GPS, através dos seguintes códigos:

• 2100 – Empesas em Geral CNPJ (contribuições devidas


sobre as remunerações de todos os segurados a serviço da
entidade, sejam contribuintes individuais (autônomos ou
dirigentes com pró-labore) ou empregados);
• 2305 - Entidades Filantrópicas com Isenção Total ou Parcial
CNPJ (apenas as retenções previdenciárias).

Prazo para Recolhimento: Até o último dia útil do segundo


decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos
geradores.

Serviço Voluntário

Este tipo de relação é regido pela Lei nº 9.608/98, que


define o serviço voluntário como a atividade não remunerada,
prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que
tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos,
recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.
De acordo com a Lei, o serviço voluntário não gera
vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista,
previdenciária ou afim.

18
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Desta forma, o trabalho não remunerado tem característica de:

MÓDULO 3 - GESTÃO
• ser voluntário;
• ser gratuito;
• ser prestado por um indivíduo, não por uma organização;
• ser prestado para entidade governamental ou privada sem
fins lucrativos e voltadas para objetivos públicos;
• estar previsto em contrato escrito (“termo de adesão”).

O Termo de Adesão é o instrumento, de caráter


obrigatório, que define as condições para a realização do
serviço voluntário, e onde ficarão previstas as hipóteses e os
limites de reembolso de despesas praticadas pelo voluntário.
O termo também pode ser utilizado como prova documental
da inexistência de vínculo de trabalho, e evita possíveis
problemas trabalhistas entre a entidade sem fins lucrativos e
o prestador de serviço voluntário.
Neste documento deve estar definida a atividade que
será realizada, e as condições de seu exercício (carga horária,
local, material de apoio).
O serviço voluntário, diferentemente da relação
de emprego convencional, pode ser caracterizado pela
pessoalidade (necessidade de prestação de serviço pela
própria pessoa), mas nunca pela subordinação hierárquica
nem pela dependência econômica.
As partes podem, a qualquer momento, encerrar o
contrato de voluntariado. Não há necessidade legal de aviso
prévio, mas a eventual previsão desta necessidade no termo
de adesão vincula as partes ao seu cumprimento.

19
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Ainda, de acordo com a legislação o trabalho voluntário


deve ser prestado por pessoa física maior de 18 anos, e sua
natureza será caracterizada por:

• garantir liberalidade de quem presta;


• não gerar vínculo empregatício;
• não gerar qualquer obrigação trabalhista, previdenciária ou
afim.

Remuneração de Dirigentes

Nunca houve a proibição de se remunerar os cargos


de gestão das organizações do terceiro setor! Existia, sim,
em determinadas leis, a imposição da não remuneração de
dirigentes como requisito para a concessão de títulos, como a
Lei de Utilidade Pública Federal (Lei nº 91/35) que foi revogada
em 2015, e para a obtenção de isenções tributárias, conforme
dispunha a Lei nº 9.532/97 que disciplina as condições para a
isenção do IR e da Contribuição CSLL, que foi alterada por duas
vezes também em 2015.
Desta forma, de acordo com a legislação vigente, as
associações e fundações privadas, independente de possuir
qualquer titulação (OSCIP, OS, CEBAS) podem remunerar seus
dirigentes, desde que não participem de campanhas de interesse
político-partidário ou eleitorais sob quaisquer meios ou formas,
e atuem em pelo menos uma das áreas sociais discriminadas na
Lei das OSCIP.
Evidente que é necessário observar os critérios e limites
estipulados para a realização do pagamento e a definição do
valor da remuneração:

20
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Primeiro, a remuneração é prevista apenas para os

MÓDULO 3 - GESTÃO
dirigentes que atuem efetivamente na gestão executiva das
organizações, não alcançando, portanto, aqueles que possuem
o cargo, mas que nem aparecem na instituição.
Em segundo lugar, o valor a ser pago aos dirigentes
deve corresponder ao que é praticado pelo mercado na
região ou área onde a entidade atua. Ou seja, não deve servir
de parâmetro o valor pago a um gestor de uma organização
de grande porte situada em São Paulo, para estipular a
remuneração de um dirigente em uma modesta entidade
sediada no sertão da Bahia, por exemplo.
Por fim, o valor dessa remuneração precisa ser fixado
pelo órgão de deliberação superior da entidade (assembleia
geral, conselho curador/deliberativo/consultivo), devendo a
decisão ser registrada em ata, e em se tratando de fundações,
também ser comunicada ao Ministério Público.
Utilizando-se a analogia com as empresas comerciais,
os dirigentes que forem contratados para realizar a gestão
das entidades devem ser remunerados através de carteira
assinada, pelo regime CLT. Já, aqueles dirigentes fundadores
ou associados, ocupantes dos cargos previstos nos estatutos
(presidente, vice-presidente, diretor, etc.) devem ser
remunerados mediante pró-labore. Deixamos claro que a
forma de remuneração dos dirigentes não foi definida na
legislação, e essas sugestões apenas representam nossa
interpretação sobre o assunto.
Outro questionamento bastante comum por parte
das entidades diz respeito à remuneração dos dirigentes nas
parcerias disciplinadas pela Lei nº 13.019/14, conhecida
como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade
Civil (MROSC), que passou a permitir explicitamente o

21
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

pagamento da equipe da OSC envolvida na execução do projeto


ou da atividade.
Inicialmente, é importante frisar que os recursos
públicos repassados nessas parcerias devem ser aplicados nas
metas previstas no plano de trabalho, visando a consecução
do objeto pactuado entre a administração pública e a OSC, e
não na sustentação financeira das entidades, e muito menos na
remuneração dos cargos diretivos dessas instituições.
No entanto, se um dirigente compõe a equipe incumbida
de realizar as ações previstas na parceria, e exerce, por exemplo,
atividades de coordenador, de médico, de pesquisador, de
professor, de assistente social, etc., poderá ser remunerado
nas mesmas condições e valores previstos para os outros
profissionais que realizem trabalho similar. Isso significa que
a remuneração na parceria ocorrerá em virtude do serviço
realizado pelo profissional, e não pelo simples fato de essa
mesma pessoa ser um dirigente da entidade.
Em resumo, esse dirigente poderá, ao mesmo tempo, ser
remunerado pelo cargo de gestão que ocupa e exerce de forma
efetiva (pagos com recursos próprios da entidade), e também
receber pagamentos pelas atividades profissionais exercidas na
execução das parcerias (custeados com recursos públicos, desde
que previstos no plano de trabalho), devendo ser observado se
há choque ou incompatibilidade com a carga horária de trabalho,
para que seja aplicada a proporcionalidade na remuneração.
Mesmo com a revogação da Lei nº 91/35 (UPF) e as
alterações ocorridas na Lei nº 9.352/97, antes de proceder as
reformas nos estatutos excluindo a vedação de remuneração de
dirigentes (se houver), e de começar a efetuar os pagamentos,
é importante verificar se existem leis estaduais e municipais ou
resoluções e portarias vigentes que ainda trazem, mesmo que

22
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DE ENSINO E PESQUISA

de forma equivocada, tal proibição como requisito para a

MÓDULO 3 - GESTÃO
concessão de títulos de utilidade pública nas esferas estaduais
e municipais, ou para o cadastro das entidades nos conselhos
de políticas públicas.

Obrigações Trabalhistas, Fiscais e Sociais

Todas as sociedades (empresas e OTS), independente


do seu objeto social e porte econômico, estão sujeitas às
obrigações trabalhistas, bem como das fiscais e sociais
decorrentes das relações de trabalho ou da prestação de
serviços prestados por pessoas físicas.
Dentre as obrigações trabalhistas, inerentes a todos
os empregadores pessoa jurídica, destacamos algumas que
devem ser observadas e cumpridas a fim afastar o risco que
questões trabalhistas:

• Jornada de Trabalho máxima de 08 horas diárias (máximo


de 44 horas semanais). A Reforma Trabalhista permite a
jornada máxima de 12 horas diárias, desde que haja um
intervalo de 36 horas para o retorno às atividades*;
• Horas-Extras, no máximo de duas horas por dia;
• Trabalho Noturno - o que ocorre entre 22:00h e 5:00h (a
hora noturna tem duração de 52m30s);
• Adicionais: a) insalubridade: entre 10% e 40% do salário
mínimo; b) periculosidade: 30% do salário base
• Salário família
• Guarda de documentos
• Pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês
subsequente
• Pagar o 13º nos prazos previstos na legislação

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Conceder férias e proceder ao pagamento dentro dos prazos


previstos na legislação
• Recolhimento do FGTS no prazo previsto
• Transmissão dos dados relativos à previdência e FGTS através
da GEFIP
• Recolher os tributos retidos na fonte dos empregados e
prestadores de serviços
• Recolher a cota patronal do INSS e da contribuição para
Terceiros
• Recolher o PIS sobre a folha de pagamentos
• Apresentar a DIRF
• Apresentar a RAIS

Em virtude da ocorrência de aplicações de sansões


trabalhistas em maior número em OTS devido a determinados
motivos, consideramos relevante detalhar um pouco mais as
obrigações trabalhistas ou sociais abaixo, a fim de contribuir
com a gestão trabalhista das entidades.

Folha de Pagamento - tem função operacional, contábil e fiscal,


devendo ser constituída com base em todas as ocorrências
mensais do empregado. É a descrição dos fatos que envolveram
a relação de trabalho, de maneira transparente, transformado
em valores para efeito de pagamento

Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência


Social - GFIP - é um instrumento que o Governo encontrou para
montar um cadastro eficiente de vínculos e remunerações, tendo
dupla finalidade:
a) serve como guia de recolhimento para o FGTS e
b) documento de declaração de dados para a Previdência Social.

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DE ENSINO E PESQUISA

Deve ser apresentada mensalmente, independentemente

MÓDULO 3 - GESTÃO
do efetivo recolhimento ao FGTS ou das contribuições
previdenciárias, quando houver.

Guia da Previdência Social – GPS – é uma obrigação tributária


principal devida por todas as pessoas jurídicas e equiparadas
que possuam empregados.
É utilizada também para o recolhimento devido pelas
empresas sobre remunerações a trabalhadores autônomos
e profissionais liberais, importâncias retidas de terceiros, e
para retenção de 11% sobre o valor de Nota Fiscal, Fatura ou
Recibo de Prestação de Serviços

Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS - GRRF - é uma


obrigação trabalhista devida pelas pessoas jurídicas e
equiparadas quando rescindem contrato de trabalho com
seus empregados, por dispensa sem justa causa ou nos casos
de extinção de contrato de trabalho por parte do empregador.
A GRRF é a guia utilizada para o recolhimento das importâncias
relativas à multa rescisória, aviso prévio indenizado, quando
for o caso, aos depósitos do FGTS do mês da rescisão e do mês
imediatamente anterior, caso ainda não tenham sido

Relação Anual de Informações Sociais – RAIS – é uma


obrigação trabalhista preparada anualmente por todas as
pessoas jurídicas e equiparadas que possuam ou possuíram
empregados. As empresas que não tenham funcionários
também devem entregar a RAIS, que nesse caso denomina-se
RAIS NEGATIVA. É utilizada para fins estatísticos pelo Governo,
e no cálculo de crédito e pagamento do abono salarial do PIS
aos empregados.

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional – PCMSO -


todos os empregadores e instituições que admitam empregados
estão obrigados a elaborar e implementar o PCMSO visando
à promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus
trabalhadores. São parâmetros mínimos e diretrizes gerais
a serem observados, que podem ser ampliados mediante
negociação coletiva de trabalho.

O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos


exames médicos:

• a) admissional;
• b) periódico;
• c) de retorno ao trabalho;
• d) de mudança de função;
• e) demissional.

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA - todos


os empregadores e instituições que admitam empregados estão
obrigados a elaborar e implementar o PPRA visando preservar
a saúde e a integridade dos trabalhadores, por meio da
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle
da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham
a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de
cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do
empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua
abrangência e profundidade dependentes das características
dos riscos e das necessidades de controle.

26
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DE ENSINO E PESQUISA

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - as

MÓDULO 3 - GESTÃO
empresas privadas e públicas e os órgãos governamentais com
empregados registrados pela CLT são obrigados a organizar
e manter em funcionamento, por estabelecimento, uma CIPA
conforme o número de empregados, a partir de 20 (vinte) e o
grau de risco, nos termos pela legislação
As empresas que não se enquadrarem na
obrigatoriedade da Constituição da CIPA, deverão anualmente
designar um empregado como representante, o qual deverá
participar do Curso da CIPA.
A CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador.

Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP – é o documento


histórico- laboral do trabalhador que presta serviço a empresa,
destinado a prestar informações ao INSS relativas a efetiva
exposição a agentes nocivos, que entre outras informações
registra dados administrativos, atividades desenvolvidas,
registros ambientais com base no LTCAT (Laudo Técnico de
Condições Ambientais do Trabalho).

Este documento será exigido para todos os segurados,


independentemente do ramo de atividade da empresa e da
exposição a agentes nocivos, e deverá abranger também
informações relativas aos fatores de riscos ergonômicos e
mecânicos.

27
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DE ENSINO E PESQUISA
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: secretariauniapae@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
Gestão Contábil no Terceiro Setor ..................................................................... ....4
Interpretação Técnica Geral n° 2002/12 ................................................................5
Plano de Contas...........................................................................................................9
Contabilização de Eventos Específicos nas ESFL ..............................................18
Demonstrações Contábeis .....................................................................................20
Balanço Patrimonial ................................................................................................21
Demonstração do Resultado do Período ............................................................25
Demonstração dos Fluxos de Caixa .....................................................................27
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido .....................................31
Notas Explicativas ....................................................................................................32
Quadros complementares ......................................................................................35
Análise das Demonstrações Contábeis ...............................................................38
Indicadores de avaliação de desempenho ...........................................................39
Índices Financeiros e Econômicos .......................................................................40
Índices de Eficiência de Gestão .............................................................................41
A Importância da Contabilidade para as Entidades sem fins lucrativos ......43
Titulações ...................................................................................................................43
Benefícios Fiscais .....................................................................................................46
Parcerias com o Poder Público .............................................................................48
MÓDULO IV
GESTÃO CONTÁBIL

• Normas de Contabilidade aplicadas ao Terceiro


Setor

• Contabilização de eventos econômicos

• Contabilização de doações, parcerias, gratuidades


e serviços voluntários

• Plano de Contas

• Demonstrações Contábeis e Notas Explicativas

• A importância da Contabilidade para as Organizações


do Terceiro Setor
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Gestão Contábil no Terceiro Setor


A base da contabilidade das entidades sem fins lucrativos
é a estrutura patrimonial definida pela Lei das Sociedades por
Ações (Lei 6.404/76), mas algumas adaptações devem ser feitas,
principalmente, na nomenclatura de algumas contas a serem
utilizadas.
A expressão sem fins lucrativos está relacionada a não
distribuição de seus resultados a qualquer título, determinando
que não haverá vantagens financeiras a terceiros ligados a
essas entidades, sejam pessoas físicas ou jurídicas, mas que
há uma sobra financeira denominada superávit que deverá ser
reaplicada em suas atividades operacionais de forma imediata,
ou mediante constituição de fundo para utilização futura.
Em se tratando de entidades que possuem finalidades
sociais, aumenta a necessidade de criação e controle rigoroso dos
fundos patrimoniais e financeiros para verdadeira transparência
na administração e prestação de contas aos associados, a
terceiros e usuários em geral. O sistema de contabilidade
registrará os recursos recebidos para atender atividades
ou projetos específicos de forma separada, valendo-se das
restrições impostas pelos doadores externos à entidade ou
mesmo observando restrições impostas pelos órgãos diretivos
da entidade. Na prática poderão existir, em uma entidade,
diversos tipos de fundos.
Vários são os métodos para se realizar a evidenciação
contábil, ainda que tal evidenciação se refira a todo o quadro de
demonstrações contábeis, os quais podem ser complementados
por quadros e demonstrativos complementares e o relatório da
diretoria.

4
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DE ENSINO E PESQUISA

Todos os métodos listados aplicam-se tanto as

MÓDULO 4 - GESTÃO
entidades empresariais ou governamentais, quanto para as
entidades sem fins lucrativos, sendo que seu foco sempre está
direcionado ao usuário, em um processo de comunicação que
auxilia o processo de tomada de decisão, sobretudo quando
essa implicar em reflexos patrimoniais da entidade.
Assim, a evidenciação contábil precisa funcionar como
um processo de comunicação onde, nesse caso, se dá ênfase
às organizações sem fins lucrativos uma vez que elas não
distribuem lucros nem pagam impostos sobre lucros. Ressalta-
se que tal evidenciação precisa definir apenas em linhas gerais
o que seria importante comunicar e, em bases teóricas, ser
determinada a forma de apresentação e a denominação mais
apropriada para as linhas dos demonstrativos, considerando
que não se pode apresentar uma receita ou um padrão rígido,
pois, o processo dessas entidades difere das demais.

Interpretação Técnica Geral n° 2002/12

Esta Interpretação, aprovada através da Resolução nº


1.409/2012 do Conselho Federal de Contabilidade, estabelece
critérios e procedimentos específicos de avaliação, de
reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de
estruturação das demonstrações contábeis e as informações
mínimas a serem divulgadas em notas explicativas de entidade
sem finalidade de lucros.
A entidade sem finalidade de lucros pode ser
constituída sob a natureza jurídica de fundação de direito
privado, associação, organização social, organização
religiosa, partido político e entidade sindical, podendo
exercer atividades, tais como as de assistência social, saúde,

5
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

educação, técnico- científica, esportiva, religiosa, política,


cultural, beneficente, social e outras, administrando pessoas,
coisas, fatos e interesses coexistentes, e coordenados em torno
de um patrimônio com finalidade comum ou comunitária.
É importante ressaltar que se aplicam à entidade sem
finalidade de lucros os Princípios de Contabilidade e a ITG
2002/12, além da NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas
e Médias Empresas ou as normas completas (IFRS completas)
naqueles aspectos não abordados por esta Interpretação.
Não estão abrangidos por esta Interpretação os Conselhos
Federais, Regionais e Seccionais de profissões liberais, criados
por lei federal, de inscrição compulsória, para o exercício legal
da profissão.
A ITG 2002/12 aplica-se às pessoas jurídicas de direito
privado sem finalidade de lucros, especialmente entidade
imune, isenta de impostos e contribuições para a seguridade
social, beneficente de assistência social e atendimento aos
Ministérios que, direta ou indiretamente, têm relação com
entidades sem finalidade de lucros e, ainda, Receita Federal
do Brasil e demais órgãos federais, estaduais e municipais. É
aplicada ainda à entidade sindical, seja confederação, central,
federação e sindicato; a qualquer associação de classe; às outras
denominações que possam ter, abrangendo tanto a patronal
como a de trabalhadores.
De acordo com a ITG 2002, a contabilidade das entidades
sem fins lucrativos deve atender algumas seguintes diretrizes,
das quais destacamos:

• As receitas e as despesas devem ser reconhecidas no


momento em que ocorrem, independentemente de ter havido
a movimentação financeira (princípio da competência).

6
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DE ENSINO E PESQUISA

• As doações e subvenções recebidas em caráter particular

MÓDULO 4 - GESTÃO
para custeio e investimento devem ser reconhecidas como
receitas da instituição.
• As imunidades tributárias não se enquadram no conceito
de subvenções, e nem se caracterizam como uma renúncia
fiscal pela ausência do fato gerador do tributo, portanto,
não devem ser reconhecidas como receita no resultado.
• Os registros contábeis devem evidenciar as contas de
receitas e despesas, com e sem gratuidade, de forma
segregada, identificáveis por tipo de atividade, tais como
educação, saúde, assistência social e demais atividades.
• Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento
no resultado, a contrapartida da subvenção, de
contribuição para custeio e investimento, bem como de
isenção e incentivo fiscal registrados no ativo, deve ser em
conta específica do passivo.
• As receitas decorrentes de doação, contribuição, convênio,
parceria, auxílio e subvenção por meio de convênio, editais,
contratos, termos de parceira e outros instrumentos, para
aplicação específica, devem ser registradas em contas
próprias, segregadas das demais contas da entidade.
• Os benefícios concedidos pela entidade devem ser
reconhecidos de forma segregada, destacando-se aqueles
que devem ser utilizados em prestações de contas nos
órgãos governamentais.
• A entidade deve constituir provisão em montante
suficiente para cobrir as perdas esperadas sobre valores a
receber, com base em estimativa de seus prováveis valores
de realização e baixar os valores prescritos, incobráveis e
anistiados.

7
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• O valor do superávit ou déficit deve ser incorporado ao


Patrimônio Social. O superávit, ou parte de que tenha
restrição para aplicação, deve ser reconhecido em conta
específica do Patrimônio Líquido.
• O benefício concedido como gratuidade por meio da
prestação de serviços deve ser reconhecido pelo valor
efetivamente praticado.
• Os registros contábeis devem ser segregados de forma que
permitam a apuração das informações para prestação de
contas exigidas por entidades governamentais, aportadores,
reguladores e usuários em geral.
• A dotação inicial disponibilizada pelo instituidor/fundador
em ativo monetário ou não monetário, no caso das fundações,
é considerada doação patrimonial e reconhecida em conta
do patrimônio social.
• O trabalho voluntário, inclusive de membros integrantes dos
órgãos da administração, no exercício de suas funções, deve
ser reconhecido pelo valor justo da prestação do serviço
como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro.
• Aplica-se aos ativos não monetários a Seção 27 da NBC TG
1000, que trata da redução ao valor recuperável de ativos e
a NBC TG 01, quando aplicável.
• Na adoção inicial desta Interpretação e da NBC TG 1000 ou
das normas completas (IFRS completas), a entidade pode
adotar os procedimentos do custo atribuído (deemed cost)
de que trata a ITG 10.

8
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DE ENSINO E PESQUISA

Plano de Contas

MÓDULO 4 - GESTÃO
O Plano de Contas deverá ser elaborado de forma
segregada, levando em consideração as necessidades da
entidade e observando os princípios de contabilidade e a
norma legal para elaboração das demonstrações contábeis.
Vale ressaltar que é necessário obedecer à a legislação,
principalmente no que se refere ao conteúdo e formato das
demonstrações financeiras a serem elaboradas com o objetivo
de manter a convergência e harmonia da contabilidade
brasileira com as normas internacionais. Tais preocupação é
fundamental para elevar a prestação de contas das entidades
a um nível de maior transparência.
Desta forma, um bom plano de contas precisa, ao
mesmo tempo, obedecer às regras contábeis e legais, e
atender às exigências da entidade e dos demais interessados
(beneficiários, sociedade, associados, financiadores,
mantenedores, doadores, gestores, fornecedores, clientes,
bancos, fisco e governo).

MODELO BÁSICO DE PLANO DE CONTAS PARA


ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

CÓDIGO/TÍTULO DA CONTA
1. ATIVO
1.1 Circulante
1.1.1 Disponibilidades
1.1.1.01 Caixa
1.1.1.02 Bancos Conta Movimento – Recursos Livres
1.1.1.04.01 Bancos – Administração

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

1.1.1.04.02 Bancos - Projeto A


1.1.1.04.03 Bancos - Projeto B
1.1.1.03 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições
1.1.1.03.01 Bancos – Termo de Colaboração X
1.1.1.03.02 Bancos – Termo de Parceria Y
1.1.1.03.03 Bancos – Convênio Z
1.1.1.04 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos Livres
1.1.1.04.101 Aplicação Financeira – Administração
1.1.1.04.102 Aplicação Financeira - Projeto A
1.1.1.04.103 Aplicação Financeira - Projeto B
1.1.1.05 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos com Restrições
1.1.1.05.01 Aplicação Financeira – Termo de Colaboração X
1.1.1.05.02 Aplicação Financeira – Termo de Parceria Y
1.1.1.05.03 Aplicação Financeira – Convênio Z
1.1.2 Créditos a Receber
1.1.2.01 Aplicações Financeiras a Prazo
1.1.2.02 Mensalidades a Receber
1.1.2.03 Atendimentos a Receber
1.1.2.04 Remuneração de Projetos a Receber
1.1.2.05 Aluguéis a Receber
1.1.2.06 Outros Valores a Receber
1.1.3 Estoques
1.1.3.01 Almoxarifado
1.1.3.02 Materiais Doados a Distribuir
1.1.3.03 Gêneros Alimentícios
1.1.3.04 Medicamentos
1.1.3.05 Material Escolar
1.1.3.06 Material Hospitalar
1.1.4 Adiantamentos e Gratuidades Condicionais
1.1.4.01 Adiantamentos Salariais

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MÓDULO 4 - GESTÃO
1.1.4.02 Adiantamentos do 13º Salário
1.1.4.03 Adiantamento a Fornecedores
1.1.4.04 Adiantamentos de Viagem
1.1.4.05 Antecipação de Recursos em Projetos e Parcerias
1.1.4.06 Gratuidades Condicionais
1.1.5 Despesas do Exercício Seguinte
1.1.5.01 Assinaturas de Periódicos
1.1.5.02 Seguros a Apropriar
1.2 – Ativo Não Circulante
1.2.1 – Realizável a Longo Prazo
1.2.1.01 – Aplicações Financeiras
1.2.2 – Depósitos Judiciais
1.2.2.01 – Depósitos para Garantia de Instâncias
1.2.3 – Investimentos
1.2.3.01 – Ações de Renda
1.2.3.02 – Imóveis Locados
1.2.4 Imobilizado
1.2.4.01 Terrenos
1.2.4.02 Edificações
1.2.4.03 Construções em Andamento
1.2.4.04 Instalações
1.2.4.05 Veículos
1.2.4.06 Móveis e Utensílios
1.2.4.07 Equipamentos de Comunicação e Informática
1.2.4.08 Máquinas e Equipamentos
1.2.4.09 Benfeitorias em Imóveis de Terceiros
1.2.4.99 (-) Depreciações e Amortizações Acumuladas
1.2.5 Intangível
1.2.5.01 Marcas e Patentes
1.2.5.99 (-) Amortizações Acumuladas

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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

1. PASSIVO
2.1 Circulante
2.1.1 Obrigações Comerciais a Pagar
2.1.1.01 Fornecedores
2.1.1.02 Fretes a Pagar
2.1.1.03 Contas a Pagar
2.1.2 Obrigações Trabalhistas a Pagar
2.1.2.01 Salários a Pagar
2.1.2.02 Férias a Pagar
2.1.2.03 13º Salário a Pagar
2.1.2.04 Rescisões a Pagar
2.1.3 Obrigações Sociais a Pagar
2.1.3.01 INSS a Pagar
2.1.3.02 FGTS a Pagar
2.1.3.03 PIS a Pagar
2.1.3.04 Contribuição Social a Pagar
2.1.1.05 Pensão Alimentícia
2.1.4 Obrigações Tributárias a Recolher
2.1.4.01 INSS Retido a Recolher
2.1.4.02 IR Retido a Recolher
2.1.4.03 ISS Retido a Recolher
2.1.4.04 PIS/COFINS/CSLL Retido a Recolher
2.1.4.05 Contribuição Patronal Retida a Recolher
2.1.6 Recursos de Projetos
2.1.6.01 Recursos de Convênios e Parcerias
2.1.6.01.01 Termo de Colaboração X
2.1.6.01.02 Convênio Z
2.1.6.02 Recursos de Termos de Parceria
2.1.6.02.01 Termo de Parceria Y
2.1.6.03 Recursos de Projetos com Restrições

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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
2.1.6.04 Recursos de Projetos Livres
2.1.6.04.01 Projeto A
2.1.6.04.02 Projeto B
2.1.7 Receitas a Apropriar
2.1.7.01 Subvenções a Apropriar
2.1.7.02 Contribuições a Apropriar
2.1.7.03 incentivos Fiscais a Apropriar
2.2 Passivo Não Circulante
2.2.1 Obrigações com Instituições de Crédito
2.2.1.01 Empréstimos para Financiamento a pagar
2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.3.1 Patrimônio Social
2.3.2 Fundo Patrimonial
2.3.2.01 Fundo Institucional
2.3.2.02 Fundos Especiais
2.3.2.03 Resultado do Período
3. RECEITAS
3.1 Receitas Operacionais
3.1.1 Receitas de Doações e Serviços
3.1.1.01 Doações Incondicionais
3.1.1.02 Doações Condicionais
3.1.1.03 Subvenções, Contribuições e Auxílios
3.1.1.04 Taxas de Administração
3.1.1.05 Mensalidades
3.1.1.06 Vendas de Bens e Serviços
3.1.2 Receitas de Atividade Educacional
3.1.2.01 Atendimento à Criança
3.1.2.02 Atendimento ao Adolescente
3.1.2.04 Atendimento ao Deficiente
3.1.3 Receitas de Assistência Social

13
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

3.1.3.01 Atendimento ao Idoso


3.1.3.02 Atendimento à Pessoa com Deficiência
3.1.4 Receitas de Atividade Esportiva
3.1.5 Receitas de Assistência de Saúde
3.1.5.01 Atendimento SUS
3.1.5.02 Atendimento Não SUS
3.1.6 Receitas de Proteção Ambiental
3.2 Receitas Financeiras
3.2.1 Rendas de Aplicações
3.2.1.01 Rendimentos de Fundos de Investimentos Financeiros
3.2.1.02 Rendimentos de Títulos de Renda Fixa
3.2.1.03 (-) Imposto de Renda sobre Rendimentos de Aplicações
3.2.2 Juros e Descontos Recebidos
3.2.2.01 Juros de Mora Recebidos
3.2.2.02 Descontos Obtidos
3.2.2 Outros Investimentos
3.2.2.01 Renda de Aluguéis
3.2.2.02 Direitos Autorais
3.2.2.03 Royalties e Patentes
3.3 Outras Receitas
3.3.1 Ganho na Baixa de Bens do Ativo Não Circulante
3.3.1.01 Venda de Bens do Ativo Não Circulante
3.3.2 Ganhos em Ações Judiciais
3.3.2.01 Tributos Recuperados em Ações Judiciais
3.4 Receita com a Execução de Parcerias
3.4.1 Termo de Colaboração X
3.4.2 Termo de Fomento Y

14
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
4. DESPESAS
4.1 Recursos Humanos
4.1.1 Remuneração de Pessoal com Vínculo Empregatício
4.1.1.01 Salários
4.1.1.02 Décimo Terceiro Salário
4.1.1.03 Férias
4.1.1.04 Comissões
4.1.1.05 Ajuda de Custo
4.1.1.06 Diárias
4.1.2 Benefícios a Pessoal com Vínculo Empregatício
4.1.2.01 Vale Transporte
4.1.2.02 Alimentação
4.1.2.03 Aperfeiçoamento Profissional
4.1.3 Encargos Sociais
4.1.3.01 INSS
4.1.3.02 FGTS
4.1.3.03 PIS/PASEP
4.1.4 Remunerações de Pessoal sem Vínculo Empregatício
4.1.4.01 Bolsa de Estagiário
4.1.4.02 Honorários Profissionais
4.1.4.03 Previdência Social
4.1.4.04 Indenização de Gastos de Trabalho Voluntário
4.2 Despesas Administrativas
4.2.1 Ocupação de Infraestrutura
4.2.1.01 Conservação de Imóveis
4.2.1.02 Conservação de Equipamentos
4.2.1.03 Conservação de Instalações
4.2.2 Serviços de Comunicação
4.2.2.01 Locação de Equipamentos de Comunicação
4.2.2.02 Internet

15
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

4.2.2.03 Telefones e Correios


4.2.3 Apoio Administrativo
4.2.3.01 Aluguéis
4.2.3.02 Condomínio
4.2.3.03 Energia Elétrica
4.2.3.05 Material de Limpeza
4.2.3.06 Material de Escritório
4.2.3.07 Manutenção
4.2.3.08 Água
4.2.3.09 Despesas de Veículos
4.2.3.10 Viagens e Estadas
4.2.3.11 Tarifas Bancárias
4.2.4 Folha de Pagamento
4.2.4.01 Remunerações
4.2.4.02 Benefícios
4.2.4.03 Encargos Sociais e Trabalhistas
4.2.5 Captação de Recursos
4.2.5.01 Publicidade Institucional
4.2.5.02 Comissões sobre Captação
4.2.6 Despesas Financeiras
4.2.6.01 Juros e Descontos Concedidos
4.2.6.02 Comissões e Encargos Financeiros
4.2.6.03 Multas por Atrasos de Pagamentos
4.3 Atividade Educacional
4.3.1 Atendimento à Criança
4.3.1.01 Despesas de Pessoal
4.3.1.02 Alimentação
4.3.1.03 Transporte
4.3.1.04 Materiais
4.3.1.05 Medicamentos

16
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
4.3.1.06 Assistência Médica e Odontológica
4.3.2 Atendimento ao Adolescente
4.3.4 Atendimento ao Deficiente
4.4 .Assistência Social
4.4.3 Atendimento ao Idoso
4.4.4 Atendimento à Pessoa com Deficiência
4.5 Atividade Esportiva
4.6 Assistência de Saúde
4.7 Proteção Ambiental
4.8 Custos e Despesas Gerais
4.8.1 Depreciações
4.8.1.01 Depreciação de Bens Imóveis
4.8.1.02 Depreciação de Máquinas e Equipamentos
4.8.2 Despesas Tributárias
4.8.2.01 Impostos, Taxas e Contribuições Federais
4.8.2.02 Impostos, Taxas e Contribuições Estaduais
4.8.2.03 Impostos, Taxas e Contribuições Municipais
4.8.3 Despesas com Veículos
4.8.3.01 Seguros – Veículos
4.8.3.02 Combustíveis e Lubrificantes
4.8.3.03 Manutenção de Veículos
4.10 Despesa com a Execução de Parcerias
4.10.1 Termo de Colaboração X
4.10.1.01 Pessoal e Encargos
4.10.1.02 Material de Consumo
4.10.1.03 Serviços de Terceiros - PF
4.10.1.04 Serviços de Terceiros - PJ
4.10.2 Termo de Fomento Y
4.10.2.01 Material Permanente
4.10.2.02 Obras
Fonte: Adaptado de França (2015).

17
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Contabilização de Eventos Específicos nas ESFL

• Doação recebida em espécie ou depósito:


• D – Caixa / Bancos – ATIVO CIRCULANTE
• C - Doação Recebida – RECEITA

• Doação recebida em gêneros alimentícios, para uso


imediato:
• D – Despesa com suprimento / alimentação - DESPESA
• C - Doação Recebida – RECEITA

• Doação recebida em gêneros alimentícios, para estoque:


• D – Estoque -Gêneros Alimentícios – ATIVO CIRCULANTE
• C - Doação Recebida – RECEITA

• Utilização dos Gêneros alimentícios em estoque:


• D – Despesa com suprimento / alimentação - DESPESA
• C - Estoque -Gêneros Alimentícios – ATIVO CIRCULANTE

• Serviço Voluntário:
• D – Serviços Prestados por Voluntários - DESPESA
• C – Receita de Trabalho Voluntário – RECEITA

• Oferta de Serviços Gratuitos:


• D – Despesas com Gratuidades Concedidas - DESPESA
• C – Rec. de Serv. Educacionais - Gratuidades – RECEITA

• Recursos de Parcerias - Recebimentos:


• D – Conta Bancária Específica – ATIVO CIRCULANTE
• C – Projeto A – PASSIVO CIRCULANTE

18
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DE ENSINO E PESQUISA

• Recursos de Parcerias - Pagamentos:

MÓDULO 4 - GESTÃO
• D - Projeto A – PASSIVO CIRCULANTE
• C – Conta Bancária Específica – ATIVO CIRCULANTE

• Recursos de Parcerias – Bens remanescentes doados


• D – Bens Permanentes – ATIVO NÃO CIRCULANTE
• C –Doações Recebidas – Parceria – RECEITA

• Subvenções Recebidas – Uso imediato (Ex. Aquisição de


medicamentos)
• D – Banco – ATIVO CIRCULANTE
• C – Receita de Subvenções – RECEITA
• D – Despesa com medicamentos – DESPESA
• C – Banco – ATIVO CIRCULANTE

• Subvenções Recebidas – Uso futuro (Ex. Folha de


pagamento 4 meses)
• D – Banco – ATIVO CIRCULANTE
• C – Subvenções e Apropriar – PASSIVO CIRCULANTE

• Utilização das Subvenções Recebidas – Uso futuro


• D – Despesa com Pessoal – DESPESA
• C – Banco – ATIVO CIRCULANTE

• Utilização das Subvenções Recebidas – Uso futuro


• D – Subvenções e Apropriar – PASSIVO CIRCULANTE
• C – Receita de Subvenções – RECEITA

19
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Demonstrações Contábeis

A ITG 2002 Apresenta exemplos das demonstrações


contábeis mencionadas com objetivo de auxiliar os preparadores
para divulgação das informações contábeis e financeiras das
entidades sem fins lucrativos. A entidade pode alterar e incluir
contas para atender às suas especificidades, inclusive agregar
contas similares para fins de divulgação das demonstrações
contábeis, sempre que entender ser necessário.
As demonstrações contábeis, que devem ser elaboradas
pela entidade sem finalidade de lucros, são:

1. O Balanço Patrimonial
2. A Demonstração do Resultado do Período,
3. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,
4. A Demonstração dos Fluxos de Caixa; e
5. As Notas Explicativas.

• No Balanço Patrimonial, a denominação da conta Capital


deve ser substituída por Patrimônio Social, integrante do
grupo Patrimônio Líquido.
• No Balanço Patrimonial e nas Demonstrações do Resultado
do Período, das Mutações do Patrimônio Líquido e dos
Fluxos de Caixa, as palavras lucro ou prejuízo devem ser
substituídas por superávit ou déficit do período.
• Na Demonstração do Resultado do Período, devem ser
destacadas as informações de gratuidade concedidas
e serviços voluntários obtidos, e divulgadas em notas
explicativas por tipo de atividade.
• Na Demonstração dos Fluxos de Caixa, as doações devem
ser classificadas nos fluxos das atividades operacionais.

20
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

As entidades sem fins lucrativos podem apresentar

MÓDULO 4 - GESTÃO
informações adicionais para auxiliar os usuários na avaliação
do desempenho da entidade e na sua administração dos
recursos, assim como auxiliar os usuários a tomarem decisões
e a avaliarem decisões sobre a alocação desses recursos. Essa
informação adicional pode incluir detalhes sobre os produtos,
serviços e resultados da entidade na forma de:

• Indicadores de desempenho;
• Demonstrativos dos serviços prestados; e
• Outros relatórios da gestão sobre as realizações da
entidade durante o período evidenciado.

Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial tem por finalidade principal


evidenciar a situação financeira e patrimonial da entidade em
dado momento. Representa, portanto, uma posição estática.

Compõe-se de ativos, passivos e patrimônio líquido.

Ativo é representado pelos bens e pelos valores a receber


(direitos) que a entidade possui. Muitos ativos, por exemplo,
dinheiro em caixa, bens imóveis e imobilizados, têm forma
física. Entretanto, a forma física não é essencial para a
existência de ativo. Alguns ativos são intangíveis, como os
valores a receber, as marcas, patentes e direitos autorais.

Passivo é representando pelas obrigações que a entidade


possui para com terceiros. Diz respeito aos valores a pagar a
fornecedores, empregados, fisco, bancos, etc.

21
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade


após a dedução de todos os seus passivos. Ele pode ter
subclassificações no balanço patrimonial, como por exemplo,
fundos de capital, reservas, superávits ou déficits acumulados.

Distinção entre Circulante e Não Circulante

Circulantes são os bens e valores a receber, ou a pagar, dentro


do prazo de um ano, a partir do encerramento do exercício.

Não Circulantes correspondem aos bens permanentes e valores


a receber, ou a pagar, em prazo superior a um ano, a partir do
encerramento do exercício.

22
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL – BP
2020 2019
Ativo
Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa
Caixa
Banco C/Movimento – Recursos sem Restrição
Banco C/Movimento – Recursos com Restrição
Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição
Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição
Créditos a Receber
Mensalidades de Terceiros
Atendimentos Realizados
Adiantamentos a Empregados
Adiantamentos a Fornecedores
Recursos de Parcerias a Receber
Tributos a Recuperar
Despesas Antecipadas
Estoques
Produtos Próprios para Venda
Produtos Doados para Venda
Almoxarifado / Material de Expediente

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Aplicações Financeiras – Recursos sem Restrição
Aplicações Financeiras – Recursos com Restrição
Valores a Receber
Investimentos
Investimentos Permanentes
Imobilizado
Bens sem Restrição
Bens com Restrição
(-) Depreciação Acumulada
Intangível
Direitos de Uso de Softwares
Direitos de Autor e de Marcas
(-) Amortização Acumulada
2020 2019
PASSIVO
Circulante
Fornecedores de bens e serviços
Obrigações com Empregados
Obrigações Tributárias
Empréstimos e Financiamentos a Pagar
Recursos de Projetos em Execução
Recursos de Parcerias em Execução
Subvenções e Assistências Governamentais a Realizar
Não Circulante
Empréstimos e Financiamentos a Pagar
Patrimônio Líquido
Patrimônio Social
Outras Reservas

24
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Demonstração do Resultado do Período

MÓDULO 4 - GESTÃO
A Demonstração do Resultado do Período corresponde
ao confronto entre as receitas e a despesas no exercício
financeiro.
Receitas são aumentos nos benefícios econômicos
durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos
ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultem
em aumento do patrimônio líquido (social).
Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos
durante o período contábil, sob a forma de saída de recursos
ou redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem
em decréscimo do patrimônio líquido (social).

MODELO DE DRP
2020 2019
RECEITAS OPERACIONAIS
Com Restrição
Programa (Atividades) de Educação
Programa (Atividades) de Saúde
Programa (Atividades) de Assistência Social
Programa (Atividades) de Direitos Humanos
Programa (Atividades) de Meio Ambiente
Outros Programas (Atividades)
Gratuidades
Trabalho Voluntário
Rendimentos Financeiros
Execução de Parcerias

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Sem Restrição
Receitas de Serviços Prestados
Contribuições e Doações Voluntárias
Ganhos na Venda de Bens
Rendimentos Financeiros
Outros Recursos Recebidos
CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS
Com Programas (Atividades)
Educação
Saúde
Assistência Social
Direitos Humanos
Meio Ambiente
Gratuidades Concedidas
Trabalho Voluntário
Execução de Parcerias
RESULTADO BRUTO
DESPESAS OPERACIONAIS
Administrativas
Salários
Encargos Sociais
Impostos e Taxas
Aluguéis
Serviços Gerais
Manutenção
Depreciação e Amortização
Perdas Diversas
Outras despesas/receitas operacionais

SUPERÁVIT/DÉFICIT DO PERÍODO

26
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DE ENSINO E PESQUISA

Demonstração dos Fluxos de Caixa

MÓDULO 4 - GESTÃO
A Demonstração do Fluxo de Caixa proporciona aos usuários
das demonstrações contábeis uma base para avaliar:
• A capacidade da entidade para gerar caixa e seus
equivalentes (bancos); e
• As necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de
caixa.

A entidade deve apresentar a DFC que apresente os fluxos de


caixa para o período de divulgação classificados em:
• Atividades operacionais,
• Atividades de investimento; e
• Atividades de financiamento.

Atividades operacionais são as principais atividades


geradoras de receita da entidade. Portanto, os fluxos de caixa
decorrentes das atividades operacionais geralmente derivam
de transações e de outros eventos e condições que entram na
apuração do resultado.
Atividades de investimento são a aquisição ou
alienação de ativos de longo prazo e outros investimentos
não incluídos em equivalentes de caixa.
Atividades de financiamento são as atividades que
resultam das alterações no tamanho e na composição do
patrimônio líquido e dos empréstimos da entidade.
Quanto à apresentação dos fluxos de caixa das
atividades operacionais, cabe à entidade optar pelo método
direto ou pelo método indireto.
Pelo método direto, são apresentadas as principais
classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos.

27
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pelo método indireto, o resultado, superavitário ou


deficitário, é ajustado pelos efeitos de quaisquer diferimentos ou
apropriações por competência sobre recebimentos de caixa ou
pagamentos em caixa operacionais passados ou futuros, e pelos
efeitos de itens de receita ou despesa associados com fluxo de
caixa das atividades de investimento ou de financiamento.

28
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
MÉTODO DIRETO 2020 2019
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais
Recursos Recebidos
Entidades Governamentais
Entidades Privadas
Doações e Contribuições Voluntárias
Próprios
Rendimentos Financeiros
Outros
Pagamentos Realizados
Aquisição de bens e Serviços – Programas (Atividades) Executados

Salários e Encargos Sociais do Pessoal Administrativo


Contribuições Sociais, Impostos e Taxas
Outros Pagamentos
(=) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais

Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento


Recursos Recebidos pela Venda de Bens
Outros Recebimentos por Investimentos Realizados
Aquisições de Bens e Direitos para o Ativo
(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento

Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento


Recebimentos de Empréstimos
Outros Recebimentos por Financiamentos
Pagamentos de Empréstimos
Pagamentos de Arrendamento Mercantil
(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Financiamento
(=) Aumento Líquido de Caixa e Equivalentes de Caixa
Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Período
Caixa e Equivalentes de Caixa no Fim do Período

29
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

MÉTODO INDIRETO 2020 2019


Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais
Superávit (Déficit) do Período
Ajustes por:
(+) Depreciação
(+) Amortização
(+) Perda de Variação Cambial
(-) Ganho na Venda de Bens do Imobilizado
Superávit (Déficit) Ajustado
Aumento (Diminuição) nos Ativos Circulantes
Mensalidades de Terceiros
Atendimentos Realizados
Adiantamentos a Empregados
Adiantamentos a Fornecedores
Recursos de Parcerias em Projetos
Tributos a Recuperar
Despesas Antecipadas
Outros Valores a Receber
Aumento (Diminuição) nos Passivos Circulantes
Fornecedores de bens e serviços
Obrigações com Empregados
Obrigações Tributárias
Empréstimos e Financiamentos a Pagar
Recursos de Projetos em Execução
Recursos de Parcerias em Execução
Subvenções e Assistências Governamentais
Outras Obrigações a Pagar
(=) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais

30
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 4 - GESTÃO
Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento
Recursos Recebidos pela Venda de Bens
Outros Recebimentos por Investimentos Realizados
Aquisições de Bens e Direitos para o Ativo
(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento

Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento


Recebimentos de Empréstimos
Outros Recebimentos por Financiamentos
Pagamentos de Empréstimos
Pagamentos de Arrendamento Mercantil
(=) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Financiamento
(=) Aumento Líquido de Caixa e Equivalentes de Caixa
Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Período
Caixa e Equivalentes de Caixa no Fim do Período

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Patrimônio Outras Fundo Superávit / Total do

Social Reservas Patrimonial Déficit Patrimônio


Saldos iniciais em 31/12/19
Movimentação do Período
Superávit / Déficit do

Período
Acréscimo/Utilização

do Fundo Patrimonial
Recursos de Superávit

com Restrição
Transferência de Superávit

de Recursos sem Restrição


Saldos finais 31/12/20

31
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Notas Explicativas

As Notas Explicativas contêm informação adicional em


relação àquela apresentada nas demonstrações contábeis.
Elas oferecem descrições narrativas ou decomposição
(detalhamento) de itens apresentados nessas demonstrações e
informação acerca de itens que deixaram de ser reconhecidos
ou detalhados nas demonstrações contábeis.

As notas explicativas devem conter, pelo menos, as seguintes


informações:

• Contexto operacional da entidade, incluindo a natureza


social e econômica e os objetivos sociais;
• Os critérios de apuração da receita e da despesa,
especialmente com gratuidade, doação, subvenção,
contribuição e aplicação de recursos;
• A renúncia fiscal relacionada com a atividade deve ser
evidenciada nas demonstrações contábeis como se a
obrigação devida fosse;
• As subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos
recursos e as responsabilidades decorrentes dessas
subvenções;
• Os recursos de aplicação restrita e as responsabilidades
decorrentes de tais recursos;
• Os recursos sujeitos a restrição ou vinculação por parte do
doador;
• Eventos subsequentes à data do encerramento do exercício
que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a
situação financeira e os resultados futuros da entidade;

32
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DE ENSINO E PESQUISA

• As taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias

MÓDULO 4 - GESTÃO
das obrigações em longo prazo;
• Informações sobre os seguros contratados;
• A entidade educacional de ensino superior deve evidenciar
a adequação da receita com a despesa de pessoal, segundo
parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases
da Educação e sua regulamentação;
• Os critérios e procedimentos do registro contábil
de depreciação, amortização e exaustão do ativo
imobilizado, devendo ser observado a obrigatoriedade do
reconhecimento com base em estimativa de sua vida útil;
• Segregar os atendimentos com recursos próprios dos
demais atendimentos realizados pela entidade;
• Todas as gratuidades praticadas devem ser registradas
de forma segregada, destacando aquelas que devem
ser utilizadas na prestação de contas nos órgãos
governamentais, apresentando dados quantitativos, ou
seja, valores dos benefícios, número de atendidos, número
de atendimentos, número de bolsistas com valores e
percentuais representativos.

As notas explicativas apresentam como principal


objetivo o de fornecer informações adequadas que, por algum
motivo, não foram evidenciadas nas demonstrações contábeis.
Caracteriza-se pela qualidade e clareza. De maneira alguma, as
notas explicativas podem contradizer as informações contidas
nos demonstrativos, tampouco ser utilizada como método de
avaliação ou substituição de classificação.

33
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Além das informações definidas pela ITG 2002, nada


impede que as notas explicativas sejam utilizadas pelas
entidades sem fins lucrativos para aumentar o poder informativo
das Demonstrações Contábeis.

São exemplos de informações que podem ser divulgadas


nas notas explicativas:

• Descrição dos registros da entidade nos organismos públicos


competentes;
• Composição da estrutura administrativa;
• Descrição dos títulos, qualificações ou certificados obtidos;
• Mecanismos de prestação de contas;
• Relacionamento com outras entidades;
• Localização e área de atuação da entidade;
• Missão e programas sociais executados pela entidade;
• Descrição das atividades e programas da entidade no
contexto da sua estratégia;
• Reserva financeira que a entidade está constituindo para
propósitos futuros;
• Doações significativas recebidas no período ou com
perspectivas futuras a receber;
• Considerações sobre a política financeira da entidade.

Entende-se que outros elementos devem estar


evidenciados, quando da publicação das demonstrações
contábeis das ESFL, devendo ser considerados como itens
mais importantes, a transparência e a clareza das informações
prestadas à comunidade, principalmente pelo caráter de
prestação de contas que essas demonstrações têm perante os
envolvidos nas suas atividades.

34
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Quadros complementares

MÓDULO 4 - GESTÃO
A grande vantagem encontrada nos quadros e
informações complementares é a facilidade na leitura,
influenciada principalmente pelos dados interessantes
e sua acessibilidade. O objetivo maior deste método é
divulgar e detalhar itens que não tiveram condições de
serem evidenciados nos demonstrativos formais, talvez, por
causa da relevância ou por não caberem no corpo principal.
Outra característica dos quadros é a força que eles possuem
para apresentarem as informações verbais e principalmente
numerárias, além de outras perspectivas de avaliação e
comparação.
Os quadros complementares podem ser apresentados dentro
das notas explicativas.

Exemplos:

O Balanço Patrimonial apresenta a conta Parcerias em


Execução, no valor total de R$ 187.540,17:
Termo de Colaboração A 150.000,00
Termo de Colaboração B 10.000,00
Termo de Fomento X 25.600,35
Termo de Fomento Y 824,00
Termo de Fomento Z 1.115,82
TOTAL 187.540,17

35
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Utilidade de informações contábeis das entidades


sem fins lucrativos

Para serem úteis, os relatórios financeiros precisam:

• Prover informações que sejam indicativas da capacidade


de continuar prestando os serviços a que as entidades se
propõem;
• Fornecer informações sobre o ambiente, a natureza da
atividade e de outros assuntos que se relacionem;
• Informar acerca do trabalho de seus gestores e da sua
capacidade de bem gerir os recursos postos à sua disposição,
já que não existe o indicativo de lucratividade;
• Evidenciar o fluxo de recursos postos à sua disposição,
visando a sua continuidade e capacidade de cumprir com
suas obrigações;
• Informar sobre as realizações da entidade como meio de
medir a eficiência de seus gestores, posto que os investidores
não sendo beneficiários dos serviços e produtos por ela
colocados não os conhecem a fundo, exceto por relatórios
oferecidos;
• Incluir nos demonstrativos as técnicas da apuração e
alocação dos serviços e como os recursos são distribuídos
aos mais diversos programas e serviços postos à disposição;
• Informar como as entidades utilizam os recursos e de onde
eles provêm, e como isso afeta sua liquidez;
• Incluir interpretações e explicações que auxiliem no
entendimento dessas informações, principalmente no que
se refere à organização e suas realizações, identificando
certas transações, eventos e circunstâncias que venham a
afetar a organização.

36
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Os usuários que mais consultam as informações

MÓDULO 4 - GESTÃO
contábeis de entidades sem fins lucrativos são, normalmente,
os que costumam aportar recursos nessas entidades, tais
como: financeiras, doadores, associados que participam da
entidade e que aportam recursos, entidades governamentais
e seus administradores, cujas decisões são tomadas baseadas
em informações advindas da contabilidade.
Não é apenas devido ao cumprimento de suas
obrigações legais e estatutárias que as entidades necessitam
de informações contábeis, mas também para auxílio aos
gestores na administração dessas organizações.
Desta forma, evidencia-se a importância das
informações contábeis para as entidades sem fins lucrativos
uma vez que são imprescindíveis para sua gestão. Os
demonstrativos gerados pela Contabilidade possuem uma
enorme quantidade de informações que podem direcionar
os decisores para a tomada de decisões mais eficientes e
eficazes, alinhadas com as estratégias das entidades.
Mesmo que, na maioria das vezes, as decisões baseadas
em demonstrações contábeis sejam de cunho financeiro,
verifica-se que gestores têm feito uso de demonstrações
contábeis a fim de gerenciar suas organizações.
Ainda, verifica-se que a transparência dessas
demonstrações, aliadas à divulgação eficaz são as condições
para a aquisição de vantagem em relação a outras entidades
concorrentes na busca de recursos.

37
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Análise das Demonstrações Contábeis

Os principais indicadores financeiros e de desempenho


(de liquidez, de atividade, de endividamento e de rentabilidade)
estão voltados para as sociedades mercantis, buscando
informações relacionadas com sua finalidade lucrativa. Já, para
o Terceiro Setor, as avaliações do impacto das atividades sobre o
bem-estar social são mais complexas, pois, além dos números, é
necessário mensurar e avaliar aspectos relativos ao atendimento
e à satisfação dos beneficiários.
E, cada vez mais, as organizações do terceiro setor
enfrentam o desafio de apresentar seus resultados e seu
desempenho para os órgãos públicos, para potenciais doadores
e financiadores, para os agentes de controle, e, principalmente,
para a sociedade. Esse processo sugere a construção de uma
boa reputação perante todos os interessados. O que precisa ser
comprovado através de relatórios de atividades e indicadores
financeiros e de desempenho úteis, oportunos e adequados.
Os índices “tradicionais” são necessários para as
organizações do terceiro setor, pois, também é fundamental
mensurar e avaliar suas condições de sobrevivência e
crescimento. No entanto, outros índices devem ser utilizados
pelas organizações objetivando apresentar informações no que
tange aos aspetos sociais.
Esse tipo de avaliação é útil e ajuda a antecipar condições
futuras. Também serve como um ponto de partida para planejar
a aplicação de medidas para a equação de distorções indicadas
nos resultados apurados através dos cálculos dos índices de
desempenho.
A análise das demonstrações contábeis no Terceiro
Setor, além de propiciar informações importantes para tomada

38
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

de decisões, também se torna uma ferramenta que subsidia

MÓDULO 4 - GESTÃO
a divulgação e a transparência das atividades desenvolvidas
pelas organizações.

Indicadores de avaliação de desempenho

A análise de demonstrações contábeis é um conjunto


de métodos aplicados aos relatórios contábeis com o objetivo
obter informações sob aspectos temporais, de liquidez, de
atividade, de endividamento e de rentabilidade de uma
organização.
No Terceiro Setor, este tipo de análise, além de
propiciar informações importantes para a tomada de decisões,
também se torna uma ferramenta que subsidia a divulgação e
a transparência das atividades desenvolvidas pelas entidades.
Além dos indicadores idênticos aos utilizados pelas
empresas comerciais, as OSCs se utilizam de índices próprios,
ou adaptados, buscando, dessa forma, apresentar dados que
representem a sua realidade.
Apresentamos, a seguir, algumas possibilidades de
indicadores para a avaliação de desempenho das OSCs.
Estes estão separados por índices financeiros e econômicos,
que visam dar um enfoque qualitativo aos números das
demonstrações contábeis, e índices de eficiência de gestão,
que visam avaliar o perfil dos recursos em relação aos
beneficiários, trazendo a possibilidade de avaliação qualitativa
de desempenho:

39
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Índices Financeiros e Econômicos

• Índices de liquidez: dentre os índices de liquidez utilizados


no terceiro setor, abordamos os índices de liquidez corrente,
de liquidez imediata, e de liquidez específica.

O índice de liquidez corrente (ILC) sugere o confronto dos


ativos circulantes com os passivos circulantes, determinando a
capacidade de pagamento das obrigações em curto prazo: ILC =
Ativo Circulante / Passivo Circulante.
O índice de liquidez imediata (ILI) pressupõe o confronto
das disponibilidades da organização com as obrigações em
curto prazo, demonstrando a capacidade de pagamento das
obrigações de imediato, por meio dos recursos financeiros
existentes: ILI = Disponibilidades / Passivo Circulante.
O índice de liquidez específica (ILE) representa o
montante necessário para a instituição cumprir as atividades
dos projetos administrados: ILE = Disponibilidades / Saldo de
Projetos.

• Índices do Endividamento: dentre as observações cabíveis


na análise do endividamento das organizações do terceiro
setor, duas são extremamente importantes: índice de
participação de capitais de terceiros sobre o ativo total; e
garantia do patrimônio social ao capital de terceiros.

O índice de participação de capitais de terceiros (IPCT)


apresenta o percentual do ativo da empresa que é financiado
por recursos de terceiros, que podem ter seus vencimentos no
curto e médio prazo e no longo prazo: IPCT = Capital de Terceiros
/ Total do Ativo.

40
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DE ENSINO E PESQUISA

A garantia do patrimônio social ao capital de terceiros

MÓDULO 4 - GESTÃO
(GPSCT) representa a quantidade de capitais de terceiros
garantidos pelo patrimônio social da organização. É formado
por capitais registrados pelo regime de competência,
sugerindo que os valores dos ativos e passivos podem
apresentar valorizações e desvalorizações: (GPSCT) =
Patrimônio Social / Capital de Terceiros.

Índices de Eficiência de Gestão

• Índices de Atividade / Desempenho: tem relação direta


com as funções principais da organização, buscando
evidenciar a dinâmica operacional da instituição em
seus principais aspectos refletido nas demonstrações
contábeis e nos controles gerenciais.

O índice de doações de pessoas físicas (IDPF)


possibilita analisar o percentual de doações que a organização
recebe de pessoas físicas, relacionando o valor de doações de
pessoas físicas com o total de doações recebidas no período:
(IDPF) = Doações pessoas físicas / Total das doações.
O índice de doações de pessoas jurídicas (IDPJ)
possibilita analisar o percentual de doações que a organização
recebe de pessoas jurídicas, relacionando o valor de doações
de pessoas jurídicas com o total de doações recebidas
no período: (IDPJ) = Doações pessoas jurídicas / Total das
doações.

41
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

O índice de gastos administrativos (IGA) possibilita


identificar o percentual da receita destinado aos gastos
administrativos da organização, tais como despesas com
pessoal, financeiras, etc.: IGA = Despesas Administrativas /
Receita Operacional Bruta.
O índice de aplicação em projetos sociais (IAPS) auxilia na
identificação do percentual da receita destinado efetivamente
aos projetos sociais da organização, sendo possível, ainda,
identificar o percentual para cada tipo de projeto, possibilitando
analisar a prioridade da organização em destinar recursos para
seus projetos sociais: IAPS = Total de aplicação em projetos /
Receita Operacional Bruta.
O investimento unitário por projeto (IUP) possibilita
identificar qual o investimento realizado para cada pessoa
atendida pelos diversos projetos da organização, auxiliando
na mensuração dos gastos aplicados a determinado objetivo
específico: IUP = Gasto total do projeto / n° Beneficiários
O índice de capacidade de atendimento da entidade
(ICAE) demonstra a eficiência no atendimento aos beneficiários
da entidade: ICAE = Quantidade de funcionários / n°
Beneficiários.
O índice de acomodação dos beneficiários por m² (IAB)
avalia a eficiência da estrutura física da entidade: IAB = Área
construída em m² / n° Beneficiários.
O índice de acumulação de superávit (IAS) possibilita
identificar o percentual de contribuição do superávit do período
ao patrimônio social: IAS = Superávit do exercício / Patrimônio
social.
Estes indicadores aqui apresentados são apenas
sugestões. Outros podem ser desenvolvidos pelos usuários
dos relatórios contábeis e gerenciais, para melhor avaliação

42
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

do desempenho da gestão das ESFL, desde que sejam

MÓDULO 4 - GESTÃO
considerados importantes para a mensuração e análise de
suas atividades, e para a prestação de contas aos financiadores
e à comunidade dos recursos recebidos e administrados.

A Importância da Contabilidade para as Entidades


sem fins lucrativos

Titulações
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público –
OSCIP – é a qualificação outorgada pelo Ministério da Justiça às
entidades que possuam como finalidade o desenvolvimento
de uma das atividades previstas na legislação.
Atendidas as determinações para a qualificação como
OSCIP, ainda é exigido que as entidades interessadas em
obter a qualificação sejam regidas por estatutos cujas normas
expressamente disponham sobre:

• Normas de prestação de contas determinando, no mínimo:


observância dos princípios fundamentais de contabilidade
e das Normas Brasileiras de Contabilidade; Publicidade do
relatório de atividades e das demonstrações financeiras
da entidade; Realização de auditoria externa quando da
aplicação dos recursos dos termos de parceria; Prestação
de contas de todos os recursos e bens de origem pública
recebidos.

A relação entre OSCIP e Estado pode ser estabelecida


através do Termo de Parceria, instrumento jurídico que
regula os repasses de recursos públicos para as entidades
qualificadas.

43
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

A prestação de contas relativa à execução do Termo de


Parceria perante o órgão da entidade estatal parceira refere-
se à correta aplicação dos recursos públicos recebidos e ao
adimplemento do objeto do Termo de Parceria, mediante a
apresentação dos seguintes documentos:

• Demonstrativo integral da receita e despesa realizadas na


execução;
• Demonstração de resultados do exercício;
• Balanço patrimonial;
• Demonstração das origens e das aplicações de recursos;
• Demonstração das mutações do patrimônio social;
• Notas explicativas das demonstrações contábeis, caso
necessário;
• Parecer e relatório de auditoria, se for o caso.

Organização Social - OS – é uma forma de qualificação das


entidades para que possam absorver atividades dirigidas ao
ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à
proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde,
até então desempenhadas diretamente pelo Poder Público.
De acordo com a Lei nº 9.637/98, para que possam ser
qualificadas como OS, as entidades devem preencher os
seguintes requisitos:

• Publicar, anualmente, relatórios financeiros;


• Não distribuir bens ou parcelas do patrimônio líquido, sob
qualquer hipótese;

44
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DE ENSINO E PESQUISA

A parceria entre as OS e o Estado é formalizada

MÓDULO 4 - GESTÃO
por meio do Contrato de Gestão, onde serão definidas as
atribuições, obrigações e responsabilidades das partes. Este
instrumento, além de permitir a transferência de terminadas
atividades, antes exercidas pelo Poder Público, possibilita
ao Estado o exercício de controle, uma vez que existe a
transferência de recursos públicos para as entidades com o
objetivo de consecução de finalidades assistenciais.
São requisitos específicos para que as entidades
privadas referidas acima habilitem-se à qualificação como
organização social:

• Obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial


da União, dos relatórios financeiros e do relatório de
execução do contrato de gestão;
• Proibição de distribuição de bens ou de parcela do
patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclusive
em razão de desligamento, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade;

Utilidade Pública Estadual e Municipal (UPE e


UPM) – A maioria dos Estados Municípios exigem como um
dos requisitos para a concessão dos respectivos títulos, a
apresentação dos demonstrativos contábeis.

45
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Certificação de Entidade Beneficente de Assistência


Social (CEBAS) - Para o gozo do benefício relativo entidade
beneficente certificada necessita atender, cumulativamente,
aos seguintes requisitos:

• Aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit


integralmente no território nacional, na manutenção e
desenvolvimento de seus objetivos institucionais;
• Mantenha escrituração contábil regular que registre as
receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de
forma segregada, em consonância com as normas emanadas
do Conselho Federal de Contabilidade;
• Não distribua resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer
forma ou pretexto;
• Cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação
tributária;
• Apresente as demonstrações contábeis e financeiras
devidamente auditadas por auditor independente legalmente
habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade
quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite
fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006.

Benefícios Fiscais

Imunidade - O reconhecimento da imunidade requer o


atendimento de condições detalhadas pelo CTN (Art. 14):
• Manter escrituração de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão.

46
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DE ENSINO E PESQUISA

Isenção - no âmbito Federal, a isenção do IR , da

MÓDULO 4 - GESTÃO
CSLL do PIS e da COFINS sobre as receitas próprias estão
disciplinadas pela Lei nº 9.532/97 (Art. 15) e pela MP nº
2.158-35/01, cujos requisitos são os mesmos estipulados
por essa lei com relação à imunidade.
De acordo com a Lei 9.532/97 (Art. 12 e 15), considera-
se isenta a instituição de educação ou de assistência social,
desde que atendam aos seguintes requisitos:

• Manter escrituração completa de suas receitas e despesas


em livros revestidos das formalidades que assegurem a
respectiva exatidão;
• Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em
conformidade com o disposto em ato da Secretaria da
Receita Federal;
• Recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas
pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade
social relativa aos empregados, bem assim cumprir as
obrigações acessórias daí decorrentes;

47
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Parcerias com o Poder Público

De acordo com as novas regras para as parcerias a serem


celebradas entre o poder público e as entidades privadas sem
fins lucrativos, estipuladas pela Lei nº 13.019/14, denominada
de Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
– MROSC, as organizações da sociedade civil deverão ser
regidas por normas de organização interna que prevejam,
expressamente:

• Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de


contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade.

48
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DE ENSINO E PESQUISA
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 5
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: sec.instituto@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
Sustentabilidade ..........................................................................................................4
Captação, diversificação e ampliação das fontes de recursos ............................5
Atividades próprias x Atividades tributáveis ........................................................7
Leis de Incentivo Fiscal .............................................................................................8
Lei de Incentivo à Cultura ......................................................................................10
Lei de Incentivo ao Esporte ....................................................................................22
PRONON e PRONAS/PCD ..................................................................................27
Direitos da Criança e do Adolescente ..................................................................35
Direitos do Idoso ......................................................................................................38
Outras fontes de sustentabilidade previstas na Lei nº 13.019/14 ....................46
Doações Diretas para OSCs ...................................................................................46
Doação de Mercadorias pela Receita Federal do Brasil - RFB ........................51
Realização de Sorteios, Distribuição de Prêmios e Brindes .............................54
MÓDULO V
CAPTAÇÃO DE RECURSOS E
LEIS
DE INCENTIVO

• Sustentabilidade e Fontes de Financiamento

• Atividades próprias x atividades tributáveis

• Atividades econômicas x Doações x Recursos


Públicos

• Diversificação de fontes de recursos

• Leis de Incentivo Fiscal (Cultura, Esporte,

• PRONON e PRONAS/PCD, Criança e Adolescente, e


Idoso)

• Novas possibilidades de captação de recursos


GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Sustentabilidade
A sustentabilidade econômica sempre foi uma grande
preocupação das entidades que compõem o Terceiro Setor, que
diariamente procuram angariar recursos suficientes para realizar
o pagamento de despesas, quitar obrigações, executar projetos,
e assim, cumprir sua missão social.
Alcançar essa situação de tranquilidade financeira é,
portanto, um dos grandes desafios da maioria das organizações,
que diariamente enfrenta a exaustiva tarefa de ajustar amplos
programas sociais a limitadas receitas.
E não é incomum depararmos com pessoas que atuam
no terceiro setor, inclusive dirigentes, pensando que as OSCs só
podem ter como fontes de recursos as doações realizadas por
pessoas físicas ou jurídicas, e as parcerias celebradas com a
administração pública.
Ao contrário do que muitos imaginam, existe um
grande leque de opções de captação de recursos que podem
ser utilizadas para garantir a sustentabilidade das instituições,
como o financiamento coletivo (crowdfunding), as campanhas,
os eventos, os bazares, a recepção de bens apreendidos
administrados pela Receita Federal do Brasil, a locação de
imóveis, os sorteios, além da comercialização de produtos e a
prestação de serviços.
É importante frisar que nenhuma lei no país impede
que entidades sem fins lucrativos comercializem produtos ou
prestem serviços de forma remunerada, desde que as receitas
obtidas através de tais operações comerciais sejam aplicadas
nos seus objetivos sociais. Ou seja, é necessário que essas
atividades econômicas sejam os meios utilizados para que as
entidades consigam alcançar os seus fins.

4
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DE ENSINO E PESQUISA

Captação, diversificação e ampliação das fontes de

MÓDULO 5 - GESTÃO
recursos

Diversificar e ampliar as fontes de recursos deve ser


uma estratégia perseguida pelas organizações. Apesar de
não ser tarefa fácil, é necessário aceitar o desafio e investir
esforços para conseguir ter vários doadores e financiadores
permanentes ou de longo prazo ao mesmo tempo, bem como
buscar alternativas para geração de renda própria.
A busca pela diversificação e acréscimo de fontes de
recursos é fundamental para a sobrevivência das entidades.
No entanto, é importante ter muito cuidado para que esta
necessidade não leve a instituição a firmar parcerias para
a realização de atividades que não se enquadrem nos seus
objetivos sociais.
Mesmo sendo importante ter várias fontes de recursos,
em determinados momentos será necessário recusar uma
proposta, quando forem identificados possíveis riscos quanto
à futura parceria. Principalmente, quando se tratar de recursos
advindos de financiadores que não comungam a mesma lógica
e preceitos da instituição.
A diversificação pode garantir a manutenção da
entidade no caso de perda de uma ou algumas de suas fontes
de recursos. Pois, quando se tem poucas, ou uma única origem,
o afastamento desta(s) pode até levar a instituição a encerrar
suas atividades.

5
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Dentre as principais fontes de recursos, destacam-se:

• Contribuição de Associados;
• Doações espontâneas;
• Patrocínios;
• Eventos e Sorteios;
• Prestação de Serviços;
• Subvenções sociais, Auxílios, e Contribuições;
• Comercialização de produtos;
• Incentivos Fiscais; e
• Transferências Voluntárias por parte Poder Público
(Convênios, Contratos de Patrocínio, Termos de Parceria,
Contratos de Repasse, Contratos de Gestão).

Ressaltamos que para a obtenção de transferências


voluntárias e alguns tipos de doação e patrocínio através de
leis de incentivo é necessário que a entidade tenha condições
de elaborar uma convincente proposta, e em conseguindo os
recursos, que reúna as condições para realizar a correta gestão e
prestação de contas.
Além de atrair novos doadores e financiadores, é
importante, também, a manutenção e fidelização dos já
existentes. E isto vai depender muito de como e onde estão
sendo aplicados os valores doados e transferidos. É importante
informar a estes investidores, por exemplo, as atividades que
foram realizadas, quais metas foram alcançadas, e quantos
beneficiários foram atendidos.
Portanto, a prestação de contas elaborada e apresentada
de forma tempestiva e coerente, mesmo quando não exigida,
demonstra transparência, e gera pontos positivos para a
instituição. É através dessa demonstração dos gastos realizados,

6
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

e sua correlação com as atividades desenvolvidas, que o

MÓDULO 5 - GESTÃO
doador/financiador poderá voltar a investir recursos, já que
consegue visualizar os resultados alcançados.
Quanto aos novos investidores, estes tem buscado
identificar características como honestidade, responsabilidade,
capacidade técnica, experiência, controle e, principalmente,
transparência, para decidir em quais entidades irão depositar
sua confiança e seus recursos.

Atividades próprias x Atividades tributáveis

Vimos que não é proibido que uma OSC realize


atividades econômicas, desde que os recursos obtidos com a
prestação de serviço e/ou comercialização de produtos sejam
aplicados nos fins sociais.
Para que uma atividade seja considerada própria,
além de estar prevista no estatuto, deve a mesma possuir
alguma relação com as finalidades essenciais, mesmo que
indiretamente, como ocorre com a comercialização de livros
e fardamento no caso de uma instituição educacional, por
exemplo.
A Receita Federal do Brasil, através da Instrução
Normativa nº 1.911/19, passou, para fins tributários, a
considerar como receitas decorrentes das atividades próprias,
além daquelas provenientes de contribuições, doações,
anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembleia ou
estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem
caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio
e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais, também as
decorrentes do exercício da finalidade precípua da entidade,
ainda que auferidas em caráter contraprestacional.

7
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Com isso, trona-se mais clara e segura a possibilidade


de as OSCs realizarem atividades econômicas como fontes
complementares de recursos, mas sem deixar de perseguir seu
foco social.

Leis de Incentivo Fiscal

Dentre as fontes de captação de recursos, destacamos


as leis de incentivo, criadas pelo poder público para estimular
o investimento por parte das pessoas físicas e/ou jurídicas
em atividades específicas. Essas leis, que podem ter prazo
determinado, configuram uma espécie de renúncia fiscal, onde
o governo deixa de arrecadar parte dos tributos, para que estes
sejam destinados a entidades ou a projetos sociais.
As leis de incentivo permitem às empresas e às pessoas
físicas escolher onde será aplicada uma parte dos impostos
que seriam pagos ao fisco, através da doação de recursos ou
patrocínio de atividades para fundos de políticas públicas ou
para projetos específicos. O benefício para os doadores é a
redução dos tributos a pagar (ou aumento do valor a restituir),
que em determinados casos pode chegar a 100% do valor
doado.
Com a utilização das leis de incentivo, os projetos sociais
passam a ter mais chances de serem concretizados e poderem
contribuir com as necessárias mudanças e transformações do
cenário de uma comunidade, do município, do estado, de uma
região, ou até mesmo do país inteiro.
Com relação às doações realizadas por pessoas físicas,
apenas usufruirão do benefício de dedução do IR a pagar ou
aumento do valor a restituir, aquelas que utilizem a Declaração
de Imposto de Renda (DIPF) com a opção de tributação por

8
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DE ENSINO E PESQUISA

deduções legais - Declaração Completa. Portanto, o benefício

MÓDULO 5 - GESTÃO
não é concedido para aqueles que utilizem a declaração com
a opção de tributação por desconto simplificado (Declaração
Simplificada).
Para as pessoas jurídicas, o benefício será concedido
apenas às empresas que tenham Imposto de Renda a pagar,
cujo resultado tenha sido apurado com base no Lucro Real.
Desta forma, a dedução é vedada para as empresas tributadas
pelo Lucro Presumido, ou Simples Nacional.
Também, não é qualquer atividade social que gera o
benefício da redução de impostos. De acordo com as leis de
incentivo, as áreas alcançadas são: cultura, proteção à criança
e ao adolescente, proteção ao idoso, esporte, combate ao
câncer (oncologia), e reabilitação de pessoas com deficiência
(PCD).
É importante ressaltar que para atender aos requisitos
legais, as doações ainda precisam ser realizadas diretamente
a:

• Projetos de caráter cultural e artístico, autorizados pelo


Ministério da Cultura;
• Projetos desportivos e paradesportivos, autorizados pelo
Ministério do Esporte;
• Projetos executados por entidades que implementem
o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica –
PRONON, ou o Programa Nacional de Apoio à Atenção
da Saúde da Pessoa com Deficiência - PRONAS/PCD,
devidamente credenciadas no Ministério da Saúde.
• Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente; e
• Fundos do Idoso.

9
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Portanto, a captação de recursos através das leis de


incentivo pode ocorrer somente pelas instituições que exerçam
atividades nas áreas citadas acima. Com relação aos doadores,
estes podem ser beneficiados pela dedução direta do valor do
IR devido, pela dedução da base de cálculo do IR e da CSLL como
despesa operacional, ou ainda pela combinação das duas formas
anteriores.

Lei de Incentivo à Cultura

A Lei federal nº 8.313/91, também conhecida


popularmente como Lei Rouanet, é regulamentada pelo Decreto
nº 5.761/06, e disciplina os procedimentos sobre apresentação
das propostas até a prestação de contas dos projetos aprovadas,
com os detalhamentos estipulados na Instrução Normativa nº
02/19 do Ministério da Cidadania. Atualmente a Secretaria
Especial da Cultura integra o Ministério do Turismo.
Os instrumentos legais e normativos acima descritos
estabelecem as diretrizes sobre incentivo a projetos culturais no
âmbito federal, bem como os requisitos, condições e exigências
para a obtenção de doações e patrocínios, que tenham como
finalidades:

• Incentivar a formação artística e cultural;


• Fomentar a produção cultural e artística;
• Preservar e difundir o patrimônio artístico, cultural e
histórico;
• Estimular o conhecimento dos bens e valores culturais;
• Apoiar outras atividades culturais e artísticas.

10
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DE ENSINO E PESQUISA

O que diferencia a doação do patrocínio

MÓDULO 5 - GESTÃO
De acordo com Lei de Incentivo à Cultura, a doação
configura como uma transferência definitiva e irreversível
de numerário ou bens em favor da pessoa física ou entidade
sem fins lucrativos que propõe a execução de um projeto à
Secretaria Especial da Cultura.
Enquanto o patrocínio corresponde a uma transferência
definitiva e irreversível de numerário ou serviços, com
finalidade promocional, cobertura de gastos ou utilização de
bens móveis ou imóveis do patrocinador (sem a transferência
de domínio) a pessoas físicas, entidades sem fins lucrativos
ou até mesmo a empresas com finalidades lucrativas.
Portanto, a principal diferença entre a doação e
o patrocínio é a finalidade promocional deste, onde há o
interesse por parte do financiador em algum tipo de retorno,
como por exemplo a divulgação da sua marca, ou a obtenção
de uma certa quantidade de ingressos para o evento, etc.

Exigências e Proibições

Para serem alcançados pelos benefícios trazidos por


essa lei, os projetos financiados, quando gratuitos, precisam
ter sua exibição, utilização e circulação dos bens culturais
abertos a qualquer pessoa, sem distinção. Quando se tratar
de projetos onde haja a cobrança de ingressos, que o público
pagante tenha os mesmos direitos descritos acima.
Desta forma, não são incentivados as obras, produtos,
ou eventos destinados a coleções particulares ou circuitos
privados que estabeleçam limitações de acesso.

11
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Outra proibição constante na lei é o recebimento pelo


patrocinador, de qualquer vantagem financeira ou material em
decorrência do patrocínio que efetuar, ou ainda a realização de
projetos no qual o doador ou patrocinador tenha vinculação
com pessoa, instituição, ou empresa que tenha apresentado a
proposta cultural. Nesta última situação, excetuam-se apenas as
entidades sem fins lucrativos criadas pelo próprio incentivador.
A IN nº 02/19 do Ministério da Cidadania trouxe algumas
inovações relativas à captação de recursos com base na Lei
Rouanet:

Regras e Requisitos

No caso dos incentivos previstos na Lei de Incentivo à


Cultura as entidades privadas sem fins lucrativos, assim como
pessoas físicas, ou até mesmo pessoas jurídicas de finalidade
lucrativa, não recebem diretamente os valores para utilizarem
em suas atividades ou em outros fins. É importante observar as
regras e requisitos que precisam ser atendidos.
Inicialmente é necessária a comprovação da natureza
cultural da entidade, através dos objetivos e atividades previstas
no seu estatuto e em seu cartão de CNPJ, como também a
comprovação da atuação na área cultural, mediante apresentação
de elementos materiais, como: relatórios de atividades, ou de
execução de outros projetos, vídeos, fotos, etc.
A partir das mudanças ocorridas em 2019, quando se
tratar do primeiro projeto, não será exigida a comprovação de
atuação na área cultural. No entanto, nesse caso, o valor fica
limitado ao valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
O passo seguinte é a elaboração de proposta de projeto
cultural, que deve ser apresentada ao Ministério da Cidadania,

12
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DE ENSINO E PESQUISA

acompanhada da documentação correspondente, através do

MÓDULO 5 - GESTÃO
Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura - Salic, entre
fevereiro e novembro de cada ano, e em até 90 (noventa) dias
antes da data prevista para a sua execução.
É permitida a apresentação de até 16 (dez) propostas
por entidade, cujos valores individuais não podem ultrapassar
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), no entanto o valor total
de propostas por proponente não pode superar o limite de R$
10.000.000,00 (dez milhões de reais) por ano.
Com as inovações trazidas pela IN nº 02/19, visando
estimular a desconcentração no eixo Rio-São Paulo, que
captavam 80% dos recursos incentivados, o quantitativo de
projetos acima descrito pode ser acrescido em até 50% para
projetos da região Sul e estados de Minas Gerais e Espírito
Santo, e em até 100% nos projetos realizados nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Pontos importantes relacionados às propostas de


projetos

As propostas culturais e suas documentações


correspondentes serão apresentadas em meio eletrônico, por
intermédio do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura
Salic, disponível no portal do MinC.
O cronograma de execução do projeto deverá prever
um prazo para a pós-produção não superior a 60 (sessenta)
dias.
O proponente, obrigatoriamente, indicará as fontes
de recursos do orçamento do seu projeto, indicando em seu
orçamento, quando o Custo do Projeto não corresponder ao
Custo Total, os custos que serão cobertos pelo mecanismo

13
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

“Incentivo a projetos culturais” e aqueles que serão cobertos


pelas demais fontes de recursos.
O proponente poderá ser remunerado com recursos
decorrentes de renúncia fiscal, desde que preste serviço ao
projeto previsto no orçamento analítico e desde que o valor desta
remuneração, ainda que por diversos serviços, não ultrapasse
50% (cinquenta por cento) do valor homologado para execução.
É obrigatória a contratação de serviços contábeis para a
execução de todos os projetos, podendo o proponente utilizar
o profissional de sua organização, bem como a previsão de
contratação de serviços advocatícios, ainda que este item não
venha a ser utilizado .
Quando da elaboração da planilha orçamentária, os
valores admitidos para remuneração por captação de recursos
ficam limitados a 10% (dez por cento) do Valor do Projeto, até o
máximo de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Os custos administrativos não poderão ultrapassar o
limite de 15% (quinze) do Valor do Projeto, sendo admitidas
como despesas de administração:

• Material de consumo para escritório;


• Locação de imóvel durante a execução do projeto a fim de
abrigar exclusivamente atividades administrativas;
• Serviços de postagem e correios;
• Transporte e insumos destinados a pessoal administrativo;
• Contas de telefone, água, luz ou de internet, durante a
execução do projeto;
• Pagamentos de pessoal administrativo e os respectivos
encargos sociais, trabalhistas e previdenciários.

14
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Como se dá a dedução do imposto

MÓDULO 5 - GESTÃO
Uma vez aprovado o projeto, a entidade estará
autorizada a captar recursos junto a pessoas físicas e a pessoas
jurídicas, que se beneficiarão com a dedução do imposto
de renda.Na Lei Rouanet existem dois grupos de atividades
distintas que permitem percentuais diferentes para dedução
do imposto. O primeiro grupo (Art. 25 da lei nº 8.313/91) é
formado pelos projetos nas áreas de:

• Produção cinematográfica, videográfica, fotográfica,


discográfica e congêneres;
• Literatura, inclusive obras de referência;
• Música;
• Artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e
outras congêneres;
• Folclore e artesanato;
• Patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico,
arqueológico, bibliotecas, museus, arquivos e demais
acervos;
• Humanidades; e
• Rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter não
comercial.

De acordo com o Art. 26 da Lei nº 8.313/91, as pessoas


físicas que contribuírem com projetos nessas áreas poderão
deduzir até 6% do imposto a pagar, com base em 80%
das doações e 60% dos patrocínios, enquanto as pessoas
jurídicas poderão deduzir até 4% do imposto, com base em
40% das doações e 30% dos patrocínios, e ainda registrar o
valor doado como despesa operacional.

15
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Assim, uma empresa que realiza doação para projetos


desse grupo pode conseguir recuperar até 74% do valor doado
mediante dedução do imposto a pagar, e até 64% quando se
tratar de patrocínio.

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Art. 26


Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 2.000.000,00 2.000.000,00
Doação - 29.000,00
Lucro Antes da Tributação 2.000.000,00 1.971.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 180.000,00 177.390,00 2.610,00

(-) Imposto de Renda 300.000,00 295.650,00 4.350,00


(-) Adicional de IR 176.000,00 173.100,00 2.900,00
Total de Tributos 656.000,00 646.140,00 9.860,00
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 11.600,00 11.600,00
Total de Tributos a Pagar 656.000,00 634.540,00 21.460,00

Percentual de Retorno Financeiro 74%


Valor Real doado 7.540,00

* Dedução de 40% limitada a 4% do IRPJ devido – R$ 295.650,00


* 4% = R$ 11.826,00

16
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DE ENSINO E PESQUISA

Ex. - Dedutibilidade dos Patrocínios - Lei Rouanet – Art. 26

MÓDULO 5 - GESTÃO
Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 2.000.000,00 2.000.000,00
Doação - 39.000,00
Lucro Antes da Tributação 2.000.000,00 1.961.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 180.000,00 176.490,00 3.510,00

(-) Imposto de Renda 300.000,00 294.150,00 5.850,00


(-) Adicional de IR 176.000,00 172.100,00 3.900,00
Total de Tributos 656.000,00 642.740,00 13.260,00
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 11.700,00 11.700,00
Total de Tributos a Pagar 656.000,00 631.040,00 24.960,00

Percentual de Retorno Financeiro 64%


Valor Real doado 14.040,00

* Dedução de 40% limitada a 4% do IRPJ devido –


R$ 294.150,00 * 4% = R$ 11.766,00

O segundo grupo é formado pelas atividades especiais (Art.


18 da lei nº 8.313/91), que estão relacionados nas seguintes
áreas:

• Artes cênicas;
• Livros de valor artístico, literário ou humanístico;
• Música erudita ou instrumental;
• Exposições de artes visuais;
• Doações de acervos para bibliotecas públicas, museus,
arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento
de pessoal e aquisição de equipamentos para a
manutenção desses acervos;

17
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Produção de obras cinematográficas e videofonográficas de


curta e média metragem e preservação e difusão do acervo
audiovisual; e
• Preservação do patrimônio cultural material e imaterial.
• Construção e manutenção de salas de cinema e teatro,
que poderão funcionar também como centros culturais
comunitários, em Municípios com menos de 100.000 (cem
mil) habitantes.

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Art. 18


Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 2.000.000,00 2.000.000,00
Doação - 20.000,00
Lucro Antes da Tributação 2.000.000,00 2.000.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 180.000,00 180.000,00 -

(-) Imposto de Renda 300.000,00 300.000,00 -


(-) Adicional de IR 176.000,00 176.000,00 -
Total de Tributos 656.000,00 656.000,00 .
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 12.000,00 12.000,00
Total de Tributos a Pagar 656.000,00 644.000,00 12.000,00

Percentual de Retorno Financeiro 60%


Valor Real doado 8.000,00

* Dedução limitada a 4% do IRPJ devido – R$ 300.000,00


* 4% = R$ 12.000,00

Na situação acima, a empresa não conseguiu recuperar o total


doado uma vez que o valor ultrapassa o limite dedutível de até
4% do imposto devido

18
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Exemplo - Dedutibilidade dos Doações - Lei Rouanet – Art. 18

MÓDULO 5 - GESTÃO
Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 2.000.000,00 2.000.000,00
Doação - 12.000,00
Lucro Antes da Tributação 2.000.000,00 2.000.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 180.000,00 180.000,00 -

(-) Imposto de Renda 300.000,00 300.000,00 -


(-) Adicional de IR 176.000,00 176.000,00 -
Total de Tributos 656.000,00 656.000,00 .
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 12.000,00 12.000,00
Total de Tributos a Pagar 656.000,00 644.000,00 12.000,00

Percentual de Retorno Financeiro 100%


Valor Real doado -

* Dedução limitada a 4% do IRPJ devido – R$ 300.000,00


* 4% = R$ 12.000,00

Neste caso, observando-se o limite permitido para a dedução


do IR, foi possível a recuperação do valor total doado.

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física
Imposto Devido 13.000,00
Doação 1.000,00
Limite dedução doação - 80% 800,00
Limite da Dedução do Imposto - 6% 780,00
Valor não utilizado 20,00

19
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física
Imposto Devido 13.000,00
Doação 975,00
Limite dedução doação - 80% 780,00
Limite da Dedução do Imposto - 6% 780,00
Valor não utilizado 0,00

Ressalta-se que a base para a aplicação do percentual limite


estabelecido não é o valor do imposto a pagar, mas sim o valor
do imposto devido.

20
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DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 5 - GESTÃO

Por fim, é importante verificar se no Estado, e até mesmo no


Município onde a OSC está localizada, existem leis específicas
de incentivo a projetos culturais, e quais as exigências e
requisitos previstos para cada situação.

21
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Lei de Incentivo ao Esporte

A Lei federal de incentivo ao esporte (nº 11.438/06)


concede incentivos para financiamento de projetos desportivos
e paradesportivos.
De acordo com a Constituição Federal, em seu Art. 217,
o esporte é um direito dos cidadãos e deve ser fomentado pelo
Estado. Desta forma, tanto os projetos desportivos (aqueles
voltados a atividades físicas, esportivas e de lazer), quanto os
paradesportivos (os que promovem a participação de pessoas
com deficiência física nessas atividades, inclusive aqueles
que possuem objetivo terapêutico), são incentivados por lei
específica.
A Lei de incentivo ao esporte é regulamentada pelo
Decreto nº 6.180/07, e tem as regras sobre a tramitação, avaliação
e aprovação de projetos, bem como os procedimentos relativos
à captação de recursos, acompanhamento e monitoramento
da execução, e prestação de contas estipulados na Portaria nº
424/20 do Ministério da Cidadania, à qual está vinculada a
Secretaria Especial do Esporte.
Conforme previsto na Lei nº 11.438/06, a dedução dos
valores despendidos a título de doação ou patrocínio tanto pelas
pessoas físicas, quanto pelas pessoas jurídicas, para projetos
desportivos e paradesportivos só poderá ocorrer até o ano de
2022.
Os projetos desportivos e paradesportivos previstos na
lei são divididos em três categorias:

• Desporto educacional – tem como público alvo os


alunos matriculados em instituições de ensino, e visa
o desenvolvimento e a formação para cidadania, além

22
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

de estimular a prática do esporte como lazer. Nessa

MÓDULO 5 - GESTÃO
modalidade de manifestação o esporte é praticado
nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas
de educação, evitando-se a seletividade, a hiper
competitividade de seus praticantes, com a finalidade de
alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua
formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer
• Desporto de participação - caracterizado pela prática
voluntária e pela não exigência de regras formais,
compreende as modalidades desportivas com finalidade
de divulgação, visando contribuir para contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, na
promoção da saúde e educação e na preservação do meio
ambiente. Os projetos devem objetivar o desenvolvimento
do indivíduo através do esporte.
• Desporto de rendimento - caracterizado pela
competitividade e premiação, e os projetos têm como
figura de destaque a presença de atletas em formação (não
profissionais), podendo ser compreendido das seguintes
formas:

1. Desporto de rendimento: praticado segundo regras
nacionais e internacionais, com a finalidade de obter
resultados e integrar pessoas e comunidades do País e
estas com as de outras nações;
2. Desporto de formação: caracterizado pelo fomento e
aquisição inicial dos conhecimentos desportivos que
garantam competência técnica na intervenção desportiva,
com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo
e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos,
competitivos ou de alta competição.

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

O que diferencia a doação do patrocínio na Lei de


incentivo ao esporte

De acordo com a Lei nº 11.438/06, a doação configura


como uma a transferência gratuita, em caráter definitivo, de
numerário, bens ou serviços para a realização de projetos
desportivos e paradesportivos, desde que não sejam empregados
em publicidade. A doação ainda pode contemplar a distribuição
gratuita de ingressos para eventos de caráter esportivo a
empregados e seus dependentes legais, ou a integrantes de
comunidades de vulnerabilidade social.
Já o patrocínio corresponde a uma transferência gratuita,
em caráter definitivo, de numerário para a realização de projetos
desportivos e paradesportivos, com finalidade promocional
e institucional de publicidade, podendo também haver a
cobertura de gastos ou a utilização de bens, móveis ou imóveis,
do patrocinador, sem transferência de domínio, para a realização
de eventos esportivos.

Exigências e Proibições

Para serem alcançados pelos benefícios trazidos


pela Lei de Incentivo ao Esporte, os projetos financiados não
podem prever a remuneração de atletas profissionais, e nem
o pagamento de quaisquer despesas relativas à manutenção e
organização de equipes profissionais de alto rendimento.
A lei também proíbe a realização de despesas relativas
à aquisição de espaços publicitários em qualquer meio de
comunicação, e a cobrança de mensalidade, ingresso e inscrição
dos beneficiários dos projetos.

24
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

É ainda vedada a concessão de incentivo a projeto

MÓDULO 5 - GESTÃO
em que haja comprovada capacidade de atrair investimentos,
independente dos incentivos previstos na Lei nº 11.438/06,
ou a projeto que venha a ser desenvolvido em circuito privado,
assim considerado aquele em que o público destinatário seja
previamente definido, em razão de vínculo comercial ou
econômico com o patrocinador, doador ou proponente.
Os projetos, respeitadas as suas peculiaridades,
deverão contemplar medidas que garantam acesso às pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e
às pessoas idosas em atividades de esporte e lazer, com
medidas de acessibilidade compatíveis com as características
do objeto, sem prejuízo de outras garantias previstas em
legislação específica.

Regras e Requisitos

Como acontece com a área de cultura, as entidades


privadas sem fins lucrativos não recebem diretamente os
valores para utilizarem em suas atividades ou em outros fins.
As doações devem ser realizadas a projetos por ele aprovados
pelo Ministério da Cidadania. Inicialmente é necessária que a
entidade esteja cadastrada no Ministério da Cidadania, no sítio
eletrônico da Secretaria Especial do Esporte, e comprove sua
natureza esportiva através dos objetivos e atividades previstas
no seu estatuto, precisando possuir, no mínimo, 1 (um) ano de
funcionamento. O passo seguinte é a elaboração de proposta
de projeto esportivo, que deve ser apresentada ao Ministério
do Esporte entre 01 de fevereiro e 15 de setembro de cada
ano. É permitida a apresentação de até 6 (seis) propostas por
entidade.

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pontos importantes relacionados às propostas de


projetos

As entidades de natureza desportiva que pretendam


apresentar projetos desportivos ou paradesportivos deverão
se cadastrar previamente no sítio eletrônico do Ministério
da Cidadania na internet, em campo específico – LIE, Lei de
Incentivo ao Esporte.
As informações cadastrais e suas atualizações são de
inteira responsabilidade da entidade de natureza desportiva
interessada.
A documentação relativa aos projetos desportivos ou
paradesportivos deverá ser elaborada, de forma digitalizada,
devendo ser inserido no Sistema da Lei de Incentivo ao Esporte.
A capacidade técnico-operativa deverá ser comprovada
por meio de informações que esclareçam as características,
propriedades e habilidades do proponente, dos membros ou
de terceiros associados envolvidos diretamente na execução
do projeto apresentado, e a apresentação de documentos,
tais como: relatório de eventos já realizados, apresentação da
capacidade instalada, do pessoal técnico e operacional que
integram a entidade, fotos, reportagens, publicações e sítios,
parcerias com entidades que possuam expertise na execução de
projetos.
É necessário que a capacidade técnico-operativa esteja
condicionada à existência de relação entre o projeto desportivo
ou paradesportivo apresentado e as atividades regulares e
habituais do proponente.

26
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Como se dá a dedução do imposto

MÓDULO 5 - GESTÃO
Uma vez aprovado o projeto, a entidade estará
autorizada a captar recursos junto a pessoas físicas e a pessoas
jurídicas tributadas pelo lucro real, que se beneficiarão com a
dedução do imposto de renda.
As pessoas físicas que contribuírem com projetos
desportivos ou paradesportivos poderão deduzir até 6% do
imposto de renda, enquanto as pessoas jurídicas poderão
deduzir até 1% do tributo devido.
Desta forma, é possível recuperar até 100% da doação
ou do patrocínio, abatendo-se tal valor do imposto a pagar. As
pessoas físicas também podem utilizar o incentivo fiscal para
aumentar o valor do imposto a restituir.

PRONON e PRONAS/PCD

A Lei Federal nº 12.715/12 estipula as regras para


os incentivos fiscais concedidos a projetos vinculados ao
Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica - PRONON
e ao Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da
Pessoa com Deficiência - PRONAS/PCD.
A Lei de incentivo ao PRONON e ao PRONAS/PCD é
regulamentada pelo Decreto nº 7.988/13, e tem as regras
e os critérios para o credenciamento de instituições e para
apresentação, recebimento, análise, aprovação, execução,
acompanhamento, prestação de contas e avaliação de
resultados de projetos estipulados na Portaria nº 1.550/14
do Ministério da Saúde.
Conforme previsto na Lei nº 12.715/12, a dedução
dos valores despendidos a título de doação ou patrocínio

27
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

pelas pessoas físicas poderá ocorrer até o ano de 2020, e pelas


pessoas jurídicas até o ano de 2021.
A manutenção do incentivo fiscal para o PRONON e
ao PRONAS ocorreu devido à relevância e importância dos
programas para a saúde pública de nosso país.

O que diferencia a doação do patrocínio na Lei de


incentivo ao PRONON e PRONAS/PCD

De acordo com a Lei nº 12.715/12, as doações são


caracterizadas pelas transferências de quantias em dinheiro ou
de bens móveis ou imóveis, pelo comodato ou cessão de uso
de bens imóveis ou equipamentos, pela realização de despesas
em conservação, manutenção ou reparos nos bens móveis,
imóveis e equipamentos, e ainda pelo fornecimento de material
de consumo, hospitalar ou clínico, de medicamentos ou de
produtos de alimentação.
Já os patrocínios têm como principal objetivo a prestação
do incentivo com finalidade promocional, como por exemplo, o
apoio a projetos com o intuito da divulgação de marca pessoal
ou empresarial.

O que é o Programa Nacional de Apoio à Atenção


Oncológica – PRONON

O PRONON tem a finalidade de captar e canalizar recursos


para a prevenção e o combate ao câncer, englobando a promoção
da informação, a pesquisa, o rastreamento, o diagnóstico, o
tratamento, os cuidados paliativos e a reabilitação referentes às
neoplasias malignas e afecções correlatas.

28
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 5 - GESTÃO
O programa prevê a realização de ações e serviços
de atenção oncológica, desenvolvidos por associações ou
fundações de direito privado, sem fins lucrativos, detentoras
do Certificado de Entidades Beneficente de Assistência Social
– CEBAS, ou qualificadas como Organizações Sociais – OS,
ou qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público - OSCIP.
As ações e os serviços a serem apoiados com os
recursos captados por meio do PRONON compreendem a
prestação de serviços médico-assistenciais; a formação, o
treinamento e o aperfeiçoamento de recursos humanos em
todos os níveis; além da realização de pesquisas clínicas,
epidemiológicas e experimentais ligadas à oncologia.

O que é o Programa Nacional de Apoio à Atenção da


Saúde da Pessoa com Deficiência - PRONAS/PCD

O PRONAS/PCD tem a finalidade de captar e canalizar


recursos destinados a estimular e desenvolver a prevenção e a
reabilitação da Pessoa Com Deficiência (PCD), compreendendo
a promoção, prevenção, diagnóstico precoce, tratamento,
reabilitação e indicação e adaptação de órteses, próteses e
meios auxiliares de locomoção, em todo o ciclo de vida.
O programa prevê a realização de ações e serviços
de reabilitação e tratamento das pessoas com deficiências
físicas, motoras, auditivas, visuais, mentais, intelectuais,
múltiplas e de autismo, desenvolvidos por pessoas jurídicas
de direito privado sem fins lucrativos, portadoras do CEBAS, ou
qualificadas como OS ou OSCIP, ou que prestem atendimento
direto e gratuito às pessoas com deficiência, cadastradas no

29
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Sistema Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde -


SCNES do Ministério da Saúde.
As ações e os serviços apoiados com as doações e os
patrocínios captados por meio do PRONAS/PCD compreendem
a prestação de serviços médico-assistenciais; a formação,
treinamento e aperfeiçoamento de recursos humanos em todos
os níveis; e a realização de pesquisas clínicas, epidemiológicas e
experimentais relativas à reabilitação de PCD.

Exigências e Proibições

Para participar do desenvolvimento de ações e serviços


no âmbito do PRONON e do PRONAS/PCD, as instituições devem
apresentar projetos para avaliação e aprovação pelo Ministério
da Saúde - MS.
Os projetos deverão conter a identificação da instituição
e comprovante de qualificação (CEBAS, OS, OSCIP, ou CNES), a
discriminação das ações e serviços a serem executados no âmbito
do respectivo Programa; a demonstração da compatibilidade
entre as atividades propostas e as áreas de atuação prioritárias
definidas pelo MS; a descrição da estrutura física e de recursos
materiais e humanos a serem utilizados; a estimativa de recursos
financeiros para início e término da execução do projeto; a
declaração da respectiva direção do SUS, no caso de atuação
complementar voluntária ao Sistema Único de Saúde; e o
cronograma de execução.
As propostas de projetos não poderão solicitar o custeio
dos serviços já realizados na instituição, tampouco o pagamento
de profissionais que já atuam no local, exceto nos casos em que
houver a necessidade e possibilidade de se aumentar a carga
horária desses profissionais com vistas a permitir a execução das

30
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

atividades relativas ao objeto proposto no projeto. É vedada,

MÓDULO 5 - GESTÃO
também, a contratação de profissionais para execução de
atividades que não apresentem relação com o objeto do
projeto.

Regras e Requisitos

Como podemos observar, as entidades privadas sem


fins lucrativos não recebem diretamente os valores para
utilizarem em suas atividades ou em outros fins. As doações e
patrocínios devem ser realizadas aos projetos aprovados pelo
Ministério da Saúde.
Inicialmente, é necessário que a entidade esteja
credenciada no referido ministério, e comprove sua titulação e
capacidade de executar os projetos. De acordo com a Portaria
MS nº 275/2016, os requerimentos de credenciamento no
PRONON e no PRONAS/PCD deverão ser apresentados entre
1º de junho e 31 de julho de cada ano, para fins de submissão
de projetos no exercício fiscal subsequente.
O passo seguinte, já atendendo às determinações da
Portaria nº 275/2016, é a elaboração de proposta de projeto,
que deve ser protocolada no MS em até 45 dias, contados a
partir da publicação do ato conjunto do Ministério da Saúde e
do Ministério da Fazenda, que estabelece anualmente o valor
global máximo destinado para dedução fiscal. É permitida a
apresentação de até 3 (três) propostas por entidade, por ano,
em cada um dos programas. Os projetos terão duração máxima
de 24 meses.

31
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Pontos importantes relacionados às propostas de


projetos

As instituições interessadas em participar do


desenvolvimento de ações e serviços deverão obter prévio
credenciamento perante o Ministério da Saúde, mediante
requerimento específico para cada um dos programas.
A participação das instituições na realização de projetos
não poderá ocorrer em prejuízo de suas atividades prestadas ao
SUS, não podendo compreender o quantitativo executado ou
em execução:

• Por meio de contratos, convênios e instrumentos congêneres


firmados com órgãos e entidades integrantes do SUS; e
• Para obtenção do Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social - CEBAS, que trata a Lei nº 12.101/09.

Os projetos não poderão solicitar o custeio dos


serviços já realizados na instituição, tampouco o pagamento de
profissionais que já atuam no local, exceto nos casos em que
houver a necessidade e possibilidade de se aumentar a carga
horária desses profissionais com vistas a permitir a execução das
atividades relativas ao objeto proposto no projeto.
Em nenhuma hipótese será admitida contratação de
profissionais para execução de atividades que não apresentem
relação com o objeto do projeto.
O valor de cada projeto apresentado está limitado a até
5% (cinco por cento) do valor global máximo destinado para
dedução fiscal, estabelecido anualmente em ato conjunto do
Ministério da Saúde e do Ministério da Fazenda.

32
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

O prazo para execução do projeto poderá ser de até

MÓDULO 5 - GESTÃO
24 (vinte e quatro) meses, exceto quando se tratar de projetos
de pesquisa, hipótese em que o prazo de execução poderá ser
de até 36 (trinta e seis) meses.
A comprovação da capacidade técnico-operativa da
instituição será aceita pelo Ministério da Saúde na condição
de que o objeto a ser executado no projeto apresentado seja
próprio das atividades regulares e habituais desenvolvidas
pela instituição proponente.
O projeto deverá apresentar orçamento detalhado,
contendo todos os custos envolvidos para alcance dos
objetivos, informando a natureza das despesas e as categorias
dos gastos.
As despesas referentes aos serviços de elaboração
do projeto e de captação de recursos deverão ser detalhadas
na planilha de custos do projeto, sendo obrigatório o seu
destaque em relação aos demais itens de despesas.
A elaboração do projeto e a captação de recursos
poderão ser realizadas por profissionais contratados para
este fim, desde que as despesas somadas não ultrapassem
5% (cinco por cento) do valor total previsto para o projeto,
limitada ao teto de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Serão admitidas como despesas administrativas:

• Material de consumo para escritório;


• Locação de imóvel para atender os objetivos do projeto
durante a sua execução;
• Serviços de postagens e correios;
• Transporte e deslocamento de pessoal administrativo;
• Conta de telefone, de água, de luz e de internet;

33
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Honorários de pessoal administrativo, serviços contábeis


e advocatícios contratados para execução do projeto e
respectivos encargos sociais; e
• Outras despesas administrativas restritas, indispensáveis à
execução dos projetos, assim consideradas pelo Ministério
da Saúde, desde que especificadas no projeto e no seu
respectivo orçamento.

Para execução dos projetos, somente será permitida


a realização de despesas com obras em imóveis se referentes
a reformas, incluindo-se ações de conservação, manutenção
e reparos, ficando vedada a realização de investimentos com
ampliação e construção de imóveis.

Como se dá a dedução do imposto

Uma vez aprovado o projeto, a entidade estará autorizada


a captar recursos junto a pessoas físicas e a pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro real, que se beneficiarão com a dedução do
imposto de renda.
As pessoas físicas e jurídicas que contribuírem com
projetos relacionados ao PRONON e ao PRONAS/PCD poderão
deduzir até 1% do imposto de renda, para cada programa.
Desta forma, é possível recuperar até 100% da doação
ou do patrocínio, abatendo-se tal valor do imposto a pagar. As
pessoas físicas também podem utilizar o incentivo fiscal para
aumentar o valor do imposto a restituir.

34
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Direitos da Criança e do Adolescente

MÓDULO 5 - GESTÃO
As informações sobre os incentivos fiscais relativos aos
Direitos da Criança e do Adolescente encontram-se previstos
no Art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei
Federal nº 8.069/90.
De acordo com a Constituição Federal, em seu Art.
227, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. Desta forma, as
doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
são incentivadas por lei específica.
Diferente do que vimos com relação às outras lei
de incentivo, quando os repasses poderiam ser realizados
diretamente às instituições com projetos aprovados (cultura,
desportos, PRONON e PRONAS/PCD), o ECA estipula que as
doações devem ser direcionadas aos fundos dos direitos da
criança e do adolescente, que podem ser constituídos nas
esferas federal, distrital, estadual e municipal.

Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente –


FDCA

Os fundos dos direitos da criança e do adolescente


são constituídos para facilitar e dinamizar o processo de
captação, repasse, aplicação e controle de recursos destinados
à implementação e desenvolvimento de ações relacionadas,

35
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

prioritariamente, aos programas de proteção especial às crianças


e aos adolescentes expostos a situações de risco pessoal e social,
cujas necessidades de atenção não conseguem ser alcançadas
pelas políticas sociais básicas.
Esses fundos precisam ser cadastrados na Receita
Federal do Brasil – RFB, para que possam receber as doações
dedutíveis do Imposto de Renda. Os recursos recebidos pelos
fundos serão administrados e movimentados pelos Conselhos
dos Direitos das Criança e do Adolescente.

Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente


– CDCA

Os conselhos são órgãos públicos paritários, ou seja,


constituídos por um número igual de representantes do poder
público e das Organizações da Sociedade Civil – OSC. Por
isso esses conselhos são considerados como canais legais
de participação da social, sendo responsáveis pela gestão
dos recursos dos fundos, e pela elaboração de normas,
acompanhamento, e fiscalização das políticas públicas voltadas
para as crianças e adolescentes.

Acesso aos recursos dos fundos

Para ter acesso aos recursos dos fundos, as organizações


que prevejam nos seus estatutos a defesa dos direitos da criança
e do adolescente (vida e saúde; liberdade, respeito e dignidade;
convivência familiar e comunitária; educação, cultura, esporte
e lazer; profissionalização e proteção no trabalho) necessitam,
inicialmente, estar credenciadas no conselho nacional, distrital,
estadual e/ou municipal.

36
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Cada Conselho define a forma de aplicação dos

MÓDULO 5 - GESTÃO
recursos, no entanto o procedimento usual é o repasse
mediante seleção e aprovação de projetos, cujas regras e
requisitos são estipulados em editais.
De acordo com o Art. 12 da Resolução nº 137/10 do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
- CONANDA, a definição quanto à utilização dos recursos
dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente deve
competir única e exclusivamente aos Conselhos dos Direitos.
No entanto, dentre as prioridades do plano de ação aprovado
pelo Conselho de Direitos, deve ser facultado ao doador/
destinador indicar, aquela ou aquelas de sua preferência para
a aplicação dos recursos doados/destinados.
Esta Resolução está sendo contestada pelo Ministério
Público Federal, sob a alegação de o CONANDA não ter
competência para tratar de assuntos relativos a doações

Como se dá a dedução do imposto

As pessoas físicas que contribuírem com os fundos


poderão deduzir até 6% do imposto de renda, enquanto as
pessoas jurídicas poderão deduzir até 1% do tributo devido.
Às pessoas físicas, é ainda permitido realizar a dedução
do imposto no mesmo ano da elaboração da declaração do
Imposto de Renda (DIRPF), desde que doação ao fundo seja
efetuada até o último dia previsto para a apresentação da
declaração. No entanto, neste caso, o limite de dedução do
imposto cai para 3%.

37
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Como ocorre com as demais leis de incentivo, é possível


recuperar até 100% da doação, abatendo-se tal valor do imposto
a pagar. As pessoas físicas também podem utilizar o incentivo
fiscal para aumentar o valor do imposto a restituir.
Assim como o esporte, a proteção aos direitos da
criança e do adolescente é um direito constitucional, e a lei
de incentivo permite a captação de recursos para os fundos,
que posteriormente os distribuem entre as OSC credenciadas,
que atendam aos requisitos estipulados para a celebração de
parcerias.
Para aqueles municípios que ainda não possuem, cabe,
em parceria com as OSC, criar os fundos municipais, e realizar o
cadastro junto à Receita Federal do Brasil para que possam ter
acesso aos recursos doados, e assim direcioná-los para ações de
proteção aos direitos da criança e do adolescente.

Direitos do Idoso

Finalizando a relação de leis de incentivo no âmbito


federal, apresentamos o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/03, e a
norma que institui o Fundo Nacional do Idoso e autoriza deduzir
do imposto de renda devido pelas pessoas físicas e jurídicas as
doações efetuadas aos Fundos Municipais, Estaduais e Nacional
do Idoso, Lei nº 12.213/10.
De acordo com a Constituição Federal, em seu Art.
230, é dever da família, da sociedade e do Estado amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o
direito à vida. Com base nessas premissas constitucionais,
as doações aos Fundos dos Direitos do Idoso passaram a ser
incentivadas por lei específica.

38
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

De forma análoga ao que acontece com o Estatuto da

MÓDULO 5 - GESTÃO
Criança e do Adolescente, a lei de incentivo aos direitos do
idoso estipula que os valores doados devem ser direcionados
aos fundos específicos, que também podem ser constituídos
nas esferas federal, distrital, estadual e municipal.

Fundos dos Direitos do Idoso

Os fundos dos direitos do idoso são constituídos


para facilitar e dinamizar o processo de captação, repasse,
aplicação e controle de recursos destinados à implementação
e desenvolvimento de ações relacionadas, prioritariamente,
aos programas de proteção especial à pessoa idosa.
Esses fundos precisam ser cadastrados na Receita
Federal do Brasil – RFB, para que possam receber as doações
dedutíveis do Imposto de Renda. Os recursos recebidos pelos
fundos serão administrados e movimentados pelos Conselhos
do Idoso.

Conselhos dos Direitos do Idoso

Os conselhos dos direitos do idoso são entidades


públicas paritárias, constituídas por número igual de
representantes do poder público e das Organizações da
Sociedade Civil – OSC. Desta forma, esses conselhos são
considerados como canais legais de participação social,
sendo responsáveis pela gestão dos recursos dos fundos, e
pela elaboração de normas, acompanhamento, e fiscalização
das políticas públicas voltadas para as pessoas idosas.

39
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Acesso aos recursos dos fundos

Para ter acesso aos recursos dos fundos, as organizações


que prevejam nos seus estatutos a defesa dos direitos do
idoso (vida; liberdade, respeito e dignidade; alimentos; saúde;
educação, esporte e lazer; profissionalização e trabalho;
previdência social; assistência social; habitação; e transporte)
necessitam, inicialmente, estar credenciadas no conselho
nacional, distrital, estadual e/ou municipal.
Cada Conselho define a forma de aplicação dos recursos,
no entanto o procedimento usual é o repasse mediante seleção e
aprovação de projetos, cujas regras e requisitos são estipulados
em editais.

Importância da proteção aos direitos do idoso

De acordo com as projeções das Nações Unidas, 1 em cada 9


pessoas no mundo tem 60 anos ou mais. O estudo aponta ainda
que no ano de 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos que
crianças menores de 15 anos.

Como se dá a dedução do imposto

As pessoas físicas que contribuírem com os fundos


poderão deduzir até 6% do imposto de renda, enquanto as
pessoas jurídicas poderão deduzir até 1% do tributo devido.
A partir do ano de 2020. as pessoas físicas passaram
também a poder realizar a dedução do imposto no mesmo ano
da elaboração da declaração do Imposto de Renda (DIRPF),
desde que doação ao fundo seja efetuada até o dia 30 de abril.
No entanto, neste caso, o limite de dedução do imposto também

40
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

cai para 3%, não sendo concorrente dos 3% que podem ser

MÓDULO 5 - GESTÃO
doados para os fundos do direito da criança e do adolescente.
Como ocorre com as demais leis de incentivo, é
possível recuperar até 100% do valor doado, abatendo-se tal
valor do imposto a pagar. As pessoas físicas também podem
utilizar o incentivo fiscal para aumentar o valor do imposto a
restituir.
Os direitos do idoso também estão previstos na
Constituição Federal, e a lei de incentivo permite a captação
de recursos para os fundos, que posteriormente os distribuem
entre as OSC credenciadas, que atendam aos requisitos
estipulados para a celebração de parcerias.
Para aqueles municípios que ainda não possuem,
cabe, em parceria com as OSC, criar os fundos municipais, e
realizar o cadastro junto à Receita Federal do Brasil para que
possam ter acesso aos recursos doados, e assim direcioná-los
para ações de proteção aos direitos do idoso.

41
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Leis de Incentivo -


Pessoa Jurídica (Esporte, PRONON e PRONAS/PCD, Criança e
Adolescente, e Idoso)
Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 1.000.000,00 1.000.000,00
Doação - 2.000,00
Lucro Antes da Tributação 1.000.000,00 1.000.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 90.000,00 90.000,00 -

(-) Imposto de Renda 150.000,00 150.000,00 -


(-) Adicional de IR 76.000,00 76.000,00 -
Total de Tributos 316.000,00 316.000,00 .
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 1.500,00 1.500,00
Total de Tributos a Pagar 316.000,00 314.500,00 1.500,00

Percentual de Retorno Financeiro 75%


Valor Real doado 500,00

* Dedução limitada a 1% do IRPJ devido – R$ 150.000,00


* 1% = R$ 1.500,00

42
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Leis de Incentivo -

MÓDULO 5 - GESTÃO
Pessoa Jurídica (Esporte, PRONON e PRONAS/PCD, Criança e
Adolescente, e Idoso)
Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 1.000.000,00 1.000.000,00
Doação - 1.500,00
Lucro Antes da Tributação 1.000.000,00 1.000.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 90.000,00 90.000,00 -

(-) Imposto de Renda 150.000,00 150.000,00 -


(-) Adicional de IR 76.000,00 76.000,00 -
Total de Tributos 316.000,00 316.000,00 .
(-) Dedução de até 40% da doação no IR* - 1.500,00 1.500,00
Total de Tributos a Pagar 316.000,00 314.500,00 1.500,00

Percentual de Retorno Financeiro 100%


Valor Real doado -

* Dedução limitada a 1% do IRPJ devido – R$ 150.000,00


* 1% = R$ 1.500,00

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física (Esporte, Criança e Adolescente, e Idoso)
Imposto Devido 13.000,00
Doação 1.000,00
Limite da Dedução do Imposto - 6% 780,00
Valor não utilizado 220,00

43
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física (Esporte, Criança e Adolescente, e Idoso)
Imposto Devido 13.000,00
Doação 780,00
Limite da Dedução do Imposto - 6% 780,00
Valor não utilizado 0,00

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física PRONON E PRONAS / PCD
Imposto Devido 13.000,00
Doação 300,00
Limite da Dedução do Imposto - 1% 130,00
Valor não utilizado 170,00

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - Lei Rouanet – Pessoa


Física PRONON E PRONAS / PCD
Imposto Devido 13.000,00
Doação 130,00
Limite da Dedução do Imposto - 1% 130,00
Valor não utilizado 0,00

44
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 5 - GESTÃO

45
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Outras fontes de sustentabilidade previstas na


legislação

A Lei nº 13.019/14 – MORSC, visando ampliar as fontes de


captação de recursos das instituições, e assim contribuir com
sua sustentabilidade, previu que as OSCs poderiam:

• Receber doações de empresas; e


• Receber bens móveis considerados irrecuperáveis,
apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados
pela Secretaria da RFB; e

Recentemente, a Lei nª 14.027/20 alterou a Lei nº 5.768/71,


trazendo novas regas para as Organizações da Sociedade Civil
– OSCs com relação a realização de sorteios, e outras operações
assemelhadas, com o intuito de arrecadar recursos adicionais
destinados à sua manutenção ou custeio.

Doações diretas para OSCs

As entidades sem fins lucrativos caracterizadas como


OSCs podem apenas receber doações dedutíveis de pessoas
jurídicas tributadas pelo lucro real. Neste caso, as empresas não
deduzem diretamente a doação realizada do valor do imposto
a pagar como nas leis de incentivo vistas anteriormente, mas
da base de cálculo, o que, consequentemente, reduz o valor
do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido – CSLL a pagar.
Importante ressaltar que até a publicação da Lei da
referida lei, apenas as entidades sem fins lucrativos, criadas por
lei, que prestassem serviços gratuitos, ou aquelas detentoras do

46
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

título de Utilidade Pública Federal – UPF, ou da qualificação

MÓDULO 5 - GESTÃO
como Organização da Sociedade Civil de interesse Público –
OSCIP, poderiam se beneficiar com esse tipo de doação.
Ao realizar tais as doações, e tomando por base o
Art. 13 da Lei nº 9.249/95, é permitido às empresas registrar
o valor doado como despesa, até o limite de 2% do seu
lucro operacional, reduzindo, assim, a base de cálculo, e
consequentemente o valor que iria pagar de Imposto de
Renda - IR e de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido –
CSLL.
Inicialmente, para fazer jus às doações dedutíveis a
entidade precisa estar caracterizada como Organização da
Sociedade Civil – OSC, conforme Art. 2º, I da Lei nº 13.019/14.
Também, é necessário que possua em seu estatuto ao menos
uma das atividades descritas abaixo, de acordo com o Art.
84-C da mesma lei:

• Assistência social;
• Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável;
• Promoção do voluntariado;
• Desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
• Experimentação, não lucrativa, de novos modelos
socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção,
comércio, emprego e crédito;

47
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Promoção de direitos estabelecidos, construção de


novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
• Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
humanos, da democracia e de outros valores universais;
• Organizações religiosas que se dediquem a atividades de
interesse público e de cunho social distintas das destinadas
a fins exclusivamente religiosos;
• Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às
atividades acima mencionadas.

Apesar de a Lei nº 13.019/14 sem referir ao limite de


2% sobre a Receita, para fins de limite a ser observado pela
empresa doadora, como pode ser observado, a Lei nº 9.249/95,
que trata das despesas dedutíveis, determina que o limite é de
2% do lucro operacional.
Para pôr fim a qualquer dúvida, em 2017, a Receita
Federal publicou a IN nº 1.700, ratificando o limite de 2% sobre
o lucro operacional.
Observados e atendidos os requisitos ora descritos, as
doações para OSC devem ocorrer mediante crédito em conta
corrente bancária de titularidade da entidade beneficiária,
mesmo quando realizadas em dinheiro.
A entidade beneficiária da doação deverá fornecer à
empresa doadora uma declaração contendo a identificação da
pessoa física responsável pelo seu cumprimento, conforme
modelo disponibilizado pela Receita Federal do Brasil – RFB
(IN SRF nº 87/96), na qual se compromete a não distribuir
lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores

48
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto; e aplicar

MÓDULO 5 - GESTÃO
integralmente os recursos recebidos na realização de seus
objetivos sociais.
Devido à extinção do Título de Utilidade Pública
Federal, bem como da previsão legal de que o benefício
aqui tratado independe de qualquer titulação, o campo 3 do
modelo de Declaração disponibilizado pela RFB não precisa
ser mais preenchido pela OSC.

49
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Já, a pessoa jurídica doadora precisa arquivar o


documento, mantendo-o à disposição da fiscalização da RFB,
uma vez que o mesmo será utilizado para o registro da operação
financeira, e comprovação da redução do imposto.
Nas situações aqui descritas, a contabilização da doação
como despesa, respeitando-se os limites previstos na lei,
permite a recuperação de 34% do valor doado. Isto é, a cada R$
1.000,00 (mil reais) doados por empresas tributadas pelo lucro
real para OSC é gerada a dedução de R$ 340,00 (trezentos e
quarenta reais) nos impostos a pagar.
Deste modo, apenas o restante, R$ 660,00 (seiscentos
e sessenta reais), sai do “bolso” da empresa. A outra parte
configura o valor imposto que seria pago ao fisco, e que passará
a beneficiar diretamente uma organização do terceiro setor
devidamente reconhecida pela sua importância social.

Exemplo - Dedutibilidade das Doações - OSC


Apuração dos Tributos Sem Doação Com Doação Economia
Tributária
Resultado 400.000,00 400.000,00
Doação - 8.000,00
Lucro Antes da Tributação 400.000,00 392.000,00

(-) Contrib. Social sobre Lucro Líquido 36.000,00 35.280,00 720,00

(-) Imposto de Renda 60.000,00 58.800,00 1.200,00


(-) Adicional de IR 16.000,00 15.200,00 800,00
Total de Tributos 112.000,00 109.280,00 2.720,00
-
Lucro Líquido 288.000,00 282.720,00 .

Percentual de Retorno Financeiro 34%


Valor Real doado 5.280,00

50
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Doação de Mercadorias pela Receita Federal do

MÓDULO 5 - GESTÃO
Brasil - RFB

As Organizações da Sociedade Civil - OSC, que


apresentam entre seus objetivos sociais pelo menos uma das
finalidades previstas na previstas na Lei nº 13.019/14 podem
receber Mercadorias Apreendidas administradas pela RFB.
Para tanto, o representante legal da entidade, que
conste na ata de posse da diretoria atual, ou do estatuto
ou de outro ato constitutivo da entidade deverá apresentar
requerimento constando:

• Nome e razão social da OSC;


• Número da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas
Jurídicas CNPJ;
• Endereço, telefone e, quando houver, e-mail do
interessado;
• Finalidade do pedido;
• Descrição e quantificação dos materiais solicitados;
• Identificação e assinatura do representante legal da
organização da sociedade civil.

A solicitação deve ser voltada para bens que possam


ser utilizados ou consumidos pela entidade, conforme previsto
em seus estatutos, em quantidades e tipos compatíveis com
a sua necessidade ou com o público alvo a quem se propõe a
prestar assistência.
O representante legal da entidade que assinará
o pedido deverá embasar seu pleito em critérios de
proporcionalidade e razoabilidade relativos à quantidade e à
espécie do bem, à capacidade de sua utilização ou consumo, à

51
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

natureza da atividade e à necessidade dos bens para consecução


dos objetivos da entidade.
Importante ressaltar que a mercadoria recebida em
doação passa a integrar o patrimônio da entidade, devendo
ser utilizada ou consumida na forma da legislação pertinente,
cabendo ao beneficiário observar eventuais exigências
relativas a análises, inspeções, autorizações, certificações e
outras previstas em normas ou regulamentos, sujeitando-se à
fiscalização de órgãos de controle.

Regras especiais para repasse a Pessoas Físicas (bazares, feiras
ou distribuição gratuita)

As OSCs poderão repassar as mercadorias somente a pessoas


físicas, desde que a transferência não seja vedada pela RFB, nas
seguintes hipóteses:

• Distribuição gratuita em programas relacionados às


atividades-fim da instituição; e
• Venda em feiras, bazares ou similares promovidos pelo
beneficiário, restrito ao uso ou consumo da pessoa física
adquirente, desde que os recursos auferidos sejam aplicados
em programas relacionados com as atividades-fim da OSC.

As mercadorias destinadas a OSCs que forem adquiridas


por pessoa física em feiras, bazares ou similares não poderão ser
utilizadas para venda no comércio.
As instituições que repassarem as mercadorias recebidas
por doação a pessoas físicas por meio de feiras, bazares ou
similares deverão emitir recibos, que deverão ser guardados à
disposição das autoridades competentes por 2 anos, sob pena

52
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

de exclusão do rol de instituições que podem ser beneficiadas

MÓDULO 5 - GESTÃO
com a destinação de mercadorias apreendidas. Nos recibos
deverão constar:

• A discriminação das mercadorias com indicação da


respectiva quantidade;
• A identificação dos adquirentes; e
• A restrição de que não poderão ser utilizadas para venda
no comércio.

Caso seja autorizado o atendimento pela autoridade


da RFB a quem foi encaminhado o pedido, e havendo
disponibilidade dos bens solicitados, a entidade será
contactada para apresentar a documentação necessária, cujo
encaminhamento por ser feito por e-mail, em até 30 dias
depois de notificada, sob pena de a solicitação ser arquivada.

Os documentos a serem apresentados são:

• Solicitação formalizada pelo dirigente e autorizada para


atendimento;
• Cópia da ata de eleição do quadro dirigente atual que
comprove a investidura do dirigente que tenha assinado
o pedido como representante legal da entidade; e cópia
do documento de identidade com assinatura igual à da
solicitação.
• Comprovante de inscrição no CNPJ, emitido no sítio
eletrônico oficial da RFB, que demonstre a situação
cadastral igual a “ativa” por, no mínimo, 3 anos;
• Certidão Negativa de Débitos relativos aos Créditos
Tributários Federais e à Dívida Ativa da União;

53
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Certificado de Regularidade do FGTS;


• Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas;
• Cópia do estatuto registrado e suas alterações que
demonstrem que a entidade é regida por normas de
organização interna que prevejam, expressamente, objetivos
voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância
pública e social, apresentando entre seus objetivos sociais
pelo menos uma das seguintes finalidades:

Restrições em ano de eleições

É vedada, no ano em que se realizar eleição, a destinação


de quaisquer mercadorias apreendidas ou abandonadas, na
forma de doação, a OSCs, sendo vedada também a entrega de
mercadorias aos beneficiários nesse ano.

Realização de Sorteios, Distribuição de Prêmios e


Brindes

A Lei nº 14.027/20 trouxe novas regras para as


instituições caracterizadas como OSCs relativas à distribuição
ou promessa de distribuição de prêmios, realização de sorteios,
vale-brindes, concursos ou operações assemelhadas, com
o intuito de arrecadar recursos adicionais destinados à sua
manutenção ou custeio.

Distribuição de Prêmios é estratégia de marketing que


consiste na distribuição gratuita de prêmios visando alavancar a
venda de produtos ou serviços, e/ou a promoção de marcas ou
imagens, dentre outros.

54
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Sorteio corresponde à modalidade de distribuição

MÓDULO 5 - GESTÃO
gratuita de prêmios, na qual são distribuídos elementos
sorteáveis, numerados em séries, que tem os contemplados
definidos com base nos resultados da extração da Loteria
Federal ou com a combinação de números desses resultados.

Vale-brinde diz respeito à modalidade de distribuição
gratuita de prêmios, na qual as organizações autorizadas
colocam o brinde, o objeto, no interior do produto de sua
fabricação ou dentro do respectivo envoltório, atendendo às
normas prescritas de saúde pública e de controle de pesos e
medidas.

Concurso é a modalidade de promoção comercial
mediante previsões, cálculos, testes de inteligência, seleção de
predicados ou competição de qualquer natureza. A apuração
do concurso pode ser feita na sede da organização autorizada
ou nos auditórios de estações de rádio ou de televisão, com
ingresso franqueado ao público.
Por fim, Operação Assemelhada engloba a combinação
de fatores apropriados a cada uma das modalidades de
distribuição gratuita de prêmios, preservando-se os conceitos
originais, como meio de habilitar concorrentes e apurar os
ganhadores.
Dentre essas modalidades, a mais comum para as
OSCs é o sorteio, que atualmente é disciplinado pela Lei nº
5.678/71 (atualizada pela Lei nº 14.027/20), que para a sua
realização devem ser observados os seguintes critérios e
exigências:

55
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Os sorteios obedecerão aos resultados da extração das


Loterias Federais (exceção: sorteio realizado exclusivamente
em programas públicos nos auditórios das estações de rádio
ou de televisão;
• É proibida a distribuição ou conversão dos prêmios em
dinheiro;
• É proibida a participação de entidades beneficiadas em
campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob
quaisquer meios ou formas;
• Requer autorização prévia por parte do Ministério da
Economia;
• As OSCs precisam:
1. Indicar precisamente a destinação dos recursos a obter
através da mencionada autorização; ✓
2. Provar que a propriedade dos bens a sortear é originada de
doação de terceiros, devidamente formalizada.

Sempre que for comprovado o desvirtuamento da aplicação


dos recursos oriundos dos sorteios autorizados ou o
descumprimento do plano de distribuição de prêmios, serão
aplicadas penalidades às OSCs:
• Cassação da autorização;
• Proibição de realizar tais operações durante o prazo de até
2 anos;
• Multa de 100% da soma dos valores dos bens prometidos
como prêmio.

Será considerada desvirtuamento da aplicação dos


recursos obtidos a interveniência de terceiros, pessoas físicas
ou jurídicas, que de qualquer forma venham a participar dos
resultados da promoção.

56
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Caberá à regulamentação tratar da limitação do

MÓDULO 5 - GESTÃO
número de sorteios e da aplicação de taxa de fiscalização
das operações promovidas por OSCs (atualmente a Taxa
de Distribuição de Prêmios aplicada a empresas é de 10%,
incidente sobre o valor da promoção autorizada, a qual pode
ser paga em tantas parcelas mensais, iguais e sucessivas,
quantos forem os meses de duração do plano promocional).

57
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

MÓDULO 6
GESTÃO DE
ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO
SETOR

Coordenador: Professor Nailton Cazumbá


E-mail: sec.instituto@apaebrasil.org.br

telefone: (61) 3224-9922


ÍNDICE
TIPOS DE PARCERIA .............................................................................................5
LEI 13.019/14 – MROSC ..........................................................................................5
Fundamentos ............................................................................................................ 5
Princípios .................................................................................................................. 5
Objetivos ................................................................................................................... 6
Conceituação de Organizações da Sociedade Civil - OSC.................................6
Abrangência .............................................................................................................. 6
Aplicabilidade ............................................................................................................ 7
Capacitação .............................................................................................................. 8
Transparência e Controle .........................................................................................8
Participação Social e Divulgação das Ações .........................................................9
Manifestação de Interesse Social .............................................................................9
Instrumentos de parceria ..........................................................................................9
Fases da Parcerias ................................................................................................. 10
SELEÇÃO ..................................................................................................................11
Chamamento Público – Edital ..............................................................................11
Plano de trabalho .................................................................................................... 12
Exceções para o Chamamento Público ...............................................................12
Não Exigência ..................................................................................................... 12
Dispensa.............................................................................................................. 13
Inexigibilidade ...................................................................................................... 13
Seleção e Julgamento de Propostas ......................................................................14
CELEBRAÇÃO ........................................................................................................15
Requisitos e Documentos para a celebração de Parcerias ...............................15
Formalização de Parcerias .....................................................................................18
Contrapartida .......................................................................................................... 19
Bens Remanescentes ............................................................................................. 19
Vedações ................................................................................................................ 19
Alterações nos instrumentos .................................................................................21
EXECUÇÃO .............................................................................................................22
Liberação dos Recursos .........................................................................................22
Movimentação e Aplicação Financeira dos Recursos ......................................22
Permissões ............................................................................................................. 23
Despesas ................................................................................................................ 24
Monitoramento e Avaliação ...................................................................................25
PRESTAÇÃO DE CONTAS ..................................................................................26
Prazos para apresentação e análise das prestações de contas .................29
Responsabilidades das OSCs e Sanções Aplicáveis ...........................................31
MÓDULO VI
PARCERIAS COM A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• Tipos de parceria e legislação

• Lei 13.019/14 – Marco Regulatório das


Organizações da Sociedade Civil

• Seleção

• Celebração

• Execução

• Prestação de Contas
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

TIPOS DE PARCERIA

Convênio – é o instrumento de cooperação celebrado


entre dois órgãos públicos ou entre um órgão público e uma
entidade privada sem fins lucrativos no qual são previstos
obrigações e direitos recíprocos, visando à realização de
objetivos de interesse comum dos partícipes (interesses
convergentes) que passam a ser denominados convenentes. No
âmbito federal os convênios são executados através do Sistema
de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – SICONV.
Contrato de Repasse - é bastante parecido com o
convênio, e também é gerido dentro do SICONV, quando se trata
de recursos federias. A diferença básica entre os instrumentos
é que no Contrato de Repasse existe a participação de uma
instituição financeira oficial (geralmente a Caixa Econômica
Federal), que intermedeia os repasses de recursos e a fiscalização
das atividades.
Termo de Parceria – é o instrumento firmado entre o
Poder público e as entidades qualificadas como OSCIP, no qual
são registrados os direitos e as obrigações das partes, visando
o fomento e a execução das atividades de interesse público
descritas na Lei nº 9.790/99 e no Decreto nº 3.100/99.
Contrato de Gestão – é um acordo operacional (não um
contrato, pois não há interesses diversos e opostos) pelo qual o
Estado cede à entidade qualificada como Organização Social –
OS - recursos orçamentários, bens públicos e servidores para que
ela possa cumprir os objetivos sociais tidos por convenientes e
oportunos à coletividade.

4
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DE ENSINO E PESQUISA

LEI 13.019/14 – MROSC

MÓDULO 6 - GESTÃO
Fundamentos
• Gestão pública democrática,
• Participação social,
• Fortalecimento da sociedade civil,
• Transparência na aplicação dos recursos públicos.

Princípios
• Legalidade,
• Legitimidade,
• Impessoalidade,
• Moralidade,
• Publicidade,
• Economicidade,
• Eficiência
• Eficácia.

Objetivos
• Estabelecer o regime jurídico das parcerias voluntárias,
envolvendo ou não transferências de recursos financeiros,
entre a administração pública e as organizações da
sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público;
• Definir diretrizes para a política de fomento e de
colaboração com organizações da sociedade civil;
• Instituir o termo de colaboração e o termo de fomento
• Alterar a Lei nº 9.790/99 – OSCIP
• Alterar a Lei nº 8.429/92 – Improbidade Administrativa

5
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Conceituação de Organizações da Sociedade Civil -


OSC

• Associações e Fundações Privadas, que não distribua entre


os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores,
empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados,
sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício
de suas atividades, e que os aplique integralmente na
consecução do respectivo objeto social, de forma imediata
ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo
de reserva;
• Organizações Religiosas, que se dediquem a atividades ou a
projetos de interesse público e de cunho social distintas das
destinadas a fins exclusivamente religiosos;
• Cooperativas Sociais (Lei nº 9.867/99);
• Cooperativas integradas por pessoas em situação de risco
ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por
programas e ações de combate à pobreza e de geração
de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação
e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação
de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as
capacitadas para execução de atividades ou de projetos de
interesse público e de cunho social.

Essas entidades são conceituadas pela Lei nº 13.019/14 como


Organizações da Sociedade Civil – OSC.

6
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Abrangência - A Lei institui normas gerais para as parcerias

MÓDULO 6 - GESTÃO
voluntárias firmadas entre a Administração Pública e as
Organizações da Sociedade Civil - OSC.

Administração Pública - União, Estados, Distrito Federal,


Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista prestadoras
de serviço público, e suas subsidiárias. Portanto, possui
abrangência nacional, podendo cada Estado e Município
criar leis e/ou decretos que regulamentem as determinações
contidas da Lei nº 13.019/14.

Aplicabilidade

A Lei nº 13.019/14 deverá ser aplicada às parcerias


voluntárias firmadas entre a administração pública e as OSC.

Parceria: conjunto de direitos, responsabilidades e obrigações


decorrentes de relação jurídica estabelecida formalmente
entre a administração pública e OSC, em regime de mútua
cooperação, para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco, mediante a execução de atividade ou de
projeto expressos em termos de colaboração, em termos de
fomento ou em acordos de cooperação.

Projeto: conjunto de operações, limitadas no tempo, das


quais resulta um produto destinado à satisfação de interesses
compartilhados pela administração pública e pela OSC.

Atividade: conjunto de operações que se realizam de modo


contínuo ou permanente, das quais resulta um produto ou

7
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

serviço necessário à satisfação de interesses compartilhados pela


administração pública e pela OSC. Contribuição de Associados;

Não se aplicam as exigências da Lei:

• Transferências de recursos homologadas pelo Congresso


Nacional ou autorizadas pelo Senado Federal naquilo
em que as disposições específicas dos tratados, acordos
e convenções internacionais conflitarem com a Lei nº
13.019/14;
• Contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais;
• Convênios e contratos celebrados com entidades
filantrópicas e sem fins lucrativos relativos ao Sistema Único
de Saúde – SUS;
• Termos de compromisso cultural referidos na Lei nº
13.018/14 (Cultura Viva);
• Termos de Parceria celebrados com Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP;
• Transferências referidas na Lei nº 10.485/04 (PAED) e na Lei
nº 11.947/09 (PNAE e PDDE);
• Pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições
ou taxas associativas em favor de organismos internacionais
ou entidades que sejam obrigatoriamente constituídas por:
1. Membros de Poder ou do Ministério Público;
2. Dirigentes de órgão ou de entidade da administração pública;
3. Pessoas jurídicas de direito público interno;
4. Pessoas jurídicas integrantes da administração pública.

• Parcerias entre a administração pública e os serviços sociais


autônomos.

8
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DE ENSINO E PESQUISA

Capacitação

MÓDULO 6 - GESTÃO
A União, em coordenação com os Estados, Distrito Federal,
Municípios e OSC, poderá instituir programas de capacitação
para:
• Administradores Públicos, Dirigentes e Gestores,
• Representantes de organizações da sociedade civil;
• Membros de Conselhos de Políticas Públicas;
• Membros de Comissões de Seleção;
• Membros de Comissões de Monitoramento e Avaliação;
• Demais agentes públicos e privados envolvidos na
celebração e execução das parcerias.

A participação nos programas de capacitação não constituirá


condição para o exercício de função envolvida na
materialização das parcerias.

Transparência e Controle

A administração pública deverá manter, em seu sítio


oficial na internet, a relação das parcerias celebradas e dos
respectivos planos de trabalho, até cento e oitenta dias após
o respectivo encerramento.
A OSC deverá divulgar na internet e em locais visíveis
de suas sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça
suas ações todas as parcerias celebradas com a administração
pública, informando, no mínimo:

• Data de assinatura e identificação do instrumento de


parceria e do órgão da administração pública responsável;

9
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Nome da OSC e seu número de inscrição no Cadastro


Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ da Secretaria da Receita
Federal do Brasil - RFB;
• Descrição do objeto da parceria;
• Valor total da parceria e valores liberados, quando for o caso;
• Situação da prestação de contas da parceria, que deverá
informar a data prevista para a sua apresentação, a data em
que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado
conclusivo.
• Quando vinculados à execução do objeto e pagos com
recursos da parceria, o valor total da remuneração da equipe
de trabalho, as funções que seus integrantes desempenham
e a remuneração prevista para o respectivo exercício.

A administração pública deverá divulgar pela internet os meios


de representação sobre a aplicação irregular dos recursos
envolvidos na parceria.

Participação Social e Divulgação das Ações

O poder público, na forma de regulamento, divulgará,


nos meios públicos de comunicação por radiodifusão de sons
e de sons e imagens, campanhas publicitárias e programações
desenvolvidas por organizações da sociedade civil, no âmbito
das parcerias, mediante o emprego de recursos tecnológicos
e de linguagem adequados à garantia de acessibilidade por
pessoas com deficiência.

10
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DE ENSINO E PESQUISA

Manifestação de Interesse Social

MÓDULO 6 - GESTÃO
Manifestação de Interesse Social: instrumento por
meio do qual as OSC, movimentos sociais e cidadãos poderão
apresentar propostas ao poder público para que este avalie
a possibilidade de realização de um chamamento público
objetivando a celebração de parceria.
A proposta a ser encaminhada à administração pública
deverá atender aos seguintes requisitos:
• Identificação do subscritor da proposta;
• Indicação do interesse público envolvido;
• Diagnóstico da realidade que se quer modificar, aprimorar
ou desenvolver e, quando possível, indicação da
viabilidade, dos custos, dos benefícios e dos prazos de
execução da ação pretendida.

A realização do Procedimento de Manifestação de


Interesse Social não implicará necessariamente na execução
do chamamento público, que acontecerá de acordo com os
interesses da administração, após instauração de oitiva da
sociedade sobre o tema, não dispensando a convocação por
meio de chamamento público para a celebração de parceria.
A proposição ou a participação no Procedimento de
Manifestação de Interesse Social não impede a organização
da sociedade civil de participar no eventual chamamento
público subsequente.
É vedado condicionar a realização de chamamento
público ou a celebração de parceria à prévia realização de
Procedimento de Manifestação de Interesse Social.

11
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Instrumentos de parceria

Um dos objetivos da Lei nº 13.019/14 é criação de novos


instrumentos de parcerias entre o poder público e as OSC.

Termo de Colaboração: instrumento por meio do qual


são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
pública com organizações da sociedade civil para a consecução
de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela
administração pública que envolvam a transferência de recursos
financeiros.
Portanto, o Termo de Colaboração deve ser adotado pela
administração pública para consecução de planos de trabalho
de sua iniciativa, para celebração de parcerias com organizações
da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos
financeiros.

Termo de Fomento: instrumento por meio do qual são


formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
pública com organizações da sociedade civil para a consecução
de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas
organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência
de recursos financeiros.
Desta forma, o Termo de Fomento deve ser adotado pela
administração pública para consecução de planos de trabalho
propostos por organizações da sociedade civil que envolvam a
transferência de recursos financeiros.

Acordo de Cooperação: instrumento por meio do qual


são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
pública com organizações da sociedade civil para a consecução

12
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DE ENSINO E PESQUISA

de finalidades de interesse público e recíproco que não

MÓDULO 6 - GESTÃO
envolvam a transferência de recursos financeiros.

Fases da Parceria

SELEÇÃO

Chamamento Público – Edital

Chamamento público: procedimento destinado a


selecionar organização da sociedade civil para firmar parceria
por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual
se garanta a observância dos princípios da isonomia, da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação

13
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que


lhes são correlatos;
A administração pública deverá adotar procedimentos
claros, objetivos e simplificados que orientem os interessados
e facilitem o acesso direto aos seus órgãos e instâncias
decisórias, independentemente da modalidade de parceria a ser
formalizada.
Sempre que possível, a administração pública
estabelecerá critérios a serem seguidos, especialmente quanto
às seguintes características:
• Objetos;
• Metas;
• Custos;
• Indicadores, quantitativos ou qualitativos, de avaliação de
resultados.

Exceto nas hipóteses previstas na Lei nº 13.019/14,


a celebração de termo de colaboração ou de fomento será
precedida de chamamento público voltado a selecionar OSC
que tornem mais eficaz a execução do objeto.
O edital do chamamento público especificará, no mínimo:
• A programação orçamentária que autoriza e viabiliza a
celebração da parceria;
• O objeto da parceria;
• As datas, os prazos, as condições, o local e a forma de
apresentação das propostas;
• As datas e os critérios de seleção e julgamento das propostas,
inclusive no que se refere à metodologia de pontuação e ao
peso atribuído a cada um dos critérios estabelecidos, se for
o caso;
• O valor previsto para a realização do objeto;

14
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• As condições para interposição de recurso administrativo;

MÓDULO 6 - GESTÃO
• A minuta do instrumento por meio do qual será celebrada
a parceria;
• De acordo com as características do objeto da parceria,
medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência
ou mobilidade reduzida e idosos.

É vedado admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos


de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo em
decorrência de qualquer circunstância impertinente ou
irrelevante para o específico objeto da parceria, admitidos:
• A seleção de propostas apresentadas exclusivamente por
concorrentes sediados ou com representação atuante
e reconhecida na unidade da Federação onde será
executado o objeto da parceria;
• O estabelecimento de cláusula que delimite o território ou
a abrangência da prestação de atividades ou da execução
de projetos, conforme estabelecido nas políticas setoriais.

O edital deverá ser amplamente divulgado em página


do sítio oficial da administração pública na internet, com
antecedência mínima de 30 (trinta) dias.

Plano de trabalho

Deverá constar do plano de trabalho de parcerias celebradas


mediante termo de colaboração ou de fomento:
• Descrição da realidade que será objeto da parceria,
devendo ser demonstrado o nexo entre essa realidade e
as atividades ou projetos e metas a serem atingidas;

15
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Descrição de metas a serem atingidas e de atividades ou


projetos a serem executados;
• Previsão de receitas e de despesas a serem realizadas na
execução das atividades ou dos projetos abrangidos pela
parceria;
• Forma de execução das atividades ou dos projetos e de
cumprimento das metas a eles atreladas;
• Definição dos parâmetros a serem utilizados para a aferição
do cumprimento das metas.

Exceções para o Chamamento Público

Não Exigência

Os termos de colaboração ou de fomento que


envolvam recursos decorrentes de emendas parlamentares às
leis orçamentárias anuais e os acordos de cooperação serão
celebrados sem chamamento público, exceto, em relação
aos acordos de cooperação, quando o objeto envolver a
celebração de comodato, doação de bens ou outra forma de
compartilhamento de recurso patrimonial, hipótese em que o
respectivo chamamento público observará o disposto na Lei nº
13.019/14.

Dispensa

A administração pública poderá dispensar a realização do


chamamento público:
• No caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência
de paralisação de atividades de relevante interesse público,
pelo prazo de até 180 (cento e oitenta) dias;

16
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DE ENSINO E PESQUISA

• Nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação

MÓDULO 6 - GESTÃO
da ordem pública ou ameaça à paz social;
• Quando se tratar da realização de programa de proteção
a pessoas ameaçadas ou em situação que possa
comprometer a sua segurança;
• No caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços
de educação, saúde e assistência social, desde que
executadas por OSC previamente credenciadas pelo órgão
gestor da respectiva política.

Inexigibilidade

Será considerado inexigível o chamamento público


na hipótese de inviabilidade de competição entre as OSC,
em razão da natureza singular do objeto da parceria ou se
as metas somente puderem ser atingidas por uma entidade
específica, especialmente quando:
• O objeto da parceria constituir incumbência prevista em
acordo, ato ou compromisso internacional, no qual sejam
indicadas as instituições que utilizarão os recursos;
• A parceria decorrer de transferência para OSC que esteja
autorizada em lei na qual seja identificada expressamente
a entidade beneficiária, inclusive quando se tratar de
subvenções sociais, as que se destinem a instituições
públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural,
sem finalidade lucrativa.

Nas hipóteses de exceção e inexigibilidade, a ausência


de realização de chamamento público será justificada pelo
administrador público.

17
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria,


o extrato da justificativa para dispensa ou inexigibilidade deverá
ser publicado, na mesma data em que for efetivado, no sítio
oficial da administração pública na internet e, eventualmente,
a critério do administrador público, também no meio oficial de
publicidade da administração pública.
Admite-se a impugnação à justificativa, apresentada no
prazo de 5 (cinco) dias a contar de sua publicação, cujo teor deve
ser analisado pelo administrador público responsável em até
cinco dias da data do respectivo protocolo.
Havendo fundamento na impugnação, será revogado o ato
que declarou a dispensa ou considerou inexigível o chamamento
público, e será imediatamente iniciado o procedimento para a
realização do chamamento público, conforme o caso.
A dispensa e a inexigibilidade de chamamento público,
bem como a não exigência no caso das emendas parlamentares,
não afastam a aplicação dos demais dispositivos da Lei nº
13.019/14.

Seleção e Julgamento de Propostas

As propostas serão julgadas por uma comissão de


seleção previamente designada, ou constituída pelo respectivo
conselho gestor, se o projeto for financiado com recursos de
fundos específicos.

Comissão de seleção: órgão colegiado destinado a processar


e julgar chamamentos públicos, constituído por ato publicado
em meio oficial de comunicação, assegurada a participação de
pelo menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego
permanente do quadro de pessoal da administração pública.

18
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

Será impedida de participar da comissão de seleção

MÓDULO 6 - GESTÃO
pessoa que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido relação
jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do
chamamento público.
Configurado o impedimento acima deverá ser
designado membro substituto que possua qualificação
equivalente à do substituído.
A administração pública homologará e divulgará
o resultado do julgamento em página do sítio oficial da
administração pública na internet.
Somente depois de encerrada a etapa competitiva e
ordenadas as propostas, a administração pública procederá à
verificação dos documentos que comprovem o atendimento
pela OSC selecionada dos requisitos previstos.
Na hipótese de a OSC selecionada não atender
aos requisitos exigidos, aquela imediatamente mais bem
classificada poderá ser convidada a aceitar a celebração de
parceria nos termos da proposta por ela apresentada.
Caso OSC convidada, nos termos do parágrafo anterior,
aceite celebrar a parceria, proceder-se-á à verificação dos
documentos que comprovem o atendimento aos requisitos
previstos na Lei nº 13.019/14.
De acordo com o Decerto Federal nº 8.726/16, as
propostas serão classificadas de acordo com os critérios de
julgamento estabelecidos no edital, e será eliminada a OSC
cuja proposta esteja em desacordo com os termos do edital
ou que não contenha as seguintes informações:
• A descrição da realidade objeto da parceria e o nexo com
a atividade ou o projeto proposto;
• As ações a serem executadas, as metas a serem atingidas
e os indicadores que aferirão o cumprimento das metas;

19
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Os prazos para a execução das ações e para o cumprimento


das metas; e
• O valor global.

CELEBRAÇÃO

Requisitos e Documentos para a celebração de Parcerias

Para poder celebrar as parcerias, as OSC deverão ser


regidas por estatutos cujas normas disponham, expressamente,
sobre:
• Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades
de relevância pública e social;
• A previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o
respectivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa
jurídica de igual natureza que preencha os requisitos desta
Lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da
entidade extinta;
• Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de
contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade.

Devem, ainda, possuir:


• No mínimo, 1, 2 ou 3 anos de existência, com cadastro
ativo no CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja
celebrada no âmbito dos Municípios, do Distrito Federal ou
dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos
por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma
organização atingi-los;
• Experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto
da parceria ou de natureza semelhante, através de:

20
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

1. Instrumentos de parceria firmados com órgãos e entidades

MÓDULO 6 - GESTÃO
da administração pública, organismos internacionais,
empresas ou outras OSC;
2. Relatórios de atividades com comprovação das ações
desenvolvidas;
3. Publicações, pesquisas e outras formas de produção de
conhecimento realizadas pela organização da sociedade
civil ou a respeito dela;
4. Currículos profissionais de integrantes da organização da
sociedade civil, sejam dirigentes, conselheiros, associados,
cooperados, empregados, entre outros;
5. Declarações de experiência prévia e de capacidade
técnica no desenvolvimento de atividades ou projetos
relacionados ao objeto da parceria ou de natureza
semelhante, emitidas por órgãos públicos, instituições
de ensino, redes, organizações da sociedade civil,
movimentos sociais, empresas públicas ou privadas,
conselhos, comissões ou comitês de políticas públicas; ou
6. Prêmios de relevância recebidos no País ou no exterior
pela organização da sociedade civil;

• Instalações, condições materiais e capacidade técnica e


operacional para o desenvolvimento das atividades ou
projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas
estabelecidas, não sendo necessária a demonstração de
capacidade instalada previamente.

Na celebração de Acordos de Cooperação, somente


será exigido que a entidade contenha em seu estatuto
objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de
relevância pública e social.

21
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

As organizações religiosas serão dispensadas do


atendimento referente aos objetivos voltados à promoção
de atividades e finalidades de relevância pública e social, e à
transferência do respectivo patrimônio líquido para outra pessoa
jurídica, no caso de dissolução.
Já, as Sociedades Cooperativas deverão atender às
exigências com relação à escrituração de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras
de Contabilidade, estando dispensadas do atendimento dos
requisitos referentes ao atendimento referente aos objetivos
voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância
pública e social, e à transferência do respectivo patrimônio
líquido para outra pessoa jurídica, no caso de dissolução.

Para celebração das parcerias as OSC deverão apresentar:


• Certidões de regularidade fiscal, previdenciária, tributária, de
contribuições e de dívida ativa, de acordo com a legislação
aplicável de cada ente federado.
• Certidão de existência jurídica expedida pelo cartório de
registro civil ou cópia do estatuto registrado e de eventuais
alterações ou, tratando-se de sociedade cooperativa,
certidão simplificada emitida por junta comercial;
• Cópia da ata de eleição do quadro dirigente atual;
• Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade,
com endereço, número e órgão expedidor da carteira de
identidade e número de registro no Cadastro de Pessoas
Físicas - CPF da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB
de cada um deles;
• Comprovação de que a organização da sociedade civil
funciona no endereço por ela declarado.

22
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

A celebração e a formalização do termo de colaboração e

MÓDULO 6 - GESTÃO
do termo de fomento dependerão da adoção das seguintes
providências pela administração pública:
• Realização de chamamento público, ressalvadas as
hipóteses previstas na Lei nº 13.019/14;
• Indicação expressa da existência de prévia dotação
orçamentária para execução da parceria;
• Demonstração de que os objetivos e finalidades
institucionais e a capacidade técnica e operacional da
organização da sociedade civil foram avaliados e são
compatíveis com o objeto;
• Aprovação do plano de trabalho, a ser apresentado;
• Emissão de parecer de órgão técnico da administração
pública, que deverá pronunciar-se, de forma expressa, a
respeito:
1. do mérito da proposta, em conformidade com a modalidade
de parceria adotada;
2. da identidade e da reciprocidade de interesse das partes
na realização, em mútua cooperação, da parceria;
3. da viabilidade de sua execução;
4. da verificação do cronograma de desembolso previsto no
plano de trabalho, e se esse é adequado e permite a sua
efetiva fiscalização;
5. da descrição de quais serão os meios disponíveis a serem
utilizados para a fiscalização da execução da parceria, assim
como dos procedimentos que deverão ser adotados para
avaliação da execução física e financeira, no cumprimento
das metas e objetivos;
6. da designação do gestor da parceria;
7. da designação da comissão de monitoramento e avaliação
da parceria;

23
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Emissão de parecer jurídico do órgão de assessoria ou


consultoria jurídica da administração pública acerca da
possibilidade de celebração da parceria.

Caso o parecer técnico ou o parecer jurídico concluam


pela possibilidade de celebração da parceria com ressalvas,
deverá o administrador público sanar os aspectos ressalvados
ou, mediante ato formal, justificar a preservação desses aspectos
ou sua exclusão.
Na hipótese de o gestor da parceria deixar de ser
agente público ou ser lotado em outro órgão ou entidade, o
administrador público deverá designar novo gestor, assumindo,
enquanto isso não ocorrer, todas as obrigações do gestor, com as
respectivas responsabilidades.
Será impedida de participar como gestor da parceria
ou como membro da comissão de monitoramento e avaliação
pessoa que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido relação
jurídica com, ao menos, 1 (uma) das organizações da sociedade
civil partícipes.
O termo de fomento, o termo de colaboração e o
acordo de cooperação somente produzirão efeitos jurídicos
após a publicação dos respectivos extratos no meio oficial de
publicidade da administração pública.

Formalização de Parcerias

As parcerias serão formalizadas mediante a celebração


de termo de colaboração, de termo de fomento ou de acordo
de cooperação, conforme o caso, que terá como cláusulas
essenciais:

24
INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

• A descrição do objeto pactuado;

MÓDULO 6 - GESTÃO
• As obrigações das partes;
• Quando for o caso, o valor total e o cronograma de
desembolso;
• A contrapartida, quando for o caso;
• A vigência e as hipóteses de prorrogação;
• A obrigação de prestar contas com definição de forma,
metodologia e prazos;
• A forma de monitoramento e avaliação, com a indicação dos
recursos humanos e tecnológicos que serão empregados
na atividade ou, se for o caso, a indicação da participação
de apoio técnico;
• A obrigatoriedade de restituição de recursos, nos casos
previstos na Lei nº 13.019/14;
• A definição, se for o caso, da titularidade dos bens e
direitos remanescentes na data da conclusão ou extinção
da parceria e que, em razão de sua execução, tenham sido
adquiridos, produzidos ou transformados com recursos
repassados pela administração pública;
• Quando for o caso, a obrigação de a OSC manter e
movimentar os recursos em conta bancária específica;
• O livre acesso dos agentes da administração pública, do
controle interno e do Tribunal de Contas correspondente
aos processos, aos documentos e às informações
relacionadas a termos de colaboração ou a termos de
fomento, bem como aos locais de execução do respectivo
objeto;
• A faculdade dos partícipes rescindirem o instrumento, a
qualquer tempo, com as respectivas condições, sanções
e delimitações claras de responsabilidades, além da
estipulação de prazo mínimo de antecedência para a

25
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

publicidade dessa intenção, que não poderá ser inferior a 60


(sessenta) dias;
• A indicação do foro para dirimir as dúvidas decorrentes da
execução da parceria, estabelecendo a obrigatoriedade da
prévia tentativa de solução administrativa, com a participação
de órgão encarregado de assessoramento jurídico integrante
da estrutura da administração pública;
• A responsabilidade exclusiva da OSC pelo gerenciamento
administrativo e financeiro dos recursos recebidos, inclusive
no que diz respeito às despesas de custeio, de investimento
e de pessoal;
• A responsabilidade exclusiva da OSC pelo pagamento
dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais relacionados à execução do objeto previsto
no termo de colaboração ou de fomento, não implicando
responsabilidade solidária ou subsidiária da administração
pública a inadimplência da OSC em relação ao referido
pagamento, os ônus incidentes sobre o objeto da parceria
ou os danos decorrentes de restrição à sua execução.

Constará como anexo do termo de colaboração, do termo de


fomento ou do acordo de cooperação o plano de trabalho, que
deles será parte integrante e indissociável.

Contrapartida

Não será exigida contrapartida financeira como


requisito para celebração de parceria, facultada a exigência de
contrapartida em bens e serviços cuja expressão monetária será
obrigatoriamente identificada no termo de colaboração ou de
fomento.

26
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DE ENSINO E PESQUISA

Bens Remanescentes

MÓDULO 6 - GESTÃO
Bens remanescentes: os de natureza permanente adquiridos
com recursos financeiros envolvidos na parceria, necessários
à consecução do objeto, mas que a ele não se incorporam.
Caso a OSC adquira equipamentos e materiais
permanentes com recursos provenientes da celebração da
parceria, o bem será gravado com cláusula de inalienabilidade,
e ela deverá formalizar promessa de transferência da
propriedade à administração pública, na hipótese de sua
extinção.
Será obrigatória a estipulação do destino a ser dado
aos bens remanescentes da parceria.
Os bens remanescentes adquiridos com recursos
transferidos poderão, a critério do administrador público,
ser doados quando, após a consecução do objeto, não forem
necessários para assegurar a continuidade do objeto pactuado,
observado o disposto no respectivo termo e na legislação
vigente.

Vedações

Ficará impedida de celebrar qualquer modalidade de parceria


a OSC que:

• Não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira,


não esteja autorizada a funcionar no território nacional;
• Esteja omissa no dever de prestar contas de parceria
anteriormente celebrada;
• Tenha como dirigente membro de Poder ou do
Ministério Público, ou dirigente de órgão ou entidade da

27
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

administração pública da mesma esfera governamental na


qual será celebrado o termo de colaboração ou de fomento,
estendendo-se a vedação aos respectivos cônjuges ou
companheiros, bem como parentes em linha reta, colateral
ou por afinidade, até o segundo grau;
• Tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública
nos últimos cinco anos, exceto se:
1. For sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados
os débitos eventualmente imputados;
2. For reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição;
3. A apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre
recurso com efeito suspensivo;

• Tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo


período que durar a penalidade:
1. Suspensão de participação em licitação e impedimento de
contratar com a administração;
2. Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública;

• Tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou


rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer
esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8
(oito) anos;

• Tenha entre seus dirigentes pessoa:


1. Cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas
irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas
de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível,
nos últimos 8 (oito) anos;

28
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DE ENSINO E PESQUISA

2. Julgada responsável por falta grave e inabilitada para o

MÓDULO 6 - GESTÃO
exercício de cargo em comissão ou função de confiança,
enquanto durar a inabilitação;
3. Considerada responsável por ato de improbidade,
enquanto durarem os prazos estabelecidos.

Dirigente: pessoa que detenha poderes de administração,


gestão ou controle da OSC, habilitada a assinar termo de
colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação com
a administração pública para a consecução de finalidades
de interesse público e recíproco, ainda que delegue essa
competência a terceiros.
É igualmente vedada a transferência de novos recursos
no âmbito de parcerias em execução, excetuando-se os casos
de serviços essenciais que não podem ser adiados sob pena
de prejuízo ao erário ou à população, desde que precedida de
expressa e fundamentada autorização do dirigente máximo
do órgão ou entidade da administração pública, sob pena de
responsabilidade solidária.
Em qualquer das hipóteses previstas persiste o
impedimento para celebrar parceria enquanto não houver o
ressarcimento do dano ao erário, pelo qual seja responsável a
OSC ou seu dirigente.
Não serão considerados débitos que decorram de
atrasos na liberação de repasses pela administração pública
ou que tenham sido objeto de parcelamento, se a OSC estiver
em situação regular no parcelamento.
A vedação relativa aos dirigentes não se aplica à
celebração de parcerias com entidades que, pela sua própria
natureza, sejam constituídas pelas autoridades referidas na
Lei nº 13.019/14, sendo vedado que a mesma pessoa figure

29
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

no termo de colaboração, no termo de fomento ou no acordo de


cooperação simultaneamente como dirigente e administrador
público.
Não são considerados membros de Poder os integrantes
de conselhos de direitos e de políticas públicas.
É vedada a celebração de parcerias que tenham por
objeto, envolvam ou incluam, direta ou indiretamente, delegação
das funções de regulação, de fiscalização, de exercício do poder
de polícia ou de outras atividades exclusivas de Estado.

Alterações nos instrumentos

A vigência da parceria poderá ser alterada mediante


solicitação da OSC, devidamente formalizada e justificada, a ser
apresentada à administração pública em, no mínimo, 30 (trinta)
dias antes do termo inicialmente previsto.
A administração pública poderá autorizar ou propor a
alteração do termo de fomento ou de colaboração ou do plano
de trabalho, após, respectivamente, solicitação fundamentada
da OSC ou sua anuência, desde que não haja alteração de seu
objeto, da seguinte forma:

1. Por termo aditivo à parceria para:


• ampliação de até 30% do valor global;
• redução do valor global, sem limitação de montante;
• prorrogação da vigência;
• alteração da destinação dos bens remanescentes.

30
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DE ENSINO E PESQUISA

1. Por certidão de apostilamento, nas demais hipóteses de

MÓDULO 6 - GESTÃO
alteração, tais como:

• utilização de rendimentos de aplicações financeiras ou


de saldos porventura existentes antes do término da
execução da parceria;
• ajustes da execução do objeto da parceria no plano de
trabalho;
• remanejamento de recursos sem a alteração do valor
global.

A administração pública deverá se manifestar sobre a


solicitação de alteração no prazo de 30 (trinta) dias, contado
da data de sua apresentação, ficando o prazo suspenso
quando forem solicitados esclarecimentos à OSC.
A prorrogação de ofício da vigência do termo de
colaboração ou de fomento deve ser feita pela administração
pública quando ela der causa a atraso na liberação de recursos
financeiros, limitada ao exato período do atraso verificado.
O plano de trabalho da parceria poderá ser revisto para
alteração de valores ou de metas, mediante termo aditivo ou
por apostila ao plano de trabalho original.

31
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

EXECUÇÃO

Liberação dos Recursos

As parcelas dos recursos transferidos no âmbito da


parceria serão liberadas em estrita conformidade com o
respectivo cronograma de desembolso, exceto nos casos a seguir,
nos quais ficarão retidas até o saneamento das impropriedades:

• Quando houver fundados indícios de não ter ocorrido boa e


regular aplicação da parcela anteriormente recebida;
• Quando constatado desvio de finalidade na aplicação
dos recursos ou o inadimplemento da OSC em relação a
obrigações estabelecidas no termo de colaboração ou de
fomento;
• Quando a OSC deixar de adotar sem justificativa suficiente as
medidas saneadoras apontadas pela administração pública
ou pelos órgãos de controle interno ou externo.

Nas parcerias cuja duração exceda um ano, é obrigatória


a prestação de contas ao término de cada exercício.
A administração pública deverá viabilizar o
acompanhamento pela internet dos processos de liberação de
recursos referentes às parcerias celebradas.

Movimentação e Aplicação Financeira dos Recursos

Os recursos recebidos em decorrência da parceria


serão depositados em conta corrente específica isenta de tarifa
bancária na instituição financeira pública determinada pela
administração pública.

32
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DE ENSINO E PESQUISA

Os recursos serão automaticamente aplicados em

MÓDULO 6 - GESTÃO
cadernetas de poupança, fundo de aplicação financeira de
curto prazo ou operação de mercado aberto lastreada em
títulos da dívida pública, enquanto não empregados na sua
finalidade.
Os rendimentos de ativos financeiros serão aplicados
no objeto da parceria, estando sujeitos às mesmas condições
de prestação de contas exigidas para os recursos transferidos.
Por ocasião da conclusão, denúncia, rescisão ou
extinção da parceria, os saldos financeiros remanescentes,
inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
financeiras realizadas, serão devolvidos à administração
pública no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, sob pena
de imediata instauração de tomada de contas especial do
responsável, providenciada pela autoridade competente da
administração pública.
Toda a movimentação de recursos no âmbito da
parceria será realizada mediante transferência eletrônica
sujeita à identificação do beneficiário final e à obrigatoriedade
de depósito em sua conta bancária.
Os pagamentos deverão ser realizados mediante
crédito na conta bancária de titularidade dos fornecedores e
prestadores de serviços.
Demonstrada a impossibilidade física de pagamento
mediante transferência eletrônica, o termo de colaboração ou
de fomento poderá admitir a realização de pagamentos em
espécie.
O termo de fomento ou de colaboração poderá
admitir a realização de pagamentos em espécie, após
saque à conta bancária específica da parceria, na hipótese
de impossibilidade de pagamento mediante transferência

33
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

eletrônica, devidamente justificada pela OSC no plano de


trabalho, que poderá estar relacionada, dentre outros motivos,
com
• O objeto da parceria;
• A região onde se desenvolverão as ações da parceria; ou
• A natureza dos serviços a serem prestados na execução da
parceria.

Os pagamentos em espécie estarão restritos ao limite


individual de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais) por beneficiário,
levando-se em conta toda a duração da parceria.
Porém, ato do dirigente máximo da entidade da
administração pública disporá sobre os critérios e limites para a
autorização do pagamento em espécie.

Permissões

Poderão ser pagas com recursos vinculados à parceria:


• Remuneração da equipe encarregada da execução do plano
de trabalho, inclusive de pessoal próprio da OSC, durante
a vigência da parceria, compreendendo as despesas com
pagamentos de impostos, contribuições sociais, Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, férias, décimo terceiro
salário, salários proporcionais, verbas rescisórias e demais
encargos sociais e trabalhistas;
• Diárias referentes a deslocamento, hospedagem e
alimentação nos casos em que a execução do objeto da
parceria assim o exija, para a equipe de trabalho e também
para os prestadores de serviço voluntário;
• Custos indiretos necessários à execução do objeto, seja qual
for a proporção em relação ao valor total da parceria, os

34
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DE ENSINO E PESQUISA

quais, poderão incluir, entre outras despesas, aquelas com

MÓDULO 6 - GESTÃO
internet, transporte, aluguel, telefone, consumo de água e
luz e remuneração de serviços contábeis e de assessoria
jurídica.
• Aquisição de equipamentos e materiais permanentes
essenciais à consecução do objeto e serviços de adequação
de espaço físico, desde que necessários à instalação dos
referidos equipamentos e materiais.

É vedado à administração pública praticar atos de


ingerência na seleção e na contratação de pessoal pela OSC
ou que direcionem o recrutamento de pessoas para trabalhar
ou prestar serviços na referida organização.
A inadimplência da administração pública não
transfere à OSC a responsabilidade pelo pagamento de
obrigações vinculadas à parceria com recursos próprios.
A inadimplência da OSC em decorrência de atrasos
na liberação de repasses relacionados à parceria não poderá
acarretar restrições à liberação de parcelas subsequentes.
O pagamento de remuneração da equipe contratada
pela OSC com recursos da parceria não gera vínculo trabalhista
com o poder público.
O pagamento das verbas rescisórias ainda que após o
término da execução da parceria, será proporcional ao período
de atuação do profissional na execução das metas previstas
no plano de trabalho.
As OSC, na prestação de contas final deverão apresentar
a previsão de reserva de recursos para pagamento das verbas
rescisórias
A OSC deverá dar ampla transparência, inclusive
na plataforma eletrônica, aos valores pagos, de maneira

35
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

individualizada, a título de remuneração de sua equipe de


trabalho vinculada à execução do objeto e com recursos da
parceria, juntamente à divulgação dos cargos e valores.

Despesas

As despesas relacionadas à execução da parceria serão


executadas sob a responsabilidade da OSC, sendo vedado:
• Utilizar recursos para finalidade alheia ao objeto da parceria;
• Pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com
recursos vinculados à parceria, salvo nas hipóteses previstas
em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias.

A OSC somente poderá pagar despesa em data posterior


ao término da execução do termo de fomento ou de colaboração
quando o fato gerador da despesa tiver ocorrido durante sua
vigência.

Monitoramento e Avaliação

A administração pública promoverá o monitoramento


e a avaliação do cumprimento do objeto da parceria. Para
tanto, poderá valer-se do apoio técnico de terceiros, delegar
competência ou firmar parcerias com órgãos ou entidades que
se situem próximos ao local de aplicação dos recursos.

Comissão de monitoramento e avaliação: órgão colegiado


destinado a monitorar e avaliar as parcerias celebradas com
organizações da sociedade civil mediante termo de colaboração
ou termo de fomento, constituído por ato publicado em meio
oficial de comunicação, assegurada a participação de pelo

36
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DE ENSINO E PESQUISA

menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego

MÓDULO 6 - GESTÃO
permanente do quadro de pessoal da administração pública.
Nas parcerias com vigência superior a 1 (um) ano, a
administração pública realizará, sempre que possível, pesquisa
de satisfação com os beneficiários do plano de trabalho e
utilizará os resultados como subsídio na avaliação da parceria
celebrada e do cumprimento dos objetivos pactuados, bem
como na reorientação e no ajuste das metas e atividades
definidas.
Para a implementação, a administração pública poderá
valer-se do apoio técnico de terceiros, delegar competência
ou firmar parcerias com órgãos ou entidades que se situem
próximos ao local de aplicação dos recursos.
A administração pública emitirá relatório técnico de
monitoramento e avaliação de parceria celebrada mediante
termo de colaboração ou termo de fomento e o submeterá
à comissão de monitoramento e avaliação designada, que
o homologará, independentemente da obrigatoriedade de
apresentação da prestação de contas devida pela organização
da sociedade civil
O relatório técnico de monitoramento e avaliação da
parceria, sem prejuízo de outros elementos, deverá conter:
• Descrição sumária das atividades e metas estabelecidas;
• Análise das atividades realizadas, do cumprimento
das metas e do impacto do benefício social obtido em
razão da execução do objeto até o período, com base
nos indicadores estabelecidos e aprovados no plano de
trabalho;
• Valores efetivamente transferidos pela administração
pública;

37
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• Análise dos documentos comprobatórios das despesas


apresentados pela OSC na prestação de contas, quando
não for comprovado o alcance das metas e resultados
estabelecidos no respectivo termo de colaboração ou de
fomento;
• Análise de eventuais auditorias realizadas pelos controles
interno e externo, no âmbito da fiscalização preventiva, bem
como de suas conclusões e das medidas que tomaram em
decorrência dessas auditorias.

No caso de parcerias financiadas com recursos de fundos


específicos, o monitoramento e a avaliação serão realizados
pelos respectivos conselhos gestores, respeitadas as exigências
da Lei nº 13.019/14.
Sem prejuízo da fiscalização pela administração
pública e pelos órgãos de controle, a execução da parceria
será acompanhada e fiscalizada pelos conselhos de políticas
públicas das áreas correspondentes de atuação existentes em
cada esfera de governo.
As parcerias estarão também sujeitas aos mecanismos
de controle social previstos na legislação.

38
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DE ENSINO E PESQUISA

PRESTAÇÃO DE CONTAS

MÓDULO 6 - GESTÃO
Prestação de contas: procedimento em que se analisa e se
avalia a execução da parceria, pelo qual seja possível verificar
o cumprimento do objeto da parceria e o alcance das metas e
dos resultados previstos, compreendendo 2 (duas) fases:
• Apresentação das contas, de responsabilidade da
organização da sociedade civil;
• Análise e manifestação conclusiva das contas, de
responsabilidade da administração pública, sem prejuízo
da atuação dos órgãos de controle.

A prestação de contas deverá ser feita observando-se


as regras previstas, além de prazos e normas de elaboração
constantes do instrumento de parceria e do plano de trabalho.
A administração pública fornecerá manuais específicos
às organizações da sociedade civil por ocasião da celebração
das parcerias, tendo como premissas a simplificação e a
racionalização dos procedimentos.
Eventuais alterações no conteúdo dos manuais devem
ser previamente informadas à organização da sociedade civil
e publicadas em meios oficiais de comunicação.
O regulamento estabelecerá procedimentos
simplificados para prestação de contas.
A prestação de contas apresentada pela organização
da sociedade civil deverá conter elementos que permitam
ao gestor da parceria avaliar o andamento ou concluir que o
seu objeto foi executado conforme pactuado, com a descrição
pormenorizada das atividades realizadas e a comprovação do
alcance das metas e dos resultados esperados, até o período
de que trata a prestação de contas.

39
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Serão glosados valores relacionados a metas e resultados


descumpridos sem justificativa suficiente.
Os dados financeiros serão analisados com o intuito de
estabelecer o nexo de causalidade entre a receita e a despesa
realizada, a sua conformidade e o cumprimento das normas
pertinentes.
A análise da prestação de contas deverá considerar a
verdade real e os resultados alcançados.
A prestação de contas da parceria observará regras
específicas de acordo com o montante de recursos públicos
envolvidos, nos termos das disposições e procedimentos
estabelecidos conforme previsto no plano de trabalho e no
termo de colaboração ou de fomento.
A prestação de contas e todos os atos que dela decorram
dar-se-ão em plataforma eletrônica, permitindo a visualização
por qualquer interessado.
A prestação de contas relativa à execução do termo de
colaboração ou de fomento dar-se-á mediante a análise dos
documentos previstos no plano de trabalho, além dos seguintes
relatórios:
Relatório de execução do objeto, elaborado pela organização
da sociedade civil, contendo as atividades ou projetos
desenvolvidos para o cumprimento do objeto e o comparativo
de metas propostas com os resultados alcançados;

Este relatório deverá conter:


• a demonstração do alcance das metas referentes ao período
de que trata a prestação de contas;
• a descrição das ações desenvolvidas para o cumprimento do
objeto;

40
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DE ENSINO E PESQUISA

• os documentos de comprovação do cumprimento do

MÓDULO 6 - GESTÃO
objeto, como listas de presença, fotos, vídeos, entre
outros; e
• os documentos de comprovação do cumprimento da
contrapartida, quando houver.
• os impactos econômicos ou sociais das ações
desenvolvidas;
• o grau de satisfação do público-alvo, que poderá ser
indicado por meio de pesquisa de satisfação, declaração
de entidade pública ou privada local e declaração do
conselho de política pública setorial, entre outros; e
• a possibilidade de sustentabilidade das ações após a
conclusão do objeto.

Relatório de execução financeira do termo de colaboração ou


do termo de fomento, com a descrição das despesas e receitas
efetivamente realizadas e sua vinculação com a execução do
objeto, na hipótese de descumprimento de metas e resultados
estabelecidos no plano de trabalho.

Este relatório deverá conter:


• A relação das receitas e despesas realizadas, inclusive
rendimentos financeiros, que possibilitem a comprovação
da observância do plano de trabalho;
• o comprovante da devolução do saldo remanescente da
conta bancária específica, quando houver;
• o extrato da conta bancária específica;
• a memória de cálculo do rateio das despesas, quando for
o caso;
• a relação de bens adquiridos, produzidos ou transformados,
quando houver;

41
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

• cópia simples das notas e dos comprovantes fiscais ou


recibos, inclusive holerites, com data do documento, valor,
dados da organização da sociedade civil e do fornecedor e
indicação do produto ou serviço.

A memória de cálculo a ser apresentada pela OSC deverá


conter a indicação do valor integral da despesa e o detalhamento
da divisão de custos, especificando a fonte de custeio de cada
fração, com identificação do número e do órgão ou entidade da
parceria, vedada a duplicidade ou a sobreposição de fontes de
recursos no custeio de uma mesma parcela da despesa.
A análise do relatório de execução financeira será feita
pela administração pública federal e contemplará:
• o exame da conformidade das despesas, realizado
pela verificação das despesas previstas e das despesas
efetivamente realizadas, por item ou agrupamento de itens,
conforme aprovado no plano de trabalho;
• a verificação da conciliação bancária, por meio da aferição
da correlação entre as despesas constantes na relação de
pagamentos e os débitos efetuados na conta corrente
específica da parceria.

A administração pública deverá considerar ainda em


sua análise os seguintes relatórios elaborados internamente,
quando houver:
• Relatório de visita técnica in loco eventualmente realizada
durante a execução da parceria;

• Relatório técnico de monitoramento e avaliação, homologado


pela comissão de monitoramento e avaliação designada,
sobre a conformidade do cumprimento do objeto e os

42
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DE ENSINO E PESQUISA

resultados alcançados durante a execução do termo de

MÓDULO 6 - GESTÃO
colaboração ou de fomento.

O gestor emitirá parecer técnico de análise de


prestação de contas da parceria celebrada.
No caso de prestação de contas única, o gestor
emitirá parecer técnico conclusivo para fins de avaliação do
cumprimento do objeto.
Se a duração da parceria exceder um ano, a OSC deverá
apresentar prestação de contas ao fim de cada exercício, para
fins de monitoramento do cumprimento das metas do objeto.
Para fins de avaliação quanto à eficácia e efetividade
das ações em execução ou que já foram realizadas, os
pareceres técnicos deverão, obrigatoriamente, mencionar:
• Os resultados já alcançados e seus benefícios;
• Os impactos econômicos ou sociais;
• O grau de satisfação do público-alvo;
• A possibilidade de sustentabilidade das ações após a
conclusão do objeto pactuado.

Os documentos incluídos pela entidade na plataforma


eletrônica, desde que possuam garantia da origem e de seu
signatário por certificação digital, serão considerados originais
para os efeitos de prestação de contas.
Durante o prazo de 10 (dez) anos, contado do dia útil
subsequente ao da prestação de contas, a entidade deve
manter em seu arquivo os documentos originais que compõem
a prestação de contas.

43
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Prazos para apresentação e análise das prestações de


contas

A organização da sociedade civil prestará contas da boa


e regular aplicação dos recursos recebidos no prazo de até 90
(noventa) dias a partir do término da vigência da parceria ou no
final de cada exercício, se a duração da parceria exceder um ano.
O prazo para a prestação final de contas será estabelecido
de acordo com a complexidade do objeto da parceria.
A obrigatoriedade da apresentação de prestações de
contas finais não impede que a administração pública promova
a instauração de tomada de contas especial antes do término
da parceria, ante evidências de irregularidades na execução do
objeto.
O dever de prestar contas surge no momento da liberação
de recurso envolvido na parceria.
O prazo previsto para a apresentação da prestação de
contas poderá ser prorrogado por até 30 (trinta) dias, desde que
devidamente justificado.
Nas parcerias com vigência superior a um ano, a OSC
deverá apresentar prestação de contas anual para fins de
monitoramento do cumprimento das metas previstas no plano
de trabalho.
A prestação de contas anual deverá ser apresentada
no prazo de até 30 (trinta) dias após o fim de cada exercício,
conforme estabelecido no instrumento da parceria. Considera-
se exercício cada período de doze meses de duração da parceria,
contado da primeira liberação de recursos para sua execução.

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DE ENSINO E PESQUISA

A manifestação conclusiva sobre a prestação de contas

MÓDULO 6 - GESTÃO
pela administração pública observará os prazos previstos na
Lei nº 13.019/14, devendo concluir, alternativamente, pela:
• Aprovação da prestação de contas;
• Aprovação da prestação de contas com ressalvas; ou
• Rejeição da prestação de contas e determinação de
imediata instauração de tomada de contas especial.

As impropriedades que deram causa à rejeição da


prestação de contas serão registradas em plataforma eletrônica
de acesso público, devendo ser levadas em consideração por
ocasião da assinatura de futuras parcerias com a administração
pública, conforme definido em regulamento.
Constatada irregularidade ou omissão na prestação de
contas, será concedido prazo para a OSC sanar a irregularidade
ou cumprir a obrigação.
O prazo é limitado a 45 (quarenta e cinco) dias por
notificação, prorrogável, no máximo, por igual período, dentro
do prazo que a administração pública possui para analisar
e decidir sobre a prestação de contas e comprovação de
resultados.
Transcorrido o prazo para saneamento da irregularidade
ou da omissão, não havendo o saneamento, a autoridade
administrativa competente, sob pena de responsabilidade
solidária, deve adotar as providências para apuração dos
fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e
obtenção do ressarcimento, nos termos da legislação vigente.

A administração pública apreciará a prestação final de
contas apresentada, no prazo de até 150 (cento e cinquenta)
dias, contado da data de seu recebimento ou do cumprimento

45
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

de diligência por ela determinada, prorrogável justificadamente


por igual período.
O transcurso do prazo definido sem que as contas tenham
sido apreciadas:
• Não significa impossibilidade de apreciação em data
posterior ou vedação a que se adotem medidas saneadoras,
punitivas ou destinadas a ressarcir danos que possam ter
sido causados aos cofres públicos;
• Nos casos em que não for constatado dolo da OSC ou de seus
prepostos, sem prejuízo da atualização monetária, impede a
incidência de juros de mora sobre débitos eventualmente
apurados, no período entre o final do prazo referido neste
parágrafo e a data em que foi ultimada a apreciação pela
administração pública.

As prestações de contas serão avaliadas:


• Regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, o
cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano
de trabalho;
• Regulares com ressalva, quando evidenciarem impropriedade
ou qualquer outra falta de natureza formal que não resulte
em dano ao erário;
• Irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes
circunstâncias:
1. omissão no dever de prestar contas;
2. descumprimento injustificado dos objetivos e metas
estabelecidos no plano de trabalho;
3. dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
antieconômico;
4. desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.

46
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DE ENSINO E PESQUISA

O administrador público responde pela decisão sobre

MÓDULO 6 - GESTÃO
a aprovação da prestação de contas ou por omissão em
relação à análise de seu conteúdo, levando em consideração,
no primeiro caso, os pareceres técnico, financeiro e jurídico,
sendo permitida delegação a autoridades diretamente
subordinadas, vedada a subdelegação.
Quando a prestação de contas for avaliada como
irregular, após exaurida a fase recursal, se mantida a decisão, a
OSC poderá solicitar autorização para que o ressarcimento ao
erário seja promovido por meio de ações compensatórias de
interesse público, mediante a apresentação de novo plano de
trabalho, conforme o objeto descrito no termo de colaboração
ou de fomento e a área de atuação da organização, cuja
mensuração econômica será feita a partir do plano de trabalho
original, desde que não tenha havido dolo ou fraude e não
seja o caso de restituição integral dos recursos.

Responsabilidades das OSCs e Sanções Aplicáveis

Pela execução da parceria em desacordo com o


plano de trabalho e com as normas da Lei nº 13.019/14, e
da legislação específica, a administração pública poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar à OSC as seguintes sanções:
• Advertência;
• Suspensão temporária da participação em chamamento
público e impedimento de celebrar parceria ou contrato
com órgãos e entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, por prazo não
superior a 2 (dois) anos;
• Declaração de inidoneidade para participar de
chamamento público ou celebrar parceria ou contrato

47
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

com órgãos e entidades de todas as esferas de governo,


enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição
ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
sempre que a OSC ressarcir a administração pública pelos
prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
aplicada.

As sanções estabelecidas relativas à suspensão


temporária e declaração de inidoneidade são de competência
exclusiva de Ministro de Estado ou de Secretário Estadual,
Distrital ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do
interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após
dois anos de aplicação da penalidade.
Prescreve em 5 (cinco) anos, contados a partir da data da
apresentação da prestação de contas, a aplicação de penalidade
decorrente de infração relacionada à execução da parceria.
A prescrição será interrompida com a edição de ato
administrativo voltado à apuração da infração.

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INSTITUTO APAE BRASIL
DE ENSINO E PESQUISA

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