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UNIP

Universidade Paulista
Curso de Ciências Contábeis

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA

Material do aluno

Profa. Maria José Teixeira

São Paulo, 2022


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1 - CONTABILIDADE SOCIETÁRIA

A disciplina Contabilidade Societária trata do estudo e da avaliação dos ativos


classificados no Ativo Não Circulante.

Os grupos que compõem o Ativo Não Circulante são:

• Realizável a Longo Prazo


• Investimentos
• Imobilizado
• Intangível

Os ativos classificados no Ativo Não Circulante destacam-se por apresentarem


operações que, em geral, envolvem valores significativos e apresentam maior grau de
complexidade em sua análise e contabilização.

O conteúdo programático da disciplina Contabilidade Societária contempla o estudo


dos seguintes grupos:

ATIVO NÃO CIRCULANTE

• INVESTIMENTOS

• IMOBILIZADO

• INTANGÍVEL

O estudo desses ativos baseia-se numa estrutura formal e pautada em leis,


regulamentos e, em especial, na convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade
às Normas Internacionais de Contabilidade de acordo com os pronunciamentos emitidos
pelo IASB (International Accounting Stndards Board), que substituiu o IASC criado em
1973.

O IASB tem como objetivo desenvolver, com base em princípios claramente


articulados, um conjunto único de normas de contabilidade de alta qualidade,
compreensíveis, exequíveis (possíveis, praticáveis) e aceitáveis globalmente.
https://cfc.org.br/tecnica/assuntos-internacionais/

• É um órgão independente, emissor de normas contábeis, supervisionado por uma


junta de fiduciários diversificada geográfica e profissionalmente, e presta contas ao
Conselho de Monitoramento (Monitoring Board) constituído por autoridades
representativas do mercado de valores mobiliários.
• Apoiado pelo Conselho Consultivo de IFRS (IFRS Advisory Council) e pelo Comitê
de Interpretações de Relatório Financeiro Internacional (IFRS Interpretations
Committee), ambos externos ao IASB que lhe oferecem orientações para tratar as
divergências quanto à interpretação das normas emitidas.
• Mantém um processo de elaboração de normas sistemático, aberto, participativo e
transparente, interagindo com investidores, reguladores, empresários e com a
profissão contábil em geral, em cada estágio de processo.
• É o órgão responsável pela emissão das Normas Internacionais de Contabilidade,
as IFRS
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As IFRS (International Financial Reporting Standards) são um conjunto de normas


internacionais de contabilidade emitidas e revisadas pelo IASB com o objetivo de
padronizar os procedimentos contábeis e as políticas existentes entre os países
melhorando a estrutura conceitual e proporcionando a mesma interpretação das
demonstrações financeiras em todos os países.

Com o Brasil inserido no cenário da globalização e no mercado de capitais, surgiu a


necessidade da convergência das Normas Brasileiras aos padrões internacionais de
contabilidade, com o propósito de minimizar os diferentes critérios e práticas deixando as
Demonstrações Contábeis mais claras e interpretáveis em diferentes países.

Em 2005, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por meio da


Resolução CFC nº 1055/05, com o seguinte objetivo:

O estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre


procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações
dessas natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade
reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do
seu processo de produção, levando sempre em conta a
convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais( CFC, 2005).

Os pronunciamentos emitidos pelo CPC não têm poder normativo. Passam a ser
obrigatórios quando aprovados por Resoluções do CFC (Conselho Federal de
Contabilidade) e transformados em Normas Brasileiras de Contabilidade, identificadas por
NBC TG seguidas pelo número do CPC. As Normas Brasileiras de Contabilidade são de
aplicação obrigatória para todos os profissionais de contabilidade.

Para cada assunto tratado nesta disciplina, sempre será referenciado o respectivo
CPC e consequentemente a respectiva NBC TG.
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2 - AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

INTRODUÇÃO

A Lei nº 6.404/76, com alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº


11.941/09, introduziu critérios contábeis de avaliação de investimentos.

Para fins contábeis, os investimentos de caráter não circulante (permanente) ou


seja, aqueles destinados a produzir benefícios pela sua permanência, e não mantidos
para venda, são avaliados pelo método do valor justo, pelo método de custo ou pelo
método de equivalência patrimonial.

CLASSIFICAÇÃO NO BALANÇO PATRIMONIAL

Os investimentos devem ser classificados no Ativo Não Circulante, no grupo de


Investimentos.

ATIVO NÃO CIRCULANTE

INVESTIMENTOS

PARTICIPAÇÕES

• Participações Societárias em outras Sociedades


Avaliadas pelo valor justo
Avaliadas pelo valor de custo
Perdas Estimadas (conta credora)

• Participações em Sociedades Coligadas e Controladas


Avaliadas por Equivalência Patrimonial
Perdas Estimadas (conta credora)

PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

• Avaliadas pelo valor justo


• Avaliadas pelo valor de custo
• Perdas Estimadas (conta credora)

OUTROS INVESTIMENTOS NÃO CIRCULANTES

• Obras de arte
• Marcas e patentes não utilizadas nos negócios
• Perdas Estimadas (conta credora)
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CLASSIFICAÇÃO DE INVESTIMENTOS COMO NÃO CIRCULANTES


(PERMANENTES)

Os investimentos são classificados em temporários e permanentes.

• Investimentos temporários: são adquiridos com a intenção de revenda. Têm


caráter especulativo e devem ser classificados no ativo circulante ou no realizável a
longo prazo, conforme o prazo previsto para sua realização.

• Investimentos permanentes: são adquiridos com a intenção de permanência,


com o objetivo de gerar ganhos para a empresa.

A classificação contábil dos investimentos, no ativo não circulante, é determinada pela


Lei nº 6.404/76, com as alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09.

O art. 179 da Lei 6.404/76, determina:

Art. 179 – As contas serão classificadas do seguinte modo:


(...)

III – em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de


qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da
atividade da companhia ou da empresa.

Para classificação de um investimento como Não Circulante (permanente) são


fundamentais dois aspectos:

• Intenção de permanência
• Ativos que não se destinem à manutenção da atividade operacional da empresa.

A intenção de permanência se manifesta no momento em que se adquire a


participação:

• Ativo Circulante: caso exista a intenção de alienar o investimento no exercício


seguinte
• Realizável a Longo Prazo: caso exista a intenção de alienar o investimento após o
término do exercício seguinte.
• Ativo Não Circulante- Inestimentos: caso exista o interesse de permanência. São
as aplicações em instrumentos patrimoniais de outras sociedades como ativo
financeiro que serão mantidos para outra finalidade que não sua realização.

Exemplo

Uma empresa adquire, em 30.08.X1, ações de outras sociedades por $ 300.000. A


diretoria definiu que, uma parte, no valor de $ 120.000 serão vendidas em 30.03.X2.
Contabilizar a operação, necessária para o fechamento do balanço em 31.12.X1 e
apresentar a situação patrimonial nessa data.

SOLUÇÃO
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Entretanto, se o valor registrado no ativo circulante não for alienado até a data do
balanço do exercício seguinte àquele que tiver sido adquirido, deverá, o valor da
aplicação, ser transferido para o subgrupo de Investimentos, no ativo não circulante,
entendimento confirmado pela Legislação Tributária através do CST nº 108/78
(D.O.U.09.01.1979).
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3 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO

A partir da convergência aos padrões internacionais, passaram a existir três


métodos de avaliação de investimentos não circulantes (permanentes).

• Método do Valor Justo


• Método do Valor de Custo
• Método da Equivalência Patrimonial

3.1 - AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS EM OUTRAS SOCIEDADES

Participa com 5% das ações de B

• CPC 46 – Mensuração ao Valor Justo


• CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação
• CPC 48 – Instrumentos Financeiros

A avaliação de investimentos em participações em outras sociedades é definida pelo


art. 183 da Lei nº 6.404/76 e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/2007 e Lei nº
11.941/2009.

Art. 183 – No balanço, os elementos do ativo são avaliados segundo os seguintes


critérios:
(...)
III – os investimentos em participação no capital social de outras sociedades,
ressalvado o disposto nos arts. 248 e 250, pelo custo de aquisição, deduzidos de
provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda
estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do
recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas.

Note-se que a Lei nº 6.404/76 não reconhece o método do valor justo como método
de avaliação de participações societárias em outras sociedades. Essa forma de avaliação
não está de acordo com os pronunciamentos do CPC e, consequentemente, com as
Normas Brasileiras de Contabilidade.

O CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação estabelece que um instrumento


patrimonial de outra sociedade constitui-se num Instrumento Financeiro.

O CPC 48 – Instrumentos Financeiros estabelece que todos os investimentos em


instrumentos patrimoniais devem ser mensurados a valor justo.

Logo, se um instrumento patrimonial de outra entidade (portanto ações ou quotas de


capital de uma sociedade, enquanto instrumentos patrimoniais) por sua natureza constitui-
se em um ativo financeiro, a sua avaliação deve ser feita pelo valor justo.
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Verifica-se, então, uma divergência entre a Lei nº 6.404/76 e os CPCs

Avaliação pela Avaliação pelo


Lei nº 6.404/76 CPC

Valor de Valor Justo


Custo

MEP Valor de
Custo

MEP

3.2 - AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES PELO VALOR


JUSTO

A definição de valor justo consta no item 9 do CPC 46 – Mensuração do Valor


Justo

9. Este Pronunciamento define valor justo como o preço que seria


recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência
de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do
mercado na data de mensuração.

Características do valor justo:

• O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não um parecer


específico da entidade.

• Podem existir ativos e passivos nos quais as informações de mercado ou


transações de mercado são disponíveis e facilmente observáveis.

• O objetivo da mensuração do valor justo é estimar o preço pelo qual uma transação
não forçada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre
participantes de mercado na data da mensuração sob condições correntes de
mercado.

• Quando não houver dados observáveis para o preço de um ativo ou passivo, a


entidade deverá calcular o valor justo utilizando outra técnica de avaliação, na qual
deve prevalecer a maximização de dados observáveis relevantes sobre os dados
não observáveis.

• A avaliação de investimentos pelo valor justo consiste em analisar o investimento


segundo o valor de mercado.
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• O método de custo será utilizado somente quando o custo representar uma


estimativa apropriada do valor justo, ou quando o valor justo não puder ser
estimado com confiabilidade.

• O valor de custo deverá ser usado apenas em raras situações: quando o valor justo
não puder ser mensurado com certo grau de confiabilidade ou quando não existir
preço de cotação em mercado ativo.

Resumindo, o método de custo deve ser utilizado somente quando não existir preço
cotado em um mercado ativo, ou quando o seu valor justo não puder ser mensurado com
confiabilidade. Portanto, as participações em outras sociedades serão avaliadas pelo
custo se, e somente se, não tiverem preço de cotação em mercado ativo e seu valor justo
não puder ser mensurado com confiabilidade.

Exemplo

A Cia. Serra Dourada adquiriu, sem intenção de venda, 5 mil ações da Cia. Santa
Cruz por R$ 20,00 cada. O Patrimônio Líquido da Cia. Santa Cruz, na data da aquisição,
era de R$ 800.000,00. Ao fim do exercício o valor de mercado do patrimônio líquido da
investida Santa Cruz, foi confiavelmente mensurado em R$ 1.000.000,00.
Contabilizar a operação.

1) Na data da aquisição da participação


Ações adquiridas (5.000 x 20,00) = 100.000,00
PL da Investida = 800.000,00
Participação = 12,5%
D = Participações em outras sociedades–Cia. Santa Cruz 100.000,00
C = Caixa e equivalentes de Caixa 100.000,00

2) Na data do fechamento do balanço

Aumento no PL da Investida 200.000,00


Participação 12,5%
Aumento das Participações por avaliação de mercado 25.000,00
D = Participações em outras sociedades–Cia. Santa Cruz 25.000,00

C = Ajustes de Avaliação Patrimonial (PL) (*) 25.000,00

Caso o valor de mercado do patrimônio líquido da investida tivesse diminuído para R$


600.000,00 o lançamento seria o seguinte: (200.000,00 x 12,5%)

D = Ajustes de Avaliação Patrimonial (PL) (*) 25.000,00

C = Participações em outras sociedades–Cia. Santa Cruz 25.000,00

(*) Outros Resultados Abrangentes


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Participações em Outras Caixa e equivalentes Ajustes de Avaliação


Sociedades de Caixa Patrimonial (PL)

100.000,00 SI 100.000,00 25.000,00


25.000,00

Se a variação for negativa

Participações em Outras Caixa e equivalentes Ajustes de Avaliação


Sociedades de Caixa Patrimonial (PL)

100.000,00 25.000,00 SI 100.000,00 25.000,00

3.3 - AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES PELO VALOR DE


CUSTO

• Lei nº 6.404/76 de 15.12.76 e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº


11.941/09 – art. 183
• RIR/2018 – Decreto 9.580 de 22.11.2018.

Consiste em atribuir ao investimento o valor pago por ele originalmente, deduzido de


perdas estimadas para redução ao valor recuperável conforme estabelecido no art. 183
da Lei nº 6.404/76.
.

Custo de Aquisição

O custo de aquisição é o valor efetivamente despendido na transação, podendo


ocorrer mediante subscrição relativa a aumento de capital, ou o preço total pago pela
compra de ações de terceiros. Representam, portanto, todos os gastos realizados para a
sua aquisição, inclusive os encargos de corretagem.

Exemplo 1

A Cia. Maranhão participa do aumento de capital da Cia. São Luiz, subscrevendo


100.000 ações no valor nominal de $ 1,00 cada uma, integralizando em dinheiro.
Sabendo-se que o investimento corresponde a 5% do capital da investida, contabilizar a
operação na Investida e na Investidora.

SOLUÇÃO
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Perdas Estimadas

Muito embora a Lei 6.404/76 determine o reconhecimento da provisão para perdas


prováveis na realização de investimentos, quando comprovadas como permanentes, a
adequação às Normas Internacionais de Contabilidade, através do CPC 01 – Redução ao
Valor Recuperável de Ativos, a expressão “comprovadas como permanentes” tende a
desaparecer. De acordo com esse CPC, deve-se constituir perdas sempre que o valor
contábil exceder o valor de recuperação.

Outra alteração ocorreu na nomenclatura da conta. A conta Provisão para Perdas


não é mais aceitável, de acordo com o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e
Ativos Contingentes. Ainda, de acordo com esse CPC a nomenclatura adequada a ser
utilizada é Perdas Estimadas por Valor Não Recuperável. A legislação tributária reafirma
esse conceito no Decreto nº 9.580/2018 (RIR/2018)

Art. 616. Para fins da legislação tributária federal, as referências a provisões aplicam-se às perdas
estimadas no valor de ativos, inclusive aquelas decorrentes de redução ao valor recuperável (Lei nº
12.973, de 2014, art. 59, caput ).

Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda, no âmbito de


suas competências, disciplinará o disposto neste artigo (Lei nº 12.973, de 2014, art. 59, parágrafo
único) .

Como vimos, de acordo com a Lei nº 6.404/76, as participações em outras


sociedades devem ser avaliadas pelo método de custo. Esta forma de avaliação está em
desacordo com as normas internacionais que determina a utilização do método de custo
somente quando não existir preço de mercado cotado em um mercado ativo, ou quando o
seu valor justo não puder ser mensurado com confiabilidade.
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Portanto, estas participações serão avaliadas pelo custo se, e somente se, não
tiverem preço de cotação em mercado ativo ou se o seu valor justo não puder ser
mensurado com confiabilidade.

Dentre as situações que evidenciam perdas em investimentos, podemos destacar:

• Investimentos em sociedades operando com prejuízos;


• Investimentos em sociedades falidas e em má situação financeira;
• Investimentos em sociedades que possuem projetos não viáveis ou abandonados.

Cabe lembrar que as Perdas Estimadas (contas redutoras de ativos) não são dedutíveis
para fins de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido, de acordo com o Decreto nº 9.580/2018 (RIR/2018)

Art. 260. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de
apuração ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º ):

I - os custos, as despesas, os encargos, as perdas, as provisões, as participações e


quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o disposto
neste Regulamento, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real;

Exemplo 2

Admita que, as ações da Cia. São Luiz estejam desvalorizadas em virtude dos
constantes prejuízos gerados, sem perspectivas de recuperação a curto prazo, e tragam
um reflexo para a investidora no valor de $ 10.000,00. O lançamento contábil será o
seguinte;

SOLUÇÃO
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Obs.: a conta devedora também poderá ser denominada de: Perdas por Desvalorização.

Por se caracterizar em perda de capital, o valor da perda na participação societária é uma


despesa e a perda estimada é conta retificadora de Ativo Não Circulante – Investimentos.
No Balanço Patrimonial, o registro será da seguinte forma:

DIVIDENDOS NAS PARTICIPAÇÕES SOCIETÃRIAS

Na data do encerramento do balanço, as empresas estão obrigadas a contabilizar as


destinações do lucro líquido conforme proposta apresentada pelos órgãos da
administração, o que inclui a distribuição de dividendos. A empresa investidora deverá
obter, junto à empresa investida, informações sobre os dividendos propostos
contabilizados em seu balanço e efetuar o lançamento dos dividendos proporcionais à sua
participação, como Resultados Operacionais, e poderão ser excluídos do lucro líquido
para determinação do lucro real e do resultado ajustado, conforme estabelece o Art. 415
do RIR/2018.

Art. 415. Ressalvado o disposto no art. 416 e no § 1º do art. 425 , os lucros e os dividendos
recebidos de outra pessoa jurídica integrarão o lucro operacional ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977,
art. 11, caput ).
§ 1º Os lucros e os dividendos recebidos de pessoas jurídicas domiciliadas no País poderão ser
excluídos do lucro líquido, para fins de determinação do o lucro real ( Lei nº 9.249, de 1995, art.
10 ).
DIVIDENDOS RECEBIDOS APÓS 6 MESES:

Quando a sociedade investidora contabilizar os dividendos propostos pela investida, proporcionais ao


percentual de sua participação, deverá efetuar o seguinte lançamento:

D = Caixa/Dividendos a Receber
C = Receita de Dividendos (Receitas Operacionais)

DIVIDENDOS RECEBIDOS ATÉ 6 MESES

Porém, por determinação da legislação do imposto de renda, (art. 415 do RIR/2018) os


lucros ou dividendos recebidos em decorrência de participação societária avaliada pelo
método de custo de aquisição, adquirida até 6 meses antes da data da respectiva
percepção devem ser registrados como diminuição do valor do custo de aquisição, sem
afetar o resultado.
Presume-se, então, que o valor dos dividendos recebidos até 6 meses a partir da data de
aquisição do investimento esteja embutido no valor da participação.

D = Caixa/Dividendos a Receber
C = Participações em Outras Sociedades

Exemplo 1

Determinada empresa adquire participações avaliadas pelo custo de aquisição na


Cia. Clara. O Investimento foi adquirido em 01.02.X1 e corresponde a 5% do seu capital
social, tendo sido pago $ 100.000,00 na sua aquisição. Em 30.06.X1, a Cia. Clara
distribuiu $ 400.000,00 a título de dividendos. Os lançamentos contábeis na investidora
serão os seguintes:
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Pela aquisição dos Investimentos


D = Participações Societárias em Outras Empresas – Cia. Clara 100.000,00
C = Caixa e equivalentes de Caixa 100.000,00

Pela contabilização dos dividendos


D = Caixa/Dividendos a Receber 20.000,00
C = Participações Societárias em Outras Empresas – Cia. Clara 20.000,00

Os dividendos foram calculados proporcionalmente à participação no capital social


da investida (5% de $ 400.000,00). Como a participação na Cia. Clara foi adquirida em
01.02.X1 e os dividendos foram distribuídos em 30.06.X1, portanto com menos de 6
meses, os valores são registrados como redução do valor do investimento, não
transitando por conta de resultado.

Exemplo 2

Determinada empresa adquire participações avaliadas pelo custo de aquisição na


Cia. Escura. O Investimento foi adquirido em 01.02.X1 e corresponde a 8% do seu capital
social, tendo sido pago $ 300.000,00 na sua aquisição. Em 31.12.X1, a Cia. Escura
distribuiu $ 700.000,00 a título de dividendos. Os lançamentos contábeis na investidora
serão os seguintes:

SOLUÇÃO
15

Exemplo 3

A Cia. Marabá adquiriu 1% das ações da Cia. Santarém, pagando R$ 100,00, em


agosto/X9, representando o valor de mercado das ações cujo valor patrimonial montava
em R$ 90,00. No mês de dezembro/X9, a Cia. Marabá recebeu dividendos da Cia.
Santarém no valor de R$ 5,00 e esta empresa apresentou um lucro líquido de R$
1.500,00. Qual será o saldo da conta que representa o investimento da Cia. Marabá na
Cia. Santarém, em 31 de dezembro/X9?

Admita que o investimento é avaliado pelo método de custo. (Petrobrás – Contador Pleno –
Fundação Cesgranrio – com adaptações)

SOLUÇÃO
16

3.4 - PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

CPC 28 – Propriedade para Investimento


CFC = NBC TG 28 – Resolução CFC nº 1.178/09

Conceito de Propriedade para Investimento

O CPC 28 – Propriedade para Investimentos, cujo objetivo é estabelecer o tratamento


contábil de propriedade para investimento e respectivos requisitos de divulgação,
apresenta a seguinte definição:

Propriedade para investimento é a propriedade (terreno ou edifício –


ou parte de edifício – ou ambos) mantida (pelo proprietário ou pelo
arrendatário em arrendamento financeiro) para auferir aluguel ou para
valorização do capital ou para ambas, e não para:

(a) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para


finalidades administrativas; ou

(b) venda no curso ordinário do negócio.

Exemplos de Propriedade para Investimento (item 8 do CPC 28)

(a) terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para venda a curto prazo no curso
ordinário dos negócios;

(b) terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado (se a entidade não tiver determinado
que usará o terreno como propriedade ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso
ordinário do negócio, o terreno é considerado como mantido para valorização do capital);
(c) edifício que seja propriedade da entidade (ou mantido pela entidade em arrendamento financeiro) e que
seja arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais;

(d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um ou mais arrendamentos
operacionais;

(e) propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura utilização como propriedade para
investimento.

Reconhecimento da propriedade para investimento

Para que uma propriedade para investimento seja reconhecida como ativo é
necessário que:

• Seja provável o fluxo de benefícios econômicos futuros associados a essa


propriedade

• O custo da propriedade para investimento possa ser mensurado confiavelmente.

Caso uma propriedade tenha uma parte destinada a investimento e outra parte
destinada a imobilizado, somente se não for possível classificar, no seu todo, como
imobilizado ou quando for mínima a parte que estiver sendo utilizada pela empresa,
(imobilizado) cada parte deve ser classificada separadamente e ser tratada contabilmente
de forma separada.
17

Os custos da propriedade para investimento devem ser reconhecidos a partir do


momento em que a entidade a reconhece como uma propriedade para investimento e
devem incluir os custos inicialmente incorridos para adquiri-la e os custos incorridos
subsequentemente para adicionar, substituir partes, ou prestar manutenção à
propriedade.

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

Uma Propriedade para Investimento deve ser inicialmente mensurada pelo seu
custo. Após o seu reconhecimento a entidade deve escolher o método do valor justo ou o
método de custo e deve aplicar essa política a todas as propriedades para investimento.

Método do Valor Justo

Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago
pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do
mercado na data de mensuração.

As variações do valor justo são reconhecidas diretamente no resultado de cada


período.

Ganho por Ajuste ao Valor Justo (Ganho por AVJ)

Perda por Ajuste ao Valor Justo (Perda por AVJ)

Ou

Receitas por Ajuste ao Valor Justo

Despesas por Ajuste ao Valor Justo

Em determinadas situações em não é possível mensurar o valor justo com


confiabilidade e quando não estão disponíveis estimativas alternativas confiáveis de valor
de uso, utiliza-se o método de custo até que o valor justo possa ser utilizado.

Método de Custo

Se a entidade escolher o método de custo para registro contábil deve, de qualquer


forma, divulgar o valor justo da sua propriedade de investimento em cada balanço
patrimonial, no corpo da própria demonstração ou em nota explicativa.

A entidade deve, ainda, divulgar os métodos de depreciação usados; o prazo de


vidas úteis ou taxas de depreciação utilizadas; valor contábil bruto e a depreciação
acumulada (com as perdas estimadas por impairment).

Perdas estimadas

De acordo com o item 79 do CPC 28 – Propriedade para Investimento, a entidade


deve reconhecer a depreciação e as perdas por impairment.
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79. Além das divulgações exigidas pelo item 75, a entidade que aplique o método do custo do item
56 deve divulgar:

(v) a quantia de perdas por impairment reconhecida e a quantia de perdas por impairment revertida
durante o período de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 01;

Depreciação

A Lei nº 6.404/76, não faz menção à depreciação de edifícios classificados como


investimentos, porém, o RIR/2018 (Regulamento do Imposto de Renda) em seu art. 318,
parágrafo único e seus incisos determina que não será admitida quota de depreciação
referente a:

I – terrenos, salvo em relação aos melhoramentos ou construções;


II – prédios ou construções não alugados nem utilizados pelo proprietário na
produção dos seus rendimentos ou destinados a revenda;
III – bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de arte
ou antiguidades;
IV – bens para os quais seja registrada quota de exaustão.

Portanto, entende-se que, os edifícios, fora de uso nas atividades da companhia


mas que estejam alugados, estão sujeitos a depreciação.

Exercício 1

Informe (sim/não) se os itens representam propriedade para investimento

Terreno adquirido por empresa de construção e incorporação,


destinado a comercialização em lotes
Edificação de propriedade da empresa usada como residência
por empregados
Edificação vaga, mas mantida para ser arrendada em um ou
mais arrendamentos operacionais
Propriedade em construção para uso futuro como propriedade
para investimento
Edifício de escritórios com 18 andares, de propriedade da
entidade. Doze andares são ocupados com atividades
comerciais e administrativas da entidade e os seis andares
restantes são alugados
Edificação mantida pela entidade em um arrendamento
financeiro e arrendada em um arrendamento operacional
Terreno mantido para valorização do capital de longo prazo, em
vez de venda de curto prazo no curso normal de seus negócios
Edificação de propriedade da entidade e usada para
armazenamento do estoque de produtos acabados
Terreno de propriedade de uma construtora e incorporadora que
ainda não definiu se construirá um imóvel residencial para
venda ou se construirá um prédio com salas comerciais para
aluguel
(Exercício extraído do curso: Extensão em IFRS – NIA – Módulo 2 – FIPECAFI)
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Exercício 2

Informe (sim/não) para os itens que compõem o custo de uma propriedade para
investimento para fins de registro inicial

Preço à vista do Terreno


Juros pagos por compra do terreno a prazo
Material de construção utilizado
Custo de administração de obra cobrado por construtora para
execução da obra
Taxas cartorárias para transferência do terreno e averbação das
edificações
ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) pago na
compra do terreno
Seguro durante a construção
Gasto com marketing para alugar as unidades
Honorários advocatícios pagos para acompanhamento do
processo de regularização do imóvel (registros, certidões,
“habite-se” etc) junto aos órgãos públicos
Taxas de condomínios das unidades desocupadas
(Exercício extraído do curso: Extensão em IFRS – NIA – Módulo 2 – FIPECAFI)

Exercício 3

A Cia. J adquiriu um imóvel para investimento por R$ 2 milhões (preço à vista) em


31/12/X1 e, na mesma data, desembolsou R$ 100.000,00 com impostos, taxas de registro
do imóvel. Durante o ano de X2, a Cia. J alugou o imóvel para terceiros por R$
400.000,00. Informe o resultado proporcionado pelo imóvel na Demonstração do
Resultado e o saldo da conta Propriedade para Investimento, no Balanço Patrimonial:

a) Considerando que a Cia. J optou pelo método de custo e adotou uma taxa de
depreciação linear de 2% ao ano, sem valor residual.
b) Considerando que a Cia. J optou pelo método de valor justo e o valor justo do
imóvel era de R$ 2,3 milhões em 31/12/X2
(Exercício extraído do curso: Extensão em IFRS – NIA – Módulo 2 – FIPECAFI)

SOLUÇÃO
20

Exercício 4

A empresa possui um imóvel para futura utilização, classificado, portanto, como


Propriedade para Investimento, no Ativo Não Circulante, contabilizado por $ 100.000,00.
A prefeitura construiu um viaduto ao lado de sua propriedade, causando uma perda de
40%.A empresa optou pelo Método de Custo.

No exemplo, será pouco provável que o proprietário consiga recuperar a perda do valor
do seu imóvel, portanto, caberá a constituição de Perdas Estimadas por Valor Não
Recuperável. O lançamento correspondente à perda permanente será:

D = Perdas Estimadas por Valor Não Recuperável


(Resultado: Outras Despesas) 40.000,00
C = Perdas Estimadas por Valor Não Recuperável (Investimentos) 40.000,00
21

SOLUÇÃO
22

3.5 - OUTROS INVESTIMENTOS NÃO CIRCULANTES

• Obras de arte
• Marcas e patentes não utilizadas pela empresa
• Perdas Estimadas (conta credora)

Tais investimentos devem ser avaliados pelo método do valor justo ou pelo método de
custo, deduzidos das perdas estimadas por impairment, quando necessário. Devem ser
avaliados pelo método de custo quando o ativo não tiver preço de mercado cotado em
mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser confiavelmente medido.

RESUMO

Participações em Outras Sociedades

Método de Custo: Quando não existir mercado ativo


Quando o valor justo não puder ser confiavelmente medido

Método do Valor Justo: Quando houver valor justo confiável, disponível ou


estimado com confiabilidade.

O Ajuste a Valor justo será contabilizado na conta Ajuste de Avaliação Patrimonial


diretamente no Patrimônio Líquido.

Propriedade para Investimento

Opcional: Método de Custo


Método do Valor Justo

Feita a escolha todas as propriedades para Investimento devem ser avaliadas pelo
mesmo método

Contabilização do Ajuste:

Receita por Ajuste ao Valor Justo


Despesas por Ajuste ao Valor Justo

As variações do valor justo são reconhecidas diretamente no resultado de cada


período.

Outros Investimentos

Método de Custo: Quando não existir mercado ativo


Quando o valor justo não puder ser confiavelmente medido

Método do Valor Justo: Quando houver valor justo confiável, disponível ou


estimado com confiabilidade.
23

4 - AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA


PATRIMONIAL

• CPC 18 (R2) – Investimentos em Coligada, em Controlada e em Empreendimento


Controlado em Conjunto
• CVM – Deliberação CVM nº 696/12
• CFC – NBC TG 18 – Resolução CFC nº 1.424/13
• INTERPRETAÇÃO TÉCNICA ICPC 09 (R1) – Demonstrações Contábeis
Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação
do Método da Equivalência Patrimonial
• CVM – Deliberação CVM nº 687/12
• CFC – NBC TG 09 – Resolução CFC nº 1.262/09 e alterações produzidas pela
Resolução CFC nº 1.408/12
• IAS 28 – Investments in Associates and Joint Ventures
• Lei nº 6.404/76 de 15.12.76 e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº
11.941/09 – art. 248
• RIR/2018 – Decreto Nº 9.580 de 22/11/2018 – arts. 420 a 430.

4.1 - INVESTIMENTOS AVALIADOS PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA


PATRIMONIAL

De acordo com Lei nº 6.404/76, e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/2007 e


pela Lei nº 11.941/2009, devem ser avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial:

• Investimentos em Coligadas;
• Investimentos em Controladas;
• Investimento em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou
estejam sob controle comum.

Já, o CPC 18 (R2) determina a aplicação do Método de Equivalência Patrimonial


quando da contabilização de

• Investimentos em Coligadas
• Investimentos em Controladas
• Empreendimentos Controlados em Conjunto (joint ventures)

COLIGADAS: São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência


significativa.

INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA: Considera-se que há influência significativa quando a


investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou
operacional da investida, sem controlá-la.

É presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% ou mais do


capital votante da investida, sem controlá-la.

Note-se que a Lei, na definição de coligada, não especifica o tipo de sociedade ou ainda a
proporção da participação na investida, a não ser pelo conceito presumido de influência
significativa, abrangendo, portanto, todos os tipos de sociedade. Também não faz menção
sobre participações indiretas, o que nos leva ao entendimento que, existindo influência
24

significativa, é coligada, mesmo que a participação seja indireta, o que predomina é a


essência sobre a forma.

O CPC 18 (R2) define influência significativa da seguinte forma:

INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA: é o poder de participar das decisões sobre políticas


financeiras e operacionais de uma investida, mas sem que haja o controle individual ou
conjunto dessas políticas.

Diferentemente da Lei nº 6.404/76, o CPC 18 (R2) em continuação à definição de


Influência Significativa, acrescenta no item 5 e 6:

5. Se o investidor mantém direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), vinte por
cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência significativa, a
menos que possa ser claramente demonstrado o contrário. Por outro lado, se o investidor detém,
direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), menos de vinte por cento do poder
de voto da investida, presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa
influência possa ser claramente demonstrada. A propriedade substancial ou majoritária da investida
por outro investidor não necessariamente impede que um investidor tenha influência significativa
sobre ela.

6. A existência de influência significativa por investidor geralmente é evidenciada por uma ou mais
das seguintes formas:

(a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida;

(b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre dividendos e
outras distribuições;

(c) operações materiais entre o investidor e a investida;

(d) intercâmbio de diretores ou gerentes;

(e) fornecimento de informação técnica essencial.

Conclui-se, portanto, que uma sociedade é coligada:

• Quando a participação, direta ou indireta, for de 20% ou mais do capital votante da


investida; e/ou
• Quando se configurar a existência de Influência Significativa

CONTROLADAS: Considera-se Controlada a sociedade na qual a controladora,


diretamente ou através de outras controladas é titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente:

• preponderância nas deliberações sociais


• o poder de eleger ou destituir a maioria dos administradores.

Esses direitos são conferidos às ações com direito a voto e quando a investidora possuir
o controle acionário representado por mais de 50% do capital votante
OBS.: A proporção das ações preferenciais em relação ao total das ações emitidas passa
de 2/3 para 50%. (Lei 10.303/2001 – art. 15)
25

EXEMPLO N° 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

A Investidora Cia. X detém participações nas seguintes investidas: Classificar os investimentos:

A B C D E

CAPITAL SOCIAL
N° Ações Pref 40.000 200.000 400.000 300.000 50.000
Ord 80.000 400.000 800.000 600.000 100.000
Total 120.000 600.000 1.200.000 900.000 150.000

PARTICIPAÇÃO-Cia.X
N° Ações Pref 4.000 - 6.000 - -
Ord 20.000 400.000 160.000 312.000 7.000
Total 24.000 400.000 166.000 312.000 7.000

% PARTICIPAÇÃO-Cia.X Pref 10,00% - 1,50% - -


Ord 25,00% 100,00% 20,00% 52,00% 7,00%
Total 20,00% 66,67% 13,83% 34,67% 4,67%

Custo ou Valor
CLASSIFICAÇÃO Coligada Controlada Coligada Controlada Justo

EXEMPLO N° 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

A Investidora Cia. Y detém participações nas seguintes investidas: Classificar os investimentos:

A B C D E
CAPITAL SOCIAL
N° Ações Pref 10.000 15.000 20.000 25.000 20.000
Ord 20.000 30.000 40.000 50.000 30.000
Total 30.000 45.000 60.000 75.000 50.000

PARTICIPAÇÃO-Cia.Y
N° Ações Pref - 2.550 1.000 500 1.000
Ord 12.000 9.600 8.800 36.500 2.000
Total 12.000 12.150 9.800 37.000 3.000

% PARTICIPAÇÃO-Cia.Y Pref
Ord
Total

CLASSIFICAÇÃO
26

SOCIEDADES QUE FAÇAM PARTE DE UM MESMO GRUPO OU ESTEJAM SOB


CONTROLE COMUM

Art. 248 da Lei Nº 11.638/2007, alterado pela Lei 11.941/2009, define Controle Comum

CONTROLE COMUM: está diretamente relacionada à essência econômica da entidade


contábil e, como tal, deve ser entendida. A dimensão econômica da entidade é delimitada
como o conjunto de entes, ainda que, juridicamente distintos, que estejam em um mesmo
grupo ou que seu controle seja exercido por um mesmo ente ou conjunto de entes.

Exemplo:

A Companhia XYZ controla as companhias A, B e C.


A companhia A é uma companhia aberta e participa com 10% do capital votante das
companhias B e C.

Assim, a companhia A avaliará os investimentos em B e C pelo método da equivalência


patrimonial, já que todas estão sob o controle comum de XYZ.
XYZ

51% 51%
51%

A B C
10%
10%

Se XYZ controla A, B e C,
Se A tem participação em B e C
Logo, A aplica o método de equivalência patrimonial em B e C, estão sob o controle de XYZ

EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO

De acordo com o CPC- 18 (R2):


EMPREENDIMENTO CONROLADO EM CONJUNTO (Joint Venture): é um acordo
conjunto por meio do qual as partes, que detêm o controle em conjunto de acordo
contratual, têm direitos sobre os ativos líquidos desse acordo.

Ocorre quando duas ou mais pessoas jurídicas juntam os recursos e esforços para
desenvolver em conjunto uma atividade. Os empreendedores podem, até, ter
participações diferentes e mesmo assim o controle pode ser compartilhado, de acordo
com as definições contidas no estatuto ou contrato social ou em documentos à parte,
como um acordo de acionistas. Por esse acordo os sócios compartilham as decisões e
defendem os interesses da controlada em conjunto.

Portanto são avaliadas pelo MEP

• Coligadas
• Controladas
• Controladas em conjunto
• Sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum.
27

4.2 – CONTROLE DIRETO E INDIRETO

DIRETO: Quando uma sociedade controla diretamente outra sociedade.


INDIRETO: Quando o controle é feito através de outra sociedade controlada.

80% das ações ordinárias

90% das ações ordinárias


C

B é controlada direta de A (80% das ações ordinárias)


C é controlada direta de B (90%) e Indireta de A, pois A controla C através de B

DISTINÇÃO ENTRE CONTROLE E PROPRIEDADE

CONTROLE: Decisão pela soma de votos

PROPRIEDADE: Percentual de participação no capital


Nas assembléias o que predomina é a decisão pela soma dos votos, ou seja, o importante
é o conceito de CONTROLE e não de PROPRIEDADE.

EXEMPLO 1
A

51% das ações ordinárias

33,15% B

65% das ações ordinárias


C

B é controlada direta de A (80% das ações ordinárias)


C é controlada direta de B (90%) e Indireta de A, pois A controla C através de B

EXEMPLO 2

A
9%

53%

B C
43%
28

Obs.: A empresa emite somente ações ordinárias


B é controlada direta de A (53%
C é coligada direta de B (43%)
C é controlada indireta de A: Controle: Direto 9%
Indireto 43% 52%

Participação: Indireta (53% x 43%) 22,79%


Direta 9% 31,79%

EXEMPLO 3

TERCEIROS
A
20%
40%
70%

B C
40%

Obs.: A empresa emite somente ações ordinárias

SOLUÇÃO

EXEMPLO 4

60% 45%

B C

55% 40% 60%

E D

Obs.: A empresa emite somente ações ordinárias

SOLUÇÃO
29
30

4.3 - A TÉCNICA DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

O CPC 18 – (R2) define o Método da Equivalência Patrimonial como:

MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: É o método de contabilização por meio


do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado
pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações dos ativos
líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe
cabe nos resultados gerados pela investida.

Em outras palavras, o Método da Equivalência Patrimonial consiste em reconhecer nos


Investimentos da investidora, o percentual de participação no Patrimônio Líquido da
investida.

Portanto, para que a investidora contabilize a Equivalência Patrimonial, a peça


fundamental, é a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido das sociedades
investidas.

Exemplo

1) Em 01.01. X1 a Cia. Beta foi constituída com um capital social de $ 100.000 emitindo
100.000 ações ordinárias ao valor nominal de $ 1,00 por ação, integralizado em dinheiro,
da seguinte forma:

A Cia. Alfa adquire 60% das ações.


Terceiros adquire 40% das ações.

2) No final de X1, a Cia. Beta apura um lucro de $ 8.000.

3) Propõe a distribuição de 25% de dividendos

Durante X2, a Cia. Beta apresenta as seguintes operações:

1) Aumento de Capital no valor de $ 50.000. A Cia. Alfa subscreve o mesmo percentual


de participação.

2) No final de X2, apura um prejuízo de $ 12.000.

LANÇAMENTOS

Na Investida – Cia. Beta Na Investidora – Cia. Alfa

1) Pela Constituição 60%

Caixa Capital Social Participações Caixa

100.000 100.000 60.000 60.000


31

2) Pelo Reconhecimento do Lucro

ARE Lucros Acumulados Participações REP


Desp, Receitas
8.000 4.800 4.800
8.000
8.000

3) Pela Distribuição de Dividendos

Lucros Acumulados Dividendos a Pagar Dividendos a Receber Participações

2.000 2.000 1.200 1.200

PL da Investida = 106.000
Participações na Investidora = 63.600
% de participação = 60%

EM X2

1) Pelo aumento de Capital

Caixa Capital Social Participações Caixa

50.000 50.000 30.000 30.000

2) Pelo reconhecimento do Prejuízo

ARE Lucros Acumulados Participações REP


Desp. Rec
12.000 7.200 7.200
12.000
12.000

PL da Investida = 144.000
Participações na Investidora = 86.400
% de participação = 60%
32

4.4 - EFEITOS NA INVESTIDORA, DA MOVIMENTAÇÃO OCORRIDA NO


PATRIMÔNIO LÍQUIDO NA INVESTIDA

Uma vez definidos os investimentos avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial,


aplicamos a técnica: à medida que o Patrimônio Líquido das investidas AUMENTA ou
DIMINUI, a conta Investimentos da Investidora deverá também AUMENTAR ou DIMINUIR
proporcionalmente ao percentual de participação. Para se determinar a contrapartida
desse DÉBITO ou CRÉDITO vai depender da origem da movimentação do Patrimônio
Líquido das investidas. Essa movimentação pode originar-se de vários motivos tais como:

• Lucro ou Prejuízo do Exercício


• Dividendos Propostos
• Integralização do Capital
• Ajustes de Exercícios Anteriores
• Outros Resultados Abrangentes

LUCRO OU PREJUÍZO DO EXERCÍCIO

A contrapartida do ajuste de investimentos deverá estar no resultado do exercício como


receita ou despesa. Se a investida apurar lucro, a investidora reconhecerá como receita,
se a investida apurar prejuízo, a investidora reconhecerá como despesa. Essa receita ou
despesa é operacional e deverá ser classificada em conta específica denominada
RESULTADO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.

Se a investida apurar lucro a investidora reconhece como Resultado de


Equivalência Patrimonial (Positivo)

D = Investimentos
C = Resultado de Equivalência Patrimonial (no caso de lucro)

Se a investida apurar prejuízo a investidora reconhece como Resultado de


Equivalência Patrimonial (Negativo)

D = Resultado de Equivalência Patrimonial (no caso de prejuízo)


C = Investimentos

DIVIDENDOS PROPOSTOS

No método da equivalência patrimonial os lucros são reconhecidos no momento em que


são apurados pela investida. Assim quando da distribuição dos dividendos não existe o
reconhecimento de nova receita. Se assim o fosse, haveria o reconhecimento em dobro
do resultado. Contabiliza-se, portanto, como um direito (caso tenha ocorrido o
provisionamento dos dividendos) ou como disponível (se já houve a efetiva distribuição).

Os lucros já são reconhecidos quando da contabilização da equivalência


patrimonial. Quando efetivar a distribuição de tais lucros como dividendos deve-se
registrar uma troca de investimentos por dinheiro

D = Dividendos a Receber / Caixa e equivalentes de caixa


C = Investimentos
33

INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL

A integralização do capital feita pela investidora provoca um acréscimo no patrimônio


líquido da investida, na mesma proporção do acréscimo na sua conta de investimentos.

D = Investimentos
C = Caixa e equivalentes de caixa

AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES


CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativas e Retificação de erros
Lei 6.404/76 – art. 186

A Lei societária determina que sejam contabilizados diretamente na conta de Lucros


Acumulados sempre que tivermos efeitos decorrentes de:

• Mudança de critérios contábeis

• Retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam


ser atribuídos a fatos subseqüentes.

Pelo disposto no CPC 18 (R2), item 10, somente a parte do investidor nos lucros ou
prejuízos gerados pela investida é devem ser reconhecidos no lucro ou prejuízo do
período do investidor.

Adicionalmente o CPC dispõe que a parte do investidor nas mutações do PL, que não
pelo resultado do período, devem ser reconhecidas de forma reflexa diretamente no
patrimônio líquido do investidor.

Portanto, quando a investida efetuar ajuste de exercícios anteriores, aumentando ou


reduzindo seu patrimônio, o ajuste proporcional na conta de Investimentos será lançado,
de forma reflexa na conta de LUCROS ACUMULADOS.

Se aumentar PL na Investida

D = Investimentos
C = Lucros Acumulados

Se diminuir PL na Investida

D = Lucros Acumulados
C = Investimentos

OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES

Quando a sociedade investida apresentar, no seu Patrimônio Líquido, Outros Resultados


Abrangentes em decorrência da existência de reserva de reavaliação, ajustes de
avaliação patrimonial, ganhos e perdas de conversão, etc., o investidor fará o
reconhecimento de forma reflexa, diretamente em contas de Patrimônio Líquido.

D = Investimentos em Coligadas ou Controladas


C = Outros Resultados Abrangentes de Coligadas – Cia. X

Caso apresente outros resultados abrangentes com saldo devedor, o lançamento será o
inverso.
34

Apresentamos, resumidamente, a Técnica da Equivalência Patrimonial, demonstrada na


tabela abaixo:

Movimentação no PL da Investida Contabilização dos reflexos nos


Investimentos da Investidora
Lucros ou Prejuízos do Exercício: Lucro D = Investimentos
C = Resultado de Equivalência Patrimonial

Prejuízo D = Resultado de Equivalência Patrimonial


C = Investimentos

Dividendos Propostos D = Dividendos a Receber


C = Investimentos

Integralização do Capital D = Investimentos


C – Caixa

Ajuste de Exercícios Anteriores: Positivo D = Investimentos


C = Lucros Acumulados

Negativo D = Lucros Acumulados


C = Investimentos

Outros Resultados Abrangentes: Positivo D = Investimentos


C = Outros Resultados Abrangentes (PL)

Negativo D = Outros Resultados Abrangentes (PL)


C = Investimentos

EXERCÍCIOS 1, 2 e 3
35

4.5 - MAIS VALIA, ÁGIO POR RENTABILIDADE FUTURA E GANHO POR COMPRA
VANTAJOSA EM COLIGADAS E CONTROLADAS

Como já vimos, segundo o CPC 18 (R2), pelo método de equivalência patrimonial,


um investimento em coligada e em controlada é inicialmente reconhecido pelo custo e o
seu valor contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do
investidor nos lucros ou prejuízos do período e demais mutações do patrimônio líquido
gerados pela investida após a aquisição.

Pode ocorrer, entretanto, que o investidor, ao adquirir uma participação, o valor


pago por essa participação ser diferente do valor patrimonial dessa participação.

A essa diferença, se o valor pago for maior que o valor patrimonial, se dá o nome
de mais-valia de ativos líquidos, ou de ágio por expectativa de rentabilidade futura
(Goodwill). Se o valor pago for menor que o valor patrimonial, a essa diferença se dá o
nome de ganho compra vantajosa (ou deságio)

O pagamento a maior pode ocorrer considerando-se duas situações:

• Os ativos da investida, líquidos dos passivos, mensurados a valor justo


individualmente, valem mais que o valor contábil (mais-valia).

• Paga-se mais até do que o valor justo dos ativos líquidos da investida, porque se
esperam lucros acima do normal, paga-se por expectativa de rentabilidade futura
(goodwill). Neste caso o Goodwill refere-se:
• prestígio da empresa
• tradição da empresa
• credibilidade da marca
• Fundo de comércio
• Capital intelectual
• Carteira de clientes

Quando os investimentos forem feitos por meio de subscrições em empresas


coligadas e controladas formadas pela própria investidora, não surge normalmente
qualquer mais-valia, ágio ou deságio, a não ser no caso de variação percentual de
participação. Porém, quando uma sociedade adquire participações de empresas já
existentes, aí sim, pode surgir a figura da mais-valia, ágio ou deságio.

Como vimos, a diferença entre o valor pago e o valor contábil adquirido se configura de
duas situações:

I. Diferença de valor dos ativos líquidos da investida: determinado pela diferença


entre a soma do valor justo dos ativos líquidos identificáveis e o valor contábil do
patrimônio líquido da investida.

II. Rentabilidade Futura (Goodwill): Diferença entre o valor justo atribuído ao negócio
e o valor justo dos ativos líquidos da investida.

Para tanto, é necessário que, na data da aquisição das ações, a coligada ou


controlada determine o valor justo dos ativos líquidos, bem como o valor contábil do seu
patrimônio Líquido.
36

Muito embora, a mais-valia (por diferença do valor justo dos ativos líquidos
identificáveis) e o Ágio (por rentabilidade futura - goodwill), integrem o saldo contábil do
investimento, sua contabilização deverá ser feita em contas separadas para fins de
controle interno. Todavia, quando da publicação do balanço patrimonial, somente o saldo
da conta investimentos deverá ser publicado.

Resumidamente, têm-se que:


• Se o valor pago for maior que o valor contábil dos ativos líquidos da investida
(Valor Patrimonial) = Mais Valia de ativos líquidos ou Ágio por Rentabilidade
Futura (goodwill).

• Se o valor pago for menor que o valor contábil dos ativos líquidos da investida
(Valor Patrimonial) = Ganho por compra vantajosa.

O pagamento a maior pode ocorrer considerando-se duas situações:

• Ativos da investida líquidos de passivos mensurados a valor justo, maior que


o valor contábil = Mais Valia.

• Valor pago maior que os ativos da investida líquidos de passivos


mensurados a valor justo = Ágio por Rentabilidade Futura.

ATIVOS LÍQUIDOS DE PASSIVOS = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Ativo Circulante 200.000 Passivo Circulante 100.000
Ativo Não Circulante 150.000 Passivo Não Circulante 50.000

Patrimônio Líquido 200.000

TOTAL DO ATIVO 350.000 TOTAL DO PASSIVO E PL 350.000

EXEMPLO

Aquisição: 100%
Valor do PL da Investida na data da aquisição 200.000

Valor Contábil dos ativos líquidos dos passivos 200.000


Valor Justo dos Ativos Líquidos 400.000
Mais Valia 200.000

Valor Justo dos Ativos Líquidos 400.000


Valor negociado 500.000
Ágio por Rentabilidade Futura (Goodwill) 100.000

Ganho por Compra Vantajosa


Valor Justo dos Ativos Líquidos 400.000
Valor negociado 350.000
Ganho por Compra Vantajosa 50.000
37

MAIS VALIA: É a diferença entre o valor contábil e o valor justo.

ÁGIO POR RENTABILIDADE FUTURA (GOODWILL): É a diferença entre o valor


negociado e o valor justo (quando o valor negociado for maior que o valor justo).

GANHO POR COMPRA VANTAJOSA: É a diferença entre o valor negociado e o


valor justo (quando o valor negociado for menor que o valor justo.

Exemplo 1

Suponha que a empresa X adquira, por $ 12.000,00, 30% do patrimônio líquido de uma
investida Y que tenha um patrimônio Líquido de 30.000,00.

A investida Y complementa com as seguintes informações:

1) O imobilizado vale $ 1.000,00 a mais do que o seu valor líquido contabilizado.


2) Existe uma patente criada pela própria empresa e por isso não contabilizada que
pode ser negociada, no mercado, por $ 1.200,00.
3) O excedente, portanto, é pagamento por expectativa de rentabilidade futura.

Empresa Y Empresa X
30%
Valor do Patrimônio Líquido 30.000,00 9.000,00
Valor justo do imobilizado 1.000,00 300,00
Valor justo da patente 1.200,00 360,00
Valor do PL/Investimentos 32.200,00 9.660,00
Ágio por rentabilidade futura (goodwill) 2.340,00
Total do Investimento 12.000,00

A contabilização da operação será:

D = Participações em Coligadas - Cia. Y 9.000,00


D = Mais-valia de ativos Líquidos – Cia. Y 660,00
D = Ágio por Rentabilidade Futura – Cia. Y 2.340,00
C = Caixa e equivalentes de caixa 12.000,00

Exemplo 2

Suponha que a empresa X adquira, por $ 7.000,00, 30% do patrimônio líquido de uma
investida Y que tenha um patrimônio Líquido de 30.000,00.

Empresa Y Empresa X
30%
Valor do Patrimônio Líquido 30.000,00 9.000,00
Deságio (ganho por compra vantajosa) (2.000,00)
Total do Investimento 7.000,00
38

A contabilização da operação será:

D = Participações em Coligadas - Cia. Y 9.000,00


C = Ganho por compra Vantajosa (Resultado-Outras Receitas) 2.000,00
C = Caixa e equivalentes de caixa 7.000,00

Exemplo 3

Suponha que a empresa A inicie entendimentos com os acionistas da empresa B para


comprar 40% de suas ações. O preço foi fixado em $ 60,00 por ação e o capital social da
investida é formado por 3.000 ações ordinárias. Para determinação do valor dos
investimentos, a coligada emitiu um balanço patrimonial, cujo patrimônio líquido era de $
150.000,00. Considerando-se o valor justo dos ativos líquidos o Patrimônio Líquido seria
de $ 170.000,00.
Pede-se: Classificar a sociedade investida
Contabilizar a operação

SOLUÇÃO
39

Exemplo 4

A Cia. Horizonte adquire 60% das ações da Cia. Marítima por $ 1.100. Os balanços das
duas empresas, antes da aquisição de controle eram os seguintes:

Cia. Horizonte
ATIVO PASSIVO E PL
Ativos diversos 1.300 Capital 1.300

Cia. Marítima
ATIVO PASSIVO E PL
Ativos diversos 2.000 Passivos 800
Capital 1.200

A Cia. Horizonte ao adquirir as ações da Cia. Marítima considera que seus ativos, que se
contabilizados e mensurados a valor justo, corresponderiam a $ 2.500, mas os passivos
de $ 800 (esse é também o valor justo dos passivos contabilizados) não registram uma
contingência passiva avaliada em $ 200.

Após a contabilização da operação, demonstre o novo Balanço Patrimonial da Cia.


Horizonte.

SOLUÇÃO
40

REALIZAÇÃO DA MAIS-VALIA

A mais-valia fundamenta-se na existência de ativos e passivos líquidos cujo valor justo


é superior ao valor contábil. Dessa forma a baixa dessa mais-valia deve ser feita
proporcionalmente à realização dos ativos e passivos que lhes deu origem, por exemplo:

• Estoques: quando da venda.


• Ativos Imobilizados: proporcionalmente à depreciação ou baixa.
• Ativos Intangíveis com vida útil definida: quando de sua amortização ou baixa.

Entretanto, existem outras condições que implicam na baixa da mais-valia, por


exemplo:
• Quando a investidora alienar o investimento
• Quando a investidor reconhecer perdas pela redução do investimento ao valor
de recuperação.

Logicamente haverá a necessidade de se manter controles, até com certa


complexidade, para permitir o acompanhamento do valor pelo qual os ativos e passivos
que geraram o ágio estão sendo realizados em cada exercício para que se amortize a
mais-valia correspondente.

A contrapartida dessa amortização será a própria conta de Resultado de Equivalência


Patrimonial. Justifica-se este procedimento em razão de que a realização dessa conta
ajusta o resultado líquido da investida.

Exemplo

Suponha que, no exemplo 3, o valor justo do imobilizado refere-se a máquinas e


equipamentos, cuja taxa de depreciação é de 10% ao ano.

Mais valia de ativos líquidos (máquinas e Equipamentos) 8.000,00


Amortização da mais-valia (10%) 800,00

A Contabilização da operação será:

D = Resultado de Equivalência Patrimonial 800,00


C = Mais-valia de ativos Líquidos – Cia. B 800,00

REALIZAÇÃO DO ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA

Regra geral, o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em coligadas e


controladas não pode mais ser amortizado.

Nos investimentos em coligadas, ele simplesmente permanecerá como sub conta até
a baixa do investimento por alienação ou por impairment (redução ao valor recuperável de
ativos). Segundo o CPC 18, o ágio não será testado separadamente em relação ao seu
valor recuperável. O valor contábil total do investimento é que é testado como um único
ativo.

Nos investimentos em controladas, também não é mais amortizado, mas o teste de


impairment é feito de maneira isolada conforme a Interpretação Técnica CPC 09 (R1)

IMPAIRMENT TEXT: Será visto em Contabilidade Financeira: Perdas Estimadas.


41

4.6 - VARIAÇÃO DE PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO EM INVESTIMENTOS


AVALIADOS PELO MEP

A participação percentual de uma investidora representa o percentual de


participação no capital social da investida.

Quando a investida aumenta o seu capital social com a emissão de novas ações,
todos os acionistas são convidados a participar desse aumento de capital de forma que
continuem com o mesmo percentual detido antes desse aumento de capital. È
assegurado aos acionistas o direito de preferência, ou seja, o direito de continuar com o
mesmo percentual anteriormente detido, deixando intacta a sua participação no capital
social da investida.

Mas, nem sempre os acionistas exercem esse direito e podem ceder o seu direito
de preferência para outros acionistas, alterando, assim, o seu percentual de participação.

Isso ocorre quando:

• A investida aumenta o capital com emissão de novas ações e a investidora


subscreve um percentual maior ou menor que o anteriormente detido.

• Perde percentual: quando não exerce o direito de subscrição

• Aumenta percentual: pela diluição na participação de outros acionistas (outros


acionistas não exercem o direito de subscrição)

Qualquer alteração no percentual de participação da investidora impacta num


aumento ou uma diminuição no valor dos investimentos avaliados pelo método da
equivalência patrimonial, gerando um ganho ou uma perda por variação de participação.

Esses ganhos ou perdas serão reconhecidos diretamente no patrimônio líquido


da investidora, como outros resultados abrangentes.

O registro diretamente no patrimônio líquido se dá um função do disposto no item


10 do CPC 18 (R2) ao estabelecer que apenas a participação do investidor no lucro ou
prejuízo da investida deve ser reconhecida no resultado do período da investidora.

A variação apurada pela variação percentual não ocorre em função de lucros ou


prejuízos apurados pela investida, representa um ganho ou perda na investidora pela
variação de participação nas reservas e nos lucros ou prejuízos acumulados existentes
antes do novo aumento de capital.

EXERCÍCIOS Nº 4, 5, 6 e 7
42

4.7 - RESULTADOS NÃO REALIZADOS EM OPERAÇÕES INTERSOCIEDADES

Os resultados não realizados ocorrem quando uma sociedade vende bens para
outra empresa do mesmo grupo, e esses bens, no final do exercício, ainda não foram
vendidos a terceiros e, portanto, ainda estão no ativo da sociedade compradora.

As operações intersociedades não geram economicamente resultados, a não ser


quando esses bens forem vendidos para terceiros. As diversas empresas de um
mesmo grupo econômico devem ser vistas como uma única entidade, e para efeito de
aplicação do Método de Equivalência Patrimonial, os resultados não realizados
decorrentes de negócios de uma para outra empresa do mesmo grupo não devem ser
computados.

Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou


em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou
estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência
patrimonial, de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº
11.941, de 2009)

I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será


determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação
levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60
(sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de
patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados
decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à
companhia, ou por ela controladas;
O Pronunciamento Técnico – CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em
Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto, com a intepretação dada pela
Interpretação Técnica – ICPC 09 (R2), determina o seguinte:

28. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) e


descendentes (downstream) entre o investidor (incluindo suas controladas
consolidadas) e a coligada ou o empreendimento controlado em conjunto devem
ser reconhecidos nas demonstrações contábeis do investidor somente na
extensão da participação de outros investidores sobre essa coligada ou
empreendimento controlado em conjunto, desde que esses outros investidores
sejam partes independentes do grupo econômico a que pertence a investidora. As
transações ascendentes são, por exemplo, vendas de ativos da coligada ou do
empreendimento controlado em conjunto para o investidor. As transações
descendentes são, por exemplo, vendas de ativos do investidor para a coligada ou
para o empreendimento controlado em conjunto. A participação do investidor nos
resultados resultantes dessas transações deve ser eliminada.

upstream = transações ascendentes = venda da coligada para a investidora ou da


controlada para a controladora

downstream = transações descendentes = venda da investidora para a coligada ou


da controladora para a controlada
43

28A. Os resultados decorrentes de transações descendentes (downstream) entre


a controladora e a controlada não devem ser reconhecidos nas demonstrações
contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem
no balanço de adquirente pertencente ao mesmo grupo econômico. O dispositivo
neste item deve ser aplicado inclusive quando a controladora for, por sua vez,
controlada de outra entidade do mesmo grupo econômico.

28B. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) entre a


controlada e a controladora e de transações entre controladas do mesmo grupo
econômico devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis da vendedora,
mas não devem ser reconhecidas nas demonstrações contábeis individuais da
controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de
adquirente pertencente ao grupo econômico.

“Em outras palavras, não é reconhecido via MEP a parte do investidor nos lucros
não realizados gerados por sua investida, igualmente ao que consta na Lei, mas
determina algo além da lei: não permite reconhecimento do lucro no investidor quando ele
próprio tenha gerado em vendas para a controlada(s).” (FIPECAFI, Fundação Instituto de
Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Manual de contabilidade societária. 2a ed., São Paulo:
Atlas, 2013, pág. 229).

De acordo com as determinações produzidas pelo CPC 18 (R2) e ICPC 09 (R2), foi
fixado um tratamento diferenciado para os resultados não realizados para coligadas e
controladas.

4.7.1 - VENDA COM LUCRO DA INVESTIDORA PARA UMA COLIGADA (OU


EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO) (CPC 18 (R2) item 28; ICPC 09
(R2) itens 48 a 52).

Nas operações de downstream de venda de ativos da investidora para a coligada,


os lucros obtidos em operações de ativos que ainda permaneçam na coligada, são
considerados lucros não realizados na proporção da participação da investidora na coligada. A
parcela do lucro proporcional à participação dos demais sócios na coligada deve ser realizada
na investidora. Apenas a parcela relativa à sua própria participação deve ser considerada não
realizada.

Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Investidora para a


Coligada

A Cia. Investidora adquiriu 100 unidades de determinada mercadoria por R$ 50,00


cada uma. Em seguida vende essas mercadorias para a Cia. coligada por R$ 70,00 cada
uma. Vamos admitir que, no mesmo exercício, a Cia. Investida nada venda para
terceiros, permanecendo, portanto, o total das mercadorias no ativo da Cia. Investida,
desconsiderando-se o efeito dos tributos sobre o lucro.

Vamos admitir, ainda, que a única movimentação no patrimônio líquido da Cia.


Investida no período foi o Lucro Líquido do Exercício no valor de R$ 50.000,00 e que a
participação da Cia. Investidora na Cia. Investida seja de 40%.

Pede-se calcular os lucros não realizados a serem excluídos pela investidora

1. Calcular o lucro contido na venda da Investidora par a Coligada

Venda (100 x 70,00) 7.000,00


Custo (100 x 50,00) (5.000,00)
Lucro 2.000,00
44

Desse lucro permanecem nos estoques da coligada 100% = 2.000,00

2. Calcular o lucro não realizado

Lucro Líquido da Cia. Coligada 50.000,00


Percentual de Participação 40%
Receita de Equivalência Patrimonial 20.000,00
Lucros Não Realizados contidos nos estoques da
Cia. Coligada 2.000,00
Percentual de Participação 40%
Lucros Não Realizados com coligadas 800,00

Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da Investidora.

Contabilização

D = Investimentos em Coligadas 20.000,00


C = Resultado de Equivalência Patrimonial 20.000,00

D = Lucros Não Realizados com Coligadas (Resultado) 800,00


C = Lucros a Realizar com Coligadas (Redutora de Invest.) 800,00

Na Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Investidora, a representação será da


seguinte forma:

Resultado de Equivalência Patrimonial 20.000,00


(-) Lucros Não Realizados com Coligadas (800,00) 19.200,00

À medida que o Ativo que deu origem ao lucro não realizado, no nosso exemplo os
estoques, forem realizados pelo uso, perda ou venda, o valor deve ser reconhecido nos
Investimentos.

Supondo-se que, no ano seguinte, a Cia. Investida venda para terceiros esses
ativos, deve-se proceder ao seguinte lançamento:

D = Lucros a Realizar com Coligadas 800,00


C = Lucros não Realizados com Coligadas 800,00

Note-se que o lançamento foi invertido, de forma que o valor do Investimento passe
a apresentar o saldo que teria senão houvesse venda de mercadorias para a Cia.
Investida.

4.7.2 - VENDA COM LUCRO DA COLIGADA (OU EMPREENDIMENTO


CONTROLADO EM CONJUNTO) PARA INVESTIDORA (CPC 18 (R2) item 28; ICPC
09 (R2) itens 53 e 54).

Nas operações de upstream, de venda de ativos da coligada para a investidora (ou


empreendimento controlado em conjunto) devem ser eliminados os lucros não realizados por
operação de ativos ainda em poder da investidora devem ser eliminados da seguinte forma:
aplicar o percentual de participação sobre o lucro líquido da coligada deduzido o total do lucro
45

que for considerado como não realizado pela investidora e contabilizar como resultado de
equivalência patrimonial.

Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Coligada para a


Investidora

Vamos admitir, agora, que a Cia. Investida adquiriu as mercadorias e as vende para a
Cia. Investidora, e que a Cia. Investidora ainda nada vendeu a terceiros:

1. Calcular o lucro contido na venda da Coligada para Investidora

Venda (100 x 70,00) 7.000,00


Custo (100 x 50,00) (5.000,00)
Lucro 2.000,00

Desse lucro permanecem nos estoques da Investidora 100% = 2.000,00

2. Cálculo do Lucro não realizado

Lucro Líquido da Cia. Coligada 50.000,00


(-) Lucros Não Realizados contidos nos estoques
da Cia. Investidora (2.000,00)
Lucro Líquido Ajustado para fins de MEP 48.000,00
Percentual de Participação 40%
Receita de Equivalência Patrimonial 19.200,00

Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da coligada.

Contabilização

D = Investimentos em Coligadas 19.200,00


C = Resultado de Equivalência Patrimonial 19.200,00

Cálculo do lucro não realizado efetivamente eliminado

REP antes dos lucros não realizados (50.000,00 x 40%) = 20.000,00


REP após os lucros não realizados =19.200,00

Lucro Não Realizado efetivamente eliminado (40% x 2.000) = 800,00

4.7.3 VENDA COM LUCRO DA CONTROLADORA PARA A CONTROLADA (CPC 18


(R2) item 28A; 28B; 28C; ICPC 09 (R2) itens 55 a 55C)

Nas operações de downstream, de venda de ativos da controladora para a controlada,


os lucros não realizados devem ser totalmente eliminados. Os lucros não realizados devem ser
eliminados no resultado da controladora deduzindo-se 100% dos lucros contidos nos ativos
ainda em poder da compradora (controlada) da seguinte forma: aplicar o percentual de
participação sobre o lucro líquido da controlada e contabilizar como resultado de equivalência
patrimonial.
46

Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas de Controladora para a


Controlada

Continuamos com o mesmo exemplo, só que, agora, a Controladora vende para a


Controlada. Vamos admitir que a participação da Controladora na Controlada, seja de
60%.

1. Calcular o lucro contido na venda da controladora para a controlada


Venda (100 x 70,00) 7.000,00
Custo (100 x 50,00) (5.000,00)
Lucro 2.000,00

Desse lucro permanece nos estoques da controlada 100% = 2.000,00

2. Calcular o lucro não realizado


Lucro Líquido da Cia. Controlada 50.000,00
Percentual de Participação 60%
Receita de Equivalência Patrimonial 30.000,00
Lucros Não Realizados contidos nos estoques da
Cia. Controlada (2.000,00)
Resultado da Equivalência Patrimonial após
eliminação 28.000,00

Obs.: os lucros não realizados de $ 2.000,00 estão na DRE da Controladora.

Em se tratando de controlada os lucros não realizados são totalmente eliminados.

Contabilização

D = Investimentos em Controladas 30.000,00


C = Resultado de Equivalência Patrimonial 30.000,00

D = Lucros Não Realizados com Controladas 2.000,00


C = Lucros a Realizar com Controladas 2.000,00

Na Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Controladora, a representação será


da seguinte forma:

Resultado de Equivalência Patrimonial 30.000,00


(-) Lucros Não Realizados com Controladas (2.000,00) 28.000,00

No Balanço Patrimonial da Cia. Controladora o valor do Investimento ficará assim


demonstrado:

Investimentos em Coligadas Valor do Investimento


(-) Lucros a Realizar com Coligadas (2.000,00)
47

4.7.4 VENDA COM LUCRO DA CONTROLADA PARA A CONTROLADORA (CPC 18


(R2) item 28A; 28B; 28C; ICPC 09 (R2) itens 56 a 56B)
Nas operações de upstream, de venda da controlada para a controladora, o lucro deve
ser reconhecido na controlada normalmente. Nas demonstrações individuais da controladora, o
cálculo da equivalência patrimonial deve ser feito deduzindo-se do patrimônio líquido da
controlada, 100% do lucro contido no ativo em poder da controladora.

Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Controlada para a


Controladora

Seguindo o mesmo exemplo, admitindo agora que o percentual de participação no capital social
da controlada seja de 60%.

1. Calcular o lucro contido na venda da Controlada para a Controladora

Venda (100 x 70,00) 7.000,00


Custo (100 x 50,00) (5.000,00)
Lucro 2.000,00

Desse lucro permanece nos estoques da controladora 100% = 2.000,00

2. Cálculo do Lucro não realizado

Lucro Líquido da Cia. Controlada 50.000,00


(-) Lucros Não Realizados contidos nos estoques
da Cia. Controladora (2.000,00)
Lucro Líquido Ajustado para fins de MEP 48.000,00
Percentual de Participação 60%
Receita de Equivalência Patrimonial 28.800,00

Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da controlada.

Contabilização

D = Investimentos em Controladas 28.800,00


C = Resultado de Equivalência Patrimonial 28.800,00

Cálculo do lucro não realizado efetivamente eliminado

REP antes dos lucros não realizados (50.000,00 x 60%) = 30.000,00


REP após Lucros não Realizados = 28.800,00

Lucro Não Realizado efetivamente eliminado (2.000,00x 60%) = 1.200,00

Ao se calcular o Resultado de Equivalência Patrimonial, a controladora já o está fazendo


pelo valor líquido dos resultados não realizados, não cabendo, portanto, mais nenhum
lançamento de eliminação no seu resultado e no seu patrimônio líquido.
48

4.7.5 - VENDA COM LUCRO DA COLIGADA PARA A INVESTIDORA COM PARTE


DOS LUCROS JÁ REALIZADOS

Nos exemplos anteriores, consideramos que a empresa compradora nada havia


vendido a terceiros. Vamos considerar, agora, que a Investidora já tenha vendido parte
desses ativos para terceiros.

Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas de Coligada para a


Investidora com parte dos lucros já realizada

A Cia. Investidora vende para terceiros, metade dos ativos adquiridos da Cia.
Coligada, a qual apurou, no exercício, um lucro líquido de R$ 50.000,00.

1. Cálculo do Lucro Não Realizado


49

Venda da Cia. Coligada para a Cia. Investidora 7.000,00


(-) Custo das Vendas na Cia. Coligada (5.000,00)
Lucro Bruto na Cia. Coligada 2.000,00

Margem de Lucro (Lucro Bruto ÷ Receita de Venda) 28,57143%

Cálculo do lucro contido nos estoques da Cia. Investidora


Estoque adquirido da Cia. Coligada 7.000,00
(-) Estoque vendido a Terceiros (50%) (3.500,00)
Saldo em estoque na Cia. Investidora (50%) 3.500,00
Percentual da Margem de Lucro 28,57143%
Lucro não realizado contido nos estoques 1.000,00

2. Cálculo do Resultado de Equivalência Patrimonial

Lucro Líquido da Cia. Coligada 50.000,00


(-) Lucros não realizados contidos nos estoques (1.000,00)
49.000,00
Percentual de participação 40%
Resultado de Equivalência Patrimonial 19.600,00

Contabilização

D = Investimentos em Controladas 19.600,00


C = Resultado de Equivalência Patrimonial 19.600,00

REP antes dos lucros não realizados (50.000 x 40% 20.000,00


REP após os lucros não realizados (50.000 x 40%) (19.600,00)
Lucro não realizado efetivamente não realizado (1.000 x 40%) 400,00

Exercícios

Exercício 1 – Controlada para Controladora

Uma determinada sociedade empresária vendeu mercadorias para a sua controladora por
R$ 300.000,00, auferindo um lucro de R$ 50.000,00. No final do exercício remanescia no
estoque da controladora 50% das mercadorias adquiridas da controlada. O valor do ajuste
referente ao lucro não realizado, para fins de cálculo da equivalência patrimonial, é de:
(Exame de Suficiência-Bacharel em Ciências Contábeis-1ª ed.2011)
50

Venda da Cia. Controlada para a Cia. Controladora 300.000,00


(-) Custo das Vendas na Cia. Controlada (250.000,00)
Lucro Bruto na Cia. Controlada 50.000,00

Margem de Lucro (Lucro Bruto ÷ Receita de Venda) 16,6666%

Cálculo do lucro contido nos estoques da Cia. Controladora


Saldo em estoque na Cia. Controladora (50%) 150.000,00
Percentual da Margem de Lucro 16,66667%
Lucro não realizado contido nos estoques 25.000,00

Exercício 2 – Investidora para Coligada

A empresa A detém 20% do capital total da empresa B. No exercício de X1, a empresa


Investidora vende para a sua investida um ativo com valor contábil de R$ 1.000.000,00
por R$ 1.400.000,00. O tributo sobre esse lucro é de R$ 150.000,00 de forma que o
resultado da investidora está afetado pelo valor líquido de R$ 250.000,00. Considerando-
se exclusivamente esta operação, e que o lucro líquido do exercício da investida seja de
R$ 700.000,00, no final do exercício a investidora deverá, eliminar no Resultado de
Equivalência Patrimonial o valor de: (ICPC 09, item 50-adaptada)

SOLUÇÃO

Exercício 3 - Controlada para Controladora

A Cia. Georgia detém 80% do capital total da Cia. Atlanta. No decorrer do exercício de X1,
a empresa controlada vende para sua controladora estoques de mercadorias no valor de
R$ 100.000,00, obtendo uma margem de lucro de 50% nessa operação. Ao final do
período, a controladora informa que havia repassado a terceiros por R$ 200.000,00, parte
destes estoques, mantendo ainda em seus ativos R$ 20.000,00 relativos a essa
aquisição. Considere que o lucro líquido apurado pela Cia. Atlanta, no final do exercício,
foi de R$ 80.000,00
Ao final do exercício a Cia. Georgia deve eliminar do Resultado de Equivalência
Patrimonial, o valor de:
51

Venda da Cia. Controlada para a Cia. Controladora 100.000,00


(-) Custo das Vendas na Cia. Controlada (50.000,00)
Lucro Bruto na Cia. Controlada 50.000,00

Margem de Lucro (Lucro Bruto ÷ Receita de Venda) 50%

Cálculo do lucro contido nos estoques da Cia. Controladora


Estoque adquirido da Cia. Controlada 100.000,00
(-) Estoque vendido a terceiros (80.000,00)
Saldo em estoque na Cia. Controladora 20.000,00
Percentual da Margem de Lucro 50%
Lucro Não realizado contido nos estoques 10.000,00

Lucro líquido da Cia. Controlada 80.000,00


(-) Lucros não realizados contido nos estoques da Controladora (10.000,00)
Lucro Líquido para fins de REP 70.000,00
Percentual de participação 80%
Resultado de Equivalência Patrimonial 56.000,00

D = Investimentos 56.000,00
C = REP 56.000,00

Deve eliminar R$ 8.000,00

REP antes dos lucros não realizados (80.000,00 x 80%) = 64.000,00

REP após Lucros não Realizados = 56.000,00

Lucro Não Realizado efetivamente eliminado = 8.000,00

Exercício 4 - Coligada para Investidora

A Cia. Investida adquiriu 100 unidades de determinada mercadoria por 50,00 cada e as
vende para a Cia. Investidora por R$ 80,00 cada. No final do exercício a Cia. Investidora
ainda nada vendeu a terceiros. Nessa data o lucro líquido gerado pela investida foi de R$
50.000,00. A Cia Investidora participa com 30% no capital social da Investida.
Calcular o Resultado da Equivalência Patrimonial.

SOLUÇÃO
52
53

5 - ATIVO IMOBILIZADO

• CPC 27 – Ativo Imobilizado


• CVM – Deliberação CVM nº 583/09
• CFC – NBC TG 27 – Resolução CFC nº 1.177/09
• IAS 16 – Property, Plant and Equipment
• Lei nº 6.404/76 de 15.12.76 e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº
11.941/09 – art. 179 e 183
• RIR/2018 – Decreto nº 9.580 de 22/11/2018 – Subseção II – Depreciação de Bens
do Ativo Imobilizado

5.1. CONCEITO

A Lei nº 6.404/76 com as alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09,
em seu art. 179, item IV, define Imobilizado como:

IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade,
inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle
desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

5.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS

Bens em operação

Terrenos
Edificações
Máquinas e Equipamentos
Móveis e Utensílios
Instalações (elétricas, hidráulicas, etc.)
Veículos
Ferramentas
Equipamentos de Informática (hardwares)
Peças de Reposição
Sistemas Aplicativos (softwares)
Benfeitorias em Propriedade de Terceiros
Direitos de Recursos Minerais
Direitos de Recursos Florestais

Depreciação, amortização e exaustão acumulada

Edificações - depreciação
Máquinas e Equipamentos - depreciação
Móveis e Utensílios - depreciação
Instalações (elétricas, hidráulicas, etc.) - depreciação
Veículos - depreciação
Ferramentas - depreciação
Peças de Reposição - depreciação
Equipamentos de Informática (hardwares) - depreciação
Sistemas Aplicativos (softwares) - amortização
Benfeitorias em Propriedade de Terceiros - amortização
Direitos sobre Recursos Minerais – exaustão
Direitos sobre recursos Florestais - exaustão
54

Imobilizações em andamento

Obras em Andamento
Importações em Andamento de bens do Imobilizado
Adiantamentos a Fornecedores – para bens do Imobilizado

5.3. AVALIAÇÃO DO IMOBILIZADO: Custo de aquisição, deduzido do saldo da


respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão.

Lei Nº 11.638/2007, art. 183, § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise


sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível. (Perdas
Estimadas por Valor Não Recuperável - IMPAIRMENT TEST).

(o assunto será visto na disciplina CONTABILIDADE FINANCEIRA)

5.4. CUSTO DE AQUISIÇÃO: Custo de aquisição ou produção e todos os gastos


necessários para colocá-los em condições de funcionamento.

Ex.: Uma empresa adquire equipamentos, para uso: 200.000,00


Frete 5.000,00
Gastos com Instalação 500,00

Valor a ser ativado 205.500,00

D = Máquinas e Equipamentos 205.500,00


C = Caixa/Fornecedores/Contas a Pagar 205.500,00

5.5. BENS QUE NÃO PRECISAM SER ATIVADOS

De acordo com o Art. 313 do RIR/2018,

Não precisa ser registrado no Ativo Imobilizado para posterior depreciação e, portanto, pode ser computado
diretamente como custo de produção ou despesa operacional, conforme o caso, o custo de aquisição de:

I - se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais);
ou
II - se o prazo de vida útil do bem adquirido não for superior a um ano.

5.6. DEPRECIAÇÃO: Corresponde à diminuição do valor dos direitos que têm por objeto
bens físicos sujeitos ao desgaste ou perda de utilidade, ação da natureza ou
obsolescência.

TAXAS DE DEPRECIAÇÃO:

1) Em função do prazo de vida útil estimada fixado pela Receita Feral

Compete à Receita Federal publicar, periodicamente, o prazo de vida útil admissível em


condições normais.

No uso dessa competência, a SRF baixou a Instrução Normativa nº 1.700/2017 - Anexo


III determinando os prazos de vida útil e as respectivas taxas de depreciação.
55

Bens Taxa de Depreciação Prazo


Edifícios 4% ao ano 25 anos
Máquinas e Equipamentos 10% ao ano 10 anos
Móveis e Utensílios 10% ao ano 10 anos
Instalações 10% ao ano 10 anos
Veículos 20% ao ano 5 anos
Ferramentas 20% ao ano 5 anos
Equipamentos de Informática 20% ao ano 5 anos
Terrenos Não são depreciados
Amortização
Softwares 20% ao ano 5 anos

2) Em função do prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica do bem


desde que a empresa faça prova dessas adequações através de laudos periciais
elaborados pelo Instituto Nacional de Tecnologia, ou entidade oficial de pesquisa científica
ou tecnológica.

MÉTODOS DE DEPRECIAÇÃO

Embora existam vários métodos para calcular a depreciação, o método empregado deve
sempre refletir os benefícios econômicos futuros gerados pelo imobilizado.

Os métodos mais utilizados são:

• Método das quotas constantes, da linha reta, ou linear

É o método mais utilizado devido à sua simplicidade. A depreciação é calculada


dividindo-se o valor depreciável do bem pelo tempo de vida útil do bem.

Exemplo

Uma máquina adquirida por $ 50.000,00, cuja vida útil estimada é de 10 anos.

SOLUÇÃO
56

• Método da soma dos dígitos dos anos ou Método de Cole

A depreciação é calculada multiplicando-se o valor depreciável pela fração cujo


denominador é obtido pela soma dos algarismos e o numerador para o primeiro ano é
n (n= tempo de vida útil estimado) para o segundo ano, n-1, para o terceiro ano n-2 e
assim sucessivamente.

Por este método estima-se que o bem sofra quotas de depreciação maiores no início e
menores no fim da vida útil. Os bens quando novos precisam de pouca manutenção e
reparos e com o passar do tempo a manutenção tende a aumentar. O crescimento das
despesas de manutenção e reparos seria compensado pelas quotas decrescentes de
depreciação.

Exemplo

Uma Máquina adquirida por $ 50.000,00 com vida útil estimada de 5 anos.

SOLUÇÃO

INÍCIO DA DEPRECIAÇÃO

De acordo com RIR/2018 art. 317, §2º

§ 2º A quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou
em condições de produzir (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 8º).

A legislação também tem aceitado, o início da depreciação partir do mês subseqüente ao


da instalação. (a critério da empresa)
57

De acordo com o CPC 27 – Imobilizado, item 55

55. A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e
em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração.

A depreciação poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensando o ajuste da taxa


para os bens postos em funcionamento ou baixados no curso do mês.

5.7. BENS ADQUIRIDOS USADOS: De acordo com RIR/2018 art. 322:

A taxa de depreciação de bens adquiridos usados é fixada tendo em vista o maior dos
seguintes prazos:

a) Metade da vida útil admissível para o bem adquirido novo;


b) Restante da vida útil do bem, considerada em relação à primeira instalação para
utilização.

DOS DOIS O MAIOR

OBS.: a empresa deve munir-se de documento que comprove a época da sua aquisição
como novo ou a em que ele foi instalado para utilização pela primeira vez,

Exemplo 1

Aquisição de uma máquina usada com 24 meses de uso (2 anos)

Vida útil estimada: 10 anos


Tempo de uso: 24 meses

Metade do prazo de vida útil = 5 anos


Restante de vida útil = 8 anos

Dos dois o maior, portanto prevalece 8 anos.

Taxa = 100% ÷ 8 anos = 12,5% ao ano

Exemplo 2

Suponha que a máquina seja adquirida com 7 anos de uso.

SOLUÇÃO
58

Exemplo 3

Aquisição de um veículo usado após 3 anos de uso, cuja vida estimada foi de 5 anos,

SOLUÇÃO

5.8. DEPRECIAÇÃO ACELERADA CONTÁBIL: De acordo com o RIR/2018 art. 323

Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número de horas
diárias de operação, os seguintes coeficientes de depreciação acelerada:

Coeficiente %
I – um turno de oito horas 1,0 10%
II – dois turnos de oito horas 1,5 15%
III – três turnos de oito horas 2,0 20%

Embora não seja exigida autorização prévia para a adoção dessas taxas majoradas de
depreciação, o fisco poderá, posteriormente, exigir a justificação da sua utilização,
devendo, neste caso, a empresa comprovar que, no período em que se adotou as
referidas taxas, os bens realmente estiveram em operação em 2 ou 3 turnos diários de 8
horas, conforme o caso. Para fins comprobatórios poderão ser utilizados:

a) folha de pagamento relativa a 2 ou 3 operadores diários para um mesmo


equipamento que necessite de um único operador durante o período de 8 horas;
b) produção condizente com o número de horas de operação do equipamento;
c) consumo de energia elétrica compatível com o regime de horas de operação.

Exemplo 1

Uma máquina adquirida por $ 70.000,00 em 01.05.X0, entrou em funcionamento em


01.07.X0. Sabendo-se que a máquina tem sido utilizada em três turnos de 8 horas,
durante todo o período de operação, apurar a depreciação registrada no exercício de X0.
A vida útil estimada é de 10 anos.

Depreciação normal (70.000,00 x 10% ÷12 x 6) 3.500,00


Coeficiente de depreciação acelerada 2,0
Depreciação contábil total 7.000,00
59

Exemplo 2

Considerando as informações anteriores, calcular a depreciação acumulada na data do


fechamento do Balanço em 31.12.X2. A vida útil estimada é de 10 anos.

SOLUÇÃO

Exemplo 3

Uma máquina foi adquirida em 01/08/X4 por $ 100.000,00, entrou em funcionamento na


mesma data. Durante os meses de outubro e novembro, por demanda de produção, a
máquina foi utilizada em 2 turnos de 8 horas. Qual a depreciação a ser contabilizada no
encerramento do exercício de X4? Considere a vida útil estimada de 10 anos.

SOLUÇÃO
60

5.9. VALOR RESIDUAL

Em alguns casos, mesmo ao término de sua vida útil, o bem depreciado apresenta um
determinado valor de revenda no mercado. Esse valor é denominado valor residual. Se a
empresa, assim o desejar e for possível estimar o valor residual do bem, a quota de
depreciação poderá ser ajustada levando em consideração o valor residual, da seguinte
forma:

Quota de Depreciação = Custo de Aquisição (-) Valor Residual


Vida útil do bem

Exemplo

Custo de Aquisição do bem = $ 300.000,00


Vida útil esperada = 10 anos ou 10% ao ano
Valor Residual estimado = $ 20.000,00

Custo de Aquisição do bem = $ 300.000,00


Vida útil esperada = 10 anos ou 10% ao ano
Valor Residual estimado = $ 20.000,00

Quota de Depreciação = 300.000,00 (-) 20.000,00 = 28.000,00 por ano


10 anos

Ou

$ 300.000,00 (-) $ 20.000,00 = $ 280.000,00 x 10% = 28.000,00

Ao final do décimo ano, quando o bem estiver 100% depreciado, o Ativo Não Circulante
Imobilizado estará assim representado:

IMOBILIZADO
Custo de Aquisição 300.000,00
Depreciação Acumulada (280.000,00)
Valor Contábil 20.000,00

5.10. REPAROS E CONSERVAÇÃO DOS BENS: De acordo com o RIR/2018 art. 354

Se os reparos da conservação ou da substituição de parte e peças resultar aumento de


vida útil do bem, os gastos correspondentes, quando aquele aumento for superior a 1 ano,
deverão ser ativados e, consequentemente, depreciados.

Caso contrário, quando os gastos de conservação ou de substituição não resultar


aumento de vida útil, os gastos deverão ser contabilizados como despesas.
61

Exemplo 1

Custo de Aquisição da Máquina 100.000,00


Depreciação Acumulada (60.000,00)

Valor Contábil 40.000,00

Troca do motor 50.000,00

Novo Valor 90.000,00

Vida útil estimada: 10 anos

Tempo depreciado 6 anos

Restante de vida útil 4 anos


Acréscimo de vida útil 3 anos = 7anos

Depreciação: 90.000,00 / 7 anos = 12.857,14

Contabilização

D = Depreciação Acumulada 60.000,00


C = Máquinas e Equipamentos 60.000,00

D = Máquinas e Equipamentos 50.000,00


C = Caixa 50.000,00

D = Despesas de Depreciação 12.857,14


C = Depreciação Acumulada 12.857,14

Exemplo 2

Admita uma máquina cujo custo de aquisição é de $ 100.000,00 e que já tenha sido
depreciada em $ 45.000,00. Nesta data passou por uma reforma gastando $ 50.000,00,
que lhe garantiu um aumento de vida útil de 2 anos. Considere a vida útil estimada em 10
anos.
Pede-se: Calcular a nova taxa de depreciação.
Contabilizar a operação

SOLUÇÃO
62

Exemplo 3

No Ativo Imobilizado de uma empresa consta uma máquina adquirida por $ 200.000,00 e
que já foi depreciada em $ 140.000,00. Recentemente passou por uma reforma cujos
gastos foram de $ 80.000,00. Estudos feitos pelo setor industrial garantem que a vida útil
da máquina aumentará em 3 anos. Considere a vida útil estimada em 10 anos.
Pede-se: Calcular a nova taxa de depreciação.
Contabilizar a operação

SOLUÇÃO

EXERCÍCIOS IMOBILIZADO Nº 1, 2, 3 e 4
63

5.11. AMORTIZAÇÃO

Alguns bens incorpóreos estão contabilizados no Ativo Imobilizado. É o caso dos


Sistemas Aplicativos (Softwares), e Benfeitorias em Propriedades de Terceiros.

O cálculo da amortização leva em consideração o tempo durante o qual o bem incorpóreo


pode ser explorado economicamente. O tempo utilizado no cálculo da amortização pode
ser:

1. Estabelecido em lei que regule os direitos sobre o bem incorpóreo;


2. Fixado em contrato por intermédio do qual foi adquirido o bem incorpóreo;
3. Decorrente da natureza do bem, quando sua existência ou duração seja limitada.

A taxa anual de amortização de bens do imobilizado é fixada tendo em vista o número de


anos restantes de existência dos bens incorpóreos.

Os sistemas Aplicativos (softwares) representam os programas adquiridos ou


desenvolvidos pela empresa, que façam o computador funcionar, que tenham uma
relação direta com o ativo corpóreo. Caso esses softwares sejam separáveis e não
necessários para o funcionamento do computador devem ser contabilizados no Ativo
Intangível.

Devem ser amortizados em função da expectativa de períodos a serem beneficiados.

As Benfeitorias em Propriedades de Terceiros representam as construções em terrenos


alugados de terceiros e outras benfeitorias em prédios e edifícios alugados, que se
reverterão em favor do proprietário do imóvel ao final da locação e desde que o locador
não indenize as benfeitorias realizadas pelo locatário. A sua amortização deve ser feita
em função de sua vida útil estimada ou no período de arrendamento ou locação
contratual, dos dois o menor.

Exemplo 1

Uma empresa comercial alugou um imóvel pelo prazo de 5 anos, (de 01.01.2005 a
31.12.2009) cujo contrato determina que o locador não indenizará as benfeitorias
realizadas pelo locatário. Visando adaptar o imóvel às suas necessidades, a empresa
construiu um salão que, naturalmente se agregará ao imóvel. O salão terá vida útil de 25
anos e o custo de construção do salão foi de $ 25.000,00. O tempo gasto para a
construção do salão foi de 2 meses. Contabilizar a amortização.

a) Prazo do contrato de locação = 5 anos (de 01.01.2005 a 31.12.2009)


b) Prazo de vida útil = 25 anos
c) Tempo gasto na construção do salão: 2 meses. (de 01.01.2005 a 28.02.2008)
d) Custo da construção = $ 25.000,00

A amortização deverá ser feita em função do prazo do contrato, por ser o menor e a partir
do término de sua construção, ou seja, quando o salão está em condições de operar,
portanto 58 meses.

Amortização: 25.000,00 ÷ 58 meses = 431,03 ao mês.


64

Contabilização

D = Despesas de Amortização 431,03


C = Amortização Acumulada 431,03

5.12. EXAUSTÃO

A exaustão de bens classificados no Imobilizado está prevista na Lei 6.404/76, art. 183:

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:
……………………………………………………………………………………

V – os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da


respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão;
…………………………………………………………………………………….

§ 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado, intangível e diferido será registrada
periodicamente nas contas de (Redação dada pela Lei nº 11.638 de 2007)
…………………………………………………………………………………….

a) exaustão, quando corresponder à perda do valor decorrente da sua exploração, de direitos cujo
objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

DIREITOS SOBRE RECURSOS MINERAIS

Representam os gastos incorridos na obtenção dos direitos de exploração de jazidas de


minérios, pedras preciosas e similares.

A base de cálculo da quota anual de exaustão é o custo de aquisição dos recursos


minerais explorados. O montante anual da quota de exaustão será determinado com base
no volume da produção do ano e sua relação com a possança conhecida da mina, ou em
função do prazo de concessão para sua exploração.

Existem portanto, dois critérios para o cálculo da quota de exaustão de recursos minerais:

• Com base na relação existente entre a extração efetuada no respectivo período de


apuração com a possança conhecida da minas (quantidade estimada de minérios
da jazida);
• Com base no prazo de concessão para a exploração da jazida.

O critério a ser observado será aquele que proporcionar maior percentual de exaustão no
período. Desta forma à medida que os recursos minerais vão se exaurindo, registra-se, na
contabilidade,, simetricamente à possança conhecida da jazida, a quota de exaustão.

Exemplo
Calcular a quota anual de exaustão considerando-se os seguintes dados:

Valor da jazida = $ 30.000,00


Exaustão acumulada : $ 6.000,00
Possança conhecida da jazida: 5.000 toneladas
Produção do período: 750 toneladas
Prazo para término da concessão: 8 anos
65

1) Relação entre a produção no período e a possança conhecida da mina:


750 t
x 100 = 15%
5.000 t

30.000,00 x 15% = 4.500,00

2) Prazo para término da concessão

100
= 12,5%
8

30.000,00 x 12,5% = 3.750,00

No exemplo, o prazo para término da concessão é de 8 anos, portanto o encargo a ser


contabilizado será o valor de $ 4.500,00 (o maior), pois a jazida será exaurida antes do
término do prazo de concessão.

Contabilização

D = Despesas de Exaustão 4.500,00


C = Exaustão Acumulada 4.500,00

REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DO IMOBILIZADO (IMPAIRMENT TEST)

O art. 183, § 3º da Lei 11.638/07 determina que os ativos devem ser avaliados ao valor
recuperável.

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes


critérios:
……………………………………………………………………………………..

§ 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos


valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam:

I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de


interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando
comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação
desse valor; ou

II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil


econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que tem por objetivo o estudo, o preparo
e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a
divulgação de informações dessa natureza, também emitiu um pronunciamento sobre o
assunto, o CPC – 01 – REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS.

O CÁLCULO DE PERDAS ESTIMADAS POR VALOR NÃO RECUPERÁVEL SERÁ


VISTO EM CONTABILIDADE FINANCEIRA
66

6. ATIVO INTANGÍVEL

• CPC 04 (R1) – Ativo Intangível


• CVM – Deliberação CVM nº 644/10
• CFC – NBC TG 04(R1) – Resolução CFC nº 1.303/10
• IAS 38 – Intangible Assets
• Lei nº 6.404/76 de 15.12.76 e alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº
11.941/09 – art. 179 e 183
• RIR/2018 – Decreto nº 9.580 de 22/11/2018 – Subseção IV – Amortização

6.1. CONCEITO

A Lei nº 6.404/76 com as alterações produzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09,
em seu art. 179, item VI, define Intangível como:

VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela
Lei nº 11.638,de 2007)

Já, o CPC 04 (R1) define Ativo Intangível, como:

Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física.

6.2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS

Marcas
Patentes
Softwares
Gastos com desenvolvimento (de produtos, projetos, etc)
Concessões
Goodwill (só no Balanço Consolidado)
Direitos Autorais
Direitos sobre recursos naturais
Licenças e Franquias

(-) Amortização Acumulada


(-) Perdas Estimadas por redução ao valor recuperável

6.3. AVALIAÇÃO DO INTANGÍVEL: – os direitos classificados no intangível, pelo custo


incorrido na aquisição deduzidos do saldo da respectiva conta de amortização. (Incluído pela
Lei nº 11.638,de 2007)

De acordo com o CPC 04(R1) um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao
custo. (CPC 04 (R1) item 24)

Complementando o custo de aquisição, o referido CPC esclarece no item 25:

25. Normalmente, o preço que a entidade paga para adquirir separadamente um ativo intangível
reflete sua expectativa sobre a probabilidade de os benefícios econômicos futuros esperados,
incorporados no ativo, serem gerados a seu favor. Em outras palavras, a entidade espera que
haverá benefícios econômicos a seu favor, mesmo que haja incerteza em relação à época e
67

ao valor desses benefícios econômicos. Portanto, a condição de probabilidade a que se refere


o item 21(a) é sempre considerada atendida para ativos intangíveis adquiridos
separadamente.

O custo contábil de um ativo intangível inclui:

a) Seu preço de compra acrescido de impostos de importação e impostos não


recuperáveis sobre a compra, após deduzidos os descontos comerciais,
abatimentos; e
b) Qualquer custo diretamente atribuível à preparação do ativo para a finalidade
proposta.

Entre os exemplos de custos diretamente atribuíveis temos:

a) Custos de benefícios aos empregados incorridos diretamente para deixar o


ativo em condições operacionais (de uso ou funcionamento);
b) Honorários profissionais diretamente relacionados para que o ativo fique em
condições operacionais; e
c) Custos com testes para verificar se o ativo está funcionando adequadamente

Lei Nº 11.638/2007, art. 183, § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise


sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível.
(IMPAIRMENT TEST)

(o assunto será visto na disciplina CONTABILIDADE FINANCEIRA)

6.4. VIDA ÚTIL

A entidade deve avaliar se a vida útil do ativo intangível é definida ou indefinida e, no


primeiro caso, a duração ou o volume de produção ou unidades semelhantes que formam
essa vida útil. A entidade deve atribuir vida útil indefinida a um ativo intangível quando,
com base na análise de todos os fatores relevantes, não existe um limite previsível para o
período durante o qual o ativo deverá gerar fluxos de caixa líquido para a entidade. (CPC 04
(R1) item 88)

6.5. DETERMINAÇÃO DA VIDA DE UM ATIVO

Muitos fatores devem ser considerados na determinação da vida útil de ativo intangível,
inclusive: (Item 90)

(a) a utilização prevista de um ativo pela entidade e se o ativo pode ser gerenciado
eficientemente por outra equipe de administração;

(b) os ciclos de vida típicos dos produtos do ativo e as informações públicas sobre
estimativas de vida útil de ativos semelhantes, utilizados de maneira
semelhante;

(c) obsolescência técnica, tecnológica, comercial ou de outro tipo;

(d) a estabilidade do setor em que o ativo opera e as mudanças na demanda de


mercado para produtos ou serviços gerados pelo ativo;
68

(e) medidas esperadas da concorrência ou de potenciais concorrentes;

(f) o nível dos gastos de manutenção requerido para obter os benefícios


econômicos futuros do ativo e a capacidade e a intenção da entidade para
atingir tal nível;

(g) o período de controle sobre o ativo e os limites legais ou similares para a sua
utilização, tais como datas de vencimento dos arrendamentos/locações
relacionados; e

(h) se a vida útil do ativo depende da vida útil de outros ativos da entidade.

A vida útil de um ativo intangível pode ser muito longa ou até indefinida. A incerteza
justifica a prudência na estimativa de sua vida útil, mas isso não justifica escolher um
prazo tão curto que seja irreal.

6.6. AMORTIZAÇÃO DO INTANGÍVEL

Amortização do Intangível é a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos


da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de
duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratual
limitado.

• Um Ativo Intangível com vida útil definida: deve ser amortizado (itens 97 a 106)
• Um Ativo Intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado (itens 107 a 110)

6.7. CRITÉRIOS DE AMORTIZAÇÃO DO INTANGÍVEL: os intangíveis devem ser


amortizados de forma sistemática ao longo de sua vida útil.

Exemplo

A empresa A, adquiriu da empresa B por $ 15.000,00, o direito de exploração de uma marca pelo
período de 5 anos.

Contabilização: pela aquisição

D = Marcas e Patentes 15.000,00


C = Caixa 15.000,00

Contabilização: pela amortização - anual

D = Despesas de Amortização (Despesas Operacionais) 3.000,00


C = Amortização Acumulada 3.000,00
69

6.8. VALOR RESIDUAL DE INTANGÍVEIS COM VIDA ÚTIL DEFINIDA

De acordo com o CPC-04 – Intangível: Deve-se presumir que o valor residual de um ativo
intangível com vida útil definida é zero, a não ser que:

• haja um compromisso de terceiros para comprar o ativo ao final da sua vida útil; ou

• exista um mercado ativo para ele (o valor residual possa ser determinado em
relação a esse mercado)

• seja provável que esse mercado continuará a existir ao final da vida útil do ativo.

Exemplo

Determinada empresa adquiriu uma patente pelo valor de $ 200.000,00. A vida útil da
patente é de 10 anos, mas existe um compromisso de terceiros para comprar essa
patente após os 10 anos por um valor residual de $ 40.000,00.

Quota de Amortização = Custo de Aquisição (-) Valor Residual


Vida útil do bem

Valor da Patente = $ 200.000,00


Vida útil esperada = 10 anos ou 10% ao ano
Valor Residual estimado = $ 40.000,00

Quota de Amortização = 200.000,00 (-) 40.000,00 = 16.000,00 por ano


10 anos

EXERCÍCIOS INTANGÍVEL

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