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UNIVERSIDADE PAULISTA

Ciências Contábeis

Administração Financeira
Administração de Estoques

Prof. Me. Evandro Rafael Ascencio de Sousa

2022
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Os estoques costumam manter uma participação
significativa no total dos investimentos ativos da maior parte
das empresas industriais e comerciais.
Em empresas comerciais, os estoques são
representados, basicamente, pelas mercadorias para
revenda.
Em empresas industriais, os estoques, de acordo com
as fases de acabamento, podem ser classificados em:
matérias-primas, produtos em elaboração, materiais de
consumo, materiais de embalagem e produtos acabados.
Em empresas de prestação de serviços, os estoques
são representados, basicamente, pelos materiais de
consumo e de almoxarifado.
A responsabilidade direta pela administração dos estoques não é
do administrador financeiro, mas ele pode influir sobre os resultados
globais da empresa, interagindo junto a áreas operacionais
responsáveis pelo controle do giro e níveis adequados de estoques.

Os administradores modernos, qualquer que seja sua área de


atuação, devem ter a consciência de que o capital de giro investido em
estoques tem custo financeiro, e que afetará o resultado econômico e
financeiro.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
No Brasil o setor de comércio, o investimento em
estoques tem uma média de 18,2% do total dos ativos das
empresas (ASSAF, 2019).
Os estoques, junto com os valores a receber,
representam 61,7% dos investimentos em ativos circulantes
das grandes empresas brasileiras (ASSAF, 2019).
Os Investimentos em estoques, quanto mais rápido a
empresa vender seus estoques, ou seja, quanto mais
elevado for o giro do investimento, menores são os custos
de financiamento.
A definição do investimento ótimo em estoques deve
evitar perdas de vendas por falta de produtos acabados,
assim como atrasos na produção pela falta de matérias-
primas.

A gestão dos estoques é desenvolvida de forma compartilhada com


outras áreas operacionais da empresa, e não de forma independente. O
volume de investimentos é determinado principalmente pelas decisões
tomadas nas áreas de vendas, compras e produção.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Principais fatores que influenciam os investimentos em
estoques
O montante de estoques é influenciado, principalmente,
pelo comportamento e volume previstos da atividade da
empresa (produção e vendas) e pelo nível de investimentos
operacionais exigidos.
IMPORTANTE ∎ é interessante sempre evitar quantidades excessivas de
estoques, as quais, em função de imprimirem maior lentidão ao giro dos
ativos, reduzem a rentabilidade da empresa. No entanto, em algumas
situações, essa queda de rentabilidade pode ser mais que compensada
pela introdução de determinados benefícios.

Alguns exemplos:
- as matérias-primas podem atingir preços atraentes quando
adquiridas em grandes quantidades.
- uma previsão de escassez de certos meios materiais no
mercado pode justificar uma antecipação das compras.

O investimento em estoque deve ser avaliado em função do


retorno esperado e seu custo de capital.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Principais fatores que influenciam os investimentos em
estoques

Fatores que influenciam mais diretamente os investimentos


em estoques de:
Mercadorias Matérias- Materiais de
Produtos em
de Produtos primas e consumo e
elaboração
Acabados embalagens almoxarifado

• Demanda • Extensão do ciclo • Prazo de


de produção entrega • Peculiaridades
• Natureza operacionais e
• Nível de
• Nível de administrativas
requisição
desenvolvimento da
• Economia
produção • Natureza
de escala física

• Investimento • Problemas
com
necessário importação
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Estoques e inflação
Em ambientes de inflação, deve a empresa minimizar,
tanto quanto possível, seus investimentos em ativos
monetários (caixa e valores a receber, por exemplo), como
forma de reduzir suas perdas inflacionárias.
Uma ideia muito difundida nesse contexto refere-se à
decisão de aplicar maiores volumes de recursos em ativos
não monetários (estoques e bens fixos), como forma de
imunizar o capital da corrosão provocada pela inflação.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Aplicação Prática – Compras mais lucrativas
Admita hipoteticamente que certa empresa encontra-se no
dilema de comprar 100 toneladas de determinada mercadoria à vista
ou comprá-las a prazo. Essa decisão está sendo tomada no dia 15 de
janeiro de determinado ano.
À vista, o preço é de $ 3.000 por tonelada; a prazo, para
pagamento em 60 dias, sobe para $ 3.530. Logo, o montante de
compras é o seguinte:
- Compra à vista: (pagamento em 15-1): $ 3.000 × 100 t = $ 300.000;
- Compra a prazo: (pagamento em 15-3): $ 3.530 × 100 t = $ 353.000.
A empresa sabe que o prazo de estocagem dessa mercadoria
oscila normalmente em torno de 30 dias, ou seja, prevê-se que ela
será vendida em 15-2.
O preço de venda fixado pela empresa para recebimento em 60
dias, prazo esse de cobrança usual para essas operações, é de $
4.320/t. Assim, o total das vendas a ser recebido em 15-4 é de $
432.000.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Aplicação Prática – Compras mais lucrativas

Para o cálculo do resultado bruto da empresa na hipótese de a


compra ser à vista ou a prazo, é necessário colocar todos os valores
operacionais em moeda de uma única data.
Ao manter a mercadoria estocada por 30 dias, a empresa
incorre em um custo de financiar esse investimento. Da mesma
forma, ao vender a prazo, ela também verá seu capital reduzido pela
presença desses custos financeiros.
Assim, admitindo-se que a taxa nominal de captação de mercado
esteja fixada em 5% ao mês, o resultado da empresa, expresso em
valor de 15 de abril, é o seguinte:
Resultado na hipótese de compra à vista:
Resultado (15-4) = [$ 432.000(VP)] – $ 300.000 × (1,05)³ = $ 84.713
Resultado na hipótese de compra a prazo:
Resultado (15-4) = [$ 432.000(VP)] – $ 353.000 × (1,05) = $ 61.350

O custo “embutido” pelo fornecedor para pagamento a prazo: [($


353.000/$ 300.000) – 1] = 17,7% a.b., que equivale a 8,47% ao mês, é
superior ao custo do dinheiro praticado no mercado de 5% a.m.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Controle de estoques: curva ABC
Uma das técnicas mais utilizadas de auxílio ao
administrador na tarefa de definir uma política mais
adequada de compra dos estoques, com ênfase especial
para os itens mais representativos em termos de volume, é a
conhecida curva ABC.
A curva ABC retrata a representatividade dos elementos
estocados, ou seja, a importância dos estoques é medida em
relação ao volume físico demandado e a sua participação no
total dos investimentos efetuados.
Por exemplo: Uma empresa que trabalha com 5.000 itens
diferentes, os quais exigem um investimento médio de $ 90,0 milhões,
pode descobrir pela técnica da curva ABC, que $ 72,0 milhões de
seus estoques estão investidos em somente 750 itens. Em outras
palavras, 15% dos itens estocados são responsáveis por 80% dos
investimentos totais, por isso, devem merecer atenção especial em
relação aos 85% que participam somente em 20% dos investimentos.
A grande contribuição da curva ABC reside na seleção daqueles
produtos mais representativos dos estoques, permitindo que se
estabeleça melhor planejamento das compras e reduções nos custos
dos investimentos.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Controle de estoques: curva ABC
Construção da curva ABC: para a construção da curva
ABC, é necessário que se calculem os investimentos
necessários em cada item (multiplique a quantidade física
médias estocadas por seus respectivos preços de aquisição).
Diante desses resultados, podem ser identificados os itens
mais ou menos significativos para a empresa.
Categorias dos estoques pelos investimentos:
normalmente, os itens são classificados em três categorias:
A, B e C.
Na categoria A: enquadram-se todos os elementos que
demandam maiores investimentos e exigem maiores cuidados em seu
controle.
Na categoria B: enquadram-se todos que demandam um controle
menos frequente.
Na categoria C: enquadram-se todos os elementos de mais baixa
representatividade, os quais dispensam maiores preocupações.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Controle de estoques: curva ABC

O raciocínio básico da curva ABC é demonstrar que um


volume reduzido de bens estocados pode representar uma
elevada proporção nos investimentos em estoques.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Modelos de análise e controle dos estoques

Na prática é muito difícil e arriscado proceder a uma


sincronização perfeita entre a procura e a compra ou
produção de bens, é comum as empresas manterem
permanentemente certo volume adicional estocado.
a compra ou a fabricação de bens, no exato momento em que se verifica a
demanda, envolve riscos de atrasos ou, até mesmo, impossibilidade no
atendimento dos pedidos.

O estudo dos estoques deve ser direcionando à


identificação e apuração de seus custos e ao entendimento
básico de modelos indicadores do nível ótimo
(economicamente mais atraente) de compras ou de unidades
a serem produzidas.
O passo inicial desse estudo é a identificação dos custos
básicos dos estoques. Basicamente, os custos relacionados
com os estoques podem ser classificados em duas
categorias.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelos de análise e controle dos estoques
Custos dos itens estocados: a primeira categoria reflete
os custos efetivos dos bens estocados, obtidos com base em
apropriações processadas pela contabilidade.
Custos de gestão dos estoques: a segunda categoria
inclui os custos relevantes para a administração de estoques,
os quais exercem nítidas diferenças no processo decisório.
Mais especificamente, são os custos evitáveis, os quais
podem variar de maneira direta ou inversamente
proporcional às decisões de compra.
Nessa categoria, são basicamente classificados dois
tipos de custos:
O custo de compra (de pedido ou preparação) representa todos
os gastos resultantes das necessidades de adquirir materiais ou de
autorizar uma ordem de produção, sendo excluído o valor de compra
(ou de produção) efetivo do bem.
Custos de manutenção (carregamento): são geralmente os
custos variáveis associados às decisões de se manterem
determinados itens estocados. São todos os gastos de
armazenamento e com o custo de oportunidade.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelo do lote econômico de compra - LEC
O modelo de lote econômico de compra - LEC, também
denominado de EOQ (Economic Ordering Quantity), tem por
finalidade básica definir o volume de compra de um pedido,
de forma que o custo total controlável do estoque da
empresa seja minimizado.
Essa técnica envolve determinado equilíbrio entre o
custo de manter estoques e o custo do pedido.

O modelo do lote econômico de compra – LEC, tem por


objetivo calcular a quantidade de cada pedido de estoque que
leva a uma minimização dos custos. Ou seja, qual a quantidade
mais barata que a empresa deve comprar para repor seus
estoques.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelo do lote econômico de compra - LEC
As hipóteses básicas consideradas no modelo do lote
econômico são:
a. o volume do pedido não exerce influência sobre o custo unitário,
mantendo-se constante qualquer que seja a quantidade
solicitada;
b. a demanda do estoque se processa de maneira uniforme;
c. o modelo é desenvolvido em condições de certeza, tanto no que
se refere às necessidades físicas quanto aos custos dos
estoques. Não há, em consequência, risco de falta de estoque;
d. praticamente inexiste demora para o recebimento dos produtos
solicitados, ou seja, o tempo de espera entre a emissão do pedido
e o recebimento é desconsiderado no modelo. Ocorrendo
condições de reposição imediata e certeza com relação a sua
demanda, não há necessidade de se manter estoque de
segurança;
e. o modelo prevê também que não ocorrem limitações financeiras
para aplicações em estoques.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelo do lote econômico de compra - LEC
A matemática do modelo do lote econômico.
Admitindo-se que:
D = demanda;
Cp = custo de pedido (por pedido) no período;
Cm = custo de manutenção por unidade no período;
CT = custo total dos estoques no período: (CT = CP + CM);
Q = LEC = quantidade de cada pedido (em unidades)
Têm-se as seguintes expressões básicas de cálculo:
Número Total de Pedidos no Período = D / Q
Custo de Pedido = Cp * D/Q
Custo de Manutenção = Cm * Q/2
Custo Total = (Cp * D/Q) + (Cm * Q/2)
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelo do lote econômico de compra - LEC
Aplicação prática
Suponha em 10.000 unidades a demanda de uma
empresa por determinado item de estoque no próximo ano.
Foram estimados, também, o custo de pedido em $
400/pedido e o custo de manutenção em $ 50/unidade.
Utilizando a expressão matemática do lote econômico, tem-
se a seguinte quantidade ótima de cada pedido:

2∗𝐶𝑝∗𝐷 2∗400∗10.000
Q(LEC) = Q(LEC) =
𝐶𝑚 50

Q(LEC) = 40𝑂 𝑢𝑛.


Número Total de Pedidos no Período
10.000 / 400 = 25 pedidos
A emissão de 25 pedidos de 400 unidades cada, leva á
minimização dos custos totais dos estoques.
ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
Modelo do lote econômico de compra - LEC
Aplicação prática – comparação com outros lotes de compra

Unitário < LEC LEC >LEC

Quantidade de pedido (Q) 300 400 500

Número de pedido (D/Q) 10.000 33,3 25,0 20,0

Estoque médio (Q/2) 150 200 250

CTP = Cp * (D/Q) 400,00 13.333,33 10.000,00 8.000,00

CTM = Cm* (Q/2) 50,00 7.500,00 10.000,00 12.500,00

CTG ( CTP + CTM) 20.833,33 20.000,00 20.500,00


“O conhecido é finito; o desconhecido, infinito.
Intelectualmente estamos em uma pequena ilha no
meio de um ilimitado oceano de inexplicabilidade.
Nosso dever a cada geração é reivindicar um
pouco mais de terra.”
T. H. Huxley (1877)

OBRIGADO

BOA NOITE
Prof. Me. Evandro Rafael Ascencio de Sousa

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