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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Módulo 2:
Preparo para o
Plantio
No primeiro módulo do curso, você pôde compreender o que são as
florestas plantadas, a escolha da área e o planejamento adequado para
a espécie ou objetivo de plantio, bem como saber como funciona o
processo de aquisição, transporte e armazenamento de mudas.
No módulo 2 você terá informações importante para entender o plantio
em relação ao solo. Vamos lá? Bons estudos!

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Acompanhe os assuntos de cada aula:

Aula 1 - Preparo da Área para Plantio


• Limpeza da área
• Coleta de amostras e análise do solo
• Importância da amostragem de solo

Aula 2 - Correção do Solo


• Correção da acidez
• Correção da Acidez Superficial
• Correção da Acidez Subsuperficial

Aula 3 - Adubação
• Adubação de plantio
• Nutrientes importantes
• Acompanhamento da nutrição
• Importância da adubação no regime de Talhadia
• Cuidados com as inovações na adubação do
eucalipto

Aula 4 - Plantio e Replantio


• Controle de formigas e cupins
• Formas de plantio
• Época do plantio
• Preparo do solo
• Plantio propriamente dito
• Irrigação pós-plantio
• Mortalidade de plantas no campo
• Acompanhamento do replantio

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Aula 1:
Preparo da área para
plantio
O sistema de preparo do terreno varia em função da espécie a ser plantada,
da condição de solo, do clima local e da vegetação natural na área de plantio
do eucalipto.
O preparo de área deverá considerar como prioridade a conservação do
solo por meio do revolvimento mínimo e da descompactação, quando
for o caso. Tudo isso para diminuir a degradação ou “queima” da matéria
orgânica, aumentar a taxa de entrada de água no solo e promover um
bom desenvolvimento das raízes do eucalipto. Por isso, evite, sempre que
possível, o revolvimento dos solos nas entrelinhas de plantio privilegiando o
preparo apenas na linha.

Limpeza da área
A limpeza de área para implantação de florestas plantadas comerciais pode
ser manual, mecanizada ou química.

Limpeza manual
Nas propriedades de tamanho médio, este tipo de limpeza é realizado
quando o terreno é muito inclinado, impossibilitando o uso de máquinas;
para tal, usa-se machado, foice ou motosserra.

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• Quando a vegetação eliminada permitir, esta deve


ser aproveitada como lenha, carvão, postes e
moirões.

• A supressão de vegetação nativa requer


autorização dos órgãos ambientais competentes,
de acordo com a legislação ambiental.

• Não devem ser realizadas queimadas para


limpeza das áreas, devido aos impactos negativos
sobre o meio ambiente, como degradação da
matéria orgânica, diminuição da cobertura
ou proteção do solo por resíduos e perda de
fertilidade potencial da terra.

Limpeza mecanizada
Em seu grau mais agressivo, pode ser realizada com correntão ou lâmina
frontal, acoplados em tratores esteira, sendo, geralmente, feita em áreas muito
grandes e quando a retirada da vegetação natural for legalmente permitida.

• Quando o método de limpeza da área exigir


retirada da vegetação natural para plantio de
Cuidado eucalipto, dificilmente o produtor será financiado
Ambiental pelo Programa ABC.

• Preferencialmente, o Programa ABC atenderá aos


produtores que utilizem áreas da propriedade onde
já tenham sido desenvolvidas outras atividades;
áreas em que para a sua limpeza não sejam
necessárias máquinas e equipamentos de grande
porte e sim equipamentos menos robustos, que
limpem apenas a vegetação que nasceu ou que
rebrotou depois do último uso da área.

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Limpeza química
É utilizada em áreas cobertas com vegetação de baixo porte que não
precise ser derrubada nem cortada, mas apenas roçada ou morta com o
uso de herbicidas.

A limpeza química, como parte de um manejo


integrado de plantas daninhas, deverá ser a forma de
limpeza mais comum na área de cobertura do Plano e
do Programa ABC.

Coleta de amostras e análise do solo


Para se estabelecer um povoamento florestal rentável, é muito importante
que se faça a análise do solo. Para isso, a primeira coisa a se fazer é a
coleta adequada das amostras do solo do local onde será feito o plantio.
O resultado da análise da amostra, realizada em laboratório, e a indicação
das necessidades da cultura vão auxiliar o produtor a definir, juntamente
com o técnico, de forma racional, as quantidades de nutrientes necessárias
para o desenvolvimento equilibrado das plantas e assim obter a máxima
produtividade. É essa análise, também, que indica se a acidez do solo está
ou não dentro da exigência da cultura.

Mão na terra
O pessoal do Senar que está me ajudando com as
Florestas Plantadas, comentou que é importante
saber que “a adubação começa com a análise
de solo [...], continua com a correção da acidez e
termina quando se aplica o adubo na terra, na folha
ou na semente”.

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Importância da amostragem de solo


A amostragem do solo é indispensável e deve considerar as exigências
estabelecidas pela ciência do solo. A amostra tem de ser encaminhada para
um laboratório certificado. Diminuir custo com a análise de solo tirando
menos amostras e analisando em laboratórios de baixa credibilidade é
correr um risco grande.

A indicação de fórmulas e de quantidades de adubo


com base em referências genéricas é equivocada e
pode comprometer a produção do povoamento.

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Aula 2:
Correção
do solo
Correção da acidez
Dependendo da situação de acidez do solo, essa é corrigida com aplicação
de calcário dolomítico ou calcítico. Corretamente feita, a aplicação do
calcário neutraliza o alumínio do solo, podendo, também, fornecer cálcio e
magnésio como nutrientes.
Para que se obtenha uma boa correção de acidez do solo, é de fundamental
importância uma boa amostragem da terra.

Correção da acidez superficial


Devem ser seguidas rigorosamente as indicações da análise de solo.
Somente assim, pode-se evitar aplicação de quantidades inadequadas de
calcário.
A forma de incorporar o calcário no solo vai depender das condições
locais, como o tipo de solo e o nível de compactação. Quando o solo não
tem problemas de compactação e o preparo é convencional, utiliza-se uma
grade pesada para que a incorporação seja bem feita, atingindo os 20 cm
de profundidade.
A calagem em excesso é tão prejudicial quanto a acidez elevada. Ela
é, inclusive, mais difícil de ser corrigida e pode causar a diminuição de
nutrientes importantes como fósforo, zinco, ferro, cobre e manganês, a
mineralização da matéria orgânica etc. A época ideal de aplicação do

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calcário no solo para o cultivo de espécies florestais geralmente é com


antecedência mínima de 30 dias da subsolagem e da abertura das covas
de plantio.

Correção da acidez subsuperficial


A correção da acidez subsuperficial deve ser feita até 60 cm de
profundidade. O gesso permite o aprofundamento das raízes e o aumento
do volume do sistema radicular, criando condições para as plantas
superarem os veranicos.

Para corrigir a acidez e a deficiência de cálcio e


magnésio em superfície, a calagem é suficiente.

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Aula 3:
Adubação
Adubação de plantio
Há recomendações genéricas de adubação que podem facilitar a vida do
produtor, entretanto, é interessante consultar um técnico experiente
para realizar recomendações específicas para cada caso, de acordo
com a análise de solo.

Nutrientes importantes
Corrigida a acidez, o eucalipto necessita que o solo disponha de nutrientes. Os
mais importantes são o nitrogênio, o fósforo e o potássio, seguidos de boro
e zinco, além de cálcio e magnésio, que devem ser aplicados na calagem.

Plantas deficientes em cálcio desenvolvem mal


suas raízes, tendo, assim, uma baixa capacidade
de absorção de nutrientes. A redução do sistema
radicular nas camadas inferiores no perfil do solo
torna a cultura mais sensível aos veranicos, tão
comuns em algumas regiões do Brasil.
Cálcio
Mesmo que o cálcio seja importante para o
eucalipto, é preciso ter cuidado ao aplicá-lo.
Colocar grandes quantidades de Ca em solos
deficientes em K, ou aplicar Ca em solo deficiente
em Mg, pode causar desequilíbrio nutricional na
planta, reduzindo seu crescimento.

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O magnésio tem destacado papel na fotossíntese


Magnésio do eucalipto, na ativação de enzimas e na absorção
do fósforo pelas raízes.

O nitrogênio é importantíssimo para o crescimento


dos vegetais. É o nutriente com maior acumulação
no eucalipto. Em um ciclo de sete anos, cerca de
300 a 450 quilos são acumulados por hectare,
quando cada eucalipto produz de 30 a 50 m3/ha/
Nitrogênio ano.
Apesar da sua importância, a resposta à adubação
nitrogenada não tem sido tão evidente quanto
aquelas obtidas com a adubação com fósforo e
potássio.

O adubo fosfatado não deve ser aplicado em toda


a área, e sim localizado em um ponto onde a raiz
possa prontamente fazer uso dele. O fósforo não
se move no solo e, portanto, se ficar na superfície,
não vai adiantar muita coisa para as raízes do
eucalipto. Atualmente, recomenda-se combinar a
aplicação de adubo no sulco feito com o subsolador
Fósforo e uma adubação localizada próximo à muda. É
importante que uma parte do fósforo seja solúvel.
A deficiência de fósforo é a que mais prejudica o
crescimento de eucalipto no Brasil. A demanda desse
nutriente para o crescimento e desenvolvimento do
eucalipto varia de 20 a 28 kg/ha; todavia, deve ser
posto à disposição do eucalipto uma quantidade
maior.

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O potássio é essencial para o eucalipto, mas está


disponível em pequenas quantidades nos solos
tropicais. Sua deficiência ocasiona vários problemas
ao eucalipto. Ela pode reduzir o crescimento e a
produção de madeira, desregular o mecanismo de
Potássio
controle de perda de água das plantas, diminuir a
resistência às doenças e dificultar a recuperação
ao ataque das mesmas. Pode, ainda, diminuir o
crescimento do sistema radicular, prejudicando a
absorção de água e nutrientes pelo eucalipto.

O boro é um dos micronutrientes que, nos solos


do Cerrado, frequentemente, mostra-se abaixo
do nível exigido. Ele limita o desenvolvimento
das plantas na fase jovem e é importante no
crescimento radicular.
• Ao contrário do que ocorre nos solos argilosos,
aplicações de boro em solos arenosos pode ter
grande perda por causa da lavagem promovida
pela água da chuva que penetra no solo.
Boro
• Nos períodos de seca, é difícil a absorção de
boro pelas plantas, havendo necessidade de
aplicação via foliar.
• Quando a calagem é excessiva, a disponibilidade
de boro para as plantas reduz.
• A resposta do eucalipto ao boro pode variar
com a espécie de eucalipto e com o clone.

A deficiência de cobre causa danos físicos ao


eucalipto, pois alonga os galhos das árvores e
os tornam frágeis. Por isso, eles se quebram
Cobre facilmente, deformando a copa. Em campo, a
ocorrência e a severidade dos sintomas variam,
principalmente, pelo tipo de solo, época do ano e
material genético plantado.

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O zinco é importante para o bom desenvolvimento


Zinco do eucalipto porque funciona como ativador de
algumas reações bioquímicas da planta.

Cuidado com a interação entre K e Mg:

Adubação excessiva com potássio pode causar


deficiência de magnésio, principalmente se o solo já for
pobre neste elemento.

Excesso de potássio pode carregar o magnésio para


camadas mais profundas do perfil.

Concentrações elevadas de magnésio podem induzir à


deficiência de potássio.

Lá na fazenda Rio Novo


Fiquei sabendo que é preciso corrigir fósforo no
plantio das mudas lá na Fazenda.
Dá uma vontade danada de pegar os produtos e
colocar na terra, mas isso não funciona!
O pessoal do Senar me orientou da importância do
nutriente, não adianta por fósforo de qualquer jeito.
Colocar fósforo um tempo depois do plantio, por
exemplo, não adianta muita coisa. O ideal é colocar
no momento do plantio.

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Em época de seca intensa e prolongada há a necessidade


de adubação via foliar.

Não é incomum os sintomas de deficiência de cobre


desaparecerem com o avanço da idade das plantas. O
produtor deve buscar o apoio de um técnico para saber
a efetiva necessidade de correção.

Nos solos do Cerrado, a aplicação de boro e de


cobre tem causado deficiência de zinco. Por isso, é
recomendável a pulverização de zinco quando é feita
a pulverização do eucalipto com boro e cobre.

Para auxiliar o produtor durante as etapas de


amostragem, recomendação de calagem e fertilização
deve-se procurar um profissional competente, que
poderá fazer as análises dos resultados.

Acompanhamento da nutrição
Uma das formas de reconhecimento do estado nutricional do povoamento
tem sido a observação visual, com base em manuais que apresentam
fotograficamente os sintomas de deficiências nutricionais no eucalipto.
Certamente, essa não é uma prática recomendável, pois poderá ter uma
interpretação equivocada, tendo em vista que podem levar o produtor e
mesmo o técnico a uma confusão.
É importante alertar, portanto, que a única ferramenta segura é o
acompanhamento realizado por meio da análise das folhas, que deve
atender às seguintes recomendações:
• Coletar amostras em árvores dominantes de folhas recém-maduras
do meio da copa, durante o verão;

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• As folhas devem estar completamente formadas e apresentar os


seguintes aspectos: lisa, brilhante, cor verde escura na parte superior e
verde pálida na inferior, além de forma lanceolada;
• Cada amostra deve ser composta de, no mínimo, três árvores dominantes.
Normalmente, é recomendada a coleta de 10 a 20 amostras compostas
por área.

1
3
2
5

6 4

Selecionar galhos do meio da copa e deles coletar as


folhas 3, 4, 5, 6 indicadas na figura. Quando a folha 3
não estiver totalmente formada, deve-se colher apenas
as folhas 4, 5 e 6.

Importância da adubação no regime de


talhadia
Os produtores que escolherem trabalhar em regime de talhadia ou talhadia
com remanescente, para a produção de uso
múltiplo, devem atentar para a necessidade
talhadia com remanescente
de adubação das cepas. No caso de não
Também conhecida como
utilizarem tal indicação, correrão risco de talhadia composta
diminuição da produtividade futura. Veja a
tabela a seguir:

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Região/Bioma Nutriente Perda (%) Idade (anos) Tipo de solo

Cerrado - SP K 34 5,2 Neossolo quartzarênico

Cerrado - SP K 54 5 Argissolo vermelho

Cerrado - MG K 55 7 Latossolo vermelho

Fonte original: Barros; Comerford, 2002. Quadro extraído em parte de Barros; Neves; Novais (2014).

O produtor deve analisar o balanço nutricional para


verificar a necessidade de adubação e a quantidade
de nutrientes que devem ser ofertados ao eucalipto.
Assim, evitará perdas na produtividade dos brotos
em condução no regime de talhadia ou talhadia com
remanescente. Para isso, precisará recorrer à ajuda de
um profissional.

Neossolo quartzarênico

são solos originados de depósitos arenosos, que


apresentam textura de areia ou areia com barro ao longo
de pelo menos 2 m de profundidade; mais conhecidos
como areia quartzosa.

Argissolo vermelho

são solos de cores vermelhas acentuadas devido a teores


mais altos de ferro, que apresentam fertilidade natural
muito variável por conta dos diversos materiais que lhe
deram origem. Geralmente, têm mais argila nas camadas
mais profundas que na superfície.

Latossolo vermelho

são solos de cores vermelhas acentuadas devido a teores


mais altos de ferro, que ocorrem em extensas áreas nas
regiões Centro-Oeste do País, na maioria das vezes em
áreas planas ou suavemente onduladas. São profundos e
porosos ou muito porosos, e, por isso, permitem um bom
desenvolvimento das raízes. Apresentam, em condições
naturais, baixos níveis de fósforo.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Cuidados com as inovações na adubação


do eucalipto
Os macronutrientes Ca, Mg, N e K são os nutrientes que mais sofrem
perdas na época chuvosa devido à lixiviação. Por isso, a aplicação deles
deve ser parcelada. As empresas vendedoras de adubos de liberação
lenta apresentam como vantagens
de seus produtos a eliminação desta adubos de liberação lenta
prática, diminuindo o custo com a mão As empresas também informam
que a dosagem recomendada de
de obra, minimizando a compactação fertilizantes de liberação lenta a ser
do solo e eliminando as injúrias às feita no período das águas é cerca
raízes e danos físicos à cultura. de 10% menor que a convencional,
enquanto o investimento fica
somente 8% maior em relação a
uma adubação convencional com a
mesma quantidade de nutrientes.

Como são inovações que estão sendo postas à prova no


mercado, o produtor deverá ter cautela. Além de evitar
a generalização do uso, é preciso se limitar a testes
comparativos com o sistema tradicional.

Outra inovação são os fertilizantes contendo aminoácidos em sua


composição. Segundo os vendedores, eles rendem mais e não necessitam
de investimentos em novos equipamentos para sua aplicação. Eles utilizam
os mesmos equipamentos já empregados na cultura do eucalipto.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Aula 4:
Plantio e Replantio

Lá na fazenda Rio Novo


Lá na fazenda Rio Novo sabemos que para a realização
do plantio, vários fatores são importantes. Para as
florestas plantadas o Marcos, técnico do Senar, nos
deu as seguintes dicas:
a. a área deve estar livre de formigas e cupins;
b. a
área precisa ter recebido todas as práticas
conservacionistas necessárias;
c. r ealizar o plantio em curvas de nível ou “cortando
o sentido das águas” em áreas declivosas;
d. o momento do plantio tem que ter sido muito
bem definido;
e. a
análise de solo e a sua correção de acidez
devem ser uma etapa vencida.
Fiquem atentos a essas dicas, pois são muito
importantes!

Controle de formigas e cupins


A base para um bom plantio de eucalipto é o controle de formigas e
de cupins, especialmente o combate
antecipado das formigas antes do adubos de liberação lenta
plantio e o posterior monitoramento. Mais detalhes sobre esses insetos,
inclusive como fazer o controle deles,
o produtor encontrará no módulo da
cartilha referente à proteção florestal.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Formas de plantio
O plantio pode ser feito de forma manual, semimecanizado e mecanizado.

Plantio manual
Característicos de:
pequenas áreas; agricultores
familiares; terrenos muito
declivosos; replantio de áreas
independentemente do tamanho
das mesmas.

Plantio semimecanizado
É feito com plantadeiras manuais, com
sistema de aplicação de gel acoplado
e apoio de carretas ou caminhões para
transporte das mudas, embaladas em
número suficiente para a distribuição
em uma linha de plantio.

Plantio mecanizado
Geralmente, utilizado em
empreendimentos de médio a
grande porte.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

No plantio, deve-se atentar para a profundidade da


cova ou sulco. As mudas devem ser plantadas no
mesmo nível da superfície do solo, evitando que fiquem
tombadas ou afogadas. O afogamento do coleto é fatal,
principalmente sob temperaturas muito elevadas e na
ocorrência de veranicos.

Época do plantio
A orientação é para que seja feito no período chuvoso. E essa orientação
funciona bem para plantios pequenos e em locais onde há poucos veranicos.
Mesmo assim, o produtor, ou o gerente, deverá ficar atento à necessidade
de irrigação das mudas no momento do plantio.

irrigação das mudas


Quando for viável irrigar, deve-se fazer o plantio
pouco antes do período chuvoso para que,
no início das chuvas, as mudas, já enraizadas,
aproveitem as águas em pleno crescimento.

Preparo do solo
Atualmente, a maioria dos plantadores de eucalipto adota a prática do
cultivo reduzido, ou cultivo mínimo, no qual é feita a subsolagem na linha
de plantio a diferentes profundidades, de acordo com a ocorrência ou não
de camadas compactadas ou adensadas.
No Cerrado, apenas um número pequeno de produtores ainda usa
aração e gradagem como preparo do solo. A evolução do método de
plantio se deu com o tempo como mostra o gráfico abaixo.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

ANOS
84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
queima
total

queima
parcial
manejo dos
resíduos

manutenção dos resíduos sobre o solo

manutenção dos resíduos para o


preparo do solo

uso intensivo de herbicidas

bedding

grade
leve
preparo de

grade
solo

pesada

subsolador

sistemas
conjugados

Evolução do preparo do solo: sistema intensivo para cultivo mínimo

Atualmente, há subsoladores que, além de subsolar, fazem a fosfatagem


em linha contínua, aplicam NPK de forma intermitente, marcam o lugar
onde a muda deve ser plantada e ainda realizam uma pequena gradeada
para preparar melhor a faixa de plantio.

Entre preparo convencional (intensivo) e reduzido, para


o Programa ABC, o reduzido é prioritário.
Cuidado Deve-se realizar, de preferência, o cultivo mínimo,
Ambiental
fazendo o preparo do solo somente na linha de plantio
e mantendo a cobertura do terreno com resíduos ou
plantas de cobertura na entrelinha.

Em áreas de declive acentuado, sempre realizar


o plantio em curvas de nível, a fim de diminuir o
escoamento superficial de água e os impactos
negativos da erosão hídrica do solo.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

A subsolagem, geralmente,
garante uma profundidade sem
compactação até 80 cm e uma
faixa superficial de solo revolvido
na faixa de 60 a 80 cm. Atualmente,
a subsolagem pode ser feita com
equipamentos que combinam o
ato de subsolar e a adubação.

Sulcador com adubador.

Cultivo mínimo e fertilidade do solo

Considerando-se que a adoção do cultivo mínimo propicia matéria orgânica


residual sobre o solo e que o ciclo do eucalipto é longo, mesmo que o processo
de decomposição dos resíduos seja lento, o eucalipto termina utilizando, de
forma eficiente, os nutrientes que o resíduo libera gradativamente.

Cultivo mínimo e biologia do solo

O cultivo mínimo aumenta a porosidade do solo, melhorando a infiltração da


água e o arejamento da terra. Ao permitir uma melhor cobertura, protege o
solo de altas temperaturas e de variações da mesma. Na somatória, cria-se um
ambiente adequado para o desenvolvimento de microrganismos benéficos ao
plantio.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Cultivo mínimo e relação custo x benefício

O cultivo mínimo no primeiro ciclo sempre foi bem aceito. O maior problema era
sua aceitação nas áreas de reforma florestal.

Quantidades de resíduos entre 10 e 120 t/ha, dependendo da região, idade,


espaçamento e sistema de colheita utilizado, permaneciam por longos períodos
sobre o solo, dificultando as operações silviculturais. O que os produtores faziam?
Queimavam a camada de resíduos. Isso levava a um aumento da erosão e a
altos investimentos na construção de terraços e manutenção de estradas. Esses
altos investimentos superavam os custos que as empresas tinham para resolver
as dificuldades operacionais ocasionadas com o cultivo mínimo em áreas de
reforma. Isso fez com que essa excelente prática fosse adotada pelas empresas.

Atualmente, a questão principal do cultivo


Cuidado mínimo em áreas de reforma já não diz mais
Ambiental respeito à sua dificuldade de operacionalização,
mas, sim, à mudança do sistema de colheita
para árvores inteiras e a demanda dos resíduos
para produção de energia nas indústrias.

Plantio
propriamente dito
O plantio do eucalipto é quase uma
parte da operação do cultivo mínimo,
uma vez que os equipamentos
subsolam, deixando o sulco pronto
e a fosfatagem feita -- alguns deles
já deixam NPK aplicado de forma
intermitente e locais do plantio das Plantio de eucalipto em
mudas marcados. Três Lagoas, MS.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Na hora do plantio, além de toda uma programação de equipes e


equipamentos, deve-se ter a certeza de que a muda foi bem produzida,
seja pelo produtor seja pelo viveirista.
Se a área de plantio for muito grande, as mudas, ao serem preparadas para
encaminhamento ao local de plantio, já devem ter recebido uma solução
com cupinicida e mono-amônio-fosfato MAP (0,5 a 1%).
O plantio semimecanizado deve
ser hoje a forma mais utilizada
cupinicida
de plantio, uma vez que permite
Ressalta-se que o cupinicida pode, também, rapidez na operação, chegando a
ser aplicado junto com o gel de plantio. Isso atingir por dia entre 10 a 15 ha.
vai depender da empresa ou da capacidade
de operacionalização do produtor.
No plantio semimecanizado, a
plantadeira deverá estar ligada
a um tanque-pipa que levará a
água e o gel.

Esquerda: plantadeira com aplicador de gel costal.


Direita: plantadeiras acopladas a um tanque-pipa com gel.

Com o uso do gel, pode-se reduzir em cerca de


10% o custo de replantio, considerando-se os
gastos com as mudas que morreriam caso ele não
houvesse sido aplicado. O gel também diminui o
gasto com mão de obra.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Onde se utiliza a irrigação, o gel pode contribuir com


Cuidado
Ambiental um ganho ambiental, pois ele aumenta o intervalo
entre irrigações, diminuindo, assim, o gasto de água.

A aplicação do gel usando máquinas costais pode


levar a problemas na coluna dos aplicadores. O
aplicador, também, pode ter irritação nos olhos se não
usar óculos de proteção.

Irrigação pós-plantio
É importante que, além da irrigação do plantio, se mantenha a oferta de
água aos eucaliptos até o estabelecimento das mudas ou “pegamento”.
Há empresas que fazem as irrigações depois da muda plantada, usando o
gel em menor concentração: 250 a 500 g para cada 1.000 litros de água.
Isso pode proteger as plantas da queima do coleto.
As empresas realizam suas irrigações pós-plantio de três formas:
1. alternam o uso de gel nas irrigações até o “pegamento” das mudas;
2. fazem todas as irrigações com gel;
3. fazem todas as irrigações sem aplicação de gel.
A definição tem sido feita caso a caso.
Quanto ao número necessário de irrigações, depende do local de plantio,
podendo variar de uma a três. A irrigação deve seguir até quando se tiver
certeza do “pegamento” da muda. Importante lembrar que o uso do gel
ajuda a poupar água por diminuir o número de irrigações necessárias até
o “pegamento” da muda.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Irrigação mecanizada em Três Lagoas, MS.

Replantio
O replantio é uma operação que, apesar de ter sua importância
subestimada, é fundamental, principalmente quando o plantio é feito com
mudas trazidas de outras regiões e/ou plantadas em locais onde ocorrem
muitos veranicos. É indicado que esta operação seja realizada, no máximo,
até 21 dias após o plantio, com tempo chuvoso e com mudas tratadas
com a calda de cupinicida mais monofosfato de amônio (MAP), como já
indicado no tópico de plantio.

Mortalidade de plantas no campo


Uma das causas de mortalidade no campo é a estocagem de mudas
à sombra, na propriedade, antes do plantio. Isso não é recomendável,
também, porque pode quebrar o efeito da rustificação.

As outras causas, normalmente, são veranicos, formigas e plantio mal feito.

veranicos
A falta de água.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Acompanhamento do replantio
A avaliação de sobrevivência das plantas precisa ser feita até 15 dias
após o plantio do talhão, uma vez que o replantio deve ser feito até 21 dias
depois do plantio. Quando o percentual de falhas do talhão for superior a
2% ou ocorrerem mortes em reboleiras, deve-se efetuar o replantio. Outra
avaliação de sobrevivência é necessária sete dias após.

Observações de plantas no campo realizada em um plantio no município


de Catalão, em Goiás, replantado depois de 21 dias, mostraram que o
replantio pode influenciar negativamente na circunferência a altura do
peito (CAP) das plantas. Veja na tabela abaixo a diferença de crescimento:

CAP médio (cm)


Material Diferença de
genético Normal (N) Replantio (R) crescimento N/R

Clone 80 29,8 12,2 2,4 vezes maior

Clone 46 29,8 7,3 4,1 vezes maior

Clone 35 25,9 18,2 1,4 vez maior

Clone 35 24,1 14 1,7 vez maior

E. cloeziana 27,4 16,8 1,6 vez maior

E. urophylla 26,2 17,4 1,5 vez maior

Média - - 2,1 vezes maior

Fonte: Trindade et al. (2007).

Para encerrar, que tal relembrar alguns pontos importantes sobre


as Floretas Plantadas no Brasil e o preparo para o plantio que
vimos até agora? No ambiente virtual de aprendizagem, você
poderá assistir ao vídeo. Confira!

E com isso fechamos o assunto preparo para o plantio. No próximo módulo,


falaremos sobre Pragas e Doenças. Vá até o AVA para realizar a atividade de
aprendizagem obrigatória e liberar o acesso ao penúltimo módulo do curso!

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos
apresentados até aqui.

As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler


e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as


questões. Você terá duas tentativas para responder cada
questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que:

1. acertar as questões; ou

2. usar todas as suas tentativas.

Questão 1
O preparo da área para plantio de eucalipto deverá considerar como
prioridade a conservação do solo por meio do revolvimento mínimo e da
descompactação do mesmo. Considerando essa priorização, é correto
afirmar:

a) O revolvimento mínimo diminui a degradação ou “queima” de


matéria orgânica.

b) O revolvimento mínimo diminui a taxa de entrada de água no solo.

c) O revolvimento mínimo reduz o desenvolvimento das raízes do


eucalipto.

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Módulo 2 – Preparo para o Plantio

d) O revolvimento mínimo aumenta o custo de implantação da área.

Questão 2
A deficiência de fósforo é a que mais prejudica o crescimento de eucalipto
no Brasil. Você, como consultor, foi contratado por um silvicultor que deseja
implantar 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em
área de Cerrado de Minas Gerais. Em relação à adubação fosfatada, qual
recomendação deve ser dada ao silvicultor?

a) O adubo fosfatado deve ser aplicado em toda a área de plantio.

b) O fósforo deve ser fornecido à planta 90 dias após o plantio, na


adubação de cobertura.

c) O fósforo deve ser aplicado no sulco feito com o subsolador e uma


adubação localizada próxima à muda.

d) O adubo fosfatado deve ser aplicado em superfície.

Questão 3
Um silvicultor plantou 100 hectares de eucalipto em sua propriedade,
localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Para decidir se seria viável
fazer o replantio na área, o silvicultor entrou em contato com o consultor
que elaborou o projeto para tomarem a decisão em conjunto. A respeito
do replantio, é correto afirmar:

a) O replantio deve ser realizado 90 dias após o plantio, junto com a


adubação de cobertura.

b) Deve-se optar por um replantio a pleno Sol e com mudas tratadas


com a calda de cupinicida mais monofosfato de amônio (MAP).

c) As mudas para o replantio devem ser estocadas à sombra entre o


plantio e o momento do replantio.

d) Quando o percentual de falhas do talhão for superior a 2% ou


ocorrerem mortes em reboleiras, deve-se efetuar o replantio.

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