Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


ENGENHARIA DE PESCA

RELATÓRIO DE VISITA AO PORTO DE DESEMBARQUE DE PESCADO E EM


FRIGORÍFICOS DE PESCADO EM MANAUS.

MANAUS – AM
2023
ALINE DA CUNHA FERREIRA - 22154273

RELATÓRIO DE VISITA AO PORTO DE DESEMBARQUE DE PESCADO E


FRIGORÍFICOS EM MANAUS.

Relatório apresentado à
Universidade Federal do
Amazonas como parte das
exigências da disciplina de
Tecnologia do Pescado A, para
obtenção de nota parcial sob a
orientação do Professor
Antônio Jose Inhamuns da
Silva.

MANAUS – AM
2023
1. INTRODUÇÃO

Os peixes são os últimos animais explorados na natureza em grande escala pelo


Homem. De acordo com dados da FAO, em 1996 o desembarque mundial de pescado
foi 94.625.400 toneladas, das quais 7.552.800 toneladas provieram da água doce. Isto
representa cerca de U$ 200 bilhões (U$ 4 por quilograma), sem nenhum custo à
sociedade (SOUZA et al., 2007).

No Brasil, devido à grande abundância na região amazônica, o consumo de pescado


é altíssimo, alcançando em algumas áreas ribeirinhas cerca de 500g por pessoa/dia,
a mais alta do mundo. Assim, quem viaja pelo interior da Amazônia muito dificilmente
irá observar pessoas subnutridas devido à falta de proteína, como é comum em
regiões semi-áridas, onde o consumo de pescado per capita é muito menor (SOUZA
et al., 2007).

Nas grandes cidades da região amazônica a atividade da pesca é algo familiar e muito
utilizado como meio de sobrevivência, sobretudo nas áreas do entorno dos rios e para
ser considerado um pescador de fato, é necessário estar inscrito no Registro Geral da
Atividade Pesqueira (RGP) e conforme categorias descritas no Decreto no 8.425, de
31 de março de 2015, será concedida Licença para pescador e pescadora profissional
artesanal e pescador e pescadora profissional industrial (PALHETA E SANTORO,
2020).

1.1. PORTO DE DESEMBARQUE DE PESCADO (PANAIR).

O atual porto único para desembarque, comercialização e distribuição de pescado, no


Município de Manaus, está localizado na orla fluvial do porto da Panair,
compreendendo uma área de 50 metros à sua direita, como também 50 metros à sua
esquerda (Decreto Municipal N0 7.925 de 07/06/2005). A responsabilidade pela
gestão do Terminal de Desembarque do Pescado, é da FEPESCA (Federação dos
Pescadores dos Estados do Amazonas e Roraima). O porto é constituído por 03
balsas interligadas, com aproximadamente 50 metros cada, perfazendo um total de
150 metros de comprimento e possui também 41 uma embarcação de apoio, com dois
pisos, sendo que no primeiro piso estão localizados os banheiros, a cozinha, freezer
e compartimentos que servem de depósito e no segundo piso possui um grande vão
aberto que serve de dormitório, onde se atam as redes para descanso (GANDRA,
2010).

A comercialização do pescado inicia-se da seguinte maneira, uma amostra é retirada


das urnas de conservação localizadas nos barcos de pesca, e ficam expostas nas
bancas de madeira da balsa para observação dos consumidores, nota-se que o
produto exposto pela maioria dos comerciantes apresenta uma quantidade exagerada
de peixes nas bancas e uma quantidade deficiente de gelo para que se mantenha o
pescado em boas condições de consumo por um maior tempo (GANDRA, 2010).

1.2. FRIGORÍFICOS EM MANAUS.

O setor produtivo da pesca e da aquicultura tem manifestado a sua preocupação em


relação à implantação de estabelecimentos industriais de pescado que possam
garantir uma comercialização segura e competitiva, abrangendo os mercados interno
e externo. Para que se possa comercializar o pescado proveniente da pesca e da
aquicultura, em boas condições de higiene e com qualidade, existe a necessidade de
se aplicar às técnicas de beneficiamento, que acabam sendo inevitáveis, já que a
própria legislação exige o uso do frio como recurso mínimo para a venda do produto.
Ao se fazer o processamento, está se agregando valor ao pescado que, de matéria
prima perecível, passa a ser um produto com maior vida útil e com novas opções de
consumo (GANDRA, 2010)

Para a comercialização interestadual, os produtos de pescado devem ser


obrigatoriamente elaborados em estabelecimentos registrados no Serviço de
Inspeção 46 Federal – S.I.F. Para o registro de estabelecimentos, junto ao Ministério
da Agricultura se faz necessário cumprir uma série de normas para elaboração de um
processo no qual constará todas as etapas de aprovação do Estabelecimento. Para o
registro de estabelecimentos junto à Inspeção Industrial de Produtos, seus
Subprodutos e Derivados de Origem Animal – S.I.E., vinculada à Comissão de Defesa
Sanitária Animal e Vegetal – CODESAV/SEPROR, se faz necessário cumprir uma
série de normas para elaboração de um processo, o qual constará todas as etapas de
aprovação do estabelecimento (GANDRA, 2010).
Com relação ao S.I.M. (Serviço de Inspeção Municipal), não existe na R.M.M. ou ainda
no Estado do Amazonas um Órgão do Governo Municipal que esteja implantando a
Orientação Processual de Projetos Industriais para o registro do estabelecimento e
obtenção do registro no S.I.M. O que existe é uma fiscalização quanto à sanidade do
estabelecimento que é realizada em sua maioria, mediante denúncia, essa
fiscalização fica a cargo da VISA (Vigilância Sanitária de Manaus), que usa as
recomendações descritas no Código Sanitário do Município (GANDRA, 2010).

O presente relatório tem como objetivo descrever as atividades observadas no Porto


de Desembarque de Manaus (Panair) e em dois diferentes frigoríficos, um localizado
na cidade de Manaus e o outro localizado na cidade de Iranduba.

2. OBJETIVO GERAL

• O objetivo deste relatório foram fazer observações e descrever as atividades


observados na Panair e em frigoríficos.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Observar as embarcações pesqueiras na feira da Panair;

• Observar os balcões de vendas de peixes;

• Observar o layout dos frigoríficos;

• Analisar o sistema de fornecimento e tratamento de água, gelo utilizados no


frigorífico e equipamentos utilizados;

• Observar a destinação dos resíduos gerados.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A visita foi feita na feira da Panair, localizada no bairro de Educandos e dois frigoríficos
diferentes, onde o primeiro chamado JG PESCADOS, está localizado no bairro Aleixo,
na cidade de Manaus. Já o segundo, chamado TAMBAFRIOS DA AMAZONIA,
localizado na cidade de Iranduba, estado do Amazonas.
Para as visitas foram utilizados roteiros disponibilizados pelo professor Antônio Jose
Inhamuns da Silva, via classroom. E também para a obtenção de fotos, foi utilizado o
celular. Dois trios foram formados para fazer as perguntas em duas embarcações no
Porto e nos frigoríficos

4. RESULTADOS

Perguntas foram feitas para os pescadores nas embarcações:

Embarcação 1

- Nome da embarcação: Maira Yasmin

- Nome do proprietário: Rodrigo Balbi

- Quais os apetrechos de pesca que utiliza nas pescarias: somente malhadeira

- Aplica algum tratamento ao pescado após a captura, antes de conservar no gelo?


Não

- Qual a capacidade de estocagem da urna (caixa isotérmica): 7 toneladas

- Tempo médio de pescaria no período de seca e de cheia: seca – 30 dias e cheia – 3


meses para frente

- Qual a proporção de gelo:peixe utilizada para conservar o pescado: 1:1

- Após chegar na Panair, quanto tempo leva para vender o peixe, na seca e na cheia.
E se consegue vender tudo: depende. Seca até duas semanas e cheia - mais de um
mês

- Qual o horário de venda do peixe na embarcação? 22h a 00h

- Há perda na produção? Aproximadamente quanto (%)? Sim, aproximadamente 25%

- O que poderia ser feito para melhorar a conservação do pescado nos barcos?
Pescador acha que não tem nada para melhorar

O que poderia ser feito para melhorar a venda do pescado na Panair? Voltar o horário
anterior (2h da manhã até 7h da manhã)
1 2

Figura 1: Urna de armazenamento. Figura 2: Parte de dentro da urna


de armazenamento.

Embarcação 2

- Nome da embarcação: Não possui nome, pois a documentação da embarcação não


está em dia, segundo o pescador

- Nome do proprietário: Raimundo Jose

- Quais os apetrechos de pesca que utiliza nas pescarias: rede e malhadeira

- Aplica algum tratamento ao pescado após a captura, antes de conservar no gelo?


Depende. Se for peixe liso faz o evisceramento e se for de escama, não

- Qual a capacidade de estocagem da urna (caixa isotérmica): 6 toneladas

- Tempo médio de pescaria no período de seca e de cheia: seca – mais rápido (6 dias)
e cheia – mais devagar (15 dias)

- Qual a proporção de gelo:peixe utilizada para conservar o pescado: 1:1

- Após chegar na Panair, quanto tempo leva para vender o peixe, na seca e na cheia.
E se consegue vender tudo: seca – 2 a 3 dias e cheia – 15 dias

- Qual o horário de venda do peixe na embarcação? 22h a 23:30h

- Há perda na produção? Aproximadamente quanto (%)? Sim, porém pescador não


relatou a porcentagem, pois não sabia
- O que poderia ser feito para melhorar a conservação do pescado nos barcos?
Pescador relata que não tem nada a melhorar

- O que poderia ser feito para melhorar a venda do pescado na Panair? Os preços
serem tabelados

3
3
3
Figura 3: Embarcações. 3
g
e
g
Observações analisadas nos balcões de peixe

- Observar condições higiênicas gerais do local de venda do peixe.

Sem higiene, principalmente em relação ao pescado, comparado com a carne bovina

- Observar o sistema de resfriamento usado para o pescado e para a carne de gado.

Somente gelo, mas pouco

- Quais as espécies que mais comercializa?

Jaraqui, Tambaqui, Surubim, Tucunaré, Pacu, Sardinha

- Quanto tempo leva para vender totalmente um lote de pescado?

15 dias, segundo o vendedor

- Como faz para conservar o peixe durante a venda? (Observar e estimar quanto
tempo fica no balcão de venda antes de voltar para o gelo)

Apenas gelo e o pescado fica no balcão até serem vendidos

- Há perda de pescado? (Não consegue vender aproximadamente %)


Não

- O que poderia ser feito para melhorar a venda do pescado na feira da Panair?

Melhorar a higiene do local

4 5

Figura 4: Balcões de peixes. Figura 2: Balcões de peixes.

Observações nos frigoríficos

Frigorífico 1 (JG PESCADOS)

Possui um portão de alumínio na sua entrada principal onde os caminhões frigoríficos


entram e descarregam. Dispõe de banheiros femininos e masculinos, dentro das
normas estabelecidas, refeitório para os trabalhadores.

Após a entrada dos caminhões é feita uma análise sensorial, onde são observados
aparência da pele, firmeza da carne, odor, cor e forma dos olhos, cor e odor das
brânquias descritos em atributos de qualidade, totalizando uma pontuação máxima de
15 pontos de demérito. Depois o pescado é levado para a sua higienização com agua
clarificada. O frigorifico possui um fluxo continuo, 3 tuneis de congelamento, 2
câmaras de armazenamento, onde chega a -30°C e possui esterilizadores para os
equipamentos usados. Eles possuem sistema de tratamento da água e também
possuem um poço para a utilização de água e uma câmara de gelo própria.
São utilizados equipamentos mesas de aço inoxidável, facas, balanças, caçapas e
paletes para colocar o pescado. Também os trabalhadores utilizam roupas adequadas
e equipamentos necessários.

Os resíduos passam por um tratamento e depois são descartados. Os sólidos são


colocados na lixeira e são levados pelos carros de lixo.

O estabelecimento está com a documentação toda completa e está funcionando


perfeitamente.

6 7 8

Figura 6: Métodos de avaliação da qualidade do pescado, entrada de


gelo e sala de resíduos; Figura 7: Cilindro de lavagem; Figura 8:
Balança para os pescados.

Frigorífico 2 (TAMBAFRIOS DA AMAZÔNIA)

O frigorifico é maior que o JG pescados, mas possui os mesmos cômodos, que são
obrigatórios, como: refeitórios, banheiros masculinos e femininos, sala do
administrativo, poço de agua fora do estabelecimento e também 3 caminhões
refrigerados. Esse frigorífico ainda não está funcionando e não abastece o mercado
nacional e a RT chama-se Cristiane.
A câmara de espera fica na recepção de entrada onde os caminhões descarregam,
possui a área dos peixes miúdos e dos peixes maiores, chamado de óculo. Logo na
entrada fica a pia, lavatório de pés, pedilúvio, aventais e etc.

Na sala de beneficiamento do pescado há três ciclos de produção:

1) entrada dos peixes que serão lavados;

2) mesa onde o peixe vai ser beneficiado no dia;

3) filetamento, mas apenas para pedidos.

Os resíduos são colocados em baldes e depois são levados para a saída de resíduos.
A sala de embalagem fica integrado com o túnel 1, onde a temperatura chega a -30˚C,
a câmara 2 chega até -24˚C e o túnel 2 chega a -30˚C.

9 10 11

Figura 9: Sala de administração; Figura 10: Banheiros feminino e


masculino; Figura 11: Caminhão refrigerado.

12 13 14
Figura 12: Pedilúvio; Figura 13: Câmara de congelamento; Figura 14:
Dentro da câmara de congelamento.

5. CONCLUSÃO

A partir desta visita técnica foi possível ver na prática como são as instalações
industriais e da feira da Panair, principalmente no que diz respeito a legislação, boas
práticas e o fornecimento do pescado. Além disso, mais especificamente, entender o
processo de produção do frigorifico JG PESCADOS e TAMBAFRIOS DA AMAZÔNIA
e os processos de controle interno, tanto das instalações quanto de qualidade do
produto final reforçando os conhecimentos já adquiridos na matéria de Tecnologia do
Pescado A, gerando uma experiência enriquecedora em questão de conhecimentos.

6. REFERÊNCIAS

SOUZA, A. S.; LOBATO, A. B.; CAMARGO, S. A. F. 2007. Usos e costumes na


comercialização de pescado no município de Manaus (Am): aspectos do meio
ambiente do trabalho no porto e na feira da panair. p.2938-2953.

PALHETA, R. P.; SANTORO, E. F. O. 2020. Saúde e protagonismo dos pescadores


artesanais na cidade de Manaus. UFAM.

GANDRA, A. L. 2010. O mercado de pescado da região metropolitana de Manaus.

Você também pode gostar