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RESUMO
A região do litoral norte do Brasil é caracterizada por apresentar uma linha de
costa bastante diversa onde se localizam inúmeros sistemas estuarinos. Possui
uma topografia baixa e aporte de grandes volumes de água doce, principalmente
do Rio Amazonas, produzindo processos oceanográficos interdependentes e
complexos, que exercem uma forte influência na distribuição dos recursos vivos
da região. Um estudo sobre a produção, o esforço de pesca e a captura por
unidade de esforço (CPUE) das principais espécies de peixes capturadas em
currais-de-pesca no litoral amazônico do estado do Pará, durante o período de
1995 a 2002, foi realizado visando a fornecer subsídios para o gerenciamento
adequado desta pescaria. Para tal foram analisados dados coletados pelo projeto
ESTATPESCA, e através de entrevistas realizadas com pescadores e pessoas
relacionadas com a atividade pesqueira em 15 municípios. A produção de pescado
nos currais-de-pesca seguiu a mesma tendência da produção total desembarcada,
com a captura máxima em 1998; a partir de 1999 apresentou uma tendência de
produção decrescente com pequena recuperação em 2002. As espécies com maior
participação relativa, em ordem decrescente, foram a pescada-gó (Macrodon
ancylodon) 38 %, o bagre (Arius herzbergii) 10 %, o bandeirado (Bagre bagre) 6
%, a corvina (Micropogonias furnieri) 4 % e o peixe-pedra (Genyatremus luteus) 2
%. Os municípios com maior produção desembarcada foram Quatipuru (19,07
%), Curuçá (17,11 %), Bragança (12,12 %) e Marapanim (8,14 %). O esforço de
pesca seguiu uma tendência de crescimento durante todo o período (1995 a 2002),
com uma pequena redução em 2001 logo compensada em 2002. A produção
anual e as CPUE’s do bagre, bandeirado, peixe-pedra e pescada-gó apresentaram
uma tendência de queda enquanto que a corvina manteve seus valores com
pequenas variações ao longo do período. Os resultados da análise de variância
da CPUE anual pelo teste H de Kruskal-Wallis para cada uma das cinco espécies
foram significantes nível de α = 0,05. Foram utilizados os modelos logísticos linear
de Schaefer e exponencial de Fox para se estimar os parâmetros da produção
das principais espécies. O esforço aplicado sobre o bandeirado atingiu 166,6 %
do ótimo estimado e a captura e a CPUE são, respectivamente, de apenas 58,6 %
e
1
Bióloga, M. Sc., Pesquisadora Cepnor/Ibama
2
Engenheiro de Pesca, M. Sc., Professor Ufra, Pesquisador Cepnor/Ibama
3
Biólogo, D. Sc., Professor Ufra
4
Engenheira de Pesca, Pesquisadora Cepnor/Ibama
35,2 % dos ótimos estimados. Para as demais espécies esses valores variaram
como a seguir: corvina = 143,3 %, 74,2 % e 51,9 %; peixe-pedra = 165,6 %, 72,8
% e 44,3 %; bagre = 172,0 %, 43,6 % e 25,3 %; pescada-gó = 173,1 %, 45,4 % e
26,2 %. A queda na produção das espécies capturadas pelos currais-de-pesca
mostra que níveis do esforço acima do valor ótimo podem levar a uma situação de
sobrepesca, resultando em drásticas conseqüências sobre a produtividade e
rendimento econômico dos currais-de-pesca.
Palavras–chave: curral-de-pesca, principais espécies, modelos de produção,
esforço de pesca, CPUE, Estado do Pará.
ABSTRACT
The fish-weir fishery in Pará State
The Northern region of Brazil presents a varied coastline where countless estuarine
systems are located. It displays low topography and high volumes of freshwater,
mainly from Amazonas River, producing complex oceanographic processes
depending on one another, which exercise a strong influence on the distribution of
its live resources. A study of the production, fishing effort and the capture for unit
of effort (CPUE) of the main species of fish captured by fish-weirs in the Amazonian
coast of Pará State during the period from 1995 to 2002, was carried out with the
aim at supplying subsidies for the adequate management of this kind of fishery.
For such a purpose the data on catch statistics collected by the ESTATPESCA
Project in 15 counties, and by means of interviews with fishers and middlemen
were analyzed. The fish production by fish-weirs followed the same decreasing
trend as that of total production in years 1995-2002, but with a slight recovery in
2002. The species that stood out as to fish production, in a decreasing order of
their take in the catch, were: king weakfish (Macrodon ancylodon), 38 %, thomas
sea catfish (Arius herzbergii), 10 %, coco sea catfish (Bagre bagre), 6 %,
whitemouth croaker (Micropogonias furnieri), 4 % and torroto grunt (Genyatremus
luteus), 2 %. The most productive counties were: Quatipuru (19.07 %), Curuçá
(17.11 %), Bragança (12.12 %) and Marapanim (8.14 %). The fishing effort followed
a growth tendency during the whole period (1995 to 2002), with a small reduction in
2001 and ready compensated in 2002. Annual yield and CPUE of thomas sea
catfish, coco sea catfish, torroto grunt and king weakfish showed a downward
trend while that of whitemouth croaker kept stable along the period. The results of
the variance analysis through Kruskal-Wallis’ H test and discrimination among mean
annual CPUEs for each of the main five species proved to be statistically significant.
Linear and exponential surplus production models were used to estimate optimum
values of sustainable yield, fishing effort and productivity. The annual applied effort
on coco sea catfish was 66.6 % above its optimum and hence their correspondent
figures for sustainable yield and catch per unit effort amounted only to 58.6 and
35.2 % of their optimum values. The other main species likewise figures were:
whitemouth croaker = 143.3 %, 74.2 % and 51.9 %; torroto grunt = 165.6 %, 72.8
% and 44.3 %; thomas sea catfish = 172.0 %, 43.6 % and 25.3 %; king weakfish =
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
173.1 %, 45.4 % and 26.2 %. The decrease in fish production by fish-weirs implies
that fishing effort above acceptable levels may lead to an overfishing situation
whereby recovery is difficult and harmful effects are brought to bear upon
productivity and economic revenues from the fish-weir fisheries.
Key words: fish-weir, main species, production models, fishing effort, CPUE, Pará
State.
INTRODUÇÃO
A pesca artesanal na região Norte do Brasil é responsável por quase metade
da produção pesqueira, seja em águas costeiras, litorâneas ou interiores (Paiva,
1997). No Brasil, os pescadores artesanais são responsáveis por grande parcela
da captura do pescado, destinada tanto a exportação quanto ao consumo interno
(Diegues, 1995). No estado do Pará, no ano de 2002 a produção artesanal chegou
a 60,91 % do total desembarcado (IBAMA/CEPENE, 2004).
No contexto da atividade pesqueira artesanal do litoral amazônico do estado
do Pará, os currais-de-pesca assumem posição de destaque na produção de
pescado, principalmente nos municípios de Quatipuru (1.046,7 t), Curuçá (939,2
t), Bragança (665,1 t) e Marapanim (446,7 t), em frente aos quais a plataforma é
propícia à instalação desses aparelhos de pesca (Furtado-Júnior, 2003).
As armadilhas fixas para peixes podem ser feitas de cercas, redes, telas,
etc; e são usadas especialmente nas áreas de marés. As cercas podem ser
construídas como espirais (forma de caracol) em seu final, que não impedem
completamente o escape dos peixes, apenas dificultam sua saída. Arranjos de
cercas com passagens intricadas e sinuosas, considerados como labirintos, têm
sido usados em muitas pescarias em várias partes do mundo (von Brandt, 1984).
Considerando-se que os currais-de-pesca não oferecem nenhuma atração
artificial (iscas, por exemplo) e a captura depende do peixe movimentar-se
ativamente para seu interior, os principais fatores determinantes de sua eficiência
são: localização, e disposição de seus compartimentos e estruturas com relação
às correntes de maré. Durante as fases de lua cheia e com ventos brandos, a
pesca é mais proveitosa devido ao silêncio e à força da correnteza da maré
(Fonteles-Filho & Espínola, 2001).
Como o plano de evolução da Lua em torno da Terra não está no mesmo
plano de evolução da Terra em torno do Sol, existem efeitos diversos gerados pela
ação destas duas forças nos ciclos das marés, sobretudo no que se refere à sua
amplitude. Desta forma, pode-se encontrar ciclos de marés de diferentes
amplitudes em diferentes pontos geográficos, tendo como exemplo mais marcante
a região Norte do Brasil, onde se observa que as amplitudes máximas de marés
podem atingir aproximadamente 7 m (El-Robrini, 1992), característica que possibilita
a construção dos currais-de-pesca em áreas localizadas bem próximas da costa.
Dois tipos de correntes de maré, classificadas como periódicas, podem ser
identificadas: (1) as alternativas, que mantêm uma direção fixa durante a metade
de seu período, e uma direção oposta na outra metade; (2) as giratórias, como o
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
próprio nome leva a entender, são aquelas que giram em todas as direções
possíveis em torno de um ponto fixo. Na realidade, levando-se em conta a
localização geográfica e o período, ocorre quase sempre uma combinação dos
dois sistemas: Se for considerada a disposição da corrente para um ciclo completo
de maré, ela terá a forma de uma elipse, que será mais ou menos abaulada em
função das correntes existentes naquele período, diferenciando assim as correntes
alternativas das giratórias (Turekian, 1968).
Ao longo do litoral do Pará os tipos básicos dos currais-de-pesca atualmente
em uso são: (a) Curral de duas espias, que geralmente é cercado com panagem
de polietileno, com exceção das asas (laterais do primeiro compartimento), que
são feitas de varas colocadas juntas e amarradas entre si, com cipó. Alguns currais
podem ter também panagens colocadas nas asas; em geral, a malha do cercado
neste tipo de curral tem 90 mm (entre nós opostos), com exceção do chiqueiro
onde a malha usual é de 40 mm (entre nós opostos); (b) Curral de uma espia, que
é construído com os mesmos materiais que os de duas espias e, em alguns
locais mais expostos, usando-se cercas de arame feitas a mão. O comprimento
de um lado das malhas quadradas de arame é de 40-50 mm no chiqueiro e na
salinha.
A disposição da linha central longitudinal nos currais-de-pesca de uma espia
deve preferencialmente ficar numa posição oblíqua, enquanto nos currais de duas
espias devem ter essa linha paralela em relação às correntes de maré alternativas.
Na década de 80, os currais-de-pesca sofreram uma série de modificações
com relação aos materiais utilizados na sua construção, quando passaram a
incorporar pedaços de redes de pesca de material sintético e telas de arame e,
hoje, poucos dos currais feitos inteiramente de materiais naturais podem ser
encontrados (Furtado-Júnior, 2003).
A produtividade desta arte varia consideravelmente entre as diversas áreas
de pesca, épocas do ano, marés, fases da lua e principalmente do regime de
chuvas. Uma estimativa precisa dos rendimentos médios dos currais-de-pesca
só é possível mediante um rígido controle de captura, esforço correspondente e
regime de pesca durante uma série de anos e em diferentes áreas de pesca
(Dias-Neto et al., 1985).
O controle da captura e esforço de pesca gera séries históricas da pescaria
que podem ser testadas pelos modelos de produção proporcionando indicações
do nível de exploração dos recursos pesqueiros, tendo como pressuposto biológico
o equilíbrio entre a captura e o esforço de pesca (Sparre & Venema, 1997).
Em vista da importância dos currais-de-pesca na produção de pescado pelo
sistema de pesca artesanal bem como a falta de maiores informações sobre a
produção e produtividade desta arte de pesca na região Norte, espera-se que os
resultados decorrentes deste trabalho contribuam para uma avaliação preliminar
da atual situação desta modalidade de pesca que é imprescindível para seu
adequado gerenciamento.
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados que fundamentaram esta pesquisa fazem parte do sistema de
controle estatístico do projeto Estatpesca realizado pelo Cepnor/Ibama, no período
de 1995 a 2002. Para este estudo foram controlados, o esforço de pesca e a
captura dos currais-de-pesca nos 12 municípios da região do salgado, além dos
municípios de Belém, Soure e Salvaterra, sendo estes divididos nas seguintes
áreas: Área I - Belém, Curuçá, Marapanim, Maracanã e Salinópolis; Área II -
Salvaterra, Soure, Vigia, Colares e São Caetano de Odivelas; Área III - Bragança,
São João de Pirabas, Quatipuru, Augusto Correia e Viseu.
O cálculo das estimativas da produção de pescado para o curral-de-pesca
foi gerado pelo programa ESTATPESCA através do relatório Produção por Município
por Arte de Pesca. Este relatório mostra a produção estimada total anual (todas
as espécies) capturada pelos currais para cada município controlado. A participação
de cada espécie no total capturado pelos currais-de-pesca foi obtida do relatório
Parâmetros das Pescarias, que mostra a participação relativa anual da produção
de cada espécie por frota ou arte de pesca para o Estado, conforme Tavares
(2005) adaptado de Aragão (1997).
Nas localidades onde se realizou a pesquisa os dados foram coletados por
pessoas contratadas e residentes nas próprias comunidades pesqueiras o que
facilitou o trabalho e conferiu fidelidade aos dados coletados. Após a contratação
dos coletores, foi feito um treinamento para este tipo de pesquisa que consistiu,
basicamente, no preenchimento dos formulários de cadastro de embarcações e
artes de pesca, controle de desembarque, controle mensal do esforço de pesca e
controle diário do esforço de pesca.
O esforço de pesca, f foi calculado como sendo o número de currais ativos
num determinado mês (operando com e sem auxílio de embarcações) multiplicado
pelos dias do respectivo mês (curral-dia). O índice de captura por unidade de
esforço – CPUE (Y f ) adotado foi calculado como a biomassa de peixes
capturados por cada curral ativo pelo período de um dia, representado por kg/
curral-dia.
As tendências de variação no esforço de pesca, para se avaliar o
comportamento da atividade pesqueira dos currais-de-pesca, foram analisadas
considerando-se uma periodicidade anual.
Foram selecionadas as cinco espécies com valores de produção mais
expressivos, capturadas pelos currais-de-pesca, para análise de seus respectivos
parâmetros na pescaria, com base em uma ou mais das seguintes premissas:
(a) estar entre as espécies mais importantes da pesca com curral; (b) fazer parte,
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
(a) Modelo linear de Schaefer (1954), que pressupõe uma relação linear
entre a CPUE (Y f ) e o esforço de pesca ( f ), segundo a equação:
Yi f i = q × B = a + b × f i se f i ≤ − a b onde: B = biomassa, q = coeficiente de
capturabilidade (constante),= esforço no ano i , e = captura
em massa por unidade de esforço no ano i.
Calculou-se Y f a partir da captura, Yi , do ano i , para a pescaria como
um todo, e do correspondente esforço, , por Y f = Yi f i , i = 1,2,3,...., n . Pelo
que se estima:
; MSY = − a 2 4b e Y f MSY = a 2
120
A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
(b) Modelo exponencial de Fox (1970), que pressupõe uma relação curvilínea entre
a CPUE (Y f ) e o esforço de pesca (f ), segundo a equação:
Yi f i = q × B = exp(c + d × f i ) ou ln (Yi f i ) = q × B = c + d × f i . Pelo que se estima:
f MSY = − 1 d , MSY = −(1 d ) × exp(c − 1) e Y f MSY = exp(c − 1)
As equações de Schaefer e Fox foram ajustadas por regressão e seus
coeficientes de determinação testados em nível de α = 0,05, para verificação de
sua significância estatística, sendo parâmetros da regressão a e b (no modelo
linear), e c e d (no modelo exponencial).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das estimativas da produção total de pescado marinho e
estuarino do Pará para os anos de 1995 e 1996 são mostrados na Tabela 1. Estas
estimativas complementam a série histórica de dados que foi analisada, uma vez
que as estimativas anteriormente existentes foram feitas usando diferentes
metodologias.
No Estado do Pará, onde praticamente cada rancho na costa ou nas margens
dos rios e igarapés torna-se um ponto de desembarque do sistema de pesca
artesanal, é praticamente impossível obter-se a produção total pelo somatório dos
desembarques. O que se faz é estimar a captura por unidade de esforço e fazer o
controle do esforço de pesca para cada estrato da pescaria, ou seja, para cada
combinação de embarcação e arte de pesca, ou arte de pesca que opera
independentemente de embarcação. Para o sistema de pesca industrial, as
estimativas da produção coincidem com a totalização dos desembarques
controlados.
Paiva (1997) ao comentar as estatísticas de pesca do Brasil, destaca que já
se tornou corriqueira a menção à sua baixa qualidade, o que não impede que
sejam utilizadas, com as devidas precauções. Pondera, ainda, que a grande
dificuldade para se obter dados confiáveis se deve à coexistência de dois sistemas
de produção, o artesanal e o industrial, e ao fato de que o primeiro atua sobre um
elevado número de espécies, com pequenas quantidades capturadas de cada
uma, e ampla dispersão dos locais de desembarque.
A produção total de pescado desembarcada no Estado do Pará apresentou
tendência crescente no período de 1995 a 1998, com queda no ano de 1999, mas
recuperando-se nos anos seguintes, com máximo da produção total desembarcada
de 105.630,3 t, em 1998 (Tabela 1; Figura 1a). O bagre, a uritinga e a corvina
apresentaram tendência crescente de produção desembarca ao longo de todo
período analisado, mas as demais espécies tidas como mais importantes nos
desembarques (bandeirado, gurijuba, pescada-gó, serra e tubarão) apresentaram
a mesma tendência de redução na produção total anual, com variação no início da
tendência decrescente da série histórica (Tabela 1; Figura 1b).
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
Ano
Espécies Média
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Arraia 873,40 1087,58 1768,93 806,83 642,00 595,12 974,42 2335,00 1135,41
Atum 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,57 130,71 110,00 33,04
Bagre 1282,97 2768,91 3303,83 3698,06 2984,50 4585,22 5847,52 5731,00 3775,25
Bandeirado 2175,65 3301,50 4487,21 3055,72 3761,00 2687,85 5255,35 2945,50 3458,72
Bijupirá 302,41 472,60 751,70 2024,47 1542,00 1275,90 744,29 1054,50 1020,98
Bonito 357,46 493,07 875,63 2420,64 1398,50 1367,03 205,75 1010,50 1016,07
Camarão 8641,28 5426,19 4950,67 5333,38 4110,00 2335,81 3038,54 3897,50 4716,67
Cambéua 431,32 616,35 862,20 290,80 193,50 178,12 495,47 3318,50 798,28
Camurim 464,96 543,70 871,69 1441,65 1477,50 1825,24 1660,82 1392,00 1209,69
Cangatá 836,84 1137,95 1547,39 3618,95 522,00 234,73 809,56 786,50 1186,74
Canguira 161,27 156,32 186,46 933,85 731,00 561,25 319,19 528,50 447,23
Caranguejo 8152,00 4211,02 5909,35 4083,10 3563,42 3573,16 5213,62 5230,00 4991,96
Cavala 154,17 296,67 240,25 374,38 823,00 452,27 507,58 971,50 477,48
Cioba 144,30 237,88 277,76 257,43 439,00 373,78 1100,37 758,00 448,56
Corvina 1985,50 684,67 1021,43 1519,31 1845,50 3353,48 3962,79 4968,50 2417,65
Enchova 76,00 33,09 26,71 157,28 87,00 18,35 192,68 77,00 83,51
Espadarte 61,82 71,60 77,56 113,15 161,00 206,52 71,67 61,50 103,10
Garoupa 104,08 131,39 262,25 14,33 344,50 877,27 541,89 891,50 395,90
Guaiuba 71,59 106,79 141,09 195,97 279,00 187,83 255,11 203,50 180,11
Gurijuba 2342,00 6566,85 8941,11 9039,05 9939,00 12211,58 12274,24 7988,50 8662,79
Jurupiranga 27,26 41,00 33,29 217,07 84,00 20,27 91,29 82,00 74,52
Lagosta 2,00 2,00 70,68 726,01 247,00 289,05 1121,28 911,50 421,19
Meka 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 40,50 5,06
Mero 724,50 431,71 507,52 1791,81 622,00 1490,06 1175,00 1149,50 986,51
Mexilhão 485,20 0,04 0,08 0,00 0,00 0,00 0,88 57,00 67,90
Ostra 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,06 1,58 0,50 0,52
Pacamão 66,74 74,67 88,46 1307,45 86,00 5,09 37,90 104,50 221,35
Pargo 3535,15 4936,23 7125,84 5221,90 6430,50 4711,70 4925,74 5664,00 5318,88
Peixe-galo 12,26 55,00 6,55 3,12 21,00 9,55 42,59 16,00 20,76
Peixe-pedra 248,00 232,86 348,08 687,45 454,00 93,55 867,79 666,00 449,72
Pescada amarela 6140,26 7920,74 12227,49 16612,10 14254,00 22028,09 17180,75 21630,50 14749,24
Pescada cambuçu 505,00 216,52 108,10 104,46 439,00 292,84 134,17 382,50 272,82
Pescada gó 3694,54 4440,05 5300,69 5697,33 6731,50 3435,07 3451,57 3858,00 4576,10
Pirapema 508,33 645,62 1041,88 648,93 914,00 1607,39 947,77 823,00 892,12
Serra 2843,00 6634,99 9274,54 12254,99 10999,00 8393,98 6079,94 6857,50 7917,24
Siri 133,00 130,00 0,23 3,95 9,00 0,00 32,86 22,50 41,44
Tainha 1716,00 826,34 960,09 918,40 2933,00 652,90 1618,76 1130,00 1344,44
Timbira 422,81 555,84 855,15 1101,35 1010,00 1009,35 355,30 1095,50 800,66
Tubarão 2264,50 4398,92 6754,47 7372,93 6719,50 7570,38 5611,08 5284,50 5747,03
Uricica 67,33 69,80 66,66 550,86 75,00 218,40 242,35 312,50 200,36
Uritinga 1045,07 1900,41 2509,79 3319,32 3228,00 4095,42 4174,55 3690,00 2995,32
Xaréu 919,44 1140,76 1555,88 1116,15 786,00 1250,29 706,82 603,00 1009,79
Outros 2949,96 2391,57 5240,86 9596,33 4991,00 7420,19 6151,71 6065,00 5600,83
Total 56930,37 65389,19 90579,55 108630,26 95876,92 101518,72 98553,23 104705,50 90272,97
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
Figura 1 - Produção de pescado: (a) total desembarcado e (b) das espécies com
maior volume desembarcado. Valores estimados para o Estado do Pará, no período
de 1995 a 2002.
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Tabela 6 – CPUE (kg/curral-dia) das principais espécies e para o total das espécies
de pescado marítimo e estuarino capturadas por currais-de-pesca no Estado do
Pará, no período de 1995 a 2002
Ano
Espécies
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Bagre 2,15 2,28 1,99 1,59 1,48 0,58 1,17 0,97
Bandeirado 1,37 1,14 1,39 1,04 0,65 0,51 0,7 0,74
Corvina 0,62 0,65 0,6 0,54 0,48 0,4 0,42 0,4
Peixe-pedra 0,55 0,42 0,45 0,35 0,31 0,15 0,31 0,35
Pescada gó 8,28 8,02 7,33 5,2 4,9 2,56 3,96 3,71
Total das espécies 14,62 14,88 17,8 21,25 15,07 11,85 9,01 9,9
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
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A PESCA DE CURRAL NO ESTADO DO PARÁ
espécies estudadas, sendo que os anos com as maiores diferenças foram: para
a pescada-gó (1997 e 1999, 1997 e 2000, 1997 e 2002), corvina (1997 e 2001,
1996 e 2001, 1997 e 2002), peixe-pedra (1998 e 2001, 1998 e 2002, 1999 e 2001),
bandeirado (1997 e 1999, 1997 e 2000, 1997 e 2002) e bagre (1995 e 2001, 1995
e 1998, 1996 e 2001).
Tabela 8 – Teste do comparador de Dunn (D) das diferenças (∆) dos postos médios
de CPUE anuais para pescada-gó, corvina, peixe-pedra, bandeirado e bagre, no
período de 1995 a 2002.
Pontos Pescada gó Corvina Peixe-pedra Bandeirado Bagre
médios de ∆ D (p) ∆ D (p) ∆ D (p) ∆ D (p) ∆ D (p)
1995 e 1996 11,8 0,218 ns 49,47 0,914 ns 112,76 2,083 ns 55,27 1,021 ns 73,28 1,354 ns
1995 e 1997 24,43 0,479 ns 48,17 0,945 ns 109,34 2,145 ns 174,29 3,419 * 205,22 4,025 *
1995 e 1998 131,93 2,166 ns 11,5 0,189 ns 180,53 2,964 ns 123,09 2,021 ns 270,97 4,449 *
1995 e 1999 372,24 6,844 * 21,17 0,389 ns 79,27 1,458 ns 202,3 3,719 * 128,23 2,358 ns
1995 e 2000 354,35 6,469 * 168,02 3,068 ns 20,32 0,371 ns 60,25 1,1 ns 75,91 1,386 ns
1995 e 2001 199,14 3,54 * 308,33 5,48 * 216,24 3,843 * 54,08 0,961 ns 250,85 4,459 *
1995 e 2002 284,47 5,344 * 201,81 3,791 * 150,8 2,833 ns 37,02 0,696 ns 147,07 2,763 ns
1996 e 1997 36,23 1,066 ns 1,31 0,038 ns 3,42 0,101 ns 119,02 3,503 * 131,94 3,883 *
1996 e 1998 120,12 2,524 ns 37,97 0,798 ns 293,29 6,162 * 178,36 3,747 * 197,69 4,154 *
1996 e 1999 360,43 9,264 * 70,64 1,816 ns 192,04 4,936 * 257,58 6,62 * 54,95 1,412 ns
1996 e 2000 342,55 8,686 * 217,49 5,515 * 92,44 2,344 ns 115,52 2,929 ns 2,63 0,067 ns
1996 e 2001 187,34 4,516 * 357,8 8,626 * 103,47 2,495 ns 1,19 0,029 ns 177,57 4,281 *
1996 e 2002 272,67 7,315 * 251,29 6,742 * 38,04 1,02 ns 92,3 2,476 ns 73,79 1,98 ns
1997 e 1998 156,35 3,555 * 36,67 0,834 ns 289,87 6,59 * 297,38 6,761 * 65,75 1,495 ns
1997 e 1999 396,66 11,532 * 69,34 2,016 ns 188,61 5,484 * 376,59 10,949 * 76,99 2,238 ns
1997 e 2000 378,78 10,823 * 216,19 6,177 * 89,02 2,544 ns 234,54 6,702 * 129,31 3,695 *
1997 e 2001 223,57 5,997 * 356,5 9,562 * 106,9 2,867 ns 120,21 3,224 * 45,63 1,224 ns
1997 e 2002 308,9 9,493 * 249,98 7,683 * 41,46 1,274 ns 211,31 6,494 * 58,15 1,787 ns
1998 e 1999 240,31 5,017 * 32,67 0,682 ns 101,26 2,114 ns 79,22 1,654 ns 142,74 2,98 ns
1998 e 2000 222,42 4,602 * 179,52 3,715 * 200,85 4,156 * 62,84 1,3 ns 195,06 4,036 *
1998 e 2001 67,21 1,344 ns 319,83 6,396 * 396,77 7,934 * 177,17 3,543 * 20,12 0,402 ns
1998 e 2002 152,55 3,275 * 213,31 4,58 * 331,33 7,113 * 86,06 1,848 ns 123,9 2,66 ns
1999 e 2000 17,89 0,449 ns 146,85 3,69 * 99,6 2,503 ns 142,06 3,569 * 52,32 1,315 ns
1999 e 2001 173,09 4,139 * 287,16 6,866 * 295,51 7,066 * 256,38 6,13 * 122,61 2,932 ns
1999 e 2002 87,76 2,331 ns 180,65 4,797 * 230,07 6,11 * 165,28 4,389 * 18,84 0,5 ns
2000 e 2001 155,21 3,668 * 140,31 3,316 * 195,91 4,63 * 114,33 2,702 ns 174,93 4,134 *
2000 e 2002 69,88 1,829 ns 33,8 0,885 ns 130,48 3,415 * 23,22 0,608 ns 71,16 1,863 ns
2001 e 2002 85,33 2,117 ns 106,51 2,642 ns 65,44 1,623 ns 91,1 2,26 ns 103,78 2,575 ns
D crítico = 3,125
* = diferenças estatisticamente significativas em nível de erro de 0,05
ns = diferenças estatisticamente não significativas em nível de erro de 0,05
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Figura 8 - Ajuste das retas de regressão para a corvina: (a) reta de regressão
entre a CPUE – Y/f e esforço de pesca – f e (b) ajuste do modelo de produção de
Schaefer.
Figura 9 - Ajuste das retas de regressão para o peixe-pedra: (a) reta de regressão
entre a CPUE – Y/f e esforço de pesca – f e (b) ajuste do modelo de produção de
Schaefer.
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Figura 10 - Ajuste das retas de regressão para o bagre: (a) reta de regressão entre
a CPUE – Y/f e esforço de pesca – f e (b) ajuste do modelo de produção de
Schaefer.
Figura 11 - Ajuste das retas de regressão para a pescada-gó: (a) reta de regressão
entre a CPUE – Y/f e esforço de pesca – f e (b) ajuste do modelo de produção de
Schaefer.
CONCLUSÕES
1. A produção total estimada de pescado marítimo e estuarino do Estado do
Pará para os anos de 1995 a 2002 mostraram uma tendência crescente, sendo o
ano de maior captura 1998 e no período de 1999 a 2002 apresentou uma pequena
redução mantendo-se em torno de 100.000 t;
2. A produção estimada do curral-de-pesca mostrou uma tendência crescente
até 1998, e decrescente a partir de 1999 com uma pequena recuperação em
2002.
3. As cinco principais espécies capturadas pelos currais-de-pesca foram:
pescada-gó (Macrodon ancylodon), bagre (Arius herzbergii), bandeirado (Bagre
bagre), corvina (Micropogonias furnieri) e peixe-pedra (Genyatremus luteus).
4. Das cinco principais espécies estudadas, a pescada-gó apresentou a
maior participação relativa, com 38 % da produção total estimada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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