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XLV CONGRESSO DA SOBER

"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

PANORAMA DA CADEIA DE ESTRUTIOCULTURA NO BRASIL

CINTHIA ARAUJO BARBOSA; ESTEVAN HENRIQUE RISSO CAMPELO;


MARCELO CASTRO PEREIRA; IDO LUIZ MICHELS.

UFMS, CAMPO GRANDE, MS, BRASIL.

cinthiabarbosa@gmail.com

POSTER

SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS

Panorama da Cadeia de Estrutiocultura no Brasil

Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais

Resumo
Considerando o crescimento da criação de avestruzes no Brasil, o presente trabalho tem
por objetivo discutir a cadeia produtiva da estrutiocultura, procurando apresentar um
panorama geral da atividade no Brasil. A questão que se estabelece é se a estrutiocultura
teria realmente condições de se estabelecer no campo do agronegócio brasileiro como mais
uma opção de pecuária rentável. A pesquisa foi desenvolvida a partir do levantamento de
dados primários e secundários. Devido à estrutiocultura ser uma atividade insipiente no
Brasil, e não haver dados em órgãos oficiais do governo os dados secundários foram
adquiridos nas instituições que visam à organização da estrutiocultura no país e na
literatura especializada. Em termos de resultados merece destaque a importância
institucional, no estabelecimento de regras mais claras, a organização para minimizar os
custos de produção, qualificação profissional, e as cooperativas como uma saída para
organizar e fortalecer os pequenos e médios criadores.
Palavras-chave: Plumas, Cadeia Produtiva, Avestruz, Produtos.

Abstract
Considering the growth of ostrich’s farmers in Brazil, this study aims to discuss the chain
productive of the ostrich culture. It presents an overview of the activity in Brazil. The
question is that the ostrich culture would have conditions to establish in the field of the
Brazil agribusiness as an income-producing cattle option. The research was developed
from the secondary and primary data-collecting. The fact that ostrich culture is an incipient
activity in Brazil, and because there was not any data available in the official agencies of
the government, the secondary data was acquired in the institutions that work on the
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organization of the ostrich culture in the country and specialized literature. In terms of
results it deserves prominence the importance of the institution to establish clear rules, the
organization to minimize the production costs, professional qualification, and the
cooperatives of farmer as a good option to organize and fortify small and the average
farmers.
Key Words: Pens, Chain Production, Ostrich, Products.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é reconhecido como um dos países com maior potencial para o


crescimento de atividades ligadas à produção de proteínas de origem animal e vegetal, fato
este atribuído às características territoriais e climáticas, juntamente com os esforços no
desenvolvimento de inovações tecnológicas e na diversificação da produção. Espaços estão
sendo abertos no Brasil, dentre as cadeias produtivas já consolidadas, para uma nova
opção: a estrutiocultura, nome dado à criação comercial de avestruz, que se iniciou no
Brasil em meados de 1995. Desde então, muita especulação vêm sendo vinculadas á sua
criação, e a expectativa de rentabilidade exagerada, gerou frustrações a alguns criadores
que esperavam um retorno imediato. A criação de avestruz requer cuidados extremos, e
uso de tecnologia desde a postura do ovo até a finalização da ave para o abate.
A cadeia produtiva da estrutiocultura não está totalmente consolidada, e ainda
necessita ser organizada, a carne ocupa nichos de mercado valorizados. E o preço é um
fator limitante de um maior consumo de carnes de avestruz. Entretanto, a sua
potencialidade é grande, e os números que envolvem a criação de avestruz sempre chamam
a atenção: a alta capacidade reprodutiva, em relação aos bovinos, e a idade para o abate,
que é atingida em aproximadamente 12 meses. Entre as condições favoráveis à criação do
avestruz no Brasil, podem-se ressaltar os controles de sanidade animal, a abundância de
grãos (o que resulta em ração de baixo custo), condições climáticas adequadas, mão-de-
obra abundante e tradição de criatório e competitividade nas exportações.
Segundo a Associação dos criadores de avestruzes do Brasil (ACAB), o país conta
no ano de 2005, com um plantel de 335.425 mil animais distribuídos por todo o território
nacional, e já é o segundo maior criador mundial ficando atrás apenas da África do Sul. Os
atrativos da criação de avestruz estão na qualidade nutricional da carne, na valorização do
couro, e nas plumas, das quais o Brasil é o maior importador, por conta do carnaval.
Desta forma, o trabalho tem por objetivo analisar a cadeia produtiva da
estrutiocultura no âmbito nacional, voltado para os aspectos econômicos, produtivos e
legais, identificando os problemas existentes na cadeia.

2 METODOLOGIA

A estrutiocultura é uma atividade insipiente no Brasil, portanto, não há dados em


órgãos oficiais do governo. O presente trabalho foi baseado em dados secundários e
primários. Os dados secundários foram adquiridos nas instituições que visam à organização
do setor e na literatura especializada. Os dados primários são resultantes de entrevistas
realizadas com criadores de avestruzes do Estado de Mato Grosso do Sul. Utilizou-se como
referência conceitual, as noções sobre sistemas agroindustriais, commodity system
approach, agribusiness e a conceituação de cadeias de produção ou filiére.

3 BASES CONCEITUAIS
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O estudo da cadeia produtiva do avestruz destaca a importância da organização do


setor para aumentar a competitividade dos seus elementos, focando seus problemas e
criando soluções para melhoria dos resultados empresariais e, desta forma, tornar o
agronegócio do avestruz mais lucrativo, produzindo carne, couro, plumas e demais
produtos derivados com baixo custo e, assim, popularizar os produtos e ter um ganho em
escala de produção como acontece na maioria das atividades pecuárias.
O presente capítulo aborda os aspectos teóricos que darão suporte à argumentação
do estudo pretendido, focando noções sobre sistemas agroindustriais, commodity system
approach, agribusiness e a conceituação de cadeias de produção ou filiére.

3.1 Sistemas agroindustriais (SAI)


Segundo Batalha (2001), um Sistema Agroindustrial pode ser considerado como o
conjunto de atividades que concorrem para a produção de produtos agroindustriais, desde a
produção de insumos até a chegada do produto final ao consumidor. Ele não está
associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto final específico.
A respeito do estudo dos problemas afetos ao sistema agroindustrial, há dois
principais conjuntos de idéias. A primeira originada na Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos, através dos trabalhos de Davis e Goldberg. Coube a esses dois
pesquisadores a criação do conceito de agribusiness e, através de um trabalho posterior de
Goldberg, a primeira utilização da noção commodity system approach (CSA) (BATALHA,
2001).
Outro conjunto de idéias foi desenvolvido na década de 60 no âmbito da escola
industrial francesa: a noção de analyse filiére. A palavra Filiére será traduzida para o
português pela expressão Cadeia de Produção e, no caso do setor agroindustrial, Cadeia de
Produção Agroindustrial ou Cadeia Agroalimentar (CPA) (BATALHA, 2001).

3.2 Conceito de Commodity System Approach (CSA) e Agribusiness


Segundo BATALHA (2001), o termo agribusiness aparece pela primeira vez,
publicado em 1957 na Universidade de Harvard, quando os pesquisadores John Davis e
Ray Goldberg realizaram um estudo baseado na matriz insumo-produto e conceituaram
como sendo “a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas,
das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”.
Os autores consideravam as atividades agrícolas como parte de uma extensa rede de
agentes econômicos que iam desde a produção de insumos, transformação industrial até a
armazenagem e distribuição de produtos agrícolas e derivados (BATALHA, 2001).
A produção de alimentos, após a Segunda Guerra Mundial, passou a ser fortemente
dependente de insumos industrializados adquirido no mercado, ao invés de produzidos no
local. Adicionalmente, as atividades de armazenagem, processamento e distribuição
passaram a ser muito complexas para serem conduzidas integralmente pelo produtor rural
(ZYLBERSTAJN, 2000).
A base teórica do Commodity System Approach (CSA) é derivada da teoria
neoclássica da produção em especial do conceito matriz insumo-produto de Leontieff. Este
enfoque introduziu a questão de dependência intersetorial expressando a preocupação com
a mensuração da intensidade das ligações intersetoriais. A metodologia utilizada nos
estudos de GOLDBERG serviu para uma visão analítica do agribusiness norte-americano e
por incorporar aspectos dinâmicos em sua teoria, considerando mudanças que ocorrem no
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sistema ao longo do tempo. Este aspecto dinâmico é ressaltado pela importância assumida
pela tecnologia como agente indutor destas mudanças (ZYLBERSTAJN, 2000).
Os estudos desenvolvidos sob a ótica do CSA focalizam a seqüência de
transformações por que passam os produtos, modificando o escopo dos produtos quando
comparados aos estudos focalizados em setores da economia. Apesar de seguir uma lógica
de encadeamento de atividades semelhantes à utilizada por Goldberg, a analyse de filiéres
diferencia-se, pelo objetivo do estudo pretendido, no que tange, sobretudo, ao ponto de
partida da análise (ZYLBERSTAJN, 2000).
Durante a aplicação do conceito de CSA, Goldberg abandona o referencial teórico
da matriz insumo-produto para aplicar conceitos oriundos da economia industrial. Assim, o
paradigma clássico da economia industrial – Estrutura, Conduta e Desempenho – passam a
fornecer os principais critérios de análise (BATALHA, 2001).

3.3 Cadeias de Produção (ou filiéres)


O conceito de filiére é um resultado da escola de economia industrial francesa que
se aplica à seqüência de atividades que transformam uma commodity em um produto
pronto para o consumo final (ZYLBERSTAJN, 2000).
Conforme Batalha (2001) citando morvan (1988), entende-se por cadeia de
produção, como... “uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de
ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico”. E pode também ser
conceituada como “um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem,
entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante,
entre fornecedores e clientes”. E finalmente, como “um conjunto de ações econômicas
que presidem a valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das
operações”.
Uma cadeia de produção é determinada a partir da identificação de um específico
produto final. Após esta identificação, cabe ir encadeando, de jusante a montante, as várias
operações técnicas, comerciais e logísticas, necessários a sua produção (BATALHA,
2001).
Segundo Batalha (2001), uma cadeia de produção agroindustrial pode ser
segmentada, de jusante a montante em três macrossegmentos. Esta divisão pode variar
muito segundo o tipo de produto e segundo o objetivo da análise. Os três macrossegmentos
propostos são:
 Comercialização: representa as empresas que estão em contato com o cliente
final da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos
finais. Podem ser incluídas as empresas responsáveis pela logística de distribuição.
 Industrialização: reúne as firmas responsáveis pela transformação das matérias-
primas em produtos finais destinados ao consumidor. Pode ser uma unidade
familiar ou outra agroindústria.
 Produção de matérias-primas: representa as firmas que fornecem as matérias-
primas iniciais para que outras empresas avancem o processo de produção do
produto final.
Produção de
Insumos
Fatores
Sociais

Fatores
Legais

Mercado

Produção de
Institucion

Coordenaç
Mecanism
Fatores

matéria-prima 4
os de
ais

Fluxo Físico

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de Informação

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o Financeiro

Mercado
lógic

Agro - indústria
s de

tura
res

a-
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Figura 1 – Fluxograma da Cadeia Produtiva


Fonte: BATALHA e SILVA (1999).

A lógica de encadeamento das operações, como forma de definir a estrutura de uma


Cadeia de Produção Agroalimentar (CPA), implicitamente assume que as condicionantes
impostas pelo consumidor final são os principais indutores de mudanças no status quo do
sistema. Estas mudanças somente são sustentáveis quando reconhecidas pelo consumidor
como portadoras de alguma diferenciação em relação à situação de equilíbrio anterior
(BATALHA, 2001).
Como pode ser observado na Figura 1, dentro de uma Cadeia de Produção
Agroalimentar (CPA), podemos visualizar no mínimo quatro mercados com diferentes
características: mercado entre os produtores de insumos e os produtores rurais, mercado
entre produtores rurais e agroindústrias, mercado entre agroindústria e distribuidores e,
mercado entre distribuidores e os consumidores finais (BATALHA, 2001).
A cadeia de produção, economicamente, é tida como uma seqüência obrigatória de
operações encadeadas umas às outras linearmente, sendo que, cada operação é responsável
pela produção de um bem que será utilizado pela operação seguinte. A cadeia é vista como
um encadeamento de atividades, de montante à jusante, que conduzem à produção de um
bem ao consumidor final, situado no extremo final do processo produtivo.

4 A ESTRUTIOCULTURA

O avestruz é uma ave do grupo das ratitas (aves que não voam), onívora, com nome
científico Struthio Camelus, é originária das savanas africanas, vivendo em zonas
semidesérticas. Medem de 2,0 m a 2,7 m de altura, pesam de 100 kg a 160 kg, chegam a
viver até aos 70 anos e possuem uma vida reprodutiva de 20 a 30 anos. As fêmeas depõem
de 40 a 60 ovos por ano.
O avestruz destaca-se por sua rusticidade e praticidade, não exigindo muito espaço
para a sua criação. Os plantéis significativos estão distribuídos pela África do Sul, Brasil,
Estados Unidos, Austrália, entre outros países. Sendo os principais atrativos desta ave a
alta lucratividade, resultado da alta valorização dos seus produtos, como a carne, couro e as
plumas.

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4.1 Classificação Zoológica


O avestruz pode ser incluído no grupo das ratitas, aves corredoras de grande porte
(como a Ema, o Emu e o Casuar). O termo "ratitas" vem do latim, significando "jangada".
O esterno dessas aves é plano, desprovido de carena, ao contrário das aves voadoras. A
carena, nas aves voadoras, é sede de inserção dos músculos peitorais. O avestruz, não é
uma ave voadora, logo, não tem peitorais desenvolvidos como uma galinha. Deste fato
decorre uma importante peculiaridade produtiva do avestruz: a maior quantidade de carne
produzida não estará no peito, mas, nas coxas, já que se trata de animal corredor (SOUZA,
2004).
Segundo MUNIZ (2001) a avestruz pertence à ordem Strothioniforme, Família
Struthionidae, Gênero Struthio com uma única espécie a Struthio camelus.
De acordo com SOUZA (2004), são divididos em seis subespécies, da qual são
comercialmente divididos em três grupos (Redneck, Blueneck e Blackneck) baseados na
coloração da pele dos adultos.
 Struthio camelus massaicus (Redneck) – encontrada no Quênia e Tanzânia;
 Struthio camelus camelus (Redneck) – encontrada no Norte da África;
 Struthio camelus molybdophanes (Blueneck) – encontrada na Somália, Quênia
e Etiópia;
 Struthio camelus syriacus (Blueneck) – extinta na década de 40, era encontrada
nos desertos das antigas Palestina e Pérsia;
 Struthio camelus australis (Blueneck) – originária da África do Sul, Zimbábue
e Namíbia;
 Struthio camelus var. Domesticus (African Black) – também conhecida como
Blackneck, é um animal domesticado, oriundo do cruzamento entre as
subespécies syriacus, camelus e australis, feita pelos sul-africanos. Os animais
foram selecionados com base em certas características produtivas como maior
fertilidade e precocidade, docilidade e alta densidade de plumas.
Podemos verificar na tabela 1, as principais características encontradas nas três
raças de avestruzes.

Tabela 1 - Características das três raças de avestruzes


Raça African Black Redneck e Blueneck
Peso vivo (100 kg) 12-14 meses 9-10
Plumas ornamentais melhores piores
Início da reprodução 2-3 anos 3-4 anos
Produção de ovos 40-80 ovos 20-50 ovos
Vitalidade da prole Menor Maior
Comportamento Mais dóceis Mais Agressivos
Fonte: Carrer et al. (2004).

4.2 Produtores mundiais


A criação comercial de avestruz tem por volta de 120 anos, porém a indústria é
muito nova: o primeiro abate em escala comercial foi em 1964, e o primeiro curtume
especializado para o couro de avestruz surgiu apenas em 1970. Ou seja, ainda há muito
para desenvolver. Os rebanhos de maior representação na estrutiocultura situam-se na
África do Sul, Brasil, Estados Unidos, Austrália, Israel e alguns países da Europa como
Espanha, Itália e França.
De acordo com VILELA (2005), os especialistas dividem os países produtores em
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quatro grupos distintos, de acordo com o estágio de desenvolvimento de mercado em que


eles se encontram:
 Grupo 1: Países estabelecidos há muito tempo na criação comercial da ave,
como a África do Sul, a pioneira na atividade comercial de avestruzes.
Namíbia, Zimbábue e Israel são países que intensificaram o negócio devido ao
aumento de interesse pela ave no final da década de 80 e início dos anos 90,
momento de altos preços do couro no mercado internacional.
 Grupo 2: Novos pioneiros, como Estados Unidos, Canadá, países do Norte da
Europa e Austrália.
 Grupo 3: Países com processamento recente, como Espanha, Portugal e Itália.
 Grupo 4: Chamado de estágio de reprodutores ou inicial, onde o comércio
baseia-se na venda de animais vivos, sem haver uma cadeia processadora
estruturada no país, como é o caso dos países sul-americanos, dentre eles o
Brasil, asiáticos, do norte da África e do Oriente Médio.
Segundo Cloete et al (2002), citado por Carrer et al (2004), a África do Sul possui
cerca de 70% do mercado mundial e abate cerca de 300.000 aves por ano, com exportações
anuais de cerca de 7.000 toneladas de carne, de 150 toneladas de plumas, 200 mil peles e
50 mil ovos vazios decorados. Segundo o mesmo autor, a participação econômica dos
produtos do avestruz na geração de lucros no setor deste agronegócio, seria resumida com
cerca de 45% para a carne; 45% com o couro e 10% com as plumas.
As condições sanitárias são as grandes ameaças para a produção deste país, a partir
do momento que existirem concorrentes melhor estruturados no mercado de carne e couro
(CARRER, et al, 2004).
Nos Estados Unidos, a criação comercial de avestruzes se iniciou por volta de 1980.
O mercado americano, extremamente especulativo, padeceu por grande período de falta de
interesse de consumo da carne pelo alto custo e pelo incompatível hábito de sua população
em consumir preferencialmente fast food. A fase especulativa decresceu nos últimos anos e
lentamente a carne de avestruz passa a fazer parte do cardápio da população (CARRER, et
al, 2004).
Na Europa, a cadeia do avestruz que existe atualmente é rudimentar. Os produtores
que resistiram ao impulso do negócio e a relativa ignorância sobre a atividade puderam
lucrar com o mercado de reprodutores e tiveram tempo de aprender sobre abate,
processamento e marketing de seus próprios produtos. Desenvolveram canais com
compradores locais, como hotéis e restaurantes, assim como clientes individuais que
compram a carne na fazenda. Técnicos europeus indicam que existem obstáculos ao
desenvolvimento da atividade e a segurança do negócio na União Européia: a falta de
pesquisa na produção de avestruz sob condições européias, medidas ambientais restritivas,
e a falta de infra-estrutura regulatória para a atividade e orientação aos produtores, o que
asseguraria a eles mercado consistente quando tivessem animais prontos para o abate
(VILELA 2005).
Devido à estrutiocultura ser uma atividade relativamente jovem, não há dados
oficiais sobre produção e abate mundial e no Brasil. Os dados a seguir foram adquiridos da
Associação de Criadores de Avestruzes do Brasil (ACAB).

Tabela 2 - Rebanho mundial de avestruzes no ano de 2005 (em mil unidades)


País Quantidade em mil unidades
África do Sul 600,0
Brasil 335,4
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União Européia 300,0


Estados Unidos 200,0
Namíbia, Botsuana e 200,0
Zimbábue.
Israel 150,0
Austrália 150,0
China 150,0
Fonte: ACAB (2005).

Pode-se observar na tabela 2, que o plantel brasileiro está em torno de 335 mil
avestruzes, ficando abaixo apenas da líder mundial, África do Sul. Entretanto, o país ainda
não exporta a carne de avestruz (tabela 3).

Tabela 3 - Produção exportada em toneladas/ano (2005)


País Toneladas/ano
África do Sul 7.500
Austrália 4.500
Zimbábue 840
Namíbia 650
Israel 600
Total 14.090
Fonte: ACAB (2005).

Um dos obstáculos à exportação, é a falta de frigoríficos autorizados a abater e


exportar a carne de avestruz no Brasil. Mundialmente, existem 25 frigoríficos habilitados,
como pode ser observado a seguir (tabela 4).

Tabela 4 - Número de abatedouros exportadores no mundo (2005)


Local Número de Abatedouros
Europa 2
Austráli 4
a
Estados 3
Unidos
Israel 2
Namíbi 1
a
Zimbáb 2
ue
África 11
do Sul
TOTAL 25
Fonte: Vilela (2005).

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4.3 Consumidores mundiais


A demanda mundial da carne de avestruz ainda cresce de forma desorganizada. Há
momentos de crescimento acentuado e outros apenas razoáveis. Isto ocorre porque para
crescer, a demanda depende dos fornecedores mundiais, que não conseguem garantir uma
oferta constante. A África do Sul continua a concentrar a maior fatia desta oferta, tanto
para carne como para couro. O restante se divide em países como Israel, Espanha,
Austrália e Estados Unidos (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2004).
Segundo dados da ACAB (2005), a demanda mundial dos produtos de avestruzes
necessita de um abate anual de 560.000 aves, que geram entre 15.000 e 17.000 toneladas
de carne, 560 mil couros e 650 toneladas de plumas. O agronegócio do avestruz
movimenta, só em produtos carne, couro e plumas, ao redor de um bilhão de reais por ano.
O mercado consumidor para a carne de avestruz inclui o continente europeu, se
distribuindo entre Suíça, Bélgica, Alemanha, França, Holanda e Portugal, e em menor
proporção para o Oriente, com destaque para o Japão, Malásia e Hong Kong (CARRER,
2004).
A Alemanha é o maior importador de carne de avestruz do mundo e responde por
boa parte das exportações de Israel e África do Sul. A Europa, no entanto, não aparenta
interesse no desenvolvimento da produção interna a ponto de buscar auto-suficiência
(CARRER, et al, 2004).
O couro curtido de avestruz é bem aceito nos países asiáticos: Japão, Hong Kong,
Korea e Singapura, e em menor extensão nos Estados Unidos, México e Europa. As
plumas constituem-se em um produto destacado no Brasil. O maior produtor é a África do
Sul, sendo que o mercado consumidor está na Europa, Ásia e Américas Kong. (CARRER,
2004).

4.4 A configuração da Cadeia Produtiva da estrutiocultura


A cadeia produtiva do avestruz inicia-se com o importador de ovos, filhotes e
reprodutores que os insere como insumo à atividade diretamente no centro de reprodução.
Os avestruzes iniciam a postura aos 24 meses, alguns aos 18 meses, de idade e possuem
uma vida reprodutiva de 20 a 30 anos. Avestruzes reprodutores devem ter uma área livre
de 400 a 500 metros quadrados por animal. A média de postura é de 40 a 60 ovos por ano,
mas, algumas fêmeas chegam a botar 100 ovos por temporada reprodutiva, que é de
setembro a março, colocando um ovo a cada 2 dias e após colocar 8 a 10 ovos, faz se uma
parada e recomeça novamente (RODRIGUES, 2000).
A incubação de ovos de avestruz requer cuidados específicos em todas as etapas do
processo: coleta, limpeza e desinfecção, armazenagem, incubação, eclosão e nascimento.
Os fatores ambientais dentro do incubatório, tais como temperatura, umidade, ventilação e
viragem dos ovos devem ser controlados.
Os ovos devem ser coletados o mais rápido possível para evitar contaminação,
identificados, desinfetados e posteriormente é feita a seleção dos ovos através da
ovoscopia, onde são removidos os ovos que apresentarem problemas. Segue-se, então, para
a sala de armazenagem onde os ovos podem ficar de dois a nove dias, armazenados em
ambiente fresco, com temperatura entre 14 e 20 graus Celsius (SOUZA, 2004).
Posteriormente os ovos são colocados nas incubadoras, de preferência uma vez por
semana, onde devem ser incubados verticalmente sofrendo inclinações periódicas e
mantendo-se a uma temperatura entre 36 e 37 graus Celsius. A incubação dura de 41 a 42
dias e a eclosão se dá após o período de 2 a 3 dias, no fim do processo de incubação.
Podemos destacar como vantagens da incubação artificial, o fato de que a fêmea não
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necessita interromper a postura dos ovos para chocá-los e cuidar dos filhotes, além de
permitir uma maior taxa de eclosão (RODRIGUES, 2000).
Após o nascimento o pintainho permanece por 3 horas na chocadeira, passando
para o berçário climatizado a 36 graus, reduzindo a temperatura em grau dia até atingir a
temperatura ambiente. A partir do terceiro mês eles devem ser transferidos para o piquete
de recria, onde permanecem até completarem 12 a 14 meses (SOUZA, 2004).
Os piquetes devem ser longos e estreitos, por que os avestruzes precisam correr
para desenvolverem massa muscular. Machos e fêmeas podem ficar juntos em áreas de 200
m² por cabeça até 6 meses de idade. Entre 6 a 18 meses devem passar para 600 m² e acima
de 18 meses devem passar para 1000 m² (RODRIGUES, 2000). Segundo Carrer1,
podemos dividir a criação em duas fases. A primeira fase é caracterizada pela
comercialização de reprodutores, em que o valor agregado do animal é elevado,
inviabilizando o seu abate. Esta fase pode durar cerca de 10 anos. A segunda fase é
caracterizada pela comercialização dos animais para o consumo. Neste momento, o
número de cabeças disponíveis é elevado, o que reduz o seu valor de mercado como
reprodutores, viabilizando a sua exploração no abate (REVISTA SAFRA, 2004).
O agronegócio da Estrutiocultura é dividido, portanto, em dois segmentos: O da
Empresa Rural (figura 2) e o da Indústria (figura 3).

FAZENDA
18 MESES C
24 MESES O
REPRODUÇÃO
30 MESES M
36 MESES E
SELEÇÃO R
INCUBAÇÃO PINTINHOS DE 1 DIA C
I
3 MESES A
CRIA E RECRIA 6 MESES L
12 MESES I
Z
A
ENGORDA ABATEDOURO Ç
Ã
INDÚSTRIA

Figura 2 - Fluxograma da cadeia produtiva da Empresa Rural


Fonte: Souza (2004).

O transporte do avestruz ao abatedouro, é importante para assegurar produtos de


melhor qualidade e garantir viabilidade econômica. Os animais devem ser encapuzados
quando conduzidos e os veículos devem possuir baias individuais, com a finalidade de
evitar o stress do animal. O abate requer cuidados especiais, logo são necessárias
adaptações aos abatedouros bovinos, ou então, construir um abatedouro específico para
abate de avestruz. Atendendo as normas internacionais de abate humanitário, o avestruz
deve ser sacrificado sob condições mínimas de sofrimento. O abate é realizado por
eletronarcose, utilizando pinças elétricas, durante alguns segundos, em seguida o animal é
suspenso pelas pernas, sendo submetido à sangria por drenagem (MUNIZ, 2001).
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Celso da Costa Carrer é Zootecnista e ex-presidente da ACAB.
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As plumas devem ser retiradas cuidadosamente para não danificar a pele do animal.
O desplume é feito manualmente, sendo uma das etapas mais demoradas do processamento
industrial. A esfola pode ser realizada de forma manual ou mecânica. O rendimento da
carcaça do avestruz é em torno de 30-35%, a desossa é realizada com uma serra mecânica,
e, após a evisceração é fundamental a limpeza da carcaça com água quente para evitar
qualquer tipo de contaminação. A toillete,2 requer aspectos biossanitários rígidos, uma vez
que carne de avestruz possui a característica de elevar rapidamente o pH pós morte. Com a
finalidade de se conseguir uma carne de alta qualidade nutritiva se efetua uma refrigeração
prévia da carcaça. Após o destelamento, os cortes são embalados em sacos plásticos, com o
cuidado de antes retirar todo o ar, os sacos com os cortes são colocados em uma
evacuadora que efetua a retirada dos gases, mantendo-os sob vácuo. Em seguida os sacos
são etiquetados e submetidos a um congelamento, posteriormente se armazena em câmara
frigorífica (MUNIZ, 2001).

INDÚSTRIA

CARNE ALIMENTO MERCADOS


RESTAURANTES
C
A SAPATOS O
B COURO CURTUME BOLSAS N
A VESTUÁRIO S
MALAS
T U
CARTEIRAS
E M
D I
O PLUMAS ESPANADORES D
U PLUMAS O
R CARNAVALESCAS R
O
TURISMO* F
I
OUTROS OVOS FÉRTEIS N
OVOS ARTESANAIS A
CÍLIOS – PINCEIS L
CHAVEIROS
ENTRE OUTROS
PRODUTOS

Figura 3 - Fluxograma da cadeia produtiva das indústrias


Fonte: Souza (2004)

Pode-se observar que o elo entre o ciclo de formação de plantel, no segmento da


empresa rural, e o ciclo comercial/ industrial será a indústria de carne. Será apenas através
do abate, que se obterão as matérias-primas utilizadas nas indústrias de couro e plumas e
no comércio de carne.

4.5 Principais produtos e subprodutos


O avestruz é um animal que possui um alto grau de aproveitamento, como se pode

2
Procedimento de separação e corte de músculos.
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verificar a seguir.

4.5.1 Plumas
As plumas de avestruz são usadas para a confecção de adorno para fantasias (as
mais longas e bonitas), as pequenas e estreitas utilizadas em espanadores domésticos e para
as indústrias eletrônicas e de computadores. As plumas impedem o acúmulo de eletricidade
antiestática, portanto, os espanadores feitos de plumas de avestruz deixam as superfícies
limpas por mais tempo (SOUZA, 2004).
Segundo a equipe de Estrutiocultura/FZEA-USP , as melhores plumas são obtidas
dos animais em idade de 3 a 12 anos, e, por não conterem óleo, evitam o acúmulo de
poeira. Uma ave adulta pode fornecer 1,3 a 1,5 kg de plumas, e seu valor varia de acordo
com a idade do animal, localização da pena no corpo do animal e cor, pois as penas
brancas longas e largas dos machos têm valor superior às demais. O animal deve ser
submetido a um manejo e alimentação adequados desde o nascimento até o período da
deplumagem para assegurar a qualidade das plumas.
De acordo com a Associação de Criadores de Avestruz do Brasil - ACAB (2005) o
preço das plumas brancas de melhor qualidade é de US$ 80,00 a US$ 90,00/kg para o
produtor, e, as de qualidade secundária, US$40,00/kg.
Segundo a equipe de Estrutiocultura/FZEA-USP, existem 200 tipos de classificação
de plumas, sendo as principais:
 Brancas (da asa do macho);
 Pretas (da asa do macho);
 Ornamentais (da extremidade da asa);
 Feminas (da asa da fêmea);
 Pardas (da asa da fêmea);
 Penugem (de baixo das asas);
 Caudas (das caudas do macho e da fêmea).
O Brasil figura como o maior importador de plumas do mundo, sendo quase sua
totalidade proveniente da África do Sul. A produção de plumas, oriunda de plantéis
brasileiros, está longe de suprir a demanda do mercado interno. Mas algumas empresas
estabelecidas no Estado de São Paulo já trabalham com plumas nacionais. Um dos
entraves, além de pouca oferta, é a sua coleta e classificação, sendo este um trabalho que
exige conhecimento técnico e mão-de-obra especializada (CARRER, 2004).

4.5.2 Carne
A carne da avestruz caracteriza-se por possuir baixos teores de colesterol e
gorduras. Esta característica da carne se deve à distribuição das gorduras no organismo do
animal: estas se localizam em volta do estômago e sob a pele, propiciando cortes de carne
magra (AGROV, 2004).
Segundo pesquisas realizadas pelo Departamento de Nutrição da Faculdade de
Saúde Pública da USP, juntamente com a Avestro3, mostram que a carne é rica em ácidos
graxos essenciais como ômega 3, ômega 6 e ômega 9. Uma ave de idade de entre 10 a 14
meses pode fornecer de 35 a 45 kg de carne vermelha. As carnes das pernas e acima das
coxas são comercializadas como filés (nas coxas é onde têm a maior concentração de
carne). Os órgãos internos são utilizados para a produção de patês e farinha de carne, e a
carcaça é usada em rações animais (ACAB, 2005).

3
A Avestro é uma empresa do Estado de São Paulo, que trabalha no ramo da Estrutiocultura.
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O apelo para a conquista de novos consumidores, está nas propriedades nutritivas


da carne (tabela 5), e o fato de ser uma carne vermelha, semelhante à carne bovina. A carne
de avestruz é um produto valorizado, e longe de se tornar uma carne popular como a
bovina e a de frango.

Tabela 5 - Comparação da qualidade da carne de avestruz com outras espécies (100 g de


carne assada)
Carne Calorias Gordura Gordura Saturada (g) Proteína
(g) (g)
Caprino 131 2,76 0,85 25
Bovino 263 17,14 7,29 25
Suíno 332 25,72 9,32 24
Frango 129 3,75 1,07 24
Avestruz (85g) 97 1,70 49(mg) 21,2
Peru (85g) 135 3,00 59(mg) 27
Fonte: Nogueira e Nogueira (2005).

De acordo com estatísticas da Avestro, o primeiro grupo brasileiro que já assinou


um contrato de exportação com a líder mundial Klein Karoo, boa parte das vendas da
Avestro, cerca de 50%, são direcionadas a restaurantes; 15% para supermercados, sendo
que a maior parte é adquirida pelo grupo Pão de Açúcar; 11,7% ao consumidor final;
5,85% a distribuidores; hotéis e boutiques de carnes ficam com 5,37% cada; e 4,89%
direcionado a outros. Os dados revelam o potencial do mercado interno brasileiro para
ampliar o consumo e venda da carne de avestruz.

4.5.3 Couro
O couro de avestruz possui resistência, durabilidade, maciez e uma textura distinta,
formada pelos pequenos pontos deixados pelas plumas. A durabilidade é resultado de uma
oleosidade natural do couro. O couro pode ser tingido de diversas cores sendo muito
utilizado na confecção de tapetes, bolsas, carteiras, almofadas, cintos, sapatos e acessórios.
Marcas famosas como Gucci, Christian Dior e outras usam couro de avestruz. (AGROV,
2004).
O couro de todo o corpo da ave, exceto da cabeça, dedos dos pés e ponta das asas, é
aproveitado. Um animal com idade de abate (10 a 15 meses) poderá produzir 1,2 a 1,5 m²
de couro, que aceita bem várias colorações. No mercado internacional, o preço do couro de
avestruz, por metro quadrado, é cerca de 200 dólares para o produtor, a pele curtida é cerca
de 600 dólares, enquanto o valor do couro processado fica em torno de 3.000,00 dólares, o
que pode ser observado melhor na tabela 6. Os maiores importadores são Estados Unidos,
Inglaterra, Japão, Alemanha, Itália e França. No Brasil, o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) de Franca, no interior de São Paulo, dispõe de tecnologia para curtir as
peles de avestruz (REVISTA SAFRA, 2004).

Tabela 6 - Preços do couro de avestruz por m² em 2004


Couro Preço/ US$
Cru 110 a 320
Curtido 400 a 800
Processado 500 a 6.000,00
Fonte: ACAB (2005)

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4.5.4 Óleo
O óleo extraído da gordura do avestruz possui capacidade de aumentar a
imunidade do organismo humano e propriedades antiinflamatórias. A indústria cosmética
se utiliza do óleo, que é extraído da gordura concentrada na região do peito e do abdômen,
como matéria-prima para a fabricação de cremes, óleos, loções e pomadas que previnem o
envelhecimento precoce da pele (SOUZA, 2004). Inglaterra e a Austrália se utilizam do
óleo para a confecção de cremes e loções para pele e lábios, óleos para massagem e
pomadas para torções e queimaduras. No Brasil, a empresa Avestro S/A comercializa os
produtos da linha STRAUSS, cosmético que tem por princípio ativo o óleo de avestruz e
atua combatendo o envelhecimento. Segundo Giovanni Costa, diretor presidente da
empresa Avestro S/A, fornecedor da banha de avestruz utilizada para a confecção dos
cosméticos, para cada 3 kg de banha que gera uma ave abatida, é extraído 1 litro de óleo.

4.5.5 Ovos
O mercado para os produtos do avestruz encontra um espaço alternativo para a
comercialização dos ovos inférteis, aproveitando-se as cascas espessas (cerca de 1,5-
3,0mm) para a confecção de artesanatos e o conteúdo para alimentação humana e indústria
alimentícia, desde que não tenham sido incubados. A composição nutricional é muito
semelhante ao ovo de galinha, possuindo teor de gordura mais baixo e maior relação de
aminoácidos essenciais, quando comparado; e o rendimento em volume de massa está
entre 24 a 28 ovos, dependendo dos pesos de ambos os tipos de ovos.

4.5.6 Outros subprodutos


 Pestanas: As pestanas são utilizadas na fabricação de pincéis de pintura e cílios
postiços.
 Córneas: Estão em desenvolvimento nos EUA e Suíça, pesquisas para a
utilização das córneas da ave para transplante em seres humanos.
 Ossos, tendões: Os ossos são utilizados na indústria farmacêutica na fabricação
de medicamentos e também são usadas na fabricação de rações animais.

5 A ESTRUTIOCULTURA BRASILEIRA

5.1 Perfil da estrutiocultura no Brasil

No Brasil, as empresas pioneiras na criação de avestruzes foram a NovAvis (São


Paulo) e a Billabong (Goiás), ambas instalando criações em meados de 1995. A NovAvis
fizeram o primeiro pedido de importação de avestruzes ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em maio de 1994. A importação
efetiva aconteceu apenas em maio de 1995, quando 12 filhotes de avestruzes italianos
chegaram ao país. Carlos Roberto Figueiredo, trouxe da Namíbia 200 filhotes de
avestruzes, com três dias de vida, em setembro de 1995. Em 1996 foram realizadas novas
importações de filhotes da Namíbia e dos Estados Unidos para atender a demanda interna
por animais (ACAB,2006).
Na fase de formação do plantel, a estrutiocultura brasileira passou por momentos de
incerteza quando a importação das aves foi suspensa pelo ministério da agricultura em
1997, devido a uma contaminação por um vírus que acomete aves domésticas (Newcastle)
que ataca o sistema nervoso e os órgãos respiratório e digestivo das aves, determinando,
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desta forma, o abate dos rebanhos em vários estados brasileiros, em proteção à indústria
avícola nacional. Este evento provocou uma crise na estrutiocultura brasileira que se
iniciava. Após 1999 com a liberalização para a importação de ovos embrionados e pintos
novos, a estrutiocultura voltou a crescer (GOULART, 2002).
Com relação ao mercado dos produtos (carne, pele, plumas), pode-se afirmar que o
mesmo está em fase inicial. Atualmente, há apenas três produtores com marcas comerciais:
Aravestruz, que possuiu o primeiro e único frigorífico especializado em avestruz, situado
em Araçatuba; Avestro, que atua no mercado de carne de avestruz; e Benne Vita, todos
situados no Estado de São Paulo, abatem avestruzes regularmente; porém, o volume é
pequeno, em torno de 100 a 200 animais/mês, colocando esta carne em restaurantes
especializados e boutiques de carne; não obstante, o preço é elevado, sendo a carne de
avestruz vendida entre R$ 35,00 (carne menos nobre) e R$70,00/kg (carne nobre), o que
restringe muito o seu consumo.
A estrutiocultura é um investimento de longo prazo e a comercialização de carne
ainda é um pequeno nicho. Para iniciar um criatório de avestruzes, o investimento é de
aproximadamente R$ 20.000,00. No cálculo, entra as despesas com a compra de cinco
casais de filhotes - preço de mercado de cada filhote: R$ 800,00 -, instalação dos piquetes e
ração para os animais. Cada ave consome o equivalente a R$ 400,00 anualmente. Leva-se
em conta também que o rendimento por animal abatido é proporcionalmente baixo (30%
do peso vivo) se comparado com o rendimento de bovinos (em torno de 55%), e a
mortalidade na fase de cria (0-3 meses) está em torno de 30 a 100% (BORGES e
FRANCIS, 2003).

Tabela 7 - Análise comparativa da produtividade do bovino e do avestruz


Espécie Área de Gestação/ Tempo de Animais Carne Vida
500 m² Incubação engorda abatidos (kg) reprodutiva
fêmea/ano
Bovino 1 boi 9 meses 2-3 anos 1 bezerro 240 10 anos
Avestruz 100 42 dias 1 ano 20-30 aves 1.000 20-40 anos
avestruzes
Fonte: Luchini e Costa (1998).

Entretanto, como pode-se verificar da tabela 7, este fato é compensado pela grande
produção anual de filhotes, enquanto uma vaca produz um bezerro por ano, que vai para o
abate com dois ou três anos, uma fêmea de avestruz produz em média 30 filhotes por ano,
fornecendo de 800 a 1200 kg de carne por fêmea/ano.

5.1.1 Produção nacional


Na conjuntura do mercado atual, estão configuradas algumas variáveis que apontam
para a consolidação dos mercados alternativos, como o da estrutiocultura, englobando
aspectos tanto de um novo padrão de consumo, como o da demanda para produtos do
“agribussines”, principalmente aos relacionados ao consumo de carnes vermelhas
tradicionais e aspectos socioeconômicos que originam uma reestruturação do espaço
econômico do ambiente rural, onde esta inserida uma nova rede de produtos e serviços
(CARRER E KORNFELD, 1999).

15
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140.000

125.000
120.000

85.800
100.000

80.000

60.000

40.000
23.000

10.000

8.000

8.000

8.000

7.995

7.500
20.000

7.000

6.950

6.000

5.500

5.500

5.000

3.000

3.000

3.000

2.000

2.000

1.500

1.000

500

100

40

40
0
Alagoas

Amazonas
Distrito Federal
Goiás

Minas Gerais

Mato Grosso
Bahia

Rio Grande do Norte

Sergipe

Acre
Rio Grande do Sul

Mato Grosso do Sul

Piauí
Tocantins
São Paulo

Pernambuco

Maranhão

Espírito Santo
Ceará

Paraná

Santa Catarina

Paraíba

Rondônia

Pará

Roraima
Rio de Janeiro

Gráfico 1 - Distribuição quantitativa do rebanho brasileiro por Estados


Fonte: Anuário da Estrutiocultura Brasileira –2005/06.

Segundo dados da Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil (ACAB), o


plantel brasileiro conta hoje com 335.425 avestruzes distribuídos pelo país, sendo que, está
altamente concentrado em três Estados: São Paulo, Goiás e Bahia, que, respectivamente
são os maiores produtores de avestruzes do Brasil, conforme pode ser observado a seguir
(gráfico 1).

O país ainda esta longe de atender a demanda mundial, que é de 600 mil avestruzes
por ano, mas, dados da ACAB mostram que o plantel nacional cresceu exponencialmente
desde 1996, quando contava com apenas 500 aves, e hoje conta com cerca de 335 mil
animais, ficando atrás apenas da África do Sul, o maior criador do mundo, com 600 mil
avestruzes (LAREDO, 2005).
O plantel nacional cresceu entre 2004 e 2005, aproximadamente 2,5 vezes em
relação à quantidade de criadores, o que conseqüentemente, aumenta a densidade média
das criações em 42%, como podemos observar na tabela 8.

Tabela 8 - Evolução do número de criadores no Brasil


2004 2005 Taxa de Crescimento (%)
Total do plantel 170.000 335.425 97
Total de criadores 2.145 2.992 39
Plantel/criadores 79 112 42
Fonte: ACAB (2005).

Os resultados podem significar tanto um aumento da produtividade dos criatórios,


como da entrada no mercado de criadores que estabelecem grandes projetos de
estrutiocultura.
De acordo com a análise de Filières, ainda não é possível estabelecer todas as
características de cadeia produtiva agro-industrial no Brasil, uma vez que os elos
produtivos se mostram desconexos não sendo possível analisá-los. Embora exista um
expressivo investimento ao fornecimento de matéria-prima, faltam dados para analisar a
industrialização e a comercialização dos produtos. Conforme estimativas da ACAB
16
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(2005), o completo fechamento da cadeia produtiva do avestruz ocorrerá nos próximos 2-3
anos.
Segundo o diretor da Associação dos Empreendedores Paulistas da Estrutiocultura,
Mauro Branco, a demanda interna no Brasil gira em torno de 10 toneladas/mês. Este
montante vem crescendo sucessivamente. E também, a produção de embutidos como
mortadela, salame, lingüiça e hambúrguer. A carne vem ganhando espaços importantes em
diversos restaurantes de primeira linha na gastronomia nacional.
A criação de frigoríficos específicos para o abate de avestruz é um dos esforços dos
produtores que estão na fase industrial e comercial, já que, o abate é o ponto de partida
para todo o processo de formação dos produtos do avestruz. O atraso nos investimentos em
plantas frigoríficas gerou um crescimento exponencial do plantel, que tem gerado a
dificuldade na comercialização de filhotes e aves para abate.
Atualmente no Brasil, existem três frigoríficos habilitadas pelo Serviço de Inspeção
Federal (SIF) a abater avestruzes no Estado de São Paulo, sendo um exclusivo para
avestruzes e já autorizado a exportar. Goiás conta com um dos mais modernos frigoríficos
de avestruz do mundo, mas enfrenta problemas para sua operacionalização. O Ceará,
também conta com uma planta frigorífica que deve ser inaugurada em 2006. Segundo
informações do Ministério da Agricultura existem, cerca de vinte pedidos de autorização
junto ao SIF para adaptação de frigoríficos para abate de avestruzes em vários Estados da
federação, o que mostra que a cadeia produtiva está investindo para a industrialização
completa da estrutiocultura.

5.1.2 O papel das cooperativas de avestruz no Brasil


As cooperativas de estrutiocultura surgem devido à necessidade de uma forma
organizada capaz de minimizar o custo de produção e agregar massa ao fornecimento de
matéria-prima, e desta forma, aumentar o poder de barganha dos criadores, na
oportunidade de vender sua produção.
A primeira cooperativa de avestruz denominada Cooperativa Cearense dos
Criadores de Avestruzes Ltda. (COCECAL), estabelece-se na região Nordeste, no ano de
1998. A primeira alusão à importância do modelo cooperativista para a criação de
avestruzes se dá no 1º Fórum interdisciplinar sobre Criação, Industrialização e
Comercialização de Avestruzes e Produtos (Ficicap), ocorrido em junho de 2000, na cidade
de São Paulo. No evento, foi destacada a importância das cooperativas para facilitar o
escoamento da produção industrial do avestruz dos pequenos e médios criadores, mas,
pouca importância foi dada ao cooperativismo na época (ACAB, 2006).
O interesse pelo modelo cooperativo intensificou-se em 2003, data do surgimento
de praticamente metade das cooperativas existentes no Brasil, como mostra o gráfico 2.

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10
9
9

5
4
4
3
3
2
2
1 1
1
0 0
0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 2 - Cronograma de surgimento das cooperativas de avestruz no Brasil


Fonte: Anuário da Estrutiocultura Brasileira –2005/06

O Brasil possui 14 associações regionais e 20 cooperativas de estrutiocultura. A


maior parte das cooperativas concentra-se nas regiões Sudeste e Sul (gráfico 3).

Gráfico 3 - Distribuição regional das cooperativas de avestruz no Brasil


Fonte: Anuário da Estrutiocultura Brasileira –2005/06

A maioria das cooperativas de avestruz surge da necessidade do criador em escoar a


sua produção (venda de filhotes para reprodução) e baratear o custo de produção (compra
conjunta de medicamentos, ração, assistência técnica comunitária entre outros); mas,
muitas vezes, vão além da sistemática de compra conjunta, realizando projetos de
verticalização. Podemos citar como exemplo a COCECAL (CE), COCAMAT (MT) e
COONTRUZ (PR), que avançam no sentido de criar núcleos fabris, a COPATRUZ (PR),
com um curtume próprio para a pele de avestruz, e a COOPERAVESTRUZ (SP)
investindo em uma central de incubação de outras cooperativas ou criatórios independentes
(ACAB, 2006).
Segundo estimativas da Associação dos criadores de avestruzes do Brasil (ACAB),
existem cerca de 2.900 criadores no Brasil, com um plantel médio de cinco a oito casais
por criador, o que demonstra que o plantel brasileiro é, em sua grande maioria, constituído
por pequenos produtores, que representam de 85 a 90% do mercado produtor de avestruz.
O sistema cooperativista, implantado com êxito na África do Sul onde a cooperativa Klein
Karoo domina o mercado mundial do avestruz, pode ser visto como adequado à realidade
brasileira a fim de viabilizar os pequenos produtores.

5.2 Legislação nacional


A criação comercial de avestruz é beneficiada com a Portaria nº 36 de 15 de março
de 2002, que determina a reclassificação do animal de exótico para doméstico pelo
IBAMA, e, portanto, passível de exploração zootécnica e comercial. O avestruz sai,
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portanto, da esfera do IBAMA, passando para a esfera do Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento (MAPA) possibilitando, desta forma, o abate das aves.
No ano de 2003, ocorre a normatização da criação de avestruzes. A Normativa nº
02 do MAPA cria regras para a criação de avestruzes e contribui para o avanço da
estrutiocultura no país. Entre as medidas adotadas, podemos citar a regulamentação das
importações de aves, que proibiu a importação de aves e filhotes e a permissão para a
importação de ovos. A regulamentação ocorre em uma época em que o rebanho nacional já
tem condições de crescer sem a importação de aves vivas, sendo constituídos por animais
domésticos e com regulamentação da criação realizada (ACAB, 2006).

6 CONCLUSÃO

A cadeia do avestruz tem um grande potencial de crescimento dentro do país, uma


vez que o Brasil apresenta condições sanitárias, características climáticas e mão-de-obra,
necessárias para o seu desenvolvimento e estabelecimento. Este fato está sendo
comprovado pelo significativo crescimento da criação nestes últimos dez anos no país.
Entretanto, por ser uma atividade jovem no Brasil, necessita solucionar estrangulamentos
que vão desde aspectos tecnológicos, a aspectos de organização e conseqüente
consolidação da cadeia até o escoamento dos produtos finais. O Brasil precisa concluir o
processo de amadurecimento e chegar à finalidade a que se propõe: produção de bens com
valor agregado (carne, couro e plumas) para o abastecimento do mercado interno (que
ainda é deficiente) e as exportações.
No Brasil, não é possível, ainda, estabelecer todos os elos da cadeia produtiva da
estrutiocultura. Percebe-se a fase de formação de plantel, que vai do investimento inicial ao
fornecimento de matéria prima, entretanto, quanto à industrialização e comercialização,
não há informações suficientes para realizar uma análise. Esforços existem para o
fechamento da cadeia produtiva do avestruz, que encontra como principal “gargalo” a falta
de frigoríficos especializados para o abate.
As limitações quanto ao consumo da carne de avestruz são, devido ao preço
elevado e aos aspectos culturais. Os brasileiros não possuem o hábito de comer carne de
avestruz, portanto surge a necessidade de esforços para a divulgação do produto, como
uma opção de carne vermelha mais saudável.
Torna-se necessário o estabelecimento de regras claras. Existem esforços nesta
área, com a criação das entidades de estrutiocultura, cooperativas, e a criação da Câmara
Setorial da Avicultura e Estrutiocultura. A falta de uma regulamentação federal quanto ao
abate, também é um entrave ao desenvolvimento da atividade no país e no Estado.
Em suma, para consolidar este agronegócio, onde se tenha criação, industrialização
e comercialização, a visão sistêmica de cadeia produtiva é fundamental. O estabelecimento
de regras claras e normas para as operações internas, investimentos em tecnologia,
organização para minimizar os elevados custos de produção e qualificação profissional são
fundamentais.. Além disso, deve-se trabalhar o mercado consumidor, executando
campanhas de marketing, e principalmente, que estabeleça no médio e longo prazo, um
plano de ações que criem e consolidem a cultura de consumo dos produtos do avestruz,
tudo isto de forma, que confira a estes produtos um status comercial diferenciado,
fortalecendo assim a estrutiocultura.

REFERÊNCIAS

19
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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
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Associação de Criadores do Brasil. 2005. Disponível em: <http://www.acab.org.br>,
acessado em 21/09/2006.
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