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ARRANJOS PRODUTIVOS

Prof. DANIEL LAMARCA


005 Aula 01: Conceitos Iniciais

013 Aula 02: Redes Organizacionais no Agronegócio

021 Aula 03: Arquitetura e tipologia de redes Organizacionais

028 Aula 04: Conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) e Evolução


Conceitual

036 Aula 05: Distribuição Geográfica de arranjos produtivos locais


no Brasil

046 Aula 06: Fontes de dados abertos para o Agronegócio

055 Aula 07: Aglomerações Produtivas no Brasil: Características


Estruturais

061 Aula 08: Experiências Internacionais em arranjos produtivos


locais (APLs)

072 Aula 09: Formação e planejamento estratégico de APLs

079 Aula 10: Governança em arranjos produtivos locais

086 Aula 11: Relações de Interdependência em APLs

093 Aula 12: Formação de capital social em APLs

098 Aula 13: Políticas públicas em APLs

103 Aula 14: Conceito de desenvolvimento local

109 Aula 15: Relação entre APLs e desenvolvimento local

115 Aula 16: APLs e desenvolvimento Regional no Brasil

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Introdução
Olá, querido aluno!

Bem-vindo à disciplina de Arranjos Produtivos!

O Agronegócio, entendido aqui como “o conglomerado de processos que envolvem o


sistema produtivo de bens e/ou serviços, e que possuem como matéria-prima um produto
de origem agropecuário”, tem demonstrado grande destaque no cenário da economia
nacional, considerando os resultados que vêm apresentando na participação do Produto
Interno Bruto (PIB) do Brasil. Além disso, o setor tem sido um ponto proeminente no
desenvolvimento econômico e na geração de empregos no país nos últimos anos.

O Brasil está posicionado entre os principais produtores e exportadores de muitas culturas


de produção animal e vegetal. Dentre essas culturas, podemos destacar: bovinocultura de
corte, suinocultura, avicultura de corte, soja, milho, laranja, café, entre outras. Nas últimas
décadas, o país vem se industrializando cada vez mais, especialmente, nas áreas ligadas a
produtos derivados da agropecuária. Essa industrialização junto às atividades realizadas no
campo e demais etapas da cadeia produtiva de bens ou serviços, tem sido ponto de
discussão para a melhoria da gestão entre os elos da cadeia e atores envolvidos nesse
processo.

Os Arranjos Produtivos, nesse contexto, tratados muitas vezes também como “Arranjos
Produtivos Locais”, ou denominados simplesmente como “APLs”, possuem um papel
importante para o agronegócio brasileiro. Há muitos anos, por diferentes países, vêm sendo
estudadas e analisadas as contribuições que aglomerações produtivas (“clusters”) geram em
termos de resultados econômico- nanceiros e de desenvolvimento territorial.

Arranjo Produtivo pode ser considerado como um desdobramento dos estudos e análises
sobre aglomerações produtivas. O APL refere-se ao conglomerado de organizações e
empreendimentos, situados em uma mesma localidade e que possuem uma especialização
produtiva, junto à presença de empresas dos demais elos da cadeia produtiva da atividade
econômica, instalados no local. Além da cadeia produtiva, estão presentes outros atores de
grande importância para o sistema produtivo, tais como: instituições nanceiras,
universidades, associações, entre outros.

Portanto, neste material, temos três objetivos: I) apresentar os conceitos de  Arranjos
Produtivos Locais, sua formação,  planejamento, governança, estruturação em rede entre
atores e instituições locais,  formação de capital social e relações de interdependência; II)
discutir os conceitos de desenvolvimento local em  suas  análises multidimensionais: social,
econômica e política e; III) relacionar os conceitos de APL e desenvolvimento local.

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Durante esta disciplina, abordaremos diversos e diferentes pontos ligados ao tema de
Arranjos Produtivos. Em um primeiro momento, trataremos dos conceitos iniciais, fazendo
diferenciação entre conceitos importantes que envolvem o setor do Agronegócio. Na
sequência, será apresentada uma explanação sobre redes organizacionais e seus diferentes
enfoques. A partir do quarto capítulo deste material, serão abordadas, com maior
profundidade, noções sobre os Arranjos Produtivos e seus desdobramentos no setor do
Agronegócio. Dentre os pontos que serão vistos no desdobramento de APLs, estão: conceito
de APL, distribuição geográ ca, fontes de dados abertos, características estruturais de
aglomerações produtivas, experiências internacionais, formação e planejamento, estruturas
de governança, formação de capital social e políticas públicas. Nos últimos capítulos, ainda
serão descritos acerca do conceito de desenvolvimento local e a importância dos APLs nessa
conjuntura.

Boa leitura!

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01

Conceitos Iniciais

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Olá, querido aluno!

Nesta primeira aula da disciplina de Arranjos Produtivos, serão apresentados os


conceitos iniciais relacionados ao Agronegócio, como também nos deteremos no
tema de Arranjos Produtivos. Desse modo, serão abordados conceitos de: Cadeia
Produtiva, Cadeia de Suprimentos (Supply Chain), Cadeia de Valor, Cadeia de Produção
Agroindustrial (CPA), Complexo Agroindustrial (CAI), Sistema Agroindustrial (SAG),
Redes Organizacionais e Arranjo Produtivo Local (APL). É importante destacar que
muitos destes conceitos são semelhantes entre si, gerando confusões em algumas
situações. Porém, existem distinções entre estes termos e que serão apresentadas no
decorrer desta aula.

O Agronegócio, nos últimos anos, tem sido um importante setor da economia


brasileira. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (CEPEA), em 2018, o setor representou 21,1% do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional. Além disso, o Brasil destaca-se como sendo o maior produtor mundial de
Açúcar, Café e Suco de Laranja e ainda, segundo maior produtor mundial de Carne
Bovina, Carne de Frango e Soja e, maior exportador mundial de Açúcar, Café, Suco de
Laranja, Carne Bovina, Carne de Frango e Soja.

Outro ponto interessante que se deve observar é que em 2015, a população mundial
estava em aproximadamente 7,38 bilhões de pessoas e, sendo estimado para 2050
entre 9,36 bilhões e 10,21 bilhões de pessoas. Tal pressuposto faz com que se projete
um cenário de maior demanda de alimentos para o futuro. Corroborando com esta
linha de raciocínio, dados do relatório “Projeções do Agronegócio – Brasil 2018/19 a
2028/29 – Projeções de Longo Prazo”, elaborado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), apontam para um cenário de aumento da
produção de diversas culturas produzidas no país, nos próximos anos.

Os sistemas de produção animal e vegetal, denominados muitas vezes como


“Sistemas Agropecuários”, fazem menção para um modelo de produção organizada
que ocorre dentro da propriedade rural. Já o termo “Agronegócio”, por sua vez, é
relativamente novo, surgindo nos Estados Unidos em 1957, sendo traduzido do inglês
“Agribusiness” e cunhado por John Davis e Ray Goldberg. Este termo engloba o
conjunto de todas as etapas ligadas à produção, armazenamento, processamento e
distribuição de produtos agropecuários (DAVIS e GOLDBERG, 1957).

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Assista a um pequeno vídeo que complementa os conceitos apresentados
de agropecuária e agronegócio (Tempo do Vídeo: 0:54).

Acesse o link: Disponível aqui

Cadeia Produtiva
O termo “Cadeia Produtiva” pode ser de nido como sendo um conjunto de etapas
e/ou atividades em sequência, responsáveis pela produção do produto (bem ou
serviço) que chega ao consumidor nal, desde a sua matéria-prima e insumos
utilizados para produção. Como exemplo de Cadeias Produtivas, pode-se citar: Cadeia
Produtiva do Arroz; Cadeia Produtiva do Trigo; Cadeia Produtiva do Leite; entre
diversas outras que contemplam o setor do agronegócio.

A seguir, na Figura 1, pode-se observar uma ilustração para a Cadeia Produtiva do


Leite, englobando cinco etapas do processo: Insumos; Produção; Indústria de
Laticínios; Atacado e Varejo e, por m, o Consumidor Final.

Figura 1 - Exemplo de Cadeia Produtiva do Leite

Fonte: elaborado pelo autor.

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Cadeia de Suprimentos
(Supply Chain)
A “Cadeia Produtiva” apresentada no tópico anterior aponta para uma visão geral do
conjunto de etapas do processo produtivo, desde o insumo até o consumidor nal. A
“Cadeia de Suprimentos”, por sua vez, conhecida também no termo em inglês como
“Supply Chain”, trata-se de uma rede de organizações, ou ainda, como um
conglomerado de empresas que atuam de forma independente e organizada para a
produção e consequente distribuição de um bem ou serviço para o consumidor nal
ou organização. Em outras palavras, a Cadeia de Suprimentos pode ser considerada
como um elemento de uma ou de diversas Cadeias Produtivas, envolvendo
estratégias, planejamento, movimentação e armazenagem desde os insumos para
produção até o produto nal.

Nos últimos anos muito tem-se tratado nas grandes organizações e também em
pesquisas acadêmicas sobre a Gestão da Cadeia de Suprimentos, ou ainda, em inglês
“Supply Chain Management” (SCM). Tal fato ocorre, tendo em vista a importância do
alinhamento entre os atores envolvidos na cadeia (fornecedores de insumos,
produtores rurais, operadores de logística, indústrias, atacadistas, varejistas, etc.) para
que otimize todo o uxo produtivo (material, informações e recursos) até a chegada
do bem ou serviço para o consumidor nal atendendo as suas necessidades.

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Para a Abordagem Prática desta aula podemos imaginar, como exemplo,
uma grande rede de alimentação rápida (“fast-food”), como McDonald’s,
Burguer King, Subway, entre outras, que necessita de uma Gestão da Cadeia
de Suprimentos muito bem alinhada e gerida, para que nunca faltem os
suprimentos necessários na produção do alimento para o consumidor nal,
ou ainda, que não haja desperdícios durante todo esse processo. Já parou
para pensar, o prejuízo que qualquer uma dessas grandes redes teria, caso
no estoque da loja não houvesse hambúrgueres por uma falha na gestão em
algumas destas etapas da cadeia? Portanto, é importante salientar que a
Gestão da Cadeia de Suprimentos é de grande importância para o sucesso
das organizações, atualmente.

Cadeia de Valor
Seguindo na linha dos termos envolvendo a palavra “cadeia”, tem-se também a
“Cadeia de Valor”. Este termo faz referência para a sequência de etapas que vão desde
a matéria-prima até o produto (bem ou serviço) que chega para o consumidor nal.
Contudo, diferentemente das cadeias anteriores, este tipo de cadeia vislumbra os
valores adicionados ao produto em cada etapa do processo.

Para exempli car de modo simples, imagine a produção de um lápis. A indústria que
fabrica o lápis utiliza como insumos (advindos de fornecedores) a gra te e a madeira.
Após a realização de algumas etapas, o lápis está pronto para ser vendido para o
consumidor nal por meio do varejo. Entretanto, imagine entregar as matérias-primas
(gra te e a madeira) diretamente para o consumidor nal. Estas matérias-primas
separadamente teriam algum valor para o consumidor nal? Provavelmente não, ou
muito pouco valor. Nesse sentido, o conceito de Cadeia de Valor é exatamente que as
etapas de produção gerem valor ao produto, atendendo às necessidades do

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consumidor nal. Este termo ainda pode ser encontrado como “Cadeia de Valor de
Porter”, devido a esta teoria ser proposta por Michael Porter, na Universidade de
Harvard, nos Estados Unidos.

Destaca-se que esses termos mencionados até o presente momento envolvendo


“cadeia”, não são exclusivos do setor do agronegócio. Outros setores, como, por
exemplo, o setor de mineração, também se utiliza, muitas vezes, dos mesmos termos
para se referir aos sistemas de produção.

Cadeia de Produção
Agroindustrial (CPA)
Para Batalha e Silva (2001), a “Cadeia de Produção Agroindustrial” (CPA), assim como
as cadeias anteriores, apresenta as etapas de produção em uma sequência. Contudo,
a CPA é de nida a partir do produto adquirido pelo consumidor nal. Nessa linha,
devem-se observar todas as etapas de produção anteriores (a jusante) ao produto
nal. Portanto, a caráter de exemplo, pode-se citar a “Cadeia de Produção
Agroindustrial da Manteiga”, “Cadeia de Produção Agroindustrial da Margarina”,
“Cadeia de Produção Agroindustrial do Requeijão” etc.

Complexo Agroindustrial (CAI)


O conceito de “Complexo Agroindustrial” (CAI) trata do conglomerado de atividades
envolvendo: as indústrias de insumos (podendo ser denominada também como fase
“pré-porteira” ou a montante), produção agropecuária (podendo ser denominada
também como “dentro da porteira”) e indústrias de bene ciamento (podendo ser
denominada também como “pós-porteira” ou a jusante).

Destaca-se aqui, conforme apontam Batalha e Silva (2001), que o CAI pode ser
entendido como o ponto inicial de uma determinada matéria-prima, seguido de
inúmeros processos, podendo se transformar em diversos produtos. Como exemplo
de CAI, seria possível mencionar “complexo milho”, “complexo algodão”, “complexo

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trigo”, etc. Para o Complexo Agroindustrial (CAI), veri ca-se o processo inverso que
ocorre com o conceito de Cadeia de Produção Agroindustrial (CPA), sendo que o CAI
tem como princípio a matéria-prima e a CPA o produto nal.

Sistema Agroindustrial (SAG)


Diferentemente dos dois últimos conceitos apresentados, o termo “Sistema
Agroindustrial” (SAI), não faz referência apenas a uma matéria-prima ou produto nal
de forma especí ca. O SAI pode ser considerado como “o conjunto de atividades que
concorrem para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de
insumos (sementes, adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada do produto nal
(queijo, biscoito, massas etc.) ao consumidor” (BATALHA e SILVA, 2001, p. 32).

Ainda, segundo Batalha e Silva (2001), o SAI pode ser caracterizado como um
composto de seis conjuntos de atores: 

1. Agricultura, pecuária e pesca;


2. Indústrias agroalimentares;
3. Distribuição agrícola e alimentar;
4. Comércio internacional;
5. Consumidor;
6. Indústrias e serviços de apoio.

Vale ressaltar que os termos “Complexo Agroindustrial” e “Sistema Agroindustrial” são


frequentemente confundidos no que se refere ao contexto do agronegócio.

Redes Organizacionais
O termo “rede” possui uma quantidade relativamente grande de signi cados
dependendo do contexto em que está inserido. Este termo aparece em áreas como a
computação, teoria das organizações, pesquisa operacional etc. De modo geral, pode-
se apontar que redes de empresas ou denominadas também como redes
organizacionais, referem-se a uma estrutura de conexões entre diferentes atores de
um sistema social qualquer. No setor do agronegócio, o conceito de redes torna-se

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importante para compreender a relação entre diferentes atores nas cadeias
agroindustriais. Essa relação pode ser de poder, in uência e comportamento dos
atores para com os demais em atuação (BATALHA e SILVA, 2001).

Arranjo Produtivo Local (APL)


Por m, o conceito de “Arranjo Produtivo Local” (APL), assunto da presente disciplina,
trata-se de conglomerados de organizações e empreendimentos, situados em uma
mesma localidade e que possuem uma especialização produtiva. Além disso, em um
APL, deve haver algum modo de governança e manter relações de interação,
cooperação, articulação e aprendizagem entre os envolvidos e também com outros
atores locais, como, por exemplo: associações empresariais, governo, instituições de
crédito, ensino e pesquisa.

Ademais, em uma mesma região podem conter diversos e diferentes Arranjos


Produtivos. Ressalta-se ainda, que assim como mencionado anteriormente, para o
uso do termo “cadeia”, o conceito de “Arranjos Produtivos” não é exclusivo do
agronegócio. No entanto, no Brasil, boa parte dos arranjos existentes faz parte do
setor do agronegócio.

A apresentação da distinção entre os conceitos tratados nesta aula se faz


relevante não apenas para o conhecimento dos mesmos, mas também para
entender em que ponto estão situados os Arranjos Produtivos Locais (APLs)
no Agronegócio, assunto este que será abordado durante toda esta
disciplina.

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02

Redes Organizacionais
no Agronegócio
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Olá, querido aluno!

Serão abordados, na segunda aula da disciplina de Arranjos Produtivos, diferentes


conceitos de Redes Organizacionais e suas aplicações no contexto do agronegócio.
Dentre os conceitos que serão vistos durante esta disciplina, estão: distrito industrial,
aglomeração industrial e/ou em agronegócios, polo industrial e/ou agroindustrial e
comunidades de prática.

Além disso, também serão vistos outros pontos importantes no âmbito de redes
organizacionais, como cooperação, cooperação do tipo vertical e cooperação do tipo
horizontal.

Aglomeração Industrial e/ou


em Agronegócios
Aglomeração Industrial pode ser entendida como um cluster produtivo local, ou seja,
uma concentração de indústrias em um mesmo local. Destaca-se que aglomerações
industriais, podem ou não, estar ligadas ao Agronegócio.

O precursor teórico dos benefícios de aglomerações industriais foi Alfred Marshall


(1842-1924), no nal do século XIX. Marshall apontava que um aglomerado de
indústrias em uma mesma região geográ ca, com atividades semelhantes, poderia
gerar alguns benefícios econômicos. Dentre os benefícios, estariam, por exemplo, as
relações de comunicação entre as empresas do mesmo setor e mão de obra
especializada (KELLER, 2008).

Ademais, a aglomeração das indústrias fortalece pequenas e médias empresas em


seu crescimento, principalmente, quando vislumbram mercados internacionais,
favorecendo o processo de cooperativismo.

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Distrito Industrial
O termo “Distrito Industrial” refere-se a uma região do município destinada para a
realização de atividades industriais. Considerando o conceito apresentado no tópico
anterior sobre Aglomeração Industrial, tratando-a como um cluster produtivo, tem-se
que o Distrito Industrial é também um cluster produtivo, mas com um nível de
aglomeração mais robusto. Em outras palavras, o Distrito Industrial pode ser
considerado como um avanço do processo de Aglomeração Industrial.

Em muitos casos, nos Distritos Industriais, existe a presença de incentivos scais por
parte do governo, como, por exemplo, a isenção de alguns impostos e taxas. Isto
ocorre, tendo como objetivo fortalecer as empresas atuantes no distrito, gerando
empregos e uma maior movimentação da economia local e regional.

Polo Industrial e/ou em


Agroindustrial
Um “Polo Industrial”, muitas vezes, denominado também como “Parque Industrial” ou
“Zona Industrial”, é um espaço geográ co que contempla diversas atividades
industriais e/ou empresariais, podendo ou não, estar relacionadas entre si. Pode-se
denominar como “Polo Agroindustrial”, quando o espaço geográ co do polo contiver
somente indústrias do setor do Agronegócio.

Assim como ocorre nos Distritos Industriais, existem, muitas vezes, diversos
incentivos scais pelo governo para fortalecer a economia local e regional. Os termos
“Polo Industrial” e “Distrito Industrial” são, por várias vezes, utilizados como
sinônimos, pois realmente são próximos em seus conceitos e aplicações.

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Como caso prático desta aula, pode-se observar a Zona Franca de Manaus,
sendo um dos maiores Polos Industriais do país. É localizada no estado do
Amazonas, na cidade de Manaus, abrigando, aproximadamente 600
indústrias e gerando cerca de meio milhão de empregos (diretos e indiretos).
A Zona Franca de Manaus foi criada em 1967, com a nalidade de estimular
o desenvolvimento econômico da região Amazônica. Atualmente, neste polo,
compreendem-se indústrias dos mais diversos setores: produção de
alimentos; bene ciamento de madeira; produção de eletrônicos (televisores,
áudio e vídeo, aparelhos celulares); produção de motocicletas, entre outros.

Comunidade de Prática
Nos últimos anos, observa-se que a concepção do processo de aprendizagem provém
da experiência de vida no cotidiano e da experiência no trabalho, havendo cada vez
mais discussões teóricas nessa linha. Nesse sentido, o conceito de “Comunidade de
Prática” (Community of Practice – CoP) possui como pressuposto que as CoPs estão
presentes em diversos lugares e nos mais variados deles: trabalho, escola, casa,
atividades de interesses pessoais etc. (IPIRANGA et al., 2008). Portanto, em linhas
gerais, pode-se a rmar que a “Comunidade de Prática”, trata-se de uma troca de
conhecimentos em comunidade, a partir de processos práticos de aprendizagem.

Em termos organizacionais, Bulgacov, Costa e Bulgacov (2009, p. 89) apontam que no


ambiente empresarial, este conceito é concebido, tendo como intuito “estimular a
mudança, a aprendizagem e o compartilhamento de conhecimento num ambiente em
que todos os seus membros aprendem juntos; a aprendizagem organizacional ocorre
por meio da comunidade quando uns aprendem com os outros dentro do grupo”.

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Para aprofundar seus conhecimentos sobre “Comunidade de Prática” no
contexto de Arranjos Produtivos, leia o artigo (estudo de caso) intitulado: “A
Comunidade de Prática da rede NÓS: Colaborando e Compartilhando
Conhecimento em Arranjos Produtivos Locais”

Acesse o link: Disponível aqui

E você pode estar se perguntando: Mas qual a relação dos conceitos apresentados até
o momento com “Redes Organizacionais no Agronegócio”?

Ocorre que todos os itens descritos e explicitados anteriormente fazem parte da


formação de redes organizacionais do setor do agronegócio. E tratando-se do
conceito “rede”, conforme apontam Batalha e Silva (2001), um número relativamente
grande de de nições é apresentado, considerando que está presente em diversas
áreas, tais como teoria das organizações, pesquisa operacional, teoria da
comunicação, etc. Ainda, segundo os autores, de modo resumido, pode-se a rmar
que “redes de empresas” (redes organizacionais) têm como de nição “ser uma
estrutura de ligações entre atores de um sistema qualquer” (BATALHA e SILVA, 2001,
p. 52).

O processo de aglomeração é um pressuposto inicial para uma futura formação de


um arranjo produtivo local (rede de atores). Conforme apontam Brito et al., 2010, “a
aglomeração é necessária, mas não su ciente para a existência de um arranjo
produtivo local”. Ainda, segundo Brito et al., 2010, para que se tenha um arranjo
produtivo, é preciso a presença de empresas dos demais elos da cadeia produtiva da
atividade econômica, instalados no local.

Na formação de redes organizacionais, torna-se muito comum a presença da


cooperação entre os diferentes atores. Entretanto, existem diferentes tipos de
cooperação, dentre elas pode-se citar: cooperação horizontal e cooperação vertical.

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Cooperação horizontal: é o tipo de cooperação que apresenta relações de
cooperação entre concorrentes, ou seja, empresas (organizações) que atuam em
um mesmo segmento.

Figura 1 – Rede horizontal de cooperação

Fonte: GALVÃO (2014).

Cooperação vertical: é o tipo de cooperação que apresenta relações de


cooperação entre a empresa com fornecedores, distribuidores ou prestadores
de serviço, ou seja, esse tipo de cooperação ocorre nas relações dadas na cadeia
produtiva.

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Figura 2 – Rede vertical de cooperação

Fonte: GALVÃO (2014).

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Caso queira aprofundar seu conhecimento em redes organizacionais, veja o
livro da autora Franciani Fernandes Galvão, intitulado Empreendedorismo e
Redes de Cooperação.

Acesse: Disponível aqui

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03

Arquitetura e
tipologia de redes
Organizacionais
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Olá, querido aluno!

A terceira aula da disciplina de Arranjos Produtivos será sobre arquitetura de redes e,


na sequência, serão vistos os diferentes tipos existentes de redes organizacionais.

Relembrando o conceito de redes, descrito na aula anterior, de modo geral, pode-se


a rmar que “redes organizacionais”, ou ainda, mencionadas como “rede de empresas”
possuem uma “estrutura de ligações entre atores de um sistema qualquer” (BATALHA
e SILVA, 2001, p. 52). Outro ponto importante que deve ser mencionado é que a
quantidade existente de estudos sobre “redes” é inúmera, envolvendo diversos
conceitos teóricos e com diferentes abordagens quanto a classi cações e tipologias.

Arquitetura de Redes
Mediante o conceito apresentado de redes organizacionais, é importante entender os
tipos existentes de arquitetura dessas redes. Porém, primeiramente, é preciso
compreender que a Teoria de Redes está presente em diferentes áreas, como a
sociologia, antropologia, psicologia, biologia, tecnologia da informação, empresarial,
etc. No campo empresarial, tem como pressupostos os processos de interação,
relacionamento, ajuda mútua, compartilhamento, integração e complementariedade.
A seguir, na Figura 1 é ilustrada a divisão da Teoria de Redes. É interessante observar,
nessa gura, a divisão da arquitetura das redes em intraorganizacionais,
interorganizacionais e intrapessoais, com destaque para a arquitetura
interorganizacional,  que ocorre na relação entre as organizações.

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Figura 1 – Conceito de Redes em uma perspectiva organizacional

Fonte: Adaptado de Nohria e Eccles (1992) apud Cândido e Abreu (2000).

Neste emaranhado de de nições, as diferenças conceituais entre as redes


intraorganizacionais, interorganizacionais e intrapessoais são as seguintes:

Redes intraorganizacionais: são aquelas que são formadas por atores


presentes no ambiente interno (“intra”) da organização, como, por exemplo,
indivíduos responsáveis que atuam em conjunto dentro da organização; 

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Redes interorganizacionais: são aquelas que são formadas entre diferentes
organizações, podendo variar em função do ambiente e as variáveis que o
compõem (pessoas, tecnologia, estrutura organizacional etc.) no âmbito de
atuação da organização; 

Redes intrapessoais: são redes que têm por objetivo fazer uma análise dos
indivíduos que estão na organização. 

Como observado na Figura 1, existem nas redes interorganizacionais a formação de


diferentes tipos de redes e alianças. Na formação de redes, existem os tipos: I)
Flexíveis de Pequenas e Médias Empresas (PME’s); II) Redes de Inovação; III) Redes de
Relacionamento; IV) Redes de Informação; V) Redes de Comunicação e VI) Redes de
Pesquisa. Destaca-se que, em muitos casos, esses diferentes tipos de redes que
atuam ao mesmo tempo, ou seja, em paralelo nas relações entre as organizações.
Além da arquitetura de redes organizacionais, estas redes podem possuir diferentes
tipos, variando de acordo com seu contexto de atuação.

Tipologias de Redes
Tratando-se dos tipos de redes existentes no campo organizacional, é possível a rmar
que existe uma quantidade consideravelmente grande de conceitos construídos ao
longo dos anos na literatura. A seguir, no Quadro 1, são apresentados diferentes
autores que descrevem diferentes tipologias e sub-tipologias utilizadas em seus
trabalhos.

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Autor Tipologia

Grandori Redes sociais: simétricas e assimétricas Redes burocráticas:


e Soda simétricas e assimétricas Redes proprietárias: simétricas e
(1995) assimétricas

Casarotto
Redes top-down: subcontratação, terceirização, parcerias Redes
e Pires
exíveis: consórcios
(1998)

Estrutura modular: cadeia de valor e terceirização das atividades


Wood Jr.
de suporte Estrutura Virtual: liga temporariamente rede de
e Zu o
fornecedores Estrutura livre: de barreiras, de ne funções, papéis,
(1998)
tarefas

Rede estratégica: desenvolve-se a partir de uma empresa que


Corrêa controla todas as atividades Rede Linear: cadeia de valor
(1999) (participação são elos) Rede dinâmica: relacionamento intenso e
variável das empresas entre si

Porter Cluster: concentração setorial e geográ ca de empresas.


(1998) Caracterizado pelo ganho de e ciência coletiva.

Empresa virtual: pontos de vista institucional e funcional


Institucional: combinação das melhores competências essenciais
Bremer
de empresas legalmente independentes Funcional: concentração
(1996)
em competências essenciais coordenadas através de uma base de
tecnologia de informação

Quadro 1 – Tipologias de Redes Organizacionais


Fonte: Adaptado de Olave e Neto (2005) apud Costa Júnior (2019).

Destaca-se, portanto, a enorme variação existente quanto ao conceito de redes no


campo organizacional. Para esta disciplina de Arranjos Produtivos, o conceito de rede
está intimamente ligado ao processo de interdependência existente entre as
organizações (atores), favorecendo o desenvolvimento local.

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Rede com foco em
Desenvolvimento Local
Redes organizacionais que possuem como foco o desenvolvimento local, ou
simplesmente denominadas “Redes de Desenvolvimento Local”, são aquelas que
abrangem vários atores de caráter social e institucional (órgãos governamentais,
centros tecnológicos, instituições sociais etc.), e se utilizam da cooperação para que
ocorra uma sinergia local, tendo como intuito alcançar objetivos comuns que gerem
ganhos coletivos e individuais (OLIVEIRA, 2001).

Relacionando tal de nição com o setor do Agronegócio, temos os Arranjos Produtivos


Locais como objetivos não somente como fortalecimento das organizações que os
compõem, mas também para a presença do processo de desenvolvimento local da
região em que atua. A relação entre Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento
Local será visto com maior profundidade no capítulo 13, deste livro.

Como exemplo prático de redes com foco em desenvolvimento local, assista


ao vídeo que apresenta  “Redes de Desenvolvimento Local em Cascavel”.

Acesse o link: Disponível aqui

Nesse contexto, estão presentes também as redes políticas. De acordo com Malagolli
(2010, p. 14), rede política pode ser considerada como sendo um “conjunto de
relacionamentos relativamente estáveis, que não são hierárquicos e que possuem
uma natureza interdependente, que liga uma variedade de atores que compartilham
interesses comuns no que diz respeito a uma política [...]”.

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Para Paulillo (2002), a rede política é uma construção social e política que é dada por
meio de relações complexas entre diferentes organizações e que são dependentes de
vários recursos, tais como, regras, reputação, controle, informação, legitimidade,
cooperação, agilidade, entre outros.

Como exemplo prático de rede política, leia o artigo “Mobilização política e


rede de interesses na produção calçadista de Jaú”, publicado em 2013 na
Revista Gestão & Produção pelos autores Guilherme Augusto Malagolli e Luiz
Fernando de Oriani Paulillo. Este trabalho é um estudo de caso, que
apresenta a relevância da análise do APL do setor calçadista do município de
Jaú, interior do Estado de São Paulo, a partir de dados levantados em
pesquisa de campo.

Fonte: Disponível aqui

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04

Conceito de Arranjo
Produtivo Local (APL) e
Evolução Conceitual
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Olá, querido aluno!

Será iniciada, nesta quarta aula, a abordagem sobre o ponto principal desta disciplina:
Arranjos Produtivos. Denota-se que o termo “Arranjos Produtivos” pode ser
encontrado na literatura, muitas vezes como “Arranjo Produtivo Local” (APL) ou em
seu plural “Arranjos Produtivos Locais” (APLs). Nesta aula, serão abordados os
seguintes tópicos: I) Conceito de APL e II) Evolução Conceitual.

Conceito de Arranjo Produtivo


Local (APL)
Como já descrito na primeira aula desta disciplina, um “Arranjo Produtivo Local” (APL),
refere-se ao conglomerado de organizações e empreendimentos situado em uma
mesma localidade e que possui uma especialização produtiva. Contudo, como já
explanado na segunda aula, apenas uma aglomeração de organizações com
especialização produtiva e em um mesmo espaço geográ co não é su ciente para a
existência de um arranjo produtivo. Para que se tenha um arranjo produtivo, é
preciso a presença de empresas dos demais elos da cadeia produtiva da atividade
econômica, instalados no local.

Assista a um pequeno vídeo que complementa os conceitos apresentados


sobre Arranjo Produtivo Local (APL).

Acesse o link: Disponível aqui

29
É importante compreender e destacar a diferença entre um cluster produtivo e um
Arranjo Produtivo Local (APL). No cenário internacional, estes termos são
frequentemente confundidos. O cluster produtivo refere-se à concentração de
negócios (empresas ou indústrias) de uma mesma área produtiva. No entanto, apesar
de alguns pontos positivos, como, melhores relações de comunicação, mão de obra
especializada, entre outros, o sucesso dos clusters são altamente dependentes do
mercado em que atuam.

Por outro lado, o conceito de APL apresenta-se com um nível mais robusto em termos
de desenvolvimento econômico, pois é dinamicamente alocado em diferentes áreas
produtivas. Muitas vezes, tem-se a presença de uma atividade de maior
predominância no APL. Contudo, o nível de dependência dos atores que formam o
APL em função da atividade é menor. Isso ocorre, visto que tais atores também se
relacionam com outras atividades.

De modo geral, quando se menciona o termo “sistema produtivo”, de uma cultura


qualquer, muitas pessoas tendem a imaginar as etapas de uma cadeia produtiva, na
qual se tem uma visão de uma linha de produção, partindo dos insumos, passando
pela produção na propriedade rural, indústria, atacado/varejo, até a chegada do bem
ou serviço para o consumidor nal. Nesse contexto de “sistema produtivo”,
observando de modo mais profundo, temos o APL, que engloba, além dessa linha de
produção, outros atores relevantes, como, por exemplo, instituições nanceiras,
universidades, associações, entre outros.

Além disso, tem-se um vislumbre mais abrangente na conceituação de APL,


observando-o como uma interação entre a sociedade e diferentes organizações no
processo produtivo, gerando emprego, renda e inovação. Nesse sentido, visualizar a
presença de APLs na sociedade, torna-se necessário à medida que esse tipo de
visualização pode in uenciar o processo de tomada de decisão de um gestor, no
ambiente de uma agroindústria.

Em um processo produtivo, durante qualquer elo da cadeia, por exemplo, muitas


vezes, tornam-se necessárias tomadas de decisões pelos seus gestores em função do
aumento da produção. Imagine, portanto, uma tomada de decisão para o aumento de
produção, mas sem espaço para comercialização dessa produção acrescida ou, ainda,
para um aumento de produção, em que não foi veri cada a disponibilidade de
matéria-prima su ciente ou, uma falta de nanciamento para a execução de tal
atividade. Assim, a compreensão do sistema, como um todo, é de extrema
importância, na gestão das organizações envolvidas nesse contexto.

30
Nessa linha, o sucesso de um empreendimento possui forte dependência do APL em
que está envolvido. Em muitas situações, para que uma organização consiga expandir
seu nível de produção, ou ainda, aumentar sua produtividade, é preciso de sua
atuação em conjunto com os demais atores do processo produtivo. Em outras
palavras, tem-se que a organização depende da estrutura produtiva (fornecedores,
clientes, bancos etc.) em que está inserida para aumentar sua capacidade produtiva
ou produtividade.

Ainda se tratando sobre a conceituação de APL, existem quatro dimensões centrais


para a formação e caracterização de um Arranjo Produtivo Local: 

1. Dimensão territorial (onde ocorrem as interações entre as organizações), a qual


está ligada a estratégia de desenvolvimento em nível local;
2. Dimensão social, tendo em vista que as organizações buscam esse processo de
interação entre si, para alcançar benefícios de forma conjunta para todos os
envolvidos;
3. Composição de diversas atividades e atores (organizações, associações,
instituições governamentais, instituições nanceiras, instituições de pesquisa e
desenvolvimento, instituições de ensino, entre outros);
4. Dimensão da inovação, a qual ocorre a partir da geração de conhecimento dos
aprendizados entre as organizações que compõem o APL.

Para a Abordagem Prática desta aula, leia o artigo: “Negociação, Cooperação


e Desenvolvimento Local sob uma Perspectiva Sistêmica – Um Estudo de
Caso no Arranjo Produtivo Local de Fruticultura de Jaíba-MG”, publicado
pelos autores Márcia Freire de Oliveira e Dante Pinheiro Martinelli, no ano
de 2014, pela Revista Desenvolvimento em Questão. Este artigo apresenta
que a partir de ações de cooperação realizadas no APL, houve contribuições
para o desenvolvimento local do APL, como: redução de custos e melhoria
da tecnologia de produção; conquista de novos clientes e ampliação de
mercado; capacitação de recursos humanos e melhoria de aspectos
ambientais.

Fonte: Disponível aqui

31
Evolução Conceitual de
Arranjo Produtivo Local (APL)
Como já discutido em aulas anteriores, existem diferentes conceitos no que se refere
aos processos produtivos no contexto do agronegócio. Dentre os diversos conceitos, é
possível citar: Aglomeração de Empresas (Clusters); Distrito Industrial; Zona Industrial
e Arranjo Produtivo Local (APL).

Considera-se um dos precursores desta linha de estudo o economista Alfred Marshall


(1842-1924), que analisava a concentração de organizações em um mesmo espaço
territorial, denominando-se, atualmente, como clusters, aglomerações de empresas ou
distritos industriais.

No Brasil, o conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) se dá início a partir de


discussões acadêmicas e também da observação de experiências internacionais
(distritos industriais italianos e americanos) com desdobramentos para a formulação
de políticas públicas de desenvolvimento territorial.

Denota-se que existem algumas divergências na literatura sobre o conceito de APL.


Nos conceitos, estão presentes muitos pontos similares, como: a presença da
dimensão territorial, da diversidade de atores, da inovação, entre outros. Porém, por
outro lado, dentre os pontos de diferenças, destaca-se uma linha teórica, com alguns
autores, que apontam que o APL se trata de “casos fragmentados e que não
apresentam signi cativos vínculos entre os atores de interação, cooperação e
aprendizagem, que são essenciais para a geração e mobilização de capacitações
produtivas e inovativas” (SOERGER, OLIVEIRA e CARNIELLO, 2014, p. 283). A seguir, a
Figura 1 apresenta uma ilustração sobre essa corrente teórica para Arranjo Produtivo
Local (APL).

32
Figura 1 – Representação de um Arranjo Produtivo Local (APL)

Fonte: Zapata, Amorin e Arns (2007).

Esta linha aponta, ainda, para a existência de um Sistema Produtivo Local (SPL). Para
esta corrente teórica, o SPL possui o mesmo conceito de APL, porém com vínculos
mais fortes de interdependência, gerando “interação, cooperação, aprendizagem,
inovações, maior competitividade territorial e capacitação social” (SOERGER, OLIVEIRA
e CARNIELLO, 2014, p. 284). A seguir, na Figura 2, é apresentada uma ilustração de
SPL. É importante salientar que esta é uma linha teórica seguida por alguns autores,
não sendo amplamente utilizada.

33
Figura 2 – Representação de um Sistema Produtivo Local (SPL)

Fonte: Zapata, Amorin e Arns (2007).

Nesse sentido, conforme essa linha teórica apresentada, o SPL pode ser considerado
como sendo um avanço de um APL, conforme é ilustrado na Figura 3, a seguir.
Ressalta-se, conforme apontam Soerger, Oliveira e Carniello (2014, p. 285), que “os
conceitos de Aglomerações Industriais (Clusters), Arranjo Produtivo Local (APL) e
Sistema Produtivo Local (SPL) são utilizados como sinônimos, notadamente apesar de
serem parecidos, são diferentes em sua forma de atuação”. Ainda, segundo estes
autores, para se caracterizar como APL ou SPL, é necessário avaliar o nível de
intensidade entre os atores envolvidos e a densidade produtiva.

34
Figura 3 – Evolução de um APL para um SPL (inter-relacionamento, interdependência,
articulação, cooperação)

Fonte: Zapata, Amorin e Arns (2007).

Para gabaritar o conteúdo desta aula, acesse o site, que apresenta diversas
informações acerca do conceito de Arranjos Produtivos Locais no Brasil.
Assista também ao vídeo produzido pelo Ministério da Economia, Comércio
Exterior e Serviços sobre APL.

Fonte: Disponível aqui

35
05

Distribuição Geográfica de
arranjos produtivos locais
no Brasil
36
Olá, querido aluno!

Nesta aula, re etiremos sobre como estão distribuídos os Arranjos Produtivos Locais,
no Brasil. Pautaremos-nos na divisão dos APLs por macrorregião e por unidades da
federação (estados). Também trataremos das principais instituições que atuam com
APLs no país, apresentando as principais regiões e atividades de atuação.

Divisão Macrorregional e
Estadual de APLs no Brasil
O Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (anterior Ministério
da Indústria e Comércio Exterior e Serviços - MDIC) criou um Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), no ano de 2004, sendo
composto por 34 instituições governamentais e não governamentais (MINISTÉRIO DA
ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS, 2020).

Com relação às atribuições do GTP APL, estão: i) Identi car os arranjos produtivos
locais existentes no país; ii) De nir critérios de ação conjunta governamental para o
apoio e fortalecimento de arranjos produtivos locais, respeitando as especi cidades
de atuação de cada instituição e estimulando a parceria, a sinergia e a
complementaridade das ações; iii) Propor modelo de gestão multissetorial para as
ações do Governo Federal no apoio ao fortalecimento de arranjos produtivos locais;
iv) Construir um sistema de informações para o gerenciamento das ações a que se
refere a alínea anterior; e v) Elaborar um Termo de Referência que contenha os
aspectos conceituais e metodológicos relevantes atinentes ao tema de trabalho
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS, 2020).

Ainda, segundo dados do Ministério, o Brasil possui um total de 677 Arranjos


Produtivos Locais divididos em 59 setores produtivos. Na Figura 1, é possível observar
a quantidade de APLs em cada macrorregião do país.

37
Figura 1 – Distribuições de Arranjos Produtivos Locais pelo Brasil em 2015

Fonte: Adaptado de Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços


(2020).

Visite a página do Observatório Brasileiro de Arranjo Produtivo Local para


saber mais sobre a distribuição geográ ca e outras informações de APLs no
Brasil.

Acesse o link: Disponível aqui

Na Tabela 1, a seguir, pode-se observar a quantidade de empresas e empregos


diretos gerados no APLs.

38
Região Empresas Empregos Diretos

Brasil 291.498 3.051.244

Sul 36.663 661.420

Sudeste 85.305 1.345.686

Centro-oeste 79.848 536.356

Nordeste 41.373 678.294

Norte 48.309 409.764

Tabela 1 – Quantidade de empresas e empregos diretos gerados por APLs no Brasil


Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados do Ministério da Economia, Indústria,
Comércio Exterior e Serviços (2020).

Para a Abordagem Prática desta aula, veja o arquivo “Rotas de Integração


Nacional”, elaborado pela REDESIST junto ao Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este trabalho realiza um
mapeamento dividido em macrorregiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste,
Nordeste e Norte) de Arranjos Produtivos Locais distribuídos pelo Brasil, em
função das rotas que cada tipo de atividade econômica possui.

Fonte: Disponível aqui

39
Instituições De nição Projetos existentes ou previstos

Um APL deve ter um


número signi cativo de
empreendimentos no
território e de
indivíduos que atuam
Juazeiro/Petrolina (fruticultura irrigada), Araripina
MDIC – Ministério em torno de uma
(gesso), Brasília (confecções), Cachoeiro do Itapemirim
do atividade produtiva
(rochas ornamentais), Caxias do Sul (metal-mecânico),
Desenvolvimento, predominante e que
Franca (calçados masculinos), Jaraguá (confecções),
Indústria e compartilhem formas
Nova Friburgo (confecções moda íntima),
Comércio percebidas de
Paragominas (móveis), Ubá (móveis) e Apucarana
Exterior cooperação, além de
(confecções bonés).
algum mecanismo de
governança. Pode
incluir pequenas,
médias e grandes
empresas.

Os Arranjos Produtivos
Locais são redes de
SEBRAE Nacional
empresas que operam Polo moveleiro em Paragominas - PA, o distrito
– Serviço
em uma determinada calçadista de Campina Grande - PB, o polo de moda
Brasileiro de
área geográ ca e íntima em Nova Friburgo – RJ, o polo de confecções e
Apoio a Micro e
colaboram para artesanato de Tobias Barreto – SE, Polo de
Pequenas
conseguir maior horticultura do Agreste – AL.
empresas
e ciência e
competitividade.

Arranjos Produtivos
Locais são
aglomerações de
empresas localizadas
em um mesmo Jaú (Calçados femininos), Birigui (calçados infantis),
território, que Franca (calçados masculinos), Porto Ferreira
apresentam (cerâmica), Ibitinga (artigos de cama, mesa e banho),
especialização Tabatinga (confecções de bicho de pelúcia e enxoval),
produtiva e mantêm Novo Horizonte (confecções), Cerquilho/Tietê
SEBRAE/SP
vínculos de articulação, (confecção infantil), S.J. do Rio Preto (equipamentos
interação, cooperação médico-odontológicos), Limeira (folheados), ABC
e aprendizagem entre (metal-mecânico, móveis e plásticos), Itatiba e
si e com outros atores Mirassol (móveis), região de Americana (têxtil e
locais, tais como: confecção).
governo, associações
empresariais,
instituições de crédito,
ensino e pesquisa.

40
FIESP – Federação Uma concentração Ibitinga (confecções), Mirassol (móveis), Limeira
das Indústrias do espacial e setorial de (bijuterias), Vargem Grande do Sul, Tambaú, Tatuí e
Estado de São empresas e instituições Itu (cerâmica Vermelha), e São José do Rio Preto
Paulo que se inter- (joias).
relacionam, dando
uma característica
dinâmica própria de
uma determinada
região.

Os Arranjos Produtivos
Locais (APLs) se Americana (têxtil e confecções), Birigui (calçados
caracterizam por ser infantis), Cerquilho/Tietê (confecções), Diadema
uma concentração (cosméticos), Franca (calçados masculinos), Grande
geográ ca de um ABC (transformados plásticos e metal-mecânico),
número signi cativo de Holambra ( ores), Ibitinga (bordados de cama, mesa e
Secretaria de empresas, banho), Itu (cerâmica vermelha), Jaú (calçados
Desenvolvimento principalmente femininos), Limeira (semijoias), Mirassol (móveis),
do Estado de São pequenas e médias, de Panorama (cerâmica vermelha), Piracicaba (cadeia do
Paulo um mesmo setor ou etanol), RM de São Paulo (móveis), Ribeirão Preto
mesma cadeia (equipamentos médico-odontológicos), Santa Cruz do
produtiva, que mantêm Rio Pardo (couro e calçados), São José do Rio Preto
algum vínculo de (joias de ouro), São José dos Campos (aeroespacial),
cooperação entre si e Tabatinga (artefatos têxteis/pelúcias), Tabatinga, Tatuí
com outros agentes e Vargem Grande do Sul (cerâmica vermelha).
públicos e privados.

41
Instituições De nição Projetos existentes ou previstos

É caracterizada por ter um


número signi cativo de Aquicultura (norte de Minas Gerais, oeste da
empreendimentos no Bahia, lago de Sobradinho, lago de Itaparica,
território e de indivíduos baixo São Francisco, centro-sul e oeste do Piauí),
Codevasf –
que atuam em torno de uma Apicultura (Norte de Minas, Ibotirama/BA,
Companhia de
atividade produtiva Araripe/Moxotó/S. Francisco/PE, Juazeiro/BA,
Desenvolvimento
predominante, que Baixo S. Francisco em Sergipe e Alagoas, Piauí),
do Vale do Rio
compartilhem formas Ovino-caprinocultura (Norte de Minas, oeste da
São Francisco e
percebidas de cooperação e Bahia, microrregião de Juazeiro/ BA, Pajeú/ S.
Parnaíba
algum mecanismo de Francisco/Araripe/PE, Sertão sergipano e
governança e podendo alagoano, Piauí), Bovinocultura (Brasilândia) e
incluir pequenas, médias e Fruticultura (polo Petrolina e Juazeiro).
grandes empresas.

São aglomerações de
empresas localizadas em um
Macrorregião Sul: TI-Tecnologia da Informação,
mesmo território, que
Malharia Retilínea, Móveis e Laticínios,
apresentam especialização
Macrorregião Leste: Móveis, Suinocultura,
produtiva e mantêm algum
Confecção e Aço Inox, Macrorregião Centro:
vínculo de articulação,
SEBRAE/MG Calçados, Confecção, Fogos de Artifício, Rochas
interação, cooperação e
Ornamentais, Petróleo e Gás e Fundição,
aprendizagem entre si e
Macrorregião Oeste: Cerâmica, Fruticultura,
com outros atores locais tais
Confecção e Aço Inox, Macrorregião Norte:
como governo, associações
Fruticultura, Cachaça e Gemas e Joias.
empresariais, instituições de
crédito, ensino e pesquisa.

Estado do Paraná: Apucarana (bonés),


Arapongas (móveis), Cascavel/Toledo
(equipamentos e implementos agrícolas), Campo
IEL – Instituto
Termo que se usa para Mourão (equipamentos médico-odontológicos),
Euvaldo Lodi
de nir uma aglomeração de Cianorte (confecções), Curitiba (equipamentos
(Sistema FIEP -
empresas com a mesma médico-odontológicos), Imbituva (malhas),
Federação das
especialização produtiva e Loanda (metais sanitários), Londrina (softwares),
Indústrias do
que se localiza em um Paranavaí (mandioca), Ponta Grossa (móveis de
Estado do
mesmo espaço geográ co. metal), R.M. Norte de Curitiba (cal e calcário),
Paraná)
Sudoeste do Paraná (confecções), Terra Roxa
(confecção infantil), União da Vitória (madeira e
esquadrias).

Rede Baiana de São caracterizados por uma Confecções (Salvador), Rochas ornamentais
APLs estreita cooperação entre (Ourolândia), Ferramentaria (Região
(Interinstitucional, governo, universidades, metropolitana de Salvador), Cachaça (Abaíra-
envolvendo órgãos de pesquisas, órgãos Chapada da Diamantina), Flores (Maracás),
Secretarias de nanciamento, centros Plásticos (RMS - Polo de Camaçari), Sisal
estaduais, de treinamento e apoio (Valente), Cerâmica Estrutural (Alagoinhas).

42
Fapesb, Sebrae, administrativo, todos em
Desenbahia e IEL) torno das empresas, na
busca de resultados
concretos que visam à
geração de renda, emprego
e consequentemente à
melhoria das condições de
vida da população.

São aglomerações
territoriais de agentes
Acre (Indústrias Florestais-Xapuri), Amazonas
econômicos, políticos e
(Floricultura-Manaus), Pará (Floricultura e Círio
sociais, com foco em um
de Nazaré), Maranhão (Turístico - S. Luís), Piauí
conjunto especí co de
(Apicultura), Ceará (Pingo d’água, Ovino-
atividades econômicas e que
caprinocultura, Turismo religioso-Juazeiro do
apresentam vínculos de
Norte), R. G. do Norte (Têxtil-Natal, Bordados-
interdependência.
Caicó), Paraíba (Coureiro-calçadista, confecções
Geralmente envolvem a
e S. João Campina Grande), Sergipe (Confecções
Redesist (Rede de participação e a interação de
Tobias Barreto), Bahia (Cacau-Sul baiano,
Pesquisa em empresas – que podem ser
Petróleo e Gás-Recôncavo, Confecções e TI),
Sistemas e desde produtoras de bens e
Goiás (Confecções-Jaraguá, Turismo Pirenópolis),
Arranjos serviços nais até
Mato Grosso do Sul (Mandioca Sul, Turismo-
produtivos e fornecedoras de insumos e
Bonito/Bodoquena), Minas Gerais
inovativos locais) equipamentos, prestadoras
(Automotivo/Fiat-Betim, Redes de inovação-
– Envolve de consultoria e serviços,
Grande BH, Calçadista-Nova Serrana, Moveleiro-
universidades e comercializadoras, clientes,
Ubá), Espírito Santo (Siderurgia, Madeira, Metal-
centros de entre outros – e suas
mecânico e Rochas ornamentais), Rio de Janeiro
pesquisa no variadas formas de
(Têxtil-confecções, Softwares, Música
Brasil- Sede no IE- representação e associação.
Conservatória, Rochas ornamentais), São Paulo
UFRJ Incluem também, diversas
(Móveis, Aeronáutico-S.J. dos Campos, Base
outras instituições públicas e
tecnológica - S. Carlos, Telecomunicações-
privadas voltadas para:
Campinas) Paraná (Soja, Inovação), Santa
formação e capacitação de
Catarina (Têxtil/ vestuário-Vale do Itajaí,
recursos humanos, como
Softwares - Joinville, Turismo-Florianópolis,
escolas técnicas e
Cerâmica-Criciúma) e Rio Grande do Sul (Vinho,
universidades; pesquisa,
Fumageiro, Moveleiro-Serras Gaúchas, Máquinas
desenvolvimento e
e implementos agrícolas).
engenharia; política,
promoção e nanciamento.

Quadro – Principais Instituições e Projetos de APLs no Brasil | Fonte: FUINI (2014).

43
Principais Instituições
atuantes em APLs no Brasil
Por se tratar de uma estratégia de desenvolvimento territorial, boa parte das
instituições que são responsáveis pelos estudos e atuação em APLs é de origem
governamental. Dentre as principais instituições governamentais que estão
envolvidas com APL, estão: o Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (anterior Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços - MDIC);
Secretaria do Desenvolvimento do Estado de São Paulo; Companhia de
Desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco e Parnaíba (CODEVASF); Rede de
pesquisa em sistemas e arranjos produtivos e inovativos locais (REDESIST), a qual
envolve universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro.

Também existem organizações do terceiro setor que possuem forte iniciativa no


âmbito de atuação em Arranjos Produtivos Locais. Entre essas organizações,
destacam-se: o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),
junto de suas unidades estaduais, com destaque para o SEBRAE/SP e o SEBRAE/MG; a
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Instituto Euvaldo Lodi
(IEL) do Paraná. Ainda há a Rede Baiana de APLs, a qual é formada parcialmente por
instituições governamentais e parcialmente por instituições do terceiro setor.

Destaca-se que cada uma dessas instituições apresenta uma de nição própria para
APL. No entanto, a seguir, no Quadro 1, podem ser observadas as de nições utilizadas
por cada uma das principais instituições mencionadas, junto de seus projetos
existentes e regiões de atuação.

44
Você poderá visualizar a geogra a dos APLs no Brasil com base no
levantamento de duas instituições, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) e do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
(MDIC), atual Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e
Serviços.

Fonte: Disponível aqui

45
06

Fontes de dados
abertos para o
Agronegócio
46
Olá, queridos alunos!

Nesta aula, trataremos de um ponto consideravelmente importante para o contexto de


Arranjos Produtivos Locais, bem como para o agronegócio de modo geral. Veremos
fontes de dados abertos para o agronegócio.

Na aula anterior, visualizou-se uma distribuição geográ ca de APLs espalhados pelo


Brasil. Contudo, pode-se fazer necessário em alguma situação, encontrar aglomerações
produtivas em um determinado território. Portanto, em diferentes situações para um
pro ssional do setor do agronegócio, pode ser necessário encontrar, por exemplo, o
nível de produção (área ou quantidade) de uma cultura (animal ou vegetal) em uma
determinada região (município, estado ou país), ou ainda, iniciar um processo de
identi cação de clusters produtivos para, em um momento posterior, identi car a
presença de um ou mais APLs em diferentes regiões, dentre diversos outros tipos de
pesquisas que podem ser úteis ou necessários para o delineamento de uma estratégia
pelo gestor em uma organização agroindustrial.

Em Arranjos Produtivos Locais (APLs), os dados são ferramentas importantes para


auxiliar no mapeamento e estratégias de desenvolvimento. Assim, primeiramente é
preciso compreender o que é “dado” e sua importância. Davenport (1998, p. 18)
apresenta a diferença de de nição entre dado, informação e conhecimento: 

Dado: são simples observações sobre o estado do mundo, são facilmente


estruturados, obtidos por máquinas, frequentemente quanti cados e facilmente
transferidos; 

Informação: são dados dotados de relevância e propósito, requer unidade de


análise, exige consenso em relação ao signi cado e necessariamente exige a
mediação humana; 

Conhecimento: é a informação valiosa da mente humana, inclui re exão, síntese e


contexto, além disso, é de difícil estruturação, transferência e captura em
máquinas, bem como é frequentemente tácito.

47
Figura 1 - Processo de construção do conhecimento

Fonte: Elaborado pelo autor com base no conteúdo de Davenport (1998, p. 18).

Explicado de outro modo, tem-se que um dado pode ser considerado como sendo uma
característica de um objeto, indivíduo ou situação, como, por exemplo, altura, sexo,
idade, peso, raça, temperatura, umidade etc. Já a informação é um conjunto de dados
presentes de forma organizada e que pode ser útil em alguma situação. O
conhecimento, por sua vez, trata-se de um conjunto de informações organizadas sobre
um assunto especí co, que em termos de gestão, pode vir a auxiliar no processo de
tomada de decisão de um gestor, independentemente do tipo de organização em que
atua.

Nessa linha de raciocínio, destaca-se que existem dois tipos de caracterização de dados:
dados de origem primária e dados de origem secundária. Os dados de origem primária
são aqueles produzidos pelo próprio indivíduo, podendo ser, por exemplo, um
pesquisador ou um gestor. Nesse processo podem ser utilizados diferentes métodos de
coleta: questionário, formulários, entrevistas, entre outros.

Já os dados de origem secundária, por sua vez, são aqueles que são produzidos por uma
instituição ou outro indivíduo. Estes dados podem ser coletados a partir de publicações
de organizações públicas ou privadas, livros, artigos, websites, entre outros.

Destaca-se ainda que existem as plataformas (websites) de dados abertos. Denomina-se


desta forma, pois “dados abertos” remete-se para dados que podem ser acessados
livremente pelo público.

Ressalta-se que para um gestor, independentemente da sua área de atuação, podendo


ser no agronegócio ou não, torna-se necessária a utilização de dados (primários ou
secundários) como matéria-prima para a construção de conhecimentos. Esses

48
conhecimentos serão utilizados como uma ferramenta de tomada de decisão no
ambiente da organização.

No agronegócio, existem diversas plataformas de nível municipal, estadual, nacional e


internacional que disponibilizam dados abertos sobre diferentes rami cações do setor,
ou seja, dados de produção animal, vegetal, orestal, econômicos, populacional,
programas governamentais etc.

Visite e conheça a plataforma “DADOS DO AGRO”. Este website funciona como


um direcionador para diversas fontes de dados abertos, separado em
categorias de produção animal (por tipo de animal), produção vegetal (por tipo
de vegetal) e clima (por tipo de variável climática).

Acesse o link: Disponível aqui

A seguir, ilustra-se na Tabela 1, na Tabela 2 e na Tabela 3, uma lista com diferentes


fontes de dados abertos para o agronegócio. Foi realizada a divisão em três tabelas,
visando apresentar uma divisão de fontes governamentais nacionais (Tabela 1), fontes
internacionais (Tabela 2) e fontes do terceiro setor (Tabela 3). Essas fontes podem ser
úteis em um contexto de Arranjos Produtivos Locais, ou ainda, na atuação no setor do
agronegócio de modo geral.

49
FONTES DE DADOS ENDEREÇO ELETRÔNICO PRINCIPAL

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e


http://www.anp.gov.br/
Biocombustíveis [ANP]

Centro de Estudos Avançados em Economia


Aplicada – Escola Superior de Agricultura
https://www.cepea.esalq.usp.br/
“Luiz de Queiroz” – Universidade de São
Paulo [CEPEA/ESALQ/USP]

Centro de Tecnologia Canavieira [CTC] https://ctc.com.br/

Centro de Referência da Pecuária Brasileira http://www.zebu.org.br/

Companhia Nacional de Abastecimento


https://www.conab.gov.br/
[CONAB]

Empresa Brasileira de Pesquisa


https://www.embrapa.br/
Agropecuária [EMBRAPA]

Instituto Nacional de Meteorologia [INMET] http://www.inmet.gov.br/

Ministério da Agricultura, Pecuária e


http://www.agricultura.gov.br/
Abastecimento [MAPA]

Monitoramento da Cana-de-Açúcar via


http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/index.html
imagens de satélite [CANASAT]

Portal Brasileiro de Dados Abertos http://dados.gov.br/

Sistema IBGE de Recuperação Automática


[SIDRA] do Instituto Brasileiro de Geogra a e https://sidra.ibge.gov.br/
Estatística [IBGE]

Tabela 1. Fontes de dados governamentais ligados à agropecuária | Fonte: Elaborado pelo autor.

50
ENDEREÇO ELETRÔNICO
FONTES DE DADOS
PRINCIPAL

Food and Agriculture Organization of the United Nations [FAO] –


Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a http://www.fao.org/
Agricultura

NASA Prediction of Worldwide Energy Resources [POWER] -


https://power.larc.nasa.gov/
Previsão De Recursos Energéticos Mundiais

United States Department of Agriculture [USDA] – Departamento


https://www.usda.gov/
de Agricultura dos Estados Unidos

Tabela 2. Fontes de dados mundiais ligados à agropecuária| Fonte: Elaborado pelo autor.

51
ENDEREÇO ELETRÔNICO
FONTES DE DADOS
PRINCIPAL

Associação Brasileira de Proteína Animal [ABPA] http://abpa-br.com.br/

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos [ABCS] http://www.abcs.org.br/

Associação Brasileira dos Criadores de Zebu [ABCZ] http://www.abcz.org.br/

Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada


https://abimci.com.br/
Mecanicamente [ABIMCI]

Associação Brasileira da Indústria de Café [ABIC] http://abic.com.br/

Associação Brasileira da Indústria do Arroz [ABIARROZ] http://abiarroz.com.br/

Associação Brasileira da Indústria do Trigo [ABITRIGO] http://www.abitrigo.com.br/

Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas


http://www.abimapi.com.br/
Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados [ABIMAPI]

Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em


https://abisolo.com.br/
Nutrição Vegetal [ABISOLO]

Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas


http://www.abcsem.com.br/
[ABCSEM]

Associação Brasileira dos Produtores de Algodão [ABRAPA] https://www.abrapa.com.br/

Associação Brasileira dos Produtores de Milho [ABRAMILHO] https://www.abramilho.org.br/

   

Associação dos Resinadores do Brasil http://www.aresb.com.br/

Centro Pinus https://centropinus.org/

União da Indústria de Cana-de-Açúcar [UNICA] https://www.unica.com.br/

Tabela 3. Fontes de dados de órgãos do terceiro setor ligados à agropecuária| Fonte: Elaborado
pelo autor.

52
Destaca-se que existem muitas outras fontes de dados abertos para o setor. Aqui, foi
apresentada boa parte das principais fontes. Além das bases mencionadas com fontes de
dados abertos para o agronegócio em geral, lista-se a seguir, fontes de dados especí cas
para Arranjos Produtivos Locais (APLs).

ENDEREÇO
FONTES DE DADOS ELETRÔNICO
PRINCIPAL

Observatório Brasileiro de Arranjo Produtivo Local – Mapeamento observatorio

  Observatório Brasileiro de Arranjo Produtivo Local – Núcleos


observatorio
Estaduais

Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços mdic

Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES (Análise do


bndes
Mapeamento e das Políticas para APLs no Brasil)

Secretaria do Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio


seplag
(Alagoas)

Tabela 4 - Fontes de dados para Arranjos Produtivos Locais | Fonte: Elaborado pelo autor.

53
O governo federal possui uma plataforma denominada “AGROPENSA”, a qual
integra em uma única plataforma, diversas bases governamentais do próprio
governo, facilitando ao usuário o processo de levantamento de dados do setor.
Esse projeto foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) com o intuito de otimizar/facilitar a navegação e
busca de dados que estão disponíveis em diferentes plataformas do governo
federal. Essa plataforma pode ser acessada pelo endereço a seguir.

Acesse: Disponível aqui

Para gabaritar o conteúdo desta aula, não se esqueça dos seguintes pontos:

Dados funcionando como uma matéria-prima para a produção de


informação e conhecimento é de grande importância para um gestor no
processo de tomada de decisão nas organizações; 

Existe um emaranhado relativamente grande de fontes de dados abertos


ligados ao agronegócio; 
No contexto de Arranjos Produtivos Locais (APLs), os dados são
ferramentas importantes para auxiliar no mapeamento e estratégias de
desenvolvimento dos mesmos.

54
07

Aglomerações Produtivas
no Brasil: Características
Estruturais
55
Olá, querido aluno!

Nesta aula, falaremos sobre as características estruturais de aglomerações industriais


no país.

Esta aula utilizará como material de apoio o trabalho elaborado por Eduardo José
Monteiro da Costa, professor doutor do Programa de Pós-Graduação em Economia
da Universidade Federal do Pará (UFPA) em parceria com o governo federal e o
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP).

No trabalho elaborado pelo professor Eduardo Costa, foi realizada uma investigação
utilizando dados secundários, a partir de artigos, monogra as, pesquisas,
dissertações, teses, entre outros documentos. O intuito do projeto foi elaborar um
mapeamento, observando diversas informações sobre as características estruturais
dos APLs.

Remete-se para o termo “aglomerações” nesta aula e não para APLs, pois conforme
descreve COSTA (2010, p. 152), na literatura existe uma “[...] grande confusão
conceitual – principalmente a banalização do termo, a frequente confusão com
cadeias produtivas e a denominação de simples aglomerações produtivas como
sendo APLs consolidados [...]”. Assim, como há a presença de uma confusão
conceitual na literatura como relata COSTA (2010), o trabalho realiza um tipo de
análise considerando as características estruturais de aglomerados produtivos de
modo geral.

Nessa linha, esta parte da aula foi dividida em seis subtópicos para tratar das
diferentes características estruturais, sendo: I) Estrutura Geral; II) Local de Produção;
III) Aquisição de Matérias-Primas; IV) Vendas e V) Gestão de Empresas.

56
Estrutura Geral
Considerando a estrutura geral dos aglomerados produtivos no país, veri ca-se que
boa parte é formada por micro e pequenos empresários, não havendo a presença de
uma empresa âncora, ou seja, uma empresa responsável pelo dinamismo econômico
da região. Em geral, possuem uma importância grande para a economia local, pois
são responsáveis pela geração de grande parte de emprego e renda. Além disso, com
algumas exceções, há um signi cativo grau de informalidade das empresas, sendo os
principais aspectos contribuintes para esse fato: elevados encargos tributários e
sociais; baixo nível de produtividade; baixo nível de capitalização dos empresários;
burocracia excessiva no processo de legalização das empresas; pouco tempo de
atuação; falta de informação e interesse dos proprietários (COSTA, 2010).

Local de Produção
Em relação aos imóveis em que são realizadas as produções, boa parte é de imóveis
próprios. Porém, veri ca-se também que existe uma quantidade relativamente
grande das empresas que realizam a operação de sua atividade em locais
improvisados e/ou inadequados, considerando a produção. Entre os problemas que
tornam os locais improvisados e/ou inadequados, estão: acesso difícil; iluminação em
más condições; pisos inapropriados (di cultando a limpeza adequada do ambiente);
estruturas improvisadas com idade avançada, entre outros problemas (COSTA, 2010).

Aquisição de Matérias-Primas
Boa parte dos aglomerados brasileiros encontra-se em regiões com um alto nível de
matéria-prima disponível. Entretanto, existem di culdades no processo de aquisição.
Entre as principais di culdades estão: presença de intermediários; capital de giro
insu ciente; problemas com transporte; pouca qualidade; prazo para entrega da
matéria-prima; entre outras diferentes di culdades presentes em termos de aquisição
de matérias-primas (COSTA, 2010).

57
Para a abordagem prática desta aula, menciona-se o caso do Arranjo
Produtivo Local de bonés no município de Apucarana, localizado no estado
do Paraná. O município é considerado como a capital nacional do boné,
concentrando aproximadamente 200 empresas do setor, representando
cerca de 50% do mercado nacional. Dentre as vantagens competitivas deste
APL, está a relação próxima entre produtores e fornecedores de matérias-
primas junto à mão de obra quali cada, fazendo com que os custos
produtivos sejam abaixo da média do país (NESUR, 2003).

Vendas
O processo de vendas, conforme aponta Costa (2010), acontece em muitas situações
de maneira informal, não havendo contratos e, atendendo o mercado local e estadual,
principalmente. Segundo o autor, esse contexto decorre de diferentes fatores,
podendo estar entre eles: restrição mercadológica (por conta da existência de
produção informal); ausência de planejamento mercadológico para alcançar
diferentes mercados; ausência de capital para o investimento em melhoria de
processos e produtos; di culdades com a logística para entrega dos produtos aos
clientes; entre alguns outros fatores.

58
Gestão das Empresas
A gestão das organizações nessas aglomerações ocorre em sua maioria pelos
próprios proprietários das organizações. Nesse sentido, boa parte não possui
quali cações técnicas adequadas ou conhecimento técnico de gestão para realizar a
administração da empresa. Em geral, tem-se que o aprendizado da atividade deriva
de um processo de herança familiar, ou ainda, pela con guração produtiva da região
em que reside. Tal fato colabora para uma gestão não pro ssional da atividade,
gerando uma produção desorganizada, junto a problemas administrativos, dentre
outros pontos que podem vir a prejudicar o negócio (COSTA, 2010).

Para ter acesso, na íntegra, do conteúdo elaborado pelo professor Eduardo


José Monteiro da Costa, consulte o capítulo 5.3 – “Características Estruturais
de Aglomerações Produtivas Industriais do Brasil”, o qual faz parte do livro
“Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional”.

Acesse o link: Disponível aqui

Destaca-se que os itens descritos nesta aula, fazem menção para um mapeamento
feito a partir de estudos acadêmicos (artigos, monogra as, dissertações, teses e livros)
que retratam diferentes casos e situações de aglomerados produtivos. Salienta-se que
os pontos de di culdades e problemas descritos para esses aglomerados não
ocorrem exatamente de modo uniforme para todos, havendo problemas especí cos
de acordo com o tipo de aglomerado. Portanto, buscou-se aqui, considerando a
confusão conceitual presente na literatura, apresentada no início da aula em função
do termo “Arranjo Produtivo Local”, relatar uma situação geral das características
estruturais de aglomerados produtivos pelo Brasil, a partir do mapeamento feito no
trabalho do professor Eduardo Costa.

59
Para gabaritar o conteúdo desta disciplina, é importante compreender que o
“Arranjo Produtivo Local” é um conceito que vem sendo desenvolvido e
aplicado nos últimos anos, mas que ainda possui presente na literatura
(artigos, monogra as, dissertações, teses e livros) uma confusão conceitual,
apresentando diferentes de nições acerca do mesmo. Nessa linha, para
efeito de análise, quando observadas as características estruturais das
aglomerações industriais no país (os quais se encaixam também os APLs)
veri cou-se, neste capítulo, que ainda existem gargalos para serem sanados.
Contudo, destaca-se que existem muitos APLs consolidados que detêm
poucos ou nenhum gargalo, e ainda, que apesar dos problemas e
di culdades presentes nas aglomerações, em boa parte das situações,
torna-se positiva a presença delas para o desenvolvimento da região em que
estão instaladas.

60
08

Experiências Internacionais
em arranjos produtivos
locais (APLs)
61
Olá, querido aluno!

Nas aulas anteriores, tratamos da distribuição geográ ca de APLs e sobre


características estruturais de aglomerações produtivas no Brasil. Para esta aula,
veremos as experiências internacionais em termos de aglomerações produtivas. No
âmbito internacional, são vários países com experiências em aglomerações. E
também será focado no ponto de surgimento das experiências vivenciadas por alguns
países, incluindo o próprio Brasil em um primeiro momento, e em um segundo
momento, de países europeus (Espanha, França e Itália).

Experiência do Brasil
No Brasil, o termo Arranjo Produtivo Local (APL), começou a ser utilizado para fazer
referência a aglomerados produtivos mais estruturados, na década de 1990.

Fonte: Freepik.

A partir do nal da década de 1990, passaram a existir diversos incentivos, por meio
de diferentes políticas governamentais, para o estudo dos APLs. Nessa linha, passou-
se a incluir este assunto nas discussões governamentais, como, por exemplo, no
Plano Plurianual (PPA) entre os anos 2000-2003. Além disso, no ano de 2004, foi

62
constituído pelo governo federal um Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos
Produtivos Locais, que cou conhecido como GTP-APL. Este grupo demonstrou
grande importância ao liderar as questões pertinentes a APLs, no país, e foi
responsável por guiar as políticas governamentais para os APLs. A seguir, no Quadro
1, é demonstrado um resumo das políticas feitas para aglomerados no Brasil, no início
da década de 2000.

Brasil (2003)

- Desenvolvimento econômico; - Redução das desigualdades


sociais e regionais; - Inovação tecnológica; - Expansão e
Objetivos e modernização da base produtiva; - Crescimento do nível de
metas da emprego e renda; - Redução da taxa de mortalidade de micro e
política pequenas empresas; - Aumento da escolaridade e da
capacitação; - Aumento da produtividade e da competitividade; e
- Aumento das exportações.

- Crédito e nanciamento; - Governança e cooperação; -


Tecnologia e inovação; - Formação e capacitação; - Acesso aos
Focos de mercados nacional e internacional; - Fomento à atuação
atuação da sistêmica; - Fortalecimento de capacitações produtivas e
política inovativas; - Coesão com o desenvolvimento local; e -
Sustentabilidade econômica, política / institucional, social e
ambiental.

Aparato legal
- Portarias interministeriais; - Plano de desenvolvimento do APL;
e
e - Editais.
instrumentos

Estágio do
arranjo a ser - Arranjos já existentes.
apoiado

Quadro 1 - Análise das políticas para aglomerados no Brasil | Fonte: Adaptado de


TATSCH et al. (2015).

63
Existem diversos e diferentes eventos internacionais para a discussão e
avanço de aglomerações produtivas. Leia no site do Sebrae/SP, o caso do
APL de Apicultura Sustentável da região do Vale da Paraíba, que foi destaque
em uma conferência mundial na Itália.

Acesse o link: Disponível aqui

Experiência da Espanha
Na Espanha, a partir de 1990, surgiram as primeiras políticas do país para
aglomerados produtivos locais (TATSCH et al., 2015).

Fonte: Freepik.

64
Ainda, segundo Tatsch et al. (2015), em um primeiro momento, as iniciativas foram
realizadas por comunidades autônomas. Após esta primeira etapa, a partir de 1993, o
governo espanhol passou a atuar de forma mais frequente nas políticas voltadas
paras as aglomerações locais.

No Quadro 2, é demonstrado um resumo das políticas feitas para aglomerados na


Espanha a partir de 1990.

Espanha (1990)

- Favorecer a constituição e o fortalecimento dos agrupamentos


Objetivo e
empresariais desde que esses reúnam as características, as
metas da
nalidades e os requisitos de uma “agrupação empresarial
política
inovadora”.

- Fomento à iniciativa empreendedora e à criação de empresas; -


Melhoria do acesso a nanciamentos para empreendedores e
Focos de
pequenas e médias empresas; - Fomento ao crescimento e à
atuação da
competitividade; e - Cooperação institucional com as
política
comunidades autônomas, órgãos e agentes relacionados com o
apoio às pequenas e médias empresas.

Aparato legal
e - Projetos
instrumentos

Estágio do
arranjo a ser - Aglomerados já existentes e novos.
apoiado

Quadro 2 - Análise das políticas para aglomerados na Espanha| Fonte: Adaptado de


TATSCH et al. (2015).

65
Experiência da França
Na França, assim como na Espanha, também na década de 1990, as ações de políticas
públicas para aglomerações produtivas tiveram início (TATSCH et al., 2015).

Fonte: Freepik.

O termo mais utilizado neste país para se remeter aos aglomerados é o de “Sistema
Produtivo Local” (SPL), conforme apresentado no quarto capítulo deste livro. No nal
desta década, mais precisamente em 1998, o governo francês implementou medidas
para fortalecer os SPLs presentes no país (TATSCH et al., 2015).

Em uma primeira fase, criou-se um edital para escolha dos projetos que seriam
contemplados com o auxílio governamental. A política adotada pelo governo atingiu
96 SPLs, os quais eram caracterizados pela presença de uma produção especializada
de algum bem ou serviço em um mesmo território. Após esta fase, as políticas
passaram por desdobramentos, sendo feitas análises dos resultados anteriores e
formulando novos trabalhos a partir disso (TATSCH et al., 2015).

O Quadro 3 mostra um resumo das políticas para aglomerados na França a partir de


1998.

66
França (1998)

Objetivo e - Estimular a atuação coletiva no mercado; - Aumentar a


metas da produtividade; - Inovação; - Diversi cação produtiva; e - Acesso a
política novos mercados.

- Polos de competitividade (parceria entre ciência e indústria); -


Focos de
Gestão de competências; - Atração e instalação de empresas
atuação da
estrangeiras; - Proteção de propriedade intelectual; Inteligência
política
econômica; e - Maior uso do nanciamento privado.

Aparato legal
- Editais; - Projetos; - Fundo único interministerial; - Isenções
e
scais; e - Créditos de intervenção.
instrumentos

Estágio do
arranjo a ser - Sistemas já existentes e novos.
apoiado

Quadro 3 - Análise das políticas para aglomerados na França | Fonte: Adaptado de


TATSCH et al. (2015).

67
Experiência da Itália
Na Itália, diferentemente dos países mencionados anteriormente, a discussão sobre
aglomerados produtivos é mais antiga e não se iniciou na década de 1990.

Fonte: Freepik.

Na Itália, a partir da metade de 1970, surgiram as primeiras iniciativas de estudos dos


denominados distritos industriais (CORONEL e ALVES, 2007). Porém, somente em
1991 houve uma formalização por meio de uma lei como forma de apoio para micro e
pequenas empresas, agrupadas em uma mesma região geográ ca (TATSCH et al.,
2015).

No Quadro 4, é apresentado um resumo das políticas para aglomerados na Itália, a


partir da década de 1970, mas que foram formalizadas apenas a partir de 1991.

68
Itália – Metade dos anos 1970 (formalizada 1991)

- Transformar os distritos industriais em sistemas locais de


Objetivo e
inovação; e - Promover a difusão da: tecnologia de rede, a
metas da
abertura internacional, a logística e uma nova geração de
política
centros de serviço.

- Aproximação entre empresas e instituições cientí cas, em


particular, das universidades; - Estímulo à demanda por
Focos de
inteligência terciária; - Inserção na cadeia internacional de valor;
atuação da
- Empresa líder exercendo a governança do distrito e
política
transferindo conhecimento tecnológico para outras empresas; e
- Renovação das instituições locais.

Aparato legal
e - Leis federais; e - Projetos de inovação.
instrumentos

Estágio do
arranjo a ser - Distritos já existentes.
apoiado

Quadro 4 - Análise das políticas para aglomerados na Itália| Fonte: Adaptado de


TATSCH et al. (2015).

Na experiência italiana, houve o caso da “Terceira Itália”, a qual representava a região


do Centro e Nordeste da Itália e que cou muito conhecida pelo seu crescimento e
desenvolvimento caracterizado pela presença de aglomerações produtivas
geográ cas (SCHMITZ, 1997).

69
Na Abordagem Prática desta aula, veja o trabalho intitulado “Análise de
políticas para aglomerações no Brasil e em países europeus selecionados”,
elaborado pelos autores Ana Lúcia Tatsch, Janaina Ru oni, Vanessa de Souza
Batisti e Lucimar Antonio Teixeira Roxo. O trabalho foi publicado no ano de
2015 pela Revista Planejamento e Políticas Públicas.Ete trabalho apresenta
de modo mais detalhado as experiências ocorridas no Brasil, na Espanha, na
França e na Itália em termos de aglomerados produtivos.

Fonte: Disponível aqui

Por m, veri ca-se que as experiências no surgimento de políticas para aglomerados


produtivos vivenciado em outros países ocorreram em períodos semelhantes,
inclusive, com a própria Itália que teve sua política devidamente formalizada a partir
de 1991. Ademais, veri ca-se também, salvo as características peculiares de cada país,
que o foco e os objetivos das políticas são semelhantes entre eles.

70
Para gabaritar o conteúdo desta disciplina, acesse o subcapítulo 5.5 –
Vetores condicionantes do sucesso de experiências internacionais, na página
166, do livro “Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e
Desenvolvimento Regional”.Neste subcapítulo, é possível observar outras
experiências internacionais, como, por exemplo, dos Estados Unidos e do
Japão em termos de aglomerados produtivos.

Fonte: Disponível aqui

71
09

Formação e
planejamento
estratégico de APLs
72
Olá, querido aluno!

Nesta aula, trataremos da formação e planejamento estratégico de projetos de APLs.


Para isso será dividido em duas partes, sendo a primeira responsável por tratar
acerca da formação dos arranjos e a segunda do planejamento estratégico.

Formação de Arranjos
Produtivos Locais
Uma simples aglomeração de organizações em um mesmo território não se
caracteriza como um Arranjo Produtivo Local (APL). Faz-se necessária a presença de
ações conjuntas entre essas organizações que compõem o aglomerado para que
ocorra um Arranjo Produtivo de modo efetivo (FIESP, 2007).

Contudo, após a realização de um mapeamento e identi cação de clusters produtivos


em um mesmo território, torna-se possível a formação de um Arranjo Produtivo Local.
Nessa linha, deve-se, em um primeiro momento, realizar uma aproximação entre as
organizações (atores) de mesma atividade e que estejam interessados na formação de
um APL.

Após esta etapa, é necessária a realização de reuniões entre representantes das


organizações para alinharem as demandas existentes e iniciar a formalização da
proposta. Na sequência, nota-se importante a presença de um apoio institucional de
organizações governamentais para o cialização do processo. A posteriori, ocorrem as
etapas para determinar os processos de gestão que serão realizados no APL, como,
por exemplo: determinação do conselho gestor, formulação do planejamento
estratégico, formulação do plano de desenvolvimento etc.

Os pontos apresentados encontram-se em um único documento no formato de passo


a passo, elaborado pela Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais para a
formação de um APL no Estado de Goiás. A seguir, apresentam-se todos os 11 passos
(indicados para o Estado de Goiás) para que seja formalizada a proposta e tenha
elaboração de planos de desenvolvimento e projetos (RG-APL, 2012).

73
1° passo: Mobilizar os atores locais ligados de alguma forma com o segmento; 

2° passo: Identi car lideranças e demandas comuns (metas, estratégias,


projeto...);
3° passo: Formalizar o objeto da proposta por meio de reuniões; 

4° passo: Procurar apoio institucional, com um documento o cial de solicitação


de apoio: SECTEC – Secretaria de Ciência e Tecnologia de Goiás - RG- APL- Rede
Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais; 
5° passo: Agendar reunião de sensibilização com atores locais (parceiros
institucionais), para: nivelar o conhecimento e viabilizar uma agenda proativa; 

6° passo: Escolher um conselho gestor provisório; 

7° passo: Elaborar o Termo de Referência – TdR; 


8° passo: Estruturar o Fórum Permanente de Governança; 

9° passo: Elaborar Planejamento Estratégico Vocacionado; 


10° passo: Elaborar Plano de Desenvolvimento Preliminar – PDP; 

11° passo: Elaborar projetos e operacionalizar encaminhamentos (aporte de


recursos). 

Destaca-se que os passos mencionados para o Estado de Goiás são muito


semelhantes para os demais estados, alterando-se pequenos detalhes, como, por
exemplo, o local para busca de apoio institucional, o qual deverá ser do respectivo
estado que se busca formar o APL.

Na abordagem prática desta aula, leia a matéria feita Agência Sebrae de São
Paulo sobre o 1º Seminário Estadual de APLs realizado no nal do ano de
2019, no estado de São Paulo. É interessante veri car nessa matéria a
iniciativa por parte do Estado em parceria com outras instituições no apoio
para o fomento e formação de Arranjos Produtivos Locais. Assista também a
matéria 

Acesse: Disponível aqui¹   Disponível aqui²

74
Planejamento Estratégico de
Arranjos Produtivos Locais
O termo “Planejamento”, em algumas situações no contexto de APLs, pode ser
encontrado também como “Plano de Desenvolvimento”, ou ainda, como “Plano
Diretor”, e refere-se a uma das diferentes etapas na formação de um APL. Contudo, é
importante destacar que o “Plano de Desenvolvimento” ou “Plano Diretor” trata-se do
documento nalizado com diretrizes, ou seja, após reuniões para formação de um
planejamento para o APL, tem-se a formalização deste na forma de um único
documento que é o “Plano de Desenvolvimento”.

No conecte-se desta aula, assista à reportagem que apresenta sobre um


evento realizado no Estado do Piauí acerca do planejamento de projetos de
Arranjos Produtivos Locais. A reportagem está disponível a seguir.

Acesse o link: Disponível aqui

Em termos de planejamento, existem diferentes níveis de planejamento:


planejamento operacional (curto prazo), planejamento tático (médio prazo) e
planejamento estratégico (longo prazo). Segundo Crozatti (2003), o planejamento
estratégico pode ser entendido como uma atividade administrativa (gestão), e seu
desenvolvimento na organização deve ser feito de modo a construir um portfólio de
diretrizes estratégicas que tenha por nalidade atingir as oportunidades e pontos
fortes da organização.

75
A elaboração de um planejamento estratégico é essencial, pois apresenta uma visão
de longo prazo para a execução das atividades e, consequentemente, guia o gestor do
arranjo para o alcance de metas e objetivos propostos inicialmente. Nesse contexto,
tem-se o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL), o
qual foi criado pelo governo federal e possui um papel importante na orientação e
planejamento de APLs (BELLUCCI et al., 2014).

Ainda, segundo Bellucci et al. (2014), o GTP-APL foi criado em 2004, e, em seu início,
foram articulados esforços para o mapeamento de APLs no país, auxiliando em um
segundo momento na organização e planejamento de cada um deles. Para isso, foram
elaborados vários Planos de Desenvolvimento (PDs), favorecendo o processo de
planejamento nos APLs.

De modo geral, a realização de um planejamento estratégico em um APL pode ser


feita em seis etapas. A primeira etapa consiste no diagnóstico dos ambientes internos
e externos ao APL. Após esta etapa, em um segundo momento, é preciso de nir
metas e objetivos que se deseja alcançar pelos integrantes que formam o arranjo. A
terceira fase é composta por delinear as estratégias e ferramentas que serão
utilizadas para o alcance das respetivas metas e objetivos traçados anteriormente. Na
quarta etapa, elabora-se um documento nal com todas as diretrizes estratégicas que
deve ser aceito e rmado pelas organizações que compõem o APL. Por conseguinte,
deve-se realizar a implantação do plano. Por m, na última etapa que compõe o
planejamento estratégico, trata-se do processo de controle (monitoramento) das
metas e objetivos traçados inicialmente. A seguir, na Figura 1, ilustra-se um
uxograma com as respectivas etapas mencionadas.

76
Figura 1 – Etapas do Planejamento Estratégico em um APL

Fonte: Elaborado pelo autor .

No planejamento estratégico dos APLs, podem ser utilizadas diferentes ferramentas


para auxiliar nesse processo. Entre essas ferramentas, estão:

Análise SWOT: trata-se de uma matriz em que são inseridas as forças (inglês:
Strengths), fraquezas (inglês: Weaknesses), oportunidades (inglês: Opportunities) e
ameaças (inglês: Threats) em projetos realizados pela organização, neste caso o
APL; 

Matriz 5W2H: de ne a descrição da realização do plano de ação. A matriz é


composta por sete questões:

1. O que será feito? (What?) 

77
2. Por que será feito? (Why?) 

3. Quando será feito? (When?) 


4. Onde será feito? (Where?) 

5. Quem fará? (Who?) 

6. Como fará? (How?) 


7. Quanto custa? (How much?) 

Mapa de Planejamento Estratégico: consiste em um único mapa,


apresentando de forma clara pontos importantes da organização e dos projetos,
como: missão, visão, público-alvo, pessoas e infraestrutura, resultados
institucionais e processos.

Para dominar o conteúdo desta aula, não se esqueça de que para a


formação de um Arranjo Produtivo Local, não basta somente a presença de
um aglomerado de organizações em um mesmo território, e, sim, considerar
que existem alguns passos importantes que devem ser seguidos. Ademais,
em relação ao planejamento, tem-se que é uma etapa de grande
importância na formação de um APL, sendo o princípio que irá nortear todo
o seu desenvolvimento.

78
10

Governança em
arranjos produtivos
locais
79
Olá, querido aluno!

Nossa aula de hoje versará sobre Governança em Arranjos Produtivos Locais. Esta aula
será dividida em duas partes. Na primeira parte, re etiremos sobre governança e sua
importância para as organizações. Já na segunda parte, serão apresentadas as principais
estruturas e estilos de governança existentes em Arranjos Produtivos Locais (APLs).

Governança
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Governança
Corporativa “é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo relacionamento entre sócios, conselho
administrativo, diretoria, órgãos de scalização e controle das demais partes
interessadas” (IBGC, 2015).

Ainda, segundo o IBGC (2015), existem quatro princípios básicos de governança


corporativa, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Princípios de Governança Corporativa

Fonte: Elaborado pelo autor com base no Relatório do IBGC (2015).

80
Para o IBGC (2015), cada um dos quatro princípios básicos de Governança Corporativa
pode ser entendido como descrito a seguir:

Transparência: devem-se disponibilizar todas as informações que possam ser de


interesse, e não somente aquelas que são impostas por lei e/ou regulamentos. As
informações disponibilizadas não se devem restringir apenas ao âmbito
econômico- nanceiro, mas para todos os âmbitos que possam vir a nortear as
tomadas de decisões realizadas na organização; 

Equidade: é caracterizado por haver um tratamento de modo justo e isonômico


para todos os sócios e partes interessadas, tendo em consideração seus direitos,
deveres, necessidades, interesses e expectativas. 

Prestação de Contas (accountability): a prestação de contas realizada pelos


agentes de governança deve ser feita de maneira clara, concisa, compreensível e
tempestiva. Além disso, devem assumir de modo integral, todas as consequências
de atos e omissões. Os agentes de governança devem atuar com diligência e
responsabilidade em função do seu cargo. 

Responsabilidade Corporativa: a responsabilidade corporativa deve ser exercida


pelos agentes de governança de modo a diminuir as externalidades negativas
sobre a organização e aumentar as externalidades positivas, tendo como
pressuposto o modelo de negócio (atividade) realizado pela organização em curto,
médio e longo prazo.

Para gabaritar o conteúdo sobre o tema “Governança Corporativa”, veja a 5ª


edição do “Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa”,
desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em
2015¹. Neste relatório, é possível consultar com maior profundidade, quando
necessário, os detalhes acerca do processo de Governança Corporativa.

Fonte: Disponível aqui¹

Conforme relatam Andrade e Rossetti (2007), as práticas de Governança Corporativa são


importantes para facilitar o processo de alianças e parcerias entre as organizações, além
de melhorar o alinhamento entre elas, estabelecendo condições melhores para o

81
desenvolvimento de tomadas de decisão. Além disso, segundo os autores, tais práticas
corroboram a melhora da imagem institucional da organização.

Portanto, de modo geral, pode-se a rmar que a Governança Corporativa se refere às


práticas de gestão que relacionam todos os dirigentes e acionistas (sócios) da empresa,
tendo por objetivo otimizar o seu desempenho e facilitar o acesso aos recursos. Nesse
sentido, esse processo faz com que a empresa tenha uma gestão mais transparente,
facilitando relações com outras organizações.

Para complementar o que foi visto sobre Governança Corporativa, assista ao


vídeo: O que é Governança Corporativa?

Acesse o link: Disponível aqui

Estruturas de Governança em
Arranjos Produtivos Locais
Segundo Vilela e Pinto (2009, p. 1068), entende-se por Governança em Arranjos
Produtivos Locais “o processo de coordenação de atores, de grupos sociais, de
instituições ou de redes empresariais para alcançar objetivos discutidos e de nidos
coletivamente”.

Em termos de governança em uma aglomeração territorial, Storper e Harrinson (1994)


apontam para uma de nição que observa as relações existentes de poder e hierarquias
presentes na cadeia produtiva, ou ainda, para a relação entrada-saída do sistema
produtivo (estrutura de coordenação das organizações em função das relações
horizontais e verticais) que se concentra territorialmente. 

82
Os autores também descrevem que a forma de governança é feita a partir do poder de
in uência dos atores no sistema, sendo que as relações podem ser dadas a partir de
mecanismos de mercado ou a partir de processos interativos estabelecidos em
hierarquias fortemente estabelecidas no sistema produtivo (STORPER e HARRINSON,
1991; SACOMANO NETO e PAULILLO, 2012). 

Complementando essa observação, Suzigan, Garcia e Furtado (2002) relatam que nesse
processo é importante observar se as relações na aglomeração são dadas a partir de
mecanismos de preços ou se são dadas pelo poder de atores mais representativos
dentro da cadeia. 

Em outro trabalho de Storper e Harrinson (1991), os autores realizam uma divisão dos
tipos de estruturas de governança. Nesse trabalho, com o intuito de explicar as relações
de poder existentes das grandes organizações, utilizaram-se os termos “core” e “ring”
(centro e anel). A representação do termo “anel” faz menção para um modelo em que o
poder está presente de forma simétrica entre as empresas (organizações) e a existência
de novas empresas não é pré-determinada pelas decisões de outras grandes
organizações. Já o termo “centro” faz referência à situação em que o poder não ocorre
de forma simétrica e algumas organizações conseguem determinar a presença ou não
de organizações menores. 

Conforme Fuini (2014), a partir da observação feita por Storper e Harrinson (1994),
podem existir dois tipos de redes produtivas: redes de organizações aglomeradas com
algumas grandes unidades e redes de organizações sem grandes unidades. Em função
disso, o autor indica ainda que nessa linha existem três tipos principais de estruturas de
governança em um Arranjo Produtivo Local (APL): i) Anel sem núcleo nem hierarquia; ii)
Anel-núcleo com empresa coordenadora e alguma hierarquia e iii) Anel-núcleo com
empresa líder e hierarquia considerável. 

Anel sem núcleo nem hierarquia: não possui uma empresa líder de modo
permanente e não apresenta hierarquia; 

Anel-núcleo com empresa coordenadora e alguma hierarquia: nesta situação,


existe uma empresa responsável por ser o motor do sistema produtivo, mas com a
necessidade da existência de outras empresas para poder sobreviver, existindo
neste caso uma hierarquia razoável; 
Anel-núcleo com empresa líder e hierarquia considerável: possui uma empresa
líder e que não depende de outras empresas para a sua sobrevivência, fazendo
com que escolha as empresas que irão atuar em seu entorno. Neste tipo de
situação, há uma hierarquia considerável. 

83
Encontram-se também na literatura, algumas outras propostas de análise de
governança. Os pontos descritos anteriormente abordam sobre as estruturas de
governança. Contudo, também existem análises que fazem discussões em função dos
estilos de governança. A diferença entre a estrutura e o estilo é que a estrutura faz
referência ao ambiente em que o APL está alicerçado (inserido); já o estilo é responsável
pelo modo como se dão as relações dentro do APL. 

A partir do trabalho de Colletis et al. (1999), que faz uma classi cação do per l de
governança de aglomerações em privada ou pública, derivou-se a proposta de Fuini
(2014), que descreve que podem existir quatro estilos de governança territorial: i)
Governança privada; ii) Governança privada-coletiva; iii) Governança pública e iv)
Governança mista. 

Governança privada: é aquela em que as organizações privadas dirigem a


coordenação e produção dos recursos em função de um objetivo de apropriação
privada; 
Governança privado-coletiva: este estilo de governança ocorre quando se tem
um ator chave, o qual é responsável por agrupar operadores privados e auxiliar na
coordenação de suas estratégias. Como exemplo, podem-se citar sindicatos
pro ssionais, câmaras de comércio e qualquer tipo de clube que reúna operadores
privados; 
Governança pública: é representada de modo geral pelo Estado e autarquias.
Difere consideravelmente da governança privada, tendo em vista que o modo de
gestão dos recursos e o de apropriação são diferentes e, além disso, tem-se que a
produção de bens ou serviços pode ser utilizada por todos os atores, sem
rivalidade ou exclusão de uso; 

Governança mista: trata-se da junção entre os estilos de governança pública e


privada. Denota-se que são raras governanças puras, ou seja, que sejam somente
públicas ou privadas. Para tanto, é muito comum o uso da governança mista,
variando de acordo com o local ou atividade. 

Além dos tipos de governança mencionados por Fuini (2014), Sacomano Neto e Paulillo
(2012) também apontam outros dois tipos de governança: i) Governança a montante e ii)
Governança a jusante. 

Governança a montante: aquela que envolve os fornecedores da organização e


in uencia o processo de coordenação local; 

Governança a jusante: aquela que envolve os distribuidores e clientes da


organização no que diz respeito ao poder de negociação e que in uencia o
processo de coordenação local. 

84
Destaca-se que a apresentação desses tipos de governança descritos para aglomerações
produtivas, em especial as APLs, é importante para observar que existem diferentes
correntes teóricas sobre esse assunto. Nesse sentido, é possível encontrar ainda outras
variações teóricas do tema Governança Corporativa para APLs. Aqui, pretendeu-se
apresentar os principais pontos em que estes dois temas estão conectados.

Como exemplo prático de Estruturas de Governança em Arranjos Produtivos


Locais, leia o artigo (estudo de caso): “Estruturas de governança em arranjos
produtivos locais: um estudo comparativo nos arranjos calçadistas e
sucroalcooleiro do estado de São Paulo”, publicado pelos autores Mário
Sacomano Neto e Luiz Fernando de Oriani e Paulillo, na Revista de
Administração Pública em 2012. O artigo aborda a Estrutura de Governança
utilizada em APLs de calçado infantil (Birigui - SP), calçado feminino (Jaú – SP) e
etanol (Piracicaba – SP), a partir da coleta de dados de 31 empresas nestes
setores. O artigo está disponível a seguir.

Fonte: Disponível aqui

85
11

Relações de
Interdependência
em APLs
86
Olá, querido aluno!

Nesta aula, demonstraremos as relações de interdependência existentes em APLs.


Para isso, o conteúdo será dividido em duas partes. A primeira parte apresentará a
diferença de conceitos básicos relacionados ao conceito de interdependência. Já na
segunda parte, cotejaremos os relacionamentos de interdependência presentes em
APLs.

Conceito de Dependência,
Independência e
Interdependência
Muitas vezes, escutam-se os termos “dependência”, “independência” e
“interdependência” em diferentes locais e diferentes situações. A diferença entre os
dois primeiros termos é mais clara, sendo um com o signi cado oposto (antônimo) do
outro. Contudo, o termo “interdependência” possui um signi cado mais denso que os
outros dois. 

Nesse sentido, primeiramente, antes de tratar das relações de interdependência


existentes em Arranjos Produtivos Locais (APLs), será descrita a diferença entre os
conceitos de “dependência”, “independência” e “interdependência” em termos
organizacionais. 

Dependência: pode ser entendido como a situação em que uma empresa


precisa ou necessita de outra empresa para a sua sobrevivência ou crescimento; 

Independência: ocorre quando uma empresa não precisa ou necessita de outra


empresa para a sua sobrevivência ou crescimento; 

Interdependência: é quando a existência ou o crescimento de duas ou mais


empresas estão condicionadas entre si, ou seja, é preciso que as empresas que
estão relacionadas entre si, tenham bons resultados para o benefício mútuo.

87
Assista ao vídeo “Contexto de Mundo”, apresentado por Ricardo Guimarães,
o qual trata em seu conteúdo do termo “interdependência” e da sua
importância no mundo atual.

Acesse o link: Disponível aqui

Obviamente, em um contexto organizacional, uma situação de independência é


melhor que uma situação de dependência. Todavia, pode-se haver o questionamento
quanto à situação das vantagens de uma situação de interdependência. É importante
compreender que as organizações que atuam de forma independente possuem um
limite de crescimento, dado pela sua gestão no ambiente interno. No momento em
que a organização passa a atuar de forma interdependente com duas ou mais
organizações, passa a expandir sua capacidade de crescimento. Além disso, uma
organização que está inserida em um ambiente interdependente possui maior chance
de sobrevivência quando comparada com uma organização que atua de forma
independente, pois a estrutura presente no arranjo pode gerar maior estabilidade de
produção.

Na Figura 1, ilustra-se a relação desde uma situação de dependência, passando pela


independência e chegando até a situação de interdependência proposta para um
indivíduo, sendo esse processo dado em sete etapas. Pode-se considerar aqui que
este indivíduo é uma organização (empresa) e que possui o mesmo tipo de situação.
Nesse cenário, em um primeiro ponto, a organização pode se encontrar em uma
situação de dependência. A partir do momento em que passa a apresentar: i)
proatividade; ii) um objetivo bem delimitado e iii) priorização de determinadas
atividades, a organização passa para um estado de independência e possui ganhos
individuais. Nesse estágio, quando a empresa começa a traçar estratégias tais como
iv) relação de negócios “ganha-ganha”; v) analisar e entender a situação em que está
inserida e vi) cria sinergias com outras organizações, a empresa começa a deslocar-se

88
da posição de independência para uma posição de interdependência e passa a ter
ganhos conjuntos. A sétima e última etapa seria o processo de re namento das
etapas mencionadas.

Figura 1 – O paradigma dos 7 hábitos

Fonte: VALENTE (2012).

89
Para gabaritar este conteúdo e entender claramente as vantagens de uma
empresa atuar de forma interdependente no ambiente em que está
inserida, pode-se citar a história da empresa Ford no Brasil, entre os anos de
1927 e 1945. A Ford, em um momento de forte expansão de produção de
carros nos Estados Unidos, resolveu realizar um investimento na forma de
um projeto agroindustrial, em 1927, na Amazônia, para a produção em larga
escala de látex, como estratégia para baratear o custo de matéria-prima.
Nesse processo, criou uma cidade que cou conhecida por “Fordlândia”. Esta
criação industrial, além de algumas falhas em termos técnicos de produção,
apresentou um tipo de produção totalmente independente e isolado, que
não possuía nenhuma relação com outras organizações. O resultado dessa
experiência foi malsucedida, acabando em 1945 com a venda da cidade pela
Ford para o governo brasileiro.

Interdependência em APLs
Tratando-se de conglomerados de empresas, a relação de interdependência entre as
organizações é um dos pré-requisitos para a formação de um Arranjo Produtivo Local
(APL). Em outras palavras, um aglomerado produtivo não pode ser considerado um
APL se este não possuir relações de interdependência com os demais atores. Em
de nições apresentadas por diferentes autores, a presença da interdependência é um
ponto importante para classi car um aglomerado de empresas como um APL.

Conforme mencionam Lastres e Cassiolato (2003), arranjos produtivos podem ser


caracterizados pela interdependência, articulação e vínculos que geram interação,
cooperação e aprendizagem, com alta probabilidade de gerar capacidade de
inovação, competitividade e desenvolvimento local.

90
Mozzato, Fritz Filho e Fritz (2017, p. 13) apontam que “um APL está estreitamente
vinculado a situações econômicas, sociais e políticas que envolvem relacionamentos
entre muitas partes, as quais criam interdependência colaborativa”.

A interdependência não deve ser confundida com o termo cooperação, uma vez que
interdependência se refere ao processo de existência ou o crescimento de duas ou
mais empresas que estão condicionadas entre si. Já a cooperação faz menção para
uma ação de forma conjunta, tendo por objetivo atender a um objetivo comum.
Contudo, os dois termos aparecem frequentemente juntos em diferentes textos
porque são parecidos e apontam para o benefício conjunto das organizações.

Em APLs, a interdependência descrita de modo mais concreto refere-se aos vínculos


estabelecidos entre diferentes atores em função de três pontos: objetivos, recursos e
complementariedade na realização das tarefas. O primeiro item trata dos objetivos
comuns existentes entre os atores. O segundo item faz menção ao uso combinado de
recursos entre os atores, existindo trocas em função da necessidade de realização de
uma atividade. Por m, a complementariedade na realização das tarefas diz respeito à
receptividade e a trocas entre os atores no processo de realização conjunta de tarefas
(Lubatkin, Florine e Lane, 2001; Muthusamy e White, 2005; Mozzato, Fritz Filho e Fritz,
2017). 

Os pontos apresentados no parágrafo anterior predizem um compromisso de via


dupla entre os atores que compõem um Arranjo Produtivo Local, deixando
consolidada a existência de uma interdependência colaborativa entre os mesmos
(Lubatkin, Florine e Lane, 2001; Muthusamy e White, 2005; Mozzato, Fritz Filho e Fritz,
2017).

91
Para a Abordagem Prática desta aula, veja o estudo de caso intitulado “Uma
re exão sobre as relações de parceria nos APLs de Confecções do Agreste
Pernambucano como elemento disseminador da inovação em redes
interorganizacionais”, publicado na Revista de Administração Mackenzie, em
2012. O artigo apresenta para os APLs estudados, diferentes dados em
função dos tipos de atores, objetivos e vantagens presentes nas relações
entre as organizações que contemplam os APLs.

Fonte: Disponível aqui

92
12

Formação de capital
social em APLs
93
Olá, querido aluno!

Nesta aula, trataremos da Formação de Capital Social em Arranjos Produtivos Locais.


Para isso, primeiramente será apresentado o conceito de “Capital Social” e sua
importância no campo organizacional. Em seguida, será descrito como é feita a
formação desse capital em APLs.

Capital Social
O termo “Capital Social” pode conter signi cados diferentes dependendo do contexto
em que está inserido. Existem duas áreas que utilizam frequentemente este termo: a
contabilidade e a sociologia. Sob a ótica da área de contabilidade, faz referência ao
valor inicial investido pelos sócios da empresa em seu processo de abertura.

Já pela ótica da área da sociologia, “Capital Social” tem como princípio a cooperação
entre duas ou mais partes. Nesse contexto sociológico, o capital social é formado a
partir de redes e há uma con ança mútua e normas entre os participantes dessa
rede. Sendo assim, para o estudo do “Capital Social” em Arranjos Produtivos Locais,
será feito o uso da perspectiva sociológica do termo.

Capital Social em APLs


De acordo com Andrade e Cândido (2013), considerando novos formatos
organizacionais, como Arranjos Produtivos Locais, a intensidade como é dado o
capital social, torna-se uma variável importante. Ainda, segundo os autores, essa
intensidade pode ser veri cada a partir do compartilhamento entre os atores que
formam o APL de normas e valores e do aumento da con ança e sinergia entre eles.

Nessa linha, conforme aponta López (2012), em um capital social existem relações de
entrada e saída (Figura 1). Para a autora, no modelo de capital social, as entradas são
as relações entre os atores de cooperação, reciprocidade, con ança, regras, valores,
sentimentos de amizade e solidariedade. Já a saída do modelo, a autora aponta que é
a melhora nos níveis de desenvolvimento, saúde, ensino e sensação de bem-estar da
população local.

94
Figura 1 – Relações de Entrada e Saída em um Capital Social

Fonte: Adaptado de López (2012).

Como exemplo prático de formação de capital social em um APL, leia o


estudo de caso: “Arranjo Produtivo Local, formação de capital social e
desenvolvimento na cidade de Imbituva-PR”, publicado na revista FAE pelos
autores Richer de Andrade Matos, Flávia Verusca B. M. Matos, Antoninho
Caron e Gilson Batista de Oliveira. Este trabalho apresenta um estudo do
APL de malhas no município de Imbituva, estado do Paraná. O trabalho
realiza uma descrição consideravelmente detalhada sobre o APL em termos
de quantidade de empresas, de funcionários, de funcionários por empresa,
de empregos diretos, etc. É importante observar neste trabalho a divisão de
análise na etapa de resultados e a discussão do estudo, veri cando o nível
de participação do APL avaliado em cada um dos itens analisados.

Acesse: Disponível aqui

95
Para Amaral Filho (2002), o capital social em um APL pode ser entendido como um:

[...] fator intangível por natureza, caracteriza-se pelo acúmulo de


compromissos sociais construídos pelas interações sociais em uma
determinada localidade. O capital social acumulado em um
determinado arranjo produtivo é a condição principal para a
cooperação, a formação de redes, associações e consórcios de
pequenos produtores e empresas. (FILHO, 2002, apud ANDRADE e
CÂNDIDO, 2013, p. 4)

Amaral Filho (2002) aponta que existem elementos derivados do capital social que são
fundamentais no processo de evolução dos arranjos produtivos: I) Estratégia coletiva
de organização da produção; II) Estratégia coletiva de mercado e III) Articulação
político-institucional. A seguir, veja detalhadamente cada um desses itens: 

Estratégia coletiva de organização da produção: está entre os principais


pontos pelo qual um APL se diferencia de empresas que atuam de forma
isolada, pois aqui se dá vantagens na aquisição de insumos em escala, no
compartilhamento de máquinas e equipamentos, além da presença do processo
de aprendizado coletivo; 
Estratégia coletiva de mercado: não somente no processo produtivo, mas há
também vantagens para atingir mercados e para a realização do escoamento da
produção; 

Articulação político-institucional: trata-se da relação entre o APL com as


organizações públicas e organizações privadas que são responsáveis pelas
políticas voltadas para micro, pequenas e médias empresas ou em função do
desenvolvimento local. 

Veri ca-se, portanto, a importância da formação prévia do capital social para que os
itens mencionados possam ocorrer e o APL se desenvolver e, consequentemente,
gerar bons resultados em termos de desenvolvimento local.

96
Caso queira aprofundar seus estudos sobre Capital Social em Arranjos
Produtivos Locais, tem-se a indicação do artigo (estudo de caso) “Capital
Social no contexto de Arranjos Produtivos Locais e sua contribuição para o
desenvolvimento local: Um estudo de caso no setor coureiro-calçadista de
Campina Grande – PB”, publicado na Revista Qualitas.

Acesse o link: Disponível aqui

Para gabaritar o conteúdo desta aula, não se esqueça dos seguintes pontos
apresentados: 

Capital Social possui diferentes de nições dependendo do contexto em


que está inserido; 
Nas relações presentes no capital social, tem-se como entrada deste
modelo: cooperação, reciprocidade, con ança, regras, valores,
sentimentos de amizade e solidariedade, e como saída: melhora nos
níveis de desenvolvimento, saúde, ensino e melhora de sensação de
bem-estar da população local; 
Em um Arranjo Produtivo Local (APL), a formação de capital social é
fundamental para o desenvolvimento do APL.

97
13

Políticas públicas
em APLs
98
Olá, querido aluno!

Nesta aula, trataremos das Políticas Públicas em Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Para isso, este conteúdo será dividido em duas etapas. Na primeira parte será
apresentado o conceito de políticas públicas, seguido da segunda etapa que será
responsável por descrever a aplicação de políticas públicas em APLs.

Conceito de Políticas Públicas


Por de nição, Políticas Públicas podem ser entendidas como um conglomerado de
políticas, ações e decisões feitas pelos governos em escala municipal, estadual e/ou
federal para atender a demandas da sociedade previstas na Constituição. As políticas
públicas servem como uma ferramenta importante nos processos de
desenvolvimento territorial e da sociedade de modo geral.

A formação de políticas públicas pode ser formulada pelo poder Legislativo, enquanto
o poder Executivo é responsável pelo processo de execução da política. Denota-se
ainda que as políticas públicas podem ser efetuadas em diferentes áreas como, por
exemplo, saúde, educação, meio ambiente, moradia, transporte, entre outras. 

Como exemplo de políticas públicas, é possível mencionar, na área da saúde, o


Sistema Único de Saúde (SUS); na área da educação, o Programa Universidade Para
Todos (PROUNI) e o Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (FIES);
na área de moradias, o programa “Minha Casa Minha Vida” entre diversos outros
programas de políticas públicas existentes. Os programas mencionados como
exemplo são realizados pelo governo federal, porém, existem muitos outros
programas aplicados pelos governos estaduais e municipais.

O processo de políticas públicas consiste em um ciclo de seis etapas (Figura 1),


iniciando pela identi cação do problema que deve ser resolvido e seguindo para os
passos de formação da agenda, formulação das alternativas, tomada de decisão,
implementação da política, avaliação da política e, por m, no nal do ciclo, voltando
para revisar se o problema identi cado foi resolvido.

99
Figura 1 - Ciclo de Políticas Públicas

Fonte: Wander, Tomaz e Pinto (2016).

Aplicação de Políticas
Públicas em APLs
Um dos objetivos das políticas públicas vai ao encontro de uma das principais
propostas do conceito de Arranjo Produtivo Local que é o desenvolvimento regional.
Nessa linha de raciocínio, a existência de políticas públicas para o desenvolvimento de
APLs possui como resultado indireto o desenvolvimento regional.

Segundo Antero et al. (2019), os governos federais e estaduais se destacam, perante


os municipais, com relação às iniciativas do órgão público para ações de incentivo aos
APLs. Ainda, conforme apontam os autores, os incentivos realizados por parte do
governo estadual têm como princípio as políticas implementadas pelo governo
federal, pois seguem a execução de ações em um modelo com ordem de cima para
baixo.

100
Acesse a página de Políticas Públicas no website do Observatório Brasileiro
de Arranjo Produtivo Local. Nesse sítio eletrônico você encontrará
informações complementares sobre Políticas Públicas para Arranjos
Produtivos Locais.

Acesse o link: Disponível aqui

No âmbito federal, há uma política com diretrizes gerais em todo o território nacional
para o apoio no desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais (ANTERO et al., 2019).
No nível estadual, cada unidade da federação determina suas próprias políticas em
função dos objetivos que desejam alcançar com os APLs.

Para saber mais sobre Arranjos Produtivos Locais e Políticas Públicas, leia o
artigo “Políticas Públicas de apoio ao desenvolvimento de APLs: uma análise
do impacto em Minas Gerais”, publicado pelo Periódico Cadernos EBAPE.BR
da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este trabalho se torna interessante, pois
utiliza algumas métricas e metodologias para medir o impacto em termos de
desenvolvimento municipal, a partir da aplicação de Políticas Públicas para o
desenvolvimento de APLs. Em outras palavras, este trabalho apresenta
indicadores de desenvolvimento municipal, analisando o impacto de
Políticas Públicas para APLs nestes indicadores.

Fonte: Disponível aqui

101
Nos anos 2000, o conceito de APL virou uma pauta importante da agenda do governo
federal, sendo incluído em diferentes documentos como: os Planos Plurianuais; Plano
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (2007-2010) e na Política de
Desenvolvimento Produtivo (2008-2013), entre outros (OBSERVATÓRIO DO APL, 2020).

No avanço dos anos, o conceito se solidi cou com mais de uma década de ações de
apoio às atividades produtivas com foco territorial. Nessa linha, desenvolveram-se
modelos de desenvolvimento mais abrangentes, não considerando apenas
mapeamentos baseados em indicadores econômicos, mas sim em pontos que
valorizem também questões regionais, sociais, ambientais, tecnológicas, entre outras
(OBSERVATÓRIO DO APL, 2020).

Para gabaritar o conteúdo de Políticas Públicas em APLs, acesse o website do


Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Neste endereço eletrônico
podem ser encontradas diversas informações sobre APLs, estando dentre
elas algumas informações ligadas a Políticas de Apoio aos Arranjos
Produtivos. Veri que no nal desta página os tópicos: “Caracterização,
Análise e Sugestões para Adensamento das Políticas de Apoio a APLs
Implementadas” e “Mapeamento, Metodologia de Identi cação e Critérios de
Seleção para Políticas de Apoio nos APLs”. Nesses tópicos podem ser
observadas as informações de acordo com o estado (unidade da federação)
que se deseja analisar.

Fonte: Disponível aqui

102
14

Conceito de
desenvolvimento
local
103
Olá, querido aluno!

Nesta aula, abordaremos o conceito de desenvolvimento local. Para isso, o presente


capítulo será dividido em duas partes. A primeira apresentará o conceito de
desenvolvimento e sua de nição em diferentes áreas do conhecimento. Na segunda
parte, será tratado com maior profundidade o conceito de desenvolvimento local.

Conceito de Desenvolvimento
O termo “desenvolvimento” é amplamente utilizado em diferentes áreas da ciência.
Por de nição, entende-se este termo como uma ação ou efeito de desenvolver-se.
Entretanto, na área da saúde, por exemplo, tal termo pode fazer referência a um
aumento de atributos físicos e crescimento do corpo humano ou a um avanço no
estado de saúde de um paciente. 

Já na área da economia, a palavra desenvolvimento, em linhas gerais, está ligada ao


crescimento econômico, social e político de uma região geográ ca (país, estado,
município, bairro). De modo geral, em uma de nição ampla, pode-se a rmar que o
termo “desenvolvimento” remete ao processo de evolução ou crescimento de uma
pessoa, objeto ou situação em uma condição estabelecida.

Desenvolvimento Local
Após apresentado o conceito de “desenvolvimento”, para entender o conceito de
“desenvolvimento local”, é necessário de nir o termo “local”. Local pode ser descrito
como uma delimitação geográ ca que compreende uma região especí ca, como, por
exemplo, um município ou um conglomerado de municípios. O termo
desenvolvimento local é frequentemente utilizado como sinônimo de
desenvolvimento regional. Ademais, por muitas vezes, esses termos são
encontrados de forma conjunta nas discussões acadêmicas. 

Tratando-se de desenvolvimento local, é um entendimento ligado ao conceito de


“desenvolvimento” utilizado pela área da economia, o qual remete ao crescimento
econômico, social e político de uma determinada região. O termo desenvolvimento

104
local não deve ser confundido com crescimento econômico, pois o crescimento
econômico é uma necessidade para que haja desenvolvimento local, mas é preciso
também que exitam os aspectos social e político para que haja desenvolvimento. 

Em outras palavras, apenas o crescimento econômico de um município ou de uma


região não re ete para uma situação de desenvolvimento local. O crescimento
econômico é um importante fator no processo do desenvolvimento de um município,
mas sem o crescimento de outras esferas em paralelo, não se torna
desenvolvimento. 

O crescimento econômico de um município pode ser medido por meio do Produto


Interno Bruto (PIB) ao longo de um período (anos). No entanto, toda a produção
gerada por um município em crescimento pode vir a ocorrer de forma concentrada,
proporcionando maiores níveis de desigualdade nas diferentes camadas da
sociedade.

Para entender um pouco mais sobre o Produto Interno Bruto (PIB), assista
ao vídeo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE),
que explica de modo simples e claro a mensuração do PIB e a sua
importância no contexto econômico.

Acesse o link: Disponível aqui

Durante muitos anos, o crescimento econômico mensurado a partir do PIB esteve


entre os principais indicadores utilizados pelos países, estados e municípios. Contudo,
no nal da década de 1990, como um contraponto ao PIB, surgiu o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que além da dimensão renda utiliza também mais
dois indicadores: saúde e educação. O IDH apresenta uma proposta mais robusta de
avaliação de uma determinada localidade, podendo ser um país ou um município.

105
Ressalta-se que tanto o PIB quanto o IDH são indicadores universais, ou seja,
utilizados em todo o planeta como indicadores de crescimento econômico e
desenvolvimento humano.

No Brasil, além das duas métricas mencionadas, há também o Índice Firjan de


Desenvolvimento Municipal (IFDM), que possui a mesma linha metodológica que o
IDH, avaliando além da esfera econômica (emprego e renda), a esfera social,
observando indicadores de saúde e educação. A principal diferença do IDH para o
IFDM é que o segundo detém uma abordagem mais profunda que o primeiro,
abrangendo uma quantidade maior de indicadores. Para saber mais sobre o IFDM,
acesse a página: https://www. rjan.com.br/ifdm/, assista ao vídeo e leia acerca do
processo metodológico de levantamento dos dados.

Nessa linha, existe uma apreensão por parte do Estado em função não apenas do
crescimento econômico do país, unidades da federação ou municípios, mas sim do
desenvolvimento desses territórios. Como exemplo disto, dentre os ministérios
existentes do governo federal, está o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR),
que tem por nalidade tratar sobre questões exclusivas de desenvolvimento local. 

Em 2007 foi criada a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), que   se


mantém ativa e tem por nalidade “reduzir as desigualdades econômicas e sociais,
intra e inter-regionais, por meio da criação de oportunidades de desenvolvimento que
resultem em crescimento econômico, geração de renda e melhoria da qualidade de
vida da população” (DECRETO n.º 9.810). 

No processo de desenvolvimento local, micro e pequenas empresas possuem papel


relevante nesse contexto, haja vista a quantidade signi cativa da geração de emprego
e renda que estas possuem, principalmente em pequenos municípios. Além das micro
e pequenas empresas, em pequenos municípios, destaca-se a presença de
produtores rurais como uma peça importante no processo de desenvolvimento, pois
também são geradores de emprego e renda para o município.

106
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)
possui um Programa de Desenvolvimento Local (PDL), o qual tem por
objetivo realizar a capacitação de um grupo de empreendedores em
diferentes municípios, proporcionando o conhecimento de ferramentas de
gestão para fomentar o mercado local. Este programa está sendo executado
em sete municípios do estado de São Paulo. O projeto favorece o
desenvolvimento de diferentes setores de forma conjunta, entre eles do
agronegócio, com resultados positivos, como geração de emprego e renda
para a população.

Assista aos vídeos: Vídeo 01   Vídeo 02   Vídeo 03   Vídeo 04

Portanto, conforme foi tratado nesta aula, o conceito de “desenvolvimento local”


remete a um alinhamento entre o crescimento econômico, social e político em uma
delimitação geográ ca que compreende uma região especí ca. Tal alinhamento
fortalece a economia local e proporciona a geração de emprego e renda, a melhoria
na saúde e na educação e menores níveis de desigualdade socioeconômica.

107
Assista ao vídeo “Desenvolvimento Local e Regional” produzido pela
Associação Mineira de Municípios (AMM), que destaca a importância de
microempresas, pequenas empresas e produtores rurais no processo de
desenvolvimento dos municípios.

Fonte: Disponível aqui

108
15

Relação entre APLs


e desenvolvimento
local
109
Olá, querido aluno!

Nesta aula, será estudada a relação existente entre os Arranjos Produtivos Locais e
Desenvolvimento Local. Para isso, em um primeiro momento serão revisitados, de
forma breve, os conceitos destes dois temas; e, em seguida, serão abordados os APLs
funcionando como estratégias de desenvolvimento local.

Revisitando os Conceitos de
Arranjo Produtivo Local e
Desenvolvimento Local
  Arranjos Produtivos Locais (APLs), como já sabido, podem ser entendidos de modo
geral como um conjunto/conglomerado de atores que se encontram instalados em
uma mesma localidade e possuem algum tipo de especialização produtiva, com
presença dos diferentes elos da cadeia produtiva. Entre os objetivos de um AP, está o
desenvolvimento do território em que está inserido, considerando as relações de
interdependência criadas entre os atores que o contemplam.

Já o conceito de Desenvolvimento Local é de nido como um alinhamento entre o


crescimento econômico, social e político em uma delimitação geográ ca que
compreende uma região especí ca. A partir do crescimento alinhado entre esses
pontos, são proporcionados para a região fatores como melhorias na saúde e na
educação e geração de emprego e renda, além de menores níveis de desigualdade
socioeconômica.

Portanto, percebe-se que entre as duas de nições existe uma área de intersecção, e
que se complementa entre si. Apresentando estes dois conceitos, ca mais claro o
entendimento sobre a importância de APLs como uma ferramenta para estimular o
processo de desenvolvimento local.

110
Para complementar o conteúdo sobre APLs e Desenvolvimento Local, assista
ao vídeo elaborado pelo Centro de Estudos de Relações Internacionais
(CERES). A princípio, o vídeo realiza uma explicação geral acerca de Arranjos
Produtivos Locais e na sequência trata sobre a importância dos mesmos
com relação ao processo de desenvolvimento local.

Acesse o link: Disponível aqui

APLs como uma Estratégia de


Desenvolvimento Local
As aglomerações industriais têm sido alvo de políticas e estudos industriais nos
últimos anos em vários países, dentre eles o Brasil (VECCHIA, 2008). No entanto,
aglomerações de empresas somente não formam necessariamente um APL. Para que
se tenha a formação de um APL, é necessária a presença dos demais elos da cadeia
produtiva.

Nesse sentido, para que uma aglomeração de empresas situada em uma


determinada localidade venha a formar um Arranjo Produtivo Local, é preciso
estimular a interação entre as empresas que compõem os elos da cadeia produtiva do
aglomerado junto com a sociedade local, universidades e instituições públicas
(VECCHIA, 2008). 

Considerando os diversos benefícios gerados para um território, os APLs funcionam


como um mecanismo de fomento para micro e pequenas empresas (AMARAL FILHO
et al., 2002). Segundo Simonetti e Kamimura (2017), as ações realizadas de forma

111
conjunta entre as empresas que formam um APL e destas para com o poder público
apresentam uma importância crescente e permitem um maior entendimento da
realidade do território local. 

De acordo com Simonetti e Kamimura (2017), o processo de cooperação e articulação


da economia local com o intuito de melhor aproveitar os fatores positivos externos
(especialização produtiva, instituições produtoras e difusoras de tecnologia, entre
outros) pode ser considerado como sendo pontos importantes na análise da
possibilidade do surgimento de novos empreendimentos. 

De acordo com o apontamento de Brito (2002, p. 1): 

a estruturação em aglomerados estimula processos interativos de


aprendizado ao nível local que viabilizam o aumento da e ciência
produtiva criando um ambiente propício à elevação da
competitividade dos agentes. Além disso, é comum o argumento de
que a intensi cação das articulações e interações entre empresas
nessas aglomerações costumam ter impactos importantes em termos
de geração e da qualidade do emprego ao nível local, contribuindo
para dinamização desses espaços econômicos.

112
Para uma visão mais abrangente sobre Arranjos Produtivos Locais e
Desenvolvimento Local, leia o artigo “Avaliação da Contribuição de Arranjos
Produtivos Locais para o Desenvolvimento Local”, publicado na Revista
Bibliográ ca de Geogra a e Ciências Sociais.

Este trabalho descreve os resultados de uma pesquisa bibliográ ca, que


investiga as abordagens de teses publicadas nesta linha do conhecimento.
Torna-se interessante observar, dentre os resultados apresentados no
artigo, que todos os estudos encontrados possuem como característica a
análise de uma problemática especí ca em termos de APLs.

Fonte: Disponível aqui

Conforme descrevem Cassiolato e Lastres (2003), os Arranjos Produtivos Locais não


formam sozinhos os objetivos de desenvolvimento de uma política pública, mas
proporcionam condições para que ocorra um desenvolvimento mais abrangente em
sua região de atuação, a partir de uma maior movimentação das atividades
econômicas e maior nível de sustentabilidade para empreendimentos de menor
tamanho.

Para esses empreendimentos de escalas menores que fazem parte de um APL, gera-
se maior nível de competitividade e de crescimento, a partir da ampliação dos
conhecimentos, aperfeiçoamento dos procedimentos e habilidades, bem como do
aumento de produção e comercialização de bens e serviços dos mesmos, resultando
em ganho de e ciência produtiva (SIMONETTI e KAMIMURA, 2017; ALBAGLI e BRITO,
2002).

Assim, ao passo que as empresas que estão no APL ganham competitividade e


mercado, elas passam a gerar mais emprego e renda para a população local e maior
arrecadação de tributos, consequentemente, resultando em melhorias nas mais
diversas áreas: saúde, educação, infraestrutura, etc.

113
Por m, nos últimos anos, os APLs assumiram um papel relevante em termos de
aglomerado de organizações de produção de bens e serviços no que tange à
formulação e operacionalização de políticas públicas, que têm por objetivo o fomento
de atividades econômicas (VECCHIA, 2008). Em outras palavras, pode-se a rmar que
os APLs têm funcionado como uma importante estratégia de desenvolvimento local.

Para gabaritar o conteúdo da relação entre APLs e Desenvolvimento Local,


não se esqueça dos seguintes pontos: 

APLs são um importante mecanismo para o desenvolvimento de micro


e pequenas empresas; 
APLs tendem a proporcionar maior atividade econômica na região em
que atuam porque geram emprego e renda; 

APLs podem ser considerados uma importante estratégia para o


desenvolvimento local.

114
16

APLs e
desenvolvimento
Regional no Brasil
115
Olá, querido aluno!

Conforme tratado na primeira aula deste livro, o agronegócio possui importante papel
na economia brasileira, tendo os Arranjos Produtivos Locais (APLs) papel de destaque
neste setor. A partir da quarta aula, o conceito e a importância de Arranjos Produtivos
Locais foram apresentados. Já nas últimas duas aulas, foram tratados o conceito de
desenvolvimento local e sua relação com APLs. Nesse contexto, para esta aula, será
apresentada a relação entre Arranjos Produtivos Locais e o Desenvolvimento Regional
no Brasil. Diferentemente das demais aulas deste livro, nesta não haverá uma divisão
de conteúdo em subtópicos, sendo um único texto descrevendo de forma breve a
história do Brasil e sua relação com o desenvolvimento regional e APLs.

De modo geral, ainda existem poucas discussões no âmbito governamental sobre os


impactos locais/regionais gerados a partir do desenvolvimento de sistemas ou sobre
as atividades produtivas de pequenas e médias empresas que funcionam na forma de
clusters. A ausência desse tipo de debate pode vir a ser um fator prejudicial para o
país, levando em consideração que a falta da presença de políticas para uma
descentralização industrial pode favorecer o processo inverso, ou seja, de
centralização. A centralização se torna ruim, pois nesse modelo apenas algumas
regiões se desenvolvem e prosperam, enquanto outras possuem maior di culdade de
alavancar sua economia (COSTA, 2010). 

Para tratar de APLs e de Desenvolvimento Regional no Brasil, é importante entender


que durante a história da economia brasileira, houve diferentes momentos que foram
responsáveis pelo direcionamento econômico e de estratégias de desenvolvimento do
país. Dentre esses momentos, podem-se destacar as trocas de governantes com
interesses e ideais distintos, crises econômicas, o regime militar e a abertura
comercial; entre outros. Nesse sentido, é possível a rmar que dependendo do
momento histórico do país, houve maior ou menor desenvolvimento regional,
considerando o próprio crescimento e o desenvolvimento do Brasil. 

Segundo o BNDES (2003), desde os anos de 1950, passaram a existir políticas públicas
para estimular o desenvolvimento de aglomerações industriais em regiões menos
desenvolvidas do Brasil. Tais estímulos atraíam empresas de diferentes setores com
foco em mercadores consumidores e incentivos scais, entre outros interesses. Um
pouco mais adiante, a partir de 1970, empresas ligadas a complexos agroindustriais
passaram a ter maior destaque em um nível nacional de produção. Já a partir de 1980

116
e 1990, inicia-se uma narrativa de se tratar os aglomerados como Arranjos Produtivos
Locais, sendo esse conceito baseado em experiências internacionais positivas de
aglomerações produtivas. 

No presente contexto histórico de APLs no país, um ponto relevante diz respeito à


intensidade de participação do Estado na economia. A presença de um Estado com
maior poder de atuação na economia favorece o processo de desenvolvimento
regional, tendo em vista seu papel estratégico de direcionar linhas de investimentos
para o desenvolvimento, além de poder atuar como um ator que auxilia na
coordenação dos sistemas produtivos. Conforme aponta Costa (2010), na década de
1990, alguns fatores econômicos quanto à redução de atuação do Estado fez com que
o Estado deixasse de ser um instrumento de fomento no desenvolvimento de
sistemas produtivos regionais. Ainda, segundo o autor, esse é um fator que agrava o
processo de concentração industrial na economia brasileira. 

Diniz e Crocco (1996) apud Costa (2010) apontam que, na década de 1990, a região
metropolitana de São Paulo foi perdendo dinamismo com relação ao interior paulista
e a uma área de polígono, formada pelo conjunto de municípios que compreende
Belo Horizonte, Uberlândia, Londrina, Maringá, Porto Alegre, Florianópolis e São José
dos Campos. Ainda, segundo os autores, tal fato ocorreu porque por um lado havia
uma pressão de custos da localização da região metropolitana de São Paulo e, por
outro lado, havia o desenvolvimento da infraestrutura dessas demais regiões. Apesar
dessa desconcentração industrial apresentada para a região metropolitana de São
Paulo em função do seu interior e algumas cidades, ainda há um nível de
concentração industrial muito alto no país quando observadas suas macrorregiões. 

Considerando as cinco macrorregiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e


Nordeste), veri ca-se um difícil processo de desconcentração industrial no país. Isso
ocorre devido ao panorama já instalado nestas regiões. As regiões Sul e Sudeste
concentram a maior parte das indústrias com atividades dinâmicas, centros de
pesquisas, mão de obra quali cada e da população. As regiões Centro-Oeste e Norte
são regiões com baixa população, guradas como fronteiras agrícolas e minerais com
baixo potencial para o desenvolvimento de indústrias em grande escala. Já a região
Nordeste, por sua vez, possui aproximadamente um terço da população nacional,
mas apresenta baixo nível de desenvolvimento econômico, à exceção de algumas
pequenas localidades (COSTA, 2010). 

Segundo Caiado (2002), o capital industrial no país é dirigido a partir de São Paulo, e
não há políticas para o desenvolvimento de regiões atrasadas que possuem nível
baixo de industrialização. Ainda, conforme o autor, sem a presença de instrumentos

117
para o desenvolvimento dessas regiões, os investimentos de origem privada tomam
como base uma lógica estratégica de competitividade, instalando-se em uma
localidade que lhe trará vantagens nanceiras. Descrito de outra forma, esse processo
faz com que haja um maior nível de concentração das indústrias. 

Você pode estar se questionando qual é a relação dessa linha teórica de concentração
ou desconcentração industrial na história do Brasil com os Arranjos Produtivos Locais
(APLs). Ocorre que, nos últimos anos, muito tem se tratado acerca do conceito e das
aplicações de APLs, tanto na literatura acadêmica quanto por discussões
governamentais, e nesse contexto, os APLs têm surgido como uma estratégia positiva
de desenvolvimento regional. Portanto, os APLs no Brasil se fazem importantes à
medida que funcionam como uma ferramenta de ganho de competitividade dos
atores envolvidos e no desenvolvimento local das regiões em que estão inseridos.

Para saber mais sobre APLs e Desenvolvimento Regional no Brasil, visite a


página do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Nesta página é
possível visualizar diferentes relatórios que tratam sobre características,
mapeamento e análises de APLs espalhadas pelo país. Os relatórios foram
elaborados pelo BNDES em parceria com diferentes instituições.

Acesse o link: Disponível aqui

Ademais, na quinta aula deste documento, foram apresentados alguns números


relacionados à distribuição geográ ca de APLs no Brasil. Nota-se que em termos de
quantidade de APLs, a região Nordeste lidera com 210 APLs no ano de 2015, seguido
do Sudeste com 170 APLs. Porém, ao se analisar a quantidade de empresas e
empregos diretos gerados nesta macrorregião, observa-se que apesar de possuir uma
quantidade menor de APLs, a região Sudeste possui mais que o dobro do número de
empresas e quantidade de empregos diretos que o Nordeste.

118
Por m, para nalizar esta aula, salienta-se que atualmente existe a presença de um
nível de concentração industrial no Brasil, principalmente na região Sudeste. Contudo,
o conceito de APL que tem sido aplicado nos últimos anos em diferentes regiões do
país aparece como uma estratégia importante de desenvolvimento regional,
favorecendo para que outras regiões também tenham mais indústrias.

Como abordagem prática, veja o capítulo 8 intitulado “Os Arranjos


Produtivos Locais como Política Pública de Desenvolvimento no Brasil e o
Arranjo Produtivo Local de Mandioca no Estado do Amapá” do livro “Arranjos
Produtivos Locais e Desenvolvimento” elaborado Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – IPEA. O trabalho trata acerca da região de APL da
cultura da mandioca no Amapá, discutindo a estruturação do APL como um
processo para auxiliar no desenvolvimento da região que apresentava
de ciências em seu sistema produtivo.

Acesse: Disponível aqui

119
Para gabaritar o conteúdo desta aula, não se esqueça dos seguintes pontos: 

No Brasil, o direcionamento de políticas e estratégias de


desenvolvimento regional variou consideravelmente em função do
nível de atuação do Estado na economia e também de outros fatores
tais como trocas de governantes, crises econômicas, etc.; 
O conceito de APL surgiu na década de 1990 a partir de experiências
internacionais positivas de clusters produtivos; 

Os APLs atualmente funcionam no país como uma importante ferramenta e


estratégia de desenvolvimento regional.

120
Conclusão
Durante a trajetória percorrida por este livro, foram apresentados diversos pontos
relacionados aos Arranjos Produtivos Locais (APLs). No início, este documento realizou uma
delimitação dos diferentes conceitos frequentemente utilizados no setor do agronegócio.
Essa delimitação foi feita tendo como intuito descrever de forma clara termos que muitas
vezes são utilizados como sinônimos no setor. Ademais, também possuiu como objetivo
apresentar de modo breve o conceito de Arranjo Produtivo Local, ponto foco do conteúdo
deste material.

Na sequência, discutimos as formas de redes organizacionais no agronegócio, junto à


arquitetura e tipologias de redes organizacionais para posteriormente introduzir o cerne do
conteúdo deste livro, que são os Arranjos Produtivos Locais. No âmbito dos APLs, foi
percebido seu conceito, bem como a sua distribuição pelo país, observando as principais
instituições atuantes nesse segmento. Também foram veri cadas as características
estruturais e experiências internacionais em termos de clusters produtivos.

Adiante, realizou-se uma discussão de características mais especí cas dos APLs como:
formação, planejamento, governança, relações de interdependência, formação de capital
social e políticas públicas. Após observadas tais características, apresentou-se então o
conceito de desenvolvimento local, para que no momento seguinte pudesse ser explanada a
relação existente entre APLs e desenvolvimento local/regional e como isto ocorre no Brasil.

Toda esta discussão relatada em função dos Arranjos Produtivos Locais teve como objetivo
apresentar um panorama geral sobre sua aplicabilidade no Agronegócio e sua importância
para o Desenvolvimento Regional no Brasil. Assim, espero que tenham gostado e
aproveitado o material!

Boa sorte e sucesso!

Prof. Me. Daniel Lamarca

121
Material Complementar

Livro

Arranjos produtivos locais e desenvolvimento

Autor (Organizadores): Carlos Wagner de A. Oliveira; José Augusto V.


Costa; Gabriela Maretto Figueiredo; Alessandra Ribeiro de Moraes;
Ricardo Batista Carneiro e Iedo Brito da Silva.
Editora: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA

Acesse o link

Livro

Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento


Regional

Autor: Eduardo José Monteiro da Costa


Editora: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental
do Pará (IDESP)

Acesse o link

Livro

Arranjos Produtivos Locais – APL’s como Estratégia de


Desenvolvimento: Uma Abordagem Teórica

Autor: Odorico de Moraes Eloy da Costa


Editora: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(IPECE)

Acesse o link

122
Web

Website do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e


Serviços com diversas informações sobre Arranjo Produtivo Local
(APL).

Acesse o link

123
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