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PERGUNTAS E RESPOSTAS RETIRADA DO SITE: https://www.embrapa.

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agricultura-familiar/perguntas-e-respostas
Obs: Este documento foi elaborado com o objetivo de fornecer os alunos do grupo
“agricultura familiar” informações fundamentais para promover um melhor
desenvolvimento no debate.

Quem são e como se caracterizam os agricultores familiares?


São considerados agricultores familiares os pequenos produtores rurais, assentados da reforma agrária,
silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores. Os Povos e Comunidades Tradicionais passaram a
ser considerados como “agricultores familiares” para efeito da política agrícola somente em 2010.
Dentre as 25 milhões de pessoas que são identificadas como povos e comunidades tradicionais,
ocupando cerca de 25% do território nacional, estão povos indígenas, quilombolas, ciganos, matriz
africana, povos de terreiros, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco-de-babaçu, catadoras de
mangaba, apanhadores de sempre-vivas, extrativistas, comunidades de fundo de pasto, faxinalenses,
pescadores artesanais, marisqueiras, ribeirinhos, varjeiros, caiçaras, praieiros, sertanejos, geraizeiros,
jangadeiros, açorianos, campeiros, vazanteiros, pantaneiros, caatingueiros, pomeranos, entre outros.

O agricultor familiar e empreendedor familiar rural se caracteriza como aquele que pratica atividades no
meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: i) não detenha, a qualquer título,
área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; ii) utilize predominantemente mão-de-obra da própria
família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; iii) tenha renda familiar
predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou
empreendimento; iv) dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família (Lei da Agricultura
Familiar, 2006).

Qual instrumento identifica os agricultores familiares e


garante o acesso às políticas públicas específicas para a
Agricultura Familiar?
A Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP é o instrumento que identifica e qualifica as Unidades
Familiares de Produção Agrária (UFPA) da agricultura familiar (DAP física) e suas formas associativas
organizadas em pessoas jurídicas como cooperativas (DAP jurídica), conforme a lei. Essa declaração é o
principal instrumento de acesso dos agricultores e das cooperativas às diversas políticas públicas de
incentivo à agricultura familiar, como por exemplo: acesso ao crédito por meio das linhas de
financiamento do Pronaf, Garantia-Safra, Garantia de Preços, acesso às compras públicas (PAA e PNAE),
entre outras. Para acessar uma linha de crédito do Pronaf, é imprescindível a DAP, mas o fato de ter
uma DAP ativa (ser válida e última versão) não é suficiente para garantir o acesso às linhas de crédito do
Pronaf e às políticas públicas para a agricultura familiar, já que cada uma delas possui critérios
específicos.

Quais os sistemas de produção mais adequados para a


agricultura familiar?
No portfólio da Embrapa temos inúmeras tecnologias desenvolvidas pensando no público da agricultura
familiar. Todas têm algo em comum: a busca da sustentabilidade na atividade agropecuária. Assim, as
soluções economizadoras de recursos vitais como a água; que agreguem o cuidado com o solo, evitando
erosão, contaminação, perda de fertilidade; que diversifiquem os sistemas produtivos; que
intensifiquem o uso da terra com tecnologia, reduzindo os custos com mão de obra, cada dia mais
escassa no meio rural, são mais apropriadas para a agricultura familiar. Dentro desse leque, podemos
destacar: controle biológico de pragas e doenças, sistemas agroecológicos de produção, pecuária leiteira
e sistemas de produção de grãos em Integração Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF), outros sistemas que
aliam a produção vegetal com animal (como sisteminha, por exemplo), sistemas agroflorestais (SAF),
horticultura orgânica, além de outros que possam ser adequados às condições da agricultura familiar.
Vale enfatizar também que a sustentabilidade passa, necessariamente, pela redução da dependência de
insumos e energia externos e pela boa gestão ecológica e financeira dos recursos disponíveis na
propriedade familiar.

O que são sistemas agrícolas tradicionais?


Os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) podem ser definidos como um conjunto de saberes, mitos,
formas de organização social, práticas, produtos, técnicas/artefatos e outras manifestações que
compõem sistemas culturais manejados por povos e comunidades tradicionais. As dinâmicas de
produção e reprodução dos vários domínios da vida social que ocorrem nesses sistemas, por meio das
vivências e experiências históricas, orientam também processos de construção de identidades e
contribuem para a conservação da biodiversidade. Podem, assim, ser reconhecidas como patrimônio
cultural imaterial brasileiro.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU) considera esses sistemas
um tipo específico de patrimônio, que combina biodiversidade agrícola, ecossistemas resilientes e
valiosa herança cultural, contribuindo para a segurança alimentar e a sobrevivência de pequenos
produtores agrícolas. No Brasil, uma parceria entre o BNDES, a Embrapa, o Iphan e a FAO, visa mapear os
SATs existentes no país e dar visibilidade à importância das boas práticas atreladas a esses sistemas para
a sustentabilidade ambiental e para a sobrevivência social e econômica dos grupos que delas se utilizam.
Essa iniciativa é conhecida como Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais,
sendo que até 2020 foram realizadas duas edições.

Quais instrumentos estão disponíveis para a gestão da propriedade da


agricultura familiar?
A gestão da propriedade rural é estratégica para o agricultor familiar, pois propicia condições mais
favoráveis para a sua inserção nos mercados, minimiza os riscos, promove melhoria nos resultados da
produção e proporciona a geração de renda. Envolve vários temas que são importantes para a gestão do
empreendimento como captação de recursos (crédito), compra de insumos, planejamento e controle da
produção, redução de custos, comercialização e a qualidade dos seus produtos. Existe uma série de
ferramentas disponíveis para facilitar a vida do agricultor, desde opções de softwares livres de gestão
financeira, de administração, de contabilidade, de análise de custos de produção até cartilhas e planilhas
eletrônicas para o registro das informações e o acompanhamento das despesas e das receitas. No
entanto, dada a heterogeneidade social e a diversidade produtiva da agricultura familiar, há que se
considerar suas especificidades a fim de garantir a sustentabilidade e a competitividade de seus
empreendimentos.

A Embrapa dispõe de aplicativos em temas diversos que podem auxiliar o agricultor na gestão de sua
produção, a exemplo de: Roda da Reprodução, WebAgritec, WebAmbiente, Custo Fácil, GeoWeb
Matopiba, MapOrgânico e o GestFrut.

Qual é a importância e como se dá o funcionamento dos circuitos curtos


de comercialização para a Agricultura Familiar?
O termo circuito curto é utilizado para caracterizar os circuitos de distribuição que mobilizam até, no
máximo, um intermediário entre produtor e consumidor. O tema é complexo e há diversas
categorizações e conceitos relacionados aos circuitos curtos, como cadeias face a face, cadeias de
proximidade espacial, cadeias espacialmente estendidas, venda direta, circuitos de proximidade,
circuitos locais, circuitos alternativos, entre outros que reforçam a noção de proximidade geográfica e
aludem ao aspecto social/relacional presente na ligação entre consumidor e produtor, nos processos de
desenvolvimento local e na territorialização da alimentação.

O tema também remete ao empoderamento dos consumidores cidadãos, conscientes de sua


alimentação, e atuantes na definição dos modos de produção, troca e consumo dos alimentos. Estes, por
sua vez, estão cada vez mais à procura de produtos mais saudáveis, seguros e confiáveis. A recente onda
da valorização dos produtos locais na gastronomia, como o movimento Slow Food também concorrem
para a redescoberta da riqueza dos sabores da cozinha baseada em produtos locais, promovendo maior
aproximação entre a produção, o processamento e o consumo dos alimentos.

Para a agricultura familiar, os circuitos curtos potencializam várias de suas características, como a
produção diversificada, em pequena escala, com controle dos produtos e contato direto do agricultor
com o consumidor, seja na cidade (por meio de feiras, entrega de cestas) ou mesmo na propriedade do
agricultor. Circuitos curtos permitem que o associativismo entre agricultores seja fortalecido, para
atender as demandas de consumidores. Além disso, possibilita associar suas atividades de produção à
outras como estruturação de pequenas agroindústrias, além do agro turismo, gastronomia e lazer.

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