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Agricultura Familiar

No ano de 2014 a agricultura familiar foi eleita pela Organização das Nações
Unidas, como o tema principal, resultando na aprovação em 2017 da resolução
A/RES/72/239, declarando o período de 2019 a 2028 como a década das
nações unidas para a agricultura familiar. Destacando e encorajando os
estados a desenvolver, aprimorar e implementar políticas públicas de
agricultura familiar e compartilhar suas experiências e melhores práticas de
agricultura familiar com outros Estados. Assim estimulando pela Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação o Fundo internacional para
o Desenvolvimento Agrícola, inclusive identificando e desenvolvendo possíveis
atividades e programas, e recursos existentes e por meio de contribuições
voluntárias, conforme apropriado. Isto ocorre devido a este modelo de
agricultura proporcionar condições de segurança alimentar, promovendo a
produção direta de alimentos. Observe caro aluno, que ao passar pelas
estradas, visualizamos plantações de maciças de grãos, e em algumas regiões
produções de animais. Já ao observarmos dos alimentos consumidos, é
possível observar que a diversidade de oferta de produtos vai além da restrição
de alguns modelos de produção, como por exemplo produção de hortaliças.
Assim, a resolução da ONU, além de trazer reconhecimento da necessidade de
incentivo a agricultura familiar, contemplado ainda um contexto socioeconômico
de manutenção das famílias na área rural, juntamente com a garantia de
condição de segurança alimentar, estando diretamente ligado 2°ODS (objetivos
do desenvolvimento sustentável).
Assim, a agricultura familiar é caracterizada por uma propriedade
compartilhada pela família sendo a principal fonte geradora de renda a
agropecuária. Promovendo ainda uma relação familiar e cultural com a terra,
trabalho e local de moradia. Outra característica crucial para este modelo de
produção é elevada diversidade, associada na maioria dos casos em uma
agricultura de subsistência com produção destinada ao mercado.
Neste contexto, e 24 de julho de 2006, foram definidas diretrizes estruturação e
formulação da gestão da Política Nacional da Agricultura Familiar, sendo
articulada em todas as fases de sua formulação e implementação, com a
política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a reforma
agrária. Assim, fixando critérios para definição do público-alvo, a partir da Lei
11.326, determinando agricultor familiar o empreendedor rural que possui até 4
módulos rurais, com mão de obra própria familiar, renda vinculada ao próprio
estabelecimento, tenha percentual mínimo da renda familiar originada de
atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento e
gerenciamento do estabelecimento pela própria família. Também são
beneficiários da Lei:

 silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos da


agricultura familiar e cultivem florestas nativas ou exóticas e que
promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;
 aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que
da agricultura familiar e explorem reservatórios hídricos com superfície
total de até 2 ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos
metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-
rede;
 extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos
incisos e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural,
excluídos os garimpeiros e faiscadores;
 pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos
incisos e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.
 povos indígenas que atendam simultaneamente aos da legislação
 integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e
demais povos e comunidades tradicionais.

Sendo possível a criação de linhas de crédito destinadas as cooperativas e


associados que atendam aos percentuais mínimos de agricultores familiares
em seu quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada,
processada ou comercializada oriunda desses agricultores.

São princípios da agricultura familiar a descentralização; sustentabilidade


ambiental, social e econômica; eqüidade na aplicação das políticas,
respeitando os aspectos de gênero, geração e etnia; participação dos
agricultores familiares na formulação e implementação da política nacional da
agricultura familiar e empreendimento familiares rurais.

Torna-se importante salientar, que para a promoção da Política Nacional da


Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, estão previstas na
da Lei 11.326:

 crédito e fundo de aval;


 infraestrutura e serviços;
 assistência técnica e extensão rural;
 pesquisa;
 comercialização;
 seguro;
 habitação;
 legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária;
 cooperativismo e associativismo;
 educação, capacitação e profissionalização;
 negócios e serviços rurais não agrícolas;
 agroindustrialização.
A importância da legislação direcionada a agricultura familiar, é ressaltada no
Censo Agropecuário de 2017, em que foram constatadas mais de 5 milhões em
propriedades rurais brasileiras, assim enquadrando aproximadamente 77% dos
estabelecimentos agrícolas como agricultura familiar. Ocupando ainda 23% de
toda a área dos estabelecimentos rurais brasileiros, atingindo 80,9 milhões de
hectares em 2017, com valor de produção de R$107 Bilhões empregando em
torno de 10,1 milhões de pessoas na área agrícola. Já pelo ponto de
socioambiental, propriedades familiares apresentam uma tendencia de
manutenção das condições de preservação ecológica, e manutenção da
consciência ambiental na agricultura, promovendo ainda renda para
subsistência familiar. Regionalmente, da área agriculturável da região nordeste,
46,6 % são enquadradas como agricultura familiar, contribuindo com
aproximadamente 35% dos valores de produção regional, conforme Tabela 1,
agregando valor a produção de produto.
Tabela 1 – Percentual de área e valores de produção por região.
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Percentual da 15,4 46,6 15,5 16 5,5
área agrícola
Valores de Produção por Tipo de Produção (%)
Agricultura 40 35 20 38 6
Familiar
Agricultura
60 65 80 62 94
Não Familiar
Fonte: Censo Agrícola (2017)
No Brasil, desde 2003, com a criação do Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA), criado em 2003, instituído Lei n°10.696 e regulamentada pelo Decreto
n° 4.772, destinando, as famílias enquadradas no programa estão dispensadas
de regras específicas de licitação, contidas na Lei ° 8.666/93, promovendo a
destinação da produção a rede pública e filantrópica de ensino.
Dessa forma, a partir do orçamento do MAPA, o público-alvo de fornecedores
para o PAA são os agricultores familiares, assentados da reforma agrária,
silvicultores, extrativistas, indígenas, pescadores e integrantes de comunidades
tradicionais, sendo os alimentos produzidos destinados a consumidores em
condição de insegurança alimentar, nutricional e atendidos pela rede de
assistência social.
Para termos uma percepção da significância da participação da agricultura
familiar no próprio agronegócio, o senso agrícola de 2017, a modalidade é
responsável por 48% da banana, sendo produzidas em 2020 aproximadamente
6,7 milhões de toneladas com uma área de 455 mil há de banana. Contribuindo
também com produções de mandioca, abacaxi, feijão com proporções de 80,
69 e 42%. Entre outros produtos estão a mandioca (70%); feijão (59%);
produtos lácteos (50%), café (38%); trigo (21%); aves (50%); suínos (59%),
entre outros produtos.

Bibliografia
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