Introdução: Como é de nosso conhecimento a agricultura e o setor agropecuário é de suma importância para a economia brasileira, sendo o maior responsável pelo SUPERÁVIT comercial e pela oferta de alimentos. Dentro desse setor econômico, existe uma vertente chamada agricultura familiar, que também exerce papel fundamento para a economia como um todo, gerando emprego e renda para diversas pessoas. Por esse motivo, o governo elabora políticas específicas para a agricultura familiar, dentre elas o crédito rural. Assim, não podemos discutir crédito rural sem definir agricultura familiar.
Agricultura familiar
O sistema de produção chamado de agricultura familiar, por ser usado como
meio e subsistência, ou seja, as pessoas plantavam e criavam animais para o próprio consumo, começou no Brasil no século XVI, logo após o descobrimento. Dessa forma podemos ter a agricultura familiar como ideia de identidade, correlacionando a família e o trabalho na agricultura. Em outras palavras, é uma unidade de produção na qual a propriedade e o trabalho estão diretamente ligados à família. Para Tedesco (2001 apud BASÍLIO, 2009), a agricultura familiar é aquela na qual a família é dona dos fatores de produção e o objetivo maior é a preservação da terra, e não o lucro, como em outros tipos de empresas. Nesse sentido, e com as mudanças socioeconômicas que ocorreram nas últimas décadas, a agricultura familiar se alterou, ou melhor, se transformou junto com a sociedade (BASÍLIO, 2009). De acordo com a FAO (2014), na agricultura familiar estão incluídas todas as atividades agrícolas de base familiar e ela está ligada a inúmeras áreas do desenvolvimento rural. Atividades essas de organização da produção agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola, que são gerenciadas e operadas pelas famílias e dependem basicamente da mão de obra familiar. Assim, como podemos ver, os conceitos de agricultura de subsistência, de camponês, e/ou de pequeno produtor rural estão ultrapassados. Atualmente foram incorporadas outras características. Ou ainda, como afirma Savoldi (2010), a agricultura familiar não é um grupo homogêneo, ou seja, nem todos os estabelecimentos familiares possuem exatamente as mesmas características, e mesmo assim continuarão sendo classificados como familiares e isso ocorre pois para ser considerada agricultura familiar algumas características precisam estar presentes, de acordo com o artigo 3° da lei n° 11.326/2006:
I – Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro)módulos fiscais;
II – Utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV – Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
Importância da agricultura familiar
As terras brasileiras, como sabemos, está concentrada na mão de poucas
pessoas/famílias, dessa forma entende-se que são grandes propriedades. Apesar dessa concentração e da agricultura familiar ser composta por pequenas propriedades que utilizam basicamente a mão de obra familiar, não podemos excluir a agricultura familiar do agronegócio, nem afirmar que ele não exerce papel fundamental na economia brasileira. Segundo dados do Portal Brasil (2015), a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos no Brasil, sendo um agente decisivo na oferta de mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%). Estabelecimentos e área da agricultura dividida pelas regiões brasileiras, tanto da agricultura familiar quanto da não familiar: Crédito rural
No Brasil, a política agrícola é formulada por dois ministérios, que são o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Essas políticas são baseadas em ações de apoio à gestão, financiamento e seguro da produção, formação de estoques e garantia de preços mínimos, que acontecem via instrumentos de políticas agrícolas (IEA, 2015). Uma dessas políticas é o crédito rural, que é definido pelo Portal Brasil (2009) como um financiamento destinado a produtores rurais e cooperativas ou associações de produtores rurais. Nesse sentido, o MAPA (2016) acrescenta que o crédito rural engloba recursos destinados ao custeio, investimento ou à comercialização. Assim, o crédito rural tem como objetivo estimular os investimentos e ajudar no custeio das atividades agrícolas, principalmente de produção e comercialização dos produtos agropecuários. Ou ainda, como acrescenta o Banco Central (2015, [s.p.]), o crédito rural tem como objetivos: • Estimular os investimentos rurais efetuados pelos produtores ou por suas cooperativas. • Favorecer o custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários. • Fortalecer o setor rural. • Incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de produção, visando ao aumento de produtividade, à melhoria do padrão de vida das populações rurais e à adequada utilização dos recursos naturais. • Propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e regularização de terras pelos pequenos produtores, posseiros e arrendatários e trabalhadores rurais. • Desenvolver atividades florestais e pesqueiras. • Estimular a geração de renda e o melhor uso da mão de obra na agricultura familiar. Os créditos de investimento são aplicados em bens ou serviços duráveis, cujos benefícios repercutem durante muitos anos. Já os créditos de comercialização asseguram ao produtor rural e a suas cooperativas os recursos necessários à adoção de mecanismos que garantam o abastecimento e o armazenamento da colheita nos períodos de queda de preços (MAPA, 2016). Qualquer agricultor ou pecuarista pode utilizar o crédito rural? Não. Segundo o Banco Central (2015), as pessoas que podem fazer uso do crédito rural precisam ser produtor rural (pessoa física ou jurídica), cooperativa de produtores rurais; e pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma das seguintes atividades: • Pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas. • Pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões. • Prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive para a proteção do solo. • Prestação de serviços de inseminação artificial em imóveis rurais. • Exploração de pesca e aquicultura, com fins comerciais. • Medição de lavouras. • Atividades florestais.