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ECONOMIA SOLIDÁRIA

Ana Cláudia da Conceição Santos


Tutora Nadia Maria de Azevedo Leites
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pós-graduação Políticas e Gestão em Serviço Social
20/08/2020

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o que é a economia solidária, seu
contexto social e cultural, suas finalidades dentro da sociedade e os atores desta
economia informal que gera renda para muitas famílias de forma sustentável e
artesanal.A economia solidária é composta por pequenos produtores, agricultores
familiares, artesãos, pescadores entre outros, a participação em feiras locais e
também em outros espaços ofertados, vem fortalecendo este movimento. O
desemprego e a migração das zonas rurais para os centros urbanos acarretam na
falta de emprego na cidade para os indivíduos, a economia solidária surge como uma
alternativa de renda, além da autogestão este movimento desenvolve o trabalho de
forma solidária, onde prevalecem a autonomia, participação autogestão e
solidariedade, o sistema é igualitário e não se visa apenas o lucro, como no sistema
capitalista, na economia solidária não existe patrão e ao comercializar o produto o
lucro é do próprio artesão e não do patrão.

Palavras-chave: Autogestão. Participação. Sustentabilidade.


1 INTRODUÇÃO

A economia solidária trata-se de uma alternativa de geração de trabalho e renda


por meio do trabalho que combina os princípios de autogestão, cooperação e
solidariedade na realização de atividades de produção de bens e de serviços,
distribuição, consumo e finanças.
A estratégia de desenvolvimento da economia solidária expressa claramente o
movimento de autogestão, justa distribuição dos resultados, preocupação com o bem-
estar dos trabalhadores, completamente diferente do sistema capitalista onde o lucro
é obtido apenas pelo patrão ou seja pelo dono do capital e meios de produção.
Muitos foram e ainda são os desafios para que a Economia Solidária se
desenvolva e se estabilize dentro do cenário atual. Ao decorrer do trabalho serão
apresentados e destacados os benefícios dessa política na vida das pessoas
envolvidas nesse sistema de autogestão.

2 DESENVOLVIMENTO

A política pública de economia solidária é o resultado do processo de movimento


social, que foi institucionalizada em 2003 como política de trabalho; conforme Decreto
nº4.764, de 24 de Junho de 2003;

O governo do presidente Lula da Silva institucionalizou no Brasil, desde o início do seu primeiro
mandato (2003), uma política de trabalho na qual uma das diretrizes
centrava-se na economia solidária, e criou, com a Lei nº 10.683, de 28 de
maio de 2003 (instituída pelo Decreto n° 4.764, de 24 de junho de 2003), a
Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), interna ao Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
Nesse sentido, os últimos anos foram fundamentais para a expansão das políticas
públicas de economia solidária em âmbito nacional, fortalecendo um amplo
movimento que envolve os esforços de organizações da sociedade civil e de governos
municipais e estaduais, cuja finalidade é potencializar estratégias de geração de
trabalho associado e de cooperação em atividades de produção, comercialização e
consumo, articuladas a processos sustentáveis e solidários de desenvolvimento.

Podemos descrever essa política por meio das atividades econômicas


desempenhadas pela organização, dentre elas podemos citar cooperativas,
associações, empresas que realizam suas atividades por trabalhadores em regime de
autogestão, ou seja, os próprios trabalhadores participam da tomada de decisões de
forma democrática e igualitária, não há uma figura de patrão, sendo assim os
trabalhadores também são proprietários e gestores da empresa.

Em decorrência de alguns fatores que arriscam e comprometem a manutenção e


a sobrevivência de algumas famílias de segmentos populacionais mais vulneráveis.
Tem se buscado diversas maneiras de fortalecer e desenvolver atividades que
possibilitem processos de desenvolvimento local, a promoção do trabalho e geração
de renda de forma sustentável, onde prevaleçam os aspectos culturais da
comunidade e territórios. Conforme 1º Plano Nacional de Economia Solidária (2015,
p.06)

Nos últimos anos, a economia solidária experimentou uma expansão no


Brasil, em especial, dentre os segmentos populacionais mais vulneráveis. As
iniciativas econômicas solidárias vêm sendo incentivadas como estratégias
de dinamização socioeconômica em processos de desenvolvimento local e
territorial sustentável, na perspectiva de promover a coesão social, a
preservação da diversidade cultural e do meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável tem sido visto como alternativa de combate ao


atual padrão capitalista dominante, que promove forte desgaste e degradação
ambiental, insegurança social e na má distribuição dos recursos e riquezas geradas
pelo trabalhador.

Além disso, a atividade produtiva deverá estar perfeitamente integrada à


capacidade de suporte do meio no qual está sendo realizada.
Desenvolvimento sustentável solidário, portanto, significa o desenvolvimento de
todos os membros da comunidade de forma conjunta, unidos pela ajuda mútua e pela
posse coletiva de meios essenciais de produção ou distribuição, respeitando os
valores culturais e o patrimônio ecológico local.
A comercialização em feiras conta com um público diversificado, é comum a
participação de indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária, pescadores
artesanais entre outros.
Muitos destes grupos de populações tradicionais tem sua renda proveniente da
comercialização dos produtos produzidos no campo, ou seja, no meio em que vivem,
proporcionando a venda de produtos orgânicos livre de agrotóxicos de forma
sustentável e solidária.
Podemos citar o Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra MST como um dos
movimentos que tem como garantia de renda a comercialização de alimentos através
de feiras e da venda domiciliar no território local, estes produtos possuem um valor de
comercialização abaixo aos os valores de mercado, o que facilita e garante a
clientela, outro fator de grande relevância é a fonte e a qualidade dos alimentos.

Conforme informações da página do MST segue o relato de um dos participantes da


FEIRA LATINO AMERICANA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA realizada em julho de
2016.

De acordo com Heloíse Dorneles, do Assentamento Filhos de Sepé de


Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre, a introdução desses
produtos naturais e artesanais em feiras ocorreu a partir de capacitação
realizada pela Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos (Coptec) às
mulheres camponesas. “O curso nos incentivou a produzir não somente para
nós, mas também para as feiras. E vale a pena, porque as pessoas têm
acesso a produtos com preços mais baixos que no mercado. E, além de
serem naturais, têm o mesmo efeito daqueles que estão nas prateleiras das
farmácias”, afirma.

Outro importante aspecto da Economia Solidária é o fato de que muitas mulheres


participam desse sistema de auto gestão, o que possibilita o desenvolvimento de sua
autonomia e independência financeira, produzindo e comercializando em feiras e
demais locais, de forma sustentável através do artesanato, gêneros alimentícios entre
outros.
É importante ressaltar que a Economia Solidária não se limita apenas ao comércio.
As diretrizes dessa política abrange todo um contexto que inclui um novo olhar ao
resgate cultural a preservação ao meio ambiente a luta pela terra e equidade de
gênero.

Alguns municípios do litoral norte do Rio Grande do Sul, entre eles, Pinhal, Torres
e Palmares do Sul no Rio Grande do Sul, todos possuem grupos de movimentos da
economia solidária, realizam Fóruns intermunicipais e realizam feiras para a
comercialização dos produtos, conforme as imagens abaixo:

Imagens disponível facebook Ecosol Pinhal


Imagens disponível no facebook Luis Teixeira (Departamento ECOSOL)
Apesar do incentivo de alguns gestores municipais, estaduais e também de níveis
federais, a expansão da Economia Solidária a nível nacional ainda enfrenta grandes
desafios.
O predomínio do sistema capitalista que favorece o acumulo de capital e bens de
consumo, é uma das ameaças a serem enfrentadas, tendo em vista que um sistema é
o oposto do outro. O capitalismo gera crescimento econômico e riquezas em um
sistema entre o patrão (detentor dos meios de produção) e empregado (mão de
obra/força de trabalho) tendo como objetivo principal o lucro.
Já a Economia solidária que tem como princípio o desenvolvimento sustentável e
social, busca através dessa prática incluir mulheres, jovens membros de comunidades
quilombolas, indígenas e outros povos de comunidades tradicionais em um sistema
de autogestão onde não há um detentor do lucro.
Outra questão que dificulta é a burocracia para a criação de cooperativas e a
liberação de linhas de crédito para investir nos empreendimentos. Segundo dados da
Agenda Institucional do Cooperativismo;

O setor movimenta anualmente R$ 12 bilhões. Atualmente, o Brasil conta com


mais de 6,8 mil cooperativas, responsáveis por 398 mil empregos formais,
com base na solidariedade, igualdade e autogestão.

Já tramita no Congresso Nacional um projeto que prevê a criação de um


Sistema Nacional da Economia Solidária, com essa lei o estado passa a ter
diretrizes e as cooperativas e demais setores passam a ter apoio de seus gestores
para resolver seus problemas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto ao finalizar esta pesquisa foi possível conhecer as


diretrizes da economia solidária no contexto social dos brasileiros, as expressões
das questões sociais como o desemprego e falta de oportunidades de trabalho,
bem como, os resultados negativos do sistema capitalista na vida dos
trabalhadores.
A exploração da mão de obra e desigualdade na divisão dos lucros, fez com
que a economia solidária se tornasse uma alternativa de geração de renda, de
forma igualitária e justa, onde não existem patrões ou donos dos meios de
produção. A solidariedade e justiça prevalecem e todos possuem as mesmas
oportunidades de trabalho.

REFERÊNCIAS

FONTE:https://www.redebrasilatual.com.br/economia/2019/07/economia-solidaria-
movimenta-cerca-de-r-12-bilhoes-ao-ano/Acesso em 10.ago.2020.

FONTE:http://www.cfess.org.br › Parecer em atendimento à deliberação nº 18 do eixo


de Seguridade Social do Relatório Final do 40º Encontro Nacional CFESS-CRESS
Acesso em 10.ago.2020.

1ºPLANO NACIONAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA.Para promover o direito de


produzir e viver de forma associativa e sustentável 2015-2019. Brasília, 2015.

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