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O Papel das Cooperativas no Desenvolvimento Económico Local

Felício Luciano Sine


feliciosine@gmail.com
Mestrando Desenvolvimento Económico Regional e Local – UCM
Faculdade de Gestão de Turismo e Informática
Cooperativismo
Docente: Gaspar Lourenço Tocoloa, PhD

RESUMO
O presente artigo retrata o Papel das Cooperativas no Desenvolvimento Económico Local. Tem como objectivo
analisar o papel das cooperativas no desenvolvimento económico local; especificamente, abordar conceitos de
cooperativismo e desenvolvimento económico local, identificar objectivos e características do cooperativismo,
listar as vantagens e desvantagens do cooperativismo e abordar o papel das cooperativas no desenvolvimento
económico local. O cooperativismo veio para contrapor as desigualdades provocadas pela livre concorrência e
exploração de mão-de-obra. O Cooperativismo é tido como uma associação de pessoas unidas a fim de
cooperar umas com as outras, visando à solução de problemas econômicos por meio da solidariedade
humana. O desenvolvimento económico local por sua vez, corresponde a um processo de melhoramento geral
da qualidade de vida e do bem-estar de uma comunidade, com profundo respeito e consideração pelas reais
necessidades e aspirações desse povo. Para materialização do artigo foi utilizado o método de pesquisa
bibliográfica em diversas fontes, concretamente, sites oficiais, artigos, relatórios, teses e manuais. As
cooperativas desempenham papel preponderante no desenvolvimento económico local, desde o caminho
para a solução do desemprego; o aumento da produção e produtividade pelo fácil acesso a assistência técnica,
tecnologias e insumos; permite a geração de renda pela possibilidade de facilitar a comercialização dos
produtos dos cooperados e com preços aliciantes; permite o acesso fácil do capital para diversos
investimentos; promovem cursos e outros eventos para potencializar o aprendizado de seus cooperados,
investindo na evolução profissional e pessoal e permite a inclusão de todos, valorizando desta feita também
os mais isolados, marginalizados da comunidade.
Palavras Chaves: Cooperativismo, cooperativa, desenvolvimento local.

ABSTRACT

This paper portrays the Role of Cooperatives in Local Economic Development. It aims to analyze the role of
cooperatives in local economic development; specifically, to address concepts of cooperativism and local
economic development, identify objectives and characteristics of cooperativism, list the advantages and
disadvantages of cooperativism and address the role of cooperatives in local economic development.
Cooperativism came to counter the inequalities caused by free competition and exploitation of labor.
Cooperativism is seen as an association of people united in order to cooperate with each other, aiming to solve
economic problems through human solidarity. Local economic development in turn corresponds to a process
of general improvement of the quality of life and well-being of a community, with deep respect and
consideration for the real needs and aspirations of that people. To materialize the article, the bibliographic
research method was used in several sources, namely, official websites, articles, reports, theses and manuals.
Cooperatives play a leading role in local economic development, from the path to solving unemployment;
increasing production and productivity by easy access to technical assistance, technologies and inputs; allows
the generation of income by the possibility of facilitating the commercialization of the products of the
cooperative members and with attractive prices; allows easy access to capital for various investments;
promote courses and other events to enhance the learning of its cooperative members, investing in
professional and personal development and allows the inclusion of all, valuing this time also the most isolated,
marginalized of the community.

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Key-words: Cooperativism, cooperative, local development.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo subordina-se ao papel das cooperativas no desenvolvimento económico local.
De acordo com a OCB (2023a), cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns,
por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.
Desenvolvimento Local corresponde a um processo de melhoramento geral da qualidade de vida e do
bem-estar de uma comunidade, com profundo respeito e consideração pelas reais necessidades e
aspirações desse povo, assim como pela “sua própria capacidade criativa, seus próprios valores e
potencialidades, suas próprias formas de expressão cultural” (Lima, Marinho, & Brand, 2007).

Segundo Lima, Marinho, & Brand (2007), quando se fala em desenvolvimento local, não se leva em
conta somente o aspecto econômico, mas também se considera o desenvolvimento social, ambiental,
cultural e político, ou seja, o desenvolvimento em escala humana.
As cooperativas são organizações que contribuem para o desenvolvimento económico e social,
humano sustentável e combate a exclusão social através de criação de emprego, geração e distribuição
de renda, combate a fome, redução da pobreza e aumento dos volumes de produção como refere a
“Recomendação” nº.193 da OIT que orienta os Governos dos países em desenvolvimento a adotar
políticas para promoção e expansão do cooperativismo (Chissancho & Ussene, 2015).
A origem do que hoje é chamado de cooperativa teve a data marcada em 21 de dezembro de 1844 no
bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra) onde 284 tecelões fundaram a “sociedade dos probos
pioneiros de Rochdale” com o resultado da economia mensal de uma libra de cada participante,
durante um ano, objetivando encontrar uma alternativa econômica para atuarem no mercado frente ao
capitalismo da época da revolução industrial (Oliveira, 2003).
Ferreira (2019), afirma que assegurar que o crescimento beneficia os cidadãos e, particularmente, os
mais vulneráveis e desfavorecidos é um fator essencial do sucesso e sustentabilidade dos processos de
desenvolvimento, para além de uma questão de justiça social. As desigualdades têm impactos
perniciosos no desenvolvimento ao nível económico, social, humano e até ambiental.
O cooperativismo veio para contrapor as desigualdades provocadas pela livre concorrência e
exploração de mão-de-obra, hoje o que se vê e cooperativismo como forma de inclusão social, ou
grupo de pequenos se torna grande quando formam uma cooperativa e a cooperativa concorre no
mercado com as grandes corporações. O estabelecimento de vantagens competitivas por parte de
cooperativas
tem sido o apelo da economia social, que se bem explorada pode se tornar uma grande vantagem em
relação às empresas mercantis (Sales, 2010).
Segundo Sales (2010), as pessoas quando se juntam, produzem muito mais que a soma do que
produziriam individualmente. O cooperativismo é uma forma de somar capacidade dentro de um
mundo de concorrência. É uma forma de preservar a força econômica e de vida dos indivíduos de um
mesmo padrão e tipo, com objetivos comuns e com as mesmas dificuldades. A cooperativa quase
sempre surge em momentos de dificuldades e da consciência de fragilidade do homem dentro do
mundo em que atua.
O artigo é composto por 3 capítulos, concretamente: Introdução, Fundamentação Teórica e por fim a
conclusão do papel das cooperativas no desenvolvimento económico local.

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2. O PAPEL DAS COOPERATIVAS NO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
LOCAL

2.1. CONCEITOS DE COOPERATIVISMO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO LOCAL

COOPERATIVISMO
Para Santos & Ceballos (2006), o cooperativismo é uma associação de pessoas unidas a fim de
cooperar umas com as outras, visando à solução de problemas econômicos por meio da solidariedade
humana. É um sistema econômico e social que busca, através das cooperativas, a organização e a
distribuição de riquezas.
Crúzio (2005), tem cooperativismo como união de trabalhadores ou profissionais diversos, que se
associam por iniciativa própria, sendo livre o ingresso de pessoas, desde que os interesses individuais
em produzir, comercializar ou prestar um serviço, não sejam conflitantes com os objetivos gerais da
cooperativa.
Segundo Hartung (2005), o cooperativismo é considerado pelas instituições do sistema cooperativista
como uma doutrina, um sistema, um movimento ou, simplesmente, uma atitude ou disposição que
considera as cooperativas como uma forma ideal de organização das atividades sócio-econômicas da
humanidade.
O cooperativismo, para Pinho (1966), significa construir uma sociedade em que as cooperativas
constituam-se na melhor instituição para transformar a economia. Isto é uma economia social,
solidária e justa, onde todos participam ativamente, conforme veremos a seguir no contexto do
cooperativismo como um instrumento para a construção de uma economia social e solidária.
Singer (2001), propõe o cooperativismo como uma solução não capitalista para o desemprego, a partir
de uma oportunidade de inserção da massa socialmente excluída em um novo setor econômico,
formado por cooperativas dentro de um mercado protegido da competição externa pelo fator
cooperação. O instrumento para implantação deste sistema é a formação de cooperativas de produção
e de consumo. Na percepção de Singer, “quanto maior o número de cooperativas, tanto melhores suas
chances de sucesso”.
Schmidt e Perius (2003) tem o cooperativismo como uma forma de geração de emprego em que se
garante trabalho e renda digna aos trabalhadores considerados marginais ao mercado de trabalho
dentro do sistema capitalista altamente competitivo. Torna-se uma nova forma de relação entre capital
e trabalho onde o trabalhador se torna o dono dos meios de produção, surgindo assim uma base de
defesa econômica, produtiva e autogestionária.

DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO LOCAL


O Desenvolvimento económico local é um processo de desenvolvimento participativo que estimula
parcerias entre as principais partes interessadas do sector privado e público num território definido,
com objectivo de gerar emprego decente e estimular a actividade económica. O processo DEL permite
a concepção e a implementação conjunta da estratégia comum de desenvolvimento através do uso dos
recursos e das vantagens competitivas locais num contexto global (Empel, Urbina, & Villalobos,
2006).
Para Swinburn, Goga & Murphy (2007), desenvolvimento económico local (DEL) é construir a
capacidade económica de uma determinada área para melhorar sua perspectiva económica e a
qualidade de vida de todos. Este é um processo pelo qual os parceiros públicos, o setor empresarial e

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os não governamentais trabalham coletivamente para criar condições melhores ao crescimento
econômico e geração de emprego.
Lima, Marinho, & Brand (2007), tem desenvolvimento local como a capacidade criativa, nos valores
e potencialidades, nas formas de expressão cultural e na participação coletiva de uma dada
comunidade. Sua condição essencial é a identidade comunitária.
Segundo Ávila (2006), desenvolvimento local é um processo de desenvolvimento cultural e
socioeconómico emergente de dentro-para-fora da própria comunidade-localidade, em escala
emancipatória que a alce à condição de sujeito e não de mero objeto mesmo que participante desse
processo.
Desenvolvimento local é o processo de tornar dinâmicas as vantagens comparativas e competitivas de
uma determinada localidade, de modo a favorecer o crescimento econômico e simultaneamente elevar
o capital humano, o capital social e o capital empresarial, bem como conquistar o uso sustentável do
capital natural (Paula, 2008).
Paula (2008), “local” é entendido aqui como qualquer recorte sócio territorial delimitado a partir de
uma característica eletiva definidora de identidade. Pode ser uma característica físico-territorial
(localidades de uma mesma micro-bacia), uma característica econômica (localidades integradas por
uma determinada cadeia produtiva), uma característica étnica-cultural (localidades indígenas, ou de
remanescentes de quilombos, ou de migrantes), uma característica político-territorial (municípios de
uma micro-região) etc. Enfim, o recorte do “local” depende do olhar do sujeito e dos critérios eletivos
de agregação.

2.2. OBJECTIVO DO COOPERATIVISMO

Segundo Barbosa (2012), o principal objetivo da economia solidaria (cooperativismo) é pôr em


prática a solidariedade no lugar da competição, caracteriza se como uma economia alternativa com a
formação de empreendimentos solidários de autogestão e autossustentáveis como forma de gerar
trabalho e renda de forma participativa e democrática em que o principal objetivo da economia
solidária é pôr em prática a solidariedade no lugar da competição. Caracteriza se como uma economia
alternativa com a formação de empreendimentos solidários de autogestão e autossustentáveis como
forma de gerar trabalho e renda de forma participativa e democrática em que.
Pinho (1966), tem cooperativismo como “doutrina que tem por objeto a correção do social pelo
econômico através de associações de fim predominantemente econômico, ou seja, as cooperativas”.
A economia solidária surgiu como resposta dos próprios trabalhadores à exploração capitalista. Para a
economia solidária o trabalho é um meio de libertação humana, num processo de democratização
econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações de trabalho
capitalista (Singer P. , 2002)
Segundo Farias & Gil (2013), a doutrina cooperativista surgiu no século como resultado de um
processo através do qual se procurava atenuar ou suprimir os desequilíbrios econômicos e sociais
oriundos da Revolução Industrial. Dessa forma, a doutrina cooperativista tem por objetivo a correção
do social pelo econômico, utilizando para isso sociedades de caráter democrático e solidário.
Segundo Gimenez (2007), a cooperação é para um objetivo comum, para praticar ações com os
outros, para buscar resultados comuns para todos e para superar as dificuldades pessoais. Sócio de
cooperativa é a pessoa que se inscreve em uma cooperativa e participa de atividades econômicas em
auxílio mútuo.

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Cooperativas são alianças formadas voluntariamente por pessoas, cujo objetivo é satisfazer as
necessidades econômicas, sociais e culturais comuns por meio de empresas de propriedade coletiva e
administradas democraticamente. As cooperativas são um meio para grupos específicos atingirem
objetivos específicos por meio de acordos voluntários que cooperam entre si (SEBRAE, 2009).
O cooperativismo visa aumentar a renda de seus associados e preservar a "vantagem" para os grupos
cooperativos. Ou seja, nas relações de trabalho capitalistas, os empregadores têm o direito de fazer
cumprir a justiça social, promover os associados e eliminar os lucros dos intermediários, e melhorar
as condições de trabalho, porque as cooperativas tratam funcionários, produtores, profissionais
liberais e outros tornam-se empresários. Estes determinam coletiva e democraticamente as regras de
atuação e promovem os trabalhadores, pois estes se tornam gestores autônomos da própria atividade
após a obtenção do status de empresários, proporcionado aos cooperados: respeito à liberdade,
democracia, igualdade e solidariedade (Granato, 2009)

2.3. CARACTERISTICAS DO COOPERATIVISMO

O cooperativismo caracteriza-se pela uma união de esforços conjuntos no intuito de se atingir


objetivos comuns, valendo-se do capitalismo como base de sustentação e do socialismo como base de
equilíbrio harmonioso de distribuição da riqueza, o cooperativismo propugna por uma sociedade mais
justa, mais humana e mais comprometida consigo mesma. Seu princípio fundamental é a igualdade de
direitos. Ninguém é melhor ou maior que o outro. Na Sociedade Cooperativa todos os seus membros
têm os mesmos direitos e as mesmas obrigações (Vitorino & Benato, 1996).
As principais características da associação cooperativa defendida por Buchez eram: sustentação
financeira sem auxílio do estado; a dupla função aos associados de empresários e empregados; retorno
das sobras proporcionais ao trabalho; a indivisibilidade e inalienabilidade do capital social da
cooperativa (Santos V. D., 2001).
Segundo Gregorini (2019), o cooperativismo é uma forma de organização social que proporciona uma
honrosa forma de ganho e renda e é um movimento internacional que procura construir uma sociedade
mais justa, livre e com bases democráticas. Sua maior característica é a solidariedade baseada em
práticas de ajuda mútua construída em cima de alternativas econômicas e humanas, que equilibram
custos, despesas e ganhos. Possibilita a utilização do fator econômico para alcançar fins sociais.
Para Schneider (1996), cooperativismo é uma doutrina, sistema, movimento, ou simplesmente, uma
atividade que considera o cooperativismo a forma ideal de organização humana e se baseia na
economia solidária, na democracia, na participação, na igualdade de direitos e obrigações de todas as
pessoas, sem discriminação. todos os membros.
As cooperativas legitimam as características disseminadas por George Jacob Holyoake, e possuem
especificidades que as diferenciam de empresas mercantis, associações, entre outras instituições. São
organizações de pessoas e não de capitais, pois, embora realizem movimentações de mercado, não
visam ao lucro, mas ao avanço econômico e social dos seus cooperados (OCB, 2003).

2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO COOPERATIVISMO

VANTAGENS DO COOPERATIVISMO

Segundo UOV (2006), todos os cooperados possuem peso igual, isto é, direitos e deveres iguais.
Diferentemente de empresas, membros que, por exemplo, possuam poder monetário, não podem se
tornar “maiores” do que os outros.

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Eliminação de intermediários, as sociedades cooperativas podem lidar diretamente com os produtores
e com os consumidores finais. Portanto, eles não são dependentes de intermediários e podem
economizar os lucros desfrutados pelos intermediários (Coelho, 2023a).
Para TATICCA (2022), a formação de uma organização cooperativa é simples se comparada à de
qualquer outra organização empresarial. Não limita quantidade de pessoas, o processo de registro é
simples e também não restringe a entrada e saída de membros. Na maioria dos casos, o passivo dos
membros é limitado à extensão de capital por eles contribuídos, aliviando a preocupação de
comprometer sua propriedade privada em caso de perdas financeiras da sociedade.
O cooperativismo tem interesse por ajudar a comunidade local, o modelo de trabalho visa contribuir
para o desenvolvimento sustentável da sociedade e promover benefícios tanto sociais como
econômicos. O meio para alcançar esses objetivos é definido pelos cooperados (Corporis Brasil,
2023).
Coelho (2023a), O excedente gerado pelas sociedades cooperativas é distribuído de forma equitativa
entre os membros. Portanto, todos os membros da sociedade cooperativa são beneficiados.

DESVANTAGENS DO COOPERATIVISMO
Segundo a TATICCA (2022), uma cooperativa é gerenciada apenas pelos seus membros, que muitas
vezes não possuem habilidades de gestão. Isso é considerado uma das maiores desvantagens do setor,
pois a ineficiência da administração pode impedir o sucesso da organização.
A cooperativa possui como base a autoajuda e a ajuda mútua. Porém, nem sempre a harmonia entre os
membros é perfeita. Políticas internas, divergência de opiniões e até brigas podem afetar o
funcionamento dela (UOV, 2006).
Bialoskorski (2006), descreve que a cooperação pode limitar a ação maximizadora individual e a
competência, pondo em questão que o que determina a cooperação.
A solidez financeira das cooperativas depende do limite de contribuição dos membros e da sua
capacidade de captação de empréstimos dos bancos cooperativos do governo. Seus membros
pertencem às classes médias e baixas e a taxa de associação é limitada, não permitindo que seja
levantada uma grande quantidade de recursos. Negócios em larga escala, que requerem um grande
capital, normalmente não são adequados para cooperativas (TATICCA, 2022).
Segundo Coelho (2023a), as sociedades cooperativas operam com recursos financeiros limitados.
Portanto, eles não podem recrutar os melhores talentos, adquirir tecnologia de ponta ou adotar práticas
modernas de gerenciamento. Eles operam no molde tradicional que pode não ser adequado no
ambiente de negócios moderno e, portanto, sofrer perdas.

3. CONCLUSÃO
Segundo SEBRAE (2022), o cooperativismo pode ser a melhor alternativa para o trabalhador escapar
dessa situação de desemprego e diminuição de renda, aliás, foi em busca de melhores condições de
trabalho que o movimento cooperativista surgiu na Inglaterra, no distante ano de 1844. Desde então, a
união de profissionais em cooperativas tem sido considerada a resposta mais adequada ao desafio
permanente do desemprego, além de propiciar uma sensível melhoria das condições de trabalho e
aumentar a renda e a inclusão social.

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A saída para o emprego é a criação de cooperativas”, essa fala do Francisco Dal Chiavon, presidente
da Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias), mostra que o
cooperativismo é o caminho para a solução do desemprego no país, mas para isso é necessário um
incentivo de organizações representativas e do Estado (Easycoop, 2021).
O cooperativismo pela possibilidade de cria aos cooperados desenvolver uma actividade geradora de
renda, permite desta feita empregabilidade dos cooperados que se estivessem a operar sozinho não
teria igual oportunidade.

Segundo Hellin, Lundy & Meijer (2009), a importância das cooperativas na produção está na solução
de diversos problemas comuns ao processo produtivo agrícola, como prestação de serviços unificados,
compra coletiva de insumos, contratação de orientações técnicas e obtenção de canais de
comercialização e processamento de produtos agrícolas.
Para Marcelo (2000), as cooperativas agropecuárias têm sido inseridas como um desafio para
economia e para sociedade, já que se tem como legado o crescimento mútuo, ou seja, do associado e
da cooperativa.

Nos Países em via de Desenvolvimento a maioria das pessoas vive no meio rural vive em parte ou
completamente na base de agricultura e usa práticas agrícolas tradicionais com pouco acesso à
tecnologia moderna, depende principalmente das chuvas, s rendimentos das machambas são baixos
porque utilizam métodos tradicionais de cultivo com poucos insumos agrícolas. O cooperativismo tem
sido uma saída para o aumento da produção e produtividade pelo fácil acesso a assistência técnica,
tecnologias, insumos.

Segundo Granato (2009), o cooperativismo visa aumentar a renda de seus associados e preservar a
"vantagem" para os grupos cooperativo, ou seja, nas relações de trabalho capitalistas, os
empregadores têm o direito de fazer cumprir a justiça social, promover os associados e eliminar os
lucros dos intermediários, e melhorar as condições de trabalho, porque as cooperativas tratam
funcionários, produtores, profissionais liberais e outros tornam-se empresários. Estes determinam
coletiva e democraticamente as regras de atuação e promovem os trabalhadores, pois estes se tornam
gestores autônomos da própria atividade após a obtenção do status de empresários, proporcionado aos
cooperados: respeito à liberdade, democracia, igualdade e solidariedade.
Bertelli (2005) aborda que o desenvolvimento de práticas cooperativas e a promoção do
associativismo, os produtores podem barganhar melhores preços e menores custos, aumentando a
renda e promovendo a adoção de tecnologias mais rentáveis. Vale destacar que, por meio de
organizações coletivas (cooperativas e associações), problemas como a impossibilidade de fornecer
seus produtos na economia de escala e o baixo poder de mercado podem ser administrados de forma
mais eficaz. A existência institucional de participação produtiva em cooperativas e associações tem
um impacto positivo no valor da produção das instituições familiares. Os indicadores espaciais
mostram que existe um padrão duplo: o cooperativismo no Sul é mais forte e o associacionismo no
Nordeste é mais frequente. Essas observações estão relacionadas ao ambiente institucional de cada
região.

O cooperativismo permite a geração de renda, pela possibilidade de facilitar a comercialização dos


produtos dos cooperados e com preços aliciantes permitindo uma melhoria da vida dos produtores e
de servir como instrumento importante na busca de alternativas capazes de superar momentos de
crise.

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Segundo santos (2009) as cooperativas de crédito facilitam e desburocratizam o acesso ao crédito a
grupos com recursos menores, que individualmente não conseguiriam determinadas vantagens”. Suas
atividades de empréstimos são financiadas por depósitos de poupança feitos pelos membros da
cooperativa que compartilham de um vínculo comum de associação, geralmente de natureza
geográfica ou de natureza ocupacional.

As cooperativas de crédito promovem a aplicação de recursos e tomada de empréstimos com taxas


diferenciadas dos bancos da praça, visto que os baixos custos operacionais, devido a sua reduzida
estrutura física e de pessoal, podem fornecer empréstimos com juros menores que os praticados pelos
bancos locais e, ainda, remunerar as aplicações de seus associados com taxas superiores às do
mercado (SEBRAE, 2009).

Segundo Assunção (2020), as cooperativas de crédito muitas vezes atendem a pequenas populações,
áreas rurais e remotas, ou áreas onde é difícil para grupos desfavorecidos obter serviços bancários.

As cooperativas de crédito possibilitam os cooperando assim como membros da comunidade a ter


acesso a capital para investimentos com facilidades, que, dada a condição financeira dos cooperando
não teriam acesso se fossem a um banco comercial devido aos condicionalismos e com agravante das
taxas de juros serem elevadas. Referir que as cooperativas também com a pratita de Implementação de
actividades da poupança e crédito rotativo, permite ao melhor acesso a finanças para promover
actividades de geração de renda e promover cultura da poupança.

Segundo SEBRAE (2009), as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros,
dos representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores de forma a que estes possam contribuir,
eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. As cooperativas informam o público em
geral, particularmente os jovens e os formadores de opinião, sobre a natureza e as vantagens da
cooperação.

O cooperativismo desempenha um papel importantíssimo na educação, uma vez que as cooperativas


promovem cursos e outros eventos para potencializar o aprendizado de seus cooperados, investindo na
evolução profissional e pessoal de todos. Temos exemplos de muitas cooperativas que promovem a
alfabetização de adultos, o que permite aos cooperados saber ler e escrever assim como, matemática
básica facilitando a gestão dos seus empreendimentos.

Para Schneider (2012), as cooperativas e os empreendimentos da economia solidária, pela filosofia e


natureza de suas organizações, são entidades que contribuem prioritariamente para o equilíbrio e a
coesão social. Como no processo decisório das atividades produtivas e distributivas, predomina a
perfeita igualdade de votos entre todos os associados, tais empreendimentos constituem-se num dos
mais efetivos mecanismos de equitativa e solidária distribuição da riqueza, dos bens e serviços
gerados.

Norteado pelos seus valores, a cooperativa na composição dos seus membros não leva em conta a
inclinação partidária, religião ou condição física. Desta feita, permitindo a inclusão de todos,
valorizando desta feita também os mais isolados, marginalizados da comunidade.

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RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS DE MELHORIA

- Criar mais cooperativas (produtores, pescadores, pedreiros, pintores, eletricistas), de certa forma
sustentáveis como alternativa para fazer face a crescente situação de desemprego.

- Incentivar a criação de cooperativas de comercialização de modo a facilitar o escoamento do


excedente a preços aliciantes.

- Potenciar as cooperativas na implementação de actividades da poupança e crédito rotativo.

- Promover alfabetização de adultos ao nível das cooperativas assim como facilitar formações técnico
profissional.

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