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EXTENSÃO RURAL
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DAIANE SALABARRIETO LOPES
2023
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ASSOCIATIVISMO COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DA
EXTENSÃO RURAL
1. Associativismo
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O associativismo rural se caracteriza como uma organização coletiva de trabalhadores
rurais com o objetivo de diminuir as desigualdades que atingem o campo, em decorrência do
modelo de desenvolvimento agrário, centrado na concentração fundiária e no pacote
tecnológico da revolução verde, onde os recursos produtivos eram voltados para os grandes
latifúndios. E os agricultores familiares ficando fora desse processo, cultivando
tradicionalmente e obtendo baixo rendimento e renda (PELEGRINI; SHIKI; SHIKI, 2015).
Isso impedia os agricultores familiares de concorrer com a agricultura mecanizada que
produzia em larga escala, acarretando mais desigualdades nesse meio. Diante disso, o
associativismo rural é uma forma dos agricultores se organizarem para sobreviver à
sociedade capitalista, através de projetos alternativos e tecnologias sustentáveis
(CLEMENTE; OLIVEIRA; STURZA, 2015). Segundo Balem (2016), os agricultores que
estão organizados em Associações, têm mais força de reivindicar melhorias e buscar apoio do
poder público municipal, e os outros órgãos responsáveis.
Assim o associativismo surge como estratégia de redução das desigualdades existentes
e passa a ser um mecanismo de fundamental importância para o fortalecimento do coletivo,
permitindo a inserção econômica e o desenvolvimento da agricultura familiar satisfazendo as
necessidades econômicas, sociais e humanas realizadas em coletivo. Além disso, possibilita a
permanência dos agricultores no meio rural sendo este um dos principais benefícios (SOUZA,
2016).
2. Extensão rural
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conhecimento. Dentre os métodos utilizados pelos extensionistas rurais, estão o planejamento
e as metodologias participativas. Esses métodos possibilitam a interação entre agricultores,
famílias e os demais atores envolvidos, para que juntos possam enfrentar e buscar solução
para os problemas comuns (RUAS et al., 2006).
3. Diferença entre associação e cooperativa
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O primeiro passo é a união de pessoas com o mesmo interesse ou propósito, com o
intuito de lutar por políticas públicas para melhorar as condições de vida de seus associados.
Nesse momento é feita a discussão e a elaboração do estatuto que rege os direitos e deveres
dos associados, e de como deve seguir a organização da mesma. Ao fim da reunião com a
aprovação do estatuto, se faz uma ata onde tudo fica registrado e segue a assinaturas das
pessoas interessadas (SENA, 2014).
Com tudo isso definido, faz-se uma nova reunião titulada como assembleia geral para
se discutir a formação de diretoria que pode ser de poder concentrada com um presidente ou
colegiada, onde o poder é compartilhado, onde tudo passa pela a aprovação e o voto da
maioria dos associados. Mas para que a associação seja legalizada juridicamente é preciso
registrar o estatuto e a ata no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica da Comarca, Receita
Federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e no Ministério do Trabalho (SENA,
2014).
Após todos esses passos, a associação estará pronta para o funcionamento, mas quando
os representantes da associação não querem ou não têm tempo de fazer tudo isso sozinhos (o
que é muito comum), podem contratar um contador para realizar a parte burocrática do
registro.
O governo federal cria a partir de 1985 alguns programas de apoio ao associativismo,
como por exemplo, o PAPP (Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural). Buscando
estimular os pequenos produtores a se organizarem de forma associativa, visando aumentar
seu nível de produção e renda, pois o mesmo tinha como objetivos o fortalecimento das
organizações e associações de pequenos produtores rurais, estimular os investimentos na
infraestrutura operacional das associações e na assistência financeira entre outros
(GANANÇA, 2006).
Em 1996 cria-se o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar) programa de empréstimo e incentivo para os agricultores, cedido por bancos
públicos que optaram por direcionar seus recursos para as associações de produtores rurais.
Com isso, o governo acaba incentivando a formação de um associativismo na área rural por
meio destes financiamentos (GANANÇA, 2006).
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A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), fundada em 17 de setembro
de 1970, é uma entidade representativa, sem fins lucrativos, que atua em todo o Estado de
Mato Grosso. A Acrimat incentiva a criação, a seleção, a preservação independente de raça e
origem e o intercâmbio dos criadores de gado bovino (ACRIMAT, 2023).
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) é uma
entidade representativa de classe sem fins lucrativos, constituída por produtores rurais ligados
às culturas de soja e milho de Mato Grosso. Seu objetivo central é unir a classe, valorizando-
a. A Aprosoja-MT criada em fevereiro de 2005, representa os direitos, interesses e deveres
dos produtores de soja e milho. Para isso, desenvolve ações e projetos que visam o
crescimento sustentável da cadeia produtiva da soja e do milho em Mato Grosso. A sede da
Aprosoja-MT é situada em Cuiabá, mas para facilitar a comunicação com os associados, a
entidade possui núcleos regionais, instalados nos Sindicatos Rurais das maiores cidades
sojicultoras do estado (APROSOJA, 2023).
Em Mato Grosso, o serviço de extensão rural foi constituído oficialmente no dia 15 de
setembro de 1964, com a criação da Associação de Crédito e Assistência Rural de Mato
Grosso (Acarmat), marco histórico para a agricultura e pecuária. Em 1992, foi instituída a
Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) em decorrência
da fusão da Emater, da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Empa) e da Companhia de
Desenvolvimento Agrícola (Codeagri), das quais é sucessora. Foi criada como uma sociedade
de economia mista, vinculada a Seder, dotada de personalidade jurídica de direito privado
com patrimônio e autonomia administrativa e financeira A Empaer trabalha ao lado dos
agricultores familiares, incentivando boas práticas rurais e difundindo novas tecnologias para
gerar e garantir o desenvolvimento econômico, social e ambiental da família rural (EMPAER,
2023).
A Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) foi fundada em 16
de setembro de 1997 por agricultores que iniciaram a cotonicultura no Estado num modelo
empresarial, no início dos anos 1990. A entidade nasceu da necessidade desses produtores
pioneiros buscarem juntos soluções para os problemas enfrentados (como doenças) e os
desafios decorrentes do plantio do algodoeiro no Cerrado
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O associativismo representa uma importante opção estratégica, capaz de transformar
ou modificar a realidade, ou como um instrumento que proporciona aos diferentes atores
sociais meios para se adaptarem a essa realidade.
O associativismo rural teve grande evolução desde o início da sua história, por ser um
processo de identificação e liberdade, em que os atores principais buscam transformação para
a comunidade através da cooperação. Estas entidades são definidas como uma união coletiva,
com finalidade nas práticas solidárias, e sem qualquer fim lucrativo. A finalidade do
associativismo é propor benefícios, sociais, profissionais, técnicos e econômicos para seus
associados. Ela representa uma mudança de vida no ambiente rural, e promove uma relação
de autonomia, solidariedade e desenvolvimento, segundo (SACHS, 2004, p.25). Igualdade,
equidade e solidariedade estão embutidas no conceito de desenvolvimento para que este possa
ser diferenciado do crescimento econômico.
Para Dalfovo et al. (2010), o associativismo rural surgiu para integrar pessoas, com a
finalidade de melhorar as condições de vida e os direitos dos cidadãos, propondo soluções
para o fortalecimento dos projetos a fim de que os associados se vejam como sujeitos
coletivos ativos. Assim Bezerra (2011, p.43) considera que “o associativismo rural, portanto,
vai se apresentar como um processo que se propõe concretizar as demandas sociais dos
agricultores familiares na busca de autonomia no processo produtivo e no desenvolvimento
local”. Essa autonomia diz respeito a capacidade de planejar e executar suas ações como
produtor, com estratégias capazes de atender as suas necessidades e ao desenvolvimento do
potencial dos agricultores.
Sperry (2003) destaca que com a criação dessas associações no meio rural, as lavouras
e produções de agricultura familiar apareceram com maiores possibilidades. De acordo com
Rosoni (2013), o associativismo tem papel fundamental no desenvolvimento rural, além do
mais proporciona a união dos agricultores em associações permite-lhes terem acesso a
insumos, maquinários e outros equipamentos, com melhores preços e com maior prazo de
pagamento, e também permite acesso a assistência técnica, tecnologias e capacitação
profissional.
Na prática associativa no espaço rural aparece como peça fundamental não só na
promoção do acesso às políticas públicas, mas também na conscientização no que diz respeito
aos direitos e deveres básicos que devem ser assegurados ao agricultor familiar e que na
maioria das vezes os são negados (LISBOA, 2019).
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O associativismo compreende diversos princípios que necessitam ser articulados para
o alcance de resultados positivos e consideráveis. Alguns dos principais papéis que devem ser
desempenhados pelas associações e que também se constituem como desafio, é o informativo
e de orientação trabalhados na perspectiva da conscientização dos direitos, deveres e do
verdadeiro papel das associações como condicionantes para autonomia e autogestão das
mesmas. Sendo esses últimos primordiais na consolidação do real associativismo,
desenvolvido no contexto democrático e de emancipação dos sujeitos envolvidos (LISBOA,
2019).
Leonello e Cosac (2008, p. 12) reforçam ainda que o associativismo, assim como
outras formas de movimentos sociais, possui suas especificidades e características, pois
existem diferenças regionais, no grau de seu desenvolvimento, de sua compreensão,
organização e planejamento, o que denota falta de educação formal para que se alce, no
Brasil, o desenvolvimento deste tipo de ação.
Direccionalmente, o associativismo possibilita informação e o conhecimento sobre tais
políticas públicas, as formas de enquadramento e de conquistas às mesmas. Contudo, o
associativismo funciona como espaço de articulação e reflexão sobre variadas ações que
buscam o desenvolvimento social, econômico e cultural, a permanência do agricultor familiar
no meio em que vive, através, principalmente, de políticas públicas e através da consolidação
de planos estratégicos para o desenvolvimento dessa categoria (LISBOA; ALCANTARA,
2015).
O associativismo ainda é a principal estratégia de desenvolvimento das populações
rurais marginalizadas, visto que a partir deste as pessoas conseguem notoriedade frente ao
poder público para reivindicar demandas comunitárias, conseguem se inserir no mercado e
desenvolver suas atividades econômicas, humanas e sociais (OLIVEIRA, 2012).
Tendo como resultado possível o estabelecimento de um processo de desenvolvimento
rural, através do associativismo e suas multiplicas contribuições permitem aos agricultores
participação nos processos de decisão e conquista de novos caminhos para o mercado.
Percebe-se assim, a necessidade do ser humano em se associar em grupos, unindo-se, no
esforço de buscar a transformação da realidade.
Observa-se que o associativismo é importante para o desenvolvimento rural, pois é um
movimento reivindicatório de conquistas de direitos e de melhorias econômicas e sociais para
essa população, onde a cooperação e a união de forças em prol dos mesmos objetivos
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fortalece as bases socioprodutivas, o que pode levar a uma concorrência de mercado mais
justa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APROSOJA, Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso. Quem somos.
2023. Disponível em:< http://www.aprosoja.com.br/aprosoja/quem-somos/>. Acesso em 27
abr. 2023.
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BRITO, L. et al. Gestão do conhecimento numa instituição pública de assistência técnica e
extensão rural do Nordeste do Brasil. Revista de Administração Pública, v.46, n.5, p.1342-
1366, 2012.
PELEGRINI, A.; SHIKI, S.; SHIKI, S. Uma abordagem teórica sobre o cooperativismo e
associativismo no Brasil. Revista eletrônica de extensão, ISSIU 1807-0221. Florianópolis,
v.12, n.19, p. 70-85, 2015.
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OLIVEIRA, Renata Sibéria; SANTOS, Josefa de Lisboa. Do pioneirismo de Rochdale ao
cooperativismo-Uma análise do controle do Estado no espaço agrário brasileiro. Revista da
Casa da Geografia de Sobral (RCGS), Sobral-CE, vol. 14, n. 1, p. 69-80, 2012.
SENA, T. M; SENA, T.M; FILHO, L.G.S. Associação de produtores rurais, uma forma
de
Organização e desenvolvimento local. Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social. 2014.
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