Você está na página 1de 10

DESAFIOS DOS EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS FRENTE À

INOVAÇÃO E AUTOGESTÃO: UM ESTUDO DE CASO DOS


EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS DO MUNICÍPIO DE SANTANA
DO IPANEMA-AL
Economia solidária

RESUMO

Os empreendimentos solidários surgiram em um momento histórico, no qual os


trabalhadores buscavam novas alternativas para empregar sua força de trabalho, visto as
dificuldades de se inserir no mercado extremamente competitivo e desigual. Diante de se
compreender as dificuldades enfrentadas pelas organizações solidárias de autogestão, o
presente trabalho tem por objetivo identificar os principais desafios enfrentados pelas
cooperativas e associações, no município de Santana do Ipanema- AL. No que se refere aos
procedimentos metodológicos, foi feito revisão de literatura e uma pesquisa de campo, através
da aplicação de um questionário semiestruturado, tendo como objeto de estudo os dirigentes
responsáveis das cooperativas e associações. Constatou-se durante a pesquisa, que os
principais desafios enfrentados pelos empreendimentos solidários referem-se aos aspectos de
gestão, como a falta de formação profissional dos líderes, ausência de capacitação técnica
para os líderes e também para os cooperados e associados; inexistência de critérios para
seleção de novos membros; e sobre tudo dificuldades na comercialização de seus produtos.
Palavras chave: Economia solidária, autogestão, cooperativismo e associativismo.

1. INTRODUÇÃO

O movimento de economia solidária vem crescendo ao longo do tempo, devido aos vários
períodos de crises, não apenas no Brasil, mas também em outros países. Diversos autores
como Souza (2014) argumenta que esses empreendimentos surgem muitas vezes pela
necessidade da inserção de trabalhadores no mercado de trabalho, no qual muitos possuem
dificuldades de se adaptar diante das características padronizadas do mercado competitivo.
Diante disso, Prado (2008) citado pelo o mesmo autor, salienta que os empreendimentos
solidários, se propõem como geração de renda igualitária, construída na base do
cooperativismo.

Ressalta-se também que a economia solidária e seus empreendimentos contribuem para o


desenvolvimento social e econômico da região, visto que, ao mesmo tempo em que gera uma
nova fonte de renda aos trabalhadores, os mesmos se organizam entre si buscando melhorias
para sua localidade e sua condição social, através do espírito cooperativista e solidário. E que
de fato, esse desenvolvimento local impregnado pela economia solidária pode deixar de ser
apenas um processo de requalificação de regiões deprimidas, para passar a ser também um

1
ponto de partida consistente de uma verdadeira renovação social (NAMORADO, 2009 apud
CARLI, 2011).

Contudo, gerenciar um empreendimento solidário com as determinadas características de


autogestão é um duplo desafio, pois se trata de um tipo de organização moldada com
princípios bem diferentes de uma empresa tradicional, porém a mesma necessita se inserir em
um mercado altamente competitivo e exigente.

Diante deste cenário, o objetivo deste trabalho é identificar os principais desafios


enfrentados pelos Empreendimentos Econômicos Solidários de autogestão, tendo como objeto
de estudo cooperativas e associações, localizadas no município de Santana do Ipanema-AL,
região Centro Oeste do estado de Alagoas, que faz parte do semiárido nordestino, possui cerca
de 48.033 habitantes, corresponde a uma população urbana de 56.62% e rural de 43,28%. Seu
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apurado no ano de 2010 é de 0,591, um índice
médio de desenvolvimento que o colocou na 18º posição no ranking de desenvolvimento do
Estado, com uma longevidade de 0,770, educação de 0,463 e nível de renda de 0, 579.

Assim, para atender ao objetivo desse trabalho, realizou-se uma pesquisa de campo com a
finalidade de compreender tais problemas e, além disso, foi aplicado um questionário
semiestruturado entre os dias 4 e 12 de maio de 2015 para os dirigentes dos empreendimentos
solidários.

2. ECONOMIA SOLIDÁRIA E EMPREENDIMENTOS DE AUTOGESTÃO

A economia solidária é uma forma de organização social dos trabalhadores baseada na


valoração social do trabalho humano, na satisfação plena das necessidades de todos a partir da
lógica de solidariedade entre os indivíduos, como observa o Fórum Brasileiro de Economia
Solidária-FBES (2003) citado por Souza et al (2014).

Essa economia fundamentada com base na solidariedade pode ser percebida em vários
empreendimentos, Singer (2003) citado por Andrade et al et al (2005), dar exemplo das
organizações de produtores, consumidores e poupadores como parte dos Empreendimento
Econômicos Solidários-EES existentes. Para o mesmo, o que todos eles têm em comum são as
praticas de autogestão e solidariedade com toda a população trabalhadora em geral,
principalmente os mais desfavorecidos.

Os principais exemplos desses tipos de EES são as cooperativas e associações, que


juntamente com os demais tipos de empreendimentos mencionados pela Incubadora de
Economia Solidária, Desenvolvimento e Tecnologia Social (ITECSOL) citada por Souza et al
(2014), como os clubes de troca, redes, complexos cooperativos e outras formas de trabalho
coletivo, que se formam por meio dos grupos de pessoas que estão fora do mercado de
trabalho e buscam novas fontes de renda, com ideais de sustentabilidade, solidariedade e
cooperativismo.

Para Rodriguez apud Santos (2002) citado por Silva (2004, p. 61-62, grifo nosso), o
cooperativismo solidário deve ser pautado por sete princípios chaves:

2
1- vínculo aberto e voluntário; 2- controle democrático por parte dos
membros; 3- participação econômica dos membros; 4- autonomia da
organização; 5- compromisso com a educação dos membros da cooperativa;
6- integração entre cooperativas; 7- contribuição para o desenvolvimento das
comunidades locais.

Nesse sentido os EES são vistos em termos organizacionais como empresas modernas,
mas cuja natureza é bem diferente da chamada empresa mercantilista, uma vez que a
cooperativa é formada de pessoas para pessoas e sua ideologia é baseada na cooperação e
ajuda mútua, como expressa RIOS (1998) citado por MIRANDA et al (2005)

Por outro lado, a coordenação dessas organizações é realizada por meio da autogestão.
Que implica de acordo com Verardo (2003) e Candeia et al (2005), a organização de um
negócio, onde todos os membros possuem o poder de decisão sobre questões relativas ao
negócio e que a mesma se insere numa perspectiva de transformação geral da sociedade, ao
promover varias mudanças na ordem intelectual, cultural e moral dos trabalhadores, baseada
sobre tudo na democracia e hegemonia dos mesmos.

2.1 Contribuição Social e Econômica dos Empreendimentos Solidários (E.S)

Os empreendimentos solidários, mais especificamente o caso das cooperativas e


associações, surgiram como uma forma de recuperar os trabalhadores desempregados e
semidesempregados, para promover atividades voltadas ao desenvolvimento mútuo da
coletividade tanto em questões financeiras como social.

Ribeiro (2012, p.03) aponta que além de desempenhar uma função financeira, as
cooperativas podem também desempenhar função social, na medida em que se tem como
meta a: “redução da pobreza e o combate à precarização das condições de vida de seus
cooperados, assumindo compromisso com a promoção do desenvolvimento local, a inclusão
social e produtiva e a redução do nível de desemprego”.

Portanto, não se remete apenas ao crescimento econômico e ao aumento da produtividade,


vai mais além dessas questões, já que o desenvolvimento pode ser visto como um processo
endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de
promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da população
(GIANEZINI et al, 2009).

Nesse sentido as empresas cooperativistas e as associações possibilitam uma importante


contribuição para o desenvolvimento local, por proporcionar a criação de novos empregos, a
geração de renda e acima de tudo por contribuir para o desenvolvimento das forças produtivas
de seus membros.

Visto que, através dessas organizações os cooperados e associados devem passar por
frequentes capacitações, treinamentos técnicos e profissionais que fomentam a sua força de
trabalho e capital humano. Logo, o cooperativismo e associativismo apresentam uma relação
entre o capital humano, social e empresarial, que são fatores primordiais para contribuir o
desenvolvimento local.

3
3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para essa pesquisa inclui referencial bibliográfico pelo qual se
buscou investigar e analisar estudos de especialistas a respeito do respectivo objeto abordado.
O que permite ao investigador a possibilidade de prever possíveis resultados para sua pesquisa
e onde também lhe possibilita uma visão crítica ao tema.

Foi realizada uma pesquisa de campo quantitativo-descritiva, com objetivo de colher


informações sobre os empreendimentos solidários, mais especificamente as cooperativas e
associações do município de Santana do Ipanema, baseando-se nas respostas dos dirigentes,
que foram escolhidos para responder o questionário por possuírem uma maior visão sobre o
empreendimento e seus princípios e também por questões de facilidades em estabelecer
contato, facilitando a aplicação do questionário.

Para realização da pesquisa foi utilizado um questionário com pergunta abertas e


fechadas, para colher informações dos entrevistados, que possibilitaram observar a sua visão
sobre a gestão e colher informações em relação aos representantes dos cargos administrativos
e do quadro dos cooperados e associados, no que se refere à escolaridade, a capacitação
técnica e profissional, assim como também sua participação como um dos donos do
empreendimento.

Por outro lado foram levantadas também questões para identificar quais os principais
problemas enfrentados, como existência de capacitações e treinamentos, critérios para seleção
de novos membros e conhecimento dos princípios cooperativistas e do associativismo.

No segundo momento foi feito a análise dos dados levantados e opiniões dos dirigentes
questionados, relacionando-os ao objetivo e ao problema da pesquisa. Ao todo foram
entrevistados 5 (cinco) presidentes/diretores, sendo 2 (dois) dirigentes das cooperativas e 3
(três) das associações, que tem como atividade chave a produção e em segundo lugar a
comercialização.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este tópico apresenta os resultados obtidos com a aplicação do questionário nas


cooperativas e associações localizadas no município de Santana do Ipanema- AL, que tem
como atividade principal a produção e em segundo momento a comercialização de produtos
agropecuários, produtos da apicultura e da avicultura, possuindo 2.359 cooperados e 182
associados. No total as 2 (duas) cooperativas e as 3(três) associações tem 2.541 membros,
duas delas possuem apoio de programas do governo.

4.1 Produção, gestão e estratégias de mercado

Os produtos das cooperativas e das associações se definem no mercado com o diferencial


de serem produtos locais e principalmente por ser produção para uso e venda coletivo, ou seja,
se diferencia pela sua marca solidária. No entanto, destaca-se que as organizações possuem

4
dificuldades em permanecer no mercado junto às demais organizações tão competitivas no
que se refere aos preços dos produtos e também em relação à logística.

Uma forma de melhorar a comercialização de seus produtos seria com mais divulgação
da qualidade e dos benefícios que os mesmos possuem, assim como a possibilidade de
agregação de valor através do selo de garantia de origem dos produtos. Uma das cooperativas,
que produz derivados do leite já possuem todos os materiais necessários para comercialização
dos produtos, no entanto, vende os mesmo a um preço baixo no mercado informal, por não
possuírem uma garantia formal de especificação de qualidade.

Digiovani (2006), Conceição e Barros (2005) citado por Velho (2009), fala que a
certificação pode ser entendida como uma garantia de que o produto atende a especificações
de qualidade preestabelecidas e reconhecidas. E quando uma empresa certifica seu produto,
ela assume que a informação fornecida é importante para os consumidores e que eles
responderão alterando suas decisões de consumo.

4.1.2 Administração estratégica e capital humano

De acordo com a pesquisa identificou-se que entre o quadro de cooperados e associados à


grande maioria possuem apenas o ensino fundamental incompleto, sabe-se que os mesmos
participam de todas as decisões tanto gerenciais como as atividades produtivas e comerciais,
tomadas nas cooperativas e associações, no entanto, é perceptível que os mesmos não
possuem conhecimentos e habilidades técnicas suficientes para tais funções.

Como pode ser observado no gráfico I, abaixo, entre os 2.541 cooperados/associados,


67% possuem o ensino fundamental incompleto, 3% possuem o ensino fundamental
completo, 0,4% o médio incompleto, 20% cursaram o ensino médio completo, 9% tem
capacitação técnica e apenas 0,6% cooperados/associados possuem o ensino superior.

Gráfico I: Nível de Instrução dos Membros

Fonte: Elaboração Própria.

Assim como os cooperados e associados os representantes dos cargos administrativos


também não possuem o conhecimento técnico e profissional necessários para assumir tais

5
direções, apenas 8 dirigentes cerca de (20,5%) possuem curso técnico, de ensino superior
completo ou incompleto, os demais tem apenas o ensino fundamental e médio, cerca de
79,5% como revela o gráfico II, abaixo.

Gráfico II: Nível de Instrução dos Dirigentes

Fonte: Elaboração própria

Os dados fornecidos no gráfico II ressalta a falta de capacitação para que os mesmos


possam administrar as cooperativas e as associações de forma eficaz e eficiente, como o
mercado extremamente competitivo exige. Isso acaba tornando um empecilho para o
crescimento da própria organização, pelo fato dos dirigentes não conseguirem desenvolver
possibilidades para que as mesmas possam se estabelecer e crescer no mercado.

Em relação aos princípios cooperativistas e associativistas, percebe-se que os dirigentes,


assim como os membros das organizações não possuem um bom nível de instrução. Pois
conhece e faz o uso de alguns dos princípios contidos no estatuto social, porém foi relatado
que apesar de conhecê-los, possuem dificuldades em pôr em prática a maioria deles. Além
disso, os dirigentes revelaram conhecer mais que os membros sobre os princípios da
economia solidária. Na fala de um dos presidentes “O estatuto está disponível para todos os
membros, mais são poucos que têm interesse em conhecer os princípios que regem a
cooperativa”.

É em decorrência disso, que se tornam necessárias as palestras informativas sobre o


movimento, capacitação e treinamento para esses membros, com o intuído de lhes
proporcionar uma maior compreensão do que é o cooperativismo e associativismo e seus
princípios, para que estes possam realmente participar de forma consciente e adequada das
decisões organizacionais.

Embora sejam importantes, essas ações não costumam ocorrer nos empreendimentos
analisados, já que na maioria deles ocorrem com raridade, somente em uma das associações
ocorrem treinamentos e acompanhamento técnicos a cada três meses. Porém são treinamentos
para ajudar os cooperados e associados apenas nos problemas com relação à produção, sem
nenhuma ênfase na gestão de quadro administrativo e humano.

Contudo, foi evidenciado que mesmo não havendo investimentos em capacitações e


treinamentos vindos de fora, tanto os representantes do quadro administrativo como os
membros contribuem para a obtenção de informações entre si. Isso ocorre através da interação

6
mútua que existe entre eles, principalmente diante das dificuldades, onde os membros se
relacionam entre si e também com o corpo administrativo, ajudando uns aos outros.

4.1.3 Gerenciamento dos membros e visão geral do corpo administrativo

Foi identificado que os membros e dirigentes interagem entre si, isso os torna mais
próximos e contribuem para a sua participação como membros e também donos da
organização. Diante disso foi perguntado se registram as opiniões e se incorporam as mesmas,
caso sejam válidas, e em todos os casos foi evidenciado que isso é um fator importante dentro
do cooperativismo e do associativismo e que fazem sim os registros e incorporam as opiniões
e sugestões dos membros.

Porém, foi identificado que em nenhuma das organizações é feita a pesquisa de clima
para saber o nível de satisfação dos cooperados e associados e também não realizam avaliação
de desempenho. Algo imprescindível para poder identificar quais são as contribuições, ou
seja, o engajamento dos membros com a organização e também para identificar a sua
produtividade.

Cabe destacar ainda que entre os cinco empreendimentos apenas dois deles possuem
critérios para seleção de novos membros, os demais afirmaram não ter critérios definidos.
Esse é um dos pontos que devem ser melhorados, visto que, se não é feito seleção e não tem
critérios definidos, acabam entrando pessoas que não se interessam pelos princípios que
regem esse tipo de organização. Dessa forma podem incorporar pessoas que trabalham ou
gerenciam empresas convencionais que tem como objetivo principal o lucro ou espírito
individualista.

4.1.4 Problemas Comuns Enfrentados pelas Cooperativas/Associações

Em relação à cooperativa (a) foi relatado o baixo preço dos produtos na hora da
comercialização, um dos grandes empecilhos para o aumento da renda dos produtores
inseridos nos empreendimentos solidários, pois, a estrutura de comercialização adotada não é
tão eficiente, assim como a sua orientação de precificação dos seus produtos, haja vista que
em grande parte ainda são utilizados os mesmos mecanismos de empresas convencionais.

Já na cooperativa (b) o processo produtivo foi o que mais atrapalhou o crescimento e a


oferta de produtos da cooperativa, dado principalmente pela visão individualista dos
membros, que em busca de ter melhor desempenho na sua produção e escoamento dos seus
produtos, atrapalha ou deixa de dar oportunidade a outro produtor.

E os problemas com escoamento da produção ainda é um dos fatores que mais atrapalha o
crescimento dos empreendimentos, na associação (a) os atrasos para fechar contrato com os
compradores, dado a demora na tomada de decisão por parte dos cooperados e também o
atraso de pagamentos pelos seus compradores, são um desses empecilhos enfrentados, uma
vez que, dado os atrasos nos fechamentos dos contratos nos prazos determinados,
impossibilita-se o aumento da renda e de novas parcerias de comercialização.

7
E mesmo com tais problemas gerencias de produção e também de pessoal é possível
perceber que os problemas concernentes à comercialização é o mais presente, dado que as
associações (b e c) apresentam dificuldade na comercialização dos seus produtos,
principalmente pela grande concorrência do mercado. E mesmo que os empreendimentos
tenham produtos produzidos em moldes diferentes da empresa convencional, não possuem
mecanismos para se diferenciar dos demais com relação aos produtos oferecidos.

Dados esses problemas identificados, observa-se a necessidade de criação de mecanismos


que favoreçam os produtos, de maneira que esses se tornem diferenciados e possuam mercado
consumidor especifico. Singer (2008) citado por Souza (2014) aponta que esse é um dos
grandes desafios dos empreendimentos solidários, que está intimamente relacionada à própria
gestão, ao controle e ao direcionamento desses empreendimentos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se perceber que no que se refere ao quadro de cooperados e associados, não há uma
crescente evolução. Visto que, a gestão de tais empreendimentos é prejudicada pela falta de
escolarização e comprometimento dos membros que participam diretamente das decisões
tomadas nas cooperativas e associações. Haja vista que os cooperados e a associados possuem
conhecimentos insuficientes no que diz respeito aos processos gerencias e técnicos da
organização, fato que dificulta o desempenho da mesma.

Dessa forma se faz necessário revisar os valores e princípios norteadores da instituição,


seja da administração, no gerenciamento do quadro de pessoal e no setor produtivo coletivo.
Pois só assim as cooperativas e associações contextualizadas podem encontrar um equilíbrio
diante das mudanças do mercado, possam crescer e se estabilizar frente às demais
corporações, mostrando competência e produtos de confiança e ótima qualidade.

Cabe ressaltar que investimentos em suporte e capacitação técnica aos dirigentes e


membros, são de extrema importância para consolidar e alavancar os negócios e as atividades
desenvolvidas atualmente por esses empreendimentos. Logo esses investimentos em capital
humano podem contribuir para uma mudança estrutural da situação atualmente vivenciada.

Contudo, cabe mencionar que mesmo com todos esses problemas e dificuldades
enfrentados pelas cooperativas e associações analisadas, os dirigentes e associados sentem-se
satisfeitos com o empreendimento solidário, principalmente por reduzir os custos na compra
de insumos para a produção, por agregar mais valor aos produtos por serem justamente fruto
de atividades realizadas coletivamente e por diminuir as barreiras comerciais.

Isto é, de maneira geral pode perceber que mesmo com as dificuldades enfrentadas, a
inserção das comunidades locais no mercado de trabalho se tornou mais fácil depois que se
organizaram e começaram a trabalhar de forma coletiva, por meio dos empreendimentos de
autogestão da economia solidária.

Por fim, cabe mencionar ainda que o intuito desse trabalho não foi somente apontar os
desafios que as cooperativas e associações apresentam como limitadores de seu
fortalecimento. Buscou-se também analisar os problemas ainda enfrentados por elas, para que

8
novos estudos possam ser realizados e possam apontar possíveis soluções para o crescimento
e fortalecimento dos empreendimentos coletivos.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, E. T; et al. O empoderamento da rede de economia solidária do vale do
Itajaí – Resvi. Disponível em:< http://cac-
php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/economia/meco22.pdf>, 2005.
Acesso em 13 de maio de 2015.

CARLI, C. O cooperativismo agropecuário em áreas de reforma agrária,


problematizações práticas e reflexões teóricas sobre um modo de vida contra-
hegemônico. Disponível em:
<http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1306251633_ARQUIVO_Coop
erati vismoemAreasdeReformaAgrariaCONLABCaetano.pdf.>, 2011. Acesso em 5 de maio
de 2015.

CANDEIAS, C. N. B., et al. Economia solidária e autogestão: ponderações teóricas e


achados empíricos. Disponível em: <
http://www.prac.ufpb.br/copac/extelar/producao_academica/livros/pa_l_economia_solidaria_
e_autogestao.pdf>, 2005. Acesso em 16 de maio de 2015.

GIANEZINI, M. et al. O cooperativismo e seu papel no processo de desenvolvimento


local: a experiência das cooperativas agrícolas no médio norte de Mato Grosso. Disponível
em:< http://www.sober.org.br/palestra/13/1319.pdf>, 2009. Acesso em 15 de maio de 2015.

MIRANDA, A. T., et al. A organização cooperativa sob a ótica dos cooperados.


Disponível em:
< http://www.sober.org.br/palestra/2/952.pdf>, 2005. Acesso em 29 de Abr. de 2015.

RIBEIRO, K. Á. et al. A importância das cooperativas agropecuárias para o


fortalecimento da agricultura familiar: o caso da associação de produtores rurais do núcleo
vi – Petrolina/PE. Disponível em:<
http://www.fearp.usp.br/cooperativismo/_up_imagens/(ok)_ii_ebcp_avila_ribeiro.pdf>, 2012.
Acesso em 17 de maio de 2015.

SILVA, G.F. A importância das formas associativas de organização e do desenvolvimento


local integrado sustentável no resgate da cidadania: a Cooperativa 100 Dimensão. Em Tese,
Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Disponível em: < p.
52-74 www.emtese.ufsc.br>, Vol. 2 nº 1 (2), jan.-jul. 2004, p. 52-74. Acesso em 18 de maio
de 2015.

SOUZA, A. A. Os desafios enfrentados pelos empreendimentos solidários:


Um estudo na região metropolitana de belo Horizonte - Mg. Disponível em:
<http://www.egepe.org.br/anais/tema02/315.pdf.>, 2014. Acesso em 4 de maio de 2015.

VERARDO, L. Economia solidária e autogestão. Disponível em: <


http://base.socioeco.org/docs/luigiverardo98.pdf>, v. 30, p. 56-61, 2003. Acesso em 17 de
mar. de 2016.

9
VELHO, J. P. et al. Disposição dos consumidores porto-alegrenses à compra de carne bovina
com certificação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 2, p. 399-404, 2009. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbz/v38n2/a25v38n2.pdf>. Acesso em 30 de jan. de 2016.

10

Você também pode gostar