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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O movimento de economia solidária vem crescendo ao longo do tempo, devido aos vários
períodos de crises, não apenas no Brasil, mas também em outros países. Diversos autores
como Souza (2014) argumenta que esses empreendimentos surgem muitas vezes pela
necessidade da inserção de trabalhadores no mercado de trabalho, no qual muitos possuem
dificuldades de se adaptar diante das características padronizadas do mercado competitivo.
Diante disso, Prado (2008) citado pelo o mesmo autor, salienta que os empreendimentos
solidários, se propõem como geração de renda igualitária, construída na base do
cooperativismo.
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ponto de partida consistente de uma verdadeira renovação social (NAMORADO, 2009 apud
CARLI, 2011).
Assim, para atender ao objetivo desse trabalho, realizou-se uma pesquisa de campo com a
finalidade de compreender tais problemas e, além disso, foi aplicado um questionário
semiestruturado entre os dias 4 e 12 de maio de 2015 para os dirigentes dos empreendimentos
solidários.
Essa economia fundamentada com base na solidariedade pode ser percebida em vários
empreendimentos, Singer (2003) citado por Andrade et al et al (2005), dar exemplo das
organizações de produtores, consumidores e poupadores como parte dos Empreendimento
Econômicos Solidários-EES existentes. Para o mesmo, o que todos eles têm em comum são as
praticas de autogestão e solidariedade com toda a população trabalhadora em geral,
principalmente os mais desfavorecidos.
Para Rodriguez apud Santos (2002) citado por Silva (2004, p. 61-62, grifo nosso), o
cooperativismo solidário deve ser pautado por sete princípios chaves:
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1- vínculo aberto e voluntário; 2- controle democrático por parte dos
membros; 3- participação econômica dos membros; 4- autonomia da
organização; 5- compromisso com a educação dos membros da cooperativa;
6- integração entre cooperativas; 7- contribuição para o desenvolvimento das
comunidades locais.
Nesse sentido os EES são vistos em termos organizacionais como empresas modernas,
mas cuja natureza é bem diferente da chamada empresa mercantilista, uma vez que a
cooperativa é formada de pessoas para pessoas e sua ideologia é baseada na cooperação e
ajuda mútua, como expressa RIOS (1998) citado por MIRANDA et al (2005)
Por outro lado, a coordenação dessas organizações é realizada por meio da autogestão.
Que implica de acordo com Verardo (2003) e Candeia et al (2005), a organização de um
negócio, onde todos os membros possuem o poder de decisão sobre questões relativas ao
negócio e que a mesma se insere numa perspectiva de transformação geral da sociedade, ao
promover varias mudanças na ordem intelectual, cultural e moral dos trabalhadores, baseada
sobre tudo na democracia e hegemonia dos mesmos.
Ribeiro (2012, p.03) aponta que além de desempenhar uma função financeira, as
cooperativas podem também desempenhar função social, na medida em que se tem como
meta a: “redução da pobreza e o combate à precarização das condições de vida de seus
cooperados, assumindo compromisso com a promoção do desenvolvimento local, a inclusão
social e produtiva e a redução do nível de desemprego”.
Visto que, através dessas organizações os cooperados e associados devem passar por
frequentes capacitações, treinamentos técnicos e profissionais que fomentam a sua força de
trabalho e capital humano. Logo, o cooperativismo e associativismo apresentam uma relação
entre o capital humano, social e empresarial, que são fatores primordiais para contribuir o
desenvolvimento local.
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3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para essa pesquisa inclui referencial bibliográfico pelo qual se
buscou investigar e analisar estudos de especialistas a respeito do respectivo objeto abordado.
O que permite ao investigador a possibilidade de prever possíveis resultados para sua pesquisa
e onde também lhe possibilita uma visão crítica ao tema.
Por outro lado foram levantadas também questões para identificar quais os principais
problemas enfrentados, como existência de capacitações e treinamentos, critérios para seleção
de novos membros e conhecimento dos princípios cooperativistas e do associativismo.
No segundo momento foi feito a análise dos dados levantados e opiniões dos dirigentes
questionados, relacionando-os ao objetivo e ao problema da pesquisa. Ao todo foram
entrevistados 5 (cinco) presidentes/diretores, sendo 2 (dois) dirigentes das cooperativas e 3
(três) das associações, que tem como atividade chave a produção e em segundo lugar a
comercialização.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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dificuldades em permanecer no mercado junto às demais organizações tão competitivas no
que se refere aos preços dos produtos e também em relação à logística.
Uma forma de melhorar a comercialização de seus produtos seria com mais divulgação
da qualidade e dos benefícios que os mesmos possuem, assim como a possibilidade de
agregação de valor através do selo de garantia de origem dos produtos. Uma das cooperativas,
que produz derivados do leite já possuem todos os materiais necessários para comercialização
dos produtos, no entanto, vende os mesmo a um preço baixo no mercado informal, por não
possuírem uma garantia formal de especificação de qualidade.
Digiovani (2006), Conceição e Barros (2005) citado por Velho (2009), fala que a
certificação pode ser entendida como uma garantia de que o produto atende a especificações
de qualidade preestabelecidas e reconhecidas. E quando uma empresa certifica seu produto,
ela assume que a informação fornecida é importante para os consumidores e que eles
responderão alterando suas decisões de consumo.
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direções, apenas 8 dirigentes cerca de (20,5%) possuem curso técnico, de ensino superior
completo ou incompleto, os demais tem apenas o ensino fundamental e médio, cerca de
79,5% como revela o gráfico II, abaixo.
Embora sejam importantes, essas ações não costumam ocorrer nos empreendimentos
analisados, já que na maioria deles ocorrem com raridade, somente em uma das associações
ocorrem treinamentos e acompanhamento técnicos a cada três meses. Porém são treinamentos
para ajudar os cooperados e associados apenas nos problemas com relação à produção, sem
nenhuma ênfase na gestão de quadro administrativo e humano.
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mútua que existe entre eles, principalmente diante das dificuldades, onde os membros se
relacionam entre si e também com o corpo administrativo, ajudando uns aos outros.
Foi identificado que os membros e dirigentes interagem entre si, isso os torna mais
próximos e contribuem para a sua participação como membros e também donos da
organização. Diante disso foi perguntado se registram as opiniões e se incorporam as mesmas,
caso sejam válidas, e em todos os casos foi evidenciado que isso é um fator importante dentro
do cooperativismo e do associativismo e que fazem sim os registros e incorporam as opiniões
e sugestões dos membros.
Porém, foi identificado que em nenhuma das organizações é feita a pesquisa de clima
para saber o nível de satisfação dos cooperados e associados e também não realizam avaliação
de desempenho. Algo imprescindível para poder identificar quais são as contribuições, ou
seja, o engajamento dos membros com a organização e também para identificar a sua
produtividade.
Cabe destacar ainda que entre os cinco empreendimentos apenas dois deles possuem
critérios para seleção de novos membros, os demais afirmaram não ter critérios definidos.
Esse é um dos pontos que devem ser melhorados, visto que, se não é feito seleção e não tem
critérios definidos, acabam entrando pessoas que não se interessam pelos princípios que
regem esse tipo de organização. Dessa forma podem incorporar pessoas que trabalham ou
gerenciam empresas convencionais que tem como objetivo principal o lucro ou espírito
individualista.
Em relação à cooperativa (a) foi relatado o baixo preço dos produtos na hora da
comercialização, um dos grandes empecilhos para o aumento da renda dos produtores
inseridos nos empreendimentos solidários, pois, a estrutura de comercialização adotada não é
tão eficiente, assim como a sua orientação de precificação dos seus produtos, haja vista que
em grande parte ainda são utilizados os mesmos mecanismos de empresas convencionais.
E os problemas com escoamento da produção ainda é um dos fatores que mais atrapalha o
crescimento dos empreendimentos, na associação (a) os atrasos para fechar contrato com os
compradores, dado a demora na tomada de decisão por parte dos cooperados e também o
atraso de pagamentos pelos seus compradores, são um desses empecilhos enfrentados, uma
vez que, dado os atrasos nos fechamentos dos contratos nos prazos determinados,
impossibilita-se o aumento da renda e de novas parcerias de comercialização.
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E mesmo com tais problemas gerencias de produção e também de pessoal é possível
perceber que os problemas concernentes à comercialização é o mais presente, dado que as
associações (b e c) apresentam dificuldade na comercialização dos seus produtos,
principalmente pela grande concorrência do mercado. E mesmo que os empreendimentos
tenham produtos produzidos em moldes diferentes da empresa convencional, não possuem
mecanismos para se diferenciar dos demais com relação aos produtos oferecidos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber que no que se refere ao quadro de cooperados e associados, não há uma
crescente evolução. Visto que, a gestão de tais empreendimentos é prejudicada pela falta de
escolarização e comprometimento dos membros que participam diretamente das decisões
tomadas nas cooperativas e associações. Haja vista que os cooperados e a associados possuem
conhecimentos insuficientes no que diz respeito aos processos gerencias e técnicos da
organização, fato que dificulta o desempenho da mesma.
Contudo, cabe mencionar que mesmo com todos esses problemas e dificuldades
enfrentados pelas cooperativas e associações analisadas, os dirigentes e associados sentem-se
satisfeitos com o empreendimento solidário, principalmente por reduzir os custos na compra
de insumos para a produção, por agregar mais valor aos produtos por serem justamente fruto
de atividades realizadas coletivamente e por diminuir as barreiras comerciais.
Isto é, de maneira geral pode perceber que mesmo com as dificuldades enfrentadas, a
inserção das comunidades locais no mercado de trabalho se tornou mais fácil depois que se
organizaram e começaram a trabalhar de forma coletiva, por meio dos empreendimentos de
autogestão da economia solidária.
Por fim, cabe mencionar ainda que o intuito desse trabalho não foi somente apontar os
desafios que as cooperativas e associações apresentam como limitadores de seu
fortalecimento. Buscou-se também analisar os problemas ainda enfrentados por elas, para que
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novos estudos possam ser realizados e possam apontar possíveis soluções para o crescimento
e fortalecimento dos empreendimentos coletivos.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, E. T; et al. O empoderamento da rede de economia solidária do vale do
Itajaí – Resvi. Disponível em:< http://cac-
php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/economia/meco22.pdf>, 2005.
Acesso em 13 de maio de 2015.
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VELHO, J. P. et al. Disposição dos consumidores porto-alegrenses à compra de carne bovina
com certificação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 2, p. 399-404, 2009. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbz/v38n2/a25v38n2.pdf>. Acesso em 30 de jan. de 2016.
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