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1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
uma reflexão sobre o papel da organização, buscando compreender por que sua
marca é importante no mundo.
Para tanto, Mackey e Sisodia (2018, p. 17) dizem que o propósito definido na
organização deve responder questões como: “Por que existimos? Qual contribuição
queremos dar? O mundo fica melhor com nossa presença? Sentirá nossa falta se
deixarmos de existir?”. Para os autores, o propósito de uma organização é como uma
fonte de energia, que transcende anseios individuais. Ele torna a empresa mais unida,
trazendo vida, força e relevância para sua marca. Um exemplo apontado pelos autores
é o Google, que nasceu com o propósito de organizar a informação no mundo e torná-
la facilmente acessível e útil.
Assim, após sua definição, o propósito deverá ser compartilhado e cultivado
dentro da organização (AZEVEDO, 2016). Desse modo, segundo Kofman (2018),
funcionários ganham muito mais do que dinheiro quando a empresa lhes oferece um
trabalho com sentido e propósito. Por vontade própria, eles passam a dedicar sua
energia com maior comprometimento. Com isso, benefícios mútuos acontecem, pois
são realizados negócios como uma via de mão dupla, em que tanto as pessoas quanto
as organizações alcançam seus objetivos.
Para Sisodia, Wolf e Sheth (2019) é evidente que o desempenho dos
empregados aumenta quando seu envolvimento cresce, pois a energia que compõe
as empresas é essencialmente composta da energia humana. Essa energia carece
cada vez mais de sentido e propósito. Para os autores, se for possível criar condições
para atender essa necessidade, consequentemente o desempenho financeiro da
empresa seguirá junto com o desempenho das pessoas.
Conforme Laloux (2019), para criar um ambiente de trabalho diferente, livre das
frequentes adversidades, como politicagem, burocracia, rivalidade, stress e exaustão,
líderes deverão estar dispostos a trabalhar novas abordagens para estas questões.
Isso será possível através de seus anseios por mudanças que tornem o local de
trabalho produtivo, gratificante e cheio de significado.
apenas mais individualismo e maior ego por parte da liderança, que ao tomarem
decisões por vaidade e vontade própria, desestimulam cada vez mais os
colaboradores. É nesse ponto que as pessoas começam a reclamar de seus salários
e ficam insatisfeitas com tudo, até mesmo por aceitarem essas imposições.
Fernandes (2015) diz que líderes devem ter a percepção de que os negócios
são feitos por pessoas do começo ao fim, pois são elas que produzem, criam, vendem
e consomem. Diante disso, Kofman (2018) relata que o papel dos líderes é tornar as
pessoas maiores, fazendo com que os propósitos individuais das pessoas e o
propósito maior coletivo estejam conectados. Eles têm como objetivo atender a
necessidade de inspirar as pessoas, a fim de criar uma cultura de significado e
cooperação. Dessa forma, as pessoas são incentivadas a pensarem de maneira mais
ampla à tomada de decisão, levando seus pensamentos além de seus mundinhos
fechados.
Reiman (2018) diz que líderes por propósito acreditam na igualdade entre as
pessoas. Sua função está sempre ligada por meio do exemplo. Ao colocar o propósito
em primeiro lugar, não propiciam exclusividades nos níveis mais altos da empresa.
Dessa forma, criam maior solidariedade entre as pessoas.
Kofman (2018) também aponta que o resultado esperado dos líderes é fazer
com que as pessoas atinjam uma meta em comum, colaborando com os resultados
da organização. Isso se torna possível a partir do momento que as pessoas adquirem
um senso de significância. Quando o líder dá o seu melhor em direção ao propósito
da organização, ele recebe muito mais do que retornos tangíveis, receberá também
companheirismo, liberdade e propósito na sua vida, além de se transformar em
modelo para os demais. Portanto, se o líder se torna referência para outras pessoas,
e isso as inspira de fato, ao oferecer oportunidades de crescimento, elas darão o seu
melhor no trabalho.
Dessa maneira, líderes que promovem uma conexão entre os propósitos
individuais das pessoas com o propósito da organização, geram um ambiente de
trabalho mais feliz, no qual bons resultados tendem a acontecer. Conforme Fernandes
(2015, p. 14), “é a satisfação de cada pessoa que, em conjunto, gera a prosperidade
do grupo. A felicidade é lucrativa para todos”. Dessa forma, não só a empresa alcança
seus objetivos, como também seus colaboradores passam a ter mais prazer e união
no trabalho.
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3 MÉTODO
Esta seção tem por finalidade descrever o objeto de estudo, bem como
apresentar os métodos e procedimentos utilizados na realização desta pesquisa.
assistentes.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta sessão são apresentados e analisados os dados coletados nesta
pesquisa. Cabe ressaltar, que na transcrição das respostas dadas pelos entrevistados
o nome da organização foi alterado para “cooperativa”, a fim de manter o sigilo sobre
a empresa pesquisada.
Quadro 2 – Dados para análise 1
RESPONDENTE RESPOSTA
“Sabemos, mas ainda não foi bem detalhado, por que a gente ainda
está num processo né. [...] ainda está sendo implantado. [...] eu
Gerente
C1 Q1 acredito que foi para as pessoas que estão trabalhando, e as que
Agronegócio
vierem a trabalhar na cooperativa, realmente trabalharem por que
gostam daquilo. Que tenham um objetivo né.”
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“[...] o fulaninho vai ser responsável pela carteira dele, e junto com
isso vem as responsabilidades. Mas tudo isso tem um propósito que é
Gerente PJ - 1 desenvolver ele, e tem um outro propósito que é desenvolver a
comunidade que ele atende. Tem o propósito que é desenvolver o
sistema da cooperativa, divulgar né.”
“[...] teve gente que não se adaptou. Tem gente que precisa ser
Gerente PJ - 2 mandado para fazer [...] Tem uns que vão se adaptar mais rápido e
tem outros que não vão.”
são distintas, o que mostra uma visão um tanto particular de cada entrevistado. Vale
ressaltar que apesar de similares, o propósito da cooperativa citada destoa entre o
Gerente Geral e o Gerente PJ - 2, o que também pode ser observado na resposta da
questão dois (Q2), dada pelo Gerente PJ - 1. Também vale ressaltar que a gestão por
propósito foi apresentada pela cooperativa recentemente, e ainda está em fase de
implantação na agência, o que também é evidenciado na fala da Gerente Geral na
questão dois (Q2), da categoria um (C1).
Verifica-se que a cooperativa adotou a gestão por propósito no intuito de
desenvolver os colaboradores, a partir de um propósito que visa liberar o potencial de
pessoas e negócios. A finalidade desse propósito vem colaborar para os objetivos da
cooperativa, principalmente nas contribuições e melhorias para a comunidade. Neste
contexto, é possível identificar a ligação do propósito da cooperativa aos valores e
princípios do cooperativismo.
Ao serem questionados sobre o processo de implantação da gestão por
propósito, ficou evidente que a Gerente Geral da agência apresenta maior
abrangência em relação ao assunto, sendo que a visão dos demais entrevistados
limitou-se às ações vivenciadas no dia a dia de trabalho.
Nota-se que a implantação da gestão por propósito começou com a
participação de pessoas de todas as agências com a finalidade de definir o propósito
e, assim, atualizar o mapa estratégico da cooperativa, visto que esta ação está em
conformidade com as ideias de Reiman (2018), cujo pensamento está na direção de
que o propósito deve ser definido por todos, ou pela maior parte possível dos
integrantes de uma organização.
A partir disso, a cooperativa de crédito então passou a criar facilitadores para
desenvolver as pessoas, propondo uma horizontalidade – também evidenciada na fala
da Gerente Geral, na questão um (Q1) –, ou seja, promovendo menos cargos
hierárquicos, gerando, assim, autonomia e autogestão. Percebe-se que estas
mudanças realizadas na organização vão ao encontro do propósito da cooperativa.
Na questão três (Q3) foi possível identificar congruência em relação às
respostas dadas por todos os entrevistados. A implantação da gestão por propósito
por meio das mudanças apresentadas anteriormente, demandou adaptação dos
colaboradores. Em um primeiro momento obteve aceitação, mas em um segundo
momento, resistências e conflitos vieram a ocorrer, gerando até mesmo desligamento
de alguns colaboradores. Nota-se que esse fato parece contraditório aos objetivos da
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RESPONDENTE RESPOSTA
Gerente “Veio a parte da autonomia né. Autonomia nas decisões, ter
Agronegócio responsabilidade sobre a tua carteira.”
“Num primeiro momento foi nos dando… “óh”, vocês vão ser
Gerente PJ - 1 responsáveis pelo resultado de vocês [...].”
RESPONDENTE RESPOSTA
“[...] eu acho que isso é muito bom para o crescimento das pessoas
Gerente assim sabe. Faz as pessoas evoluírem, faz as pessoas quererem
Agronegócio alcançar outro nível de carreira [...] Não é só trabalhar por trabalhar. É
trabalhar por que tu realmente acredita no que a empresa traz.”
“Eu acho muito boa. Por que tem um significado né. Porque todo
mundo tem um propósito de vida né. O que tu quer ser? o que tu quer
Gerente Geral
fazer da tua vida? E eu acho que profissionalmente não pode ser
diferente. [...] Eu acredito demais nisso[...].”
“Eu acho que faz todo o sentido sabe. [...] Tu tem que colocar um
Gerente PJ - 2 sentido no que tu faz [...] Ter um propósito em cima, tu tem que ver o
porque que tu está fazendo aquilo.”
Apesar de ficar evidente na questão três (Q3) da categoria um (C1) que houve
dificuldades de adaptação e certos conflitos, todos os entrevistados acreditam que a
gestão por propósito traz benefícios. Por meio de seus relatos, é possível identificar
que eles consideram importante ter significado, ou obter sentido no trabalho realizado
no dia a dia. Essas falas são congruentes com a visão de Trajan (2016), afirmando
que o ser humano vive em busca de significado, de algo que proporcione um senso
de capacidade e estima. Kofman (2018), também diz que funcionários ganham muito
mais que dinheiro quando a empresa lhes oferece um trabalho com sentido e
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propósito.
RESPONDENTE RESPOSTA
“Crescimento pessoal, desenvolvimento dos colaboradores, auto
Gerente responsabilidade. [...] a gente começou a tomar mais as rédeas, ter
Agronegócio mais responsabilidade sobre as coisas, e sobre os nossos atos [...]
também, os colegas começaram a se apoiarem mais.”
“A gestão por propósito ela te dá muita liberdade [...] é tu ter uma marca,
vamos dizer assim, tu sabe porque fez aquilo ali. Tu dá uma
Gerente PJ - 2 característica pessoal para teu trabalho. [...] pelos números que a gente
tem apresentado, pelos números da cooperativa, nos parece ser um
C4 modo que está sendo muito assertivo [...].”
“Todo mundo ficou um pouco preocupado, com um pouco de stress. As
Gerente pessoas ficaram ansiosas. E daí, veio com isso algumas pessoas
Agronegócio saindo.”
“[...] teve gente que não entendeu qual é realmente o propósito disso.
Gerente PJ - 2 Que é trazer uma melhoria, trazer uma autonomia, trazer sentido para
as coisas né. E não fazer apenas por fazer.”
5 CONCLUSÃO
Com base no que foi satisfatoriamente exposto, conclui-se que a implantação
da gestão por propósito na cooperativa alvo de nosso estudo foi iniciada por meio da
integração entre pessoas de diferentes agências, com a finalidade de definir com
precisão o seu propósito e, assim, atualizar o seu mapa estratégico. A partir da
definição do seu propósito, que visa liberar o potencial das pessoas e negócios, ações
internas foram adotadas na busca por guiar os colaboradores face aos objetivos da
cooperativa, trazendo benefícios aos associados e à comunidade.
Assim, por meio de seu propósito, a cooperativa propôs uma hierarquia mais
horizontalizada, fazendo com que colaboradores não ficassem subordinados a seus
superiores, permitindo, assim, o seu desenvolvimento e a sua autogestão. A partir
desse ponto, as responsabilidades que anteriormente eram apenas da Gerente Geral
da agência, passam a ser de cada um dos colaboradores, cabendo a eles tomarem
decisões no sentido de que caminhem no propósito de desenvolver as pessoas e os
negócios com base no princípio de beneficiar os associados e a comunidade.
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AZEVEDO, Maria C, B. de. A era da gestão por propósito. O primeiro passo para
atender a este novo modelo de gestão no mercado de trabalho é definir o propósito.
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BABA, Siri Prem. Propósito: a coragem de ser quem somos. Rio de Janeiro:
Sextante, 2016. Versão digital. Não paginado.
KOFMAN, Fred. Liderança & propósito. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018.
Versão digital.
REIMAN, Joey. Propósito: por que ele engaja colaboradores, constrói marcas
fortes e empresas poderosas. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018. Versão digital.