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Informações Gerais

Olá caros alunos.

Vamos iniciar mais um conteúdo da Disciplina Administração Rural do Curso


de Agente de Assistência Técnica e Extensão Rural.

O conteúdo da disciplina será disponibilizado em cinco unidades. Nesta Unidade 3


veremos os seguintes temas Cooperativismo, Associativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio, e trataremos sobre os seguintes temas:

 Cooperativismo: Conceito de cooperativa, pequeno histórico do


cooperativismo, princípios do cooperativismo, simbologia do
cooperativismo, tipos de cooperativas, valores do cooperativismo,
característica das cooperativas, passos para criar uma cooperativa no
Brasil;
 Associativismo: Diferença entre cooperativa e associação, tipos de
associações, conceitos importantes sobre associações;
 Sindicalismo: Conceito de sindicatos, pequeno histórico do sindicalismo,
principais pontos de atuação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais;
 Relação entre Cooperativismo, Associativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio: A importância das associações para o agronegócio, síntese
dos principais pontos do cooperativismo, associativismo e sindicalismo.

As avaliações serão realizadas através de Fóruns, Atividades Avaliativas e


participação dos discentes ao longo do curso, com média de aprovação de 6,0 pontos.

Lembrem-se, sempre estamos à disposição para ajudar, por isso, usem os canais
de comunicação do curso, fóruns, e-mail, meet, grupo de Whatsapp etc., para tirar
dúvidas, sugestões ou qualquer outra informação que você julga necessária para o bom
desenvolvimento do curso.

Bons estudos a todos. Sorte e sucesso sempre.

César Cândido de Brito


brito.cesar@uol.com.br
Resumo Profissional

Profissional formado em Administração de Empresas, Pós-graduado em


Controladoria e Finanças pela PUC/GO, Pós-graduado em Tutoria em Educação a
Distância pela Universidade Cândido Mendes/RJ, MBA em Gestão Empresarial pela
FGV/RJ, Mestre em Administração Pública pela UnB/DF e atualmente cursando
graduação em Ciências Contábeis pela UNOPAR. Com 15 anos de experiência como
professor e tutor em EaD na área de Gestão em cursos técnicos, graduação e pós-
graduação em Instituições Pública e Privadas.
Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
1. COOPERATIVISMO

A história da cooperação: A cooperação sempre existiu nas sociedades humanas,


desde as eras mais remotas, estando sempre associada às lutas pela sobrevivência, às
crises econômicas, políticas e sociais, bem como às mudanças.

Os melhores exemplos da cooperação aparecem quando se estuda a organização


social dos antigos povos como os babilônios, gregos, chineses, astecas, maias e incas.

A cooperação econômica se fortaleceu no século XVI com P.C. Plockboy que


idealizava a cooperação integral por classes de trabalhadores, e com John Bellers, que
procurava organizar "Colônias Cooperativas" para produzir e comercializar seus
produtos, na tentativa de eliminar o lucro que era apropriado pelos intermediários.

O Cooperativismo moderno surgiu junto com a Revolução Industrial, como forma


de amenizar os traumas econômicos e sociais que assolavam a classe trabalhadora com
suas mudanças e transformações.

O processo de industrialização, na sua primeira etapa, fez com que os artesãos e


trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos pelas fábricas em busca
de melhores condições de vida. Essa migração fez com que houvesse excesso de mão-de-
obra, resultando na exploração do trabalhador de forma abusiva e desumana, submetendo-
os a uma jornada de trabalho de até 16 horas/dia, e salários que não supriam as
necessidades básicas dos trabalhadores.

Os Tecelões de Rochdale

Buscando resolver seus problemas econômicos e financeiros, um grupo de 28


pessoas, sendo a maioria tecelões, reuniu-se em Toad-Lane (Beco do Sapo) da cidade de
Rochdale, na região de Manchester, Inglaterra, no dia 21 de dezembro de 1844. Lançavam
ao mundo, naquela memorável data, a semente do sistema econômico do Cooperativismo.

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
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Através da União de 28 tecelões (operários), é criado um pequeno armazém cooperativo
de consumo: a "Sociedade dos Equitativos Pioneiros de Rochdale". E aí foi lançada a
semente do Cooperativismo, em Rochdale, 1844.

Ao final do primeiro ano (1844), a Cooperativa de Consumo de Rochdale já


contava com 74 sócios, e o capital de 28 libras subira para 180 libras. Em 1847 a
Cooperativa de Consumo de Rochdale passou a vender tecidos, além dos alimentos. Em
1850, comprou um moinho para reduzir o preço da farinha. Em 1853, arrendou um
espaçoso armazém e abriu três filiais na própria cidade de Rochdale. Em 1855, contava
com 400 sócios. Em 1881, já existiam 1.000 cooperativas de consumo na Inglaterra,
associando um total de 500.000 pessoas.

O que é Cooperativismo?

É a união de pessoas voltadas para um objetivo comum, sem visar lucro. O


cooperativismo, como o próprio nome já diz, tem como sua maior finalidade, libertar o

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
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homem do individualismo, através da cooperação entre seus associados, satisfazendo
assim as suas necessidades. Defende a reforma pacífica e gradual da coletividade e a
solução dos problemas comuns através da união, auxílio mútuo e integração entre as
pessoas. Busca a correção de desníveis e injustiças sociais com a repartição igualitária e
harmoniosa de bens e valores.

Princípios do cooperativismo

Os princípios cooperativistas são as linhas orientadoras através das quais as


cooperativas levam à prática os seus valores. Em sua simbologia, são associados às cores
do arco-íris, que veio a ser adotado, originariamente, como uma espécie de emblema
universal do cooperativismo.

1 - Adesão livre e voluntária - Cooperativas são organizações voluntárias abertas para


todas as pessoas aptas para usar seus serviços e dispostas a aceitar suas
responsabilidades de sócio sem discriminação de gênero, social, racial, política ou
religiosa.
2 - Controle democrático pelos sócios - as Cooperativas são organizações
democráticas controladas por seus sócios, os quais participam ativamente no
estabelecimento de suas políticas e nas tomadas de decisões. Homens e mulheres,
eleitos pelos sócios, são responsáveis para com os sócios. Nas cooperativas singulares,
os sócios têm igualdade na votação; as Cooperativas de outros graus são também
organizadas de maneira democrática.
3 - Participação econômica dos sócios - os sócios contribuem equitativamente e
controlam democraticamente o capital de sua Cooperativa. Parte desse capital é

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usualmente propriedade comum da Cooperativa para seu desenvolvimento.
Usualmente os sócios recebem juros limitados sobre o capital, como condição de
sociedade. Os sócios destinam as sobras para os seguintes propósitos: desenvolvimento
das Cooperativas, apoio a outras atividades aprovadas pelos sócios, redistribuição das
sobras, na proporção das operações.
4 - Autonomia e Independência - as Cooperativas são organizações autônomas de
ajuda mútua. Entrando em acordo operacional com outras entidades, inclusive
governamentais, ou recebendo capital de origem externa, elas devem fazer em termos
que preservem o seu controle democrático pelos sócios e mantenham sua autonomia.
5 - Educação, treinamento, informações - as Cooperativas oferecem educação e
treinamento para seus sócios, representantes eleitos, administradores e funcionários
para que eles possam contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento. Também
informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes formadores de
opinião sobre a natureza e os benefícios da cooperação.
6 - Cooperação entre cooperativas - as cooperativas atendem seus sócios mais
efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo trabalhando juntas, e de forma
sistêmica, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais, através de
Federações, Centrais, Confederações etc.
7 - Preocupação com a comunidade - as Cooperativas trabalham pelo
desenvolvimento sustentável de suas comunidades, através de políticas aprovadas
pelos seus membros, assumindo um papel de responsabilidade social junto a suas
comunidades onde estão inseridas.

Simbologia

1. Símbolos – Os O cooperativismo tem diversos símbolos. Conheça e entenda o


significado de cada um deles.

Fonte: Elaborado pelo autor

2. Bandeira – O Cooperativismo possui uma bandeira formada pelas sete cores do


arco íris, aprovada pela ACI (Aliança Cooperativa Internacional) em 1932, como
símbolo de paz e esperança. Cores da bandeira do Cooperativismo:

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Fonte: http://cooperauriverde.com.br/galeria/simbolos

Em que cada cor possui um significado:

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tipos de cooperativas - Os ramos cooperativos atuantes no Brasil

No Brasil, existiam exemplos dos 13 ramos do cooperativismo. A Organização


das Cooperativas Brasileiras estabeleceu a divisão em ramos em 1993, levando em conta
as diferentes áreas em que o movimento atua. Contudo, em 2018, o Sistema OCB iniciou
importante processo de reflexão institucional sobre a reorganização dos ramos do
cooperativismo nacional. As discussões foram iniciadas no âmbito de grupo de trabalho
técnico constituído por membros indicados pela Diretoria da OCB, que reuniram
argumentos técnicos para aprimorar os debates sobre a reorganização dos ramos.

Após ser amplamente divulgada e debatida pela unidade nacional e estaduais, em


2019, a proposta formulada pelo grupo de trabalho foi aprovada pela assembleia geral

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ordinária e extraordinária da OCB, que promoveu a reorganização dos ramos de forma
que as quase sete mil cooperativas brasileiras passaram a integrar sete ramos.

A reorganização traz como principal benefício o aumento da representatividade


de alguns ramos que sequer conseguiam compor conselhos específicos, como o Ramo
Especial e Turismo e Lazer. Além disso, como a Lei nº 5.764/1971 dá ampla liberdade
de atividade para as cooperativas, entendemos que não faz sentido manter ramos tão
específicos, sob pena de não comtemplar todos, devendo a classificação de cooperativas
caminhar para ramos mais robustos.

Outro importante benefício trazido pela reorganização dos ramos foi a ampliação
do atendimento às cooperativas pelo SESCOOP, que hoje encontra dificuldade em
organizar ações para ramos extremamente específicos e com poucas cooperativas. Neste
contexto, alguns dos ramos foram agrupados a outros, podendo haver reclassificação de
cooperativas a partir desta reorganização. As mudanças são as seguintes:

RAMO PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS: é a nova denominação do antigo


Ramo Trabalho. A partir de agora, esse novo ramo engloba as cooperativas que
prestam serviços especializados a terceiros ou que produzem bens tais como
beneficiamento de material reciclável e artesanatos, por exemplo. Ele reúne todas as
cooperativas de professores e dos antigos ramos: produção, mineral, parte do turismo
e lazer e, por fim, especial.
RAMO INFRAESTRUTURA: composto por cooperativas que prestam serviços
relacionados à infraestrutura a seus cooperados. Por exemplo: geração e
compartilhamento de energia elétrica e, agora, com a incorporação do Ramo
Habitacional, também terá as cooperativas de construção de imóveis para moradia.
RAMO CONSUMO: composto por cooperativas que realizam compra em comum
tanto de produtos quanto de serviços para seus cooperados (supermercados, farmácias).
Engloba, também, as cooperativas formadas por pais para contratação de serviços
educacionais e também aquelas de consumo de serviços turísticos (antigamente
classificadas dentro do Ramo Turismo e Lazer).
RAMO TRANSPORTE: este ramo preserva sua nomenclatura, mas seu conceito foi
ajustado. A definição do ramo passa a trazer expressamente a condição do cooperado
de proprietário ou possuidor do veículo. Deste modo, cooperativas formadas de
motoristas de veículos de carga ou de passageiros, que não detenham a posse ou
propriedade destes, devem ser classificadas no Ramo Produção de Bens e Serviços;
além disso, as cooperativas que se dediquem a transporte turístico, bugues, cujos
cooperados sejam proprietários ou possuidores dos veículos e que eventualmente
estejam enquadrados no Ramo Turismo e Lazer devem ser reclassificadas para o Ramo
Transporte.
RAMO SAÚDE: composto por cooperativas formadas por médicos, odontólogos ou
profissionais ligados à área de saúde humana, enquadrados no CNAE 865. O novo
Ramo Saúde também engloba as cooperativas de usuários que se reúnem para
constituir um plano de saúde, pois são consideradas operadoras.

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RAMO AGROPECUÁRIO: composto por cooperativas relacionadas às atividades
agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira. Não sofreu alteração.
RAMO CRÉDITO: composto por cooperativas que prestam serviços financeiros a
seus cooperados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado
financeiro. Não sofreu alteração.

A Lei nº 5.764/1971 não exige uma classificação de cooperativas em ramos,


portanto a classificação atribuída pela OCB às cooperativas brasileiras é interna e tem
como objetivo organizar seu quadro social para dar cumprimento à competência de defesa
e representação do cooperativismo, atendendo, especialmente, à determinação legal de
que a OCB deve integrar os ramos do cooperativismo.

É importante destacar que para as cooperativas nada muda na prática. As


cooperativas não terão nenhum ônus com essa reclassificação. A rotina delas segue
normalmente, pois a classificação tem seu alcance apenas internamente, na organização
da representação e defesa das cooperativas e na promoção de ações de desenvolvimento.

Cooperativa: o que é?

O termo Cooperativa possui várias definições na literatura especializada que


variam conforme a época e o viés doutrinário em que foram elaboradas. Para este curso

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podemos definir que: “Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais
comuns, por meio de um empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente
gerido”.

Basicamente o que se procura ao organizar uma Cooperativa é melhorar a situação


econômica de determinado grupo de indivíduos, solucionando problemas ou satisfazendo
necessidades comuns, que excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer
isoladamente.

A Cooperativa é então, um meio para que um determinado grupo de indivíduos


atinja objetivos específicos, através de um acordo voluntário para cooperação recíproca.
Esquematicamente podemos representar essa relação como:

Fonte: Fiorin (2007).

Uma Cooperativa se diferencia de outros tipos de associações de pessoas por seu


caráter essencialmente econômico. A sua finalidade é colocar os produtos e ou serviços
de seus cooperados no mercado, em condições mais vantajosas do que os mesmos teriam

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isoladamente. Desse modo a Cooperativa pode ser entendida como uma “empresa” que
presta serviços aos seus cooperados.

Essa “empresa comunitária”, chamada cooperativa, é regida por uma série de


normas que regulamentam o seu funcionamento e cujas origens remontam o ano de 1844,
quando foi criada a primeira cooperativa nos moldes que conhecemos hoje, em Rochdale
na Inglaterra. Essas normas, que orientam como será o relacionamento entre a cooperativa
e os cooperados e desses entre si, no âmbito da cooperativa, são conhecidas como
Princípios do Cooperativismo.

Embora sobre vários aspectos uma Cooperativa seja similar a outros tipos de
empresas e associações, ela se diferencia daquelas na sua finalidade, na forma de
propriedade e de controle, e na distribuição dos benefícios por ela gerados. Essas
diferenças definem uma cooperativa e explicam seu funcionamento. Para organizar essas
características e possibilitar uma formulação única para o sistema, foram estabelecidos os
princípios do cooperativismo, pelos quais todas as cooperativas devem balizar seu
funcionamento e sua relação com os cooperados e com o mercado.

A Cooperativa e seus Valores

Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,


voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais
comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.

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As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e responsabilidade,
democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na tradição dos seus fundadores, os
membros das cooperativas acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência,
responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.

2. CARACTERISTICAS DAS COOPERATIVAS

Agora que já temos uma boa noção de cooperativas, vamos agora aprender um
pouco sobre suas características legais. A Lei nr. 5.764, de 16 de dezembro de 1971 define
a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades
cooperativas, e dá outras providências. Conforme a Lei nº 5.764/71, no seu artigo 3º, as
sociedades cooperativas têm por finalidade a prestação de serviços aos associados para o
exercício de uma atividade comum, econômica, sem que tenham objetivo de lucro. Segue
as principais características:

1. É uma sociedade de pessoas.


2. O objetivo principal é a prestação de serviços.
3. Pode ter um número ilimitado de cooperados.
4. O controle é democrático: uma pessoa = um voto.
5. Nas assembleias, o quórum é baseado no número de cooperados.
6. Não é permitida a transferência das quotas-parte a terceiros, estranhos à
sociedade, ainda que por herança.
7. Retorno proporcional ao valor das operações.
8. Não está sujeita à falência.
9. Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por
instrumento público, e seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta
Comercial e publicados.

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10. Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado
o uso da expressão “banco”.
11. Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.
12. Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.

Uma cooperativa para ser constituída deve ter no mínimo 20 sócios. É importante
salientar que as cooperativas não têm fins lucrativos e sua função é prestar serviços a seus
associados. Assim, todos os resultados econômicos alcançados devem ser distribuídos
para os cooperados ou ir para fundos específicos para a prestação de serviços aos
cooperados ou para a manutenção do capital de giro.

Existe uma crescente demanda pela organização de cooperativas, principalmente


as de trabalho e de crédito. Abaixo transcrevemos algumas questões que têm sido
recorrentes na formação de cooperativas e que podem auxiliá-lo(a) no apoio à essas
demandas.

No Brasil, existem duas instituições responsáveis pelo apoio e fomento do


cooperativismo: a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a União Nacional
das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). A OCB “foi
criada em 1969, durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo” e tem por missão
“promover um ambiente favorável para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras,
por meio da representação político-institucional” (OCB, 2015).

Segue abaixo a estrutura comum das cooperativas brasileiras:

Estrutura Descrição
Assembleia Geral Órgão supremo da cooperativa que, conforme o prescrito da
legislação e no estatuto social, tomará toda e qualquer decisão de
interesse da sociedade. a reunião da assembleia geral dos cooperados
ocorre, nas seguintes ocasiões:
Assembleia Geral Ordinária (AGO) – realizada obrigatoriamente
uma vez por ano, no decorrer dos três primeiros meses, após o
encerramento do exercício social, para deliberar sobre prestações de
contas, relatórios, planos de atividades, destinações de sobras,
fixação de honorários, cédula de presença, eleição do conselho de
administração e fiscal, e quaisquer assuntos de interesse dos
cooperados. Assembleia Geral Extraordinária (AGE) – realizada
sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto de
interesse da cooperativa. É de competência exclusiva da AGE a
deliberação sobre reforma do estatuto, fusão, incorporação,
desmembramento, mudança de objetivos e dissolução voluntária.
Conselho de Administração Órgão superior da administração da cooperativa. É de sua
competência a decisão sobre qualquer interesse da cooperativa e de

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seus cooperados nos termos da legislação, do estatuto social e das
determinações da assembleia geral. O conselho de administração
será formado por cooperado no gozo de seus direitos sociais, com
mandatos de duração (no máximo 4 anos) e de renovação
estabelecidos pelo estatuto social. A cada eleição é necessário
renovar pelo menos 1/3 do conselho administrativo.
Conselho Fiscal Formado por três membros efetivos e três suplentes, eleitos para a
função de fiscalização da administração, das atividades e das
operações da cooperativa, examinando livros e documentos entre
outras atribuições. É um órgão independente da administração.
Representa a assembleia geral no desempenho de funções por um
período de doze meses.
Comitê educativo, núcleo É um comitê temporário ou permanente. Constitui-se em órgão
cooperativo ou conselhos auxiliar da administração. Pode ser criado por meio da assembleia
consultivos geral com a finalidade de realizar estudos e apresentar soluções sobre
situações específicas. Pode adotar, modificar ou fazer cumprir
questões, inclusive no caso da coordenação e programas de educação
cooperativista junto aos cooperados, familiares e membros da
comunidade da área de ação.
Estatuto Social Conjunto de normas que regem funções, atos e objetivos de
determinada cooperativa. É elaborado com a participação dos
associados para atender às necessidades da cooperativa e de seus
associados. Deve obedecer a um determinado padrão. Mesmo assim
não é conveniente copiar o documento de outra cooperativa
já que a área de ação, objetivos e metas diferem uma da outra.
Capital Social É o valor, em moeda corrente, que cada pessoa investe ao associar-
se e que serve para o desenvolvimento da cooperativa. O capital
social é fixado em estatuto e dividido em quotas-partes. O valor é
uma quota-parte e não pode ser superior a um salário-mínimo. O
valor do capital social também pode ser constituído com bens e
serviços.
Demonstração de resultado No final de cada exercício social é apresentado, na assembleia geral,
do exercício o balanço geral e a demonstração do resultado que devem conter:
Sobras – os resultados dos ingressos menos os dispêndios. São
retornadas ao associado após as deduções dos fundos, de acordo com
a lei e o estatuto da cooperativa.
Fundo indivisível – valor em moeda corrente que pertence aos
associados e não pode ser distribuído e sim destinado ao: fundo de
reserva para ser utilizado no desenvolvimento da cooperativa e
cobertura de perdas futuras.
Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES); e
outros fundos que poderão ser criados com a aprovação da
assembleia geral.

Passos para criação de uma cooperativa no Brasil.

1ª Passo: mobilização e motivação do grupo de futuros cooperados;


2ª Passo: elaboração coletiva e participativa do estatuto social da futura cooperativa;
3ª Passo: escolha da diretoria e realização da assembleia de fundação;
4ª Passo: solicitação do documento básico de entrada;
5ª Passo: pagamento DARF;
6ª Passo: guia de arrecadação do Estado;
7ª Passo: registro da cooperativa na junta comercial;
8ª Passo: retirada do registro no Ministério da Fazenda;
9ª Passo: abertura das contas bancárias;
10ª Passo: registro na organização das cooperativas estaduais.

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Segue abaixo o Organograma Padrão de uma Cooperativa do Brasil.

3. ASSOCIAÇÕES

Inicialmente destacamos a diferença entre associações e cooperativas está na


natureza da organização, pois “as associações têm por finalidade a promoção de
assistência social, educacional, cultural, representação política, defesa de interesses de
classe, filantropia” e “as cooperativas têm finalidade essencialmente econômica e seu
principal objetivo é viabilizar o negócio produtivo dos associados junto ao mercado”.

Assim, se o objetivo do grupo é desenvolver uma atividade comercial, a


cooperativa é a mais adequada. Já de acordo com o Código Civil, a Lei nº 10.406 de 2002,
as associações são pessoas jurídicas de direito privado e têm por objetivo a realização de
atividades culturais, sociais, religiosas, recreativas, etc., sem fins lucrativos, ou seja, não
visam lucros e são dotadas de personalidade distinta de seus componentes.

Tipos de Associações

Tipo Descrição
Filantrópicas Agrupam pessoas que trabalham com atendimento de públicos em
vulnerabilidade social, carentes, com necessidades especiais. Ou seja, atendem
um determinado público com serviços que esse público não teria condições de
pagar.
Comunitárias Buscam resolver problemas da comunidade, bairro, vila ou rua. Também visam
lazer e organização religiosa. É comum nas comunidades rurais a associação
estar organizada em torno da igreja, salão comunitário, cancha de bocha, campo
de futebol, etc.
Defesa da Vida Atuam em defesa ou apoio de pessoas, animais e meio ambiente. São exemplos:
associações protetoras de animais, do meio ambiente, de prevenção de doenças
como AIDS, grupos de apoio a pessoas viciadas, como os Alcoólicos
Anônimos.

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Pais e Mestres Representam a organização da comunidade escolar, com o objetivo de melhorar
as condições de ensino-aprendizagem e promover a integração sociocultural.
Culturais, São grupos de pessoas ligadas às atividades literárias, artísticas, desportivas ou
Desportivas e grupos com características semelhantes. Realizam atividades de lazer, espaços
Sociais de discussão e integração, oficinas, dentre outras. São exemplos os grupos de
jovens no meio rural, os grupos de dança, grupos da melhor idade, grupos de
esportes.
Associações de São grupos de consumidores que se organizam para o consumo de produtos
Consumidores dentro dos preceitos da alimentação saudável, com justiça social e ambiental.
Os grupos de consumidores normalmente compram de associações de
agricultores ecológicos, assentados, que possuem agroindústria de pequeno
porte, produzam alimentos com identidade, etc.
Associações de Organizam-se para representar uma determinada classe de trabalhadores.
Classe São exemplos os conselhos profissionais, as federações, as confederações, os
sindicatos.
Associações de São organizações de trabalhadores que visam a realização de atividades
Trabalho produtivas ou o apoio coletivo ao trabalho. As associações de máquinas
agrícolas no meio rural, de agroindustrialização coletiva, de produção de
insumos, são exemplos.

No caso do meio rural, as associações voltadas ao trabalho serão o foco desse


material didático, embora reconheçamos a importância das associações de lazer e
comunitárias. Normalmente, os agricultores apresentam as mesmas dificuldades de
produção, de acesso ao mercado e assistência técnica. E as associações tendem a ajudar
estes a resolver problemas que são comuns a todos e, inclusive, a melhorar o desempenho
econômico das propriedades. O associativismo também é um dos caminhos para as
famílias de agricultores se empoderar e buscar maior inserção e visibilidade na sociedade.

Passos para a Organização de uma Associação

Primeiro passo: mobilização e motivação do grupo de futuros associados;


Segundo passo: elaboração coletiva e participativa do estatuto;
Terceiro passo: escolha da diretoria e realização da assembleia de fundação;
Quarto passo: registro no cartório especial;
Quinto passo: registro na Receita Federal;
Sexto passo: inscrição na receita estadual;
Sétimo passo: registro na prefeitura municipal.

Alguns elementos importantes para o funcionamento da associação

Dependendo das atividades a serem desenvolvidas pela associação, é necessário,


também, fazer inscrição em outros órgãos de controle municipal, estadual ou federal, tais
como: vigilância sanitária na Secretaria da Saúde; Coordenação de Inspeção de Produtos
de Origem Animal (CISPOA) na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do

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estado; na Secretaria do Meio Ambiente; Sistema de Inspeção Federal (SIF), no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); no Ministério do Trabalho
e na Previdência Social, quando envolve contratação de empregados.

Como as associações não têm fins lucrativos, são isentas de pagamento de imposto
de renda, no entanto, devem preencher, anualmente, a Declaração de isenção de imposto
de renda e apresentar à Receita Federal. Quando a associação presta serviços aos
associados e cobra pelos mesmos deve recolher o Imposto Sobre Serviços (ISS). É
necessário ter sempre organizado: (a) livros caixas; (b) controle de numerários e
bancários; (c) propostas de admissão de associados; (d) carteirinhas de sócios, controle
de anuidade e joias de admissão, quando for o caso; (e) cadastros de associados.

4. SINDICALISMO

O que são sindicatos - Sindicatos são associações civis formadas por membros
de uma mesma classe ou categoria profissional e econômica, que visam coordenar,
representar e defender os interesses e direitos de seus associados, relativos ao exercício
de suas atividades. Têm os sindicatos, como função principal, congregar os integrantes
de uma mesma categoria, sejam empregados, empregadores, trabalhadores, autônomos
ou profissionais liberais, que exerçam as mesmas atividades ou profissões similares ou
conexas.

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Por sua vez, os sindicatos de empregadores e trabalhadores rurais visam congregar
os membros das respectivas categorias, defender seus interesses de maneira organizada e
solidária, em prol da valorização e desenvolvimento socioeconômico de seus membros,
através do fomento da agropecuária em seus municípios.

Sindicalismo no Brasil

O sindicalismo no Brasil surgiu no final do século XIX, momento em que ocorria


a substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado e no qual havia muitos
imigrantes europeus que estavam trabalhando como assalariados em fazendas.

A esta altura, já havia iniciado no país a introdução das atividades industriais,


constituindo um mercado interno e os núcleos operários de São Paulo e Rio de Janeiro,
onde surgiram as primeiras lutas operárias. Os operários haviam organizado Sociedades
de Socorro e Auxílio Mútuo, cuja instituição auxiliava materialmente os proletários em
momentos difíceis de greves ou de dificuldades econômicas.

Com a revolução de 1930, a implantação do Estado Novo e a transição da


economia agrário-exportadora para uma economia industrializante, as frações dominantes
da sociedade aproveitaram para conciliar os interesses agrários e urbanos emergentes e
excluir definitivamente a participação efetiva da classe operária. Inicia-se nesse período,
então, uma nova fase do sindicalismo brasileiro.

Muitos decretos e leis foram sendo criadas ao longo dos anos 1930 a 1940, e foi
no ano de 1943 que entrou em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
O governo da época buscou controlar o movimento operário e sindical
incorporando-o ao Estado. Foi criado, então, o Ministério do Trabalho e a estrutura
sindical se tornou legalizada pelo Estado. Todas as leis vigentes, entretanto, não
respaldavam os trabalhadores agrícolas e o sindicalismo rural. Porém, em 1944 a
sindicalização rural é formalizada por meio de um Decreto-Lei n.º 7.038 de 10/11, assim,
atrelou-se à estrutura sindical oficial determinada pela CLT.

Durante as décadas de 1940 a 1950, o número de sindicatos de trabalhadores rurais


era muito inexpressivo, então, somente após o início dos anos de 1960 que o sindicalismo
chegaria efetivamente ao campo, como entidades sindicais oficiais.

A partir de 1960, aprofundou-se de a política de apoio à fundação de sindicatos


de trabalhadores rurais que até então se apresentava de forma tímida

Atualmente, no que diz respeito à Agricultura Familiar no Brasil, pode-se destacar


o papel dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais como um órgão receptor das necessidades
dos agricultores, e capaz de atuar como catalisador e gerador de propostas, voltadas à
viabilidade e sustentabilidade da agricultura familiar. O sindicato tem organizado ações
políticas eficazes, tanto no âmbito de políticas agrícolas quanto de políticas públicas de
cunho mais geral (educação e saúde).

Os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais é um ponto de união dos agricultores


familiares e trabalhadores rurais, funcionando como espaço de organização e canal de
veiculação de interesses sindicais e políticos dos agricultores familiares.

Principais pontos de atuação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
 COMUNICAÇÃO - Tem atuado como um interlocutor dos agricultores
familiares e se mostrado capaz de pressionar vários órgãos públicos para que estes
executem políticas que venham a beneficiar os agricultores de um modo geral.
 REIVINDICAÇÃO - É um canal de reivindicações junto às agências bancárias
para que estas liberem créditos entravados burocraticamente pelas instituições
financeiras.
 LIDERANÇA - Neste espaço, a direção sindical aparece travando um
enfrentamento com autoridades municipais, atuando junto aos conselhos
municipais, principalmente junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento
Rural, mas também junto aos conselhos de saúde, educação, transporte etc. Com
essas ações dos sindicatos, os conselhos municipais de agricultura têm se
mostrado como um importante instrumento de cobrança e fiscalização dos
dirigentes do poder público.
 FISCALIZAÇÃO - Atua como órgão fiscalizador das ações do poder público
local quanto ao cumprimento de políticas distributivistas, como por exemplo, a
distribuição de cestas básicas, dos empregos nas frentes de emergência, entre
outras. Este novo momento do trabalho e das ações dos sindicatos está lhe dando
um novo papel nas suas relações com o poder local.
 ASSISTÊNCIA TÉCNICA - Busca de novos instrumentos de assistência técnica
para a produção. Até bem pouco tempo, essa área era atividade era ocupada
exclusivamente pelos órgãos oficiais de fomento ou de extensão, ou
eventualmente por cooperativas de produtores.
 EXPANSÃO - Os sindicatos rurais estão expandindo sua atuação e se
envolvendo, por exemplo, com o banco de sementes, o fundo rotativo de adubos
orgânico e a assistência para a obtenção de crédito.

Com o objetivo de defender legalmente a categoria econômica ligada ao meio rural


surgiram também os sindicatos de produtores rurais, que representam produtores,
empregadores e empresas da área rural. Vários deles começaram a partir de suas
atividades como associações rurais. Em 1945, no governo de Getúlio Vargas, surgiram
dois decretos relacionados à organização da vida rural:

 DL nº 7.449: regulamentou que cada município deveria possuir uma Associação


Rural reconhecida pelo Ministério da Agricultura e cada Estado uma Sociedade
Rural para integrar as associações. Estas organizações atuavam na função

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
consultiva do governo como órgãos técnicos para difundir ideias e conhecimentos
agropecuários, bem como realizar exposições e feiras.
 DL nº 8.127: indicou que as associações rurais deveriam ser constituídas em
federações estaduais e se filiarem a Confederação Rural Brasileira, que foi
fundada em 1951. Neste caso, a lei não excluía as organizações já existentes.

Esta organização e ampliação passaram a gerar um maior poder de barganha junto


ao Estado e perante a sociedade. Observando a evolução do sistema, pode-se dizer que
houve o estabelecimento de uma ordem para o agronegócio.

Deve-se considerar também que os sindicatos possuem uma importante parceria


com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) que tem suas ações norteadas
por uma série de princípios e diretrizes ligadas ao meio rural. Uma de suas ações é a
promoção social e formação profissional rural oferecendo cursos profissionalizantes para
pessoas do meio rural e também promove ações de democratização.

Podemos abordar de forma positiva que muitos sindicatos hoje têm buscado
oferecer processos educacionais e de informação, bem como outros serviços para seus
filiados, contribuindo para a evolução educacional das regiões onde atuam.

O Sindicato dos produtores rurais tem atuado também como um interlocutor dos
agricultores familiares, e se mostrado capaz de pressionar vários órgãos públicos para que
esses executem políticas que venham a beneficiar os agricultores de um modo geral.

Devemos observar que essa trajetória dos sindicatos não é simples, pois há
problemas e momentos de crise. Por exemplo, ao crescerem as atividades ligadas à
produção dentro do sindicato, ele pode não ter recursos financeiros, materiais e humanos
suficientes para dar prosseguimento às atividades aprovadas e assumidas pela base.

A superação de tais problemas pressupõe uma maior presença do estado por meio
de políticas públicas adequadas e eficazes, mas também direcionadas a tentar suprir os
problemas emergentes dos trabalhadores rurais. Por isso, dentro da atual conjuntura do
sindicalismo rural, é de fundamental importância a aproximação de novos parceiros junto
aos sindicatos de trabalhadores rurais, devido às suas limitações. Alçando-se a estas novas
funções, com certeza o sindicato por si só não poderia suprir a todas as necessidades dos
trabalhadores rurais.

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
5. ASSOCIATIVISMO, COOPERATIVISMO, SINDICALISMO RURAL E
AGRONEGÓCIO

O agronegócio tem sido marcado, especialmente a partir de 1990, por estruturas


complexas de governança, muitas vezes sob a forma de ações coletivas. Essas ações
podem ser caracterizadas pela união de indivíduos ou firmas que possuem objetivos
comuns e que buscam agir de forma conjunta e coordenada para alcançar tais objetivos.
O associativismo, o cooperativismo e o sindicalismo no meio rural são formas de
organização correlacionadas, cada uma desempenha funções específicas como ator social.
E é possível que o indivíduo do meio rural participe ao mesmo tempo das três formas de
organização.
A agricultura familiar é uma das maiores beneficiadas do cooperativismo,
associativismo e o sindicalismo. Isso porque, sozinhos, os pequenos produtores rurais
dificilmente conseguiriam conquistar espaço no mercado, a ponto de serem competitivos.
O sentido do vínculo e as razões pelas quais participam de uma cooperativa,
associação ou sindicato são similares e depende do interesse e da necessidade de cada um
e das vantagens apresentadas.

Para recapitular o conteúdo que você estudou ao longo deste curso, confira na
tabela abaixo uma síntese do conceito e da finalidade de cada uma das formas de
organização rural.

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
Organização Associação Cooperativa Sindicato
Critérios
Conceituação
Sociedade civil sem Sociedade civil com fins Sociedade civil sem
fins lucrativos. econômicos, sem objetivo de fins lucrativos.
lucro.
Objetivos Promover a defesa dos Viabilizar e desenvolver as Representar e
interesses de seus atividades de consumo, defender os interesses
associados; produção, crédito, prestação econômicos e
Estimular a melhoria de serviços e profissionais dos que
técnica, profissional, comercialização, de acordo exercem a mesma
cultural e social dos com os interesses dos atividade ou
associados; Prestar cooperados. profissão.
serviços. Atuar em nível de mercado;
Formar e capacitar seus
integrantes para o trabalho e a
vida em comunidade.

Amparo Legal 1. Constituição 1. Constituição (art.5º, 1. Constituição


(art.5º, incisos incisos XVII a XXI e (art.5º,
XVII a XXI e art. 174,§2º); incisos XVII
art. 174,§2º); 2. Código Civil; a XXI e art.
2. Código Civil. 3. Lei 5764 de 174,§2º);
16/12/1971. 2. Código
Civil;
3. CLT.
Formação Social Mínimo de duas Mínimo de 20 pessoas. Mínimo de pessoas
pessoas para ocupar os cargos
da diretoria,
regulados pelo
estatuto.

Formação de Não possui capital Pelas cotas-partes de seus Não há formação de


Capital social, mas patrimônio cooperantes. capital.
social.
Forma de Gestão Cada associado tem ada associado tem direito a um Cada associado tem
direito a um voto. voto. direito a um voto.

Responsabilidad Da diretoria Proporcional ao capital Da diretoria


e subscrito.

Área de Área de atuação limita- Área de atuação limita-se a Área de atuação


Abrangência se a seus objetivos. seus objetivos. ilimitada, desde que
não exista mais de um
sindicato com a
mesma base de
representação por
território, sendo o
mínimo de um por
município.

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.
Receita Contribuições sociais, Percentual da produção a ser Contribuições dos
doações, legados, fixado e taxa de serviços sobre sócios definidas por
subvenções e taxas de as operações com cooperantes lei: Contribuição
serviços. e terceiros. Sindical,
Confederativa ou
Assistencial.
Anuidades, prestação
de serviços, doações,
subsídios,
subvenções.
Destino do Como não tem objetivo Após decisão da Assembleia Como não tem
Excedente financeiro, o saldo de Geral, as possíveis sobras objetivo financeiro, o
caixa é utilizado para as podem ser divididas saldo de caixa é
atividades da proporcionalmente à utilizado para as
associação. participação de cada atividades do
cooperante. É obrigatória a sindicato.
destinação de 10% para os
fundos de reserva e 5% para os
fundos educacionais.

Dissolução Definida em Definida em Assembleia Geral Definida em


Assembleia Geral ou ou mediante processo judicial. Assembleia Geral. No
mediante intervenção Neste caso é nomeado um caso de intervenção
judicial realizada por liquidante . judicial, não poderá
representante do ser proposta a
Ministério Público. liquidação.

Remuneração Os dirigentes não têm Pró-labore definido pela Os dirigentes não têm
dos Dirigentes remuneração pelo assembleia geral. remuneração pelo
exercício de suas exercício de suas
funções, mas podem funções, mas podem
receber o reembolso das receber o reembolso
despesas realizadas para das despesas
o desempenho de seus realizadas para o
cargos. desempenho de seus
cargos, as chamadas
verbas de
representação.
Tributação Deve fazer anualmente Não paga Imposto de Renda Deve fazer
a declaração de isenção sobre suas operações como os anualmente a
de Imposto de Renda. associados. Deve recolher o declaração de isenção
Imposto de Renda na Fonte de Imposto de Renda.
sobre operações com terceiros.
Paga as taxas e impostos
decorrentes das ações
comerciais.
Destino do Em caso de dissolução, Em caso de dissolução, após a Em caso de
Patrimônio após a liquidação das liquidação das dívidas, o dissolução, após a
dívidas, o remanescente remanescente é dividido entre liquidação das
é transferido para os sócios. dívidas, o
entidades afins. Em caso de liquidação, os remanescente é
sócios são responsáveis pelas transferido para
dívidas que deverão ser pagas, entidades afins.
com o capital correspondente,
à sua cota-parte, quando o
ativo for insuficiente para
liquidar o passivo.

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Unidade 3 - Associativismo, Cooperativismo, Sindicalismo e o
Agronegócio.

Por iniciativa dos próprios trabalhadores, um grande número de experiências


coletivas estão sendo disseminadas sob diversas formas do associativismo, sendo algumas
delas associações, cooperativas e sindicatos, que trabalhando em parceria e ganham força
e representatividade.

REFERÊNCIAS

Balem, Tatiana Aparecida. Associativismo e Cooperativismo. Santa Maria:


Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil,
2016.

Fiorin, José Augusto (org.). Introdução ao Cooperativismo. Ijuí: Sapiens


Editora, 2007. 60 p.

OCB. Organização das Cooperativas do Brasil. Cooperativismo. 2015.


Disponível em: <http://www.ocb.org.br/site>. Acesso em: 31.05.2020.

Reisdorfer, Vitor Kochhann. Introdução ao Cooperativismo. Santa Maria:


Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil,
2014.

SENAR. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Apostila Associativismo,


Cooperativismo e Sindicalismo. Brasília, 2015.

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