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UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
630.681
A473a Alvarenga, Rafael Pazeto
Administração rural / Rafael Pazeto Alvarenga; Jeniffer de
Nadae . Indaial : UNIASSELVI, 2017.
157 p. : il.
ISBN 978-85-69910-61-9
Jeniffer de Nadae
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
Introdução à Problemática Estudada ..................................9
CAPÍTULO 2
Administração no Contexto do Agronegócio ..................27
CAPÍTULO 3
Consideração de Impactos Ambientais no
Gerenciamento do Agronegócio..........................................67
CAPÍTULO 4
Agronegócio na Prática........................................................83
APRESENTAÇÃO
O agronegócio brasileiro é responsável pela geração de divisas ao país e fonte de
renda para agropecuaristas e trabalhadores rurais. Em um contexto geral, os agentes
que atuam nos campos agropecuários do Brasil são detentores de um conhecimento
técnico forte que ajuda muito nas altas taxas de produção do agronegócio do país.
Falta, muitas vezes, conhecimento gerencial capaz de contribuir para uma atuação
mais eficiente nos mercados que atuam. Para contribuir neste sentido, este livro
aborda sobre gerenciamento rural.
Os autores.
C APÍTULO 1
Introdução à problemática
estudada
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Contextualização
Neste capítulo pretendemos introduzir quais são os principais fatores
que possuem relação com a principal temática do nosso livro. Assim, ao final
deste capítulo, você será capaz de identificar e compreender sobre definição
de agronegócio; sistemas agroindustriais; cadeias agroindustriais; complexos
agroindustriais; principais agentes envolvidos no campo dos negócios que
são desenvolvidos em torno do setor agropecuário, assim como relevantes
características envolvidas no setor agropecuário.
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Administração Rural
Os Segmentos da Produção
Agropecuária
A noção de conjunto implícita às operações agropecuárias fica melhor
compreendida a partir de uma visão sistêmica sobre as três dimensões associadas
ao agronegócio, que são:
Vamos conhecer melhor cada uma dessas dimensões? Então, vamos lá!
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Já no segmento
Já no segmento depois da porteira são realizadas as operações depois da porteira
de armazenamento, beneficiamento, industrialização e embalagem, são realizadas
por exemplo (ARAÚJO, 2005). Tal como aponta Callado (2015), as operações de
armazenamento,
este segmento se vincula a todas atividades que estão associadas beneficiamento,
à comercialização e distribuição dos produtos agroindustriais até industrialização e
embalagem, por
que cheguem aos consumidores finais. De acordo com este autor, o exemplo.
segmento depois da porteira é subdividido em dois subsetores, que são
logística e canais de comercialização. Tal como salientam os autores (ARAÚJO,
2005; CALLADO, 2015), o processo de comercialização dos produtos associados
ao agronegócio pode ser composto por oito níveis mais frequentes, tais como
mencionados a seguir e tal como descrito abaixo, na Figura 1.
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Administração Rural
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Para Morvan (1988 apud BATALHA, 2014), existem três fatores que estão
vinculados à caracterização de uma cadeia de produção. Para o autor, uma cadeia
de produção pode ser caracterizada como:
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Administração Rural
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Para o autor, envolvidos nestes elos existem quatro tipos de mercados muito
distintos, que são os mercados mantidos entre produtores e indústrias de
insumos; produtores e agroindústria; agroindústria e distribuidores; distribuidores
e consumidores. Para exemplificar, apresentamos a Figura 2, que representa um
modelo de duas cadeias industriais envolvidas no processo de produção de três
produtos, tal como mencionada por Batalha (1995; 2014).
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Administração Rural
– Mercados.
– Agências de estatística.
– Mercados futuros.
– Agências e programas governamentais.
– Firmas individuais.
– Tradings.
– Cooperativas.
– Integrações.
– Joint ventures.
– Tecnologia.
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
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Administração Rural
O Sistema
Agroindustrial é Para os autores Zylbersztajn (2005) e Zylbersztajn e Neves
composto por seis (2000), o Sistema Agroindustrial é composto por seis atores, que são:
atores.
• Produção agropecuária.
• Atacado.
• Varejo.
• Indústria de insumos.
• Consumidores.
• Indústria distribuidora.
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
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Administração Rural
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Tal como este capítulo deixa claro, o setor agropecuário não pode O setor agropecu-
ser analisado de modo independente. Existem fluxos de produtos, ário não pode ser
serviços, operações e informações no decorrer das cadeias e sistemas analisado de modo
independente.
agroindustriais que devem ser conhecidos e gerenciados para que haja
maior eficiência nas transações efetuadas entre os agentes que os compõem.
Portanto, é o trabalho em sinergia entre os agentes envolvidos no decorrer das
cadeias e dos sistemas agroindustriais que pode contribuir de maneira decisiva
para a alavancagem do setor agropecuário, e também dos outros setores que
estão vinculados a este setor.
Atividades de Estudos:
1) O que é agronegócio?
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Administração Rural
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Algumas Considerações
Neste momento de encerramento do nosso primeiro capítulo, esperamos que
você tenha compreendido os seguintes aspectos vinculados ao agronegócio para
conseguirmos dar prosseguimento aos nossos estudos:
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Capítulo 1 Introdução à Problemática Estudada
Referências
ARAÚJO, M. J. Fundamentos do gronegócio. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
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Administração Rural
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C APÍTULO 2
Administração no Contexto do
Agronegócio
A parti da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
Contextualização
Neste capítulo daremos destaque para dois pontos essenciais no universo
da Administração. O primeiro diz respeito às principais teorias e enfoques da
administração e que acabam por oferecer subsídios na gestão rural, tais quais:
Escola Clássica, Enfoque Comportamental, Enfoque Sistêmico, Enfoque da
Qualidade e Modelo Japonês de Administração. Já o segundo ponto é vinculado
ao primeiro, uma vez que abordamos sobre planejamento e empreendedorismo,
dando destaque para: processo de planejamento estratégico e principais fatores a
serem considerados no planejamento de propriedades rurais.
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Administração Rural
a) Teorias administrativas
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
De forma geral,
b) Funções básicas da administração a maioria das
correntes esbarram
De forma geral, a maioria das correntes esbarram em quatro em quatro funções
básicas para as
funções básicas para as ações que envolvem o gerenciamento. Estas ações que envolvem
funções são: o gerenciamento.
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Administração Rural
Processo de Planejamento
Estratégico
Falhas ligadas O planejamento estratégico é uma das principais necessidades
ao planejamento
estratégico são ligadas ao campo da gestão de qualquer empreendimento. Falhas
apontadas por ligadas ao planejamento estratégico são apontadas por especialistas
especialistas como (BATALHA, 2014; CHIAVENATO, 2006, 2011; DORNELAS, 2008;
sendo as principais
causas de sérios ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) como sendo as principais causas de
problemas nas sérios problemas nas organizações. O planejamento estratégico possui
organizações.
muitos aspectos que são essenciais, dentre os quais se destacam
(CHIAVENATO, 2011):
No Brasil, mais de No Brasil, mais de 50% das falências são ocasionadas por
50% das falências problemas como falta de planejamento estratégico ou erros em sua
são ocasionadas
por problemas elaboração, implantação ou gestão. O planejamento estratégico possui
como falta de vários elementos e características. Os principais estão vinculados
planejamento ao próprio processo de planejamento estratégico. Para exemplificar
estratégico ou erros
em sua elaboração, a relação entre os seus elementos, as figuras a seguir apresentam
implantação ou exemplificações que se complementam, com base nos autores
gestão.
Chiavenato (2011) e Dornelas (2008):
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
1- 1-
Político legal
2- 2-
1- 1-
Tecnológico
2- 2-
1- 1-
Sociocultural
2- 2-
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Administração Rural
1- 1-
Econômico
2- 2-
1- 1-
Demográfico
2- 2-
1- 1-
Empresarial
2- 2-
1- 1-
Ambiental
2- 2-
1- 1-
Outros
2- 2-
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
Produtos / serviço
Participação de mercado em
vendas
Canais de venda utilizados
Qualidade
Preço
Localização
Publicidade
Performance
Tempo de entrega
Métodos de distribuição
Garantias
Capacidade de produção e
atendimento da demanda
Funcionários
Métodos gerenciais
Métodos de produção
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
Saúde financeira
Posicionamento estratégico
Flexibilidade
Tecnologia
Pesquisa e desenvolvimento
Vantagens competitivas
Pontos fortes
Pontos fracos
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Administração Rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
Planejamento no Contexto da
Gestão Rural
Dada a importância do planejamento na gestão das propriedades rurais,
abordamos aqui alguns pontos que consideramos como de suma importância
para elaboração do planejamento de propriedades rurais. Para isso, neste tópico,
daremos destaque para fatores que impactam o gerenciamento tanto de grandes
quanto de pequenas propriedades.
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Administração Rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
• Informação constante
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Administração Rural
Existe uma forte Talvez aqui esteja um dos principais pontos a ser considerado no
demanda mundial gerenciamento que envolve o contexto agropecuário. Isso porque existe
pela redução de
impactos ambientais uma forte demanda mundial pela redução de impactos ambientais no
no decorrer dos decorrer dos sistemas produtivos, sendo o setor agropecuário um dos
sistemas produtivos,
sendo o setor que mais contribui para tal. Neste setor são gerados impactos sobre
agropecuário um dos recursos naturais, tais como água e solo, por exemplo. Além disso,
que mais contribui uma vez que este setor atua, necessariamente, com a produção
para tal.
alimentar, a segurança alimentar também possui relações diretas
com a necessidade de redução de impactos ambientais ocasionados pelos
processos agrícolas. Neste aspecto em específico, resíduos de agrotóxicos nos
alimentos estão entre as maiores preocupações de grupos de consumidores e
entidades públicas e privadas. Para oferecer melhor entendimento acerca desta
problemática, apresentaremos mais adiante em nosso livro o caso do uso de
agrotóxicos no Brasil e também um exemplo de um estudo nosso que quantificou
o consumo de agrotóxicos no decorrer do ciclo de vida da produção de milho.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
• Tecnologia
A adoção de tecnologia nos campos do Brasil tem contribuído muito A adoção de tecno-
para a alavancagem do agronegócio nacional. Tanto os equipamentos logia nos campos
do Brasil tem
e implementos que propiciam o desenvolvimento do plantio direto nos contribuído muito
campos do Brasil, quanto a tecnologia envolvida na agricultura de para a alavancagem
do agronegócio
precisão, são fatores que se destacam positivamente. Da mesma forma, nacional.
destaca-se também o uso de pivôs de irrigação, tal como monstra a
figura a seguir, como exemplos que podem ser mencionados como importantes
para o aumento da produtividade agropecuária no Brasil, sobretudo no que diz
respeito ao aumento da produção de grãos.
Figura 10 – Irrigação com pivô central e área plantada com pivô central
Fonte: Os autores.
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Administração Rural
Além dos pivôs de irrigação, outra tecnologia que tem contribuído muito para
o avanço do agronegócio do país é o acondicionamento de grãos em silos de
armazenagem diretamente nas próprias fazendas, tal como ilustra a figura a seguir:
Fonte: Os autores.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
IV) Contratos de longo prazo: são contratos que objetivam garantir maior
estabilidade nas transações através de garantias preestabelecidas que
são condizentes tanto ao tempo como à forma de demanda do produto. No
caso dos produtos agroindustriais, tanto contratos de franquias, integrações
verticais e joint ventures podem ser citados como exemplos de contratos de
longo prazo (AZEVEDO, 2014).
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Administração Rural
Uma das estratégias Uma das estratégias que pode ser utilizada por pequenos
que pode ser utilizada produtores é o seu vínculo a associações ou cooperativas de
por pequenos produtores. As principais vantagens deste tipo de vínculo ocorrem
produtores é o seu
vínculo a associações em duas importantes direções. A primeira está associada à aquisição
ou cooperativas de de insumos necessários para produção dos produtos agropecuários.
produtores.
Estando vinculados a cooperativas e associações, abrem-se para
possibilidades de comprar insumos em maiores quantidades por preços menores
do que se fossem comprados individualmente. Já a outra principal vantagem está
atrelada à comercialização. Em conjunto, os pequenos produtores conseguem
atingir mercados que não conseguiriam se estivessem atuando sozinhos,
justamente pelo fato de venderem em maiores quantidades.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
Outra estratégia diz respeito à adequação das produções aos variados tipos
de certificação existentes. Há uma demanda muito forte por produção sustentável
e existe uma quantidade significativa de certificações que atuam nestes mercados.
Para aprofundar nesta temática, ofereceremos como exemplificação, no Capítulo
4 do nosso livro, o caso das certificações socioambientais no setor cafeeiro.
• Sucessão familiar
A sucessão familiar da propriedade rural deve ser um fator Um dos pontos cen-
presente no processo de planejamento estratégico. Isso porque um dos trais envolvidos no
processo de plane-
pontos centrais envolvidos no processo de planejamento estratégico jamento estratégico
está envolvido com o horizonte temporal e muitas propriedades rurais está envolvido com o
horizonte temporal e
familiares do Brasil não estão tendo com quem deixar a continuidade da muitas propriedades
produção agropecuária familiar. Nestas propriedades, atuar no campo rurais familiares do
para os filhos dos proprietários não é uma opção frente outras formas de Brasil não estão ten-
do com quem deixar
vida longe da produção agropecuária. A principal alternativa para atrair a continuidade da
a retenção dos filhos dos proprietários agropecuários na continuidade produção agropecu-
ária familiar.
do negócio familiar é oferecer opções de vida no campo que tenham as
comodidades básicas encontradas nos centros urbanos (tais como residências
confortáveis com instalações elétricas, internet, energia elétrica, estradas
conservadas) e, sobretudo, que os retornos econômicos obtidos das atividades
do campo sejam tão vantajosos quanto outras opções fora dele. Para tanto, um
caminho seguro é adotar atitude empreendedora e gerir a propriedade rural tal
como uma organização convencional. Para continuar oferecendo subsídios neste
sentido, abordamos agora sobre um ponto fundamental no gerenciamento de
qualquer negócio: empreendedorismo.
Empreendedorismo No Contexto Da
Gestão Rural
Pensar e gerir a
Desenvolver o empreendedorismo entre os agricultores brasileiros propriedade tal como
está entre algumas das principais necessidades do país. Pensar e gerir um negócio é a
forma mais indicada
a propriedade tal como um negócio é a forma mais indicada para o para o sucesso das
sucesso das propriedades rurais brasileiras. propriedades rurais
brasileiras.
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Administração Rural
a) São visionários.
b) Sabem tomar decisões.
c) Sabem explorar ao máximo as oportunidades.
d) São determinados e dinâmicos.
e) São dedicados.
f) São otimistas.
g) São apaixonados pelo que fazem.
h) São independentes e motivados por construir o próprio destino.
i) São líderes e formadores de equipes.
j) Possuem um bom networking.
k) São ótimos planejadores.
l) Possuem conhecimento sobre o negócio.
m) Assumem riscos calculados.
n) Criam valor para a sociedade.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
a) Plano de negócios
7- Processo operacional: Como sua empresa vai operar etapa por etapa? Como
será fabricado e vendido? Qual trabalho será feito? Quem fará o trabalho?
Qual material e equipamento será utilizado? Quem tem conhecimento e
experiência no setor? Como fazem os concorrentes?
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
a) Especialização.
b) Integração vertical.
c) Diversificação.
d) Inovação.
e) Fusões e aquisições.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
Dentre as etapas mais Neste contexto, dentre as etapas mais importantes para se
importantes para se conseguir/manter em um determinado mercado agroindustrial diz
conseguir/manter
em um determinado respeito à diferenciação de produtos e serviços. A diferenciação é
mercado agroindustrial uma estratégia mercadológica que pode ser atingida de quatro formas
diz respeito à
diferenciação de distintas, tal como afirma Neves (2000):
produtos e serviços.
3- Atendimento, como por exemplo, em uma relação mais próxima com o cliente
industrial; reputação da empresa.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
a) Marketing alimentar
O marketing alimen-
O marketing alimentar fica localizado no nível do consumidor tar fica localizado no
nível do consumidor
final. É representado, principalmente, pela venda do comércio varejista final.
ao consumidor final. Tem como característica um grande número de
consumidores e um número restrito de distribuidores. O estudo do marketing
alimentar não se diferencia muito do marketing que é operacionalizado em
outros produtos de consumo de massa que são comercializados pela grande
distribuição. Em nível do marketing alimentar existem quatro estratégias que mais
são praticadas pelas empresas agroindustriais: diferenciação; diversificação;
proliferação de marcas e pseudodiferenciação (BATALHA; SILVA, 1995; SILVA;
BATALHA, 2014).
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Administração Rural
1- Facilidade de acesso.
2- Características nutritivas.
3- Características organolépticas (textura, sabor, odor, cor).
4- Características socioeconômicas (localidade onde o alimento é consumido
e posição social do alimento).
5- Características de utilização (facilidade de manipulação).
b) Marketing agroindustrial
c) Marketing agrícola
d) Marketing rural
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
Atividades de Estudos:
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Administração Rural
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a) Marketing rural:
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b) Marketing agrícola:
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c) Marketing agroindustrial:
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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d) Marketing alimentar:
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b) Análise da concorrência:
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Administração Rural
Algumas Considerações
Neste momento, esperamos que os seguintes fatores tenham ficado muito
bem esclarecidos para você, leitor:
Referências
ALVARENGA, R. P.; ARRAES, N. A. M. Certificação fairtrade na cafeicultura
brasileira: análises e perspectivas. Coffee Science, v. 12, n. 1, p. 124–147, 2017.
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Capítulo 2 Administração no Contexto do Agronegócio
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Administração Rural
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C APÍTULO 3
Consideração de Impactos
Ambientais no Gerenciamento do
Agronegócio
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Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
Contextualização
Neste capítulo, daremos destaque para as principais implicações que estão
vinculadas ao campo da sustentabilidade na temática do agronegócio. Além de
oferecermos exemplos de alguns dos principais impactos ocasionados pelos
sistemas de produção agropecuários, também apresentaremos duas importantes
técnicas de gestão ambiental que frequentemente têm sido utilizadas para gerir a
mitigação de impactos.
Problemática Ambiental No
Segmento Agropecuário
Os impasses ambientais da agropecuária podem contribuir para a
Os impasses
baixa da sustentabilidade do setor agrícola, tanto em escala regional, ambientais da
quanto em escala global. Alterações nos recursos de água e solo, por agropecuária podem
exemplo, associam-se frequentemente aos impactos regionais. No que contribuir para a
baixa da sustentabili-
tange aos exemplos de como o setor agropecuário pode ocasionar dade do setor agríco-
impactos para escala global, cita-se sua participação para a geração la, tanto em escala
regional, quanto em
dos gases causadores do efeito estufa, como exemplo citamos o escala global.
metano eliminado pela fermentação entérica do gado.
69
Administração Rural
Pela análise da Figura 17, nota-se que o desmatamento do terreno para ser
utilizado como pastagem pode, por exemplo, acarretar em aquecimento global,
redução da biodiversidade, erosão e perda dos recursos de produção do solo.
Ao se analisar o caso do avanço da pecuária no Brasil, por exemplo, é possível
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Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
Para que tal sintonia seja eficiente, um dos mecanismos viáveis, é Fatores-chave
a utilização de indicadores de desempenho voltados à agricultura. De que podem ser
considerados como
acordo com o autor, um comitê governamental australiano identificou indicadores para
fatores-chave que podem ser considerados como indicadores para uma uma agricultura
sustentável.
agricultura sustentável, sendo: viabilidade das propriedades agrícolas
manterem balanço financeiro positivo a longo prazo, competência gerencial,
qualidade da água e do solo e também a consideração de aspectos ambientais
como base para aperfeiçoar uma decisão relacionada ao campo nacional e ao
campo regional.
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Administração Rural
ACV é uma técnica Em sua forma completa, a ACV é uma técnica de Gestão
de Gestão Ambiental
que avalia o produto Ambiental que avalia o produto ou processo ao longo de seu ciclo de
ou processo ao longo vida, parcial ou total. Ela considera os impactos gerados desde o início
de seu ciclo de vida, do processo produtivo até sua disposição final, tanto que também é
parcial ou total.
conhecida como uma técnica propícia a avaliar a geração de impactos
ambientais do “berço ao túmulo”, sendo o berço uma alusão ao local de origem
dos insumos primários mediante a extração dos recursos naturais e o túmulo
uma representação da disposição final dos resíduos que não são reciclados
(ALVARENGA; RENOFIO; ARAÚJO, 2013).
72
Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
Neste sentido, uma ACV pode abranger vários segmentos produtivos, bem
como atender aos diversos objetivos. As aplicações de uma ACV podem ser
subdivididas em duas principais vertentes, a saber: comparação do desempenho
ambiental de produtos que ocupem uma mesma função e identificação de
oportunidades de melhoria de desempenho ambiental. Neste contexto, Curran
(2008) associa a possibilidade de uma ACV contribuir para os seguintes objetivos
(ALVARENGA et al., 2012), entre outros:
Diante destas possibilidades e do fato que uma ACV pode ser Em decorrência da
direcionada a diferentes segmentos produtivos, tal como para as atividade agrícola,
existem diversos
atividades agrícolas e agropecuárias, foco deste livro. De acordo com impactos associados
Horne e Grant (2009), em decorrência da atividade agrícola, existem ao uso da terra, às
diversos impactos associados ao uso da terra, às emissões de gases emissões de gases
poluentes e ao uso
poluentes e ao uso da água que podem ser avaliados por meio de da água que podem
uma ACV, fazendo desta uma técnica relevante para ser aplicada na ser avaliados por
meio de uma ACV
agricultura, porém a adoção da ACV no setor agrícola pode ser mais
complexa do que aquelas realizadas no campo industrial.
73
Administração Rural
Envolver os amplos Neste sentido, envolver os amplos aspectos que dizem respeito à
aspectos que biodiversidade pode ser considerado como um dos principais desafios
dizem respeito à
biodiversidade pode condizentes com a execução de ACVs de produtos agrícolas, pois
ser considerado diferentes tipos de lavouras podem acarretar em distintos tipos e graus
como um dos
principais desafios de impactos ambientais (ALVARENGA et al., 2012). Toma-se como
condizentes com a exemplo a relação existente entre a biodiversidade e qualidade do
execução de ACVs ecossistema com as perdas ocasionadas para o solo em decorrência
de produtos agrícolas
do uso deste por plantações de trigo, café convencional, café orgânico,
agroflorestas, pastagens de pradaria e floresta tropical, expostos pela Figura 18.
74
Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
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Administração Rural
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Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
A Produção Mais Limpa pode ser aplicada a produtos, processos e O modelo de gestão
serviços. O modelo de gestão ambiental Produção Mais Limpa aumenta ambiental Produção
a eficiência ambiental e reduz os riscos ao homem e ao meio ambiente. Mais Limpa aumenta
a eficiência ambien-
Dessa forma, a Produção Mais Limpa é aplicada em processos tal e reduz os riscos
produtivos na conservação de matérias-primas, água e energia, na ao homem e ao meio
eliminação de toxidade de matérias-primas e resíduos (ALVARENGA; ambiente.
QUEIROZ, 2009).
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Administração Rural
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Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
Atividades de Estudos:
Algumas Considerações
Ao terminarmos este capítulo, esperamos que você tenha entendido os
relevantes fatores aqui discutidos, por exemplo:
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Administração Rural
• Que a adoção da Produção Mais Limpa pode ser uma opção para mitigação
de impactos ambientais vinculados aos sistemas agroindustriais.
Referências
ALVARENGA, R. P. et al. Avaliação do ciclo de vida na agricultura: um
levantamento bibliográfico envolvendo publicações nacionais e internacionais.
XIX Simpósio de Engenharia de Produção. Anais...Bauru: SIMPEP, 2012.
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Consideração de Impactos Ambientais no
Capítulo 3
Gerenciamento do Agronegócio
81
Administração Rural
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C APÍTULO 4
Agronegócio na Prática
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Contextualização
De agora em diante, apresentamos a você, pós-graduando, exemplos de
aplicabilidade de gerenciamento no contexto rural. Muitos dos exemplos que
destacamos são frutos de nossas pesquisas já publicadas em revistas científicas
e também de nossos projetos de mestrado e doutorado.
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Administração Rural
86
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Bovinos
Neste tópico daremos destaque a aspectos importantes vinculados à cadeia
produtiva bovina no Brasil, tais quais: eficiência produtiva, cenário da criação de
gado no Brasil, gargalos ambientais no setor de couro e fatores críticos para o
gerenciamento de propriedades criadoras de bovinos do país.
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Administração Rural
92
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
De acordo com Bustamante et al. (2009), é possível que haja É possível que haja
mitigação de tais impactos negativos. Para isso, é necessária sinergia mitigação de tais
impactos negativos.
entre os setores públicos e privados para que ocorra essa redução.
Para os autores, as seguintes medidas devem ser tomadas:
• Redução do desmatamento.
• Eliminação do fogo no manejo das pastagens.
• Recuperação de pastagens e solos degradados.
• Regeneração de floresta secundária.
• Redução da fermentação entérica por meio da melhoria da dieta dos animais.
• Integração da lavoura com a pecuária de corte.
• Investimento em tecnologia e qualidade na formação e manejo de pastagens.
• Redução da expectativa de impunidade nas práticas de ocupação de terras
públicas e nos crimes e nas infrações ambientais.
• Zoneamento com base em parâmetros territoriais e biofísicos para a
implantação de frigoríficos.
• Acompanhamento por meio do sensoriamento das pastagens com o intuito de
avaliar a ocupação das terras com pastagem, a produtividade e a ocupação
do gado.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Milho
Aqui, abordamos a produção de milho no Brasil, destacando os seguintes
pontos: cenário da produção de milho no Brasil, apontamentos sobre milho
transgênico no Brasil e também um panorama sobre o risco tóxico e perigo
ambiental presente no ciclo de vida da produção de milho. A cultura do milho
possui muitas similaridades de processos com outras importantes culturas que
abastecem o mercado de grãos do Brasil e do mundo, tais como soja, sorgo e
trigo, por exemplo. Assim, o conhecimento sobre alguns dos principais tópicos
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Administração Rural
A cultura do milho é A cultura do milho é uma das que mais ocupam as terras agrícolas
uma das que mais do Brasil e é uma das principais fontes de renda para pequenos,
ocupam as terras médios e grandes agricultores brasileiros. Em seu sistema de cultivo, há
agrícolas do Brasil e
é uma das principais basicamente dois métodos de trabalho utilizados no Brasil, que são: plantio
fontes de renda para direto e plantio convencional. Enquanto o plantio direto é mais presente
pequenos, médios e
grandes agricultores nas grandes propriedades agrícolas, o método do plantio convencional é
brasileiros. mais restrito aos pequenos agricultores (ALVARENGA, 2012).
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Apesar de uma relativa baixa eficiência produtiva comparada com O cenário para o
os Estados Unidos e Argentina, o cenário para o Brasil é promissor no Brasil é promissor
que diz respeito à melhoria da sua eficiência de produção. Tal como no que diz respei-
to à melhoria da
confirmado pela figura a seguir, tem ocorrido no Brasil no decorrer dos sua eficiência de
últimos anos não apenas um aumento da área plantada, mas também produção.
da produtividade média por hectare.
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Administração Rural
Toneladas Toneladas
Localidade Hectares plantados
produzidas por hectare
Norte 622.359 2.314.968 3,72
Nordeste 2.687.968 5.865.820 2,18
Sudeste 2.110.908 11.564.629 5,48
Sul 3.698.680 24.417.444 6,60
Centro-Oeste 6.726.602 41.121.795 6,11
Brasil 15.846.517 85.284.656 5,38
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
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% da produ- Toneladas
Localidade Hectares plantados Toneladas produzidas
ção do país por hectare
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
O fator mais importante que motiva a troca da semente convencional O fator mais impor-
tante que motiva a
pela transgênica é o econômico. As perdas de produtividade da cultura troca da semente
do milho em decorrência de insetos tidos como pragas para a cultura convencional pela
do milho são de quase 20%, fazendo com que o agronegócio do milho transgênica é o
econômico.
deixe de ganhar aproximadamente dois bilhões de reais anualmente
(WAQUIL; VILLELA, 2004). De acordo com Embrapa (2008), gasta-se em torno de
23 milhões de dólares anualmente nas aplicações de inseticidas e no tratamento
de sementes para se conter as principais pragas da cultura do milho, fazendo das
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Tendo-se como base dados de vendas de um importante instituto Tal como enfatizado
na Figura 27, que
ambiental brasileiro, (IBAMA, 2017), pode-se ter um posicionamento mostra a quantida-
sobre o próprio aumento do consumo destes produtos no país ao longo de de agrotóxico
dos anos, como também sobre quais são as regiões e os estados vendida no Brasil
entre 2000 e 2017
brasileiros que mais utilizam agrotóxicos. Tal como enfatizado na Figura (milhares de tonela-
27, que mostra a quantidade de agrotóxico vendida no Brasil entre 2000 e das de ingrediente
2017 (milhares de toneladas de ingrediente ativo), elevou-se em mais de ativo), elevou-se
em mais de três
três vezes o consumo de agrotóxico no Brasil entre o período destacado. vezes o consumo de
Dos dados explanados nesta figura, faz-se exceção para os dados das agrotóxico no Brasil
vendas dos anos de 2007 e 2008. De acordo com o IBAMA (2017), os entre o período
destacado.
dados destes dois anos não foram sistematizados pelo instituto.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Para as análises indicativas por via oral, por exemplo, produtos sólidos são
classificados na Classe I quando a DL50 é ≤ 0,005 grama/kg de peso do animal.
Na Classe II, quando DL50 é > 0,005 até 0,05 grama/kg. Na Classe III, DL50 >
0,05 a 0,5 gramas/kg. Já na Classe IV, DL50 > 0,5 gramas/kg. Portanto, após
feitos os testes, a classe toxicológica do produto será determinada pela mais
tóxica que surgir em um dos estudos agudos (LONDRES, 2011).
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Dos dois estágios destacados, foram avaliadas nove etapas pertinentes aos
dois sistemas de produção, tal como enfatizado pela figura a seguir.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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A extrema maioria Deste estudo, os principais resultados e conclusões são, tal como
dos agrotóxicos enfatizado pelos autores (ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017a):
(99,5%) que foram
consumidos no ciclo
de vida avaliado • A extrema maioria dos agrotóxicos (99,5%) que foram consumidos
possuem potencial no ciclo de vida avaliado possuem potencial para causar muito e
para causar muito
e moderado perigo moderado perigo ambiental.
ambiental. • No que diz respeito ao risco de toxicidade, apenas 30% dos
agrotóxicos que foram consumidos representam baixo risco (classe)
Apenas 30% dos de toxicidade.
agrotóxicos que • Tal como destacado na pesquisa, inseticidas e herbicidas são
foram consumidos
representam baixo os agrotóxicos que oferecem mais risco de intoxicação e perigo
risco (classe) de ambiental. Logo, estes insumos devem ser manuseados com maior
toxicidade. cuidado.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Fonte: Os autores.
No que diz respeito ao mercado, a principal dificuldade enfrentada No que diz respeito
ao mercado, a
diz respeito à incerteza do preço de comercialização no momento principal dificuldade
da colheita, já que se trata de commodities agrícolas. Neste sentido, enfrentada diz
sobretudo para grandes produtores, a principal indicação recai sobre respeito à incerteza
do preço de
a necessidade do domínio das diferentes formas de comercialização, comercialização
nos distintos mercados, tal como os que foram estudados na primeira no momento da
colheita.
etapa do nosso livro. Para pequenos produtores, o conselho vai além,
119
Administração Rural
Café
Neste momento, destacamos outra importante cultura do agronegócio
brasileiro, o café. Esta é uma cultura que vem sofrendo profundas transformações
no decorrer dos anos, sobretudo de ordem gerencial pelos cafeicultores que têm
buscado cada vez mais se diferenciarem no mercado. Sobre tal cultura, oferecemos
aqui: o panorama da cafeicultura no agronegócio brasileiro, o caso de como as
políticas de Responsabilidade Social Corporativa têm impactado a estrutura de
produção e mercado da cafeicultura, sobretudo através dos selos de certificação
socioambiental. Por fim, abordamos alguns fatores que podem ser considerados
como críticos no gerenciamento de propriedades rurais produtoras de café.
a) Cafeicultura no Brasil
120
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
A região Sudeste é a maior produtora. Três dos estados desta A região Sudeste é
região, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, são os maiores a maior produtora.
Três dos estados
produtores do país, respectivamente. Apenas Minas Gerais é desta região, Minas
responsável por cerca de 52% do café nacional. Juntos, estes três Gerais, Espírito
estados mais os estados da Bahia, Paraná, Rondônia e Goiás são Santo e São Paulo,
são os maiores
responsáveis por quase 99% de todo o café brasileiro, tal como pode produtores do país,
ser observado pelo Quadro 7, que reflete dados da Pesquisa Agrícola respectivamente.
Municipal, realizada pelo IBGE.
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Minas
1.578.355 69,26 17.986 2,37 1.596.341 52,55 52,55
Gerais
Espírito
183.310 8,04 588.739 77,59 772.049 25,42 77,97
Santo
Rio de
15.732 0,69 - 0 15.732 0,52 99,13
Janeiro
Mato
150 0,01 6.430 0,85 6.580 0,22 99,68
Grosso
Demais
7.545 0,33 2.183 0,29 9.728 0,32 100
estados
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
A produção de cafés
Devido a esta representatividade da agricultura familiar na de boa qualidade,
cafeicultura, pontos específicos deste tipo de agricultura devem ser que atendam
levados em consideração no momento de se tecer as estratégias com exigências do
mercado consumidor,
foco no desenvolvimento da cadeia produtiva do café. A produção bem como o
de cafés de boa qualidade, que atendam exigências do mercado aprimoramento
técnico e
consumidor, bem como o aprimoramento técnico e administrativo das administrativo
propriedades são alguns dos principais fatores a serem destacados das propriedades
ao se implantar estratégias visando à continuidade da cafeicultura são alguns dos
principais fatores a
nacional, direcionadas tanto aos agricultores familiares como também serem destacados
aos não familiares (BLISKA et al., 2009). Outro fator importante que ao se implantar
estratégias visando
vale ser destacado neste sentido é o foco no mercado de produtos à continuidade da
diferenciados, em especial, no mercado de cafés especiais. cafeicultura nacional,
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
No Brasil, até pouco tempo, não havia uma tradição consolidada No Brasil, até
pouco tempo, não
em se produzir cafés especiais. A produção de cafés especiais não era havia uma tradição
prioritária, principalmente devido à política de intervenção no mercado consolidada em
de café, que vigorou até 1989 e teve como foco o aumento do volume se produzir cafés
especiais.
das sacas exportadas para que fosse elevado o valor das exportações
do agronegócio nacional. Até este período, praticamente não se distinguia nas
exportações um café de qualidade do café de menor qualidade, pois todo o volume
era comercializado como commoditiy. Consequentemente, os cafés de qualidade
superior eram misturados com os de qualidade inferior (SOUZA; SAES; OTANI,
2002). Tais fatos contribuíram para que o país se despontasse como um ícone
de produtividade de café commodity e não fosse tão representativo ofertando o
produto para o mercado de cafés especiais.
125
Administração Rural
Já Purcell (1974) afirma que RSC é uma ação voluntária por parte dos
gestores organizacionais em basearem suas decisões em causas de cunho
moral e voltadas aos problemas sociais que de uma forma ou de outra estão
ligados às atividades das empresas. Segundo o autor, devem ser consideradas
as necessidades de todos os agentes envolvidos no campo de atuação da
empresa, objetivando-se não apenas o lucro como resultado das operações das
corporações, mas também o bem-estar de tais agentes quando em situações
adversas às obrigações legais ou outros tipos de pressões por parte de outras
entidades. A RSC pode também ser definida como as expectativas da sociedade
sobre as organizações em dado período de tempo no que diz
Outros autores
afirmam que o papel respeito ao comportamento ético, econômico, legal e filantrópico das
da organização não organizações.
é de ficar engajada
em atitudes visando
o bem-estar coletivo, Avesso a esta abordagem, outros autores afirmam que o papel
sendo o lucro o da organização não é de ficar engajada em atitudes visando o bem-
principal fim da
empresa. estar coletivo, sendo o lucro o principal fim da empresa. De acordo com
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
A inclinação das ações de RSC para o setor agrícola se deve ao fato A demanda por selos
de certificações
de que a produção agrícola lida diretamente com a produção de alimentos. socioambientais
Alguns tópicos merecem atenção no que diz respeito à produção alimentar, existe por parte de
tal como é o caso da segurança do alimento, por exemplo. Outros estão setores diversos, tais
como: Organizações
associados aos impactos socioambientais dos sistemas de produção e não Governamentais
consumo, como os casos de degradação ambiental e exploração da mão (ONGs), instituições
de obra, bem como também os casos de problemas socioeconômicos financeiras,
governos, empresas
derivados destes sistemas. Na tentativa de mitigar tais problemas, e consumidores.
os programas de RSC atuam como mecanismos de adequação às
obrigatoriedades sociais e ambientais para se produzir os alimentos e contribuem
para proporcionar continuidade do negócio mediante o oferecimento de credibilidade
à atividade praticada (POETZ; HAAS; BALZAROVA, 2013).
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
1) Certificação orgânica
Para que a produção do café possa ser certificada como orgânica, o solo
onde o café é cultivado não pode receber os agroquímicos proibidos pela
certificadora, tais como fungicidas, pesticidas, fertilizantes sintéticos e reguladores
de crescimento, por um período de pelo menos três anos (KILIAN et al., 2006). No
decorrer deste período, também há um acompanhamento da certificadora antes
da efetiva certificação (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). Os cafeicultores e
os processadores do café também devem manter arquivada a relação de todos os
produtos que foram utilizados no decorrer do ciclo de vida do produto, bem como
o detalhamento dos processos que foram empregados (KILIAN et al., 2004, 2006).
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Administração Rural
3) Certificação UTz
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
4) Certificação Fairtrade
O selo fairtrade certifica dezoito produtos, tais como frutas frescas, arroz,
quinoa, chá, vinho, cacau e café, por exemplo (FAIRTRADE INTERNATIONAL,
2014). É uma certificação que é destinada a pequenos produtores organizados
em cooperativas ou associações. Em alguns casos, é permitido que produtores
maiores se vinculem às associações de produtores. No caso da cafeicultura,
as organizações e cooperativas devem ser compostas por pelo menos 51% de
pequenos produtores (ALVARENGA; ARRAES, 2017a).
133
Administração Rural
Certificações
Fatores de com-
paração
Rainforest UTz Fairtrade Orgânica
Certificadora
Imaflora Imaflora FLO Cert IBD e Imaflora
responsável
Rastreabilidade e
Enfoque da Sustent. e Estrutura Estrutura Sustentab. e
estrutura organiz e
certificação Social Sócioec. estrutura social
social
Critérios críticos e
Tipo de critérios Não descrito Pontuação Não descrito
não críticos
3 auditorias míni-
Auditorias Obrigatório Obrigatório Obrigatório
mas (ao ano)
Programa de
conservação,
de identificação, Obrigatório Não descrito Necessário Obrigatório
proteção dos
ecossistemas
Conservação ou
recuperação dos 30% da área total Não descrito Necessário Obrigatório
ecossistemas
Uso restritivo
e/ou exclusão
Obrigatório Não necessário Obrigatório Obrigatório
de defensivos
agrícolas
Período de
implantação do 10 anos Não descrito Não descrito 2 anos
plano
Tratamento de
Obrigatório Não descrito Necessário Obrigatório
água residual
Respeitar o Có-
digo Trabalhista Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
vigente
Treinamento
Necessário Necessário Obrigatório Não descrito
contínuo
134
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Possui monitora-
mento da quali- Não descrito Não descrito Não descrito Não descrito
dade do café
Possui rastreabi-
Sim Sim Não descrito Sim
lidade do café
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Cana-de-Açúcar
A última cultura que abordaremos é a cana-de-açúcar. Uma vez que no
Capítulo 3 destacamos o exemplo da Produção Mais Limpa como estratégia com
foco no gerenciamento ambiental, aqui mostraremos como medidas de Produção
Mais Limpa podem ser adotadas no setor sucroalcooleiro. Além disso, também
apresentaremos quais são os principais fatores críticos que estão vinculados ao
gerenciamento de propriedades rurais produtoras de cana.
139
Administração Rural
Para sanar
os problemas Para sanar os problemas decorrentes das queimadas no Brasil,
decorrentes das a Lei Estadual nº 11.241 proíbe, gradativamente, a queima da palha
queimadas no Brasil, da cana. Até o ano 2021, não será permitido fazer queimada em
a Lei Estadual nº
11.241 proíbe, nenhuma área que comporte o uso de colheitadeiras mecânicas. Já
gradativamente, a nas áreas com declividade superior a 12%, onde não é possível o corte
queima da palha da mecanizado, mas somente o corte manual, as queimadas serão ilegais
cana.
até o ano 2031 (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO, 2002).
Com o fim das queimadas pode haver redução dos empregos gerados com o
corte manual.
140
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
141
Administração Rural
HISCOX et al., 2015; SILVA-OLAYA et al., 2013; SOUZA; SEABRA, 2014). A parte
agrícola apresenta aspectos e características ligados diretamente ao processo
de ocupação territorial e a utilização excessiva de recursos naturais como água
e solo. Já a divisão industrial apresenta seus aspectos mais ligados com os
processos de transformações da matéria-prima, que também são responsáveis
pela geração de diversas externalidades negativas.
Neste contexto, a adoção de Produção Mais Limpa neste setor pode contribuir
de diversas formas, tal como mostram os Quadros 12 e 13, que tiveram como
base de desenvolvimento estudos publicados a respeito do tema (ALVARENGA;
QUEIROZ; NADAE, 2017b; ALVARENGA; QUEIROZ, 2009; CETESB, 2002).
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Água de lavagem
Uso como fertilizante.
das dornas
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Administração Rural
No Brasil, o mais
comum é todo No Brasil, o mais comum é todo o processo de produção e
o processo de colheita ficar a cargo das próprias usinas que fabricam açúcar e/ou
produção e colheita álcool. Uma das principais razões para isso está associada aos custos
ficar a cargo das
próprias usinas que de produção, colheita e transporte da cana, principalmente. Sobretudo
fabricam açúcar e/ou para pequenos e médios produtores, tais custos não propiciam retornos
álcool.
econômicos tão vantajosos quando comparado com outras alternativas
para o uso da terra, como seguir para outras culturas ou arrendar a terra para
usinas plantarem a cana.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
produtores plantarem a cana por conta própria e a venderem “em pé”. Neste caso,
a usina fica responsável pelos processos envolvidos entre o corte e transporte até
a indústria.
Atividades de Estudos:
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Algumas Considerações
Ao fecharmos este capítulo, retomamos importantes assuntos que estudamos
no contexto da aplicabilidade do gerenciamento rural, tendo como exemplos
importantes cadeias agroindustriais e também o caso do uso de agrotóxicos e
exploração de terras no Brasil. Sobre tais aspectos, é válido que os seguintes
tópicos fiquem muito claros para você, pós-graduando:
146
Capítulo 4 Agronegócio na Prática
Referências
ABRASCO. Associção Brasileira De Saúde Coletiva. Dossiê ABRASCO – um
alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Parte 1 – agrotóxicos,
segurança alimentar e nutricional e saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2012.
ACEVEDO, F.et al. Is transgenic maize what Mexico really needs?. Nature
Biotechnology. v. 29,n. 1, pp. 23-24, 2011.
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Administração Rural
CARVALHO, V. S. B. et al. Air quality status and trends over the Metropolitan
Area of São Paulo, Brazil as a result of emission control policies. Environmental
Science & Policy, v. 47, p. 68-79, 2015.
CASTALDO, S. et al. The missing link between corporate social responsibility and
consumer trust: the case of fair trade products. Journal of business ethics, v.
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
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Administração Rural
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Capítulo 4 Agronegócio na Prática
JENA, S. D.; POGGI, M. Harvest planning in the Brazilian sugar cane industry
via mixed integer programming. European Journal of Operational Research, v.
230, n. 2, p. 374-384, 2013.
MCEWAN, C.; BEK, D. The political economy of alternative trade: Social and
environmental certification in the South African wine industry. Journal of Rural
Studies, v. 25, n. 3, p. 255–266, jul. 2009.
153
Administração Rural
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