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MÓDULO – ECONOMIA SOLIDÁRIA E POLÍTICA PÚBLICA

Aula 02 – A experiência da Secretaria Nacional de Economia Solidária na


implementação da Política Nacional de Economia Solidária.
Ementa:
O surgimento da SENAES. Participação e Controle Social nas Políticas de Economia
Solidária. A trajetória e a estratégia das políticas implantadas pela SENAES. Eixos
Temáticos da Política. Programas, sistemas e ações.

Quem é o sujeito da economia solidária no Brasil?


Economia Solidária é um conceito utilizado para definir as atividades econômicas
organizadas coletivamente pelos trabalhadores que se associam e praticam a autogestão. O
princípio da Economia Solidária é a apropriação coletiva dos meios de produção, a gestão
democrática pelos membros das decisões e deliberação coletiva sobre os rumos da produção,
a utilização dos excedentes (sobras) e, também, sobre a responsabilidade coletiva quanto aos
eventuais prejuízos da organização econômica.
No Brasil, a Economia Solidária ressurge como uma resposta dos/as trabalhadores/as à crise
social provocada pela estagnação econômica e a reorganização do processo de acumulação
capitalista. Trabalhadores desempregados ocuparam fábricas fechadas e ativaram sua
produção por meio da sua organização coletiva e autogestionária; agricultores familiares e
assentados da reforma agrária organizaram cooperativas de crédito, de produção e de
serviços para se contrapor a subordinação à agroindústria capitalista; comunidades urbanas e
rurais organizaram coletivamente grupos de produção, compras coletivas e fundos solidários
e rotativos de crédito; populações de catadores de lixo (nos lixões e nas cidades)
organizaram sua atividade de coleta e reciclagem por meio de associações e cooperativas. O
reconhecimento da Economia Solidária decorre da diversidade de atividades e formas de
organização e de sua crescente articulação em sistemas cooperativos, redes de produção e
comercialização, complexos cooperativos e cadeias produtivas.
Uma das principais diferenças entre a economia solidária e as empresas capitalistas é que
enquanto estas são sociedades de capitais a economia solidária são sociedades de pessoas.
Quais são as pessoas que predominantemente tem se organizado a partir dos princípios da
economia solidária no Brasil? Fundamentalmente podemos afirmar que são parte da
população que ao longo da história organizaram-se social e politicamente para resistir à
colonização, à subordinação ou à exclusão social e construir bases sociais e econômicas

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alternativas. Estamos falando dos povos e comunidades tradicionais, dos agricultores
familiares (camponeses) e trabalhadores rurais sem-terra, trabalhadores desempregados ou
em condições precárias de trabalho, moradores de lixões e catadores de material reciclável,
trabalhadores autônomos (artesãos), pessoas com deficiência, com transtornos mentais.
Enfim, estamos tratando aqui da população mais marginalizada e pobre.
Construção da Secretaria Nacional de Economia Solidária.
Esta base social com seus movimentos e organizações decidiram se articular para a
constituição do movimento da economia solidária. Ações decisivas neste sentido estão
presentes na constituição do Grupo de Trabalho Brasileiro de Economia Solidária (GT-
Brasileiro), na formação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária e na recente articulação
do cooperativismo solidário na constituição da União Nacional de Organizações das
Cooperativas Solidárias (UNICOPAS).
Em 2001 doze entidades e redes nacionais participavam do GT-Brasileiro: Rede Brasileira
de Socioeconomia Solidária (RBSES); Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul
(PACS); Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE); Associação
Nacional dos Trabalhadores de Empresas em Autogestão (ANTEAG); Instituto Brasileiro de
Análises Sócio-Econômicas (IBASE); Cáritas Brasileira; Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST/CONCRAB); Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de
Cooperativas Populares (Rede ITCPs); Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS/CUT);
UNITRABALHO; Associação Brasileira de Instituições de Micro-Crédito (ABICRED); e
alguns gestores públicos que a Rede de Gestores de Políticas Públicas de Economia
Solidária.
No final de 2002, com a vitória do Governo Lula, o GT-Brasileiro elaborou a Carta ao
Governo Lula intitulada “Economia Solidária como Estratégia Política de
Desenvolvimento”. A Carta foia aprovada na I Plenária Brasileira de Economia Solidária.
Na II Plenária, realizada durante o Fórum social Mundial, em 2003, foi aprovado o
documento “Do Fórum Social Mundial ao Fórum Brasileiro de Economia Solidária”. E, em
junho de 2003 realizou-se a III Plenária Brasileira de Economia Solidária, que contou com
um processo preparatório de mobilização em 17 estados, foi constituído o Fórum Brasileiro
de Economia Solidária (FBES). Na III Plenária foi aprovada a Carta de Princípios e da
Plataforma de Lutas.
A partir deste momento o FBES é que assume a responsabilidade pela representação da
sociedade civil na interlocução com o Governo Federal e em especial com a Secretaria
Nacional de Economia Solidária. Após a criação do FBES e da SENAES foram realizadas
mais duas Plenárias Nacionais do Fórum, em 2008 e 2011. A Plenária Nacional é a instância
máxima de deliberação do FBES, dando as diretrizes políticas para orientar a Coordenação
Nacional e a Coordenação Executiva.
Articulações com a sociedade civil: as relações da SENAES com o FBES
A participação orgânica do movimento de economia solidária na política nacional de
economia solidária ocorreu, num primeiro momento, por meio da articulação direta da
SENAES e do FBES com a constituição de Grupos de Trabalho (GTs) ou Comissões
partilhados entre SENAES e o Fórum Brasileiro de Economia Solidária nas diferentes ações
desenvolvidas conjuntamente. Os GTs representaram um processo negociado de

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compartilhamento ou co-gestão na elaboração e na implementação das políticas. Assim,
desde a sua criação, foram estabelecidos espaços não formais mas efetivos para discussão,
planejamento e acompanhamento das ações desenvolvidas pela SENAES. Em contrapartida,
vale destacar que a SENAES também assumiu o compromisso de apoiar o fortalecimento do
FBES, em suas atividades com a finalidade de debater as políticas públicas de economia
solidária.
No processo de gestão das ações desenvolvidas pela SENAES também foram constituídos
Comitês ou Comissões de Gestão de projetos. Destaque para a Comissão Nacional e
Comissões Gestoras Estaduais do Sistema de Informações de Economia Solidária (SIES)
responsável pelo acompanhamento de todo o processo de mapeamento da economia
solidária que ocorreu no país a partir de 2004. Outros exemplos de Comitês ou Comissões
Gestoras: Conselho de Gestão dos Centros de Formação em Economia Solidária, que a partir
de 2012 constituíram uma Rede Nacional de Centros de Formação e Assessoramento
Técnico, Comitês Gestor do Programa Nacional de Incubadoras Tecnológicas de
Cooperativas Populares, que atualmente apoia mais de 100 instituições de educação superior
no desenvolvimento de metodologias de incubação de empreendimentos econômicos
solidários. Outro exemplo é o Comitê Gestor do Programa Nacional de Apoio ao
Associativismo e Cooperativismo Solidário composto paritariamente por representantes do
governo e da sociedade civil para coordenar as ações de apoio ao desenvolvimento do
cooperativismo social. Todos os projetos apoiados pela SENAES são acompanhados
diretamente por um Conselho, Comitê ou Comissão compostos por representantes
governamentais, entidades executoras, representantes do Fórum de Economia Solidária e de
representantes do público beneficiado pela ação.
A Institucionalização de Espaços Públicos de Participação.
Além destes espaços de co-gestão mais “face a face” entre SENAES e FBES da política
nacional de economia solidária a participação da sociedade civil dispõe de dois mecanismos
de caráter mais amplo e com maior institucionalidade: o Conselho Nacional e as
Conferências Nacionais.
No Brasil com a Constituição de 1998 a participação social é uma exigência constitucional
em algumas políticas como saúde, assistência social e educação. Esta exigência
constitucional passou a ser a regra em praticamente todas as políticas setoriais e temáticas.
No caso da economia solidária o Conselho Nacional está previsto na Lei. O Conselho
Nacional de Economia Solidária - CNES, criado pelo inciso XIII do art. 30 da Lei nº 10.683,
de 28 de maio de 2003. Está mesma lei define as novas atribuições para o Ministério do
Trabalho e Emprego que fundamentam a criação da Secretaria Nacional de Economia
Solidária, no mesmo ano. Porém, o Conselho Nacional de Economia Solidária foi instituído
somente três anos depois (em 2006) por meio do Decreto nº 5.811/2006 o qual define que o
Conselho é “é órgão colegiado integrante da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego,
de natureza consultiva e propositiva, que tem por finalidade realizar a interlocução e buscar
consensos em torno de políticas e ações de fortalecimento da economia solidária”.
Uma das principais atribuições do Conselho Nacional é a convocação, preparação e
realização das Conferências Nacionais. As Conferências Nacionais são é um espaço
democrático aberto pelo Poder Público e articulado com a sociedade para que todos possam
participar para debater a política de economia solidária. No Brasil foram realizadas três

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conferências nacionais: 2006, 2010 e 2014. Em 2006, considerando que o Conselho
Nacional ainda estava em implantação a Conferência foi convocada pela SENAES em
conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Ministério do Desenvolvimento
Agrário e coordenada por uma Comissão Organizadora composta por representantes do
governo e do FBES. O Conselho Nacional foi instalado formalmente somente após a I
Conferência.
As conferências nacionais são precedidas por conferências estaduais, que por sua vez são
precedidas por conferências territoriais e/ou municipais. Esta descentralização permite uma
ampla participação das pessoas interessadas na economia solidária, oferta um espaço
coletivo de aprendizado e de disseminação da economia solidária. As conferências também
combinam procedimentos da democracia participativa com os da democracia representativa.
Em cada instância assemblear são eleitos delegados e delegadas para as instâncias
posteriores. Assim a conferência nacional se realiza com delegados e delegadas eleitas nas
conferências estaduais.
Na 1ª Conferência Nacional o tema “Economia Solidária como Estratégia e Política de
Desenvolvimento” foi debatido por 1.352 participantes na Etapa Nacional, 16.976
participantes nas etapas preparatórias, sendo realizadas 27 conferências estaduais e 159
conferências territoriais.
Na 2ª Conferência Nacional, realizada em 2010, o tema “o direito às formas de organização
econômica baseadas no trabalho associado, na propriedade coletiva, na cooperação e na
autogestão, reafirmando a economia solidária como estratégia e política de
desenvolvimento” foi debatido por 1.613 participantes na Etapa Nacional, 20.459
participantes nas etapas preparatórias, sendo realizadas 27 conferências estaduais, 187
conferências territoriais e 05 Conferências Temáticas.
Na 3ª Conferência Nacional, realizada em 2014, 1.600 participantes, entre delegados/as,
convidados/as e observadores/as, debateram o tema “Construindo um Plano Nacional da
Economia Solidária para promover o direito de produzir e viver de forma associativa e
sustentável”. A etapa nacional foi precedida pela realização de 207 Conferências Territoriais
e Municipais com 16.603 participantes; 26 Conferências Estaduais com a participação de
4.484 delegados(as); e 05 Conferências Temáticas Nacionais com a participação de 738
pessoas. Ao todo foram mobilizadas 21.825 pessoas em 1.572 municípios.
As Políticas da Secretaria Nacional de Economia Solidária
A Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) do Ministério do Trabalho e
Emprego foi criada em 2003 com a missão de “Promover o fortalecimento e a divulgação da
ES, mediante políticas integradas, visando à geração de trabalho e renda, a inclusão social e
a promoção do desenvolvimento justo e solidário”. Entre suas atribuições encontra-se a de
“colaborar com outros órgãos de governo em programas de desenvolvimento e combate ao
desemprego e à pobreza”, conforme estabelecido no Decreto n° 4.764, de 24 de junho de
2003, que institui a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), em
decorrência da aprovação da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003.
a. Diretrizes das Políticas:

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As políticas e ações da SENAES foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo e
acumularam aprendizados sobre sua forma de implementação. Podemos identificar algumas
diretrizes que tem orientação a atuação da SENAES:
A primeira diretriz é a de integração de ações de apoio e fomento à economia solidária,
tratando de forma articulada as demandas dos EES por acesso a conhecimentos, a recursos
materiais e financeiros e a mecanismos e instrumentos de organização da comercialização
evitando a fragmentação e segmentação das ações.
Outra diretriz é a da integração e da articulação intersetorial da Economia Solidária com
outras políticas públicas de recorte socioeconômico. As ações de Economia
Solidáriaintegradas e articuladas às demais políticas do governo federal, com destaque para:
políticas de enfrentamento da pobreza, mulheres, juventude, saúde mental, resíduos sólidos,
educação profissional e tecnológica, ciência e tecnologia. Tal integração permite que a
política fortaleça a Economia Solidária como estratégia apropriada para o fortalecimento,
organização e reconhecimento das expressões da economia popular urbana e para a inclusão
socioeconômica das famílias beneficiárias de políticas sociais e das demais políticas de
acordo com suas especificades fortalecendo o associativismo e o cooperativismo popular.
A terceira diretriz que combina com as anteriores é a abordagem territorial integradora de
espaços e de intervenção intersetorial, envolvendo sujeitos sociais e políticas públicas em
processos locais e territoriais de desenvolvimento. Esta abordagem proporciona uma visão
integradora dos espaços e dos grupos sociais (o ambiente natural, a economia, a sociedade, a
cultura, a política e as diversas instituições locais) como base para a construção de processos
multidimensionais de intervenção que tenham por base a mobilização das forças sociais e
das potencialidades econômicas e culturais.
A diretriz da abordagem econômica setorial, com foco na organização setorial de unidades
familiares e de EES de um mesmo território ou segmento produtivo para fortalecimento das
suas iniciativas produtivas e sociopolíticas. As redes de cooperação são apoiadas e
incentivadas também como alternativa de organização de cadeias produtivas solidárias em
estratégias de dinamização econômica setorial ou territorial, proporcionando a organização
da produção em escala mais ampla, a conquista de condições favoráveis de inserção nos
mercados e a ampliação da capacidade política dos empreendimentos coletivos para
enfrentamento e superação das condições de subordinação e subalternidade nas relações
comerciais.
Finalmente, a diretriz do fortalecimento dos processos participativos e de controle social
nas políticas públicas de ES. Os processos de formulação das ações e projetos participativos,
com o efetivo envolvimento de órgãos públicos e da sociedade civil, por meio de conselhos
e fóruns de ES. Mais do que uma formalidade se trata de exigir metodologias que tenham
como ponto de partida a realização de atividades planejadas e articuladas com as
comunidades e empreendimentos beneficiados como condição de alcance dos objetivos.

b. Eixos Estruturantes das Ações da Secretaria Nacional de Economia Solidária:


As políticas e ações da SENAES foram articuladas em eixos temáticos relativos as três
principais demandas e necessidades para o desenvolvimento da economia solidária: acesso a
conhecimentos, acesso a crédito e infraestrutura e acesso aos mercados.
O Eixo I é o da Organização Sociocomunitária e compreende um conjunto de iniciativas de
identificação, sensibilização, mobilização e organização local por meio da atuação de
Agentes de Desenvolvimento Local e Economia Solidária. Juntamente com equipes

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territoriais de assessoria técnica, esses agentes realizam diagnósticos de potencialidades
socioeconômicas locais de investimentos, identificar as iniciativas de Economia
Solidáriaexistentes, os fluxos de produção e de consumo e as aptidões socioculturais. Fruto
do diagnóstico é elaborado ou aprimorado o planejamento local ou territorial com base no
fortalecimento de iniciativas de Economia Solidária, incluindo a definição das prioridades de
apoio e investimento em formação, incubação, assistência técnica, financiamento e
comercialização. Como suporte para essas iniciativas são implantados espaços físicos
multifuncionais de referência para as ações de ES.
O Eixo II, da formação e assessoramento técnico compreende ações de educação cidadã,
qualificação social e profissional com base nas potencialidades socioeconômicas locais de
investimentos e nas iniciativas de ES. Disponibilidade de uma equipe multidisciplinar de
assessoramento técnico para atendimento das demandas dos EES contribuindo para
sustentabilidade das iniciativas produtivas e de serviços. As ações de incubação de EES
visam desenvolver ações formativas, de assessoramento e de suporte para gestão, desde a
constituição primária dos grupos, formalização dos EES, elaboração de planos de negócios e
de sustentabilidade, elaboração de plano estratégico de gestão etc. A formação articulada e
integrada à incubação e ao assessoramento técnico é um processo contínuo de
desenvolvimento, apropriação e disseminação de conhecimentos, técnicas e tecnologias
sociais que consideram o contexto específico em que se realiza o processo.
No Eixo III, de investimentos e finanças solidárias, busca-se a apoiar e fomentar as
iniciativas locais ou territoriais de finanças solidárias para dinamização da economia popular
(produção e consumo) com base em Bancos Comunitários de Desenvolvimento, Fundos
Rotativos Solidários, Cooperativas de Crédito Solidário e Bancos do Povo e outras
Organizações de Microcrédito Solidário. Os projetos também prevêem a captação e
disponibilização de investimentos em infraestrutura para os EES, bem como estratégias de
acesso a financiamento de capital de giro.
Finalmente, no Eixo IV, de organização da comercialização solidária, prevê-se a
implantação de estratégias comerciais para viabilizar as atividades econômicas dos EES. Os
espaços fixos de comercialização solidária, com infraestrutura disponível para essa
finalidade devem ser fomentados. Também devem ser criadas bases de serviço e apoio à
comercialização, cujo foco é o incentivo às redes de cooperação solidária, os estudos de
oportunidades de mercado, a organização do processo comercial e a ampliação das
possibilidades de fornecimento de produtos e serviços nas compras governamentais, entre
outras. A SENAES também planejou suporte nacional para Certificação no Sistema
Nacional de Comércio Justo e Solidário.
Principais programas, sistemas e ações da Secretaria Nacional de Economia
Solidária
1. Ações Integradas de Economia Solidária como Estratégia de Promoção do
DesenvolvimentoTerritorial Sustentável Visando à Superação Da Extrema Pobreza.
Apoio à implantação de ações integradas de economia solidária como estratégia de promoção do
desenvolvimento local e territorial sustentável visando a superação da extrema pobreza por meio da
geração de trabalho e renda em iniciativas econômicas solidárias.
Por meio de parcerias com municípios, estados e organizações da sociedade civil as ações integradas
fundamentadas nas abordagens do desenvolvimento territorial e setorial (cadeias produtivas e
segmentos populacionais específicos) promovem de forma articulada: o desenvolvimento local e
territorial sustentável e solidário iniciativas de geração e manutenção de postos de trabalho, de
melhoria de renda e das condições de vida de comunidades com população em situação de extrema
pobreza.

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2. Fomento aos Empreendimentos Econômicos Solidários e Redes de Cooperação
Constituídas por Catadores e Catadoras de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis
Fomento para os empreendimentos econômicos solidários e redes de cooperação atuantes com
resíduos sólidos - constituídos por catadores e catadoras de materiais reutilizáveis e recicláveis com
vistas à superação da pobreza extrema. SENAES/MTE também é parceira no PROJETO
CATAFORTE juntamente com o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis
(MNCR), Fundação Banco do Brasil (FBB), Petrobrás e Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) que objetiva a assessoria técnica, apoio à logística solidária e
fortalecimento das redes de cooperação de associações e cooperativas de catadores.
3. Fedes de Cooperação Solidária.
Organização e fortalecimento de Redes de Cooperação Solidária constituídas por empreendimentos
econômicos solidários como estratégia de fomento às cadeias produtivas e arranjos econômicos
territoriais e setoriais de produção, comercialização e consumo solidários, com vistas à promoção do
desenvolvimento territorial sustentável. A organização de sistemas territoriais e setoriais de
produção, comercialização e consumo sustentáveis e solidários, proporciona a integração e
encadeamento dos diferentes espaços organizativos (produção familiar, associativismo comunitário,
centrais de cooperação territorial ou setorial etc.). Trata-se de apoio aos processos participativos e
sistemáticos de assessoramento técnico por meio da organização de Bases de Serviços de Apoio à
Economia Solidaria (BS-Ecosol) para estruturação de instrumentos de apoio às Redes de Cooperação
Solidária, tais como: estudos e diagnósticos de viabilidade técnica, econômica e organizativa; planos
territoriais e setoriais de encadeamento de atividades de produção e comercialização; planos de
sustentabilidade econômica para os empreendimentos econômicos solidários organizados em Redes
de Cooperação, plano de logística solidária; prospecção de negócios; projetos de estruturação da
verticalização e adensamento de cadeias produtivas; projetos de financiamento e investimentos com
vista à organização de produtos e serviços da economia solidária, entre outros
4. Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS) e Apoio a Comercialização.
A SENAES contribui para a constituição e o fortalecimento de espaços e instrumentos que
dinamizem a comercialização dos produtos e serviços da economia solidária e suas redes, por meio
de ações de apoio a feiras, centrais e outros espaços de comercialização solidária, e do fomento à
construção de relações comerciais diferenciadas, pautadas por critérios de justiça, cooperação,
transparência e solidariedade. A SENAES/MTE é responsável pela implementação do Sistema
Nacional de Comércio Justo e Solidário (SNCJS), conforme previsto no Decreto 7.358/2010, por
meio da identificação, reconhecimento e registro de práticas de comércio justo e solidário. São
reconhecidas três modalidades de avaliação de conformidade da qualidade: Declaração de
conformidade de fornecedor ou atestação de primeira parte ou Declaração de Conformidade Coletiva
(DCC); Declaração de conformidade por avaliação de pares ou atestação de segunda parte ou
conhecida por Sistema Participativo da Garantia (SPG) e Declaração de conformidade por auditoria
externa ou de atestação de terceira parte.
5. Finanças Solidárias.
Apoio a projetos de finanças solidárias e estimulando o debate junto a bancos públicos e outras
entidades sobre a criação de linhas de crédito e microcrédito direcionadas para segmentos específicos
da economia solidária. Criação e o fortalecimento institucional das finanças solidárias por meio dos
bancos comunitários, fundos rotativos solidários e cooperativas de crédito solidário, criados e
geridos por comunidades empobrecidas, garantindo seu acesso a serviços financeiros, mantendo as
riquezas locais circulando por meio de moedas sociais e fomentando suas atividades produtivas; e os
fundos rotativos solidários, projetos associativos e comunitários que estimulam o desenvolvimento
local por meio de empréstimos com prazos e reembolsos mais flexíveis e mais adaptados às
condições socioeconômicas das famílias empobrecidas beneficiadas nos projetos.

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6. Empresas Recuperadas por Trabalhadores sob forma autogestionária.
Desde os anos 1980, centenas de empresas que se encontraram em processo falimentar foram
assumidas pelos trabalhadores, que retomaram as atividades produtivas sob a forma de autogestão.
Para fortalecer esse processo, a SENAES desenvolve uma ação de fomento às empresas recuperadas,
disponibilizando formação e assistência técnica e buscando linhas de crédito especiais para essas
empresas.

7. Promoção da Educação em Economia Solidária.


A educação em economia solidária é uma “construção social” que envolve uma diversidade de
sujeitos e ações orientados para a promoção do desenvolvimento sustentável e solidário. A economia
solidária reconhece o trabalho como princípio educativo na construção de conhecimentos e de outras
relações sociais. Assim, as ações político-pedagógicas inovadoras, autogestionárias e solidárias, são
fundamentadas na perspectiva emancipatória de transformação dos sujeitos e da sociedade. Neste
sentido as SENAES/MTE estão voltadas para favorecer uma maior articulação das exigências
educacionais da economia solidária com as políticas nacionais de educação (Educação de Jovens e
Adultos, Educação para a Diversidade, Educação Profissional e Tecnológica e Educação Superior) e
com as iniciativas do governo federal de promoção da Educação Popular. A principal ação da
SENAES/MTE é a implantação da Rede Nacional de Centros de Formação e apoio a Assessoria
Técnica em Economia Solidária – REDE CFES. Uma Rede composta por um Centro Nacional e seis
centros Regionais (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Amazônia I e II).

8. Programa Nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares


(PRONINC).
As incubadoras de empreendimentos econômicos solidários destinam-se a apoiar e assessorar novos
empreendimentos ou fortalecer empreendimentos já criados, oferecendo qualificação e assistência
técnica durante o período de incubação. Atualmente, existem no Brasil cerca de 80 incubadoras em
universidades e centros de ensino tecnológico, que combinam assistência direta aos
empreendimentos com a produção de conhecimentos, a formação de futuros profissionais, e o apoio
à construção de projetos e políticas públicas. A SENAES/MTE coordena o Programa Nacional de
Apoio as Incubadoras de Cooperativas Populares (PRONINC) e participa do Programa de Extensão
Universitária (PROEXT) do Ministério da Educação e assim atua em parceria com mais de uma
centena de instituições de educação superior e institutos federais de educação, ciência e tecnologia.
Tambémapoia as iniciativas de governos locais e instituições da sociedade civil que estão utilizando
a metodologia da incubação para a efetivação do apoio e fomento a empreendimentos econômicos
solidários.
9. Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES) e Observatório Nacional da
Economia Solidária e do Cooperativismo (ONESC).
É uma iniciativa pioneira para identificação e caracterização da economia solidária. Teve início em
2003, quando a SENAES e o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, recém-criados, assumiram
conjuntamente a tarefa de realizar um mapeamento da economia solidária no Brasil, com o objetivo
de proporcionar a visibilidade e a articulação de milhares de empreendimentos econômicos de base
coletiva e autogestionária. O SIES veio preencher uma lacuna em termos de conhecimento da
realidade da economia solidária no Brasil, permitindo o reconhecimento e dimensionamento de uma
parte do mundo do trabalho que até então não era captada pelas pesquisas oficiais no Brasil. Foram
realizadas duas rodadas nacionais de levantamento de informações dos empreendimentos
econômicos solidários, entidades de apoio e fomento e políticas públicas de economia solidária. Por
meio do SIES também está sendo realizada uma pesquisa nacional sobre os/as sócios/as participantes
da economia solidária. Além disto, a SENAES/MTE está implantando um Observatório Nacional da
Economia Solidária e Cooperativismo com o objetivo de promover a melhoria dos registros públicos
das informações, a integração das bases de informações disponíveis e a desenvolvimento de estudos

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específicos para o fortalecimento da economia solidária e do cooperativismo solidário.
10. Programa Nacional de apoio ao Associativismo e Cooperativismo Social
(PRONACOOP Social)
A SENAES coordena o Comitê Gestor do Programa Nacional de apoio ao Associativismo e
Cooperativismo Social (PRONACOOP Social) instituído pelo Decreto nº 8.163/2013.Além da
articulação institucional com as políticas de direitos humanos, pessoas com deficiências, pessoas
privadas de liberdade, população de rua, juventude, pessoas com transtornos mentais e usuários de
álcool e drogas o Comitê está promovendo uma revisão do marco regulatório do cooperativismo
social no Brasil e aprovou um Termo de Referência com o Marco Conceitual do Associativismo e
Cooperativismo Social e Referências para o Assessoramento Técnico como documento norteador das
ações desenvolvidos no âmbito do Plano Plurianual (PPA 2016-2019) do Governo Federal com a
finalidade de promover o direito ao trabalho das pessoas em situação de desigualdade social por
desvantagem.

Autor: ValmorSchiochet
valmorschiochet@gmail.com

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